domingo, 20 de fevereiro de 2022

MUDANÇA À VISTA NA GEOPOLÍTICA GLOBAL -- Fiori

# Publicado em português do Brasil

Ultimato russo à OTAN e documento Xi-Putin indicam: Ocidente está prestes a perder, além da liderança econômica, o papel de guardião da democracia e da própria ordem liberal. Pequim e Moscou desafiam: “Não há nações superiores”

José Luís Fiori* | Outras Palavras

Já não existe mais um único “critério ético”, tampouco existe mais um único juiz com poder para arbitrar todos os conflitos internacionais, com base na sua própria “tábua de valores”. E já não é mais possível expulsar os “novos pecadores” do “paraíso” inventado pelos europeus, como aconteceu com os lendários Adão e Eva. Como essa supremacia acabou, talvez seja possível, ou mesmo necessário, que o Ocidente aprenda a respeitar e conviver de forma pacífica com a “verdade” e com os “valores’ de outras civilizações.

J. L. Fiori. O mito do pecado original, o ceticismo ético e o desafio da paz. In: ______. (Org.). Sobre a Paz. Petrópolis: Editora Vozes, 2021, p. 464.

Dois acontecimentos sacudiram o cenário mundial neste início de 2022: o primeiro foi o ultimatum russo, lançado em meados de dezembro de 2021 e dirigido aos EUA, à OTAN e aos países-membros da União Europeia, exigindo o recuo imediato da OTAN na Ucrânia, e propondo uma revisão completa do “mapa militar” da Europa Central, definido pelos Estados Unidos e seus aliados da Aliança Atlântica após a vitória na Guerra Fria. O segundo foi a “declaração conjunta” da Federação Russa e da República da China, no dia 7 de fevereiro de 2022, propondo uma “refundação” da ordem mundial estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial e aprofundada depois da vitória dos EUA e de seus aliados na Guerra do Golfo em 1991 [leia aqui, em inglês]. Os dois documentos propõem uma “revisão” do status quo internacional, mas o primeiro contém objetivos e exigências imediatas e localizadas, enquanto o segundo apresenta uma verdadeira proposta de “refundação” do sistema interestatal “inventado” pelos europeus. Ambos, no entanto, estão apontando neste momento para uma reconfiguração profunda do sistema internacional.

No caso do “ultimato russo”, a questão imediata que está em jogo é a incorporação da Ucrânia pela OTAN, mas o verdadeiro problema de fundo é a exigência russa de revisão das “perdas” que lhe foram impostas depois da dissolução da União Soviética1. Depois de 1991, a Rússia perdeu 5 milhões de quilômetros quadrados e 140 milhões de habitantes, mas agora se propõe a reduzir essas perdas expandindo sua influência no seu entorno estratégico e afastando a ameaça ao seu território, por parte da OTAN e dos Estados Unidos. Esse ultimatum era perfeitamente previsível e veio sendo anunciado há muito tempo, pelo menos desde a “Guerra da Geórgia”, em 20082. A grande novidade agora é que a proposta revisionista dos russos deverá avançar sem guerra, através de um jogo de xadrez extremamente complexo, no qual se acumulam as ameaças militares e econômicas, mas não deverá haver um enfrentamento direto, apesar da propaganda e da histeria psicológica provocada pelos anúncios sucessivos da “invasão que não houve”, sobretudo da parte dos Estados Unidos e da Inglaterra. A Rússia obteve uma vitória imediata ao conseguir colocar todos os demais atores envolvidos em torno de uma mesa para discutir os termos da sua proposta. E o mais provável é que os seus principais pleitos sejam atendidos, sem invasão nem guerra. Além disso, nas discussões evidenciaram-se a divisão entre as potências ocidentais e a falta de iniciativa e liderança da parte do governo norte-americano, que se restringiu a repetir a mesma ameaça de sempre, de que imporia novas sanções econômicas aos russos caso ocorresse a invasão que foi reiteradamente negada pelos próprios russos, enquanto a iniciativa diplomática passava quase inteiramente para as mãos dos europeus. Os Estados Unidos não receberam o apoio que esperavam de seus velhos aliados do Oriente Médio (nem mesmo de Israel), da Ásia (nem mesmo da Índia), e mesmo da América Latina (nem mesmo do Brasil). E o que é pior, para os anglo-saxões, tudo indica que a Alemanha terá um papel fundamental na intermediação diplomática do conflito, o que envolveria uma reaproximação entre os alemães e os russos, com a liberação imediata do Gasoduto do Báltico que sempre teve a oposição dos norte-americanos. Afora o fato que um eventual sucesso diplomático alemão neste conflito daria à Alemanha uma centralidade geopolítica dentro da Europa que aceleraria o declínio da influência dos Estados Unidos entre seus aliados europeus. Neste sentido, um acordo diplomático “intra-europeu” seria também uma derrota para os Estados Unidos, mas ao mesmo tempo é impossível imaginar que um acordo deste tipo possa ter sucesso sem o apoio dos próprios Estados Unidos e da Otan que é na prática um “braço armado norte-americano”.

Brasil | NEONAZISTAS SÃO ESCORRAÇADOS DO ESTÁDIO E BAR

# Publicado em português do Brasil

O neonazista saiu escoltado do estádio Bento Freitas pela PM após levar uns safanões. Pelas redes sociais, a atitude foi aplaudida. Integrantes da torcida lembraram a origem operária do time e rechaçaram qualquer tipo de racismo, ódio e preconceito. Lideranças políticas do Rio Grande do Sul também se pronunciaram.

Altamiro Borges, São Paulo | Correio do Brasil | opinião

No último domingo, os torcedores do time Brasil de Pelotas expulsaram do estádio um maluco que tinha em sua lombar tatuagens nazistas, como a Cruz de Ferro e os dizeres “Mein Kampf”, título do livro do criminoso alemão Adolf Hitler. A reação altiva ocorreu durante a partida em Pelotas, interior gaúcho, contra o Novo Hamburgo pelo Campeonato Gaúcho.

O neonazista saiu escoltado do estádio Bento Freitas pela PM após levar uns safanões. Pelas redes sociais, a atitude foi aplaudida. Integrantes da torcida lembraram a origem operária do time e rechaçaram qualquer tipo de racismo, ódio e preconceito. Lideranças políticas do Rio Grande do Sul também se pronunciaram.

“Com nazista não tem conversa”

Manuela D’Ávila (PCdoB), que foi candidata a vice na chapa de Fernando Haddad em 2018 e disputou a prefeitura de Porto Alegre em 2020, tuitou: “Parabéns à torcida do Brasil de Pelotas por ter expulsado o homem com tatuagens neonazistas da arquibancada no jogo de ontem. Não podemos tolerar que manifestações como essa sejam toleradas!”.

Já a deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) compartilhou um elogio aos torcedores: “Parabéns à torcida do Brasil de Pelotas por expulsar do estádio este homem com tatuagens nazistas (cruz de ferro e Mein Kampf). Com fascistas e nazistas não tem conversa. Não passarão!”.

Já a vereadora de Porto Alegre Daiana dos Santos (PCdoB) postou: “A extrema-direita deu amplitude e voz para grupos racistas, homofóbicos e antissemitas em nosso país. O Brasil de Pelotas é um clube que foi fundado pela classe operária e negra. Parabéns para a torcida Xavante, que honrou suas raízes! Com nazista não tem conversa”.

Brasil | Defesa do nazismo feita por Kataguiri não incomoda o aliado Sergio Moro


# Publicado em português do Brasil 

Lutar pela cassação do mandato do político do MBL deveria ser obrigação de todos que prezam pela vida e pela democracia. Menos para o ex-juiz e o Podemos.

João Filho | The Intercept - Brasil

A MAIOR ATROCIDADE DITA neste ano não veio do cercadinho em que se esconde o presidente da República. Veio de um dos podcasts de entrevistas mais assistidos do país. Ao lado dos deputados federais Kim Kataguiri e Tabata Amaral, o apresentador Monark começou com uma estupidez aparentemente inofensiva, mas que prepararia o terreno para um pensamento atroz: “A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço”.

Nada na frase encontra respaldo nos fatos. Enquanto a direita radical está no poder com ajuda do voto de Monark e de Kim Kataguiri, por exemplo, a esquerda radical é representada principalmente pelos partidos PCO e pelo PSTU — dois partidos nanicos, irrelevantes no jogo político-partidário e sem nenhum espaço no noticiário. A constatação mentirosa o levou a uma conclusão repugnante: “Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”.

A defesa de direitos políticos para nazistas foi rechaçada por Tábata Amaral, mas Kim Kataguiri concordou com o absurdo e foi além: afirmou que a Alemanha cometeu um erro ao criminalizar partidos nazistas depois do Holocausto.

Segundo o deputado, jogar luz às ideias nazistas é a melhor forma de combatê-las. A barbaridade vem calçada por uma ideia que eles julgam ser libertária e nobre: a defesa liberdade de expressão absoluta. Em nome dessa causa, o deputado considera importante abrir a porta da democracia para nazistas difundirem seus discursos de ódio contra minorias e tentarem chegar ao poder através de eleições.

Kataguiri usou como exemplo os EUA, onde é permitido que nazistas se organizem politicamente. É como se o país que elegeu Trump e assistiu à invasão do Capitólio por neonazistas fosse um exemplo de zelo pelos direitos humanos. Segundo a lógica de Kim, a legalização da Ku Klux Klan nos EUA é saudável para a democracia norte-americana porque joga luz às ideias que antes estavam escondidas.

Sim, nos EUA as pessoas são livres para sair às ruas se autoproclamando nazistas e disseminar ódio contra negros, imigrantes, judeus e gays. Como se sabe, a luz jogada nessas ideias não diminuiu os conflitos raciais do país, muito pelo contrário. As tensões aumentaram nos últimos anos, com brancos saindo armados para ameaçar pretos que faziam protestos antirracistas. O deputado concorda de maneira absoluta com esse exemplo odioso dos americanos.

Nada foi tirado de contexto, não houve ruídos ou distorções, como deu a entender o deputado. Ele se expressou de forma clara e direta que é a favor que os ideais nazistas possam ser difundidos legalmente. Se Kataguiri é a favor dos nazistas se organizarem em partidos políticos, isso significa que ele considera razoável que recebam verbas do fundo partidário para financiar atividades neonazistas. O deputado defende que a democracia financie aqueles cujo principal objetivo é destruí-la para promover o assassinato em massa de determinados grupos. Em resumo: em nome da liberdade de expressão, Kim Kataguiri topa correr o risco do fazer do Brasil o palco para um segundo Holocausto.

Angola | CONVERSA NÃO ENCHE BARRIGA

Artur Queiroz*, Luanda

Os surrealistas descobriram a escrita automática e a criação artística espontânea. Somos todos artistas e escritores. Fazemos uns riscos de viés, umas linhas transviadas e já está uma obra de arte. Alinhamos umas quantas palavras por sons e por alturas e eis a literatura. Basta pensar e já está feito em pensamento. Haja depois quem faça mesmo. Esta parte é mais complicada porque normalmente é preciso querer e saber fazer. Um ser imbumbável, que nasceu com azar ao trabalho, jamais irá além das funções vitais. Respira, come, bebe, dorme, expulsa fezes, verte urinas e já está. Saber fazer dá tanto trabalho que o melhor é dar esse prazer aos outros.

Os angolanos tinham uma vanguarda revolucionária que os conduziu à Independência Nacional. Lamento ter de explicar, até aos que dormem à sombra da sua bandeira, que essa vitória histórica para a eternidade se deve ao MPLA, aos seus dirigentes e aos seus combatentes que, por vontade própria, atingiram o estádio supremo que um revolucionário pode atingir: A luta armada contra os opressores! Lamento igualmente recordar que o líder dessa gesta heroica foi Agostinho Neto. Ainda que ninguém dê por isso, este é o ano do centenário do seu nascimento. Não digam a ninguém! 

Pensadores de todos os lados gemem, ululam, sofrem porque com a Independência Nacional perdemos a oportunidade de construir um grande país. A coisa era automática, tiro e queda. 11 de Novembro de 1975 e já está! Eis o nascimento de um grande país, riquíssimo, leite e mel correndo pelas ruas, veredas, avenidas, trilhos, caminhos e becos. Os analfabetos foram todos a correr para a Academia Angolana de Letras. 

As camponesas acordaram grandes empresárias do agronegócio. Os camponeses viraram engenheiros agrónomos e silvicultores. Os analfabetos avençados da UNITA acordaram jornalistas. Quem era capaz de cortar um frango aos pedaços ficou logo cirurgião. Quem tomava comprimidos para a ressaca das bebedeiras recebeu o diploma de médico. E não é que tínhamos alguns médicos, engenheiros, enfermeiros, aviadores, advogados, juízes, funcionários judiciais, motoristas, pedreiros, carpinteiros, pintores, mecânicos e outros oficiais de muitos ofícios? Parece mentira.

Angola | Polícia pronta para garantir segurança no período eleitoral

A Polícia Nacional angolana afirma estar pronta para garantir a segurança durante o período eleitoral este ano, com as eleições gerais em agosto. Oposição e sociedade civil pedem imparcialidade por parte da corporação.

Há pouco menos de seis meses para as eleições em Angola, a Polícia Nacional diz estar pronta para os desafios eleitorais. A posição foi defendia este domingo (20.02), durante conferência de imprensa na província do Bengo.

O 2º Comandante do Bengo, José Amaro Franco, elogiou o comportamento dos partidos políticos na província e disse estar pronto para garantir a segurança durante o período eleitoral.

"Somos uma polícia para servir o povo, pelo que não podemos tomar partido, até porque somos apartidários. Estamos prontos para assegurar com êxito e imparcialidade o processo eleitoral", afirmou Franco.

CONTOS POPULARES ANGOLANOS - A Beleza das Mãos Colhendo Frutos Maduros

Seke La Bindo*

Naquela aldeia de água e sol, onde à tardinha Kufa ouvia o vento e a chuva, aconteceu uma grande desgraça. Um dia, ao amanhecer, todos juraram ser ricos. Os velhos doentes e cheios de feridas, as velhas desdentadas e mirradas, os jovens caçadores cheios de força e coragem, as mais belas meninas do vale do Keve, as crianças que ainda cheiravam a leite. Todos acordaram com a febre da riqueza a todo o preço.

O dinheiro perde as pessoas. Kufa deixou de ouvir o vento sibilando nas folhas das árvores. Na aldeia, os tumultos eram tantos que ninguém ouvia a corrente suave do rio serpenteando a planície. 

O rapaz perguntou ao seu velho avô:

- Já alguma vez tinha chegado esta febre do dinheiro às pessoas deste reino?

E o velho moveu a cabeça silenciosamente, em sinal de negação:

- Nunca. Foi a primeira vez que a febre da fortuna chegou a estas paragens. Até os hipopótamos do rio querem ser ricos. E gazelas elegantes esticam o pescoço para terem mais pasto que as outras.

Kafuka, entristecido por ter perdido o som do vento e da chuva, cansado de ouvir os tumultos entre aqueles que queriam ser mais ricos que os outros, foi ter com o avô e anunciou a partida. O velho agarrou a sua mão, sentou-o a seu lado e disse:

- O mundo é demasiado pequeno para receber os que querem ouvir a chuva e o vento. Do outro lado das montanhas, muito para lá do Mungo e do Bié, também há tumultos pela riqueza. Todos querem dinheiro. Fica aqui e salva o que há para salvar. 

Com lucros de milhões, Novo Banco quer mais dinheiro do Fundo de Resolução

PORTUGAL

Apesar dos lucros obtidos em 2021, que devem rondar os 200 milhões de euros, o banco herdeiro do BES de Ricardo Salgado prepara novo pedido de capital ao Fundo de Resolução. 

Segundo o Jornal Económico, que divulgou a informação esta sexta-feira, o valor exacto do pedido ainda não é conhecido, uma vez que também ainda não são conhecidos os resultados finais obtidos pela instituição em 2021, mas notícias vindas a público dão conta de que devem rondar os 200 milhões de euros. 

A possibilidade de vir a pedir nova injecção de capital já tinha sido avançada em Maio pelo presidente executivo do Novo Banco, numa audição da comissão parlamentar de inquérito (CPI).

Portugal com 9 360 novos casos de covid-19 e 35 mortos nas últimas 24 horas

De acordo com a DGS, registaram-se 9360 novos casos nas últimas 24 horas. Há agora 1788 internados, dos quais 116 nos cuidados intensivos.

O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado este domingo indica que Portugal registou 9 360 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas. Este é o dia com menos casos desde dia 14.

O documento nota ainda que morreram mais 35 doentes. No que diz respeito aos hospitais, há agora 1788 internados (menos 11 que no dia anterior), dos quais 116 em unidades de cuidados intensivos (menos dois do que no dia anterior).

No que diz respeito aos óbitos, Lisboa e Vale do Tejo e o Norte foram as regiões que apresentaram números mais altos (12 óbitos cada), seguidas do Centro (6), o Alentejo (3) e o Algarve (1).

De acordo com o relatório deste domingo da DGS, nas últimas 24 horas existiam 489859 casos ativos (menos 14326 em relação ao dia anterior), enquanto que o número de contactos em vigilância era de 505037 (menos 16149).

Diário de Notícias

ADEUS CIVILIZAÇÃO

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

No mundo ocidental de hoje, supostamente na civilização mais avançada de sempre, entre os herdeiros do Iluminismo, quem, por exemplo, protestar contra passaportes digitais terá as suas contas bancárias congeladas (ou quem doar tanto como 20 euros para a causa) ou quem, por exemplo disser algo que ressoe, ainda que remotamente, a politicamente incorreto verá as suas redes sociais bloqueadas.

Aliás, um dos grandes promotores desta Nova Censura, é o Facebook (Meta) que hoje é sobretudo uma colossal indústria de dados pessoais. Como se costuma dizer, quando a coisa é de borla, o produto somos nós e actualmente o negócio de Zuckerberg é sacar essas informações privadas aos utilizadores para as vender com objectivos que, na melhor das hipóteses, serão comerciais/publicitários. Portanto, quando começou a gestão da covid e os governos começaram com tesoura, lápis azul e borracha a todos os que tinham dúvidas ou meras críticas à narrativa oficial (condenando inclusivamente médicos, investigadores e profissionais como se a ciência fosse monolítica e dogmática), o FB há muito que já estava nessa deriva despótica. Depois, foi só darem as mãos. Governos e Novos Patrões, siameses juntos pela cabeça. Censura analógica e digital unidas. Esta escandalosa escalada chegou à obscenidade. A lista é extensa mas só como ilustração veja-se o caso do silenciamento feito ao dr Martin Kulldorff (professor de Harvard) e ao Dr. Jay Bhattacharya (professor Stanford) ou a censura ao British Medical Journal, publicação de alto prestígio com quase dois séculos, por causa de um artigo em que , como é sua função, colocava dúvidas científicas e éticas sobre a recusa da Pfizer em divulgar certas informações sobre as inoculações coronavirus. Armados em fact-checkers, o apelido dos neófitos donos do Ministério da Verdade, consideraram que o dito texto ia contra os ironicamente designados "padrões da comunidade". E isto perante questões dirigidas a uma farmacêutica que recebeu milhões de dinheiros públicos para desenvolver esses mesmos produtos. Mas quem são esses verificadores de factos que se arrogam ao police verso, verso police , quais imperadores romanos quando, na verdade, não passam tantas vezes de meninos a soldo de interesses pouco nobres?

Entretanto, o FB faz chantagem com a Europa. Se o velho continente não permitir que os dados dos utilizadores europeus sejam enviados para os seus servidores nos EUA, a rede social sai desses mesmos países. E esta altivez de Zuckerberg persiste até depois do Tribunal de Justiça Europeu ter proibido, em 2020, essa mesma remessa, ameaçando com multa. Sucede que se o produto somos nós, as redes sociais não são um órgão de soberania, não podem substituir um tribunal a condenar ou castigar nem tão pouco podem queimar a constituição. Mas é neste ponto que estamos, em pleno século XXI. Milhões de pessoas esclarecidas e centenas de governos democráticos estão a compactuar com cortes censórios que ainda vagamente nos lembramos como começaram (diz que era nudez velada) mas que sabemos muito bem - pela história e pelo infelizmente comum comportamento da humanidade - como é que acaba. Derrocada triste de uma era. Fim.

*Psicóloga clínica. Escreve de acordo com a antiga ortografia

Portugal | O drama dos sem-abrigo nas ruas do Porto está a chocar os turistas

Alfredo Teixeira | Jornal de Notícias

Câmara diz que número de pessoas que vivem na rua não aumentou, mas a presença é bastante visível e impactante um pouco por toda a Baixa da cidade.

A pandemia agravou a situação de carência económica de muita gente e basta circular pela cidade do Porto para se perceber que locais que até 2020 estavam desocupados de pessoas em situação de sem-abrigo integram agora um bilhete-postal cada vez mais caracterizado por cobertores, travesseiros, roupa e lixo. De acordo com o último inquérito oficial realizado sobre o fenómeno, em finais desse ano, no Porto existiam 590 pessoas em situação de sem-abrigo, das quais 398 na condição de sem casa e 192 na condição de sem teto.

Logo pela manhã os serviços de limpeza da Câmara do Porto não têm mãos a medir na higiene do espaço público ocupado pelos sem-abrigo. O cheiro a urina denuncia a falta de asseio, assim como os restos de comida e os pacotes de vinho vazios. "São drogados e por esse motivo não querem ir para uma instituição e preferem dormir na rua. É aqui, é na Batalha, é na Sé. Têm apoio alimentar, mas não querem seguir regras porque nas instituições têm de entrar e sair a horas", diz Anabela da Costa, residente no Centro Histórico.

Num dos lados do chafariz da Rua de Mouzinho da Silveira, um jovem estrangeiro dorme embrulhado em cobertores, na companhia de dois cães. Do outro lado, uma família permanece deitada.

Reino Unido | ABAIXO A MONARQUIA. VIVA A REPÚBLICA!

Claramente, a Grã-Bretanha perde mais do que ganha com a monarquia. Vamos ser corajosos e acabar com isso

# Publicado em português do Brasil

Polly Toynbee* | The Guardian | opinião

O jubileu real seria um final alegre para um estado de coisas que não pode continuar. Hora de devolver a soberania ao povo

A Rainha deve abdicar: este é o momento certo. Não porque outro escândalo tenha estourado, com a polícia investigando alegações de doações sauditas em dinheiro para a instituição de caridade do Príncipe de Gales. Não por causa da desgraça do príncipe Andrew .

Ela também não deve abdicar pela razão dada esta semana pelo meu amigo e colega Simon Jenkins: ele pede que ela se retire gentilmente da vida pública para passar seus anos de declínio em tranquilidade digna e permitir uma “transferência planejada” para Charles. Em outras palavras, que não haja um momento perigoso em que as pessoas se perguntem por que ninguém as perguntou primeiro. Não permita nenhuma pausa possível para pensar entre seu último suspiro e o grito de “ vivat rex ”. Certifique-se de que é um fato consumado com seu traseiro real já cimentado ao trono.

É realmente um bom momento para se despedir graciosamente, pois este jubileu de platina celebra seu reinado de 70 anos com toda a pompa de um feriado de quatro dias e um novo pudim . Mas que isso marque o fim da própria monarquia, aqueles séculos feudais chegando a um fim pacífico. A rainha manteve a monarquia unida habilmente por meio de escândalos tempestuosos, desde a morte de Diana, princesa de Gales, e os divórcios de três de seus filhos até a fuga do duque e da duquesa de Sussex, uma vez anunciados como membros da realeza pelo Black Lives Matter e era #MeToo.

Este jubileu daria um final alegre para todo o folclore real. Que melhor momento para devolver a soberania prometida no Brexit ao povo a quem pertence. Elizabeth, a Última , deveria ter uma despedida histórica, sua carruagem dourada e sua coroa aposentadas e seus seis palácios abertos como belos museus. (Não, o turismo não é desculpa para a monarquia: Versalhes recebe muito mais visitantes, assim como a Legoland na estrada do Castelo de Windsor).

Na morte ou na abdicação, seu falecimento será um marcador de memória emotiva em todas as famílias, o último elo com a segunda guerra mundial, com os remanescentes do império e com aquele velho mundo preto e branco dos cinejornais da Pathé com suas alegres vozes de jingo. “Graças a Deus pela Rainha”, proclama hoje a primeira página do Sol, absurdamente. É duvidoso que ela retorne algum agradecimento a Rupert Murdoch, cuja chegada de lèse-majesté aqui quebrou aquela velha reverência pela mística real.

O discurso de Zelensky em Munique implica que a Ucrânia está mais desesperada

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Andrew Korybko* | One World

Toda a estrutura estatal ucraniana está extremamente preocupada em ser abandonada pelo Ocidente liderado pelos EUA depois que seu patrono americano tocou os tambores da guerra, acelerou o colapso econômico da Ucrânia e depois literalmente fugiu diante de sua temida "invasão russa".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se à Conferência de Segurança de Munique no sábado em um discurso dramático que indica o quão cada vez mais desesperado seu país se tornou. Comparar a Federação Russa com a Alemanha nazista e o medo sobre a Terceira Guerra Mundial tornou-se um padrão entre os muitos críticos de Moscou, então não é de surpreender que Zelensky tenha recorrido ao mesmo. Ele pretendia assustar seu público para que eles considerassem aumentar a assistência militar e econômica de seu país, o que sugere que ele não está satisfeito com as centenas de milhões de dólares em ajuda que já recebeu este ano.

Segundo Zelensky, a Ucrânia merece ainda mais porque serve como o chamado “escudo” para proteger a Europa. No entanto, ele é contra que seja considerado um “amortecedor” entre a Rússia e o Ocidente, pois insiste que seu país deve fazer parte deste último, inclusive por meio da adesão à OTAN. Sobre isso, ele chamou a aliança e disse-lhe para finalmente ser honesto sobre as perspectivas de adesão da Ucrânia. Mesmo que nunca entre, porém, ele disse que sempre se defenderá de qualquer ameaça. Isso mostra que Zelensky está muito insatisfeito com tudo o que está acontecendo recentemente, especialmente a evacuação de todas as forças militares ocidentais lideradas pelos EUA e a maioria de seus diplomatas nas últimas semanas.

A GUERRRA NA EUROPA E A ASCENSÃO DA PROPAGANDA BRUTA

# Publicado em português do Brasil

As propostas de segurança da Rússia devem ser saudadas no Ocidente, escreve John Pilger. Mas quem compreende o seu significado quando todo o povo é informado de que Putin é um pária?

John Pilger [*]

A profecia de Marshall McLuhan de que "o sucessor da política será a propaganda" aconteceu. A propaganda crua é agora a regra nas democracias ocidentais, especialmente nos EUA e na Grã-Bretanha.

Em questões de guerra e paz, a fraude ministerial é agora publicada como notícia. Os factos inconvenientes são censurados, os demónios são alimentados. O modelo é a rotação empresarial, a moeda da época. Em 1964, McLuhan declarou, famoso, "O meio é a mensagem". Agora a mentira é que é a mensagem.

Mas será isto novo? Faz mais de um século que Edward Bernays, o pai da manipulação, inventou as "relações públicas" como capa para a propaganda de guerra. O que é novo é a virtual eliminação da dissidência no jornalismo de referência.

O grande editor David Bowman, autor de The Captive Press, chamou a isto "uma defenestração de todos os que se recusam a seguir uma linha e a engolir o intragável e são corajosos". Ele referia-se a jornalistas independentes e denunciantes, os honestos a quem as organizações dos media outrora davam espaço, muitas vezes com orgulho. O espaço foi abolido.

A histeria de guerra que se instalou como uma onda de maré nas últimas semanas e meses é o exemplo mais marcante. Conhecida pelo seu jargão, "moldar a narrativa", muito se não a maior parte é pura propaganda.

Recente ataque Infowar dos EUA contra a parceria estratégica russo-indiana falhou

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Andrew Korybko* | One World

Os EUA estão se intrometendo ativamente na política externa da Índia, tentando provocar uma resistência de base equivocada à sua dimensão amigável à Rússia, o que é completamente contrário ao espírito oficial de amizade entre esses parceiros do Quad.

A campanha de guerra de informação dos EUA contra a Índia, com o objetivo de criar uma barreira entre ela e a Rússia, realizou sua última provocação no final da semana passada, depois que o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, comentou sobre o compromisso da Índia com a ordem internacional baseada em regras. Essa frase é amplamente empregada pelos EUA como um eufemismo para impor padrões duplos à comunidade internacional em busca de qualquer coisa que possa atrasar indefinidamente a hegemonia unipolar em declínio dos EUA em todo o mundo. A Índia, no entanto, considera o conceito de forma diferente e o vê apenas em termos dos princípios consagrados no direito internacional através da Carta da ONU. As posições americana e indiana têm muitos pontos em comum, mas também algumas diferenças importantes, especialmente no que diz respeito à aplicação desse conceito à Rússia.

O que se segue é a troca exata entre Price e um repórter sobre o tema examinado:

“PERGUNTA: Obrigado. Quando o secretário Blinken se encontrou com o ministro de Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, em Melbourne, alguns dias atrás, ele saiu com a impressão de que a Índia está apoiando totalmente os Estados Unidos na questão da Rússia?

MR PRICE: Então, houve uma discussão sobre a Rússia e a Ucrânia no contexto da reunião do Quad que tivemos com nossos colegas indianos, nossos aliados japoneses e australianos. Houve um forte consenso naquela reunião de que é preciso haver uma solução diplomática – uma solução pacífica para isso. Um dos princípios centrais do Quad é reforçar a ordem internacional baseada em regras, e essa é uma ordem baseada em regras que se aplica igualmente no Indo-Pacífico como na Europa, como em qualquer outro lugar.

VIAJE NA AMAZON, DESFRUTE DAS TORTURAS DOS VOOS

AMAZON É PROPRIETÁRIA DE COMPANHIA AÉREA DE DEPORTAÇÃO IMPLICADA EM SUPOSTA TORTURA DE IMIGRANTES

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Ativistas estão pressionando a Amazon a se desfazer da Omni Air International, uma empresa no centro da máquina de deportação do ICE.

Sam Biddle | The Intercept

À MEDIDA QUE O DOMÍNIO DA AMAZON NO comércio eletrônico global cresceu, também aumentou sua vasta frota de veículos transportando pacotes do armazém para a porta de casa em todo o mundo. Para expandir ainda mais seu império de logística, a empresa silenciosamente se tornou proprietária parcial do Air Transport Services Group Inc. submeteu-os a abusos horríveis no caminho.

Em 9 de março de 2021, após cinco anos de uso do serviço para voos fretados de carga, a Amazon comprou 19,5% da ATSG por US$ 131 milhões e atualmente reserva opções que permitiriam expandir essa participação para 40%. Entre as várias subsidiárias de aviação da ATSG está a Omni Air International, uma empresa de fretamento de passageiros que transporta humanos em nome do governo federal. Seus dois clientes federais mais proeminentes são o Departamento de Defesa, que usa a empresa para o transporte de tropas, e o Departamento de Segurança Interna, que pagou à empresa taxas exorbitantes ao longo dos anos para executar a chamada carta especial de alto risco. voos para sua máquina de deportação “ICE Air”. A Immigration and Customs Enforcement lida com a Omni por meio de um intermediário, a Classic Air Charter Inc., uma empresa de logística de voos cuja empresa-mãe anteriormente ajudou a transportar prisioneiros da CIA para locais negros para serem torturados.

A Homeland Security define esses voos de “alto risco” como qualquer “programado para repatriar indivíduos que não podem ser removidos por companhias aéreas comerciais para locais em todo o mundo ou devido a outras preocupações de segurança ou fatores de risco”. De acordo com os documentos do contrato da ICE Air revisados ​​pelo The Intercept, a definição de “alto risco” é tão ampla que inclui praticamente qualquer pessoa, “incluindo, mas não se limitando ao seguinte: destino incomum ou de longa distância, falha no cumprimento da remoção procedimento, remoção de alto perfil, etc.” A noção de que esses deportados de alguma forma representam um grave perigo criou um pretexto, alegam os críticos da agência, para espancá-los, humilhá-los e aterrorizá-los em nome da segurança interna.

Um porta-voz da Amazon reconheceu o pedido de comentário do The Intercept sobre essas alegações, mas não forneceu nenhuma resposta. ATSG, Omni e ICE não responderam aos repetidos pedidos de comentários.

A reputação particular de brutalidade da ICE Air é bem merecida e minuciosamente catalogada. Em 2019, o Centro de Direitos Humanos da Universidade de Washington publicou uma série de relatórios sobre os voos, documentando uma “longa série de indignidades e ilegalidades” que remonta a décadas. A crise de abuso de voos de deportação é atribuída diretamente à opacidade de empresas como a Omni: “Na última década, a infraestrutura institucional por trás desses voos mudou de uma operação governamental administrada pelo US Marshals Service em aviões governamentais, para uma extensa, semi- rede secreta de voos em aeronaves de propriedade privada”.

Um dos exemplos mais infames é um voo de remoção notoriamente fracassado de 2017 para a Somália , que o centro acredita ter sido operado pela Omni, no qual os deportados alegaram “espancamentos físicos, uso de camisas de força, abuso verbal e ameaças e a negação de acesso a banheiros , o que obrigou os passageiros a se sujarem em seus assentos”. Embora o voo da Somália tenha sido talvez o caso de maior destaque de abuso da ICE Air, o Centro de Direitos Humanos concluiu que “dada a falta de supervisão efetiva da ICE Air, é provável que muitos outros abusos não sejam relatados. … Entre os ex-deportados que entrevistamos, relatos de maus-tratos mais rotineiros eram comuns, incluindo o uso de epítetos e insultos racistas e tratamento físico rude no embarque.”

Mesmo sem alegações específicas de abuso, os voos vêm com uma brutalidade inerente aos deportados, que permanecem amarrados e algemados durante todo o voo internacional, às vezes mais de 30 horas ou mais com escalas.Quase 100 alegações formais de abuso e maus-tratos a bordo dos voos da ICE Air foram apresentadas ao Gabinete de Direitos Civis e Liberdades Civis do Departamento de Segurança Interna entre 2007 e 2018, incluindo um incidente de 2012 em que uma detida do ICE “ abortou seus trigêmeos” a bordo de um voo de remoção para Salvador.

MUITA FOME PARA OS AFEGÃOS, MILHÕES USD PARA OS EUA DE BIDEN

CASA BRANCA TRANSFERE A CULPA PARA OS TRIBUNAIS ENQUANTO OS AFEGÃOS ENFRENTAM A FOME DE INVERNO, DIZ QUE ESTÁ SENDO “PROATIVO”

# Publicado em português do Brasil

O governo culpou o litígio em andamento do 11 de setembro pelos atrasos no envio de bens desesperadamente necessários de volta aos afegãos famintos.

Austin Ahlman | Ryan Grim | The Intercept

DESDE QUE O GOVERNO BIDEN prometeu liberar metade dos US$ 7 bilhões em ativos do banco central afegão de volta ao país no final da semana passada, ofereceu muito pouca informação sobre como planeja fazê-lo – ou quando. Em vez disso, a Casa Branca culpou o atraso no processo judicial referente à outra metade dos fundos, que o presidente Joe Biden reservou para resolver um processo contra o Taleban por um pequeno subconjunto de famílias das vítimas do 11 de setembro. O resultado é um jogo de apontar o dedo em que as vidas e os meios de subsistência de milhões de afegãos são suspensos, falsamente dependentes da lentidão do tribunal e de um círculo voraz de advogados.

O processo está atualmente sob liminar, enquanto mais famílias do 11 de setembro argumentam que também deveriam ter acesso aos fundos , mas especialistas jurídicos dizem que os amplos poderes de emergência de Biden permitem que ele libere os fundos apreendidos a qualquer momento. De fato, Biden foi inicialmente forçado por uma ordem judicial no processo do Talibã a tomar uma decisão sobre os bens – que foram congelados quando os EUA se retiraram de Cabul, apesar de pertencerem ao povo afegão e não ao Talibã – até 11 de fevereiro.

Quando as notícias dos fundos divididos surgiram na semana passada, foi relatado que a metade não reservada para litígios em andamento seria canalizada por meio de grupos humanitários. Isso parece não estar resolvido: a ordem executiva correspondente não especifica, e as autoridades parecem indecisas sobre o que exatamente querem fazer com os bilhões de dólares mantidos no Federal Reserve de Nova York. Por enquanto, diz-se que os fundos estão sendo desviados para um fundo fiduciário “em benefício do povo afegão”.

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