sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Portugal. A SOMBRA DOS NOSSOS PESADELOS



Baptista-Bastos – Jornal de Negócios, opinião

Cavaco Silva é um homem extremamente inseguro, atingido por uma soberba que o levava a alterações de carácter quando era professor e se algum aluno o contestava.

As delongas que o dr. Cavaco tem feito à indigitação do dr. António Costa para primeiro-ministro é um dos episódios mais repulsivos da Segunda República. O dr. Cavaco é homem de verdetes e de pequenas vinganças, já se sabia; mas este ressabiamento ultrapassa todas as paciências. Os ódios velhos não cansam, mas as coisas, com ele, têm atingido os mais deploráveis limites. Não permitiu que a pensão de sangue fosse atribuída à viúva de Salgueiro Maia, mas acedeu a que antigos agentes da PIDE fossem distinguidos com rendas, "por serviços distintos prestados à pátria". Escusou-se, com evasivas canhestras, a presidir a uma homenagem a Melo Antunes, e tem colocado penduricalhos a uma legião de medíocres. Não condecorou José Sócrates, como é hábito a primeiros-ministros, em final de funções, notoriamente porque o detestava e detesta, além de o mimosear com dois discursos abjectos. Mário Soares, que o tratava por "O Gajo", é outros dos seus inimigos. Não pode com Pedro Santana Lopes porque este é divertido, ama a vida e é inteligente. Apadrinhou Pedro Passos Coelho devido à reverência mesureira com que este o distingue. Aliás, apressou-se a indigitá-lo primeiro-ministro, logo após as eleições de 4 de Outubro, num atropelo às regras mais elementares da democracia. Nem precisou, como o fez agora, com inaudito despudor, de ouvir a opinião de "notáveis". Sobre ser uma pessoa inculta e medíocre. O dr. Cavaco é o pior Presidente da República desde o 25 de Abril.

Os níveis de popularidade do senhor descem de forma preocupante porque atingem, inevitavelmente, a própria instituição. Não ouve ninguém, não atenta nos conselhos que lhe dão, timidamente e com muita cautela porque ele encoleriza-se com frequência e não tem amigos, apenas breves instantes de reverência assustada. É um homem extremamente inseguro, atingido por uma soberba que o levava a alterações de carácter quando era professor e se algum aluno o contestava. Por duas vezes, pelo menos que víssemos, em duas cerimónias públicas, teve delíquios sem que, até hoje, essas súbitas quebras nos fossem esclarecidas.

A demora em nomear António Costa faz parte da sua estrutura política e moral. Mas a atitude, por absurdamente deseducada, atinge toda a nação. Sabemos que o dr. Cavaco nunca foi o "Presidente de todos os portugueses", e que a sua presença nos cargos que desempenhou caracterizaram-se por um total e absoluto desdém pelos outros. O que está a provocar, com este adiamento, é uma cisão desnecessária entre todos nós. A ferida que rasgou nos portugueses dificilmente sarará. Há anos, com uma impudícia que rondou o insulto, disse, publicamente, esta frase maldita: "Temos de ajudar o dr. Mário Soares a sair com dignidade da Presidência."

Todos sabemos que Mário Soares não costuma levar insolências para casa, e que, quando o assolam, não é flor que se cheire. Pode ser acusado de todos os defeitos, menos o de delito contra a liberdade. Talvez o mesmo não se possa dizer do dr. Cavaco, com as tropelias e os atropelos à democracia que tem praticado, e, até com o vilipêndio comprovado pela República e pelo 5 de Outubro.

Com um suspiro de alívio aguardamos o dia próximo em que este senhor irá para casa e deixará de ser a sombra dos nossos pesadelos. 

Portugal. PARLAMENTO APROVA ADOÇÃO POR CASAIS DO MESMO SEXO



O Parlamento português aprovou esta sexta-feira o projecto de lei do Bloco de Esquerda que permite a adopção por casais do mesmo sexo. Outros projectos de lei foram também aprovados, nomeadamente a alteração à lei do aborto.

À quinta é de vez. A proposta da adopção por casais do mesmo sexo voltou a ir a votos na Assembleia da República, tendo sido aprovada esta sexta-feira, 20 de Novembro.

A medida, apresentada pelo Bloco de Esquerda, foi aprovada pelo PS, PCP, Os Verdes, pelo PAN e por 19 deputados do PSD, entre eles Paula Teixeira da Cruz, um número claramente superior à última votação, a 22 de Janeiro deste ano, com apenas 6 votos do PSD. Foi também aprovado o apadrinhamento civil de menores por casais do mesmo sexo, casados ou em união de facto.

Momentos antes foi também aprovada a alteração à lei de Interrupção Voluntária da Gravidez (IGV) pelos deputados do PS, Bloco de Esquerda, PCP, PAN e por Paula Teixeira da Cruz. Pedro Pinto, deputado do PSD, que inicialmente votou a favor da alteração de lei, rectificou o seu voto ao projecto de lei socialista. A rectificação do voto de Pedro Pinto foi comunicada à Lusa por fonte oficial do PSD que esclareceu também ter havido disciplina de voto nesta matéria.

Assim, são revogadas as alterações feitas pelo PSD e CDS-PP durante a última legislatura com a introdução de taxas moderadoras na prática da IVG (no valor de 7,5 euros), obrigatoriedade de a mulher comparecer a consultas com um psicólogo e um técnico de serviço social. Acrescia-se também a possibilidade de os médicos objectores de consciência poderem participar nas várias fases do processo de aconselhamento.

As propostas estiveram em discussão esta quinta-feira, enfrentado as críticas de alguns deputados da bancada de direita, com o deputado do PSD Ricardo Batista Leite a criticar "a ligeireza" com que a esquerda encara o processo legislativo, ao pretender a revogação de uma lei com quatro meses.

Apesar de algumas oposições, as duas propostas acabaram por ser aprovadas com larga maioria, graças ao actual número de deputados na esquerda parlamentar portuguesa. 

Liliana Borges – Jornal de Negócios

Portugal. PAN TAMBÉM DEFENDE QUE CAVACO DEVE INDIGITAR ANTÓNIO COSTA



O partido Pessoas-Animais-Natureza considera que a nomeação de António Costa como primeiro-ministro é a solução que garante mais estabilidade política.

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) defende que António Costa deve ser indigitado primeiro-ministro. À saída da audiência com Cavaco Silva, o deputado do PAN, André Silva, afirmou que, tendo em conta os vários cenários em cima da mesa, "o senhor Presidente deverá indigitar o líder do segundo partido mais votado". Para o PAN, nomear António Costa é "a melhor opção a tomar para que exista essa estabilidade".

André Silva lembrou que existem acordos com PCP, Bloco e Verdes que dão "suporte" a um Governo socialista, e graças a esses entendimentos, o PS "conseguirá formar um Governo suportado pelos partidos de esquerda, que serão responsáveis pela estabilidade futura". Isso "não significa que o PAN concorde ou não com o programa de Governo do PS, mas o que importa é que haja estabilidade", acrescentou.

Caso Costa forme Governo, o PAN "fará a mesma análise que fez ao programa do actual Governo e pronunciar-se-á em altura devida, aquando da discussão do programa do Governo". O PAN também votou contra o programa do actual Governo, a 10 de Novembro, somando o seu voto aos 122 dos partidos da esquerda.

Com a audição do PAN, Cavaco Silva já ouviu todos os partidos com assento parlamentar. André Silva foi a trigésima personalidade a ser recebida pelo Presidente desde que o Parlamento derrubou o Governo de Passos Coelho, a 10 de Novembro. As audições começaram a 12 de Novembro, com as confederações patronais, continuaram no dia 13, com os sindicatos e duas associações privadas, prosseguiram com os banqueiros e posteriormente com os economistas e terminaram esta sexta-feira, dia 20, com os partidos.

Bruno Simões – Jornal de Negócios

Portugal. BE diz que há solução estável e que existem condições para aprovar Orçamento



A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) disse hoje que existe "uma solução estável, credível" e com horizonte de uma legislatura e que António Costa deve rapidamente ser indigitado primeiro-ministro, assegurando que existem condições para a aprovação do Orçamento.

"Esta situação não é justificável, deve ser indigitado António Costa o mais rapidamente possível para formar um novo Governo, porque existe hoje uma solução estável, credível, duradoura, para o horizonte da legislatura na Assembleia da República, com uma nova maioria", afirmou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República.

Questionada se está garantida a aprovação do Orçamento do Estado para 2016, a porta-voz do BE assegurou que as "balizas" foram negociadas e que o acordo "tem não só condições para aprovação de um programa de Governo, como tem compromissos económicos e financeiros para a aprovação do Orçamento do Estado".

VAM // ZO - Lusa

PS avança com a revogação das subconcessões a privados dos transportes de Lisboa e Porto



O PS entregou hoje dois projetos de resolução para que o Governo, no prazo de 90 dias, proceda à anulação dos processos de subconcessão a privados dos serviços públicos de transportes de Lisboa e do Porto.

As duas resoluções referentes à Carris, Metropolitano de Lisboa, Metro do Porto e STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto) são subscritas à cabeça pelo líder da bancada socialista, Carlos César, e pela deputada e ex-secretária de Estado dos Transportes Ana Paula Vitorino.

No caso do metro do Porto e da STCP, solicita-se que o Governo "proceda à revogação dos contratos efetuados ao abrigo do processo de subconcessão com as empresas Alsa e Transdev, bem como promova as medidas necessárias ao restabelecimento das condições legais existentes previamente ao processo de subconcessão concluído em setembro de 2015".

Idêntica formulação é aplicada aos casos da Carris e do Metropolitano de Lisboa, propondo-se a "revogação dos contratos efetuados ao abrigo do processo de subconcessão com a empresa Avanza", assim como a adoção das "medidas necessárias ao restabelecimento das condições legais existentes previamente ao processo de subconcessão".

PMF // ZO - Lusa

Portugal. PCP INSISTE QUE GOVERNO PS É “SOLUÇÃO DURADOURA”



O secretário-geral do PCP insistiu hoje que existem condições políticas para o Presidente da República dar posse ao Governo do PS, sublinhando que esse executivo constituirá "uma solução duradoura na perspetiva da legislatura".

"Reafirmámos que estão criadas as condições políticas e institucionais para que o Presidente da República dê posse ao Governo do PS, que tem condições para apresentar o seu programa na Assembleia da República e entrar em funções adotando uma política com uma solução duradoura na perspetiva da legislatura", afirmou o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República.

Contrapondo o Governo de coligação PSD/CDS-PP, que viu o seu programa rejeitado na Assembleia da República porque "não oferecia condições de governabilidade, de estabilidade e de durabilidade", Jerónimo de Sousa insistiu que um executivo liderado pelo PS poderá apresentar o seu programa e entrar em funções "na perspetiva de uma solução duradoura".

VAM // SMA - Lusa

Partido no poder na Guiné-Bissau expulsa ex-primeiro-ministro Baciro Djá



O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) expulsou hoje das suas fileiras Baciro Djá por desrespeito dos estatutos ao ter aceitado tomar posse como primeiro-ministro em agosto.

A expulsão do terceiro vice-presidente do PAIGC foi determinada pelo Conselho Nacional de Jurisdição através de um acórdão afixado na vitrina na sede do partido em Bissau.

Além de Baciro Djá, único a ser expulso, foram suspensos, por um período de quatro anos, os dirigentes Rui Diã de Sousa, Aristides Ocante da Silva e Respício Silva.

Todos são considerados culpados pela justiça do partido de desrespeito pelos estatutos, quando, em agosto, assumiram cargos ministeriais num executivo não reconhecido pelo partido.

Depois de exonerar Domingos Simões Pereira e o seu Governo no dia 12 de agosto, o Presidente guineense, José Mário Vaz, nomeou Baciro Djá como primeiro-ministro.

Vaz justificou a sua escolha com o facto de Djá ser o terceiro vice-presidente do PAIGC e por ter sido responsável pela condução da campanha eleitoral do partido nas últimas eleições legislativas.

O partido, que é liderado por Simões Pereira, contestou a decisão argumentando que a escolha não respeitou os estatutos da força política que mandam que o nome a ser indicado é o do presidente do PAIGC ou, em caso de impedimento, de um dirigente proposto pelo bureau político (órgão de decisão).

Baciro Djá foi nomeado líder de um Governo que durou apenas 48 horas até ser declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Rui Diã de Sousa era chefe da diplomacia, Aristides Ocante ocupava o cargo de ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Respício Silva o de ministro da Comunicação Social.

Baciro Djá e Rui Diã de Sousa foram eleitos deputados, mas as medidas disciplinares impedem ambos de tomarem parte nos trabalhos parlamentares em nome do PAIGC, explicou fonte partidária.

O Parlamento guineense retoma as sessões plenárias na próxima segunda-feira.

MB // EL - Lusa

Embaixador português em Angola diz que "momentos menos bons" foram "ultrapassados"



O embaixador português em Angola disse hoje que "todos os momentos menos bons" nas relações entre os dois países "já foram ultrapassados", no momento em que termina a sua missão em Luanda.

João da Câmara falava à imprensa, no Palácio Presidencial, em Luanda, no final da audiência concedida pelo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, para apresentação de cumprimentos de despedida.

"Estou de saída de Angola, vim despedir-me e agradecer ao senhor Presidente toda a colaboração e a forma como permitiu que a embaixada, e eu próprio, desenvolvêssemos a nossa ação em Angola e contribuíssemos com isso para a melhoria das relações bilaterais", disse aos jornalistas o embaixador.

O diplomata português referiu que durante o seu mandato atravessou períodos de "altos e baixos", mas muito intensos com o registo de muitas visitas bilaterais e missões empresariais.

Questionado se o caso dos 15 jovens ativistas angolanos detidos, acusados do crime de tentativa de rebelião e atentado contra o Presidente da República, se enquadra num dos períodos baixos do seu mandato, João da Câmara respondeu que não.

"Eu não diria difícil. A minha missão aqui teve algumas dificuldades, têm todas as missões que são importantes, mas foi muito diversa. Este caso em concreto que referiu prova que todas as diligências que foram feitas aqui por mim, pela embaixada, sempre em estreito contacto com o executivo angolano, fez parte do diálogo", disse o embaixador.

Ainda sobre os momentos menos bons nas relações entre os dois países, com acusações das autoridades angolanas de ingerência nos assuntos internos do país, o diplomata português frisou tratar-se de "interesse" pelos assuntos de Angola, como quando os de Portugal suscitam igualmente interesse aos angolanos.

O diplomata luso reafirmou que estão ultrapassados os problemas, sendo prova disso o discurso do Presidente angolano por altura do 40.º aniversário de independência de Angola, com uma mensagem "muito positiva para as relações entre os dois países".

"A grande questão é termos mecanismos, termos vontade de suplantar, de ultrapassar essas dificuldades e eu isso testemunhei aqui, que mesmo nos períodos menos bons das nossas relações seguiram-se sempre períodos em que conseguimos ultrapassar, progredir, em que conseguimos normalizar as relações", reforçou.

Antes de se despedir do Presidente angolano, João da Câmara foi igualmente, hoje, apresentar cumprimentos de despedida ao vice-presidente angolano, Manuel Domingos Vicente.

João da Câmara deverá assumir as funções de embaixador de Portugal na Índia.

NME // EL - Lusa

Angola. AFINAL A HISTÓRIA REPETE-SE, ELEIÇÕES E JULGAMENTOS SÃO IGUAIS



Fernando Vumby*

Angola,  onde os julgamentos são iguais ás fraudes eleitorais que são ganhas antes dos votos contados e as sentenças decretadas antes dos julgamentos pelo JES !

Se tal como nas eleições os resultados - que nem os mortos aceitariam - os vivos aceitaram e se preparam já para as próximas, qual é a diferença com este julgamento onde a sentença desde há muito decretada por JES os julgados estão condenados a aceitar ?

Quem guarda em sua memoria os atos eleitorais decorridos em Angola assim como os julgamentos passados dá conta facilmente que há importantes semelhanças entre o passado e o presente ...

Este Julgamento é uma farsa. Até mesmo dentro do MPLA há políticos que - se não corressem o risco em serem eliminados mencionaria seus nomes - partilham da minha ideia.

Este julgamento é reforço da ideia de Rafael Marques: não passa de uma simulação para esconder crimes ainda por responder, cometidos por este regime, como o genocídio da serra Sumi, por exemplo, e outros pouco ou quase nunca mencionados.

E quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir não pode acreditar que existe imparcialidade num sistema judiciário apodrecido e cronicamente corrompido como o angolano.

Aliás, por mais que os juízes sem juízo ao serviço de José Eduardo Dos Santos quisessem ser imparciais, atuando acima das partes, fazendo atuar a lei e compondo os interesses dos acusadores e dos acusados dentro do sistema atualmente vigente em Angola, se o fizerem acabam mortos. Não tenho duvidas.

Onde não alinhas acabas alinhavado. Não há hipótese de se contrariar uma sentença decretada pelo dono do país. Principalmente quando a intenção é humilhar uma nação inteira de uma vez e ao mesmo tempo, como tem acontecido nas eleições e outros julgamentos fantasiados e musculados.

Fórum Livre Opinião & Justiça

Julgamento de ativistas angolanos prolongado por mais uma semana - advogado



O tribunal de Luanda que está julgar os 17 jovens acusados de preparem uma rebelião prolongou hoje aquele julgamento por mais uma semana, depois de em cinco dias apenas ter sido concluída a audição de dois arguidos.

A informação foi prestada à Lusa por um dos quatro advogados de defesa, David Mendes, acrescentando que a audição de professor universitário Domingos da Cruz, autor de um livro que segundo a acusação esteve na origem dos atos preparatórios em causa, iniciada na quinta-feira, ainda não terminou.

"O juiz decidiu que o livro deveria ser lido durante o julgamento. Estivemos nisso na quinta-feira durante a tarde, hoje de manhã e parte da tarde e depois o juiz não fez nenhuma pergunta sobre o livro. A audição do autor continua na segunda-feira", criticou o advogado.

O julgamento tinha sessões diárias marcadas para toda esta semana e, por decisão do juiz, segundo David Mendes, continua na próxima semana, entre 23 e 27 de novembro, na 14.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, em Benfica, sem a presença de jornalistas.

PVJ // VM - Lusa

O PROCESSO (ANGOLANO)



José Eduardo Agualusa – Rede Angola, opinião

Nos últimos dias vários estrangeiros que acompanham o julgamento dos “revús” têm vindo ter comigo para me dizer que, finalmente, compreenderam de onde vem a minha inspiração e a de tantos outros escritores angolanos. A intrusão do absurdo na realidade –  algo bastante distinto do chamado realismo mágico – que acreditavam ser uma característica da literatura angolana, nada mais é, afinal, senão uma característica da própria realidade angolana. Sorrio e confirmo. Sim, eis um romance pronto: uma acusação de golpe de Estado que se baseia na leitura de um livro de resistência pacífica e numa lista, discutida a várias vozes nas redes sociais, de um futuro governo de salvação nacional, cujo presidente seria o líder messiânico sobrevivente de um massacre governamental.

Envergonha-te, Kafka! Este não é um processo kafkiano, este é um processo angolano!

Se o enredo é extraordinário, na sua magnífica implausibilidade, os personagens não ficam atrás. O que dizer da procuradora que se esconde, envergonhada, atrás de uma vasta e despenteada franja? Um tremendo achado. Só a realidade angolana, na sua extravagante e generosa e imprevisível loucura, conseguiria urdir um personagem assim. Abençoada realidade.

Os réus, num gesto dramático, digno do melhor Shakespeare, entraram descalços. Às acusações de que alguns deles teriam sido espancados no interior do próprio tribunal, respondeu o porta-voz dos serviços prisionais, Menezes Kassoma: “O que se deu é que no principio da manhã, o recluso Mbanza Hamza tentou trazer uma parte do colchão da prisão para esta instituição, que é o Tribunal, e, felizmente, ele foi impedido. Em função desta situação, negava-se a descer da viatura para entrar para cela e foi persuadido a entrar.”

Quem escreve os diálogos? Quero conhecer o autor dos diálogos! Acho-o um um génio. Reparem na qualidade e acerto dos eufemismos: Mbanza Hamza, impedido (felizmente!) de trazer um pedaço do colchão para cela onde os presos aguardam pela entrada no tribunal, a partir das quatro da manhã, foi “persuadido” a descer da viatura, e a entrar. Parece que um bastão elétrico ajudou muito na amável tentativa de persuasão, mas isso é apenas um pormenor técnico.

Cada dia nos traz um capítulo novo deste fantástico romance. Independentemente do epílogo, é já certo que a imagem do regime angolano, e, por extensão, do Presidente José Eduardo dos Santos, não sairá muito beneficiada.

O grande inimigo do regime não são os “revús”. Não é Rafael Marques. Não é sequer a UNITA democrática, essa que na última semana deu um belo show, escolhendo o seu futuro presidente, entre três candidatos, e debatendo em público dúvidas internas, futuro e programa – parabéns aos maninhos!

O grande inimigo do regime, meus amigos, é o MPLA. Quando, daqui a três ou quatro décadas, se escrever a história destes tempos conturbados (mas também divertidos) ficará claro que os principais responsáveis pelo derrube de José Eduardo dos Santos terão sido alguns dos seus camaradas mais próximos.

Enquanto o meu querido xará desliza, aflito, em direcção ao inadiável fim, vamos nós rindo – que o circo continua.

Angola. Presos políticos. APENAS TRÊS ATIVISTAS COMPARECERAM NO TRIBUNAL HOJE



Julgamento prossegue com a leitura do livro de Domingos da Cruz.

“Fomos obrigados a pedir dispensa da audiência porque achamos que o juiz da causa usou um método de desgaste que levaria a que as sessões não terminassem nem hoje [ontem] nem nos próximos dias. Não é aceitável que em plena audiência de julgamento o juiz mande ler um livro por completo. A leitura do livro de Domingos da Cruz levaria no mínimo o dia todo e não é aceitável já que não é o livro que está a ser julgado. Quem está a ser julgado é o Domingos da Cruz e aceitar que se leia o livro por completo é um absurdo”, afirmou ontem o advogado ao Rede Angola.

Para David Mendes, deviam ler-se peças processuais, pelo que considera a leitura de quase duzentas páginas em plena audiência “uma manobra dilatória”. “Isto cansa os advogados, cansa os réus e deixa-nos numa situação de imprevisibilidade em relação ao tempo que o julgamento ainda levará. Deveria ser lido apenas aquilo que o juiz achasse conveniente para questionar o réu”. Continue a ler aqui.

Os 17 acusados (15 deles detidos desde há cinco meses) estão indiciados, entre outros crimes menores, da co-autoria material de um crime de actos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o presidente, no âmbito de um curso de formação semanal que decorria desde Maio deste ano.

São eles: Domingos da Cruz, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Luaty Beirão, Inocêncio Brito, Sedrick de Carvalho, Fernando Tomás Nicola, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Osvaldo Caholo, Manuel Baptista Chivonde “Nito Alves” e Albano Evaristo Bingo.

Rede Angola – Foto Ampe Rogério

Angola. Julgamento dos ativistas. JUIZ MANDA LER, NA ÍNTEGRA, LIVRO DE DOMINGOS DA CRUZ



O que se está a verificar no julgamento dos 15+1, jovens presos políticos, parece uma tragicomédia, só possível num regime monárquico, pior que o do rei inglês “João Sem Terra” do século XIII, que teve a hombridade de delimitar o seu poder, por reclamação dos súbditos, dando origem em 15 de Junho de 1215 à Magna Carta.

Em 2015, século XXI, no reino de Angola, só existe um poder: o PESSOAL, PRESIDENCIALISTA, ABSOLUTO de José Eduardo dos Santos, que até o judicial controla, nomeando de forma discricionária, os juízes, vide art.º 119.º da CRA (Constituição da República de Angola), numa prática reiterada de colocar pessoas de conveniência, em altos cargos da magistratura judicial, mesmo não sendo membros deste órgão ou cumprido o ritual de eleição.

O chefe quer? Cumpra-se! Exemplos estão à mão de semear, sendo o mais recente o do ex-embaixador, actual presidente do Tribunal Supremo.

Porquê esta introdução? Porque se não a fizéssemos o leitor nada entenderia, nem encontraria senso de racionalidade, muito menos jurídica.

Pois bem, ao ser interrogado, hoje, (19.11) no período da tarde, o jornalista, professor universitário e escritor Domingos da Cruz, o juiz Januário José Domingos ordenou que se procedesse à leitura, na íntegra da sua obra literária, para que este (arguido) pudesse aferir da sua autenticidade.

Atenção, caros leitores, o juiz não pediu a leitura de trechos. Não! É a totalidade do livro.

Ora, considerando que se trata de mais uma manobra dilatória, tendente a arrastar o processo, por muitos dias, quiçá, meses e anos, a fonte de F8, disse ter o advogado David Mendes, manifestado a sua incredibilidade, solicitando dispensa da sala, até acabar esta sessão, que se assemelha a uma peça de “teatro de fantoches”.

Contado, ninguém, mesmo um leigo, em direito, acredita, poder estar isso a acontecer, porquanto não se está a julgar o livro…

Mas a bússola, infelizmente, indica o “canteiro de obras” ditatoriais de JES, irmão siamês do regime da Coreia do Norte, onde a mera presunção é causa bastante para o assassinato do cidadão.

No caso, se dúvidas houvesse, para o que será este julgamento, aqui está, para a comunidade nacional e internacional, mais uma prova, como o Direito e as leis são assassinadas em Angola.

Folha 8 - ontem

EUA CONTAM COM ANGOLA



A segurança e estabilidade do continente africano, as relações bilaterais entre Angola e EUA e a próxima Cimeira sobre o Clima, que vai decorrer em França, foram alguns dos temas que dominaram o encontro, na quarta-feira, em Washington, entre o ministro das Relações Exteriores, Georges Chicoti, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

O encontro serviu ainda para falar da importância dos Países Menos Avançados (PMA), plataforma que é presidida por Angola. “Os EUA desejam que Angola tenha uma posição construtiva em relação ao assunto”, disse o ministro das Relações Exteriores, à saída do encontro.

John Kerry reafirmou a vontade de ambos os países continuarem a partilhar opiniões sobre vários temas da agenda mundial, como o terrorismo internacional. “A parte americana encorajou os esforços empreendidos por Angola em prol do seu desenvolvimento e também pela maneira como está a ser conduzido o processo de julgamento dos 17 indivíduos acusados de actos preparatórios de rebelião.”

Em relação ao Burundi, os EUA pediram que Angola intervenha no sentido de usar a sua influência no continente, para que este país consiga cooperar com a Comunidade Internacional. Angola tem envidado esforços juntamente com o Burundi e o Ruanda para que a recente decisão do Conselho de Paz e Segurança possa ser devidamente implementada.

Georges Chicoti sublinhou que no âmbito da cooperação bilateral entre Angola e os EUA ambos os países vão continuar a trabalhar em conjunto. Como exemplo citou a recente instalação do escritório do Departamento de Agricultura em Luanda, que vai participar no desenvolvimento do sector cafeícola e as acções tendem a continuar de forma bastante positiva. Na audiência, a que assistiram, entre outros diplomatas, os embaixadores de Angola nos EUA e dos EUA em Angola, Agostinho Tavares e Helen La Lime, respectivamente, e ainda o chefe da Missão Permanente de Angola nas Nações Unidas, Ismael Martins, foi também discutido o papel de Angola na Conferência Internacional para Região dos Grandes Lagos (CIRGL). Os EUA encorajaram Angola a permanecer à frente da mesma pelo “papel positivo que tem vindo a desempenhar”.

No dia anterior ao encontro com Kerry, Georges Chicoti participou na terceira edição da Conferência “Angola Day”, evento que marcou o encerramento das actividades comemorativas dos 40 Anos da Independência Nacional, organizadas pela embaixada de Angola nos EUA em parceria com o Programa para África do Woodrow Wilson Center e a Câmara de Comércio EUA-Angola, em Washington, D.C.

Subordinado ao tema “Angola 40 Anos - Progresso, Desafios e o Futuro”, o evento teve como oradores principais Agostinho Tavares, embaixador de Angola nos EUA, e Helen La Lime, embaixadora dos EUA em Angola. Na sua intervenção o ministro das Relações Exteriores enfatizou a oportunidade de reflexão sobre o percurso histórico, as conquistas e as expectativas da nação angolana.

“Hoje 40 Anos depois, somos uma nação respeitada,  uma referência na  solução de conflitos, na promoção de uma cultura de paz, tolerência e de desenvolvimento, particularmente em África, e muitos têm sido os progressos registados", sublinhou o chefe da diplomacia angolana, que acrescentou: "Animados de uma vontade e visão comuns, os angolanos estão empenhados na consecução de objectivos estratégicos tais como a consolidação da unidade e reconciliação nacional, promoção do crescimento económico e desenvolvimento social, o reforço da democracia, dos direitos humanos e do Estado de Direito, a afirmação de Angola na arena internacional."

Desde Julho de 2010, Angola e os Estados Unidos da América, estabeleceram um memorando de entendimento sobre o Diálogo da Parceria Estratégica, para promover a cooperação política, económica, técnica e cultural, mais consentâneo com a estratégia nacional do nosso país, a evolução das relações bilaterais e o momento que o mundo hoje atravessa.

A Conferência “Angola Day” foi constituída por três painéis, cujos temas estiveram relacionados com o decurso dos 40 Anos de Independência Nacional, economia e perspectivas de negócios e conquistas e desafios no sector privado, seguidos de um debate. Os mesmos serviram para avaliar o progresso de Angola desde a Independência Nacional e para discutir o que se apresenta de momento, e traçar o caminho a seguir em várias áreas, incluindo aspectos políticos, sociais e económicos. 

Participaram no encontro o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Rui Mangueira, o embaixador de Angola na Missão Permanente na ONU, Ismael Martins, diplomatas de ambos os países, representantes da sociedade civil, ONG, e Think Thank americanos, representantes de várias companhias americanas, académicos e membros da comunidade angolana residente.

Jornal de Angola

Oposição exilada da Guiné Equatorial denuncia novas violações do regime de Obiang



A oposição no exílio da Guiné Equatorial acusou hoje o Presidente equato-guineense de "violar" os requisitos da adesão do país à CPLP, denunciando que Teodoro Obiang Nguema mantém a pena de morte e a violação dos Direitos Humanos.

Numa entrevista à agência Lusa, em Lisboa, o líder da Coligação Restauradora do Estado Democrático (Cored, oposição exilada em Paris), Raimundo Ela Nsang, disse que Obiang, ao discursar no III Congresso Extraordinário do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), que decorreu em Malabo de 10 a 12 deste mês, demonstrou que não tem qualquer intenção de revogar a pena de morte no país.

Num vídeo que o secretário-geral da Cored apresentou à Lusa, com imagens que já estão no Youtube, pode ver-se e ouvir-se Obiang a discursar no congresso do PDGE e a defender que quem mata duas ou três pessoas "não pode ficar impune com vida".

No vídeo, pode ouvir-se também Obiang, no poder desde agosto de 1979, a defender que, aos delinquentes mais perigosos do país, se devem "cortar os tendões" dos pés para que possam ser identificados mais facilmente pela população.

"Além de ser uma afronta à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, de que a Guiné Equatorial se tornou o nono membro em julho de 2014), constitui uma violação aos Direitos Humanos", frisou Raimundo Nsang, que está em digressão por vários países da Europa para apelar à comunidade internacional que exerça pressões diplomáticas para obrigar Obiang a abandonar o poder.

Em Portugal, depois de França e Alemanha, e face à incerteza política, o secretário-geral da Cored não conseguiu resultados palpáveis com os partidos políticos portugueses, prometendo voltar assim que a situação ficar ultrapassada, com a formação de um Governo.

No entanto, e questionado pela Lusa sobre o que pode Portugal fazer pela democratização da Guiné Equatorial, Raimundo Nsang apelou a Lisboa para que, em conjunto com os restantes países da União Europeia (UE), concerte esforços para que Obiang deixe o poder antes das eleições gerais de 2016, cuja data está ainda por fixar.

Segundo o secretário-geral da Cored, que se afirmou disposto a candidatar-se às presidenciais se o país abrir verdadeiramente ao pluralismo político, é intenção de Obiang concorrer a novo mandato de sete anos para, depois, a meio, abdicar em nome de um dos filhos.

Raimundo Nsang considerou "revoltante" ver a pobreza que grassa no país, "graças à distribuição de fortunas por homens do regime", e insistiu no fim do "regime ditatorial" do Presidente equato-guineense, para que se possam realizar eleições livres.

Para a Cored participar nesse ato eleitoral, sublinhou o líder da antiga coligação formada em 2013 e transformada em partido em maio deste ano, terá de se alterar a Lei dos Partidos Políticos (os exilados não poderão participar em votações caso estejam há cinco anos nessa situação), terá de haver a supervisão das eleições pela comunidade internacional, um novo recenseamento eleitoral biométrico e a presença de representantes da oposição nas mesas de voto.

"Obiang terá uma oportunidade de sair de forma honrosa se cumprir estas condições, pois nunca ganhará o poder com eleições livres", disse Raimundo Nsang, acusando o Presidente equato-guineense de ter "infiltrado" pessoas da sua confiança nos vários partidos da oposição que, no caso da Cored, já foram identificados e expulsos.

A acompanhar Raimundo Nsang na digressão está o representante do partido na Alemanha, Carlos Aiyngono, e o líder do recém-criado partido são-tomense Ordem Liberal Democrata (OLD), Albertino Francisco, antigo ministro da Juventude e Desportos de São Tomé e Príncipe.

Lusa, em RTP

Ver vídeo na RTP - Presidente da Guiné-Equatorial defende corte de membros a criminosos para combater a delinquência

Leia mais em Página Global em GUINÉ EQUATORIAL
Governo português lamenta "veementemente" declarações do Presidente da Guiné Equatorial

Portugal. O PSD VAI TER UM CANAL PRÓPRIO DE TV – com alerta PG



Novo canal de televisão foi anunciado. O PSD vai ter um Canal próprio de TV além da SIC, da TVI e dos canais governamentais. Agora é a vez dos partidos apostarem na televisão. O PSD dá o pontapé de saída para a nova dimensão televisiva que revolucionará certamente a programação na área da televisão em sinal aberto (grátis?).

Alertamos para o facto de os interessados deverem ter em consideração que o dirigente máximo do PSD é um doente - mentiroso compulsivo - pelo que o anuncio de grátis poderá não corresponder à verdade e o canal vir a exigir ser pago a peso de ouro. Com língua de palmo e meio. Com tal elenco nos programas outra coisa não será de esperar.

Veja o elenco que compõe a grelha de programas:

A não perder, pois para além do tempo de antena alargado é, ilusoriamente, anunciado como GRÁTIS.

A equipa técnica, que está ainda em debate, deverá incluir:

Director Financeiro: Oliveira e Costa

Provedor de Ética: Miguel Relvas

Para além dos normais Telejornais, conduzidos por Manuela Moura Guedes, a programação deverá incluir, no prime-time, uma série de “talk shows”:

Segunda
Ás 10.00h -“CSI Oeiras”, com Isaltino de Morais.
Ás 19.00h - Contas Certas, com Vitor Gaspar e
As 20.00h - Certas Contas com Luis Filipe Meneses

Terça
"Portugal dos Pequeninos”, com Marques Mendes

Quarta
“Moda e Elegância”, com Carlos Abreu Amorim

Quinta
Ás 10h -“Macho Latino”, Pedro Mota Soares
Ás 19.00h - Orgulho GAY- com o convidado especial Paulo Portas

Sexta
“Ética nos Negócios”, com Dias Loureiro, moderador Ricardo Salgado.

Sábado e Domingo

Haverá dois Concursos de Cultura:

- “De onde sopra o Vento?”, com Marcelo Rebelo de Sousa, e
-  “Quem matou a Velha?”, com Duarte Lima.

As manhãs da semana, serão abrilhantadas com um programa de Culinária:

“Os meus Aventais”, com Luís Montenegro.

Para assegurar a total independência do canal, estão ainda pensados diversos debates de membros do ex-Governo, com os principais líderes da oposição:

Manuela Ferreira Leite, José Pacheco Pereira e Rui Rio.

Quinzenalmente, Alberto João Jardim animará um debate de Alcoólicos Anónimos

Redação PG com OC e Anónimos Ilustres

Portugal. CONJECTURAS



Ana Alexandra Gonçalves*

A indefinição do Presidente da República, aliada a uma exasperação e desespero da direita, resulta numa profusão de conjecturas. Todos especulam, todos arriscam exercícios de futurologia, todos caem em profecias inconsequentes, desde o governo de gestão, passando pela indigitação de António Costa e culminando num hipotético Governo de iniciativa presidencial.

Cavaco Silva preferiu a indefinição, escolheu uma retórica nada adequada a um Presidente da República e, pelo menos na Madeira, tentou mostrar a sua boa disposição quer com douradas, quer com bananas, o que é próprio de alguém que perdeu por completo o pouco respeito que tem pelos cidadãos. Tudo para proteger os seus apaniguados – os mesmos que aldrabam compulsivamente - veja-se a questão da sobretaxa. Pura aldrabice.

Já resta pouco a dizer deste Presidente que não acabará o seu mandato com qualquer dignidade, mas antes com o raciocínio tolhido pelas suas preferências, caindo invariavelmente no ridículo de colocar os seus preconceitos à frente da própria democracia, sempre apostado em ouvir uma minoria, deixando uma vasta maioria fora dos seus patéticos planos. Ouviu empresários, banqueiros, consultoras e esqueceu que o povo já falou no dia 4 de Outubro – o resultado está na configuração da Assembleia da República.

Ouviu-se e viu-se de tudo durante as semanas subsequentes às eleições; arrisco dizer que estamos todos saturados de ouvir tantas vozes perdidas num mar de asneiras. Tudo começou com o Presidente. Com efeito, pouco tem restado para além das conjecturas.

*Triunfo da Razão

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PORTUGAL É O PAÍS DA EUROPA ONDE OS SALÁRIOS VALEM CADA VEZ MENOS



Os rendimentos do trabalho em Portugal têm um valor cada vez menor se comparado com os ganhos relativos às rendas, juros e lucros. Este desequilíbrio, um dos maiores entre os países europeus, nunca foi tão evidente na história da nossa democracia.

Portugal é um dos países europeus onde os salários valem cada vez menos se comparados com os ganhos de rendas, juros e lucros. Desta forma, os rendimentos de capital, têm vindo a ganhar uma importância crescente na comparação direta com os rendimentos do trabalho e  são um reflexo do aumento das  desigualdade existentes na economia portuguesa. 

De acordo com dados da Comissão Europeia, no final de 2015 os salários deverão representar apenas 60% do PIB português, um valor menor do que a média europeia e o menor da história da democracia: pelo menos desde a década de 60 do século passado que o desequilíbrio entre rendimentos do trabalho e de capital não era tão acentuado em Portugal. 

Segundo o "Jornal de Negócios", a tendência não se verifica apenas em Portugal já que "na maior parte dos países ocidentais regista-se uma redução da importância dos salários e um crescimento das rendas juros e lucros como fonte principal de rendimento de muitos cidadãos."

Para aquele jornal, esta situação poderá estar relacionada com a “evolução tecnológica” que apoia a expansão do capital e também na ascensão dos mercados financeiros e da banca, setores que proporcionam fortes lucros e permitem viver com rendimentos elevados sem recurso a salários.

Esquerda.net - Foto de Paulete Matos

Portugal. MARCELO NÃO ESTÁ A DAR A MÃO À DIREITA. E DEPOIS?



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

É natural que a direita se sinta incomodada com a maneira como Marcelo Rebelo de Sousa, o seu único candidato presidencial, se vai abrigando dos pingos da chuva bipolarizadora dos últimos tempos. Em nenhuma das (poucas) intervenções que fez sobre o impasse em curso Marcelo Rebelo de Sousa arriscou “dar a mão” à direita. Nem defendendo eleições a curto prazo (antes pelo contrário, disse que o país não suportava a realização de eleições de seis em seis meses), nem terçando armas pela legitimidade da formação de um governo PSD/CDS mesmo sem apoio parlamentar, nem sequer criticando minimamente o acordo alcançado à esquerda para que o PS venha a formar governo.

Mais uma vez, ontem, em Bruxelas, Marcelo deu a mão a António Costa, criticando a possibilidade de Cavaco manter Passos Coelho em gestão. 

Alguma direita começa a ficar nervosa. Num momento-chave em que a bipolarização esquerda-direita está viva como não estava há décadas, o seu candidato presidencial mantém--se rigorosamente ao centro, sem um milímetro de compreensão pela fúria que grassa pelo PSD e CDS.

Mas podia ser de outra maneira? Não. Marcelo Rebelo de Sousa quer ganhar as eleições presidenciais. E para ganhar as presidenciais, não lhe basta o reduto dos 38% de eleitores da coligação PSD/CDS que se identificam neste momento com as dores do governo derrubado no parlamento. Desde o início que a estratégia de Marcelo Rebelo de Sousa foi ser eleito pelo centro. Independentemente da sua filiação partidária, do seu currículo político de ex-líder do PSD, Marcelo congrega simpatias que vão muito para além da direita. Se neste momento Marcelo se colocasse como um esteio do PSD/CDS na corrida a Belém, perdia as eleições. 

É verdade que, como já vários militantes da direita disseram, Marcelo se arrisca a voltar costas ao seu eleitorado natural. Mas será assim? Na hora da verdade, a direita é sempre pragmática. E a irritação deste momento não dura até Janeiro.

Portugal. PASSOS DIZ QUE COMPETE A COSTA FORMAR UM GOVERNO ESTÁVEL



O primeiro-ministro em exercício, Pedro Passos Coelho, disse, esta sexta-feira, que "cabe ao PS constituir uma solução de Governo estável, credível e duradoura, que ainda não tem", uma vez que não é possível marcar eleições antecipadas.

Pedro Passos Coelho falava à saída da audiência com o Presidente da República, Cavaco Silva, que esta sexta-feira vai ouvir os partidos com assento parlamentar, começando pelo mais votado, PSD, e terminando no menos votado, o PAN.

O primeiro-ministro em exercício disse ao Presidente da República que, da perspetiva do PSD, o "desejável seria convocar eleições antecipadas" para esclarecer a crise política criada com a queda do Governo na Assembleia da República.

Como "essa hipóteses está constitucionalmente vedada", Passos Coelho responsabiliza o PS por encontrar uma solução criada com o derrube do Governo, a 10 de novembro. "Cabe ao PS constituir uma solução de Governo estável, credível e duradoura, que ainda não tem", disse o primeiro-ministro em exercício, mostrando dúvidas de que tal seja possível.

"O PSD não vê, nas posições que têm sido assumidas pelo PS e pelos restantes partidos da Esquerda, uma solução dessas caraterísticas", acrescenta Passos Coelho. "O PS não tem garantias de que o Orçamento de Estado possa ser aprovado por estas forças políticas. Não tem garantias de que a participação de Portugal, decisiva na União Europeia, possa continuar de acordo com as regras europeias", disse.

"O PS não pode acreditar que os partidos mais à Esquerda, que se têm mostrado antieuropeus e antiatlânticos sejam o suporto do Governo que o país precisa", disse Passos Coelho.

Jornal de Notícias

Em atualização

Portugal. COSTA ACELERA GOVERNO SOCIALISTA



Um programa e um governo pronto a funcionar em tempo recorde. Será esse o guião de António Costa para a audiência desta manhã com Cavaco Silva, um encontro onde o líder socialista vai relembrar ao Presidente todos os argumentos que tem invocado para defender a sua indigitação, com caráter de urgência.

Apesar de existir ainda um elevado grau de incerteza no Largo do Rato, sobre qual será o sentido da decisão do Presidente, a TSF sabe que o líder socialista já concluiu, do lado dele, o processo de formação do governo.

Os dias do Presidente foram tempo quanto bastasse para António Costa afinar a orgânica e o elenco completo de um eventual governo socialista. Ao que diversas fontes confirmaram à TSF, já está ultrapassada a fase dos convites, e Costa aguarda apenas a hora da indigitação, para apresentar, de imediato, a lista de nomes a Cavaco Silva.

A lista de ministros está definida, os convites feitos e aceites, e mesmo alguns secretários de estado com funções puramente políticas, ou em áreas mais sensíveis e de confiança absoluta do primeiro-ministro, também já deram o "sim". Essa será uma das garantias a apresentar ao Presidente da República esta manhã, sendo certo que sem sinais claros da parte de Belém, o líder socialista não vai abrir o jogo e revelar nomes.

António Costa acabou por acelerar processos e queimar etapas, convidando potenciais ministros sem ter ainda a certeza de que irá ser primeiro-ministro. Tudo com um objetivo claro, de resto já assumido publicamente - ter o Orçamento do Estado aprovado o mais depressa possível.

Paulo Tavares – TSF – Foto: Gerardo Santos/Global Imagens

CAVACO IRÁ ESCOLHER A BANANA MAIOR PARA PRIMEIRO-MINISTRO? FORÇA COSTA!



Como bom presidente que se julga – apesar de não o ser – Cavaco reparou no progresso das bananas da Madeira e referiu-se ao progresso madeirense salientando que as bananas da Madeira estão maiores. Cavaco, atento, tal qual o Américo Thomaz, presidente de Salazar até Abril de 1974. O presidente só de alguns (como o Américo), que não da República do pós Abril de 1974, teve uma enorme argúcia ao reparar naquele progresso das bananas. É hoje que ele recebe os dirigentes dos partidos políticos, as entradas e saídas começaram às 09:30. 

Ainda de manhã receberá o seu “filhote” Pedro Passos, depois o esconjurado António Costa, à tarde será a vez de receber os outros partidos políticos com assento na AR - o Bloco, o PCP, Os Verdes e o PAN.

Até agora desconhecemos se Cavaco os chama para lhes apreciar as bananas e medi-las. Dado que é às futilidades e banalidades é muito provável que até venha dizer a Portugal, aos portugueses, que prefere o Passos para primeiro-ministro por ter a banana maior que o António Costa. 

É pena que Cavaco não tenha conhecido o Trambolhão, dos Olivais, Augusto Telmo de seu nome de batismo. O Trambolhão era avantajado, dizia-se que até conseguia levantar uma bilha de gás da Cidla (20 quilos) com a sua enorme banana. Deram-lhe aquela alcunha por a banana ser um trambolho mas principalmente por o Telmo tropeçar muito na sua banana e andar sempre a cair, a dar trambolhões. 

Por esta ordem de ideias, das bananas, cousa de tanto interesse para Cavaco, o Trambolhão viria a ser primeiro-ministro de Cavaco num ápice. Conclua-se que para Cavaco não contam as eleições, nem a democracia, nem o povo, nem mais nada. Resume-se tudo a uma questão de bananas, maiores ou menores. 

Cavaco, o génio da banalidade – como o classificou Saramago – anda numa de bananas e quer com isso abananar os portugueses. Ainda acaba por se dar mal. Se aquilo é um presidente da República…

A seguir, o Expresso Curto, servido por Martim Silva. Como as bananas descobertas por Cavaco também este Curto é muito grande. Oh Martim!

Vá de ler. Tem coisas que desconhece ou de que já nem se lembra. Bom dia.

Redação PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Martim Silva – Expresso

Cavacountdown

Bom dia,

A agitação política nacional e as consequências dos terríveis atentados terroristas de há precisamente uma semana dominam noticiosamente o dia de hoje.

E esta newsletter.

PARTE I. A BOLA COM CAVACO

Começemos pela política. Cavaco Silva, depois de passar dois dias na Madeira, depois de receber os parceiros sociais em Belém, depois de ouvir os banqueiros e vários economistas (mas sem nunca, estranhamente digo eu, consultar aquele que é precisamente o seu órgão de consulta, o Conselho de Estado) chega hoje ao dia em que volta a ouvir os partidos políticos representados no Parlamento (já o fez logo após as eleições e antes de indigitar Passos como primeiro-ministro).

Não é por isso de excluir que ainda hoje Cavaco Silva diga, anuncie, comunique, divulgue o que decidiu: basicamente, se nomeia ou não António Costa primeiro-ministro. E este vai a Belém com a garantia adicional de que já tem um executivo pronto a entrar em funções. As notícias divulgadas apontam maioritariamente no sentido de queCavaco acabará por dar posse ao governo de esquerda - embora nos últimos dias tenham ganho força outras teses, desde a manutenção de Passos em gestão; até à invenção de um governo de iniciativa presidencial, que, mesmo chumbado no Parlamento, ficaria em gestão até à convocação de eleições lá para o verão. Impedindo Costa de chegar ao poder, que tanto deseja, e aliviando Passos de ficar em gestão até lá, como não deseja nada.

Muito curioso é este artigo do Expresso que mostra como o PS fez um acordo à esquerda mas agora anda a tentar sossegar banqueiros, agências de rating... e até alguns dos maiores empresários e empresas nacionais. Empresas e empresários estão a receber “mensagens” vindas dos socialistas, tentando sossegá-los e garantir que não há qualquer risco de radicalização. Ou seja, o acordo é à esquerda mas a governação será mais ao centro. E agora, pergunto eu: que acham PCP e BE disto?

Quem também andou a distribuir mensagens de acalmia, e a dar garantias em Bruxelas de que Portugal vai cumprir o défice, seja qual for o desfecho político, foi… Marcelo Rebelo de Sousa. A fazer de Presidente antes de Presidente ser eleito.

A verdade é que depois do acordo, as declarações e os episódios mostrando divisão não têm parado. Ainda agora Jerónimo de Sousa disse “não nos podemos comprometer com o que não conhecemos”, a propósito da aprovação do OE para 2016.

Este é portanto um momento importante na vida política nacional.

Além disso, vão-se agitando as águas na luta presidencial. Enquanto se vai perguntando aos candidatos ou proto-candidatos o que fariam se estivessem no cadeirão presidencial, Cavaco já marcou as eleições que vão decidir o seu sucessor para 24 de janeiro. Ou seja, quem quer ser candidato tem até à véspera de Natal para oficializar a intenção.
Assim sendo, faltam hoje precisamente 65 dias para e eleição do novo Presidente ocorrer (não se admire se começarem a surgir por estes dias uns "cavacountdowns" para nos ir avisando de quantos dias faltam até Cavaco voltar para a Travessa do Possolo ou para a Praia da Coelha). Tic-tac-tic-tac...

Entretanto, hoje mesmo, o Expresso e a SIC divulgam, pelas seis da tarde, a primeira sondagem da Eurosondagem sobre Presidenciais.
Não posso divulgar desde já os dados, mas posso garantir-lhe que vai valer a pena espreitar as notícias pelo final da tarde. E se julgava que a eleição de Marcelo eram favas contadas (e confesso que eu estou claramente nesse lote) então o melhor é mesmo ir olhar para os resultados porque vai ter uma surpresa… E mais não digo.

PARTE II. GUERRA MUNDIAL?

Vamos aos últimos desenvolvimentos, e são muitos, da nova guerra ao terror que está a ser montada (e as capas de várias publicações hoje mostram como está a ser criada uma grande coligação internacionalou como pode mesmo vir aí um conflito de escala mundial):

Vindo dos EUA, este texto tenta explicar a estratégia de Hillarypara combater o Estado Islâmico. Ela não é o “falcão” Bush mas também parece mais agressiva que a “pomba” Obama. E porque é importante saber o que pensa Clinton? Porque é bem provável que ela seja a partir do final do próximo ano a presidente dos EUA. E portanto ainda terá muito que falar e decidir nesta matéria.

Apesar do “no boots ont the ground” de Obama, os americanos, de acordo com uma sondagem, parecem mais dispostos a enviar soldados para combater o EI do que a… acolher refugiadosque fogem do conflito.

Ficamos ainda a saber que quatro dos terroristas de Parisestavam já nas listas negras dos EUA.

The Economist explica como as dificuldades do EI na Síria e Iraque podem estar relacionadas com o aumento de ataques terroristas noutros locais do mundo.

Os autores dos atentados de Paris poderão ter estado sob o efeito de drogas quando fizeram aqueles atos bárbaros.

O que significa ao certo o estado de emergência que foi prolongado mais três meses em França?

Ao mesmo tempo, as notícias surgem um pouco de todo o lado e afectam vários países. Num vídeo, o Estado Islâmico ameaça atacar a Casa Branca, nos EUA. No Koweit foi desmantelada uma célulade apoio ao Daesh e houve vários detidos. Em Londres, uma estação de metro foi evacuada.

Agora que foi morto o mentor dos atentados de Paris, no ataque policial de Saint-Denis, surge uma nova questão? Como foi possível que ninguém o tivesse detectado, ele que estava referenciado há dois anos como um elemento jihadista perigoso e que tinha um mandado internacional de captura? E quem era ao certo Abdelhamid AbaaoudAqui fica a saber-se, por exemplo, que Abaaoud estava a planear estes ataques há 11 meses e que o seu nome aparece envolvido vários outros ataques terroristas que foram evitados em França nos últimos meses. E aqui noticia-se como o mentor dos ataques foi visto na própria sexta-feira à noite em Paris. Para memória futura, aqui fica o mapa dos ataques de Paris, entre os atentados de há uma semana e o ataque de Saint Denis que levou à morte de Abdelhamid.

Já foi há uma semana, mas eu ainda não tinha visto uma explicação tão detalhada, em infografia, sobre o massacre dentro do Bataclan.

Hoje ainda, há reunião dos ministros da Administração Interna da UE, em Bruxelas, para procurar soluções conjuntas para o problema, como o reforço do controlo das fronteiras. Mas já se sabe que os franceses estão muito críticos face à atuação dos seus parceiros e exigem firmeza.

Quanto à Síria, o Público olha para o problema no terreno e afirma que enquanto a solução militar para combater o EI vai avançando, já no campo político as coisas marcam passo.

Em relação a Portugal, duas referências. Uma para a notícia de queSadjó é o quinto jiadista português abatido. Pertencia ao grupo de Massamá e foi morto num ataque das tropas sírias. A notícia foi avançada pelo DN. A outra para o facto de as autoridades estarem a reforçar a segurança em vários locais e monumentos públicos. Também o Sporting-Benfica deste fim de semana vai ter mais polícia que o normal.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

Este sábado faz precisamente um ano que o Portugal político viveu um dos maiores abalos da história da sua democracia. Pela primeira vez, um antigo primeiro-ministro foi detido. Preso por suspeitas de crimes como branqueamento, fraude fiscal e corrupção. Falo obviamente de José Sócrates.

Sobre este assunto vale muito a pena ver os dois vídeos já disponibilizados pelo Expresso que contam toda a história do caso (hoje ao final da tarde será conhecido o terceiro). Além disso, a SIC fez uma longa reportagem sobre o caso, que pode ver aqui.

O DN de hoje faz manchete com o tema, dizendo que o “Fisco exige 19 milhões a Sócrates”. Trata-se de um relatório da Autoridade Tributária em que se chega à conclusão de que o antigo primeiro-ministro deve aquele valor ao fisco.

E no domingo, finalmente, há o aguardado almoço de apoio/desagravo ao antigo líder do PS. Este vai ser seguramente um dos pontos altos noticiosos do próximo fim de semana.

Jorge Silva Carvalho, o antigo homem forte dos espiões nacionais, está a ser julgado e ontem em tribunal não só atacou forte em Júlio Pereira, o número um dos serviços de informações, como revelou que as secretas têm colaboradores em todas as operadoras telefónicas. Algo totalmente ilegal, escusado será dizer.

Para a semana assinalam-se os 40 anos do 25 de Novembro de 1975. Uma data sem dúvida importante e significativa na nossa história recente. Mas tão acirrados estão os ânimos no Parlamento que até saber o que fazer nesse dia é motivo de divisão entre socialistas e PSD e CDS.

Saliente-se a reação firme do MNE português (de surpreender, dado que falo de Machete) contra as lamentáveis declarações do ditador Obiang da Guiné-Equatorial, que defendeu (de forma não surpreendente) a pena de morte. Para os menos recordados, há poucos anos aceitámos este senhor na CPLP.

A prova de avaliação de professores criada por Nuno Crato vai ser eliminada ainda este mês.

Os italianos da ENI vão sair definitivamente do capital da GALP.

O ano passado houve menos greves em Portugal. Mas a sua eficácia aumentou.

Lá fora,

Charlie Sheen, o ator de Hollywood, revelou que tem SIDA. A notícia tem corrido mundo. E agora aparecem relatos de ex-parceiras sexuais do ator que dizem que ele não as avisou de que era portador do HIV.

Johan Cruijff está a lutar contra um cancro do pulmão.

Os neo-zelandeses estão fartos da sua bandeira, por a considerarem demasiado parecida com a da Austrália e estão a votar em referendo para escolher uma nova.

Coreia do Sul aceitou a oferta do seu irmão desavindo a norte e vai iniciar o diálogo com o país liderado por Kim Jong Un.

Quem nunca utilizou o Windows na sua vida que atire a primeira pedra… Todos já lá andámos. Aqui pode saber que o sistema operativo faz 30 anos. E pode viajar pelas várias variantes e evoluções ao longo dos tempos. Imperdível para os saudosistas.

Agora que está a chegar mais um episódio da Guerra das Estrelas, vale a pena ver esta entrevista a George Lucas, em que ele explica porque se fartou de realizar estes filmes e confessa que o personagem que gostaria de ser é… Jar Jar Binks

Há um novo anúncio das bonecas Barbie. A novidade neste caso é que pela primeira vez aparece um menino, e não uma menina, num anúncio do género.

Porque é que os homens não apreciam mulheres com sentido de humor? Não sei se será mesmo assim, mas esta é pelo menos a pergunta de partida deste curioso artigo da Atlantic.

Nem no desporto as ondas de choque do terrorismo deixam de se fazer sentir. Este é fim de semana de Real Madrid-Barcelona. Mas do que se fala é das medidas de segurança à volta do jogo. Em Itália joga-se um Juventus-Milão mas a conversa é a mesma.

Em Londres está a decorrer o ATP World Tour Finals e Federer e Djokovic são os favoritos nas meias-finais, sendo que hoje seráconhecido o último semi-finalista.

NÚMEROS

430


mil euros de comissões é quanto terá recebido o filho de Pinto da Costa, Alexandre Pinto da Costa, através de uma empresa sua, na transferências de jogadores do Dragão. Os documentos a denunciar a situação foram divulgados pelo Futebol Leaks.

20
milhões de dólares é o donativo de Mark Zuckerberg para permitir que a internet chegue a todas as escolas norte-americanas. E o Facebook, claro está…

FRASES

“Não consigo perceber porque é que o PSD não apoia formalmente Marcelo Rebelo de Sousa. De que é que está à espera?”, Manuela Ferreira Leite, antiga líder do PSD, na TVI24, criticando a atuação do seu partido em matéria de presidenciais. Curioso é que o jornal i, na sua capa de hoje, refere precisamente que Passos já disse aos líderes das distritais para apoiarem Marcelo

“Do que a coligação precisa é de um programa e de um método de oposição, de um governo-sombra, de uma maquinaria eficaz (dentro da AR e fora dela) e principalmente de uma política de informação pública (quem fala sobre o quê e onde). O espectáculo que a direita está a dar é o caminho mais curto para uma nova derrota”, Vasco Pulido Valente, no Público

“Governo não vai precisar dos votos do PSD”, Ana Catarina Mendes, a nova mulher-forte do aparelho do PS, ao Sol

“Não nos podemos comprometer com o que não conhecemos”,Jerónimo de Sousa, líder do PCP, na Antena 1 sobre a aprovação do próximo OE

“Mostra-me os teus amigos, dir-te-ei quem és”, Robert Sherman, embaixador dos EUA em Portugal, em entrevista à Rádio Renascença em que se mostra preocupado com as alianças políticas do PS à esquerda

“Rangel recebe pela porta do cavalo”, título do Correio da Manhã na primeira página, referindo-se ao juiz Rui Rangel e a escutas do processo dos vistos gold

“Esperamos conseguir derrotar o Daesh mais rapidamente do que derrotámos a Al-Qaeda”, John Kerry, secretário de Estado dos EUA

“Sabemos que existe também um risco do recurso a armas químicas e bacteorológicas”, Manuel Valls, primeiro-ministro francês

O QUE EU ANDO A LER

Esta semana comecei “Magnífica e Miserável- Angola desde a Guerra Civil”, de Ricardo Soares Oliveira. O livro, da Tinta da China, é um relato do regime angolano e da forma implacável como José Eduardo dos Santos foi construindo e sedimentando o seu poder no país ao longo destes 36 anos. E como o consegue manter através de uma "informalização" no funcionamento da máquina estatal, em que se divide para reinar e em que o poder, sobretudo o poder económico, está todo concentrado nas mãos de um homem.

Algumas ideias fortes que já li naquelas páginas:

“A Sonangol é a principal ferramenta política do jugo que José Eduardo dos Santos impõe a Angola”

“O cepticismo relativamente à retórica desenvolvimentistas do MPLA está a aumentar e o sonho colectivo da modernização está a deparar-se com um cinismo crescente por parte da maioria dos angolanos”

A seguir, e aproveitando a maré negra do terrorismo que vivemos, vou pegar em “Jihadismo Global das palavras aos actos”, de Filipe Pathé Duarte.

Lançamento muito aguardado é o primeiro mergulho da “pluma caprichosa”, Clara Ferreira Alves, uma histórica das páginas do Expresso, no romance. A envolvente da obra, de nome "Pai Nosso", é precisamente o médio oriente e o terrorismo e a guerra que já está aqui (é impossível deixar de fazer o paralelismo com o lançamento de “Submissão”, de Houellebecq, que em janeiro decorreu precisamente em cima dos atentados ao Charlie Hebdo).

Já amanhã, na Revista E do Expresso, pode ler a entrevista de Ricardo Costa e Cristina Margato a Clara Ferreira Alves.

Por hoje é tudo. Bem sei que o Curto foi algo longo, mas o peso dos temas justifica-o. Se aqui chegou, espero que concorde. Tenha uma grande sexta-feira.

*Imagem no Aventar

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