terça-feira, 7 de abril de 2020

Portugal | QUEM VAI PAGAR A CRISE?


Pedro Tadeu | TSF | opinião

O Fundo de Resolução da banca vai dar este ano, mais uma vez, cerca de mil milhões de euros ao Novo Banco?

As empresas portuguesas que mais faturam e mais lucros obtêm, e que fazem parte do PSI 20, o índice de topo da bolsa nacional, podem manter as suas sedes fiscais em países estrangeiros para não pagar impostos em Portugal?

A Brisa e as outras concessionárias das autoestradas portuguesas vão mesmo receber milhões de euros de indemnização pela falta de circulação de automóveis?

Alguém vai construir um aeroporto no Montijo?

Uma empresa que coloque uma parte dos trabalhadores no novo lay-off simplificado pode, livremente, despedir os restantes trabalhadores?

Os trabalhadores sem contrato, os milhões que vivem do recibo verde, vão mesmo ficar desprotegidos e sem medidas concretas e fáceis de requisitar, que os ajudem a sobreviver nos tempos mais próximos?

Os médicos do Serviço Nacional de Saúde, que com os enfermeiros e o pessoal auxiliar dos hospitais, são os nossos heróis nesta guerra ao novo coronavírus, vão poder continuar a trabalhar para o Privado e a angariar clientes do Público?

Macau sem casos há dois dias consecutivos, quase 1.500 em quarentena


Macau, China, 07 abr 2020 (Lusa) -- Macau não regista novos casos há dois dias consecutivos, existindo 34 pessoas infetadas com a covid-19 a receberem tratamento, uma delas em estado grave, e cerca de 1.500 pessoas em quarentena obrigatória, informaram hoje as autoridades.

Atualmente encontram-se 1.469 pessoas a cumprirem uma quarentena obrigatória de 14 dias em nove hotéis da cidade (1.208 residentes, 205 trabalhadores não-residentes e 56 turistas), indicou-se durante a conferência de imprensa diária do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

Depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infeção, a partir de meados de março foram identificados 34 novos casos, todos importados.

Em fevereiro, Macau registou uma primeira vaga de 10 casos da covid-19, já todos com alta hospitalar.

Regresso ao país e casos assintomáticos são os maiores riscos em Timor-Leste


Díli, 07 abr 2020 (Lusa) -- O regresso de timorenses da diáspora, especialmente através da fronteira terrestre com a Indonésia, e eventuais casos assintomáticos, já no país, são as maiores situações de risco relacionadas à covid-19 em Timor-Leste.

O porta-voz do Gabinete de Gestão de Crise da covid-19, Rui Maria de Araújo, explicou à Lusa que o receio do país vir a ter mais casos da covid-19 são "o regresso de timorenses vivendo na diáspora e a existência de possíveis casos assintomáticos".

Ainda que os voos comerciais para Díli estejam atualmente suspensos, centenas de pessoas continuam a chegar à fronteira terrestre que divide a ilha, com as autoridades a permitirem que alguns grupos entrem no território.

Quem entra é depois levado para locais de quarentena criados pelo Governo.

Rui Araújo diz que lidar com esta questão coloca duas alternativas, ou "suspender a entrada dos timorenses pela fronteira por um certo período, de forma a habilitar melhor o sistema" ou "melhorar as condições de confinamento obrigatório e de exames laboratoriais para os grupos de maior risco".

Ataques em Cabo Delgado: Soldados "fogem com medo" dos insurgentes


Há relatos crescentes de deserções e falta de condições para os soldados no campo das operações contra os insurgentes na província de Cabo Delgado. O cenário pode ser a machadada final no debilitado Exército mocambicano?

Os ataques armados na província nortenha de Cabo Delgado repetem-se, quase sem interregno.

O mais recente relato chega do bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa: "Hoje, 7 de abril, recebo notícias da região de Muidumbe de que teria sido atacada uma aldeia de Tinga e depois [os atacantes] foram para Litingina. [A seguir,] os soldados foram à procura dos insurgentes. Em duas ou três aldeias, houve um tiroteio muito forte."

As ações dos insurgentes continuam a pôr a vida da população de pernas para o ar. De acordo com o bispo, os "relatos de missionários que estão lá, mas que também estão a sair, é de que toda a população está a fugir para o mato - o que se vê são pessoas com trouxas na cabeça, fugindo para o mato. Infelizmente, hoje 7 de abril, está a acontecer outro ataque de grandes proporções."

Mariano Nhongo reivindica ataque no centro de Moçambique e faz novas ameaças


Depois do ataque a um estaleiro na província de Manica, "Junta Militar" ameaça sabotar mais investimentos nacionais e estrangeiros caso o Governo não resolva os problemas dos guerrilheiros dissidentes da RENAMO.

O líder da autoproclamada "Junta Militar" da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Mariano Nhongo, reivindicou o ataque de segunda-feira (06.04) a um estaleiro de madeira na província de Manica. Um cidadão tailandês foi morto no ataque e sete veículos foram incendiados, segundo a polícia.

Mariano Nhongo promete continuar com os ataques se o Executivo não avançar já com o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), estagnado há meses. Os alvos, segundo o líder do grupo dissidente, seriam investimentos nacionais e estrangeiros: "O Governo deve resolver o problema da Resistência Nacional Moçambicana. Sem isso, em Moçambique, há-de haver problemas, irmão, nós aqui não temos cadeiras, nada, toda a madeira está a ir para a China a fazer o quê? Este país não é de chineses".

Em declarações à imprensa, ao telefone, Mariano Nhongo disse que Moçambique não pode continuar pobre enquanto há muitos recursos naturais a serem explorados por estrangeiros, sem beneficiar as comunidades locais.

"Todos os empresários internacionais, alguns estão no mato a explorar pedras, madeira e a mandar para os países deles, [para a] China. Nós repudiamos isso. Não gostamos dessas brincadeiras", afirmou o líder da "Junta Militar".

Esta terça-feira, a polícia confirmou o ataque em Matarara, atribuindo-o a "homens armados da RENAMO". O caso está a ser investigado, de acordo com o porta-voz do comando provincial de Manica, Mário Arnança: "A polícia ativou todas linhas operativas ao seu dispor e estão a desdobrar-se no terreno".

Angola | João Lourenço distancia-se dos "marimbondos" e aposta em sangue novo?


O Presidente angolano remodelou o Governo e nomeou novos auxiliares. Entre os nomeados está uma jovem de 29 anos que vai ocupar o cargo de ministra da Cultura. Analistas falam em transição para equipa de confiança.

O Presidente de Angola, João Lourenço, divulgou na segunda-feira (06.04) a lista dos novos membros do seu Executivo, que encolheu de 28 para 21 ministérios, destacando-se a saída de Manuel Augusto, das Relações Exteriores, substituído pelo seu secretário de Estado, Tete António.

Fundiram-se os ministérios da Defesa Nacional com o dos Antigos Combatentes, o da Cultura com o da Hotelaria e Turismo, das Telecomunicações e Tecnologias de Informação com o Ministério da Comunicação Social, o da Agricultura com o das Pescas, e o Ministério do Comércio com o da Indústria. Também se fundiram os ministérios das Obras Públicas e do Ordenamento do Território.

Da longa lista de exonerações constam 17 ministros e 24 secretários de Estado, bem como o secretário do Presidente da República para os Assuntos Políticos, Constitucionais e Parlamentares e o diretor do Gabinete de Ação Psicológica e Informação da Casa de Segurança do Presidente da República.

Mas, entre estes, muitos assumirão as mesmas funções no novo Executivo, enquanto outros terão novas pastas e outros ascendem no poder governamental.

Covid-19: África ultrapassa os 10 mil casos com 487 mortes


O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 487 nas últimas horas num universo de mais de 10.075 casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia naquele continente.

Segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC África), nas últimas 24 horas o número de mortes registadas subiu de 414 para 487, com as infeções confirmadas a passarem de 9.189 para 10.075.

O CDC África registou também 913 doentes recuperados após a infeção.

Com o anúncio, na segunda-feira, do primeiro caso confirmado de infeção pelo novo coronavírus nas Ilhas Seicheles, são agora 52 os países e territórios de África afetados pela pandemia de covid-19.

O norte de África mantém-se como a região mais afetada pela doença, com 4.485 casos, 362 mortes e 437 doentes recuperados.

União Europeia | “Se o Sul se afundar, o Norte opulento deixará de existir”


Teresa de Sousa | opinião

Para a Europa, trata-se hoje de regressar às origens. Não é só uma questão de solidariedade. É de interesse próprio

1. Já não é apenas um caso entre António Costa e Mark Rutte ou o seu ministro das Finanças. Nem apenas um caso entre os Países Baixos, de um lado, e a Itália e a Espanha, os dois países europeus mais brutalmente fustigados pela pandemia, do outro. De repente, os Países Baixos transformaram-se no lugar geométrico da prova de vida a que a Europa e as suas democracias estão a ser sujeitas neste exacto momento da sua história. O debate interno ameaça a coligação de governo. A pandemia aproxima o sistema de saúde da ruptura. Ontem, diante do Parlamento da Haia, Rutte anunciou a sua intenção de propor aos seus homólogos italiano e espanhol um “fundo de emergência” para ajudar a cobrir os gastos imediatos dos países mais afectados pela pandemia. O primeiro-ministro holandês lamentou não ter deixado clara a sua solidariedade com eles. Voltou a rejeitar a emissão de “coronabonds”.

2. Comecemos pela situação interna de um país que é um dos seis fundadores da Comunidade Europeia, um dos seus membros mais ricos e mais influentes, com uma trajectória que acompanha a da própria União. De país da tolerância e da abertura ao mundo, fortemente europeísta, os Países Baixos têm vivido nos últimos anos uma profunda e complexa transformação interna que fez deles um dos precursores da vaga de populismo nacionalista que varreu a Europa, sobretudo a partir da crise financeira de 2008-2009.

Começou antes dos outros, com o malogrado Pin Fortuyn e o seu partido anti-imigrantes, assassinado em 2002; continuou com Geert Wilders, um dos rostos mais conhecidos da extrema-direita europeia; tem hoje a sua expressão mais exuberante no jovem académico Thierry Baudet, que venceu as eleições para a Câmara Alta do Parlamento em Março do ano passado. A sua bandeira é simples: “Dutch First.” Contra os imigrantes, contra a Europa, contra o euro, apenas à espera de ver como decorre o “Brexit” para propor que o seu país siga o mesmo caminho. Alguns analistas justificam a intransigência muito pouco europeia de Mark Rutte com o receio de perder votos para a extrema-direita. A fragmentação do espectro político foi outra das consequências políticas da ascensão dos partidos populistas e nacionalistas um pouco por toda Europa. Rutte governa o país à frente de uma coligação de quatro partidos.

COVID-19: Já não nos é permitido ver, ouvir e ler o que queremos


Global Research, April 06, 2020

Agora, que a maior parte de nós, em todo o mundo, fomos obrigados a estar naquilo que facilmente pode ser descrito como prisão domiciliária, de repente temos imenso tempo para ler livros, assistir a grandes filmes e ouvir música esplêndida.

Muitos de nós andam, há anos, a repetir tristemente o mesmo: “se eu tivesse tempo…”

Agora temos imenso – imenso tempo. O mundo parou. Está a acontecer algo horrível; algo que nunca quisemos que ocorresse. Sentimo-lo, estamos aterrorizados, mas não sabemos exactamente o que é. Não já, ainda não.

A ficção tornou-se realidade. Albert Camus e a sua “Peste”. José Saramago e o seu “Ensaio Sobre a Cegueira”.

Não sabíamos que algo do género podia acontecer; mesmo aqueles entre nós que não têm qualquer confiança na sabedoria da civilização ocidental.

Ainda hoje, mais uma vez, leio os mesmos argumentos que me fazem sentir arrepios na espinha sempre que os repetem. E repetem-nos, de modo frequente agora, pelo menos na Europa. Ali, nota-se que regressou o fascismo. Citando o Dr. Luboš Motl, físico teórico checo, professor assistente na Universidade de Harvard entre 2004 e 2007:

“E acreditam que as estruturas que lhes permitem sobreviver – os governos, os bancos e por aí fora – são ‘maléficas’. Alguns são só analfabetos financeiros. Mas outros estão cientes do que afirmam e regozijam-se a exigir que se sacrifiquem triliões para evitar numa proporção infinitésima a probabilidade de que alguém com mais de 90 anos não seja infectado e viva um pouco mais. Não aceitam de todo quão dependentes estão da sociedade e do sistema. Não percebem que os seus valores morais, os seus ‘direitos humanos’, só existem se forem pagos por sociedades prósperas.”

Um doutor… Deus meu! Uma “sociedade próspera” significa, como é óbvio, uma sociedade capitalista, ocidental. Imperialismo, neo-colonialismo! Para pessoas como ele, é claro, as vidas humanas não são todas iguais. O seu ‘valor’ depende da idade, e talvez da raça?

Sempre foi assim, no Ocidente, mas pelo menos era, de certa maneira, dissimulado. Agora está à vista. E tremo. Não de medo, mas de repulsa. Definitivamente não quero viver no “mundo de Motl”.
***

A POLÍTICA DA PANDEMIA


Peoples Democracy

Toda pandemia global deve ser vista no seu contexto político, social e económico. A pandemia do Covid-19 está a verificar-se num momento em que o capitalismo neoliberal devastou todos os serviços básicos que são vitais para o bem-estar do povo. A privatização desnudou ou desmantelou o sistema público de saúde de muitos países; o Estado abandonou a responsabilidade de prover as necessidades básicas do povo – alimentação, habitação, educação e transporte público. Em qualquer crise enfrentada pela sociedade, seja económica ou social, a prioridade da política de Estado tem sido salvaguardar os interesses do capital financeiro – as corporações, bancos e bilionários – e não os do povo trabalhador.

A pandemia do coronavírus viu um conjunto de respostas políticas dos governos e classes dominantes de países que revelam as contradições num sistema neoliberal exaurido e a reacção instintiva do capitalismo de colocar os lucros antes do povo.

O imperialismo estado-unidense continua a comportar-se do mesmo modo que antes – utilizando intimidação e coerção contra países que não aceitam seus ditames. Ele recusa-se a retirar as sanções contra o Irão quando o país está gravemente afectado pelo vírus e uma crise de saúde desenvolveu-se ali. O Irão depara-se com acesso difícil a remédios e equipamento médico devido às sanções ilegais sobre companhias de terceiros países que têm relações comerciais consigo e à proibição de comércio e ligações de transporte. No caso da Venezuela, além das sanções que têm um efeito terrível sobre a economia, a administração Trump acusou o Presidente Maduro e seus colegas no governo de narco-terrorismo exactamente em meio à crise do coronavírus. Um prémio de 15 milhões de dólares foi estabelecido por informação que leve à prisão de Maduro – um convite aberto ao assassínio do chefe de um Estado soberano. E não só isso: os Estados Unidos e seus aliados ocidentais foram instrumentais na rejeição do FMI ao pedido da Venezuela de fundos de emergência para travar a crise do coronavírus.

O próprio presidente Trump liderou a campanha para culpar a China pela epidemia do coronavírus. Ele denominou-a como um "vírus chinês" e acusou a China de não informar a tempo acerca da ameaça do vírus. Ele cinicamente quis utilizar a pandemia para isolar a China e fortalecer sua posição negocial nas suas batalha económicas e comerciais com a China. É uma outra questão que depois de ridicularizar a China por bem mais de um mês e meio, enfrentando um desastre Covid em sua casa, a administração Trump tenha permitido fornecimento de equipamento médico da China serem importados. O primeiro voo com máscaras, batas e kits de teste aterrou em Nova York em 29 de Março e mais 21 voos estão previstos para várias cidades.

Se bem que Trump não possa intimidar a China quanto à pandemia do Covid, o descarado desdém da administração Trump quanto ao bem-estar de povos fora dos EUA pode ser visto nos seus esforços para impedir países de aceitarem missões médicas cubanas para combater o vírus. Os EUA estão a advertir estes países no Caribe e na América Latina de que as missões cubanas prejudicarão os interesses dos seus países.

China tem primeiro dia sem mortes por Covid-19 desde o início da pandemia


O número diário de novos casos está em queda há semanas, e, na segunda-feira, ocorreu apenas uma morte.

A China não registou qualquer morte por Covid-19 nas últimas 24 horas, um acontecimento inédito desde o início da publicação de estatísticas sobre a epidemia do novo coronavírus, em janeiro, informaram as autoridades de saúde esta terça-feira., de acordo com a AFP.

O gigante asiático, onde o novo coronavírus surgiu no final de 2019, informou o primeiro óbito por Covid-19 a 11 de janeiro. Desde então, a China registou 3331 mortes por causa da pandemia.

O número diário de novos casos está em queda há semanas, e, na segunda-feira, ocorreu apenas uma morte, segundo o Ministério da Saúde.

Os novos casos de contágio na China continental diminuíram a partir de março, mas o país enfrenta uma segunda onda de infeções, a partir de cidadãos que chegam do estrangeiro, e já há mil casos, segundo a Comissão Nacional de Saúde.

O ministério confirmou 32 novos casos importados de contágio esta terça-feira. As autoridades também registaram 30 novos pacientes assintomáticos, elevando o total de infetados no país para 1033.

A maior parte dos casos e dos óbitos ocorreu em Wuhan, cidade do centro do país onde surgiu a epidemia que já matou mais de 70 mil pessoas em todo o mundo.

Catarina Maldonado Vasconcelos | TSF | Imagem: © EPA

Depois de três dias em queda, número de mortos em Espanha volta a subir


Morreram 743 pessoas devido à Covid-19, nas últimas 24 horas, em Espanha. É a primeira vez em três dias que o número de mortos no país regista uma subida.

Esta segunda-feira, o país tinha anunciado um registo de apenas 637 mortes - o menor número de vítimas mortais diário desde 24 de março.

Com este crescimento da mortalidade, o número total de vítimas mortais do novo coronavírus em Espanha passa agora para 13798.

O Ministério da Saúde espanhol adianta ainda que das 140510 pessoas que foram infetadas no país, 43208 pessoas já recuperaram da doença.

Entretanto, a China, país que registou o primeiro caso do novo coronavírus, anunciou esta manhã que não registou qualquer morte por Covid-19 nas últimas 24 horas, um acontecimento inédito desde o início da publicação de estatísticas sobre o surto, em janeiro.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 71 mil.

Rita Carvalho Pereira | TSF

Portugal | É tão fácil Marcelo bater em Rio


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

O que incomoda tanto em Rui Rio que está sempre a empurrar Marcelo para a oposição ao líder da oposição? Se Rio não faz é porque não faz, se faz é porque não devia fazer. E se o líder do PSD diz qualquer coisa que fique nos ouvidos dos portugueses, lá tem o presidente que aparecer a comentar.

A atração mais recente diz respeito à Banca. Rio disse no Parlamento que seria "uma vergonha e uma ingratidão" se os bancos tivessem lucros avultados este ano e no próximo, recordando que "a Banca deve muito, mesmo muito a todos os portugueses" e que se "impõe que agora ajude".

Em crise será difícil que tenham lucros, mas é sempre melhor avisar para não defenderem ao máximo os acionistas, preocupando-se ao mínimo com os contribuintes. Na sequência, o que se lembrou Marcelo de comentar? Que era "muito fácil bater nos bancos".

Os tais bancos que nos levaram milhares de milhões de euros e que, não tivesse chegado a Covid-19, já iam distribuir milhões aos acionistas, sem que houvesse levantamento de rancho. Ou seja, é mais fácil Marcelo bater em Rio do que quem quer que seja bater nos bancos.

A semana passada foi por causa do governo de salvação nacional. Depois de Rio ter dito que o assunto não se colocava nesta altura, lá acabou por dizer que esse governo haverá de aparecer mais à frente, deixando claro que até pode ser este que já existe.

Ou seja, a característica de ser de salvação nacional prende-se mais com a situação altamente critica que vivemos do que com a composição político-partidária desse governo. A Comunicação Social, viciada em polémicas, entendeu as palavras de Rio como estando a fazer-se a um lugar, e Marcelo, tão zeloso no comentário, também foi atrás do diz-que-diz.

Marcelo Rebelo de Sousa arrisca mesmo perder pau e bola. Sempre muito atencioso com o governo, tentando seduzir um eleitorado que anda insistentemente à procura de um candidato que não o obrigue a votar à direita, onde coloca Marcelo. E sempre muito disponível para deixar órfão uma parte do eleitorado de Direita que, sem eutanásia nem regionalização, pouco tem para se identificar com o presidente.

*Jornalista

PORTUGAL HOJE: Mais 34 mortes e 712 infetados por Covid-19 em Portugal


O número de casos de Covid-19 em Portugal subiu para 12442 esta terça-feira, mais 712 casos do que ontem. No total, há 345 vítimas mortais no nosso país, um aumento de 34 óbitos em relação aos dados divulgados segunda-feira, segundo o relatório da situação epidemiológica em Portugal, divulgado ao final da manhã.

O número de recuperados voltou também a aumentar, de 140 na segunda-feira, para 184 hoje. Há 4442 pessoas a aguardar resultados, após a realização do teste.

Apesar de terem subido em 81 o número de casos que necessitaram de internamento, há apenas mais uma pessoa internada em serviços de cuidados intensivos, em relação ao número divulgado segunda-feira, num total de 271 pacientes.

A região norte continua a ser a zona com mais casos confirmados e óbitos relacionados com a Covid-19 (7052 casos e 186 óbitos). O Centro tem 1766 casos e 88 óbitos. A região de Lisboa e Vale do Tejo tem 3185 casos e 64 óbitos e o Algarve 234 positivos e sete mortes. O Alentejo tem 85 casos, mas não regista qualquer óbito.

O concelho de Lisboa continua a ser o que regista maior número de casos positivos, com 754, logo seguido pelo Porto, com 730 casos, e Vila Nova de Gaia, com 551 casos. Gondomar tem 528 casos e a Maia 465.

Jornal de Notícias | Imagem em Diário de Notícias

Não, o vírus (ainda) não trouxe o socialismo de volta


Ricardo Paes Mamede | Diário de Notícias | opinião

Lia-se há dias num editorial do Financial Times: "Será necessário pôr em cima da mesa reformas radicais - invertendo a orientação política prevalecente nas últimas quatro décadas. Os Estados terão de ter um papel mais activo na economia. Devem encarar os serviços públicos como investimentos e não como um peso, e procurar formas de tornar os mercados de trabalho menos inseguros. A redistribuição estará novamente na ordem do dia; os privilégios dos ricos serão postos em causa." O jornal que tantas vezes defendeu a liberalização, as privatizações e a desregulamentação dos mercados antecipa agora a necessidade de pôr tudo isto em causa, num regresso anunciado a uma espécie de social-democracia radical.

Há quem vá mais longe, sugerindo que agora somos todos comunistas. No espaço de poucas semanas passámos a assumir como normal e desejável que o Estado pague os salários da generalidade dos trabalhadores, que assegure a protecção social para todos e que organize vastas áreas da vida em sociedade, dando até instruções às empresas sobre o que produzir. Economistas insuspeitos defendem agora que as decisões de produção devem basear-se no valor de uso dos bens (isto é, na sua capacidade para satisfazer as necessidades humanas) e não no seu valor de troca (ou seja, no seu preço de mercado). Marx ficaria radiante.

O mundo parece virado de pernas para o ar e muitos antecipam mudanças sistémicas ao virar da esquina. São tempos interessantes, de facto, como é frequente em períodos de catástrofe. Mas não tomemos o desejo por realidade.

É um facto que a situação actual põe a nu os limites de sociedades guiadas pela lógica de mercado. Como noutras crises, assiste-se a um regresso a Keynes para nos lembrar que a eficiência de mercado é impossível quando a incerteza é radical. Que a soma das racionalidades individuais se torna facilmente em irracionalidade colectiva. Que nestas ocasiões só o Estado pode desafiar a incerteza, promover a eficiência agregada e trazer de volta a confiança.

Portugal | Marcelo põe a banca a exigir mais do Governo (e vice-versa)


Rio foi duro com a banca. Marcelo escolheu ser diplomata: elogiou os banqueiros com quem conversou duas horas e jogou em duas frentes - quer a banca a puxar mais pelo Governo e o Governo a puxar mais pela banca. “Complementam-se.” De medidas concretas, nada. O Presidente preferiu confiar na “mobilização unânime” dos senhores do dinheiro

Marcelo Rebelo de Sousa fez da reunião com a banca um sofisticado exercício de diplomacia política. No dia em que o líder do PSD foi duro com o sistema financeiro e pediu ao Presidente da República que lhes desse "um abanão", Marcelo escolheu outra via, pelo menos a medir pelo que disse em público.

O Presidente mostrou-se confiante "na mobilização" dos banqueiros para ajudarem empresas e famílias. E aproveitou-os para passar a mensagem de que o Governo tem de ir mais longe nos apoios à economia.

Reunido por videoconferência com os presidentes dos cinco maiores bancos portugueses - CGD, BCP, Novo Banco, BPI e Santander -, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter retirado "imensos comportamentos e sugestões concretas para a vida dos portugueses", assentes em duas linhas essenciais.

Por um lado, "pôr no terreno as medidas de apoio já anunciadas pelo Governo" (que incluem linhas de crédito e moratórias); mas também "tomar (a própria banca) iniciativas próprias". E algumas delas, anunciou o Presidente, são "propostas que a banca vai fazer ao Governo", num quadro de ação que inclui a "recapitalização de empresas".

E tantos a perguntar: "andamos aqui a penar para isto?"


Sem grandes delongas ou considerações trazemos ao PG o Curto do Expresso. Hoje pelas palavras escritas de João Vieira Pereira, o diretor. Sérgio Godinho é a quem recorre, e bem, para nos falar do “primeiro dia do resto das nossas vidas”. 

Bom Sérgio, como o tempo passa e como nós o vamos desbravando com esforço através da selva neoliberal. 

Siga para a dita prosa com o som da marcante e inolvidável voz e música do autor dos tempos da Revolução de Abril, agora derrotada num processo de recuperação dos mesmos de sempre. Tais pais, tais filhos… Autointitulados democratas e etc. Sim, pois, mas a olharem para os seus umbigos e seitas que construíram ou que recuperaram do "antigamente" e a ignorarem os milhões na pobreza, manipulados pela ilusão de terem uma boa vida ao fundo do túnel. Vida condigna e de justeza democrática. Humana. Balelas. Quem não sabe isso?

Basta, que é mais que chega. Aliás, tal palavra está sobejamente inquinada por má ventura.

O Curto que vale muito nos tempos que arrastamos como bons cumpridores de penas. E tantos a perguntar: "andamos aqui a penar para isto?" Aos esquecidos ou ignorantes: as revoluções ficam sempre ao virar das esquinas dos tempos...

MM | PG


Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Este é o primeiro dia do resto das nossas vidas

João Vieira Pereira | Expresso

“Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!”
-- Sérgio Godinho, in "O Primeiro Dia"

‘Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo’

Talvez por estarmos há demasiado tempo sem poder dar boas notícias enfatizamos as poucas que existem. Mas elas existem de facto. E pouco a pouco vão aparecendo. Até nos números. A começar pelos recuperados, que nunca foram tantos. O melhor dia dos últimos 10 não nos sossega, mas deixa-nos com esperança.

O crescimento de novos casos e o número de mortes registadas começaram a abrandar nos últimos oito dias. Num novo gráfico, que parte da análise das médias semanais, o achatamento da curva portuguesa é especialmente notório.

“Olhando para os números dos novos casos com covid-19, fica a ideia de que o pior já terá passado”, quem o diz, com alguns “se’s”, é Luís Aguiar-Conraria.

Até o consumo de eletricidade que caía, semana após semana reflexo da menor atividade económica, registou uma subida de 3%.

‘Dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo’
A Áustria anunciou que a 14 de abril devem abrir as pequenas lojas, quinze dias depois as grandes. Hotéis e restaurantes serão os seguintes da lista. Em Itália já se fala de um levantamento controlado e gradual das restrições. E a Dinamarca poderá reabrir, já para a semana, infantários e escolas até ao quinto ano.

Se a decisão de fechar um país é difícil, mais ainda é decidir quando e como se regressa à normalidade. Para que seja mais fácil retomar a atividade, há uma nova corrida pelos “certificados de imunidade” na Alemanha e talvez no Reino Unido.

Os mercados reagiriam em alta às notícias de que estão a diminuir o número de mortes em Itália e Espanha. A luz ao fundo do túnel, de Trump, foi suficiente para alegrar muitos.

Mas não para Boris Johnson. O primeiro-ministro britânico foi transferido para os cuidados intensivos e pode ter de ser ligado a um ventilador. Tinha sido hospitalizado “para fazer mais testes”. O seu sucessor designado é Dominic Raab, ministro dos Negócios Estrangeiros.

Johnson faz parte dos 1.249.077 infetados. O mundo registou ontem 82 mil novos casos, tantos quantos a China desde o início do surto. Os Estados Unidos são o país com mais casos confirmados e maior número de mortes. No mundo choram-se 69.599 vítimas confirmadas da covid-19.

Há morte. À morte digo: há vida. Aqui, nas histórias de Leo, dois meses, e Ada, 104 anos. O vírus não é invencível.

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