terça-feira, 18 de junho de 2019

Brasil | O BNDES e o risco de extinção


Durante as primeiras horas do fim de semana passado, a maior parte dos analistas políticos e os próprios atores da cena política pareciam bastante preocupados em decifrar o “modus operandi” do governo Bolsonaro.

Paulo Kliass*, Berlim | Correio do Brasil | opinião

Afinal, não era prá menos! Ao longo de poucos dias, o capitão havia exonerado 3 generais que ele mesmo tinha nomeado para cargos estratégicos no primeiro escalão da Esplanada.

Foram afastados o Ministro da Secretaria de Governo General Carlos Alberto dos Santos Cruz, o Presidente da FUNAI General Franklimberg Freitas e o Presidente da Empresa de Correios General Juarez de Paula Cunha. Para cada ato de demissão foram apresentados argumentos relativos a algum tipo de incompatibilidade com a orientação geral emanada do Palácio do Planalto.

Santos Cruz não estaria disposto a atender às demandas do círculo mais próximo aos filhos de Bolsonaro e do autoproclamado guru Olavo de Carvalho. No caso da FUNAI, o problema estaria na pressão dos ruralistas, que não confiavam na disposição do general em atender às suas demandas nas disputas com as nações indígenas. O general Juarez teria sido demitido da ECT por suas declarações públicas contrárias à privatização da empresa pertencente à União.

No entanto, o que pouca gente imaginava é que o chefe do governo iria ampliar ainda mais o grau de descontentamento com relação ao seu modo de organizar a tropa e operar mudanças. Pois no sábado pela manhã, em um conversa rápida com jornalistas, ele praticamente demitiu o Presidente do BNDES, por meio de um recado ríspido direcionado a Joaquim Levy. A surpresa vem daqueles que avaliam as dificuldades enfrentadas pelo governo e da necessidade de ampliar o seu suporte político no seio dos representantes do sistema financeiro.

A China não é um inimigo


David Chan* | opinião

Depois de os Estados Unidos terem posto um fim às tréguas da atual guerra ao anunciarem a imposição de tarifas sobre produtos importados, a 11º sessão de diálogo entre os dois países terminou sem qualquer sucesso. E, no passado dia 1 de junho, a China decidiu também impor tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos como resposta, deixando a situação entre os dois países num estado ainda mais extremo. Esta mudança na relação tem gerado graves consequências, primeiramente a nível económico. É cada vez mais evidente o nível de alto risco e imprevisibilidade que os mercados de capital carregam. É por isso também interessante ler um recente artigo publicado pela CNN com o título "A China não é a raiz dos nossos problemas financeiros, mas sim a ganância empresarial". E essa é a verdade, a China não é nenhum inimigo, é apenas um país que, através da educação, comércio internacional, investimento em infraestruturas e tecnologias, está a tentar melhorar a qualidade de vida da população. Está a fazer o que qualquer outro país com historial de pobreza, ou que já esteve um pouco atrás de outras potências, faria. Porém estas tentativas de impedir o desenvolvimento da China, executadas pelo Governo de Trump poderão ser desastrosas para os EUA e para o resto do mundo.

Etiópia: a eterna marcha da humanidade


Desde Lucy, homo sapiens caminha da África ao mundo. Agora, é a desigualdade que expulsa populações, vítimas da barbárie colonial, em uma caminhada por outro futuro. Hipócrita Europa reconhecerá responsabilidade pelas migrações?

Fernando Ayala | Outras Palavras | Tradução: Simone Paz e Gabriela Leite

Há 3,2 milhões de anos, Lucy, o primeiro de nossos antepassados do qual temos conhecimento, nascia de uma mãe primata, se diferenciando dela graças à evolução de seus genes. Isto lhe permitiu se erguer sobre dois pés e começar a caminhar pela África, em Hadar, Vale de Awash, a 159 quilómetros de Adis Abeba, na atual Etiópia. Todos nós descendemos de Lucy — inclusive os escravocratas, colonialistas e supremacistas brancos de hoje e de antigamente. Seus restos, encontrados em 1974 pelo paleoantropólogo estadunidense Donald Johansson, são preservados no museu de Adis Abeba, onde tive a oportunidade de conhecer os parentes desta Australophitecus afarensis. Os descendentes de Lucy saíram caminhando, atravessaram continentes, e seus genes evoluíram até virar o que é nossa espécie hoje em dia: o homo sapiens ou “homem sábio”; tão “sábio” que, inclusive, temos a capacidade de eliminar toda a espécie humana e parecemos travar uma luta frenética para destruir o planeta.

Essa história da evolução do ser humano poderia ser muito mais bonita se as diferenças entre os descendentes de Lucy fossem menores. Enquanto hoje, no mundo desenvolvido, são poucos os que precisam caminhar, na maior parte da África, os seres humanos continuam a caminhar enormes distâncias, carregando a água e os cereais nas costas, principalmente por causa da pobreza — fato que encontra explicação na história deste continente subjugado e explorado por poderes coloniais, somado às guerras, aos conflitos étnicos, lutas religiosas, falta de institucionalidade, fragilidade dos sistemas políticos e, ainda por cima, às mudanças climáticas.

Guiné-Bissau | Eleições presidenciais marcadas para 24 de novembro


Presidente da Guiné-Bissau, José Mário vaz, marcou esta terça-feira (18.06.) as eleições presidenciais para 24 de novembro, segundo um decreto presidencial distribuído à imprensa

"É fixada a data de 24 de novembro de 2019 para a realização de eleições presidenciais", refere o decreto. 

A decisão do chefe de Estado guineense foi tomada imediatamente depois de ter ouvido durante o dia de hoje os 49 partidos, com e sem assento parlamentar, a Comissão Nacional de Eleições e o Governo. 

José Mário Vaz termina no domingo (23.06.) o seu mandato de cinco anos.

Antes, a Comissão Nacional de Eleições guineense tinha proposto que as eleições presidenciais se realizassem  a 03 de novembro e que a segunda volta, caso haja necessidade, se realizasse a 08 de dezembro.

Angola | Manifestantes detidos na Lunda sul vão a julgamento


Activistas da Lunda Sul detidos à 17 Novembro de 2018, em consequências das manifestações convocadas pelo movimento protectorado Lunda Tchokwe, vão terça-feira, 18, a julgamento no tribunal provincial de Saurimo.

A informação foi prestada á VOA pelo Presidente do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, José Mateus “Zecamutchima” que pede dialogo com as autoridades governamentais sobre o problema Lunda Tchokwe.

Salvador Freire dos Santos Presidente da Associação Mãos Livres disse que tem tudo preparado para defender os activistas. O presidente da Associação Mãos livres considera ser injusto prender cidadãos que se manifestam ao abrigo da Lei.

Angola | Uma ausência que provocou lágrimas?


Emérito manda lixar seus camaradas "deixem-me gozar e morrer em paz" Já tenho a minha parte do roubo

Fernando Vumby* | opinião

Essa ausência de JES no congresso deles no fundo até foi uma lição bem dada ao JLO, aos seus lambedores de ontem e hoje ou não pouco importa nesta crónica. Não custa reconhecer que este homem é mesmo (bwé) e não foi por á caso que alguns chegaram a lhe considerar.

E ver como se fosse o mensageiro de Deus na terra ao ponto que lhe lambiam desde os pés até a cabeça. Cuidado (bwé) entre aspas sim, porque na verdade não é o termo certo, verdadeiro e vindo do meu coração para qualificar um homem.

Como este que fez de Angola e dos angolanos todos juntos de uma só vez gato sapato durante quase 40 anos sem que nada contra ele acontecesse.

Antes pelo contrário, de abuso ainda por cima acabou agraciado com uma medalha emérita fabricada exclusivamente para ele, o que deixa ainda e cada vez os angolanos mais perplexos e boca aberta.

STM de Angola coloca ex-chefe do Serviço de Inteligência (SISM) em prisão domiciliar


O Supremo Tribunal Militar (STM) angolano aplicou, esta segunda-feira (17), a medida de coação pessoal de prisão domiciliar ao ex-chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general António José Maria.

O general José Maria deverá aguardar nesta condição os ulteriores trâmites do processo.
Uma nota do Supremo Tribunal Militar (STM), divulgada nesta segunda-feira (17), refere que José Maria é indiciado como autor do extravio de documentos, aparelhos ou objetos com informações de carácter militar e insubordinação.

De acordo com a nota do STM,  o antigo chefe do SISM incorre em ilícitos previstos e puníveis nos termos dos artigos 42 número 01 e 17 número 01, ambos da Lei 04/94, de 28 de Janeiro (Lei dos Crimes Militares).  A agência estatal Angop não detalha as acusações contra o militar, que serviu o governo do ex-presidente da República José Eduardo dos Santos

África 21 Digital com Angop |  Foto: António Escrivão

São Tomé | Ex-mercenário afirma que Trovoada financiou golpe de Estado de 2003


Ex-mercenário Peter Lopes afirmou na CPI que o ex-Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, foi alvo de tentativa de eliminação física por duas vezes em 2003 e 2016 .

O ex-mercenário Peter Plácido Lopes, autor da denúncia em 2017 de que ex-primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, é o financiador do golpe de Estado de 2003, voltou a confirmar esta segunda-feira (17.06.) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) as suas afirmações.

Peter Lopes disse ainda que o ex-Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, foi alvo de tentativa de eliminação física por duas vezes.

A Comissão Parlamentar de Inquérito ao golpe de Estado de 2003 em São Tomé e Príncipe retomou esta segunda-feira as audições depois de na semana passada ter auscultado o ex-chefe de Estado Fradique de Menezes, o antigo ministro da Defesa e Ordem Interna Óscar Sousa, e o ex-mercenário, do extinto batalhão Búfalo, Arlécio Costa, chefe dos golpistas.

Em declarações prestadas à CPI, Peter Lopes disse que "estou aqui para dizer ao povo de São Tomé e Príncipe que o cidadão Patrice Trovoada, deu-nos ordens para matar Pinto da Costa, Fradique de Menezes, e Óscar de Sousa. Esses três líderes sabem que é perfeitamente verdade”.

Guiné-Bissau | PAIGC já recebeu carta para indicar nome ao cargo de primeiro-ministro


O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) recebeu hoje  (17.06) a carta do Presidente da Guiné-Bissau para indicar o nome do seu candidato ao cargo de primeiro-ministro, anunciou o partido nas suas redes sociais.

"Na minha qualidade de Presidente da República e no exercício das atribuições que me são conferidas pela Constituição da República, sirvo-me da presente para convidar o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde a indicar o nome do seu candidato ao cargo de primeiro-ministro, por ter sido o partido político que obteve maior número de mandatos na Assembleia Nacional Popular e ainda em resultado das audições aos partidos políticos com assento parlamentar, que tiveram lugar no dia 14 de junho de 2019, na Presidência da República", lê-se na carta, publicada pelo PAIGC na sua página do Facebook.

O PAIGC venceu as eleições legislativas de 10 de março, mas sem maioria, tendo obtido apenas 47 dos 102 deputados do parlamento, o que levou o partido a fazer um acordo de incidência parlamentar e governativa com mais três formações política com assento parlamentar para conseguir 54 deputados, nomeadamente Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), União para a Mudança e Partido da Nova Democracia.

Em declarações aos jornalistas hoje (17.06), no final de uma audiência com o chefe de Estado, José Mário Vaz, o embaixador dos Estados Unidos para a Guiné-Bissau, Tulinanbo Musingi, afirmou que o Presidente lhe tinha prometido enviar hoje (17.06) a carta ao PAIGC para indicar o nome do primeiro-ministro.

PR da Guiné-Bissau ouve partidos políticos sobre data das presidenciais


O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, vai ouvir terça-feira os partidos políticos do país, a Comissão Nacional de Eleições e a Assembleia Nacional Popular no âmbito das consultas para a marcação das eleições presidenciais.

A informação consta de uma nota da agenda do Presidente guineense para terça-feira, divulgada hoje (17.06).

José Mário Vaz cumpre domingo cinco anos de mandato como Presidente guineense.

Ao todo, o chefe de Estado vai ouvir 49 partidos políticos com e sem assento parlamentar, devendo as audiências, de cinco minutos cada, ter início às 10:00 locais (11:00 em Lisboa).

Num cronograma enviado à Lusa em maio, a Comissão Nacional de Eleições guineense propõe que as eleições presidenciais se realizem a 03 de novembro e que a segunda volta, caso haja necessidade, se realize a 08 de dezembro.

Cabo Verde | Matilhas de cães já dizimaram gado, quando atacarão crianças e adultos?


O excesso de cães de rua em Cabo Verde, mais numas ilhas que noutras, tem vindo a constituir um problema para as populações, mas não só.

A agressividade dos animais tem aumentado. Matilhas rodeiam as pessoas ladrando (ainda não existe conhecimento de ataques a humanos que mereçam notoriedade). Em alguns locais e ilhas o desassossego é enorme durante a noite, privando populações de dormir convenientemente, descansando devidamente para enfrentar a seguir mais um dia de trabalho.

Mais grave já aconteceu na ilha de Maio. Em conformidade com o noticiado em A Semana matilhas de cães atacaram e mataram gado. Como reportam em artigo de 22 de Abril de 2018 – que passamos a publicar a seguir.

Não sabemos se a situação foi resolvida a contento da defesa da população de Maio. Em pesquisa rápida não encontrámos a resposta. Sabe-se agora do eco relativo ao abate de caninos na Praia, um ano volvido do que aconteceu no Maio. Existem as pessoas que são contra e aquelas que são a favor do abate dos imensos animais que pululam pelas ruas e campos, vadiando. O que não deve ser esquecido é que matilhas de cães sem controlo também podem atacar humanos, principalmente as crianças. À semelhança de como já aconteceu a gado, no ano passado, na ilha de Maio. A imagem é elucidativa. 

Veja a edição já referida de A Semana, atente na imagem. (PG)

Cabo Verde | Campanha sobre abate de cães são "inverdades com contornos políticos"


António Lopes da Silva, vereador com o pelouro do ambiente na Câmara Municipal da Praia, diz que a recente polémica do abate de cães de rua tem contornos políticos e cujo objectivo é "denegrir imagem do presidente da Câmara e dos funcionários".

O vereador com o pelouro do ambiente na Câmara Municipal da Praia, António Lopes da Silva criticou, hoje, o que diz ser uma campanha contra a autarquia por causa do abate de cães de rua.

Segundo o autarca esta é uma "campanha de inverdades" que tem "contornos políticos claros" e cujo objectivo é "denegrir a imagem do presidente da Câmara e dos seus funcionários". "Estamos próximos das eleições", reforçou dizendo ainda que se "sabe bem quem está ligado a esta campanha".

A polémica foi criada pela denuncia feita pelo Movimento Civil Comunidades Responsáveis sobre a forma como a autarquia recolhe e abate os cães de rua que vivem na cidade da Praia. Um método que o Movimento considera tortuoso e cruel e que implica a electrocussão dos animais, mas que a autarquia diz ser aprovado pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Presidente de Cabo Verde preocupado com crianças desaparecidas


O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, manifestou, na cidade da Praia, a sua preocupação pelo desaparecimento de crianças no país, qualificando de “inquietante” a ausência de respostas por parte das autoridades perante a situação.

Por ocasião do Dia da Criança Africana, assinalado domingo (16), Fonseca elencou a falta de respostas aos casos de crianças desaparecidas em Cabo Verde entre os “muitos problemas e desafios” que, na sua opinião, persistem no país e “merecem a atenção especial das autoridades, dos diversos agentes socio-comunitários e das famílias”.

Para o chefe do Estado cabo-verdiano, embora, as crianças ainda não tenham enfrentado situações de emergência humanitária, sejam legalmente protegidas por um conjunto de leis internacionais e nacionais e de políticas e programas de proteção dos seus direitos que lhes permite o acesso aos serviços básicos para o seu desenvolvimento integral, nomeadamente a nível da saúde, da educação e da proteção social, persistem muitos problemas e desafios que merecem a atenção especial das autoridades e todos os intervenientes.

“Continua-se a verificar diversos casos de abuso e exploração sexual, com problemas ainda a nível da protecção das crianças. E a este nível é da devida e necessária justiça para a adequada correcção destas situações e do tratamento das vítimas e dos agressores”, lê-se na mensagem do chefe do Estado cabo-verdiano.

Portugal | Tancos: Ainda existe material de guerra roubado que continua à solta


Concluiu-se só agora que do material de guerra "desaparecido" em junho de 2017 de Tancos há a registar a falta de 80 lança granadas, granadas e cargas explosivas. Esse material anda por aí (?), à solta. Afinal, a negociata acabou por dar algum lucro, não sabemos a quem. 

Certo é que o CDS/PP se colou (bem) à evidência e exige que o relatório seja alterado e nele conste o que corresponde à realidade agora conhecida. Sim, porque é muito provável que aquilo que veio e vem a público e de conhecimento dos portugueses não seja toda a verdade. Aliás, para justificar tal sentimento e afirmação basta recordar "os rabos de palha" que algumas vezes são manchetes a descobrir que a transparência de muitos casos não existiu e que revelações tardias comprovam que afinal faltaram à verdade por omissão de todos os factos ocorridos. Depois, inocentemente (hipocritamente), vêm dizer que se enganaram, que não sabiam, que não se lembram (a desculpa de amnésia é muito usada)... E tudo fica na mesma depois de algum sururu. A impunidade é o que assiste aos responsáveis de irregularidades ou até crimes, a não ser que não possuam rótulo de gentes das elites, ou devemos dizer criminosos recheados e a usufruir de legalidade?

Neste caso de Tancos, como em tantos outros, o resultado está e vai continuar a estar envolto numa nebulosa que ditará que se cumpra (talvez) a verdade do que acontece por sistema ao marisco plebeu: "quando o mar bate nas rochas quem se lixa é o mexilhão". 

O CDS quer alterar o nebuloso relatório existente. Muito bem. Mas o que é que isso contribui para que os responsáveis da mais que evidente "negociata" armamentista sejam justamente punidos e condenados? Desde o inicio da trama não existirão justos a pagar pelos pecadores? Desde o inicio da trama meio-descoberta não estarão a esperar que as areias do tempo remetam o ocorrido e a revelação da verdade para as calendas gregas? Dois anos passados e continuamos nisto, à espera? 

Do Notícias ao Minuto leia a seguir. (MM // PG)

Portugal | Pode alguém ser quem não é?


Jorge Rocha* | opinião

É claro que não dei um cêntimo, ou um segundo do meu tempo, para as ditas comemorações do 10 de junho, data definitivamente conotada com o que dela fez o fascismo. E se, a posteriori, venho gastar algumas palavras é por as ver comentadas por amigos facebookianos, que terão passado pelo transe de ouvirem os bacocos discursos de Marcelo ou o do seu escolhido para a ocasião, obviamente carregado do bafio, que lhe varre o pensamento. Fica, pois, a compadecida simpatia por quem se dispôs a tal sacrifício, imbuído do sentido cívico de no-lo vir reportar.

No fundo, e a acreditar em tais testemunhos, tudo se ajustou: o filho de Baltasar (e afilhado de quem lhe deu o nome próprio) considerou que, para suceder a grandes intelectuais anteriormente comprometidos no esforço de desfascizar o evento, era altura de lhe dar a coloratura de tempos idos, quando se fazia anunciar como Dia da Raça ao som de estrondosas trombetadas.

Uma vez mais Marcelo confirma a impossibilidade de deixar de ser quem é: pode-se vestir hábito mais modernaço, ao jeito democrático da moda Primavera/Verão, mas esse passado sempre se impõe como tronco maior da sua personalidade. Resultado: sessenta anos depois o velho Marcelo não consegue dissociar-se do tempo  em que, petiz, acompanhava o papá às cerimónias organizadas para contentar o ditador de Santa Comba Dão e se deixava por ele acarinhar.

Portugal | Tavares versus Oliveira


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

A propósito do Dia de Portugal, na opinião publicada, ninguém ficou indiferente ao discurso de João Miguel Tavares (JMT). Eu próprio escrevi sobre o assunto na última crónica no JN, enaltecendo o facto de JMT ter posto o dedo na ferida. Houve unanimidade no diagnóstico, discordâncias no propósito e guerra aberta quanto ao facto de Portugal ter de ter um desígnio para o futuro.

Durou uma semana, nada mau! Como sempre acontece, a opinião publicada gosta mais de séries do que de filmes. Rende mais e isso, para quem ganha a vida a tentar ver antes dos outros, faz toda a diferença. JMT no 10 de Junho foi um filme, de Bollywood para uns e Hollywood para outros, mas a série viciante do momento é "A Caixa" e a temporada em que se discute o assalto ao BCP. Esta é a novela, aliás, que mais convém a quem detém o poder. Os que lá estão são tão responsáveis como o que lá estiveram, só é preciso gerir a perceção da opinião pública para que nunca pareça que o PS tem mais culpas que o PSD e vice-versa. Se os "criminosos" foram vistos ora de laranja, ora de rosa, é certo que a narrativa tem de apontar a culpa para os reguladores, mesmo que também estes sejam ora laranja, ora rosa.

Portugal | Eduardo Sá tem a certeza: “A escola rouba a infância às crianças”


A escola é um novo tipo de trabalho infantil, que não deixa as crianças brincar. Palavras do psicólogo de Coimbra nos Caminhos de Leitura, em Pombal

A democratização da escola permitiu que as crianças voltassem a ser crianças e fossem arrancadas ao trabalho infantil, recordou o psicólogo e professor Eduardo Sá numa das últimas sessões da XVII edição dos Caminhos de Leitura, em Pombal, neste sábado. Mas depois, algo se passou. “Aquilo que me choca é que as crianças do século XXI começam a trabalhar às oito da manhã e terminam o trabalho às oito horas da noite”, constata perante uma plateia essencialmente feminina e sobretudo composta por professoras e educadoras.

A apresentá-lo esteve Dora Batalim, coordenadora da pós-graduação em Livro Infantil da Universidade Católica Portuguesa, que o fez ficar “embaraçado” com os elogios prévios à conferência.

No entender do psicólogo, retirámos as crianças do trabalho para lhes devolver a infância e “empanturrámo-las com escola”. Ou seja, “transformámos a escola numa espécie de trabalho infantil e agora não temos crianças que o sejam quando devem ser”.

Por isso, o psicólogo sugere que se transforme “o brincar” em Património Imaterial da Humanidade. E declara: “A escola está a roubar a infância às crianças. A leviandade com que isto se faz é inacreditável. Da parte dos pais, com a melhor das intenções, e da escola, que vive numa distracção sem fim”, seguindo o modelo do século XIX, mas com datashow.

“Tenho medo de que a escola não conheça as crianças”, disse, esperando que consiga “voltar a ser amiga” delas. Disse ainda: “Nunca ouvi falar tanto das crianças e nunca vi que se espatifasse tanto a infância.”

Trump pensa que o petróleo dos EUA é a sua força – mas é o seu calcanhar de Aquiles


Tom Luongo [*]

As manchetes são abundantes sobre o aumento maciço na produção de petróleo de xisto (shale oil) nos EUA. Os sabichões que louvam a independência energética [dos EUA] consideram isso como uma grande vitória. Dentre eles inclui-se o presidente Trump. 

Isto seria assim se esse aumento na produção fosse construído sobre um terreno financeiramente estável. Mas não é o caso. A indústria da fracturação [hidráulica] (fracking) continua a sangrar enormes montantes de dinheiro. Como apontei num artigo anterior desta semana , ao explicar esta verdade inconveniente, em grande medida o retorno dos EUA à dominância na área da energia é um bocado de ar quente.

O artigo de Nick Cunningham no Oilprice.com conta a história.

A partir de 2019, a indústria prometeu maior vigilância no que se refere à disciplina de capital e ao retorno aos accionistas. Mas essa promessa agora está em perigo de se tornar mais um numa longa lista de objectivos não cumpridos.

"Mais um trimestre, mais um jorro de tinta vermelha", escreveu o Institute for Energy Economics and Financial Analysis, juntamente com o Sightline Institut, num relatório conjunto acerca dos ganhos no primeiro trimestre da indústria do xisto. 

UE recusa alinhar com Washington e pede inquérito a ataques a petroleiros


Os Estados-membros da União Europeia (UE) mostraram-se prudentes na atribuição de responsabilidades nos ataques contra petroleiros ocorridos na semana passada no Golfo de Omã, recusando-se a alinhar com Washington e Londres, que culpam o Irão.

"Tal decisão deve ser tomada com a máxima atenção. Conheço a análise feita pelos serviços de informação norte-americanos e britânicos, mas ainda não decidimos sobre aquilo que nos diz respeito. Devemos ser muito prudentes e recolher mais informações", disse o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, à chegada à reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros da UE, a decorrer hoje no Luxemburgo.

"É essencial ter todas as provas" antes de tirar conclusões, afirmou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Pekka Haavisto.

A reunião dos chefes da diplomacia dos 28 Estados-membros do bloco comunitário foi marcada pela ausência dos ministros de França (Jean-Yves Le Drian), do Reino Unido (Jeremy Hunt) e da Bélgica (Didier Reynders).

Mais de 13 milhões de crianças afetadas pela pobreza nos EUA


Mais de 13 milhões de crianças são afetadas pela pobreza nos Estados Unidos da América, uma taxa de 18% que permanece inalterada desde 1990, segundo um estudo da fundação Annie E. Casey hoje divulgado.

Este índice permanece inalterado, mas em 1990 havia pouco mais de 64 milhões de crianças menores de 18 anos no país, em comparação com os 73 milhões hoje, ou seja, houve um aumento de 15% na população infantil, indica o estudo.

Isso significa que, enquanto há 30 anos a pobreza atingia 11,5 milhões de crianças, esse número agora chega aos 13,5 milhões.

Segundo o estudo, um dos principiais fatores que causa o aumento de crianças pobres é o custo das habitações, o que obriga um "crescente número de famílias a residir em zonas marcadas pela pobreza".

Mais lidas da semana