terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ACABOU A GREVE DA HISTÓRIA


Vivemos um tempo em que nos querem fazer esquecer o passado e abolir o futuro, a favor de um presente eterno em que dominariam sempre os mesmos. É preciso perceber que a vida que temos não é imutável, pode sempre piorar se não fizermos nada para a mudar para melhor

Nuno Ramos de Almeida – jornal i, opinião

Dizia um amigo meu, citando alguém que não recordo, que a arquitetura é o mijo dos príncipes. Os poderosos pretendem deixar em pedra, que julgam eterna, os marcos do seu poder. Nada dura para sempre, nem a pedra.

“Não construam monumentos que não possam derrubar”, era o aviso de Wilhelm Reich. Mas a arquitetura e o urbanismo são muito mais do que psichés de políticos, eles cristalizam outras relações de força: os bairros pobres são privados de acessos, infraestruturas e serviços públicos; neles, o urbanismo ganha uma feição policial em que as estradas, com uma só entrada e saída, permitem cercos fáceis em operações de detenção e busca. Para além disso, a História parece ter uma enorme predileção por muros: quando o de Berlim caiu, rapidamente se decretou o fim da História. Sem perceber que as fundações do muro derrubado estavam em todos os muros que continuavam por esse mundo fora, quase todos eles a subirem de altura e de extensão.

O momento da queda do socialismo real apareceu como falência da possibilidade de derrube do capitalismo e o estabelecimento de um presente total, feérico, acelerado, que liquidava de uma penada a memória de um passado de lutas, revoluções e ruturas e da existência de um futuro diferente. O fim da União Soviética, que se deve tanto aos seus erros como aos seus inimigos, sepultava a ideia de rutura, mudança e revolução. Fazia-o não porque a revolta dos humilhados e ofendidos deixasse de ter razões, mas porque deixava de ser pensável. A política tornava-se a arte do possível. Os horizontes eram presos numa caixa de ferro. E esse possível era sempre ditado por quem pretendia mandar para sempre. Por isso, o grande problema desta época, citando Fredric Jameson, é que “ninguém considera seriamente possíveis as alternativas ao capitalismo, enquanto a imaginação popular é assombrada pelas visões do futuro ‘colapso da natureza’, da eliminação da vida sobre a Terra. Parece mais fácil imaginar o ‘fim do mundo’ que uma mudança muito mais modesta no modo de produção, como se o capitalismo liberal fosse o ‘real’ que de alguma forma sobreviverá, mesmo na eventualidade de uma catástrofe ecológica global [...] Assim, pode-se afirmar categoricamente a existência de uma ideologia como matriz geradora que regula a relação entre o visível e o invisível, o imaginável e o inimaginável, bem como as mudanças nessa relação”.

Angola. VISITA DE COSTA A LUANDA SÓ DEPOIS DE EDUARDO DOS SANTOS SAIR DO PODER




A acusação a Manuel Vicente obrigará a adiar a visita de Costa até ao próximo ciclo político. Se o MPLA ganhar, Costa fala com João Lourenço

António Costa não irá a Luanda enquanto José Eduardo dos Santos for presidente angolano.

O primeiro-ministro português tinha uma visita a Angola programada para breve, mas fontes próximas do processo garantiram ao i que a ida de Costa a Luanda deverá ser adiada para depois das eleições angolanas deste ano, ou seja, até à reforma política de José Eduardo dos Santos, que é chefe de Estado daquele país há mais de 37 anos.

A acusação a Manuel Vicente tornou-a praticamente impossível de realizar – tendo em conta as críticas que vieram de Luanda – mas a campanha eleitoral em Angola também não era o melhor timing para uma visita.

FOME EM ÁFRICA. 1,4 MILHÕES DE CRIANÇAS PODEM MORRER NOS PRÓXIMOS MESES


A crise alimentar em quatro países de África está a intensificar-se e 20 milhões de pessoas estão em risco

Se a fome em África em 2011 matou 260 mil pessoas, a atual crise está a caminho de se tornar "muito pior", com 20 milhões de vidas em risco.

Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), divulgado segunda-feira, alertava que perto de 1,4 milhões de crianças podem morrer este ano devido à fome e malnutrição em apenas quatro países: Iémen, Nigéria e Sudão do Sul, por causa da guerra, e Somália, devido à seca.

“O tempo está a esgotar-se para mais de um milhão de crianças, mas podemos salvar muitas vidas”, afirmou, em comunicado, o diretor executivo da UNICEF, Anthony Lake.

No caso da Nigéria, a UNICEF calcula que durante este ano o número de crianças que sofrem de má nutrição aguda chegue às 450 mil, devido aos conflitos armados na região norte do país.

A seca na Somália provocou que 6,2 milhões de pessoas, a metade da população do país, atravesse uma “aguda insegurança alimentar” e teme-se que ao longo do ano cerca de 185.000 menores sofram de má nutrição.

No Sudão do Sul, os conflitos armados e a pobreza do país fizeram com que, atualmente, 270 mil crianças estejam gravemente mal nutridas, enquanto no Iémen as guerras que afetam o país provocaram má nutrição aguda em 462 mil crianças.

"A situação é a pior catástrofe de fome desde que os combates irromperam, há mais de três anos”, alertam, em comunicado os responsáveis do Programa Alimentar Mundial, da UNICEF e da a Organização para a Agricultura e a Alimentação das Nações Unidas.

Visão – Foto: ABDULJABBAR ZEYAD / Reuters 

RÁDIOS REBELDES!


Martinho Júnior, Luanda  

No dia 24 de Fevereiro e 2017 a Embaixada de Cuba deu a conhecer elementos precisos sobre o significado múltiplo dessa data no que diz respeito à memória histórica da luta pela independência, pela soberania e pelo socialismo revolucionário que anima a vida, nos termos salutares da manifesta vitalidade e autenticidade crioula do povo cubano, medida pelos “barómetros” da inteligência revolucionária, do internacionalismo, da solidariedade, da participação das instituições e dos cidadãos e, acima de tudo, para os progressistas de todo o mundo, transmitindo o exemplo digno, humilde e sábio da saga cubana, enquanto inquestionável património ao dispor, como um livro aberto e pulsante, de toda a humanidade.

No dia 24 de Fevereiro ao comemorar as múltiplas memórias que a data nos impõe, Cuba evoca muitos acontecimentos que reflectem essa heroica saga, que a coloca como um farol iluminando toda a humanidade e por isso foi a bem escolhida data para apresentar o seu programa de actividades para este ano, intrinsecamente associada à história e às estórias comuns dos povos angolano e cubano, nesta “trincheira firme da revolução em África” que apesar das imensas e profundas alterações, para muitos Angola não deixou de continuar a ser.

Entre os acontecimentos possíveis lembrar a 24 de Fevereiro, está a data que marca o início da emissão da “Rádio Rebelde” há 58 anos, na efervescência plena da guerrilha revolucionária na Sierra Maestra, algo que toca a todos os membros do MPLA, a todos os angolanos, até por que também houve uma similar, o “Angola Combatente”, emitido durante a longa Luta de Libertação contra o colonialismo a partir de Brazzaville.

SOB FOGO CERRADO, AMÉRICA LATINA RESISTE


Breno Altman – Opera Mundi

O novo ciclo da crise do capitalismo, iniciado em 2008, operou mudanças relevantes no cenário latino-americano e na política dos Estados Unidos para a região.

O encolhimento do mercado internacional, a longa estagnação europeia, a paralisia japonesa e o aumento dos custos de produção na China, entre outros fatores expressivos da mais grave situação de subconsumo desde 1929, determinaram uma progressiva reorientação do Departamento de Estado.

Desde o ataque às torres gêmeas em 2001, a América Latina tinha perdido relevância nos planos de ação da Casa Branca, que se concentraram no Oriente Médio, em uma estratégia para consolidar sua hegemonia sobre a região, abrir novas fronteiras de negócios, ampliar a cabeça de ponte para suas bases militares e controlar fontes de petróleo.

As forças progressistas puderam, então, aproveitar uma janela de oportunidade aberta pelo cruzamento entre o colapso do neoliberalismo nas nações sul-americanas, materializado desde o final dos anos 1990, e o vácuo provocado pelo formidável giro oriental do imperialismo.

Apesar da evidente participação do governo Bush no golpe venezuelano em 2002, entre outros eventos de desestabilização contra administrações progressistas, o fato é que os partidos de esquerda tiveram suficiente margem de manobra para conquistar o comando de diversos Estados nacionais e impulsionar modelos de transição que superavam, em maior ou menor medida, o receituário fixado pelo Consenso de Washington.

CARNAVAL: A FESTA QUE ATRAVESSOU OS SÉCULOS



O Carnaval, cuja origem se perde na imensidão do tempo, é uma das maiores festas populares que ocorre em várias partes do mundo. No Brasil, aculturou-se, ao longo do tempo, e assumiu características genuínas, tendo uma massiva contribuição musical da cultura negra. O desfile das escolas de samba é considerado um dos maiores espetáculos “a céu aberto” do Planeta. A origem do Carnaval  nos remete  à Antiguidade e às suas grandes civilizações.

Originária do latim, a expressão carnis levale, significa “retirar a carne”. O termo  está relacionado ao jejum que deveria ser feito na Quaresma, durante os 40 dias antes da Páscoa, visando ao controle  dos prazeres mundanos. Este foi o mecanismo, do qual a Igreja Católica se utilizou, para controlar a festa pagã. A variação da data do Carnaval em nosso calendário tem ligação direta com a Páscoa  O Papa Gregório XIII, em 1582, transformou o calendário Juliano em Gregoriano, no qual estabeleceu datas móveis quanto ao Carnaval.

Segundo alguns especialistas  sobre o tema, na antiga Babilônia, duas festas podem ter sido a origem do Carnaval. Durante o período, em que ocorriam As Saceias, um prisioneiro substituia a figura do rei, vestindo-se e alimentando-se como um nobre, podendo se relacionar, sexualmente, com as esposas do mesmo. Ao término do tempo festivo, o prisioneiro era chicoteado e, depois, enforcado ou empalado com requintes de crueldade.

O outro rito festivo, na mesma região, ocorria num período que antecedia ao equinócio da primavera quando se comemorava o ano novo naquela região. O ritual se realizava no templo em honra a Marduk, um dos principais deuses mesopotâmicos. Nele, o rei perdia suas indumentárias de poder e era castigado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação, em público, servia para evidenciar a submissão do rei à divindade.  Após esse rito, o rei assumia, novamente, a sua condição hierárquica.

Brasil vive entre a euforia do mercado e a realidade de milhões de desempregados


O Brasil vive mundos paralelos quando o assunto é economia. Enquanto a fila do desemprego aumenta entre os cidadãos comuns, o otimismo tomou os economistas

Heloisa Mendonça, El País – em Carta Maior

O Brasil vive mundos paralelos quando o assunto é economia. Enquanto a fila do desemprego aumenta entre os cidadãos comuns e a paralisação de servidores levou o caos a estados como Espírito Santo, o otimismo tomou os economistas brasileiros. Apesar da profunda recessão que o país vive há dois anos – “a maior desde os anos 30”, como se repetiu exaustivamente, – a divulgação da melhora de alguns indicadores da combalida economia brasileira tem trazido entusiasmo ao que se costuma chamar de ‘mercado’. O preço de algumas commodities, como o minério de ferro, melhorou, a inflação caiu abaixo do teto da meta, e o Congresso aprovou reformas indigestas, como a do teto de gastos no final do ano. Não por acaso, a Bolsa de Valores de São Paulo valorizou mais de 14% desde o início do ano, e o dólar chegou ao patamar de 3,05 reais nesta semana, o menor desde 2015.

Até mesmo a recessão teve seu lado positivo, ao deixar ativos brasileiros mais baratos e atraentes para investidores estrangeiros, tornando a entrada de capital externo recorde no início deste ano. Contribui para a maré de otimismo a certeza de que a Reforma da Previdência vai avançar até o meio do ano. Assim, nas tesourarias dos bancos vê-se uma indisfarçável onda de euforia nos últimos dias. “Os investidores estão confiantes na aprovação das medidas do ajuste e têm convicção que o juros no Brasil vão continuar caindo já que a inflação está em queda livre”, explica Pablo Stipanicic Spyer, diretor de operações da Mirae Asset. Para ele, “o pior ficou para trás”.

Angola. “MPLA ESTÁ A CHANTAGEAR PORTUGAL”


A UNITA classificou hoje como “chantagem e ingerência nos assuntos de Portugal” a reacção do Governo angolano à divulgação da investigação do Ministério Público português ao vice-Presidente, Manuel Vicente.

Aposição do maior partido da oposição em Angola foi expressa hoje, em declarações à agência Lusa, pelo porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, que pediu igualmente “responsabilização” para que Portugal deixe de ser um “santuário financeiro” dos dirigentes angolanos.

“Consideramos excessivas as palavras usadas no comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Angola, que configuram chantagem e ingerência nos assuntos internos de um país independente que é Portugal, por sinal amigo de Angola e dos angolanos”, disse o deputado Alcides Sakala.

O Governo angolano classificou na sexta-feira como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola e alertou que essa acusação ameaça as relações bilaterais.

O Ministério Público português acusou formalmente, há pouco mais de uma semana, entre outros, o vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) Manuel Vicente, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais, quando ainda estava na petrolífera estatal.

De acordo ainda com o político da UNITA, para o bem das relações entre os dois estados e dos angolanos, Angola devia permitir que estes processos decorressem para apurar as verdades dos factos.

Angola. ESCRAVATURA ENRIQUECE O MPLA


O MPLA é um partido para satisfazer interesses pessoais e para acumulação de capital. Fundado a 10 de Dezembro de 1956 e no poder desde 11 de Novembro de 1975, teve na sua essência – tal como outros – a luta pela libertação dos povos do jugo colonial.

Foi um objectivo cujos membros fundadores perseguiram com o espírito de nacionalista, de que a nação era mais importante do que qualquer pretensão pessoal. Como hoje se verifica, foi chão que deu uvas.

Actualmente reina no seio do maior partido/estado de Angola uma subversão de interesses e de valores, dado que, a questão política na fundação do MPLA era pré-partidária, estando esta no âmago dos interesses do movimento político, o que desapareceu actualmente nas suas acções.

Há gente em Angola e no MPLA em particular que entende mal a política e socorre-se dela para única satisfação de interesses pessoais que põe em causa o bem-estar dos mais necessitados, os tais que – segundo Agostinho Neto – deveriam estar em primeiro lugar. De facto, ninguém no MPLA quer hoje saber da tese emblemática de Agostinho Neto que, recorde-se, dizia que o importante era resolver os problemas do Povo.

A maior parte dos jovens e até dos mais velhos não conhece a história ideológica do MPLA. Estão no partido só por questões de oportunidade, e isso não é política. É crime de lesa-nação. Isto é desvirtuar a política, isto é tirar os créditos à política no sentido verdadeiro da palavra.

Angola. A FESTA DO POVO


Pereira Dinis

Quando a Nova Marginal de Luanda, na Praia do Bispo, é toda decorada para receber o grande momento do Carnaval, o desfile da classe A, com a participação de 14 grupos de diferentes municípios, distritos e bairros da capital, é hora para recordar tudo quanto o Entrudo já permitiu ao povo angolano mostrar ao mundo.

Mentes mais frescas recordam que a festa tem um passado longo demais para ser resumida num simples texto de jornal. Aproveitamos o ambiente que hoje atinge o clímax na capital com o desfile principal para recordar que o União Operária Kabocomeu foi o primeiro grupo a vencer o Carnaval no pós-independência.

A festa foi retomada em 1978. Agostinho Neto apelou ao povo para retornar às tradições e propôs um motivo para os festejos: a expulsão do exército invasor sul-africano a 27 de Março do ano anterior. Surgiu assim o Carnaval da Vitória. O emblemático grupo do Sambizanga estendeu a fita métrica para mostrar como os angolanos eram enganados pelas autoridades coloniais. Diz-se que se empoleirou na política para vencer. A verdade é que os números da ferramenta se reproduziram nas contas finais e o grupo ganhou o primeiro desfile de Luanda. Tudo aconteceu no largo do Kinaxixi.

Com o passar dos tempos, mudou-se os cenários. O Carnaval desceu para a avenida 4 de Fevereiro, a antiga Marginal de Luanda, e derivou para a Praia do Bispo, onde 14 grupos, entre veteranos e estreantes se apresentam hoje no desfile central do Carnaval de 2017. Todos pretendem contagiar jurados e público para, no fim, poderem cantar vitória.

Parlamento “esconde” Lei que pune traficantes e compradores da caça furtiva em Moçambique


A luta contra a caça ilegal em Moçambique está a registar progressos, centenas de caçadores ilegais têm sido detidos porém não existe um único traficante ou comprador detido porque a Lei de Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica só prevê penas de prisão maior para aquele que abater sem licença. À pedido das autoridades do Ambiente e da Procuradoria-Geral da República a Lei 16/2014 foi revista pela Assembleia da República, em Novembro passado, passando a punir com cadeia todos envolvidos directa ou indirecta na devastação de qualquer das espécies protegidas da Fauna e Flora. Porém até hoje a Lei Revista e aprovada por aclamação não foi enviada para a promulgação do Presidente Filipe Jacinto Nyusi, permitindo que os traficantes, mandantes e compradores continuem impunes. O ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural pensa que o dispositivo já foi promulgado.

Poucos leitores não se recordarão da maior apreensão de troféus da caça furtiva em Moçambique, em Maio de 2015 um cidadão chinês foi encontrando com 340 pontas de marfim e 65 cornos de rinoceronte numa residência luxuosa na cidade da Matola. Também se lembrarão que os cornos de rinocerontes foram roubados do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique(PRM), por agentes de diferentes unidades policiais. Os troféus que sobraram foram incinerados publicamente num evento de muito mediatismo nacional e internacional.

Entretanto o cidadão chinês detido com os troféus, identificado pelo nome de Ching Dai, desapareceu. “Andei a perseguir quando é o julgamento, tinha sido marcado para 5 de Novembro e nada, desapareceu o réu e o Tribunal já não responde” revelou ao @Verdade o chefe do Departamento de Fiscalização da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Carlos Lopes Pereira.

Moçambique. Silêncio no esclarecimento de rapto de cidadão português desconforta Lisboa




O jornal Público de Portugal publicou um artigo onde afirma que a demora no esclarecimento do rapto de um cidadão português está a criar mal-estar entre Maputo e Lisboa.

Na edição do último Domingo, o jornal Público escreveu um artigo com o título “Silêncio de Maputo sobre rapto de português gera mal-estar em Lisboa”, no qual diz: “há meses que Portugal se desdobra em pedidos de informação a Maputo sobre o português raptado em Moçambique no verão passado, mas a única resposta que obteve até agora foi o silêncio. Perante o prolongado e insólito mutismo das autoridades moçambicanas, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa enviou, há duas semanas, uma carta ao seu homólogo, o Presidente Filipe Nyusi, para pressionar Maputo e, mais uma vez, pedir informação sobre o desaparecido, um empresário agrícola que há anos trabalha na Beira, no Centro do país. Para espanto de diplomatas e políticos que acompanham o processo, o Presidente Nyusi ainda não respondeu à carta do Chefe de Estado português, mais de duas semanas depois de esta ter sido enviada”, lê-se no jornal.

ARTISTA PLÁSTICO TIBETANO PROIBIDO DE ENTRAR EM MACAU


O artista plástico Tashi Norbu deslocou-se a Macau para participar na iniciativa ontem promovida pela Galeria Iao Hin no Largo do Lilau, mas acabou por ver a sua entrada na RAEM  proibida pelas autoridades locais. A ocorrência foi divulgada pela galeria através de um comunicado onde se lê que o artista “reconhece que pode ser considerado um pintor controverso em Pequim.” O PONTO FINAL contactou a Polícia de Segurança Pública (PSP), que não confirmou, nem desmentiu a recusa da entrada de Norbu no território.

A entrada em Macau do artista de ascendência tibetana Tashi Norbu foi esta fim-de-semana recusada pelas autoridades do território. Depois de ter exposto há um ano na Galeria Iao Hin, o pintor preparava-se para regressar a Macau para tomar parte na iniciativa ontem promovida pelos responsáveis da Iao Hon numa mansão situada no Largo do Lilau e para ministrar posteriormente um workshop de pintura para crianças.

Ao artista plástico não foi dada qualquer explicação para a recusa da sua entrada no território. Norbu reconhece porém, e de  acordo com um comunicado, “que pode ser considerado um pintor controverso em Pequim.”

O pintor, de nacionalidade belga, era um dos convidados de honra da cerimónia de inauguração da Galeria Amber Iao Hin, que decorreu ao início da noite de ontem: “O meu plano era mostrar a minha arte, a minha linguagem e o meio que estudei durante toda a minha vida”, explicou o artista, no sábado, depois de lhe ter sido recusada a entrada no território. “É triste que tenha sido proibido de estar presente e mostrar a minha arte e as minhas capacidades em Macau”, sublinhou.

CASAL PORTUGUÊS PRESO EM TIMOR-LESTE ACUSADO DE FRAUDE DE 860 MIL DÓLARES


Um alegado conluio para defraudar Timor-Leste em 860 mil dólares (cerca de 810 mil euros) é a base da acusação a um casal de portugueses que começou esta terça-feira a ser julgado em Díli pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental.

Segundo o Ministério Público (MP) timorense, Tiago e Fong Fong Guerra terão concertado o alegado desvio dos fundos - provenientes de impostos cobrados a empresas petrolíferas - com o consultor americano Bobby Boyle, atualmente preso nos Estados Unidos.

Jacinta Correia, que lidera o coletivo de juízes do caso, e os juízes Ana Paula Jesus e Eusébio Xavier leram em conjunto a acusação, que só foi deduzida contra os dois portugueses no final do ano passado, 26 meses depois de terem sido detidos e constituídos arguidos.

O Ministério Público considera que os três colaboraram para desviar, através de uma empresa do casal em Macau, os fundos procedentes de impostos devidos ao Estado timorense e pagos por uma empresa petrolífera.

Os dois arguidos preferiram, na fase inicial do julgamento, manter o silêncio, tendo hoje respondido apenas a perguntas do tribunal para confirmar a sua identidade, com o advogado de defesa, Álvaro Rodrigues, a reafirmar à Lusa a confiança na inocência dos arguidos.

Inicialmente a procuradora Angelina Saldanha incluiu Boyle como coarguido, acabando por separar do processo o consultor que em outubro de 2015, foi condenado por um tribunal dos Estados Unidos a seis anos de prisão e a devolver 3,51 milhões de dólares a Timor-Leste.

Portugal. “O DOUTOR PAULO NÚNCIO DEVE MUITO AO PAÍS”


Mariana Mortágua* - Jornal de Notícias, opinião

"Paulo Núncio mostrou uma grande elevação de carácter. E o país deve muito ao doutor Paulo Núncio pelo trabalho de combate à fraude e à evasão fiscal". Para Assunção Cristas este foi o comentário possível à renúncia de Paulo Núncio aos seus cargos no CDS. Para o resto país, a declaração foi incompreensível e até algo ultrajante.

Comecemos pelo carácter elevado de Paulo Núncio.

A notícia da não publicação e não verificação de transferências para offshores é dada pelo "Público" na terça-feira. Nesse dia, Núncio diz que tudo foi verificado. Três dias depois, tendo tido tempo para pensar, resolve acusar os serviços pelas falhas encontradas na publicação. É imediatamente desmentido pelo ex-diretor-geral da Autoridade Tributária. É então, no sábado, que Núncio assume a responsabilidade política pelo caso.

Em suma, Núncio é confrontado com um facto, sacode água do capote, acusa outros e só depois de desmentido em público é que se eleva e assume as culpas. Assunção Cristas saberá o que quis dizer, mas isto parece o oposto da elevação e do carácter.

Vamos agora às dívidas do país para com Paulo Núncio.

Em 2011, o Governo de Passos fez um acordo de troca de informação com a Suíça. Para além disso, agravou as penas para infrações fiscais e alargou o prazo de prescrição de dívidas tributárias. Mas antes que todas estas regras pudessem ter efeito, criou, em 2012, o Regime Extraordinário de Regularização de Dívidas (RERT III), uma amnistia fiscal para que todos legalizassem dinheiro que tinham colocado fora do país sem declarar. Núncio não quis que alguém fosse apanhado de surpresa e Ricardo Salgado agradeceu. Foi um dos clientes do regime que lavou 3400 milhões de euros.

FRANCISCO LOUÇÃ NO BANCO DE PORTUGAL: “UM BOM NEGÓCIO”




Francisco Louçã foi um dos nomes aprovados pelo Conselho de Ministros para integrar o Conselho Consultivo do Banco de Portugal.

Vital Moreira pronunciou-se, num artigo publicado no blog Causa Nossa, sobre a entrada de Francisco Louçã para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal, deixando no ar a ideia de que terá existido algum oportunismo pelo facto de o Bloco de Esquerda ser aliado do Governo socialista.

“A nomeação de Francisco Louçã para o conselho consultivo do Banco de Portugal mostra que a aliança governativa do BE (e do PCP) com o PS não lhes proporcionou somente as medidas de ‘reversão da austeridade’ acolhidas nos acordos entre as partes, e outras ganhas posteriormente (como a subida extra das pensões), bem como o abandono forçado de uma parte do programa eleitoral do PS”, começou por escrever o constitucionalista.

“Há a assinalar mais duas vantagens associadas à entrada na esfera do poder”, prosseguiu, fazendo não só referência a uma “maior presença nos média (aliás, bem superior à sua representação política) e a uma maior capacidade de agitar no debate público a sua agenda política própria”, como à “tomada de posições nas instituições do Estado (como o Conselho de Estado, o Tribunal Constitucional, o órgão de gestão do Ministério Público, etc.), o que lhes permite potenciar a sua influência política e premiar a sua elite política com cargos oficiais”. A conclusão que Vital Moreira tira é de que se trata de “um bom negócio, portanto”.

Portugal. "Atitude do PCP foi o que mudou tudo" e permitiu "fórmula do PS"




Miguel Sousa Tavares acredita que o entendimento entre PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV tem funcionado melhor do que esperado.

No seu espaço de opinião da SIC, Miguel Sousa Tavares comentou os elogios que têm sido feitos ao acordo do PS com Bloco de Esquerda, PCP e PEV, que os críticos apelidaram de Geringonça.

Sim, posso dizer que francamente superou as expetativas, até agora tem sido uma fórmula de sucesso que nem os próprios integrantes do modelo estavam à espera há um ano atrás”, indicou o comentador.

No entanto, diz Sousa Tavares, é preciso “distinguir a fórmula da substância”. “A substância, ou seja, uma política que não se limita a fazer austeridade, que combate a austeridade e ao mesmo tempo consegue dominar o défice, ou mantê-lo controlado, já foi experimentada na Grécia com o Syriza e foi experimentada, em parte, em Espanha também”, esclareceu.

Portugal. CARNAVAL DE TODOS OS DIAS VAI TER FIM, CONSOANTE A CAÍDA DAS MÁSCARAS




Cavaco igual a Cavaco. Se alguma vez José Sócrates falou verdade aconteceu ontem numa entrevista à TVI. Definiu Cavaco Silva como “pessoa capaz de fazer tudo”. Pois. Disse mais. Isso consta parcialmente do que se segue, o Expresso Curto da lavra de Martim Silva. Que o tipo é vil, mesquinho e etc. Claro, já há muito que aqui dizemos isso. Cavaco está a transbordar de não presta. Ele próprio veio demonstrando isso mesmo ao longo de décadas na política, fora os anos transatos em que foi elemento da tenebrosa PIDE/DGS. Um pide foi, é e será sempre um imenso sacana. E Cavaco foi colaborador da PIDE/DGS – como profusamente nos apercebemos dentro e fora da internete. Até o cartão não escapou à vista dos que o quiseram contemplar. Dali só podia sair um bufo sem escrúpulos. Foi o que foi. É o que é. Cavaco, o marmanjo que apesar da sua negritude continua a comer e beber à custa dos portugueses, a viver à grande e a ser a prova de “quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem”. Pois.

Prosa demasiada aí atrás sobre o homónimo que já revelou claramente o seu tenebroso e amargo perfil. Vá de retro.

Que é Carnaval, o dia disso. Baah. Então o Carnaval não é todo o ano? Pensem bem e rememorizem o que amiúde se passa na política, na banca, nos gestores, nos dótores que detêm os cordelinhos deste sistema abafante e vígaro a que chamam democracia mas que disso tem cada vez menos. Pois.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A CRISE GREGA É O ESPELHO DOS LIMITES DO MODELO LIBERAL



As receitas econômicas terão um impacto limitado, ou nenhum, se não houver um debate aprofundado sobre que sociedade queremos construir.

Sophia Mappa - L'Humanité – em Carta Maior

O anúncio de uma possível falência do Estado grego provocou na Europa reações passionais e moralistas, de um lado e, do outro, reações técnicas, econômicas e até contáveis. O que revelam, antes de tudo, é a regressão do pensamento crítico e político entre os herdeiros do Iluminismo. Foram evocadas, especialmente nos bons e velhos países protestantes, guardiões da moralidade e do rigor econômico, a preguiça dos gregos, sua corrupção e clientelismo. A perspectiva de ver a crise se espalhar para outros países do sul da Europa levou ao uso de adjetivos tão deselegantes quanto desprovidos de capacidade analítica: os gregos foram classificados de "porcos", "Club Med" e por aí vai.

Mas não se viu uma análise da sociedade grega que pudesse contribuir para a compreensão de sua especificidade e jogar luz, também, sobre as contradições da construção europeia. As abordagens econômicas tampouco tocaram nas questões mais profundas. Por que o "subdesenvolvimento" crônico da Grécia, uma vez que os gregos são "ricos", como afirma o muito simpático Guy Burgel?[1] Por que os esforços europeus para "desenvolver" o país fracassam depois de trinta anos de adesão à União Europeia, e apesar dos dois séculos de tutela ocidental sobre o país? Quais os critérios utilizados para avaliar o desenvolvimento, a preguiça e a corrupção?

ELES SÓ ENXERGAM A SI MESMOS



Que transformações, ocorridas na cidade e no corpo, tornaram possível a arrogância contemporânea? Que ela tem a ver com a incapacidade de imaginar o outro, de se colocar em seu lugar?

Myriam Bahia LopesOutras Palavras

Privilegiamos no texto um recorte que associa a arrogância à delimitação da propriedade e da constituição da propriedade de si em um cenário que frequentemente se denominou de modernidade. Apesar do processo analisado remontar ao século XIX, endereçamos nossas questões às características inéditas do comportamento contemporâneo associado à arrogância.

Dividimos o texto em duas partes. Na primeira seguimos o tema da historicidade da visão e o papel da aceleração nas formas contemporâneas de arrogância estabelecendo um diálogo com os autores – Claudine Haroche, Anne Cauquelin, Jeanne Marie Gagnebin, Richard Sennett – também leitores de George Simmel e de Walter Benjamin.

Portugal. PSD E O FIM DE UMA LIDERANÇA



Ana Alexandra Gonçalves*

É arriscado afirmar o fim de uma liderança política e, como todo o exercício de futurologia, este pode muito bem cair em saco roto. Mas os sinais de tibieza da ainda liderança do PSD são mais do que evidentes. E mais: os sinais de desespero de Passos Coelho e dos seus acólitos revelam-se a cada dia que passa.

Tudo começou com o inesperado entendimento das esquerdas e a incapacidade da direita congeminar alianças com o PS. Em rigor, Passos Coelho nunca recuperou verdadeiramente do facto de ter vencido as eleições, mas, por culpa própria, não ter sido capaz de formar maioria.

Depois esperou-se ansiosamente pela chegada do Diabo, tomasse ele a forma das instituições europeias, ou de um hipotético desaire da economia portuguesa ou ainda de um desentendimento entre as esquerdas. O Diabo não chegou e o Presidente da República agiu mais vezes como anjo da guarda do Governo do que eventualmente se esperaria - tudo em nome da estabilidade, claro está.

OS VELHOS EM PORTUGAL E OS COICES QUE LHES DÃO



Sobre os idosos, os velhos. Credo. A fraseologia mudou com intenção de dourar a pílula, talvez até para enganar, ou para ocultar. “Imparidades”, chamam a isso agora comummente. Porque não crédito mal-parado? Porque não calotes? Num país com tantos iletrados e analfabetos dá jeito avançar com os tais “palavrões”, e vai daí dizem “imparidades”. Como este exemplo muitos outros há. Em tempos, a estes galamas da freseologia, chamavam-lhes “dótores” pela negativa, e mais comummente “cagões”. Oh deuses! Atualmente Portugal está a abarrotar de “cagões” engravatados, com canudos distribuídos ao desbarato que têm redundado em dótores de tudo e mais alguma coisa mas principalmente encostados a partidos políticos ou a contas bancárias e fortunas que lhes dá para quase serem donos disto tudo. Entretanto o povoléu produz mas eles dizem que não chega. Tal é a gula. Comem tudo, mas não chega.

Os velhos estão tramados. É o que vai vir a seguir em trabalho de Goreti Pera no Notícias ao Minuto. Provavelmente já muitos leram. Provavelmente há muitos mais a dever ler. Era muito bom que também os agora jovens, os novos, lessem e soubessem interpretar. Sim, porque só saber ler não chega. É muito importante saber interpretar. Pensar. Inclusive debater. Os novos de agora são os futuros velhos. Pensem nisso. Depois, quando lá chegarem vão lembrar-se disto. Provavelmente porque vão estar ainda pior que os velhos de agora. Aqueles velhos (agora) que na juventude viram-na atirada para as urtigas. Para uma guerra colonial que devastou muitos portugueses. Que foram “carne para canhão” de um regime déspota que tinha por ideologia o fascismo e era dirigido por um tal tipo tacanho de Santa Comba Dão que dava pelo nome de Salazar. Não por acaso, nas bruxarias, usam sal nas entradas das residências, para levar azar às famílias que lá habitam. Sal-azar, compreendem ou querem que se faça o desenho pictórico na parede?

E OS OSCARES FORAM PARA… “DEZ MIL MILHÕES DE EUROS PARA OFFSHORES”




Banda sonora (refrão): Maria Luís já te tenho dito que não é bonito andar a enganar…

Olá, este é o Expresso Curto de hoje. A lavra é do senhor diretor do Expresso, Pedro Santos Guerreiro, conforme é referido logo-logo no inicio da página correspondente (online). Hoje ele perde-se a relatar e considerar a cerimónia dos Óscares que ocorreu nos States. Vamos nessa, mas a lista dos óscares deixamos a consulta ao critério de quem nos lê, por isso recorra à ligação (link) que vai encontrar lá no sítio desta prosa.

Que nos óscares ocorreu um enorme erro histórico… Ocorre quase sempre!

Filmes. Filmes, filmes. Um grande filme é o que aborda de leve a cena dos tais 10 mil milhões de euros que de Portugal voaram para os offshores. E quem foram, exatamente, os tipos que se baldaram com o dinheiro? Que o Espírito Santo é um dos que mais se baldou. Compreende-se, é o dono disto tudo. Ainda é. É, provavelmente só é de menos partes do país, mas que tem peso, podem crer que tem. E quem mais se baldou? Tudo acabará em águas de bacalhau devidamente estagnadas. A justiça…. Oh, a justiça. Quem? Aquela que é forte com os fracos e fraca com os fortes? Oh, pois, essa.

O filme dos 10 mil milhões vai ter o “tratamento” VIP, correspondente ao “E Tudo o Vento Levou”. É o que já está a acontecer. A Maria Luís Albuquerque, que se põe em bicos dos pés por dá cá aquela palha, está caladinha que nem uma rata de sacristia. Até parece que nem era ministra das finanças nessa altura das fugas de capitais e ao fisco enquanto também na época andavam a virar de pernas para o ar os portugueses que trabalhavam por conta de outrem (os mais fáceis de roubar). Que prazer devem ter sentido naqueles gabinetes pagos por todos nós! Ainda mais porque os  das máfias do capital conseguiam fugas de capital enormes e fugas ao fisco. Eram só fugas, para eles. Era muita fome para muitos dos mais fracos em Portugal. Vai daí a razão de ainda hoje existir tantos famélicos. E eles moita-carrasco. Debitam uns bitates e coisa e tal mas as consequências dos responsáveis é zero. Do secretário de estado, o tal Núncio, da Luís Albuquerque, do então PM Passos Coelho, desses trafulhas todos que em quatro anos debulharam o país em prol dos que já muito ricos passaram a ainda mais ricos. Bom trabalho, Maria Luís, Passos, Portas, Cavaco... E restante pandilha.

“É estranho que Maria Luís Albuquerque não tenha dito uma palavra” sobre os offshores



Mariana Mortágua diz que o PSD está a tentar fugir às suas responsabilidades no caso dos offshores, após ter governado em regime de "perseguição fiscal a quem falhava um pequeno pagamento".

Em declarações aos jornalistas este domingo, a deputada Mariana Mortágua falou da proposta do PSD para que a publicação obrigatória das transferências para offshores deixe de depender da autorização do Governo.

"Isso são tudo formas de agora não acatar responsabilidades que têm que ser acatadas”, disse a deputada do Bloco à agência Lusa. “O PSD não pode de repente vir dizer que o assunto se resolve tirando a responsabilidade de publicação do governo porque a pergunta mantém-se: porque é que Paulo Núncio não quis a publicação das estatísticas e porque há 10 mil milhões que não foram sequer alvo de fiscalização?"

Mariana Mortágua lembrou que o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – e agora dirigente demissionário do CDS, após assumir a responsabilidade política pela ocultação das estatísticas no período em que pelo menos 10 mil milhões de euros passaram ao lado do controlo do fisco – “pertencia ao ministério das Finanças e havia ministros com responsabilidade política. É estranho que Maria Luís Albuquerque não tenha dito uma palavra sobre este caso e esteja a passar entre os pingos da chuva”.

"10 mil milhões foram transferidos para 'offshores' sem fiscalização, ao mesmo tempo que havia uma autoridade tributária e um governo que esmifravam os pequenos contribuintes, com perseguição fiscal a quem falhava um pequeno pagamento ou quem vivia do seu trabalho”, recordou Mariana Mortágua.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Portugal. ONDE PÁRA A POUPANÇA?



Manuel Carvalho da Silva* - Jornal de Notícias, opinião

Poupa quem pode. E, nesta sociedade, para que haja um grande poupador é necessário apertar o cinto a muita gente. Entretanto, o dinheiro destes grandes poupadores modernos não se encaminha para o investimento, segue "limpinho" para o entesouramento.

Esta semana, ficámos a saber que, entre 2011 e 2014, mais de 10 mil milhões de euros foram transferidos para paraísos fiscais sem investigação e intervenção da Autoridade Tributária, embora esta tenha sido informada desses movimentos. A perda de receita fiscal associada a estas transferências é particularmente escandalosa, pois foi durante aquele período que se abateu sobre os trabalhadores e pensionistas portugueses um brutal aumento de impostos. O Estado, pela mão de quem tinha a responsabilidade de o representar e gerir - o Governo -, converteu-se numa poderosa máquina de redistribuição regressiva de rendimento, cobrando aos mais vulneráveis e deixando escapar os mais poderosos.

Este recente escândalo deu origem a observações sobre números ainda mais preocupantes. De 2010 a 2015, saíram de Portugal um total de 29 mil milhões de euros para paraísos fiscais como as Bahamas, Hong Kong e o já famoso Panamá. Num tempo de crise, saiu riqueza do nosso país o equivalente a mais de 15% do nosso PIB de um ano. Trata-se de um valor superior ao volume total de fundos comunitários (cerca de 26 mil milhões) que Portugal receberá no período 2014-2020.

OBSERVADORES DA UE ÀS PRESIDENCIAIS TIMORENSES COMEÇAM A SER DISTRIBUÍDOS PELO PAÍS



Díli, 24 fev (Lusa) - Uma equipa de 16 observadores da União Europeia começou hoje a instalar-se em oito municípios de Timor-Leste, de onde acompanharão nos próximos meses e a convite do Governo timorense, as eleições presidenciais e legislativas do país.

A este grupo de 16 observadores de vários países junta-se uma equipa de sete especialistas eleitorais - liderados pela chefe da missão, a eurodeputada basca Izaskun Bilbao Barandica - que estão em Díli a acompanhar vários aspetos de todo o processo eleitoral.

Barandica explicou hoje na primeira conferência de imprensa da missão que a este grupo de 23 se juntam sete eurodeputados - que chegarão em data mais próxima do voto presidencial de 20 de março - e alguns dos diplomatas europeus acreditados em Díli.

Depois, para as eleições legislativas (previstas para o inicio de julho) deverão chegar a Timor-Leste mais 10 observadores, elevando para cerca de 50 o número de especialistas e observadores destacados para os dois processos eleitorais.

No encontro com os jornalistas Barandica considerou o facto de a UE ter estado presente em praticamente todos os processos eleitorais timorenses desde 1999 como "um sinal do empenho da UE em apoiar o desenvolvimento democrático de Timor-Leste".

Timor-Leste: Julgamento de portugueses retidos em Díli há mais de dois anos começa na terça-feira



Díli, 25 fev (Lusa) - O julgamento de um casal de cidadãos portugueses que está retido em Timor-Leste há dois anos, acusados de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental, começa na terça-feira no Tribunal Distrital de Díli.

Já com duas sessões marcadas - a seguinte será a 14 de março - o julgamento de Tiago e Fong Fong Guerra deverá começar, numa primeira fase, por ouvir três testemunhas chamadas pelo Ministério Público.

São elas Mónica Rangel diretora geral desde 2013 da Direção Geral de Impostos e à data dos acontecimentos a que se refere o caso a diretora nacional de impostos petrolíferos, e o seu responsável direito, Câncio Oliveira, comissário da Direção Geral de Impostos e diretor da Alfandega.

Foi igualmente adicionado ao rol de testemunhas da acusação o então vice-ministro das Finanças, Rui Hanjam, num julgamento em que o coletivo de juízes será presidido pela juíza Jacinta da Costa.

A defesa tem previsto apresentar até um total de 12 testemunhas num caso cujo arranque deverá ser acompanhado por diplomatas acreditados em Díli, representantes de várias instituições, incluindo Nações Unidas e Banco Mundial, e de organizações da sociedade civil timorense.

Tiago Guerra, que recusou tecer mais comentários para já, mostrou-se no início do ano - quando a data do arranque do julgamento foi marcada - satisfeito por poder começar a ver o desfecho de um processo que se arrasta há quase dois anos e meio.

AUSTRÁLIA COMETE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE?



Tribunal acusa ou arquiva?  Terá o Tribunal Penal Internacional (TPI na sigla portuguesa ou CCI no acrónimo anglo-saxónico) a coragem e a independência para acusar os governantes australianos de crime contra a Humanidade pela política criminosa que têm seguido nos últimos anos em relação a emigrantes e refugiados?

Jorge Fonseca de Almeida – Jornal Tornado, opinião

A acusação apresentada este mês pela GLAN (Global Legal Action Network), uma organização não-governamental sediada em Londres, vem desvendar o horror e o calvário em que se transformam as vidas de emigrantes e refugiados que procuram a Austrália como país de acolhimento.

A Austrália criou e mantém em funcionamento campos de concentração onde a crueldade, a falta de cuidados e os abusos são sistemáticos. Contudo os governantes australianos, para escapar ao escrutínio interno do seu povo, não implantaram os campos de detenção directamente no seu território mas em ilhas offshore e entregando a gestão do campo a empresas privadas.

Um dos mais infames deste campos de concentração localiza-se em Nauru, uma pequena ilha independente de 21 km2 e de menos de 15 mil habitantes. A Austrália fornece ajuda económica ao Nauru em troca do estabelecimento deste centro prisional, gerido pela Broadspectrum uma grande empresa privada australiana comprada recentemente (2016) pela multinacional espanhola Ferrovial e financiado pelo Departamento de imigração e Fronteiras australiano.

Ao longo dos anos as condições desumanas têm levado a múltiplos protestos dos presos, o que levou o governo australiano a encerrar o campo em 2007. No entanto reabriu em 2012 sem que as condições tenham melhorado. Em Julho de 2013 uma enorme revolta sacudiu o centro e levou à fuga de 200 detidos.

Outro destes centros de detenção offshore australianos é o de Manus localizado na ilha de Los Negros pertencente à Papua Nova Guiné e também gerido pela Broadspectrum/Ferrovial. Aqui morreu, de uma simples ferida que infetou e não foi tratada, em 2014 Hamid Kehazaei um iraniano que procurava exilar-se na Austrália.

Segundo a Stanford International Human Rights Clinic e outros observadores internacionais nestas prisões os espancamentos, a tortura e os abusos sexuais e as violações de adultos e crianças são comuns, vivendo os detidos num regime de terror. Muitas pessoas morreram já em virtude das condições de detenção.

Recentemente foi conhecido o caso de um emigrante que morreu depois de num curto espaço de dois meses ter pedido assistência médica, sempre recusada, 13 vezes!! Noutro caso um refugiado de 70 anos que foi preso num Hospital, onde estava a receber tratamento relativo a complicações cardíacas, e levado para o campo de Manus onde esperou vinte dias por um médico acabando por morrer sem assistência.

Actualmente, permanecem ilegalmente detidas nestes dois campos mais de 1.200 pessoas, sem culpa formada e sem poderem regressar aos seus países de origem ou entrar na Austrália. As tentativas de suicídio devido aos maus tratos constituem, segundo os médicos especialistas, uma epidemia.

A GLAN na queixa entregue no TPI afirma que “existem bases razoáveis para crer que funcionários públicos e empregados de empresas privadas possam ter cometido e continuem a cometer crimes contra a humanidade de prisão ilegal, tortura, deportação, perseguição e outros actos desumanos. Estes crimes estão no cerne da política de detenção australiana para emigrantes e constituem um ataque generalizado e sistemático contra uma população civil na acepção do Artigo 7º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional”.

O TPI tem sucessivamente sido acusado de ser um Tribunal parcial, que tem levado a julgamento ditadores africanos, mas que nunca levou à barra os países desenvolvidos mesmo quando estes cometem as maiores atrocidades. Este caso é um excelente teste para aferir a independência do TPI.

- em Timor Agora


MOÇAMBIQUE PROMETE AJUDAR NA LUTA PELA AUTODETERMINAÇÃO DO SAARA OCIDENTAL



Presidente da República Árabe Saarauí Democrática recebeu o apoio de Maputo no diferendo com Marrocos. Joaquim Chissano será o enviado especial da União Africana para a resolução do conflito.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reiterou esta quarta-feira (22.02), em Maputo, o total apoio do país a todas as iniciativas internacionais na luta do povo saarauí à autodeterminação. Uma promessa deixada durante a visita do Presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, a Moçambique, que terminou esta quinta-feira (23.02).

Um diferendo opõe a República Saarauí a Marrocos, com este país a reivindicar a autonomia do território sob a sua soberania. As autoridades saarauís rejeitam esta reivindicação e exigem a autodeterminação do território.

UA como plataforma de conciliação

A RASD é membro de pleno direito da União Africana (UA) desde 1984, facto que levou, na altura, Marrocos a abandonar a organização pan-africana. O país foi readmitido no passado mês de janeiro.

Esta readmissão é encarada por Filipe Nyusi como a criação de condições de uma plataforma de oportunidades necessárias para conciliar as posições das duas partes. o Presidente defende que a União Africana deverá facilitar a abertura de vias para negociações abertas e francas no quadro dos princípios da intangibilidade das fronteiras e boa vizinhança que caracteriza a interação no seio da organização.

"O Governo de Moçambique continuará a apoiar os esforços tendentes a aproximação das partes e o alcance de uma solução sustentável e duradoura no quadro da União Africana e da Organização das Nações Unidas”, defende.

Do lado da RASD, Brahim Ghali afirma que "o povo saarauí irá continuar a resistir até a vitória, até que África esteja totalmente independente”.

"Somos e seremos a última colónia em África”, entende.

Readmissão sem consenso

A readmissão de Marrocos na União Africana tem dividido os países africanos. O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, defende sinceridade dos que apoiaram a decisão.

"O nosso desejo ardente é que haja boa-fé por parte dos que defenderam a entrada de Marrocos a todo o custo, argumentando que seria a forma do problema do Saara Ocidental ser debatido dentro da família, respeitando os princípios da União Africana”, nota.

Já o homólogo saaraui, Muhamed Salek, espera que Marrocos mantenha e honre os compromissos que assumiu, aceitando, sem condições e sem reservas, a ata constitutiva da União Africana.

Chissano o enviado da UA

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da RASD revelou ainda que Joaquim Chissano, antigo Presidente moçambicano, será o enviado especial da União Africana para a resolução do diferendo entre a RASD e Marrocos. Um nome que agrada a Salek.

"O Presidente [Joaquim] Chissano e todos os diplomatas moçambicanos têm trabalhado para que haja paz em Madagáscar, nas Comores e em muitos países e Moçambique, na sede da ONU e da União Africana, tem trabalhado sempre nas operações de manutenção da paz e contribuiu positivamente”, refere.

A visita do Presidente da República Árabe Saarauí Democrática, Brahim Gahli, a Moçambique culminou com a assinatura de um memorando de cooperação sobre consultas políticas entre os dois países.

Leonel Matias (Maputo) – Deutsche Welle

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