terça-feira, 29 de dezembro de 2015

TERROR: O OCIDENTE PREPARA A PIOR RESPOSTA



Evitar novos atentados exigiria enfrentar o ISIS, em coordenação com Rússia. Mas governantes parecem preferir duas políticas ineficazes: militarização e vigilância

Patrick Cockburn – Outras Palavras - Tradução: Inês Castilho

O “Estado Islâmico” (ISIS) ficará satisfeito com o resultado do seu ataque em Paris. Mostrou que pode retaliar com a usual selvageria um país que está bombardeando seu território, e é um poder a ser temido num momento em que está sob séria pressão militar. Bastou a ação de oito homens-bombas e atiradores suicidas do grupo para que este dominasse a agenda da mídia internacional por muito tempo.

Não há muito que possa ser feito a respeito. As pessoas estão compreensivelmente ansiosas para saber se serão metralhadas na próxima vez que se sentarem num restaurante ou assistirem a um concerto em Paris ou Londres. Mas o tom apocalíptico da cobertura de imprensa é exagerado: a violência vivida até agora em Paris não é comparável à de Belfast e Beirute nos anos 1970 ou à de Damasco e Bagdá, hoje. Ao contrário do que a cobertura hiperbólica da TV tenta mostrar, o choque de viver numa cidade bombardeada passa logo. As previsões de Paris amedrontada para sempre, na expectativa de outro ataque, jogam água no moinho do ISIS.

Outra desvantagem decorre da retórica exagerada sobre o massacre: ao invés de as atrocidades servirem como incentivo para ação efetiva, palavras iradas substituem políticas reais. Depois dos assassinatos noCharlie Hebdo, em janeiro, 40 líderes mundial marcharam de braços dados pelas ruas de Paris proclamando, entre outras coisas, que dariam prioridade à derrota do ISIS e seus equivalentes da al-Qaeda.

Mas, na prática, não fizeram nada parecido. Quando as forças do ISIS atacaram Palmira no leste da Síria, em maio, os EUA não lançaram ataques aéreos contra elas porque a cidade era defendida pelo exército sírio e Washington tinha medo de ser acusado de manter o presidente Bashar al-Assad no poder.

Na verdade, os EUA entregaram ao ISIS um trunfo militar, que o grupo usou prontamente para tomar Palmira, decapitar soldados sírios capturados e explodir antigas ruínas.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse na reunião do G20, na Turquia, que “o tempo para conversas acabou” e é preciso haver ação coletiva contra o “terrorismo”. Soa como uma afirmação impressionante da Turquia contra o ISIS, mas Erdogan explicou que sua definição de “terrorista” é ampla e inclui os curdos sírios e sua guerrilha YPG (Unidades de Proteção Popular), considerada pelos EUA a melhor aliada militar contra o ISIS.

O entusiasmo de Erdogan para atacar insurgentes curdos na Turquia e no norte do Iraque mostrou-se muito mais forte que seu desejo de atacar o ISIS, o Jabhat al-Nusra e o Ahrar al-Sham.

Há poucos sinais de que os líderes do G20, reunidos na Turquia, tenham entendido a natureza do conflito no qual estão envolvidos. A estratégia militar do ISIS é uma combinação única de terrorismo urbano, tática de guerrilha e guerra convencional. No passado, vários Estados usaram terrorismo contra seus opositores, mas, no caso do ISIS, sua estratégia de guerra é toda baseada em esquadrões suicidas com foco em alvos civis leves, em seu país e no exterior.

Quando o YPG tomou a passagem fronteiriça do ISIS, que cruzava para a Turquia em Tal Abyad, em junho, o grupo retaliou enviando soldados disfarçados à cidade curda de Kobani, onde massacraram mais de 220 homens, mulheres e crianças.

Quando a Rússia começou sua campanha aérea contra o ISIS e outros jihadistas extremistas, em 30 de setembro, o grupo respondeu plantando uma bomba num avião russo que deixava Sharm el-Sheikh, e matou 224 passageiros.

Outro erro cometido pelos líderes do G20 é subestimar insistentemente o ISIS. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que o grupo não deveria ser chamado pelo nome “Estado Islâmico”, mas infelizmente ele é de fato um Estado, e mais poderoso que metade dos membros das Nações Unidas – com um exército experiente, serviço militar obrigatório, tributação e controle de todos os aspectos da vida das pessoas na vasta área que domina.

Enquanto existir, irá projetar seu poder por meio de operações suicidas como as que acabamos de ver em Paris. Como o alvo potencial é a população civil como um todo, nenhuma ampliação das medidas de controle e das medidas de segurança será efetiva. O homem-bomba sempre passará.

A única solução real é a destruição do ISIS: isso poder ser feito apenas por meio de uma ação dos EUA e da Rússia, em parceria com aqueles que estão de fato lutando contra o grupo em terra.

A Força Aérea norte-americana agiu muito efetivamente com o YPG, habilitando-o a derrotar o ISIS em Kobani, e com a Peshmerga curdo-iraquiana, que capturou a cidade de Sinjar na semana passada. Mas os EUA resistem a atacar o ISIS quando este luta contra o exército sírio ou as milícias xiitas no Iraque. Como estas são as duas formações militares mais fortes envolvidas no combate ao ISIS, a força militar dos EUA está sendo retirada de onde seria mais efetiva.

Diante da simpatia internacional pelos franceses após o massacre em Paris, é inevitável que não haja quase nenhuma crítica à política “durona” da França em relação ao conflito sírio.

Há alguns meses, numa entrevista a Aron Lund, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional (Carnegie Endowment for International Peace), um dos maiores especialistas franceses na Síria, Fabrice Balanche, atualmente no Instituto Washington para Política no Oriente Médio, contou que “em 2011-2012 sofremos uma espécie de macartismo intelectual na questão síria: se você dissesse que Assad não cairia em três meses, poderia tornar-se suspeito de estar sendo pago pelo regime sírio”.

Ele observou que o ministro das Relações Exteriores da França assumiu a causa da oposição síria, enquanto a mídia insistia em ver a revolta síria como a continuidade das revoluções na Tunísia e no Egito. Estavam cegos para as divisões políticas, sociais e entre seitas que marcam o país.

Como a burocracia estatal, a maior parte do exército e os serviços de segurança estão firmes com os alauítas, é quase impossível livrar-se de Assad e seu regime – cujos líderes vêm desta comunidade – sem que o Estado entre em colapso, deixando um vácuo que será preenchido pelo ISIS e seus pares da Al-Qaeda.

A despeito dos últimos ataques terroristas, ainda não há política de longo prazo para evitar que venham a acontecer novamente.

Presidente de Timor-Leste vetou proposta de Orçamento Geral do Estado para 2016



O Presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, vetou hoje a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2016, por discordar de "investimentos em projetos de infraestruturas sem retorno efetivo".

Num comunicado emitido hoje pelo Palácio Presidencial é referido que o Presidente da República, Taur Matan Ruak vetou a proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano de 2016, tendo-a devolvido ao Parlamento Nacional.

Na origem do veto está, segundo o comunicado, a discordância das prioridades inscritas na proposta de OGE para 2016, então em discussão no Parlamento Nacional".

"Na ocasião, manifestou a divergência das propostas do OGE para 2016 que aumentam o investimento em projetos de infraestruturas sem retorno efetivo, como a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) ou o projeto Tasi Mane, ao mesmo tempo que se diminui a despesa pública em setores como a Saúde, a Educação e a Agricultura", lê-se no texto.

Durante a discussão no Parlamento Nacional, o Presidente timorense tinha "alertado para a necessidade de promover o investimento no abastecimento de água potável e no saneamento básico para melhoria das condições básicas de vida".

DD // JPS - Lusa

Moçambique. POLÍCIA IMPEDE MARCHA DA RENAMO EM MAPUTO



A Polícia da República de Moçambique cercou esta terça-feira a delegação da RENAMO, em Maputo, para impedir a realização de uma marcha alegadamente ilegal. O partido da oposição diz que a polícia agiu a mando da FRELIMO.

A manhã desta terça-feira (29.12) foi bastante agitada na delegação da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na cidade de Maputo. Por volta das nove horas, agentes da Unidade de Intervenção Rápida fortemente armados bloquearam todas as vias de acesso ao local onde se encontravam cerca de 20 membros do maior partido da oposição, que entoavam canções de exaltação ao seu líder, Afonso Dhlakama.

Alice Massingue presenciou o cenário. "Acordámos com o barulho de cães da Unidade de Intervenção Rápida. Algum tempo depois, apareceram os nossos vizinhos da RENAMO. E depois vieram quatro blindados e polícias que cercaram toda a rua. Houve disparos", conta.

O porta-voz do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Maputo, Orlando Mudumane, justifica a medida com o facto de a RENAMO ter insistido em marchar, ainda que o pedido de autorização tenha sido indeferido pelo Conselho Municipal, por alegado incumprimento dos prazos de submissão do documento e falta de clareza quanto ao percurso.

"A polícia tomou algumas medidas para garantir a ordem e a segurança públicas no local onde alguns elementos da RENAMO se queriam manifestar, sem terem sido autorizados pelos Conselho Municipal", explica. Segundo o porta-voz da PRM, a carta enviada pela RENAMO tinha alguns erros e o Conselho Municipal recomendou ao partido que voltasse a remetê-la para ter autorização para realizar a marcha.

Durante o cerco, que durou cerca de três horas, a PRM deteve seis membros da RENAMO supostamente por desacato às autoridades. Orlando Mudumane garante que serão libertados após identificação. "Seis indivíduos foram retidos, não foram detidos, para identificação policial, porque na altura em que falavam com a polícia demonstraram algumas atitudes de desonra às autoridades".

"Acção a mando da FRELIMO"

A RENAMO nega que tenha tentado marchar sem autorização e acusa a polícia de agir a mando da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), para intimidar o exercício democrático no país.

A deputada do maior partido da oposição em Moçambique, Ivone Soares, explica que a intenção era encerrar o ano político com um encontro com vendedores informais do mercado Estrela, próximo da sede da RENAMO.

"[Sentindo-se] ameaçada com esta atividade, a FRELIMO montou um esquema de impedimento desta atividade, que consistiu no bloqueio das principais vias de acesso à delegação política provincial, colocaram blindados e a polícia canina no local da reunião e lançaram gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas que tinham resistido a estas sevícias e tinham decidiu permanecer no terreno".

Ivone Soares classifica de infundados os argumentos apresentados pela polícia e refere que o seu partido não foi notificado para resolver os problemas que levaram ao indeferimento do pedido.

"Se acham que houve algum elemento em falta para se poder viabilizar a realização da atividade na sua plenitude, no mínimo contactavam o delegado político provincial na cidade de Maputo" para informá-lo de que faltavam elementos para a atividade ser autorizada, defende a deputada. "O próprio município, se tinha alguma dúvida, por que é que não chamou as pessoas que submeteram o pedido para dissipar todas as dúvidas?", pergunta ainda.

A RENAMO refere ainda que os seis membros foram detidos apenas por envergarem camisetes estampadas com a fotografia de Afonso Dhlakama.

Ernesto Saúl (Maputo) – Deutsche Welle

Joaquim Chissano: “Moçambicanos são unos e capazes de sustentar a unidade nacional”



O ex-presidente da Repú­blica, Joaquim Chissano, diz que a quadra festiva deve ser um momento de refle­xão sobre a unidade nacional e os valores da paz no país.

O antigo estadista considera que o facto de os moçambicanos unirem-se e celebrarem a quadra festiva juntos, mesmo com a dife­rença de religiões e crenças, é um sinal inequívoco de tolerância.

Chissano, que falava há dias à margem da doação de diversos produtos a uma instituição de caridade por parte da sua funda­ção, apelou ainda a sociedade a preservar a paz.

“Estamos muito satisfeitos por notarmos que nós, moçambica­nos, felicitamo-nos mesmo sendo de religiões diferentes quando há um dia como o Natal e o Eid en­tre outros que, para cada religião, são sagrados. Isto faz com que as famílias moçambicanas sejam unas e capazes de sustentar a uni­dade nacional e trabalhar para a paz e para o desenvolvimento em prol de todos”, disse Chissano.

Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»  

NÃO BRINQUEM COM A RAINHA!



A operadora Unitel, da empresária angolana Isabel dos Santos (filha de José Eduardo dos Santos, presidente da República nunca nominalmente eleito e há 36 anos no poder), está contra o projecto de cisão das unidades africanas do BPI proposto pela administração do banco.

Esta informação consta do comunicado hoje enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal pelo BPI, no qual dá conta do registo em conservatória do projecto de cisão das operações que o banco tem em África.

Segundo esse projecto, ficaria numa unidade separada a participação de 50,1% no BFA – Banco de Fomento Angola e, em Moçambique, de 30% no Banco Comercial e de Investimentos e de 100% no BPI Moçambique – de modo a ultrapassar as regras do Banco Central Europeu (BCE) que limitam os grandes riscos e que aumentam as necessidades de capital no caso da exposição a países como Angola, que Frankfurt considera que não tem uma supervisão equivalente à sua.

Em Setembro, o projecto de cisão foi anunciado, mas para ir em frente tem de ser aprovado pelo espanhol Caixabank (maior accionista do BPI, com 44,1% do capital) e pela angolana Santoro, da empresária Isabel dos Santos (segunda maior accionista, com 18,6%).
Isabel dos Santos tem ainda mais poder de veto, uma vez que também é accionista do BFA – Banco Fomento Angola, através da operadora angolana Unitel, onde detém uma participação de 25%.

No comunicado hoje enviado ao mercado, é referida precisamente a Unitel, referindo o banco que em cartas de 14 e 26 de Outubro a empresa de telecomunicações indicou a sua posição de “não dar o seu consentimento à transmissão por cisão da participação do Banco BPI no BFA”, considerando que existem “diversas alternativas que poderiam optimizar os interesses de ambas as partes e que estava disponível para as analisar e discutir”.

O BPI diz que depois disto a Comissão Executiva do banco, liderada por Fernando Ulrich, “promoveu um conjunto de actuações que envolveram conversações com a Unitel e com os dois maiores accionistas do Banco BPI (CaixaBank e Santoro Finance) com vista a definir ajustamentos aos termos da cisão que permitissem obter uma alteração desta posição da Unitel”.

O banco que diz que “estas conversações decorreram de forma construtiva mas até ao momento não permitiram alcançar os ajustamentos aos termos da cisão que permitissem conciliar aquele objectivo com os aspectos de ordem regulatória [do BCE] que se torna necessário acautelar”.

Ainda de acordo com o banco, houve uma reunião do Conselho de Administração para prosseguir com o projecto de cisão, o que passa pelo registo e a convocação de assembleia-geral – sendo que nessa reunião tal foi aprovado “apenas com o voto contra do administrador Mário Silva”, representante da angolana Santoro.

A operação do BPI em Angola é a sua ‘jóia da coroa’, tendo até Setembro representado 70% do lucro que o banco português conseguiu, isto é, 105 dos 151 milhões de euros totais.

De acordo com a informação de analistas do sector bancário, umas das alternativas que estão a ser estudadas para contornar as regras do BCE poderá passar pela redução da participação actual do BPI na unidade angolana pela venda de uma parte adicional do BFA à Unitel, ficando assim o banco sem posição maioritária.

Folha 8

Angola. TRABALHADORES DA RÁDIO ECLÉSIA SEM RECEBER ORDENADO. APOIE




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TEMPO DE RENOVAÇÃO



Cada final de ano assoma a um indispensável balanço. Os objectivos foram cumpridos? Que metas ficaram pelo caminho? 2015, assim como todos os seus predecessores, dirige os votos finais a um momento colectivo de reflexão, no qual as pessoas vão sopesar tudo que fizeram e deixaram de fazer.

Gabriel Bocorny Guidotti* - Folha 8, opinião

Mas sabe o que seria sensacional? Criar novas prioridades.

Nessa época, muitas das promessas estão atreladas ao consumo ou a conquistas profissionais. Indivíduos projectam os fundos do carro novo ou da casa própria. Talvez trocar de emprego, fazer a viagem dos sonhos. Tudo natural, afinal, avançar faz parte da vida.

Há, contudo, uma despreocupação crescente em andamento. Nunca, eu disse nunca, ouvi pais, filhos, irmãos, esposos e esposas desejando ser melhores para o ano seguinte. Frustra-me observar que os problemas familiares de muitas pessoas permanecerão em seu encalço nos próximos 12 meses, produzindo novos conflitos todos os dias.

Desbravando fronteiras da lei, a promessa que sinto falta é aquela pela qual todos os motoristas se comprometeriam a respeitar as normas de trânsito, acabando com a interrupção prematura de vidas.

Insistentes infractores pesariam na consciência o potencial perigo que oferecem às famílias de bem. Nesse mundo onírico, o valor comum brilharia como uma estrela no céu e respeitar o próximo seria a directriz máxima entre os homens.

Vislumbrar um futuro diferente melhor constitui parte primordial do ser humano e não se pode tirar isso dele. Neste final de ano, revisite suas prioridades e valorize as mais edificantes, pois o período convida para o encerramento e abertura de novos ciclos.

2016 está chegando com a certeza de que a mudança é possível. Está na hora de modificar comportamentos. Comece já!

*Jornalista e escritor, Porto Alegre – Brasil

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GUINÉ-BISSAU É UM "CALDEIRÃO DE CONFUSÃO GERADO PELA LUTA PELO PODER"



Não podemos nem devemos seguir o dito de que "o que não tem remédio remediado está" relativamente aos povos e aos países. Algo deve ser feito para o bem-estar dos países e dos povos. Também na Guiné-Bissau o dito não deverá ser seguido e "deixar andar". Fonte em Bissau refere a grande confusão que vai na política do país acerca da aprovação ou não do programa do governo. Para uns o programa foi aprovado, para outros não foi aprovado. Nada é visto e analisado com imparcialidade mas sempre com vista à luta pelo poder. Daí a expressão que dá o título: a Guiné-Bissau é um "caldeirão de confusão gerado pela luta pelo poder. Querem governar-se, não querem governar o país".

Redação PG

JURISTAS DIVIDIDOS NA INTERPRETAÇÃO DE APROVAÇÃO OU NÃO DO PROGRAMA DO GOVERNO

O processo de votação da moção de confiança solicitada pelo primeiro ministro Carlos Correia que decorreu no passado dia 23 do mês em curso, continua a suscitar o debate no país, sobretudo no meio dos juristas. A interpretação dos resultados de votação no Parlamento, está a dividir a comunidade jurídica guineense quanto à aprovação ou não do documento.

Sobre o assunto, o semanário “O Democrata” ouviu o especialista em matéria do direito constitucional, José Paulo Semedo e o professor do Direito, jurista Carlitos Djedju. As interpretações dos dois juristas são totalmente divergentes.

CONSTITUCIONALISTA JOSÉ PAULO SEMEDO CONSIDERA QUE PROGRAMA DE GOVERNO FOI REPROVADO

O Constitucionalista guineense, José Paulo Semedo, afirmou que o programa de governo de Carlos Correia foi reprovado pelo Parlamento por não ter obtido o número de votos suficientes dos parlamentares. O jurista aconselha desse modo o chefe de executivo a melhorar o programa e apresentá-lo novamente aos deputados dentro do prazo limite na lei, ou seja em quinze dias.

Numa entrevista exclusiva a’O Democrata, o constitucionalista esclarece que os parlamentares votaram o programa de governo e não a moção de confiança, tendo frisado que o voto a favor do programa não conseguiu atingir os 51 por cento, e desde logo reprovado de acordo com a Constituição da República da Guiné-Bissau.

Para este advogado de profissão, a primeira coisa que se pode questionar é sobre o objecto de elemento submetido à aprovação, se é uma moção de confiança ou se se trata do programa do Governo. No seu entender, o elemento submetido à aprovação é o programa de governo. Sustentou neste particular que para a provação do programa de governo, a Constituição recomenda a necessidade de existência de votos em números suficientes para ultrapassar os votos em sentido diverso para contrariar.

“O sentido diverso significa votos contra e votos de abstenção, então significa os votos no excesso do voto de aprovação. É verdade que a Constituição através do artigo 104 da alínea b) não fala de percentagem necessária para a sua aprovação. Estamos perante uma lacuna na alínea b). Se consideramos essa lacuna, não precisamos de grande exercício para o seu preenchimento, basta avançarmos para a alínea d) do mesmo artigo que estipula que a aprovação de uma moção de censura ou a não aprovação de uma moção de confiança por maioria absoluta dos deputados em efectividade de função, acarreta a demissão do Governo”, explica.

Semedo sustenta que a não aprovação do programa de governo significa que os votos a favor não atingiram 50 por cento mais um, de acordo com a lei do país.

O constitucionalista lembrou que os deputados que suportam o governo devem expressar os seus votos no índice do 50 por cento mais um para a aprovação da moção de confiança de governo. “São os deputados que suportam o governo é que devem alcançar a percentagem exigida pela lei”, sublinhou.

“Se não atingirem a percentagem exigida a favor da moção de confiança, no entanto se os outros deputados votarem em abstenção o governo cai, porque os que suportam o executivo não conseguiram atingir o 50 por cento mais um. Para a aprovação do programa de governo é o mesmo exercício. O princípio que se aplica que nós encontramos na alínea d) é o mesmo que vamos transpor para alínea b). O governo quando apresentar o programa para sair com o sucesso do parlamento tem que conseguir os votos de 50 por cento mais um. Supondo que no Parlamento tínhamos 101 deputados, então 51 deputados devem votar sim ao programa”, precisou.

Relativamente ao ponto de discórdia, ou seja, o facto de não ter sido registado nenhum voto contra durante o processo de votação, José Paulo Semedo explica que a situação não é relevante porque a lei recomenda que o voto a favor de aprovação do programa de governo tem que ultrapassar os 50 por cento mais um de votos diversos.

“Não tem que ser votos contra, basta ser votos diversos. Os votos diversos podem ser votos contra e abstenção. Temos que distinguir o voto diverso e nulo que já é uma outra conversa. Voto nulo não se toma em conta, mas o voto diverso sim. Para a aprovação, o governo precisa garantir 50 por cento mais um de votos. Neste caso, de acordo com a Constituição da República da Guiné-Bissau, o programa foi rejeitado pelos deputados”, notou o constitucionalista.

JURISTA CARLITOS DJEDJU DEFENDE QUE MOÇÃO DE CONFIANÇA AO PROGRAMA DE GOVERNO FOI APROVADO

Por seu lado, o jurista Carlitos Djedju disse a’O Democrata que a moção de confiança ao programa de governo apresentado pelo primeiro-ministro Carlos Correia no passado dia 23 do mês em curso, foi aprovada. O jurista defende ainda que no seu entender o voto da abstenção é a indiferença, razão pela qual não pode contar para o apuramento da maioria, seja ela contra ou a favor.

“Dada por aprovada a moção, naturalmente arrasta consigo a aprovação do programa do governo. O que o Primeiro-ministro pediu é a aprovação da moção de confiança ao programa de governo. Agora no meu entendimento está aprovada a moção de confiança e arrasta consigo a aprovação do programa do governo, porque ambos acabam por ter as mesmas consequências”, referiu.

Em relação à exigência constitucional que condiciona a aprovação do programa de governo a 50 por cento mais um de votos de deputados em efectividade, Djedju disse não ter encontrado quer na Constituição bem como no Regimento do Parlamento essa referida cláusula.

“Este é o problema, porque eu não encontro nenhuma disposição na Constituição e no Regimento da Assembleia Nacional Popular que diga isto”, afirmou.

“Nós os juristas o Direito nos ensinou que não se pode interpretar uma norma e tirar o sentido de uma determinada norma que não tem a mínima correspondência com a letra da lei. Se as disposições da Constituição e do Regimento tivessem estabelecido que seria a maioria absoluta dos deputados que constituem a Assembleia Nacional Popular, isto sim. Agora os deputados em efectividade de função, não é a mesma coisa”, questionou, insistindo que a luz do Regimento da Assembleia Nacional Popular (artigo 88/Nº 04), as abstenções não contam quando se procede ao apuramento da maioria.

Questionado se os 45 votos a favor do programa de governo são suficientes para a aprovar o programa apresentado pelo Chefe do Governo, Djedju disse que o confronto que se deve fazer é a maioria a favor ou a maioria contra, isto é os “votos sim” e os “votos contra”.

“Não há nenhum voto contra neste caso, mas sim a abstenção que não se conta, de acordo com o Regimento. Acho que a abstenção pode parecer a violação do sentido de voto de uma determinada pessoa. Uma pessoa que quer ser indiferente, não se pode transformar o voto dele num voto contra, quando ele não votou contra”.

Histórico

De acordo com os resultados da votação do programa do governo apresentado a 23 de Dezembro, 56 deputados optaram pela abstenção e 45 votaram a favor do programa do governo. Em comunicado à imprensa, o partido no poder (PAIGC) afirma que a moção de confiança solicitada ao Parlamento pelo Primeiro-ministro “afinal foi aprovada” pelos votos dos 45 deputados que se pronunciaram a favor.

Recorde-se que o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, e o próprio primeiro-ministro, Carlos Correia, ambos dirigentes do PAIGC, reconheceram, logo após a votação, que o documento tinha sido chumbado pelos deputados, pelo que o Governo tem 15 dias para voltar a apresentar aos deputados o seu programa.

Momentos antes da votação da moção da confiança, o presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, na sua declaração na ANP, contou o objecto de votação bem como as condições de sua aprovação.

“S. Excia o Senhor Primeiro Ministro submeteu a esta magna casa um pedido de aprovação da sua moção de confiança.

Para a sua aprovação, necessita colher pelo menos 50% +1 dos votos dos parlamentares em efectividade de funções. Caso não consiga reunir 52 votos, não tem o programa aprovado, o que pode ser interpretado como rejeição, não sendo contudo nem automático nem formal.
Mais grave é que se isso acontecer, a apresentação e discussão do programa volta a ser agendado num prazo de 15 dias, mas nada obriga o Senhor Primeiro ministro a submeter de novo uma moção de confiança, cabendo então à ANP a iniciativa de votação directa para aprovação ou rejeição”

Assana Sambú – O Democrata

CIDADE DE BISSAU - NATAL E NOVO ANO SEMPRE EM FESTA



Assim foram os preparativos para a festa do nascimento de menino Jesus em Bissau, o Natal e agora vem ai 2016 num ritmo igual.

Uma cidade cujos políticos só pensam nos seus sacos rotos em detrimento dos interesses do povo que os escolheu para dirigir,  proteger e de lhes compensar pelo menos com estabilidade... Mas, nem por isso.

Apesar de turbulência política, nas ruas da capital o ambiente é de convívio social e de consonância mutua em fazer compras, dar passeio bem como nos locais de lazer, misturando tudo isso com aquela inevitável preocupação da instabilidade politica. 

Enquanto isso, na política, continua deslumbrar-se aquele cheiro desagradável proveniente de esgoto abandonado. Onde a palavra de ordem é de aniquilação física do companheiro, Guineense contra guineense mesmo sabendo que outro guineense está a dar o seu máximo resgatando o desenvolvimento almejado aos guineenses, numa casa cujo responsável máximo em silencio remando contra ventos e marés sem capacidade de reconciliação entre os seus filhos. 

Os líderes políticos do país, disfarçam-se de não compreender nada que tudo vai de mal a pior, se calhar isto mesmo é a vontade deles em caminhar de novo o país num abismo, de beco sem saída no meio de uma penúria total.

Contudo, o diário dos citadinos continua animado na base daquele sofrimento habituado, com dificuldade, com carência e com pobreza... Mas a vontade de viver solidários com  harmonia e com alegrias sempre fala mais alto.

Rispito.com/Lai Baldé-Correspondente

Portugal. SE A MODERAÇÃO PAGASSE TAXA…



Mariana Mortágua – Jornal de Notícias, opinião

Vivemos num país de moderação. Radical, só a Esquerda, porque a Direita é ponderada, centrista, sensata, enfim, moderada. Todos reivindicam o 25 de Abril, a democracia e a liberdade. Todos erguem a bandeira dos valores constitucionais, mesmo tendo votado contra a constituição, mesmo achando o texto um pouco fora de moda. Neste país, em discurso, todos são a favor da educação pública, do Serviço Nacional de Saúde e da Segurança Social.

Vejamos o caso da morte trágica do doente de S. José por falta de assistência médica especializada. Não há quem não reze agora odes ao SNS e à sua importância nacional. Mas há quem, como Marcelo Rebelo de Sousa, tenha votado contra a sua criação. E há quem, como Marcelo Rebelo de Sousa, ao longo dos últimos quatro anos, tenha olhado para o lado de cada vez que mais um milhão era desinvestido na saúde pública. E há quem, como o antigo ministro da Saúde Paulo Macedo, tenha ignorado os quatro alertas feitos só pelo Bloco de Esquerda sobre a situação específica do S. José.

Dissemo-lo e repetimo-lo à exaustão: a austeridade mata. Não é um slogan ou demagogia. É a verdade, que se revelou da forma mais brutal neste caso que chocou o país, mas que acontece todos os dias. Acontece, em diferente níveis de gravidade, nos hospitais, nas casas dos idosos sem dinheiro para aquecimento ou medicamentos, nas vidas dos que perderam o emprego e o apoio social no momento em que mais precisavam. São o outro lado da moeda do ajustamento orçamental que tanto orgulha PSD e CDS.

A defesa do Estado social não é um estado de espírito. É, além de uma conceção de sociedade que há muito a Direita abandonou, uma prática. Não é compatível com as tentativas de privatização e concessão de que tem sido alvo (também, não vale a pena esconder, por parte de governos PS, mas sobretudo nos últimos quatro anos). Não é compatível com a transferência de hospitais para as misericórdias. Não é certamente compatível com mais de 1500 milhões de euros de cortes entre 2011 e 2014. Vale a pena ler, a este respeito, o estudo "O Sistema de Saúde Português no Tempo da Troika: A Experiência dos Médicos", feito no ISCTE, divulgado em junho. Entre 3000 médicos entrevistados, 80% dizem que os cortes afetaram os cuidados prestados, 40% referem já ter tido falta de medicamentos, 23% já deixaram de realizar técnicas invasivas por falta de material disponível, e 60% afirmam que aumentou o abandono de técnicas terapêuticas por parte dos doentes por motivos económicos.

Enquanto, depois do desastre, todos fazem juras de amor ao SNS, não há, à Direita, quem se responsabilize, ou responsabilize a troika, pelo caos que deixou e pelas vidas que pôs em risco. Não há, à Direita, quem faça a autocrítica da austeridade. Não há, à Direita, quem (no mínimo) tenha a decência de dizer ao que vem e o que propõe: um sistema de saúde reduzido ao básico para os mais pobres, e um negócio florescente de hospitais e clínicas privadas. Se não vivêssemos num país de cínica moderação, diria que esta é a ideia mais radical de todas.

TRIBUNAL DE CONTAS APONTA OS MAFIOSOS DO LIXO QUE LIXAM OS PORTUGUESES



Taxas de aterros devem ser revistas

O TC (Tribunal de Contas) recomenda ao Governo que pondere o equilíbrio da taxa de gestão de resíduos e assim reveja a tabela praticada pelo ministério do Ambiente.

A comparação da despesa com os serviços relacionados com o licenciamento e monitorização de aterros de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) com as receitas geradas pela cobrança de TGR (Taxas de Gestão de Resíduos) e outras taxas é altamente favorável aos organismos envolvidos, cobrindo essas receitas largamente as despesas", pode ler-se na página 47 do relatório do TC.

Um relatório relativo a uma auditoria, correspondente ao período 2007-14, sobre o licenciamento, pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), e sobre a operação de deposição de resíduos sólidos urbanos em aterros, e respetiva gestão de recursos.

A TGR "cobrada atingiu um máximo de 15.017.762 de euros em 2011, diminuindo a partir desse ano, refletindo a tendência de decréscimo na produção de resíduos iniciada em 2010", afirma-se no relatório, segundo o qual o regime jurídico de gestão de resíduos prevê outras taxas, com menos receitas mas também "consignadas às entidades intervenientes no licenciamento e monitorização e controlo".

A TGR é "um instrumento que visa reduzir a produção de resíduos" e incide sobre a quantidade de resíduos geridos pelos operadores. A receita está consignada à APA, às CCDR e aos serviços de inspeção (IGAMAOT).

LEI VIOLADA

Por outro lado, no relatório o Tribunal diz que a APA "não dá integral cumprimento ao dever de divulgação dos pedidos de licença ambiental, de forma a garantir a informação e participação do público".

O documento do TC, faz ainda referência a algumas violações da lei, indica-se, por exemplo que "o registo das licenças ambientais emitidas no"site" da APA enferma de deficiências significativas".


TSF – José Milheiro com Lusa - Título PG

Portugal. CORRUPÇÃO, A CENTRAL DE NEGÓCIOS ESCUROS DA MÁFIA NO PARLAMENTO



Presidenciais 2016. Paulo Morais quer novas regras no Parlamento

O candidato à Presidência da República esteve no Fórum TSF. E defendeu que é esse o caminho para combater a corrupção na Assembleia da República.

O antigo presidente da Associação Transparência Internacional, que faz da luta contra a corrupção, a sua bandeira na "corrida" a Belém, entende que só com alterações ao funcionamento do Parlamento, pode garantir-se que os deputados estão proibidos de utilizarem informação privilegiada nos seus negócios.

No Fórum da TSF, Paulo Morais apontou ainda nomes e assegurou que, no lugar de Presidente, dissolveria um parlamento que não acabasse com esses negócios menos claros.

Paulo Morais, professor universitário, antigo vereador do urbanismo da câmara municipal do Porto, foi o primeiro a formalizar a candidatura à Presidência da República. Hoje, garantiu também que, numa segunda volta, vai apelar ao voto em branco. As sondagens mais recentes dão-lhe menos de 2%.


TSF – Foto: Adelino Meireles / Global Imagens - Título PG

ENTREVISTA COM DEUS – BALANÇO DE 2015



João Quadros – Jornal de Negócios, opinião

Eu não festejo o Natal. O Natal é uma festa do consumismo. Uma espécie de sonho húmido do ministro Centeno. Eu só festejo a austeridade. Mas festejo em grande.

Negócios: Em tempo de balanços, pareceu-nos correcto entrevistar a mão que embala o berço da humanidade. Connosco, para fazermos um resumo de 2015, temos, Deus.

Olá, Deus. Obrigado por estar aqui hoje, quando, provavelmente, preferia estar a fazer as compras de Natal.

Deus: Eu não festejo o Natal. O Natal é uma festa do consumismo. Uma espécie de sonho húmido do ministro Centeno. Eu só festejo a austeridade. Mas festejo em grande.

Negócios: Deus é neoliberal?

Deus: Deus me livre. Os neoliberais são péssimos na cama. Eu gosto da austeridade porque aprecio sacrifícios. Já lá vai o tempo em que os Deuses eram presenteados  com sacríficos de virgens , virgens, virgens,  etc. Agora, ninguém é capaz de fazer um sacrifício aqui ao Deus. São capazes de fazer sacrifícios para não engordar, mas para quem os fez gordos não há nada.

Negócios:  Se lhe pedíssemos para eleger uma figura do ano...

Deus: Tinham que ir para uma fila. O que não faltam são pessoas a pedir-me para fazer tops. O melhor de 2015 fica comigo, o pior é com o Diabo. Mas , como hoje é dia do nascimento da minha mais nova, vou abrir uma excepção. Para mim, a pessoa feita por mim do ano é... Carlos Costa, governador do banco de Portugal.

Negócios:  Jura? 

Deus: Eu gosto de coisas pequeninas. Podia escolher o Putin, a Merkel ou o Renato Sanchez. Mas eu sou fascinado pelo Carlos Costa. Só não o levo para junto de mim porque gosto da postura dele na Terra. O homem  é um enigma, e eu adoro enigmas feitos por mim.

Negócios: Um enigma?
           
Deus: Sim. Carlos Costa ou é diabólico ou é o maior anjinho que já vi, e eu sou especialista.

Negócios: Como viu as eleições no nosso país. Acha que Costa fez batota?

Deus: Eu não quero mistura com políticos. Sou um bocado como deputado do PAN.   Estou lá, mas é como se não estivesse. Confesso que sei o que se passa na vossa Assembleia da República mas, não é por querer, é porque a Heloísa Apolónia fala muito alto.

Negócios: Mas há pessoas mais sensíveis que dizem que ele quebrou uma tradição e não tinham prometido...

Deus: Vocês têm cá uma lata. E as coisas que vocês me prometem e depois népia?!  – ai se a minha mulher não me apanhar desta,  eu prometo-te, Deus,  que nunca mais me visto de campino e me deito com a professora de equitação da minha mais nova . Se me curares desta ressaca, Meu Deus, prometo que nunca mais bebo bagaço pela bota da professora de equitação da minha mais nova. Se...

Negócios: Já percebi. Ela agora já está na esgrima não vale a pena estarmos aqui a remexer no passado numa entrevista sobre 2015.

Deus: Eu estive para impedir a aliança de esquerda em Portugal. Não fosse o discurso de vitória do Marco António Costa e agora o PàF era Governo. Mas aquilo irritou-me. Ai, já ganhámos  e vamos ser Governo –  não é assim.

Negócios: O futuro a Deus pertence.

Deus: Não é isso. Detesto gente que maltrata a Matemática. O meu filho era péssimo. Porque é que acha que o enviei à Terra?

Negócios:  Para nos salvar a todos?

Deus: Não. Foi castigo por causa das notas a Matemática. É inadmissível que escrevam, sobre o filho de um Deus perfeito:  "Jesus Cristo que não sabia nada de finanças".  O  meu filho só era bom com parábolas.

A Matemática é a mãe do Universo. Andámos uns anos, mas ela fugiu com um sociólogo. Por isso é que eu enviei o Crato à Terra:  para que todas as crianças do quarto ano soubessem cálculo integral e brincassem com integrais no recreio. 

Negócios: Houve alguma coisa que tenha feito em 2015 de que se tenha arrependido

Deus: Nem por isso. Até porque se eu quiser volto com o tempo atrás e faço outra vez. Mas talvez tenha estado pouco atento ao drama dos refugiados. Confiei na Europa. Não se pode. Para o ano estou a pensar  fazer uma guerra mundial para ver se voltam a recuperar os grandes princípios e ideais europeus. É matemático.

Portugal. CHAFARICA DOS VIGARISTAS PRODUZ ILEGALIDADES NAS SUBCONCESSÕES



Transportes: Há ilegalidades nas subconcessões, diz análise do Governo

Em causa estão conclusões de um documento do ministério do Ambiente

As subconcessões de transportes públicos foram um dos dossiers que esteve nas mãos de Sérgio Monteiro, o secretário de Estado dos Transportes que esteve ligado à maior parte das privatizações durante o governo de Passos Coelho. O novo Governo acredita, porém, que há contratos a rever e boas razões para o fazer.

Conta o Jornal de Negócios que as primeiras conclusões de uma análise a este processo, a cargo da tutela do Ambiente, aponta para ilegalidades. Uma delas dirá respeito `*as regras de subconcessão.

Apenas um terço de uma rede de um operador interno poderia ser subconcessionado. Os contratos assinados pelo anterior executivo implicam a transição de 100% dos serviços, por via da subconcessão, para mãos privadas.

Em termos ambientais, as preocupações dizem respeito à possível falha de compromissos em relação aos critérios de desempenho ambiental no serviço público. Em causa está a possibilidade de a renovação de frota ser feita recorrendo a veículos usados.

Entre os argumentos que poderão servir de base jurídica para a reversão de contratos de subconcessões inclui-se ainda a estimativa de risco favorável dos privados, além das falsas expectativas criadas em torno da redução de custo, escreve a mesma publicação. 

Notícias ao Minuto – Título PG

PORTAS VAI DE FÉRIAS. VAI GOZAR À CONTA DAS TRAMPAS QUE MINISTROU COM PASSOS



Se é verdade que Paulo Portas vai cumprir com aquilo que anunciou, vai de férias. Muito aldrabão é o Portas. Já sabemos. Fiquemos à espera que seja verdade... sem confiar. Pedro Santos Guerreiro, no Expresso Curto abre com esse tal mastodonte da irrevogabilidade. Que vai de férias. Pois. E vai à conta das trampas que fez enquanto vice de Passos, o ex-PM líder dos aldrabões, dos vigaristas.

“Credo, mas não poderá tratar esses políticos com algum respeito?” Perguntará quem tiver ataques pudicos exacerbados e ceguetas.

Pois não. Trato-os com o mesmo respeito que eles têm tratado Portugal e os portugueses, sem respeito. Nem merecem um mínimo de esforço. Merecem, isso sim, que os alienemos, que os ignoremos enquanto políticos que miserabilizaram milhões devido a terem sido eleitos à custa de tanto mentirem e assim se terem mantido até que foram derrubados pelos eleitores portugueses.

Leiam mais que vão dar à falcatruas de Passos e Portas e seus cúmplices aluisados e outros. 

O governador do Banco de Portugal ainda não se demitiu. Só quando tiver vergonha. Da cepa que veio vai ser muito difícil... envergonhar-se. Primeiro está a máfia da bancaria.

Está dito. Para repetir não há pachorra. Fiquem com o Expresso Curto. Bom dia, se conseguirem.

O Diário de Notícias faz hoje 151 anos. Nos últimos quatro anos deu alguma papinha ao governo Passos-Portas e à direita ressabiada. As melhoras.

Redação PG / CT

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Pedro Santos Guerreiro – Expresso

Paulinho das férias

O homem que antes disse que ficava e não ficou, que depois tirou o ir ao irrevogável e a vogar continuou, anuncia agora uma “decisão de vida”: Paulo Portas vai deixar a liderança do CDS/PP.

Comunicou-o esta noite à comissão política centrista. Deverá deixar também o Parlamento, antecipa o Expresso. E assim abrir um novo ciclo na sua vida política – e na vida política do seu partido.

“Está a ver o Google? Apareceu em 1998, o mesmo ano em que Paulo Portas chegou a presidente do CDS. Já são quase 16 anos de liderança, com dois anos de intervalo pelo meio”, contabilizava o jornalista Filipe Santos Costa: “5727 dias de liderança”, um texto que recorda que, em democracia, só Álvaro Cunhal liderou um partido durante mais tempo (18 anos). É a história e as histórias de PP no PP. É um retrato da política. Não é um obituário político: Paulo Sacadura Cabral Portas, 53 anos, é talvez demasiado velho para sonhador mas ainda demasiado novo para senador.

“Portas fez bem em sair, salvaguarda o que ainda lhe resta de margem política”, escreve o editor de Política do Expresso, Bernardo Ferrão. “Continuar seria desgastar-se. A ligação ao PSD na governação é marca profunda demais. Diluiu a identidade ao CDS. E Portas sabe que se ficasse o seu espaço de manobra ficaria comprometido. Os projetos políticos que ainda tem seriam queimados no confronto com o seu passado de governante.” O editor Executivo, Martim Silva, vai mais longe: esta é uma boa notícia sobretudo para o CDS. E “Portas sai, reconhecendo implicitamente que o ciclo de Costa provavelmente vai ser mais longo do que inicialmente se previa”.

“A quem ficará entregue o CDS?”, pergunta o Observador. Filipe Santos Costa começa a dar a resposta. “Portas ficará calado e dará o palco a Pedro Mota Soares, Assunção Cristas e João Almeida- apontados como três dos principais nomes para uma futura liderança - e ainda a Nuno Magalhães, Cecília Meireles e Telmo Correia. Na bolsa de apostas para a sucessão de Paulo Portas, só um nome bate todos os outros, e esse não está em São Bento: o eurodeputado Nuno Melo”.

As eleições de outubro descerraram uma aliança à esquerda e encerraram a coligação de direita. Portas já não será Paulinho, larga às feiras, deixa as feras e vai de férias. Supõe-se.

OUTRAS NOTÍCIAS

Brevemente falaremos do Novo Banco, como antecipa o Público, que recorda o compromisso que António Costa declarou há dias em entrevista ao Jornal de Notícias: a solução não trará mais custos para os contribuintes. Mas é ainda o Banif que discutimos. Na Renascença, Morais Sarmento mostrou perplexidade: “Até pelo alerta que o caso BES representa, não é crível para ninguém que o supervisor não tivesse – e se não tinha, tinha obrigação de ter – um conhecimento mais próximo e um acompanhamento muito próximo nesta fase do sector bancário”. É preciso “uma auditoria externa independente para que possamos vir a saber o que se passou no Banif, o que explica este imenso buraco de cerca de 3 mil milhões de euros e a forma como o banco foi vendido”, complementou Vera Jardim no “Falar Claro” da Rádio Renascença.

O Banif já não escorre como banco mas ainda corre como tinta. O Diário Económico revela que o Montepio apresentou um processo judicial contra o banco nas vésperas da sua resolução, exigindo 20,3 milhões de euros, por operações relacionadas com um fundo de investimento. Ao todo, o Banif foi alvo de 56 processos judiciais este ano, que reclamam um total de 79 milhões de euros.

O BPI vai avançar com a proposta de cisão das operações em África. Mesmo sem o apoio da segunda maior acionista, Isabel dos Santos. A cisão será votada em Assembleia Geral. Cisão em África, cisão entre acionistas? No Negócios, Celso Filipe prevê o fracasso da iniciativa. E mostra que ela frisa sobretudo o desentendimento entre os dois maiores acionistas. “Ou o La Caixa sai de cena ou é Isabel dos Santos que o faz”.

“Os portugueses estão saturados de ouvir falar de política”, diz Miguel Sousa Tavares na SIC, que diz haver “uma espécie de desmotivação” nas eleições presidenciais, até porque parece que o “desfecho é conhecido”: Marcelo Rebelo de Sousa vai vencendo nas sondagens. Aliás, Sousa Tavares não acredita que “alguém queira ouvir” os 45 debates planeados.

O que ainda não saturou (nem suturou) foi o caso do Hospital de São José: os cinco maiores hospitais da Grande Lisboa preparam novo modelo de assistência a doentes urgentes, que deverá estar operacional em fevereiro. A decisão surge depois de cinco mortes por falta de equipa de neurocirurgia vascular ao fim de semana no Hospital de São José, explica a jornalista Vera Lúcia Arreigoso.

A Altice reúne-se com Sporting, que quer mais de 300 milhões por um contrato de direitos televisivos, avança o Diário de Notícias. Os dois negócios televisivos de FC Porto e Benfica, com a Meo e com a NOS, superam o valor global da liga holandesa. Fonte próxima da Liga Portugal referiu ao Expresso que os valores vêm confirmar “que o mercado português tem um valor muito elevado e isso mostra a força do futebol profissional em Portugal”.

Governo encontra ilegalidades nas concessões dos transportes, avança o Negócios. São as primeiras conclusões da análise técnica que o Ministério do Ambiente está a realizar aos contratos de subconcessão a privados, que podem ser usados como argumentos jurídicos do governo para os anular.

O valor fiscal dos prédios subiu 34% desde há cinco anos com a reavaliação geral feita para efeitos de IMI. É mais uma notícia do Negócios: cada imóvel urbano passou a valer em média 64 mil euros. “As receitas das autarquias acompanharam o aumento do valor fiscal dos prédios e subiram 43% no espaço de cinco anos.”

Trinta mil crianças espanholas estão a aprender português na escola, avança o Jornal de Notícias. O número de alunos do ensino básico e secundário espanhol a aprender língua Portuguesa triplicou em cinco anos.

Em Itália, a circulação de automóveis vai ser limitada por causa da poluição.

O Daesh, autoproclamado Estado Islâmico, tem um departamento para “os despojos de guerra”. Documentos apreendidos durante um raide na Síria, em maio, mostram detalhes da organização burocrática do grupo radical.

Laura Croix, sobrevivente dos ataques terroristas em Paris no passado dia 13 de novembro, falou ontem pela primeira vez, à sua família, após após semanas de coma induzido. Levou seis tiros e sobreviveu.Chamam-lhe o “milagre do Bataclan”.

Um jovem foi detido na Turquia por insultar no Facebook o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan.

Hoje o Diário de Notícias faz 151 anos.

FRASES

“Acho que [o Hospital] São José já não deveria existir”. Miguel Sousa Tavares, na SIC.

"Marcelo tenta ser outra personagem". António Sampaio da Nóvoa, no Correio da Manhã.

“É difícil escrever sobre a Europa em 2016 sem evitar o catastrofismo”. Bernardo Pires de Lima, no Diário de Notícias.

“Parte da nossa banca era um Hércules cujos músculos eram um exercício de cirurgia plástica.” Fernando Sobral, no Negócios.

O QUE EU ANDO A LER

“Biblioteca dos Rapazes”, de Rui Pires Cabral. É uma edição muito bonita, já com três anos, de poemas inspirados em romances de aventuras dos anos 30 a 70 do ano passado, sobre colagens de imagens retiradas de revistas, postais antigos, fotografias, calendários. “Mas ainda temos tempo - / Somos uma multidão de evadidos / Sob um céu calado que nos estranha. / Aqui estamos. / Caminhemos.”

Karl Ove Knausgård foi um dos autores do ano. Se está ou vai ler um dos três livros já editados em Portugal (de um total de seis) sobre a sua vida (sobre “a minha luta”), visite ou revisite esta entrevista que a jornalista Cristina Margato lhe fez em Ystad, na Suécia, que foi originalmente publicada na revista E a 9 de maio, e que republicamos neste fim de ano. Logo o primeiro livro, “A Morte do Pai”, abre com uma descrição da morte tão violenta na sua crueza que é impossível de esquecer.

“Karl Ove Knausgård é o homem que não guarda segredos. O escritor que renuncia à possibilidade de ter uma vida dupla para se colocar a contas com a infância, o pai alcoólico, a mulher bipolar, as quatro crianças pequenas. A família de onde vem. A família que está a construir”.

Estamos a fechar o ano. Antes disso, amanhã, aqui estará o Bernardo Ferrão para lhe servir o Expresso Curto; e no último dia do ano há semanário Expresso nas bancas, esta semana excecionalmente na quinta-feira, por causa das festas. Que sejam boas.

Nós lemo-nos e escrevemo-nos novamente a partir de janeiro. Tenha boas entradas. Tenha um excelente dia.

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