terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Angola | “Caso 500 milhões”: Eduardo dos Santos confirma ter orientado governador do BNA


Segundo a agência Lusa, José Eduardo dos Santos confirmou que deu orientações ao antigo presidente do BNA relativamente a uma transferência de 500 milhões de dólares ao estrangeiro: Tudo no "interesse público".

O ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, confirmou esta terça-feira (18.02) que deu orientações ao antigo governador do Banco Nacional de Angola (BNA) relativamente a uma transferência de 500 milhões de dólares, garantindo que tudo foi feito no interesse público. A informação é da agência Lusa.

A confirmação do ex-Presidente angolano foi dada através de uma carta com a qual José Eduardo dos Santos respondeu ao Tribunal Supremo de Angola onde decorre o julgamento do chamado caso "500 milhões".

A solicitação para ouvir José Eduardo dos Santos sobre a tese de que teria orientado a referida operação foi feita no início do julgamento, a 9 de dezembro de 2019, pela defesa do arguido Valter Filipe, ex-governador do BNA.

Presidência | Impasse na Guiné-Bissau: "A saída só poderá ser política"


Com o Supremo Tribunal de Justiça a pedir à CNE um novo apuramento nacional dos resultados das eleições presidenciais, jurista ouvido pela DW África só vê uma opção: encontrar uma solução política.

O Supremo Tribunal de Justiça não aceitou o pedido de nulidade da segunda volta das eleições, mas, na sexta-feira (14.02), voltou a exigir à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a realização do apuramento nacional dos resultados eleitorais, uma exigência que a entidade gestora do processo eleitoral havia recusado cumprir, alegando que já tinha "esgotado os seus poderes no processo".

No entanto, perante o novo acórdão do Supremo, e face ao silêncio até agora da CNE, o jurista Bernardo Mário Catchura não encontra uma solução jurídica para o atual impasse pós-eleitoral na Guiné-Bissau.

"A saída só poderá ser política", afirma Catchura em entrevista à DW África. "Juridicamente, o tribunal já demonstrou a sua posição clara em como a CNE ainda não publicou os resultados. Ou seja, juridicamente, considera-se que, até à data presente, não se fez o pronunciamento dos resultados quer provisórios, como definitivos, porque o próprio acórdão, na aclaração, considera que são inexistentes os atos praticados pela CNE, o que demonstra que uma saída política será mais provável de que uma saída jurídica".

Europa aumenta gastos com defesa por ter dúvidas em relação aos EUA


Países europeus aumentam seus gastos com defesa em meio a um cenário de dúvidas em relação ao compromisso militar dos Estados Unidos com o continente, de acordo com um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

O gasto de países europeus com defesa em 2019 foi de € 267 bilhões (R$ 1,25 trilhão), representando um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior, conforme detalha o estudo anual sobre capacidades defensivas Militar Balance 2020, publicado na Conferência de Segurança de Munique.

Para a Europa, a Rússia representa a maior fonte de preocupações, especialmente nas regiões fronteiriças com o gigante euroasiático. O Pentágono tem reforçado sua presença no continente após a anexação da Crimeia em 2014.

Contudo, desde que Donald Trump assumiu a presidência norte-americana, a relação transatlântica tem passado por uma nova fase. Trump frequentemente acusa a Europa de se aproveitar dos Estados Unidos em termos de defesa, relata o portal Defense News. Neste contexto, o relatório do IISS argumenta que a presença de tropas dos EUA está perdendo seu brilho assim como os laços entre o país norte-americano e a Europa.

O diretor do IISS, John Chipman, afirma que "dentro e fora da OTAN, a chegada de equipes e equipamentos adicionais norte-americanos não é mais propriamente suficiente para dispensar as preocupações de aliados e parceiros sobre a estratégia dos EUA, comprometimento, ou mesmo deter oponentes".

Por outro lado, Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, ainda considera que o Ocidente, com a OTAN como sua maior organização de defesa, pode contar com os Estados Unidos. Em uma coletiva de imprensa, na Conferência de Segurança de Munique, Stoltenberg defendeu que o Ocidente mantém a habilidade de agir se necessário, citando a compromisso e presença de tropas norte-americanas na Europa como um grande suporte.

Sputnik | Imagem: © Sputnik / Satnislav Savelyev

'Saque aberto e descarado': ministro da Defesa russo acusa EUA de roubarem petróleo sírio


O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou em conversa com ministros italianos que os militares dos EUA estão saqueando "ao povo sírio" os recursos petrolíferos de que ele tanto precisa.

Os EUA estão roubando aberta e descaradamente os campos petrolíferos na Síria e, ao mesmo tempo, proíbem através de sanções o fornecimento de petróleo a este país, disse o ministro da Defesa russo, general de exército Sergei Shoigu.

Os ministros das Relações Exteriores e da Defesa russos, Sergei Lavrov e Sergei Shoigu, conversaram em Roma com seus homólogos italianos, Luigi di Maio e Lorenzo Guerini.

"Por um lado, os campos petrolíferos [território] em que o petróleo é produzido, são controlados pelos Estados Unidos. Lá está acontecendo um saque aberto e descarado da riqueza que pertence à Síria e ao povo sírio. Por outro lado, é proibido levar petróleo para lá", disse Shoigu em uma coletiva de imprensa transmitida no YouTube.

"Em terceiro lugar, a maioria dos que sofrem no território da Síria precisa de aquecimento, água quente e eletricidade que, como sabemos, é retirada de hidrocarbonetos que é proibido fornecer para lá, e eles nem sempre podem produzi-los por eles mesmos", explicou Shoigu.

Recorde-se que o presidente norte-americano Donald Trump anunciou em dezembro de 2019 a retirada de tropas dos EUA do noroeste da Síria, deixando, no entanto, um contingente reduzido de tropas, que logo tratou de ocupar os campos petrolíferos sírios com a justificação de protegê-los contra os grupos terroristas.

Sputnik | Imagem: © AP Photo / Khalil Ashawi

A NATO prepara a sua instalação no Médio Oriente alargado


Por fim, deve ser mesmo a NATO que irá dominar o mundo árabe após a retirada do CentCom (Comando Central dos EUA no Médio Oriente). A Alemanha poderia desempenhar um papel de liderança no seio da Aliança.

O Secretário Geral Jens Stoltenberg espera:

- 1. Instalar a Aliança na Tunísia e fazer durar, eternamente, a guerra na Líbia;
- 2. Instalar a Aliança no Iraque e na Jordânia e fazer durar, eternamente a guerra na Síria.

Em 1 de Fevereiro de 2020, a Turquia aproximou-se, subitamente, da NATO, da qual é membro e entrou em conflito com a Rússia, na Síria. Também retomou a transferência dos jihadistas da Síria, para a Líbia, através da Tunísia.

Em 12 de Fevereiro de 2020, os Ministros da Defesa da NATO decidiram, inicialmente, intensificar a sua “missão de assistência” no Iraque, embora o Parlamento iraquiano tenha exigido a retirada das tropas estrangeiras.

Jens Stoltenberg prepara este plano há mais de seis meses. Assim, ele concluiu acordos secretos com o rei Abdullah da Jordânia (foto) e com o Ministro tunisino dos Negócios Estrangeiros, que recebeu, durante bastante tempo, em Bruxelas.

Voltairenet.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos

A Turquia e as manifestações no Líbano


Fontes de segurança libanesas garantem que muitas das manifestações antigovernamentais são orquestradas pela Turquia através do Partido político dos Irmãos Muçulmanos no Líbano, o Jamaa Islamiya.

O Jamaa Islamiya foi criado, em 1952, pelo Supervisor Geral dos Irmãos Sírios no exílio em Beirute, Moustapha Siba’i. Se ele então teria sido financiado pelo banqueiro suíço François Genoud (executor testamentário de Joseph Goebbels), hoje em dia é financiado pelo Estado turco.

O Jamaa Islamiya teria organizado o bloqueio da estrada costeira do Sul e da estrada da mesquita de Aïcha Bakkar em Trípoli, no início das manifestações. Mas, mais importante, ele esconder-se-ia por trás dos Guardiões da Cidade (Horras al-Madina), um grupo recém-criado que organiza as manifestações na praça al-Nour, em Trípoli, e dispõe de uma poderosa infraestrutura.

Foi na Praça al-Nour que o estandarte do Daesh (E.I.) flutuou durante dois anos.

Voltairenet.org |  Tradução Alva

Cronofagia: o roubo do tempo, sono e ideias


Nova fronteira do capitalismo: capturar as horas humanas – não mais no chão da fábrica, mas convertendo todo tempo livre em trabalho extra, consumo idealizado e burocracia. Acima de tudo bloquear o ócio, a reflexão e a possível dissidência

Giuseppe Luca Scaffidi, em Dinamopress | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

Quando Paul Lafargue escreveu seu manifesto Le Droit à la Paresse (O Direito à Preguiça), entre 1880 e 1883, primeiro como exilado em Londres e depois em vestes de prisioneiro político, no interior de uma cela úmida do cárcere de Sainte-Pélagie, em Paris, a classe operária europeia vivia em uma situação que, hoje, chamaríamos de aprisionada. O preço a pagar pela reivindicação de um ilusório e venenoso “direito ao salário” era a aceitação de condições de trabalho massacrantes, que, de fato, afogavam na mais completa escravidão. Estava entre os regimes de servidão voluntária plenamente normalizados e institucionalizados por aquela que o pensador francês definia profeticamente como a “religião do capital” – ou seja, a pretensa necessidade de um capitalismo que, já naquele tempo, tentava de todas as maneiras impor-se como lei natural e universal.

Um dos fundadores do Partido Operário Francês, esposo de Laura Marx e genro de Karl, Lafargue logo compreendeu que os avisos de tempestade descritos por seu sogro em O Capital, e ainda antes por Engels (seu padrinho de casamento) em A Situação da Classe Operária na Inglaterra (1845) haviam se transmutado numa realidade dramática. Para percebê-lo, bastava observar o que ocorria do lado de dentro dos portões de entrada das fábricas. O proletariado industrial parisiense – mulheres, homens e crianças – trabalhava, em média, doze horas por dia. Longe da “zona de conforto” da capital, nas províncias e no campo, a predação de tempo podia chegar a picos de 14 horas. Na Itália, o quadro era ainda mais dramático, principalmente em razão de uma cultura sindical mais escassa. O dado mais preocupantes relacionava-se à situação das mulheres empregadas nas fábricas: nas fiações piemontesas, centenas de operárias passavam até 16 horas ao dia com as mãos imersas na água fervente, obrigadas a permanecer em espaços restritíssimos, a inalar vapores nauseabundos, a suportar condições higiênico-sanitárias péssimas e a conviver com um abafamento insustentável (para favorecer a fiação da seda, as janelas deviam permanecer fechadas, do contrário o ar poderia danificar a trama), sacrificando a própria saúde por 45 centavos ao dia.

O proletariado europeu aceitava passivamente os abusos dos patrões, que impunham suas próprias condições graças a uma posição contratual de preeminência absoluta e a um movimento operário ainda pouco maduro. Privado de uma consciência de classe ele, de um lado, fez do “direito ao trabalho” o núcleo essencial do próprio manifesto reivindicativo; de outro, raramente parecia interrogar-se a fundo o real significado daquele direito.

É a partir da observação deste exército de assalariados nos porões, da escuta dos gemidos de desespero dos novos subjugados das fábricas e escritórios, que Lafargue escreveu O Direito à Preguiça, colocando ao centro de sua reflexão a necessidade de recuperar algo muito similar ao conceito latino de otium: para romper as grades da prisão, os subproletários deveriam reapossar-se daquele tempo que os antigos dedicavam ao estudo, ao cuidado com o espírito e à estruturação do pensamento. Uma dimensão do viver de valor inestimável, que a fé cega no produtivismo havia rapidamente restringido à damnatio memoriae [condenação da memória]. Apenas recuperando o próprio tempo, a classe operária poderia identificar um antídoto eficaz à alienação, cuidando do desenvolvimento das potencialidades humanas que a dominação capitalista reprimia ao som do trabalho por peças e dos prémios de produção.

O convite a lutar pela recuperação do sacrossanto direito ao ócio e a lançar forte desconfiança nos diálogos de um capitalismo predatório, que na maior parte das vezes apresenta-se diante de nossos olhos de forma mutável e amistosa, com “faces que asseguram o progresso, a liberdade de expressão e de entretenimento” aparecem com força também nas linhas de Cronofagia. Come il capitalismo depreda il nostro tempo [Cronofagia: como o Capitalismo devora nosso Tempo], último ensaio de Davide Mazzocco, publicado pela D Editore em 2019. No transcurso de suas páginas, a força disruptiva da mensagem de Paul Lafargue se renova com toda a sua brutal atualidade, lembrando-nos como, agora ou há um século e meio, as tramas do capitalismo permaneceram, em essência, inalteradas.

Portugal | Tribunal aceita que se possa insultar no futebol


A decisão foi proferida pelo Tribunal da Relação de Lisboa, confirmando uma sentença de primeira instância.

Insultar alguém num jogo de futebol é uma coisa, insultar fora de um campo de futebol é outra. Foi, pelo menos, este o entendimento dos juízes da 9.ª Secção Criminal do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) que, há quatro meses, confirmaram uma sentença de primeira instância, na qual foi decidido não levar a julgamento os envolvidos num processo por crimes de injúria e ofensa à honra, intentado por um treinador contra um delegado ao jogo.

“Vai lá prá barraca, vai mas é pó caralho, seu filho da puta!”. Foi isto que um treinador ouviu da boca de um delegado ao jogo e que motivou uma queixa em tribunal. Insultos e ofensas que os magistrados de segunda instância consideraram não merecerem castigo. Isto porque, sustentam, apesar de traduzirem “um comportamento revelador de falta de educação e de baixeza moral e contra as regras da ética desportiva (…) é também ele, de alguma forma, tolerado nos bastidores da cena futebolística”.

As palavras não foram escutadas pelo árbitro, que, caso as tivesse ouvido, teria de as registar no seu relatório. Se assim fosse, o delegado ao jogo seria, muito provavelmente, sancionado pela justiça desportiva. No entanto, para os juízes da 9.ª Secção Criminal do TRL, o comportamento daquele agente desportivo não foi condenável, devendo as expressões proferidas ser enquadradas no “mundo do desporto, em particular do futebol”. E, nesse mundo, o TRL julga que “não se podem considerar que tenham atingido um patamar de obscenidade e grosseria de linguagem, nem que tenham colidido com o conteúdo moral da personalidade do visado, nem atingido valores ética e socialmente relevantes do ponto de vista do direito penal”.

Na sua decisão, o TRL defende mesmo que as palavras proferidas pelo delegado ao treinador “numa envolvência futebolística não têm outro significado que não seja a mera verbalização das palavras obscenas, sendo absolutamente incapazes de pôr em causa o carácter, o bom-nome ou a reputação do visado”. Por tudo isto, os juízes do TRL concluíram que o comportamento do delegado ao jogo pode ser “eventualmente sancionado disciplinarmente” [pela justiça desportiva], mas não “penalmente”.

Portugal | A impunidade dos fortes


Vítor Santos | Jornal de Notícias | opinião

As multas aplicadas a banqueiros e gestores bancários em Portugal deviam servir para credibilizar o país e as instâncias de controlo da Banca, com CMVM (Comissão de mercado de Valores Mobiliários) e Banco de Portugal à cabeça.

Num contexto de esforço financeiro pedido aos contribuintes, que continuam a pagar a gestão danosa destes alquimistas do grande capital, o mínimo exigível seria garantir a liquidação das coimas e multas aplicadas. Como poderá perceber na edição de hoje do JN, nem isso acontece. Dez antigos gestores foram chamados a liquidar 16,8 milhões de euros, tudo na sequência de irregularidades detetadas pelos supervisores, só que, por motivos vários, a maioria das multas ficam por cobrar. A contestação é quase sempre gizada em grandes escritórios de advogados e, não raras vezes, termina em prescrição. O resultado é devastador para a credibilidade do Estado.

A crise da banca, uma desconstrução de instituições e personalidades que se projectaram de braço dado com políticos importantes um pouco por todo o Mundo, não é de agora. Os primeiros abalos foram sentidos em 2008 e as cascatas desabaram até chegarem a esta estabilidade construída em porcelana, onde somos aconselhados a mexer devagarinho. À queda dos impérios, os países foram respondendo com estratégias distintas. Do 80 da pequena Islândia, onde foi criada uma prisão especial para os responsáveis por fraudes, corrupção e branqueamento de capitais, ao 0,8 de Portugal, onde a verdadeira punição caiu em cima dos contribuintes.

É por isso que não me surpreende que também no nosso país comecem a conquistar admiradores movimentos acantonados nas franjas da democracia. A culpa é de todos, mas sobretudo de um Estado cuja eficácia na cobrança parece extinguir-se quando os prevaricadores são os donos das grandes fortunas.

*Editor-chefe

Portugal dos banqueiros | Maioria das multas aplicadas a banqueiros fica por pagar


Dez gestores igualam coimas da CMVM a bancos em 15 anos, intimados a pagar um valor total de 16,8 milhões de euros.

Apenas dez antigos gestores bancários acumularam multas de 16,8 milhões de euros. Aquele montante iguala todas as coimas decididas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a todos os bancos infratores no espaço de 15 anos (2004 a 2019). No caso dos "banqueiros", a maior parte das sanções da CMVM e do Banco de Portugal (BdP) fica por pagar. Por vezes, os tribunais dão mesmo como provada a sua inocência.

A culpa corre o risco de morrer solteira, até porque os arguidos têm sempre a possibilidade de recorrer para os tribunais, arrastando processos que muitas vezes prescrevem. No entanto, o frenesim sancionatório é um indicador de uma rede mais fina no combate às infrações daqueles que têm sobre os seus ombros a responsabilidade de gerir o dinheiro de terceiros.

"Se há mais atividade do BdP? Há, como consequência da crise financeira que atingiu a Banca na Europa. Quer o BdP quer o Banco Central Europeu têm sido muito mais ativos na supervisão e têm alterado as regras prudenciais", considera o advogado João Caiado Guerreiro.

Carlos Pinto de Abreu, advogado de Filipe Pinhal, ex-administrador do BCP que chegou a presidir ao banco entre 2007 e 2008, apresenta uma visão diferente partindo do sucedido ao seu cliente: "O sr. Filipe Pinhal foi absolvido pelo Tribunal da Relação. Não tinha cometido qualquer ilícito. O BdP atua como acusador e decisor, mas o tribunal discordou. Foi anulada também a decisão de inibição de exercício de funções".

O tema é sensível para o contribuinte. De 2008 a 2018, os encargos do Estado com os bancos ascenderam a mais de 18 mil milhões de euros. As ajudas à Banca começaram em 2008 com a crise financeira e a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN), cuja fatura já supera os cinco milhões de euros. José Oliveira e Costa, o seu criador, foi condenado a 15 anos de prisão e foi multado quer pela CMVM quer pelo BdP, somando 1,425 milhões de euros. Foi penhorada parte da sua pensão de 2295 euros, mas quase nada foi pago ao BdP até à data e ainda menos à CMVM.

BES ainda no tribunal

Muitos destes casos ainda não tiveram um desfecho definitivo. Por exemplo, decorreram na segunda-feira, no Tribunal da Concorrência, em Santarém, as alegações finais do julgamento do recurso de algumas das coimas aplicadas pelo BdP a Ricardo Salgado, presidente do BES, e Amílcar Morais Pires, administrador financeiro. Motivo da acusação? Ausência de medidas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo em unidades do BES no estrangeiro.

Ricardo Salgado será, neste momento, o recordista das coimas. Para já, o acumulado do BdP com a CMVM já vai em 5,8 milhões, mas esta última entidade prepara uma acusação cuja coima máxima chega aos 5 milhões, o que faria duplicar o seu atual recorde.

O caso mais badalado nos últimos tempos é, sem dúvida, o de Tomás Correia. Os alegados ilícitos que terá cometido enquanto presidente do Banco Montepio recuam ao período 2008-2015. Em duas multas já decididas pelo BdP, soma 1,4 milhões de euros. Mas o supervisor fez publicar na imprensa uma terceira acusação, relacionada agora com ocultação de perdas e riscos nas contas do banco. As irregularidades detetadas podem valer uma coima até 7,5 milhões.

Outros gestores conseguem limpar totalmente o seu nome das acusações da CMVM e do BdP. Esse foi o caso de Alípio Dias, ex-administrador do BCP. Depois de várias absolvições, duas das coimas de que foi alvo acabaram por prescrever.

Portugal | Doente espera quatro horas e morre nas urgências de Beja


Uma semana depois da morte de um utente nas urgências do Hospital de Lamego, morre agora um doente no serviço de Urgência do Hospital de Beja, depois de três horas e meia à espera de ser atendido.

Rogério Palma, 60 anos, recebeu a pulseira amarela na triagem (avaliado como caso urgente) mas acabou por não ser visto por um médico, morrendo ao fim de quatro horas de espera na sala de espera da urgência, confirmou o JN. O paciente aguardou pela chamada desde cerca das 17.30 horas, vindo a falecer por volta das 21, junto do irmão e da cunhada, que o acompanhavam.

A vítima, residente em Beja, sofria de diabetes e tinha-lhe sido diagnosticada hepatite C há alguns anos. Desde a semana anterior, quando fez análises ao sangue, que se sentia debilitado, razão pela qual foi ao médico, contou uma familiar à imprensa local.

Os familiares da vítima fizeram uma reclamação por escrito à administração do Hospital de Beja, exigindo saber a causa da morte de Rogério Palma. A unidade hospitalar garante que já foi aberto um inquérito a este caso.

Jornal de Notícias | Imagem: Global Imagens

Ficção: “Os portugueses não são racistas” ou “Portugal não é racista”


O racismo parece que está na ordem do dia. As notícias inundantes, as opiniões sobre o aberrante tema são a presença constante e nunca demasiadas. Quem dera que fosse uma cura contra o racismo existente em Portugal, só aparentemente encoberto pela hipócrita frase “os portugueses não são racistas”. Claro que são, e muito. E os racistas lusos também são demasiados. Até parece algo genético, inconcebível, inadmissível, escandaloso, comprovadamente estúpido. É esse o tema de abertura do Expresso Curto, por João Silvestre. E em Portugal não há publicação que desde domingo não aborde o ocorrido no futebol, no encontro entre o FC Porto e o Guimarães. 

O achincalhado e ofendido chama-se Marega, que se sentiu na impossibilidade de poder continuar em campo naquele encontro em que uma claque – é o que se sabe – assimilada pró-inglês dá pelo nome de batismo de White Angels, Anjos Brancos. O que não faz sentido porque as cores do clube são predominantemente o preto e o branco, para não explanar sobre as tendências que estas claque têm de se batizar por nomes em inglês. Serão realmente portugueses os dessas tais claques?

Não é a primeira vez que o racismo expresso e praticado, em cânticos e outras manifestações abomináveis, pelas claques de futebol perde as estribeiras e sobressai. A isso temos visto a tolerância dos clubes, da Federação Portuguesa de Futebol, dos governos. Por consequência também das autoridades em campo – PSP, GNR. E nos ínterins das reações e práticas racistas parece que tudo e todos adormecem no velho e hipócrita dito de que “os portugueses não são racistas”. São, e não é pouco.

Marega, o jogador do FC Porto, reagiu saindo de campo. Farto que esteve de ouvir as manifestações racistas da referida claque vimaranense… E foi aí que caiu o Carmo, a Trindade, a derrocada do Mercado do Bolhão e a Torre dos Clérigos. No caso também caiu o Castelo de Guimarães. Agora bradam todos (ou quase todos) que “afinal há racismo em Portugal”. Pois há, sempre houve, apesar de muitas vezes contido nas palavras mas bastante insidioso e constante nos atos de exclusão, de semblantes carregados ao sentarem-se acabrunhados ao lado de um preto ou de uma preta em qualquer transporte público. Ou nem se sentarem… porque o racismo lhes grita mais alto.

Foi preciso um jogador de futebol tomar a atitude de abandonar o campo, devido ao racismo expresso naquele encontro desportivo, para Portugal acordar com estrondo. Quando afinal o racismo expresso por todo o país, dos portugueses para com os negros, mulatos, amarelos e ciganos, está latente todos os dias, a todas as horas e em todos os locais. Até em locais da governabilidade, até na Assembleia da República, até nas rádios, televisões e jornais, nos tribunais, na PSP e GNR, etc. Haverá algumas exceções, mas essas são para iludir e rechear a falsa crença e dito de que “os portugueses não são racistas”.

O ser humano é complicado e dotado de cérebros de carneirismo. Vai em grupos. Atrás deles, a ser um deles, acabando por ser assimilado, encarneirado. Não por acaso existia em tempos (não sabemos se ainda atualmente) o dito “eu não vou em grupos”, que expressava não estar disposto a ser enganado, a ser encarneirado, a fazer aquilo com que discordava… Bem, mas então existem portugueses que só porque estão nos grupos (claques) é que são racistas, por exemplo? E também, algumas vezes estupidamente, violentos e antidesportivos e desumanos?

Olhem que não. Olhem que não. E o que faz falta é a mão pesada da Justiça ladeada com operações de esclarecimento e reeducação. De desmonte da farsa lusa que alimentou e alimenta ser racista mas não parecer. Claro que são e parecem, se observarmos atentamente. Há exceções, pois há, felizmente.

Bom dia e um queijo amanteigado. Muita saúde. Saltem para o Curto desta manhã. O Expresso Curto está aí para o lerem… E meditarem nos temas. Além de aumentar os conhecimentos sobre atualidades. Uma dádiva de Pinto Balsemão e Impresa. Trabalho dos profissionais de lá.

Curta.

MM | PG

Médicos e Repórteres sem Fronteiras apoiam Julian Assange


O fundador do portal WikiLeaks recebeu na segunda-feira o apoio de 117 médicos, que denunciaram a "tortura psicológica" infligida a Julian Assange, ameaçado de extradição para os EUA que o acusam de espionagem, e dos Repórteres sem Fronteiras (RSF).

Em carta publicada na revista médica britânica The Lancet, um grupo de médicos de 18 países acusou o Governo de Londres de atentar contra o direito fundamental de Assange ter acesso a cuidados de saúde, uma semana antes de a justiça do Reino Unido examinar o pedido de extradição deste australiano, de 48 anos, detido na prisão de alta segurança de Belmarsh.

"Se Assange viesse a morrer numa prisão britânica", como avisou em novembro o relator especial da ONU para a tortura, Nils Melzner, "ele teria sido efetivamente torturado até à morte", escreveram os signatários.

Desde que Assange foi examinado por um médico em 2015 na embaixada do Equador em Londres, onde tinha encontrado refúgio três anos antes, as recomendações dos médicos foram "ignoradas sistematicamente", acrescentaram.

Denunciaram também "uma politização dos princípios fundamentais da medicina, cujas implicações ultrapassam o caso de Julian Assange".

Os signatários concluíram com "a exigência aos governos de acabarem com a tortura de Assange e de lhe garantir o acesso aos melhores cuidados, antes que seja demasiado tarde".

Por seu lado, a associação RSF, firmemente oposta à extradição de Assange, que "transmitiu informações de interesse geral a jornalistas", lançou uma petição que, na segunda-feira, já tinha recolhido mais de 20 mil assinaturas.

No início de novembro, o relator da ONU para a tortura declarou à AFP que a sua inquietação estava ligada a "novas informações médicas transmitidas por várias fontes fiáveis, segundo as quais a saúde dele tinha entrado num círculo vicioso de ansiedade, 'stress' e impotência, típica de pessoas expostas a um isolamento prolongado e uma arbitrariedade constante".

Detido em Belmarsh, no sul de Londres, desde a sua detenção em abril de 2019, na embaixada do Equador, Assange é pretendido pelos EUA, onde corre o risco de ser sentenciado até 175 anos de prisão por espionagem.

As autoridades dos EUA acusam-no de ter colocado em perigo algumas das suas fontes, quando publicou em 2010 cerca de 250 mil mensagens diplomáticas e 500 mil documentos confidenciais relativos a atividades dos militares norte-americanos no Iraque e Afeganistão.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

Em Portugal...

Covid-19: Número de mortes sobe para, pelo menos, 1.868


Nas últimas 20 horas morreram mais 93 pacientes na província de Hubei, no centro da China. Números sobem no país para 1.863 e globalmente para 1.868.

Aautoridades de Saúde regionais chinesas reportaram este domingo mais 93 mortes em resultado do novo coronavírus (Covid-19) na província de Hubei, elevando o número total de vítimas mortais em território chinês para 1.863 e a nível global para, pelo menos, 1.868.

Foram registados mais 1.807 novos casos de infeção, voltando este número a diminuir na província de Hubei (no domingo foram registados 2.048 novos casos de infeção).

Há 41.957 pacientes atualmente hospitalizados em Hubei: 73% estão estáveis, 21.7% estão em estado grave e 4.4% estão em estado crítico.

O número de casos de infeção a nível global cifra-se agora nos 73.258.

O número de vítimas a nível global poderá ser revisto nas próximas horas, uma vez que apenas contabiliza as novas mortes na província de Hubei, cuja capital é Wuhan, epicentro do novo coronavírus.

Sublinhe-se que, para além dos 1.863 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há 45 casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.

Anabela Sousa Dantas | Notícias ao Minuto | Imagem: © Reuters

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White Angels. A claque do Guimarães que chamou racista a Marega


Segundo a PSP, a maior claque do Vitória de Guimarães terá cerca de 700 elementos, mas só estão registados 11. Não haverá ligações de membros a grupos violentos organizados de extrema-direita.

Castiguem quem ousa não ser seguidor do 'estarolismo-mor'. Arranjem de tudo como é costume: desde insultarmos a própria cidade, até ao facto de sermos insultados por um preto, mas o racismo só existir quando nós o insultamos... Nada nos afecta, nem nunca afetará." A frase faz parte de um post publicado na noite de domingo na página de Facebook dos White Angels, a maior claque do Vitória de Guimarães, que tomou esta posição após os incidentes que envolveram o jogador portista Marega no passado domingo e que já motivaram a abertura de um inquérito pelo Ministério Público.

O internacional pelo Mali, que alinhou pelo V. Guimarães na temporada 2016-17, abandonou o terreno de jogo após ser alvo de insultos racistas vindos das bancadas do Estádio Dom Afonso Henriques, durante o jogo V. Guimarães-FC Porto, gerando com essa atitude uma avalancha de reações ao caso que teve destaque internacional e pôs o tema do racismo no futebol e na sociedade portuguesa a ser discutido em vários quadrantes. Uma dessas reações foi precisamente a dos White Angels, que foi mais longe neste comunicado considerando que Marega é um "jogador racista", assim como Sérgio Conceição, atual treinador do FC Porto e também ex-técnico do V. Guimarães. O futebolista dos dragões voltou a comentar o assunto nesta segunda-feira, garantido que os insultos racistas começaram ainda no aquecimento.

A claque White Angels foi formada a 15 de abril de 1999 e é uma das três associadas ao V. Guimarães que a PSP identifica como estando registadas no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), juntamente com os grupos Suspeitos do Costume e Insane Guys. Ainda segundo a PSP, os White Angels terão cerca de 700 elementos, mas destes apenas 11 estão registados no IPDJ. Em 2018, a polícia contabilizava 20 elementos da claque com registos de prática de crimes associados ao fenómeno da violência do desporto e outros sete indiciados por outros crimes (principalmente roubos, furtos, tráfico de droga e agressões violentas). Estavam também identificados cerca de 70 adeptos ligados a subgrupos de casuals, que organizam ações violentas, como, por exemplo, em janeiro de 2018, a invasão do centro de treinos do Vitória seguida de agressões a jogadores do clube.

Os Suspeitos do Costume terão pouco mais de 500 membros (as contas da PSP são feitas tendo em conta a presença de adeptos nas bancadas). Os Insane Guys serão pouco mais de uma centena. Nenhuma destas claques tem elementos registados no IPDJ. Aliás, de acordo com os números a que o DN teve acesso, o rácio de elementos de claques vimaranenses registados no IPDJ é de apenas 0,5%, abaixo do que se passa no Sp. Braga (1,9%) e muito além do que acontece no Sporting (36%) e no FC Porto (34%) - o Benfica não tem qualquer claque registada.

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