O Fundo de Resolução da banca vai
dar este ano, mais uma vez, cerca de mil milhões de euros ao Novo Banco?
As empresas portuguesas que mais
faturam e mais lucros obtêm, e que fazem parte do PSI 20, o índice de topo da
bolsa nacional, podem manter as suas sedes fiscais em países estrangeiros para
não pagar impostos em Portugal?
A Brisa e as outras
concessionárias das autoestradas portuguesas vão mesmo receber milhões de euros
de indemnização pela falta de circulação de automóveis?
Alguém vai construir um aeroporto
no Montijo?
Uma empresa que coloque uma parte
dos trabalhadores no novo lay-off simplificado pode, livremente, despedir os
restantes trabalhadores?
Os trabalhadores sem contrato, os
milhões que vivem do recibo verde, vão mesmo ficar desprotegidos e sem medidas
concretas e fáceis de requisitar, que os ajudem a sobreviver nos tempos mais
próximos?
Os médicos do Serviço Nacional de
Saúde, que com os enfermeiros e o pessoal auxiliar dos hospitais, são os nossos
heróis nesta guerra ao novo coronavírus, vão poder continuar a trabalhar para o
Privado e a angariar clientes do Público?
Macau, China, 07 abr 2020 (Lusa)
-- Macau não regista novos casos há dois dias consecutivos, existindo 34
pessoas infetadas com a covid-19 a receberem tratamento, uma delas em estado
grave, e cerca de 1.500 pessoas em quarentena obrigatória, informaram hoje as
autoridades.
Atualmente encontram-se 1.469
pessoas a cumprirem uma quarentena obrigatória de 14 dias em nove hotéis da
cidade (1.208 residentes, 205 trabalhadores não-residentes e 56 turistas),
indicou-se durante a conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de
Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.
Depois de Macau ter estado 40
dias sem identificar qualquer infeção, a partir de meados de março foram
identificados 34 novos casos, todos importados.
Em fevereiro, Macau registou uma
primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar.
Díli, 07 abr 2020 (Lusa) -- O
regresso de timorenses da diáspora, especialmente através da fronteira
terrestre com a Indonésia, e eventuais casos assintomáticos, já no país, são as
maiores situações de risco relacionadas à covid-19 em Timor-Leste.
O porta-voz do Gabinete de Gestão
de Crise da covid-19, Rui Maria de Araújo, explicou à Lusa que o receio do país
vir a ter mais casos da covid-19 são "o regresso de timorenses vivendo na
diáspora e a existência de possíveis casos assintomáticos".
Ainda que os voos comerciais para
Díli estejam atualmente suspensos, centenas de pessoas continuam a chegar à
fronteira terrestre que divide a ilha, com as autoridades a permitirem que
alguns grupos entrem no território.
Quem entra é depois levado para
locais de quarentena criados pelo Governo.
Rui Araújo diz que lidar com esta
questão coloca duas alternativas, ou "suspender a entrada dos timorenses
pela fronteira por um certo período, de forma a habilitar melhor o
sistema" ou "melhorar as condições de confinamento obrigatório e de
exames laboratoriais para os grupos de maior risco".
Há relatos crescentes de
deserções e falta de condições para os soldados no campo das operações contra
os insurgentes na província de Cabo Delgado. O cenário pode ser a machadada
final no debilitado Exército mocambicano?
Os ataques armados na província
nortenha de Cabo Delgado repetem-se, quase sem interregno.
O mais recente relato chega do
bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa: "Hoje, 7 de abril,
recebo notícias da região de Muidumbe de que teria sido atacada uma aldeia de
Tinga e depois [os atacantes] foram para Litingina. [A seguir,] os soldados
foram à procura dos insurgentes. Em duas ou três aldeias, houve um
tiroteio muito forte."
As ações dos insurgentes
continuam a pôr a vida da população de pernas para o ar. De acordo com o bispo,
os "relatos de missionários que estão lá, mas que também estão a sair, é
de que toda a população está a fugir para o mato - o que se vê são pessoas com
trouxas na cabeça, fugindo para o mato. Infelizmente, hoje 7 de abril, está a
acontecer outro ataque de grandes proporções."
Depois do ataque a um estaleiro
na província de Manica, "Junta Militar" ameaça sabotar mais
investimentos nacionais e estrangeiros caso o Governo não resolva os problemas
dos guerrilheiros dissidentes da RENAMO.
O líder da autoproclamada
"Junta Militar" da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Mariano
Nhongo, reivindicou o ataque de segunda-feira (06.04) a um estaleiro
de madeira na província de Manica. Um cidadão tailandês foi morto no ataque
e sete veículos foram incendiados, segundo a polícia.
Mariano Nhongo promete continuar
com os ataques se o Executivo não avançar já com o processo de Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração (DDR), estagnado há meses. Os alvos, segundo o
líder do grupo dissidente, seriam investimentos nacionais e estrangeiros:
"O Governo deve resolver o problema da Resistência Nacional Moçambicana. Sem isso, em Moçambique, há-de haver problemas, irmão, nós aqui não temos
cadeiras, nada, toda a madeira está a ir para a China a fazer o quê? Este país
não é de chineses".
Em declarações à imprensa, ao
telefone, Mariano Nhongo disse que Moçambique não pode continuar pobre
enquanto há muitos recursos naturais a serem explorados por estrangeiros, sem
beneficiar as comunidades locais.
"Todos os empresários
internacionais, alguns estão no mato a explorar pedras, madeira e a mandar para
os países deles, [para a] China. Nós repudiamos isso. Não gostamos dessas
brincadeiras", afirmou o líder da "Junta Militar".
Esta terça-feira, a polícia
confirmou o ataque em Matarara, atribuindo-o a "homens armados da
RENAMO". O caso está a ser investigado, de acordo com o porta-voz do
comando provincial de Manica, Mário Arnança: "A polícia ativou todas
linhas operativas ao seu dispor e estão a desdobrar-se no terreno".
O Presidente angolano remodelou o
Governo e nomeou novos auxiliares. Entre os nomeados está uma jovem de 29 anos
que vai ocupar o cargo de ministra da Cultura. Analistas falam em transição
para equipa de confiança.
O Presidente de Angola, João
Lourenço, divulgou na segunda-feira (06.04) a lista dos novos membros do seu
Executivo, que encolheu
de 28 para 21 ministérios, destacando-se a saída de Manuel Augusto, das
Relações Exteriores, substituído pelo seu secretário de Estado, Tete António.
Fundiram-se os ministérios da
Defesa Nacional com o dos Antigos Combatentes, o da Cultura com o da Hotelaria
e Turismo, das Telecomunicações e Tecnologias de Informação com o Ministério da
Comunicação Social, o da Agricultura com o das Pescas, e o Ministério do
Comércio com o da Indústria. Também se fundiram os ministérios das Obras
Públicas e do Ordenamento do Território.
Da longa lista de exonerações
constam 17 ministros e 24 secretários de Estado, bem como o secretário do
Presidente da República para os Assuntos Políticos, Constitucionais e
Parlamentares e o diretor do Gabinete de Ação Psicológica e Informação da Casa
de Segurança do Presidente da República.
Mas, entre estes, muitos
assumirão as mesmas funções no novo Executivo, enquanto outros terão novas
pastas e outros ascendem no poder governamental.
O número de mortes provocadas
pela covid-19 em África subiu para 487 nas últimas horas num universo de mais
de 10.075 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente
atualização dos dados da pandemia naquele continente.
Segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União
Africana (CDC África), nas últimas 24 horas o número de mortes registadas
subiu de 414 para 487, com as infeções confirmadas a passarem de
9.189 para 10.075.
O CDC África registou
também 913 doentes recuperados após a infeção.
Com o anúncio, na segunda-feira,
do primeiro caso confirmado de infeção pelo novo coronavírus nas
Ilhas Seicheles, são agora 52 os países e territórios de África afetados pela pandemia de covid-19.
O norte de África mantém-se
como a região mais afetada pela doença, com 4.485 casos, 362 mortes e
437 doentes recuperados.
Para a Europa, trata-se hoje de
regressar às origens. Não é só uma questão de solidariedade. É de interesse
próprio
1. Já não é apenas um caso entre
António Costa e Mark Rutte ou o seu ministro das Finanças. Nem apenas um caso
entre os Países Baixos, de um lado, e a Itália e a Espanha, os dois países
europeus mais brutalmente fustigados pela pandemia, do outro. De repente, os
Países Baixos transformaram-se no lugar geométrico da prova de vida a que a
Europa e as suas democracias estão a ser sujeitas neste exacto momento da sua
história. O debate interno ameaça a coligação de governo. A pandemia aproxima o
sistema de saúde da ruptura. Ontem, diante do Parlamento da Haia, Rutte
anunciou a sua intenção de propor aos seus homólogos italiano e espanhol um
“fundo de emergência” para ajudar a cobrir os gastos imediatos dos países mais
afectados pela pandemia. O primeiro-ministro holandês lamentou não ter deixado
clara a sua solidariedade com eles. Voltou a rejeitar a emissão de “coronabonds”.
2. Comecemos pela situação
interna de um país que é um dos seis fundadores da Comunidade Europeia, um dos
seus membros mais ricos e mais influentes, com uma trajectória que acompanha a
da própria União. De país da tolerância e da abertura ao mundo, fortemente
europeísta, os Países Baixos têm vivido nos últimos anos uma profunda e
complexa transformação interna que fez deles um dos precursores da vaga de
populismo nacionalista que varreu a Europa, sobretudo a partir da crise
financeira de 2008-2009.
Começou antes dos outros, com o
malogrado Pin Fortuyn e o seu partido anti-imigrantes, assassinado em 2002;
continuou com Geert Wilders, um dos rostos mais conhecidos da extrema-direita
europeia; tem hoje a sua expressão mais exuberante no jovem académico Thierry
Baudet, que venceu as eleições para a Câmara Alta do Parlamento em Março do ano
passado. A sua bandeira é simples: “Dutch First.” Contra os imigrantes, contra
a Europa, contra o euro, apenas à espera de ver como decorre o “Brexit” para
propor que o seu país siga o mesmo caminho. Alguns analistas justificam a
intransigência muito pouco europeia de Mark Rutte com o receio de perder votos
para a extrema-direita. A fragmentação do espectro político foi outra das
consequências políticas da ascensão dos partidos populistas e nacionalistas um
pouco por toda Europa. Rutte governa o país à frente de uma coligação de quatro
partidos.
Agora, que a maior parte de nós,
em todo o mundo, fomos obrigados a estar naquilo que facilmente pode ser
descrito como prisão domiciliária, de repente temos imenso tempo para ler
livros, assistir a grandes filmes e ouvir música esplêndida.
Muitos de nós andam, há anos, a
repetir tristemente o mesmo: “se eu tivesse tempo…”
Agora temos imenso – imenso
tempo. O mundo parou. Está a acontecer algo horrível; algo que nunca quisemos
que ocorresse. Sentimo-lo, estamos aterrorizados, mas não sabemos exactamente o
que é. Não já, ainda não.
A ficção tornou-se realidade.
Albert Camus e a sua “Peste”. José Saramago e o seu “Ensaio Sobre a Cegueira”.
Não sabíamos que algo do género
podia acontecer; mesmo aqueles entre nós que não têm qualquer confiança na sabedoria
da civilização ocidental.
Ainda hoje, mais uma vez, leio os
mesmos argumentos que me fazem sentir arrepios na espinha sempre que os
repetem. E repetem-nos, de modo frequente agora, pelo menos na Europa. Ali,
nota-se que regressou o fascismo. Citando o Dr. Luboš Motl, físico teórico
checo, professor assistente na Universidade de Harvard entre 2004 e 2007:
“E acreditam que as estruturas
que lhes permitem sobreviver – os governos, os bancos e por aí fora – são
‘maléficas’. Alguns são só analfabetos financeiros. Mas outros estão cientes do
que afirmam e regozijam-se a exigir que se sacrifiquem triliões para evitar
numa proporção infinitésima a probabilidade de que alguém com mais de 90 anos
não seja infectado e viva um pouco mais. Não aceitam de todo quão dependentes
estão da sociedade e do sistema. Não percebem que os seus valores morais, os
seus ‘direitos humanos’, só existem se forem pagos por sociedades prósperas.”
Um doutor… Deus meu! Uma
“sociedade próspera” significa, como é óbvio, uma sociedade capitalista,
ocidental. Imperialismo, neo-colonialismo! Para pessoas como ele, é claro, as
vidas humanas não são todas iguais. O seu ‘valor’ depende da idade, e talvez da
raça?
Sempre foi assim, no Ocidente,
mas pelo menos era, de certa maneira, dissimulado. Agora está à vista. E tremo.
Não de medo, mas de repulsa. Definitivamente não quero viver no “mundo de
Motl”.
Toda pandemia global deve ser
vista no seu contexto político, social e económico. A pandemia do Covid-19 está
a verificar-se num momento em que o capitalismo neoliberal devastou todos os
serviços básicos que são vitais para o bem-estar do povo. A privatização
desnudou ou desmantelou o sistema público de saúde de muitos países; o Estado
abandonou a responsabilidade de prover as necessidades básicas do povo –
alimentação, habitação, educação e transporte público. Em qualquer crise
enfrentada pela sociedade, seja económica ou social, a prioridade da política
de Estado tem sido salvaguardar os interesses do capital financeiro – as
corporações, bancos e bilionários – e não os do povo trabalhador.
A pandemia do coronavírus viu um conjunto de respostas políticas dos governos e
classes dominantes de países que revelam as contradições num sistema neoliberal
exaurido e a reacção instintiva do capitalismo de colocar os lucros antes do
povo.
O imperialismo estado-unidense continua a comportar-se do mesmo modo que antes
– utilizando intimidação e coerção contra países que não aceitam seus ditames.
Ele recusa-se a retirar as sanções contra o Irão quando o país está gravemente
afectado pelo vírus e uma crise de saúde desenvolveu-se ali. O Irão depara-se
com acesso difícil a remédios e equipamento médico devido às sanções ilegais
sobre companhias de terceiros países que têm relações comerciais consigo e à
proibição de comércio e ligações de transporte. No caso da Venezuela, além das
sanções que têm um efeito terrível sobre a economia, a administração Trump
acusou o Presidente Maduro e seus colegas no governo de narco-terrorismo
exactamente em meio à crise do coronavírus. Um prémio de 15 milhões de dólares
foi estabelecido por informação que leve à prisão de Maduro – um convite aberto
ao assassínio do chefe de um Estado soberano. E não só isso: os Estados Unidos
e seus aliados ocidentais foram instrumentais na rejeição do FMI ao pedido da
Venezuela de fundos de emergência para travar a crise do coronavírus.
O próprio presidente Trump liderou a campanha para culpar a China pela epidemia
do coronavírus. Ele denominou-a como um "vírus chinês" e acusou a
China de não informar a tempo acerca da ameaça do vírus. Ele cinicamente quis
utilizar a pandemia para isolar a China e fortalecer sua posição negocial nas
suas batalha económicas e comerciais com a China. É uma outra questão que
depois de ridicularizar a China por bem mais de um mês e meio, enfrentando um
desastre Covid em sua casa, a administração Trump tenha permitido fornecimento
de equipamento médico da China serem importados. O primeiro voo com máscaras,
batas e kits de teste aterrou em Nova York em 29 de Março e mais 21 voos estão
previstos para várias cidades.
Se bem que Trump não possa intimidar a China quanto à pandemia do Covid, o
descarado desdém da administração Trump quanto ao bem-estar de povos fora dos
EUA pode ser visto nos seus esforços para impedir países de aceitarem missões
médicas cubanas para combater o vírus. Os EUA estão a advertir estes países no
Caribe e na América Latina de que as missões cubanas prejudicarão os interesses
dos seus países.
O número diário de novos casos
está em queda há semanas, e, na segunda-feira, ocorreu apenas uma morte.
A China não registou qualquer
morte por Covid-19 nas últimas 24 horas, um acontecimento inédito desde o
início da publicação de estatísticas sobre a epidemia do novo coronavírus, em
janeiro, informaram as autoridades de saúde esta terça-feira., de acordo com a
AFP.
O gigante asiático, onde o novo
coronavírus surgiu no final de 2019, informou o primeiro óbito por Covid-19 a
11 de janeiro. Desde então, a China registou 3331 mortes por causa da pandemia.
O número diário de novos casos
está em queda há semanas, e, na segunda-feira, ocorreu apenas uma morte,
segundo o Ministério da Saúde.
Os novos casos de contágio na
China continental diminuíram a partir de março, mas o país enfrenta uma segunda
onda de infeções, a partir de cidadãos que chegam do estrangeiro, e já há mil
casos, segundo a Comissão Nacional de Saúde.
O ministério confirmou 32 novos
casos importados de contágio esta terça-feira. As autoridades também registaram
30 novos pacientes assintomáticos, elevando o total de infetados no país para
1033.
A maior parte dos casos e dos
óbitos ocorreu em Wuhan, cidade do centro do país onde surgiu a epidemia que já
matou mais de 70 mil pessoas em todo o mundo.
Morreram 743 pessoas devido à
Covid-19, nas últimas 24 horas, em Espanha. É a primeira vez em três dias que o
número de mortos no país regista uma subida.
Esta segunda-feira, o país tinha
anunciado um registo de apenas 637 mortes - o menor número de vítimas mortais
diário desde 24 de março.
Com este crescimento da
mortalidade, o número total de vítimas mortais do novo coronavírus em Espanha
passa agora para 13798.
O Ministério da Saúde espanhol
adianta ainda que das 140510 pessoas que foram infetadas no país, 43208 pessoas
já recuperaram da doença.
Entretanto, a China, país que
registou o primeiro caso do novo coronavírus, anunciou esta manhã que não
registou qualquer morte por Covid-19 nas últimas 24 horas, um acontecimento
inédito desde o início da publicação de estatísticas sobre o surto, em janeiro.
O novo coronavírus, responsável
pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o
mundo, das quais morreram mais de 71 mil.
O que incomoda tanto em Rui Rio
que está sempre a empurrar Marcelo para a oposição ao líder da oposição? Se Rio
não faz é porque não faz, se faz é porque não devia fazer. E se o líder do PSD
diz qualquer coisa que fique nos ouvidos dos portugueses, lá tem o presidente
que aparecer a comentar.
A atração mais recente diz
respeito à Banca. Rio disse no Parlamento que seria "uma vergonha e uma
ingratidão" se os bancos tivessem lucros avultados este ano e no próximo,
recordando que "a Banca deve muito, mesmo muito a todos os
portugueses" e que se "impõe que agora ajude".
Em crise será difícil que tenham
lucros, mas é sempre melhor avisar para não defenderem ao máximo os acionistas,
preocupando-se ao mínimo com os contribuintes. Na sequência, o que se lembrou
Marcelo de comentar? Que era "muito fácil bater nos bancos".
Os tais bancos que nos levaram
milhares de milhões de euros e que, não tivesse chegado a Covid-19, já iam
distribuir milhões aos acionistas, sem que houvesse levantamento de rancho. Ou
seja, é mais fácil Marcelo bater em Rio do que quem quer que seja bater nos
bancos.
A semana passada foi por causa do
governo de salvação nacional. Depois de Rio ter dito que o assunto não se
colocava nesta altura, lá acabou por dizer que esse governo haverá de aparecer
mais à frente, deixando claro que até pode ser este que já existe.
Ou seja, a característica de ser
de salvação nacional prende-se mais com a situação altamente critica que
vivemos do que com a composição político-partidária desse governo. A
Comunicação Social, viciada em polémicas, entendeu as palavras de Rio como
estando a fazer-se a um lugar, e Marcelo, tão zeloso no comentário, também foi
atrás do diz-que-diz.
Marcelo Rebelo de Sousa arrisca
mesmo perder pau e bola. Sempre muito atencioso com o governo, tentando seduzir
um eleitorado que anda insistentemente à procura de um candidato que não o
obrigue a votar à direita, onde coloca Marcelo. E sempre muito disponível para
deixar órfão uma parte do eleitorado de Direita que, sem eutanásia nem
regionalização, pouco tem para se identificar com o presidente.
O número de casos de Covid-19 em
Portugal subiu para 12442 esta terça-feira, mais 712 casos do que ontem. No
total, há 345 vítimas mortais no nosso país, um aumento de 34 óbitos em relação
aos dados divulgados segunda-feira, segundo o relatório da situação
epidemiológica em Portugal, divulgado ao final da manhã.
O número de recuperados voltou
também a aumentar, de 140 na segunda-feira, para 184 hoje. Há 4442 pessoas a
aguardar resultados, após a realização do teste.
Apesar de terem subido em 81 o
número de casos que necessitaram de internamento, há apenas mais uma pessoa
internada em serviços de cuidados intensivos, em relação ao número divulgado
segunda-feira, num total de 271 pacientes.
A região norte continua a ser a
zona com mais casos confirmados e óbitos relacionados com a Covid-19 (7052
casos e 186 óbitos). O Centro tem 1766 casos e 88 óbitos. A região de Lisboa e
Vale do Tejo tem 3185 casos e 64 óbitos e o Algarve 234 positivos e sete
mortes. O Alentejo tem 85 casos, mas não regista qualquer óbito.
O concelho de Lisboa continua a
ser o que regista maior número de casos positivos, com 754, logo seguido pelo
Porto, com 730 casos, e Vila Nova de Gaia, com 551 casos. Gondomar tem 528 casos
e a Maia 465.
Ricardo Paes Mamede | Diário de
Notícias | opinião
Lia-se há dias num editorial
do Financial Times: "Será necessário pôr em cima da mesa reformas
radicais - invertendo a orientação política prevalecente nas últimas quatro
décadas. Os Estados terão de ter um papel mais activo na economia. Devem
encarar os serviços públicos como investimentos e não como um peso, e procurar
formas de tornar os mercados de trabalho menos inseguros. A redistribuição
estará novamente na ordem do dia; os privilégios dos ricos serão postos em
causa." O jornal que tantas vezes defendeu a liberalização, as
privatizações e a desregulamentação dos mercados antecipa agora a necessidade
de pôr tudo isto em causa, num regresso anunciado a uma espécie de social-democracia
radical.
Há quem vá mais longe, sugerindo
que agora
somos todos comunistas. No espaço de poucas semanas passámos a assumir como
normal e desejável que o Estado pague os salários da generalidade dos
trabalhadores, que assegure a protecção social para todos e que organize vastas
áreas da vida em sociedade, dando até instruções às empresas sobre o que
produzir. Economistas insuspeitos defendem agora que as decisões de produção
devem basear-se no valor de uso dos bens (isto é, na sua capacidade para
satisfazer as necessidades humanas) e não no seu valor de troca (ou seja, no
seu preço de mercado). Marx ficaria radiante.
O mundo parece virado de pernas
para o ar e muitos antecipam mudanças sistémicas ao virar da esquina. São
tempos interessantes, de facto, como é frequente em períodos de catástrofe. Mas
não tomemos o desejo por realidade.
É um facto que a situação actual
põe a nu os limites de sociedades guiadas pela lógica de mercado. Como noutras
crises, assiste-se a um regresso a Keynes para nos lembrar que a eficiência de
mercado é impossível quando a incerteza é radical. Que a soma das
racionalidades individuais se torna facilmente em irracionalidade colectiva.
Que nestas ocasiões só o Estado pode desafiar a incerteza, promover a eficiência
agregada e trazer de volta a confiança.
Rio foi duro com a banca. Marcelo
escolheu ser diplomata: elogiou os banqueiros com quem conversou duas horas e
jogou em duas frentes - quer a banca a puxar mais pelo Governo e o Governo a
puxar mais pela banca. “Complementam-se.” De medidas concretas, nada. O
Presidente preferiu confiar na “mobilização unânime” dos senhores do dinheiro
Marcelo Rebelo de Sousa fez da
reunião com a banca um sofisticado exercício de diplomacia política. No dia em
que o líder do PSD foi duro com o sistema financeiro e pediu ao Presidente da
República que lhes desse "um abanão", Marcelo escolheu outra via,
pelo menos a medir pelo que disse em público.
O Presidente mostrou-se confiante
"na mobilização" dos banqueiros para ajudarem empresas e famílias. E
aproveitou-os para passar a mensagem de que o Governo tem de ir mais longe nos
apoios à economia.
Reunido por videoconferência com
os presidentes dos cinco maiores bancos portugueses - CGD, BCP, Novo Banco, BPI
e Santander -, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter retirado "imensos
comportamentos e sugestões concretas para a vida dos portugueses",
assentes em duas linhas essenciais.
Por um lado, "pôr no terreno
as medidas de apoio já anunciadas pelo Governo" (que incluem linhas de
crédito e moratórias); mas também "tomar (a própria banca) iniciativas
próprias". E algumas delas, anunciou o Presidente, são "propostas que
a banca vai fazer ao Governo", num quadro de ação que inclui a
"recapitalização de empresas".
Sem grandes delongas ou considerações trazemos ao PG o Curto do Expresso. Hoje pelas palavras escritas
de João Vieira Pereira, o diretor. Sérgio Godinho é a quem recorre, e bem, para
nos falar do “primeiro dia do resto das nossas vidas”.
Bom Sérgio, como o tempo
passa e como nós o vamos desbravando com esforço através da selva neoliberal.
Siga para a dita prosa com o som da marcante e inolvidável
voz e música do autor dos tempos da Revolução de Abril, agora derrotada num
processo de recuperação dos mesmos de sempre. Tais pais, tais filhos… Autointitulados democratas e etc. Sim, pois, mas a olharem para os seus umbigos e seitas que construíram ou que recuperaram do "antigamente" e a
ignorarem os milhões na pobreza, manipulados pela ilusão de terem uma boa vida ao fundo do túnel. Vida condigna e de justeza democrática. Humana. Balelas. Quem não sabe isso?
Basta, que é mais que chega. Aliás,
tal palavra está sobejamente inquinada por má ventura.
O Curto que vale muito nos tempos que arrastamos como bons cumpridores de penas. E tantos a perguntar: "andamos aqui a penar para isto?" Aos esquecidos ou ignorantes: as revoluções ficam sempre ao virar das esquinas dos tempos...
MM | PG
Bom dia, este é o seu Expresso
Curto
Este é o primeiro dia do resto
das nossas vidas
João Vieira Pereira | Expresso
“Pouco a pouco o passo faz-se
vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!”
-- Sérgio Godinho, in "O Primeiro Dia"
‘Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo’
Talvez por estarmos há demasiado tempo sem poder dar boas notícias enfatizamos
as poucas que existem. Mas elas existem de facto. E pouco a pouco vão
aparecendo. Até nos números. A começar pelos recuperados, que nunca foram
tantos. O melhor
dia dos últimos 10 não nos sossega, mas deixa-nos com esperança.
O crescimento de novos casos e o número de mortes registadas começaram a
abrandar nos últimos oito dias. Num
novo gráfico, que parte da análise das médias semanais, o achatamento
da curva portuguesa é especialmente notório.
“Olhando para os números dos novos casos com covid-19, fica a ideia de que o
pior já terá passado”, quem o diz, com
alguns “se’s”, é Luís Aguiar-Conraria.
Até o consumo de eletricidade que caía, semana após semana reflexo da
menor atividade económica, registou uma
subida de 3%.
‘Dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo’
A Áustria anunciou que
a 14 de abril devem abrir as pequenas lojas, quinze dias depois as
grandes. Hotéis e restaurantes serão os seguintes da lista. Em Itália já
se fala de um levantamento controlado e gradual das restrições. E a Dinamarca poderá
reabrir, já
para a semana, infantários e escolas até ao quinto ano.
Se a decisão de fechar um país é difícil, mais ainda é decidir quando e como se
regressa à normalidade. Para que seja mais fácil retomar a atividade, há uma
nova corrida pelos “certificados
de imunidade” na Alemanha e talvez no Reino Unido.
Os mercados reagiriam em
alta às notícias de que estão a diminuir o número de mortes em Itália
e Espanha. A luz ao
fundo do túnel, de Trump, foi suficiente para alegrar muitos.
Mas não para Boris Johnson. O primeiro-ministro britânico foi transferido
para os cuidados intensivos e pode ter de ser ligado a um ventilador.
Tinha sido hospitalizado “para fazer mais testes”. O seu sucessor designado é Dominic
Raab, ministro dos Negócios Estrangeiros.
Johnson faz parte dos 1.249.077 infetados. O
mundo registou ontem 82 mil novos casos, tantos quantos a China desde
o início do surto. Os Estados Unidos são o país com mais casos
confirmados e maior número de mortes. No mundo choram-se 69.599 vítimas
confirmadas da covid-19.
Há morte. À morte digo: há vida. Aqui, nas
histórias de Leo, dois meses, e Ada, 104 anos. O vírus não é
invencível.