segunda-feira, 31 de maio de 2021

Angola | Operação Caranguejo: João Lourenço exonera chefe da Casa de Segurança

Presidente de Angola exonera o chefe da Casa de Segurança na sequência do escândalo da chamada "Operação Caranguejo". Além do ministro Pedro Sebastião, João Lourenço já destituiu outros sete integrantes do órgão.

O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou esta segunda-feiras (31.05) o chefe da sua Casa de Segurança e ministro de Estado, Pedro Sebastião, segundo uma nota divulgada à imprensa.

A medida ocorre uma semana depois de a justiça angolana anunciar a apreensão de vários milhões de dólares, euros e kwanzas no âmbito da chamada "Operação Caranguejo" - um processo de investigação a oficiais das Forças Armadas, suspeitos dos crimes de peculato,retenção de moeda, associação criminosa e outros.

Antes de Pedro Sebastião, o chefe do executivo angolano demitiu, na semana passada, outros sete elementos deste órgão. Entre os afastados estão o tenente-general José Manuel Felipe Fernandes, secretário-geral da Casa de Segurança, e o tenente-general João Francisco Cristóvão, diretor de gabinete do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança.

O tenente-general Paulo Maria Bravo da Costa, que era secretário para Logística e Infraestruturas da Casa de Segurança do Presidente da República, e o brigadeiro José Barroso Nicolau, antigo assistente principal da Secretaria para os Assuntos dos Órgãos de Inteligência e Segurança de Estado da Casa de Segurança do Presidente da República, foram também exonerados.

Angola | Polícia impede jornalista da DW de fazer reportagem no Huambo

Correspondente da DW em Angola, José Adalberto foi detido pela polícia do Huambo e impedido de concluir uma reportagem. Sindicato dos Jornalistas Angolanos "condena obstrução ao exercício da liberdade de imprensa".

Num comunicado de imprensa enviado às redações esta segunda-feira (31.05), o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) "condena a obstrução ao exercício da liberdade de imprensa" e refere que o jornalista José Adalberto foi "impedido de fazer a reportagem por agentes afetos à 3.ª Esquadra", no Huambo, no dia 29 de maio.

"José Adalberto foi conduzido até à esquadra quando reportava sobre o papel social das cantinas de cidadãos estrangeiros, na sequência de um telefonema de um suposto agente dos Serviços de Informação e Segurança”, lê-se no documento feito com base no relato do correspondente da DW em Angola.

A nota refere que o comandante provincial da Polícia Nacional no Huambo reconheceu que a detenção se tratou de "excesso de zelo", acabando por pedir desculpas ao correspondente da DW que foi libertado, apesar de impedido de concluir a reportagem. 

"O SJA manifesta-se preocupado com as reiteradas ‘incompreensões' dos agentes da Polícia Nacional sobre o trabalho dos jornalistas, e recorda que a liberdade de imprensa é um direito fundamental e que os jornalistas não carecem de autorização das autoridades para qualquer trabalho em lugares públicos, salvo as restrições impostas pela Constituição e à Lei de Imprensa", conclui a nota assinada por Teixeira Cândido, secretário-geral do SJA.

Deutsche Welle

A luta de classes é a maior das lutas e hoje o Lula sabe disso

Frei Chico* | AbrilAbril | opinião

Se informem. Lula é inocente. O Brasil é um país rico. E a maior luta é a luta de classes.

Todo o planeta tem bolsões de pobreza, todo o planeta tem famílias que estão na miséria absoluta, o que acontece por uma questão muito simples: pela não distribuição de renda.

Nós, família Silva, somos uma das milhares que nasceram em um dos bolsões da pobreza do Brasil. Somos do nordeste brasileiro, de Pernambuco. Nos anos 1950, migramos para São Paulo com o objetivo de sobreviver, ter água, comida e um emprego. Chegamos primeiro em Santos, onde eu e meus irmãos começamos a trabalhar. Vendíamos amendoins, coisas na barca, Itapema. Depois nos mudamos para a capital paulista, onde conseguimos emprego registrado e também fazer uma especialização, e assim nos tornamos metalúrgicos.

Eu, na vida de trabalhador operário, logo comecei a me interessar pelo movimento sindical, encontrando oportunidades de luta pelo direito à água, banheiro, a um salário digno. Importante dizer que lutávamos pelo que hoje os trabalhadores acham que é o básico, mas não era até há pouco tempo. Após o golpe de 1964, fui lutar nos sindicatos, principalmente em busca de conhecimento e informação sobre a luta dos trabalhadores pelo mundo.

Neste cenário, alguns anos depois, decidi convencer meu irmão, Luiz Inácio Lula da Silva, a participar da vida sindical. Alguns dizem que eu o levei para o movimento sindical, mas na verdade eu queria que ele, como trabalhador operário, entendesse o que era uma luta de classe, a exploração do homem pelo homem e enxergasse isso num plano global, de avanços, retrocessos e resistência que acontecia não só no Brasil. E não é necessário dizer que tínhamos uma grande censura nesta época, as informações que recebíamos eram de forma clandestina, principalmente do Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, onde eu fui militar pouco tempo depois.

Portugal | À espera do Diabo

Manuel Carvalho Da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

O conclave que esta semana juntou representantes da quase totalidade das subfamílias da Direita e da extrema-direita tem sido analisado, em vários quadrantes, de forma algo ligeira a partir de um facto incontestado: ali não se discutiram ideias que respondam aos grandes problemas com que se debate a economia e a sociedade portuguesas.

Todavia, puderam observar-se factos que merecem reflexão, não pelo impacto imediato que têm, mas sim pelos quadros perigosos que podem perspetivar.

Uns séculos atrás, num dos contextos políticos mais críticos que Portugal viveu ao longo da sua história, teve força a crença no miraculoso regresso de D. Sebastião. Como Deus não se mete nestas coisas jamais tivemos o Desejado, mas como obra do Diabo talvez a coisa possa acontecer. Neste encontro não faltou um candidato a desejado e não deixou de pairar na sala forte vontade de uma intervenção do mafarrico, que o faça regressar numa manhã de nevoeiro.

Realço cinco factos que nos evidenciam a situação política atual como mais complexa e difícil que aquela que tínhamos em 2015: i) na Direita tradicional uma parte está mais aberta à extrema-direita e outra já a integrou em dinâmicas partilhadas; ii) a evolução da situação política da União Europeia (UE) reforça este processo, e a União tem hoje problemas maiores que tinha naquela altura; iii) à Esquerda existe menos motivação e são menores as predisposições para compromissos entre as suas diferentes componentes; iv) os condicionalismos sociais, económicos, financeiros e orçamentais com que o país se depara são mais pesados; v) em 2015 iniciava-se uma nova governação com objetivos e metas programáticas para uma legislatura (mesmo que posteriormente se tenham mostrado insuficientes), o que criava dinâmica, quando hoje temos um Governo bastante desgastado, com vários membros a confirmarem o princípio de Peter e a confundirem governação com gestão de agendas do dia.

Quem conclui que a Direita não tem programa ou que "a realidade lhe retirou o programa" pode estar a laborar em dois erros convergentes. Primeiro, é mais que evidente a fidelidade programática da Direita às políticas de austeridade impostas na crise anterior e a sua predisposição para uma ofensiva contra os direitos e liberdades democráticas e contra o Estado na sua função de garante dos direitos sociais fundamentais: não o podem expor por agora porque os impactos da pandemia ainda estão muito vivos nas pessoas e mostraram a violência e a injustiça dessas políticas. Segundo, esta evidência pode evaporar-se rapidamente perante a inexistência de respostas do Governo nos planos do trabalho, do emprego, das políticas económicas e sociais, ou face a inversões de sentido súbitas por parte da UE, ou ainda, se houver um acentuar de desentendimentos à Esquerda.

Quase todas as análises concluem que o vazio de propostas que o encontro da Direita e da extrema-direita mostrou se consubstancia numa vitória de António Costa. Poderá ser, desde que o primeiro-ministro não se entregue ao papel de lebre na fábula de Esopo "A lebre e a tartaruga" e tome a sério a possibilidade de surgir uma intervenção do príncipe das trevas.

É indispensável que António Costa coloque o foco de toda a sua capacidade de análise e ação nas respostas aos problemas dos portugueses e não se deixe atrair demasiado por taticismos de gestão política.

*Investigador e professor universitário

Portugal | Depois das baldas ao rei futebol… Cá se fazem, cá se pagam

Falam em dois pesos e duas medidas acerca da quebra das medidas restritivas para o rei futebol e as balbúrdias passíveis de contágios covid-19 que proporcionou. Medidas restritivas com travão no futebol português (e noutras modalidades). Esquecem-se que “eles” fizeram contas ao dinheirinho que os “turistas bifes” deixam por cá? Esquecem-se que a UEFA e a FIFA são estados dentro de Estados? Oh, que falta de memória!

Afinal vale tudo. E nessa dos dois pesos e duas medidas, qualquer governo, qualquer entidade neste burgo à beira-mar plantado, usa essa prerrogativa. A sociedade está assim estruturada globalmente no mundo cada vez mais na antecâmara do fascismo a que chamam ocidente e neoliberalismo. Porque Portugal devia ser diferente se tem eleitores formatados, cobardes, que temem revolucionar o sistema caduco em que tão mal sobrevivemos?

Se acaso os índices de covid-19 aumentarem devido às manifestações futebolísticas - Festa do Sporting e Final UEFA | fica uma vez mais provado que cá se fazem cá se pagam, assim como paga o justo pelo pecador.

O Expresso Curto, a seguir. Continue a ler.

PG

O Ocidente quer que a Bielo-Rússia se torne mais dependente da Rússia?

# Publicado em português do Brasil

AndrewKorybko* | OneWord

A campanha de pressão coordenada do Ocidente contra a Bielo-Rússia na sequência do incidente da Ryanair na semana passada sugere quase de forma contra-intuitiva que deseja que o país do Leste Europeu se torne mais dependente da Rússia, apesar de um ano de fomento do medo sobre este cenário, que pode realmente ser silenciosamente desejado neste particular ponto no tempo devido às esperanças de que poderia provocar outra rodada de agitação da Revolução Colorida.

Independentemente de se acreditar na narrativa predominante, implicando que a Bielorrússia encenou um susto de bomba a fim de prender um extremista a bordo de um voo em trânsito no espaço aéreo do país ou talvez tenha sido armado como parte de uma bandeira falsa ocidental (e / ou possivelmente ucraniana) para Para justificar uma próxima série de escaladas pré-planejadas contra ele, não há como negar que os adversários estrangeiros do presidente Lukashenko tentaram explorar esse escândalo ao extremo. De cortar suas companhias aéreas do espaço aéreo europeu à imposição de outra rodada de sanções específicas, o efeito final é que a Bielo-Rússia não terá para onde ir para obter alívio tão necessário dessa pressão recém-descoberta do que abraçar a Rússiaainda mais do que antes. Foi precisamente este cenário que o Ocidente temeroso espalhado por um ano já, mas quase contra-intuitivamente parece que agora eles querem que se materialize neste momento específico, talvez para provocar outra rodada de agitação da Revolução da Cor (colorida).

Para o crédito dos serviços de segurança bielorrussos, eles conseguiram restaurar a ordem no país, apesar de vários meses em que o resultado da campanha de mudança de regime apoiada por estrangeiros era incerto. A situação está amplamente sob controle, mas como qualquer observador de tais tramas já deve estar ciente, isso não significa que tudo permanecerá igual para sempre. As revoluções coloridas nunca morrem de verdade, elas simplesmente permanecem adormecidas até que outra oportunidade surja naturalmente ou seja fabricada. Esse parece ser o caso na Bielo-Rússia agora, onde o esperado aumento dos laços abrangentes do país com a Rússia em resposta à última campanha de pressão ocidental pode ser aproveitado para justificar uma nova rodada de agitação impulsionada por um sentimento nacionalista artificialmente exacerbado. Depois de tudo.

Pirataria Aérea Patrocinada pelo Estado ou Preocupações com a Segurança Nacional?

Houve erupções vulcânicas de indignação e condenação de Estados americanos e europeus depois que a Bielo-Rússia forçou um avião comercial a pousar para prender um ativista da oposição procurado. 

De alguma forma, foi esquecido que Washington comanda a pirataria aérea global com a cumplicidade total e silenciosa dos governos europeus. Se os europeus expressassem oposição a essa pirataria global, talvez tivessem um pouco de autoridade moral para comentar o incidente na Bielorrússia.

Fonte: Infográficos Estratégicos | Strategic Culture Foundation© Foto: SCF

EUA | Massacre racista nos EUA há cem anos é memória de uma sobrevivente

"Ainda vejo corpos negros deitados no chão." A ferida do Massacre de Tulsa não sarou

Viola, conhecida como Mother Fletcher, nunca mais esqueceu o pesadelo

Foi com um século de atraso que se ouviu em Washington a voz de Viola Fletcher, a sobrevivente mais velha do massacre de Tulsa. Tudo começou depois de Dick Rowland, de 19 anos, ter sido acusado de agredir Sarah Page. Uma notícia mal contada precipitou uma multidão branca de armas em punho que espalhou a morte na zona mais próspera de Tulsa, conhecida como "Wall Street Negra", uma referência de sucesso para as comunidades negras de então.

Viola, conhecida como Mother Fletcher, nunca mais esqueceu o pesadelo. Tinha ido dormir há pouco: "Na noite do massacre eu fui acordada pela minha família. Os meus pais e os meus cinco irmãos estavam lá, disseram-me que tínhamos de partir."

Hoje, Viola Fletcher tem 107 anos, mas o massacre continua vivo na memória: "Não vou esquecer nunca a violência da multidão branca quando deixámos a nossa casa. Ainda vejo homens de pele negra a serem mortos a tiro, ainda vejo corpos negros deitados no chão. Ainda sinto o cheiro a fumo, ainda vejo as lojas e os negócios dos negros a serem queimados. Ainda ouço os aviões a passarem por cima das nossas cabeças. Eu ouço os gritos. Eu tenho vivido com o massacre dia após dia".

"Durante a maior parte da minha vida fui uma empregada doméstica ao serviço de famílias brancas. Nunca fiz muito dinheiro e até hoje mal consigo suportar as minhas necessidades diárias. Penso no terror, no horror que é infligido neste país todos os dias às pessoas negras", remata.

TSF

Imagens: 1 - Viola Fletcher, a mais velha sobrevivente do massacre de Tulsa // © AFP; 2 - Manchete de jornal da época e criança que transporta irmão morto pelos racistas.

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domingo, 30 de maio de 2021

Pirataria, fascismo e telhados de vidro

José Goulão* AbrilAbril | opinião

Em matéria de pirataria e de assaltos aos direitos humanos, apesar da sua atitude criminosa, Lukachenko não pode mesmo considerar-se um pioneiro.

O regime da Bielorrússia, com a sensibilidade de quem caça formigas com canhões, decidiu tentar resolver problemas internos através de um acto de pirataria internacional e acertou nos próprios pés. Ofereceu de bandeja a quem o ataca gratuitamente, jogando as cartas viciadas da geopolítica, um ás de trunfo que vai servir para acelerar, a partir de agora, as manobras de desestabilização e de mudança de regime que têm vindo a desenvolver-se.

Para deitar a mão a um fascista mercenário de «revoluções coloridas» às ordens de Biden, Bruxelas & Cia, o governo de Lukachenko acabou por provocar a mobilização geral da parafernália imperialista montada contra os «Estados párias» – e deu ainda mais alento aos múltiplos canais da russofobia. É provável, por isso, que o saldo da operação não lhe seja favorável, além de suscitar um óbvio agravamento do intervencionismo da NATO contra a Rússia. A situação gerada tem, por outro lado, a particularidade de escancarar a hipocrisia, a falta de decoro e de princípios das elites do chamado «mundo ocidental», que entraram em delírio sem se darem conta das rasteiras em que a História as pode fazer cair. Enfim, um retrato multifacetado do mundo de hoje.

Roman Protasevich, de 26 anos, é o indivíduo capturado pelas autoridades da Bielorrússia na sequência do sequestro de um avião civil da Ryanair que fazia a ligação entre a Grécia e a Lituânia. Para obrigar o aparelho a aterrar em Minsk, a torre de controlo invocou um alarme de bomba a bordo que se revelou totalmente falso. O regime bielorrusso recorreu, portanto, a um acto de pirataria internacional para atingir o seu objectivo de deter dois passageiros, Protasevich e uma mulher que o acompanhava.

O detido é acusado pelas autoridades de ter participado na organização das manifestações violentas para contestar os resultados das últimas eleições presidenciais, em Agosto de 2020, que renovaram o mandato de Aleksandr Lukachenko sob acusações de fraude eleitoral levantadas pela oposição e logo aceites – sem provas – pelos Estados Unidos e a União Europeia.

DIA DE ÁFRICA!


ALGUÉM COM O DEDO NA FERIDA DA NEOCOLONIZAÇÃO QUE TAMBÉM É UM ELABORADO PROCESSO ANTROPOLÓGICO E MENTAL. QUANTO A ÁFRICA CONTINUA A SER "UM CORPO INERTE, ONDE CADA ABUTRE VEM DEPENICAR O SEU PEDAÇO"?

Ao longo dos anos pugnar por uma visão de lógica com sentido de vida, dando sequência à saga do movimento de libertação em África, pugnar por uma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável a partir do conhecimento físico-geográfico-hidrográfico-ambiental, assim como do conhecimento sobre o homem em termos de antropologia cultural, ou pugnar em Angola por uma cultura de inteligência patriótica, tem sido praticamente em vão!

Qualquer passo que se dê nesse sentido esbarra na indiferença dos africanos sobre si próprios e do seu conhecimento sobre os ambientes naturais onde eles próprios existem, tal é o impacto neoliberal que se faz sentir até na profundidade do pensamento reflexivo africano, por efeito das mensagens que chegam em catadupa de fora do continente e por via de correntes de pensamento e acção e de “escolas” geridas sobretudo pelos interesses e conveniências do “hegemon” e de seu cortejo de vassalagens e “emparceiramentos”!

A guerra psicológica constante que persiste contra o continente africano por via dos expedientes de aculturação tirando proveito do impacto neoliberal generalizado, continua a prevalecer em termos de “soft power”, pelo que ao invés dos africanos cuidarem do conhecimento científico e técnico sobre a sua própria vida a fim de alguma vez a poder melhorar, estão cada vez mais transformados em “robots” com conteúdos e sob uma cosmética que nada tem a ver consigo mesmo nem com o que o cerca – uma grande parte vegeta numa subcultura de alienação e de ilusão, entregue à voracidade das ingerências e manipulações, sejam elas de natureza persuasiva, ou de natureza dissuasiva, à mercê do domínio avassalador que chega de fora!

Alguns poucos começam a colocar o dedo na ferida neocolonial “que estamos com ela” e procuram começar a reagir.

É por isso muito importante dar relevo àqueles que assumem esse encargo saudável e prestigioso para África, dando assim um contributo para se abrir caminho para a necessidade da eclosão dum renascimento africano que tarda em ser dado à luz!

O Jornal de Angola de hoje, dia 25 de Maio de 2021, Dia de África, surpreendeu-nos pela positiva ao publicar a entrevista a Luis Kandjimbo que se junta na íntegra e com a devida vénia!

Algo ainda muito insipiente mexe no ventre humano da Mãe África!

Até que ponto é um feto dum renascimento imprescindível que num dia de vocação futura poderá finalmente nascer?

Martinho Júnior, 25 de Maio de 2021

JUNTO A SÁBIA ENTREVISTA A LUIS KANDJIMBO - a seguir

Moody's prevê risco para Moçambique e equilíbrio em Angola

A agência de notação financeira considera o financiamento como a principal questão em análise em Angola. Suspensão da produção pela Total coloca Moçambique em risco de novo 'default' em 2024.

A agência de notação financeira Moody's considera que Moçambique está em risco de entrar novamente em Incumprimento Financeiro ('default') em 2024 se a produção de gás se atrasar e comprometer o aumento previsto das receitas.

"A decisão da Total relativamente à suspensão da produção não terá um impacto imediato mas como o pagamento dos títulos de dívida depende das receitas, o adiamento da produção e o atraso nas receitas pode ser o gatilho para um novo 'default'", disse a diretora do grupo de análise do risco soberano na agência de notação financeira Moody's.

Em entrevista à agência Lusa, Marie Diron salientou que "ainda há tempo [para evitar o incumprimento], porque como o pagamento dos títulos encarece a partir de 2024, há vários anos para o Governo reavaliar as fontes de financiamento", mas alertou que "tendo em conta o histórico anterior do Governo, há um risco e é por isso que o 'rating' é baixo", estando atualmente em Caa2, perto do limite inferior da escala de avaliação da qualidade do crédito soberano. 

A reestruturação dos títulos de dívida que Moçambique fez na sequência do chamado 'escândalo das dívidas ocultas' diminuiu os juros a pagar até 2023, mas quase duplicou as prestações, de 5% para 9% ao ano, a partir desse ano, que era a altura em que se previa que começassem as exportações de gás natural, cujas receitas fiscais suportariam o aumento dos custos.

Porque é que a UE se destaca contra a China

Manlio Dinucci*

Os Estados Unidos estão a prosseguir o seu plano de transformar a Aliança Atlântica não só num super exército contra a Rússia, mas também contra a China. O Parlamento Europeu acaba de colocar calmamente a União Europeia nesta linha política, mesmo antes dos governos terem tomado uma decisão.

O Parlamento Europeu, em 20 de Maio, congelou a ratificação do Acordo UE-China sobre investimentos, assinada em Dezembro pela Comissão Europeia após sete anos de negociações. A resolução foi aprovada por uma esmagadora maioria com 599 votos a favor, 30 contra e 58 abstenções [1]. É formalmente motivada como sendo a resposta às sanções chinesas contra membros do Parlamento Europeu, decididas por Pequim depois dos seus funcionários terem sido sujeitos a sanções, rejeitadas pela China, por violação dos direitos humanos, particularmente os do Uighur. Os legisladores da UE argumentam que, se bem que as sanções chinesas sejam ilegais porque violam o Direito Internacional, as sanções europeias são legais porque se baseiam na defesa dos direitos humanos aprovados pelas Nações Unidas.

Qual é o verdadeiro motivo que se esconde por trás da capa de "defesa dos direitos humanos na China"? A estratégia, lançada e liderada por Washington, de recrutar países europeus para a coligação contra a Rússia e a China. A alavanca fundamental desta operação é o facto de 21 dos 27 países da UE serem membros da NATO sob comando USA. Na primeira fila contra a China, tal como contra a Rússia, estão ao mesmo tempo os países de Leste, membros da NATO e da UE, que, estando mais ligados a Washington do que a Bruxelas, aumentam a influência dos EUA na política externa da UE. Uma política que segue substancialmente a dos Estados Unidos, sobretudo através da NATO. Mas nem todos os aliados estão ao mesmo nível: a Alemanha e a França fazem acordos com os Estados Unidos com base na conveniência recíproca, enquanto a Itália obedece, mantendo-se em silêncio em detrimento dos seus próprios interesses. O Secretário-Geral da NATO, Stoltenberg, pode assim declarar, no final da sua reunião com o Presidente francês Macron, em 21 de Maio: "Apoiaremos a ordem internacional com base em regras contra o impulso autoritário de países como a Rússia e a China".

EUA | O TÚNEL FATAL

Um assassinato policial em St. Louis permanece envolto na escuridão

# Publicado em português do Brasil

Alison Flowers | Sam Steck | The Intercept

Em parceria com Invisible Institute   

"Eles o pegaram na escuridão." Esta é a poesia do trauma que pais como Antoine e Tammy Bufford aprenderam a falar. Eles estão descrevendo como seu filho foi morto a tiros no corredor estreito entre uma casa de tijolos vermelhos e uma casa de fazenda desgastada no bairro de Carondelet, em St. Louis, em 12 de dezembro de 2019.

“Ele esperou até Cortez entrar na escuridão”, disse Antoine Bufford. “Você não conseguia ver nada lá. Nada."

O espaço de 1,2 metros entre 535 e 533 Bates Avenue é incrivelmente escuro. Como um buraco negro ou um túnel sem luz no final, o estreito espaço gramado corre cerca de 10 metros antes de terminar em uma cerca de madeira. Foi lá que Cortez Bufford, de 24 anos, perseguido por um homem armado, não conseguiu correr mais naquela quinta-feira à noite, por volta das 21h30.

Oito tiros foram disparados. Cinco, possivelmente seis, atingiram o corpo de Bufford, na frente e nas costas, da ponta do dedo esquerdo até a coxa direita e a parte superior das costas. Três tiros no rosto e na cabeça, um em cada bochecha, e o tiro fatal na parte superior esquerda da testa.

“Era como se ele fosse um alvo de tiro”, seu pai se lembra de ter pensado, enquanto olhava o corpo de seu filho na casa funerária da família para “ver tudo o que eles fizeram com ele”.

Vestindo uma camiseta amarela do Missouri Tigers, Bufford tinha saído naquela noite com um bom amigo de sua vizinhança, Terell Phillips. “Apenas um dia normal”, disse Phillips. “Nós estávamos relaxando.”

No decorrer da noite, eles pararam em um posto de gasolina da BP no carro alugado que seu amigo dirigia para comprar gasolina, um suco e cigarros.

A BP fica do outro lado da rua de um terreno baldio, perto do rio Mississippi, ao lado de um viaduto de rodovia. Ameaçada de fechamento pela cidade, estava pendurada dois anos depois de ser atingida por um aviso público de incômodo por seu grande número de ligações para o 911, mais de 800 ligações para atendimento apenas nos últimos cinco anos. Apenas duas noites antes da morte de Bufford, um menino de 14 anos foi baleado várias vezes durante uma discussão.

Quando o perigo veio, Bufford estava parado atrás da loja, talvez para fumar um cigarro longe de materiais inflamáveis. Ele não gostaria de estragar o belo carro alugado de seu amigo, especulou sua mãe Tammy Bufford. Ou talvez ele estivesse mijando, como sugerem os relatórios, embora nenhuma evidência de urinar em público tenha sido encontrada.

“Ei, cara, pare de mijar em público”, disse um homem em um Chevy Tahoe branco. Ele estava cavalgando com outro homem. Eles pararam ao lado de Bufford, de acordo com relatórios. "Guarde o seu lixo."

Bufford sorriu e ajeitou a calça de moletom cinza, mas quando um dos homens abriu a porta do Tahoe para se aproximar dele, seus olhos se arregalaram e o medo se espalhou por seu rosto, de acordo com uma declaração em vídeo de um dos homens.

Foi quando Bufford fugiu.

Em segundos, o homem que o perseguia sacou uma arma, mostra o vídeo do lado de fora do posto de gasolina. Bufford, correndo para salvar sua vida, colidiu em um ponto com o Tahoe dirigido por outro homem. Bufford caiu no chão.

“Eles o atropelaram com o caminhão. Ele se levantou e continuou correndo ”, disse Phillips.

Bufford correu entre duas casas em Bates, mas não conseguiu passar pela cerca. Ele brigou com o homem que estava atrás dele, arranhando-o no processo, e se libertou novamente. Ele atravessou a rua correndo e entrou em outra passarela até que, incapaz de pular a cerca, não conseguiu mais correr.

“Eu ouvi o primeiro tiro. Foi uma pausa ”, disse Phillips em uma entrevista. “Depois disso, foi como Boom! Pausa. Então foi bum, bum, bum, bum, bum, bum ... eles simplesmente o mataram. ”

O legista que realizou a autópsia de Bufford considerou a forma como ele morreu um homicídio. Isso é o que os patologistas forenses escrevem, naturalmente, quando um ser humano morre nas mãos de outro ser humano. Essa parte não é nenhum mistério. O atirador de Bufford sempre foi conhecido pela polícia. Porque ele é a polícia. Ou, como os relatórios se referem a ele, Oficial # 1.

Nesses relatórios, Bufford é “o suspeito”, e o que começou como um “controle de pedestres” rapidamente se tornou mortal.

Duas pessoas, um policial branco e um homem negro, cada um carregando uma forte narrativa interna sobre o outro, estão ambos, supostamente, e legalmente, carregando armas.

Ambos carregam algo mais: trauma.

Na escuridão da passarela, seus medos se chocam. À medida que o espaço e o foco se estreitam, é difícil discernir quem, exatamente, está no controle de suas ações e quem é cativo de uma cadeia neurológica de eventos com impulso letal - um incidente atolado em implicações políticas e sociológicas, onde a perspectiva dita quem joga os papéis da vítima e do agressor.

Policiais como o Oficial # 1 são ensinados a se antecipar. Para atirar primeiro. Para sobreviver em uma sociedade inundada de armas. No espaço estreito entre as duas casas, não havia cobertura para nenhuma delas.

“Eles o chamam de túnel fatal antigo, basicamente”, disse o policial nº 1 em uma entrevista em vídeo com os investigadores da força cerca de um mês após o tiroteio. Ele remexeu os dedos, como se não se sentisse à vontade com o que acabara de dizer. Os especialistas em combate corpo-a-corpo costumam se referir a situações como "funil fatal".

O que aconteceu na passarela também foi uma espécie de túnel perceptivo. Apesar da implausibilidade da habilidade do Oficial # 1 de ver dentro deste espaço, sua “visão de túnel” certamente assumiu o controle, distorcendo a realidade ao fazê-lo acreditar que Bufford estava atirando nele, ele afirmaria mais tarde. E dentro do nosso atual modo de policiamento agressivo, esse espaço entre a percepção e a realidade pode produzir, e continuará a produzir, resultados trágicos, absurdos - e evitáveis .

"Como você teme por sua vida se ele está fugindo de você?" Tammy Bufford, a mãe de Cortez, pergunta. “Em que ponto houve uma ameaça? Em que ponto houve uma ameaça? ”

Biden cinicamente politiza a teoria do vazamento de laboratório para destruir a China

# Publicado em português do Brasil

Se o governo Biden estivesse genuinamente motivado a determinar a origem da pandemia Covid-19, não estaria difamando Pequim de forma ostensiva.

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation | © Foto: Reuters / Dado Ruvic

O presidente dos EUA, Joe Biden, está agora canalizando a teoria da conspiração de Trump de que a pandemia global Covid-19 saiu de um laboratório biológico chinês. Não há novas evidências para apoiar a afirmação, mas o que é novo é uma oportunidade cínica para Washington aumentar sua hostilidade contra Pequim.

A teoria do “vazamento de laboratório” foi lançada pela primeira vez no início de 2020 por norte-americanos malucos de direita como Steve Bannon e outros obsessivos anti-China do Partido Republicano. Foi então assumido pelo ex-presidente Donald Trump e seu secretário de Estado da CIA, Mike Pompeo. A ideia era que o Wuhan Institute of Virology - um laboratório de pesquisa de doenças infecciosas de classe mundial - liberasse um vírus mortal por acidente ou planejado para infectar o resto do mundo e, em particular, para dizimar a economia dos EUA - o "maior da história" , de acordo com Trump.

Essas alegações foram rejeitadas no ano passado pelos democratas e sua mídia de apoio como uma conspiração desequilibrada típica de Trump, que também acreditava que injetar alvejante doméstico no corpo humano poderia ser uma cura para o Covid-19.

Um cenário mais plausível - apresentado pela China e muitos outros especialistas internacionais - era que o vírus SAR-CoV-2 evoluiu na natureza e foi transmitido de animais para humanos. Ainda não está claro se a China foi o marco zero para a doença ou se ela se originou em outro país antes de ser detectada na China?

Israel mata crianças em Gaza : 'Este é o preço da guerra' – manchete de jornal de Israel

# Publicado em português do Brasil

Jornal israelense publica fotos de todas as 67 crianças palestinas mortas na investida em Gaza

Julia Conley | Global Research, May 28, 2021 | Common Dreams 27 May 2021

"As conversas em torno de Israel / Palestina estão mudando nas comunidades judaicas em todo o mundo", disse o rabino e autor Abby Stein. "Já estava na hora."

Defensores dos direitos humanos e jornalistas aplaudiram o jornal israelense Haaretz por sua reportagem de capa “sem precedentes” na quinta-feira - uma com as fotos e histórias de 67 crianças palestinas mortas na última campanha de bombardeio pelas Forças de Defesa de Israel. 

“Este é o preço da guerra”, dizia a manchete.

O artigo foi publicado um dia depois que o New York Times publicou seu próprio extenso relato sobre as vítimas mais jovens da mais recente ofensiva de 11 dias de Israel, na qual as FDI freqüentemente visavam áreas residenciais de Gaza, conhecida como a maior prisão a céu aberto do mundo.

O foco do Haaretz nas crianças mortas em Gaza foi especialmente notável, disse o autor e professor do Brooklyn College Louis Fishman, considerando que os leitores do jornal “também enviam seus filhos para lutar nas guerras de Israel”.

“Isso é sem precedentes”, twittou Fishman .

Enquanto Haaretz se incline para a centro-esquerda editorialmente, a grande mídia israelense tradicionalmente não cobre as baixas palestinas nas campanhas militares das FDI e as políticas violentas do governo israelense, disse o jornalista Khaled Diab.

Como Diab tweetou, as tentativas anteriores de organizações em Israel de divulgar o custo humano dos ataques das FDI foram reprimidas.

O desvio de voo da Ryanair na Bielo-Rússia pode abrir a caixa de Pandora

# Publicado em português do Brasil

AndrewKorybko* | OneWorld

O desvio de um caça a jato da Bielo-Rússia de um voo da Ryanair para Minsk em resposta a uma ostensiva ameaça de bomba a bordo e a subsequente prisão de um membro extremista do movimento Revolução da Cor do país após o pouso pode abrir a Caixa de Pandora, estabelecendo o precedente pelo qual os países ocidentais poderiam eventualmente seguir em seus passos por razões puramente políticas contra indivíduos sancionados unilateralmente da Rússia ou de outros lugares.

A Bielo-Rússia ordenou que um caça a jato acompanhasse um voo da Ryanair até Minsk que estava em trânsito em seu espaço aéreo a caminho de Vilnius no domingo, em resposta a uma ameaça de bomba a bordo. Ao desembarcar, um membro extremista do movimento da Revolução das Cores do país , Roman Protasevich, foi preso pelas autoridades. O vôo foi então autorizado a continuar para Vilnius depois que nenhuma bomba foi encontrada a bordo. A reação ocidental foi rápida e um número crescente de países fez fila para condenar a Bielo-Rússia pelo que eles alegaram ser uma operação de inteligência com o objetivo de prender Protasevich, mas que supostamente poderia ter colocado vidas inocentes em risco. Minsk ignorou as acusações enquanto Moscou chamava o Ocidente por seus padrões duplos .

Existem vários ângulos para analisar esse desenvolvimento. A primeira é aceitar a palavra das autoridades bielorrussas sobre o que aconteceu, de que foi mera coincidência alguém lhes ter informado de uma bomba a bordo do mesmo voo em que Protasevich estava a ocupar o espaço aéreo da Bielorrússia. A segunda é para aplaudir o presidente Lukashenko por uma operação inteligente por meio da qual seu governo foi capaz de levar à justiça um membro extremista do movimento Revolução Colorida do país. A terceira, no entanto, é condená-lo por supostamente colocar vidas em risco e possivelmente violar os regulamentos internacionais da aviação ao fingir uma ameaça de bomba para prender aquele extremista político.

sábado, 29 de maio de 2021

Angola | SAUDOSISMO COLONIAL, EXERCÍCIO ALCORA ...

E A CAMPANHA DE PROPAGANDA DO 27 DE MAIO

Martinho Júnior, Luanda | complementado com texto de Artur Queiroz*

(A CAMPANHA FRACCIONISTA DO 27 DE MAIO REVELA A CONTINUIDADE DUMA SUPERESTRUTURA IDEOLÓGICA E DE UMA SOMBRIA ACÇÃO DE INTELIGÊNCIA ECONÓMICA POR PARTE DO “ARCO DE GOVERNAÇÃO”, NO REAPROVEITAMENTO DO EXERCÍCIO ALCORA).

SE ANTES BENEFICIAVA O ALIADO “APARTHEID” APÓS O GOLPE DE 25 DE NOVEMBRO DE 1975 EM PORTUGAL, PASSOU A BENEFICIAR AS REDES “STAY BEHIND” AO SERVIÇO DO “HEGEMON”, DA NATO E DO AFRICOM!...

É evidente que uma parte importante da alimentação dessa campanha tem que ver com o 25 de Novembro de 1975 e o que ele representou até hoje para a oligarquia portuguesa, que era na época e é hoje, uma das principais interessadas, mesmo que não o expresse publicamente, que os do golpe de 27 de Maio de 1977, tinha a República Popular de Angola apenas ano e meio, tomassem o poder em Angola pela força das armas, ou então fosse possível “moer” com um seu sucedâneo, como a campanha que se lhe fez seguir!

Essa é uma autêntica grande operação encoberta (só publicamente visível no que é publicado por via da manobra e de sua mão-de-obra) que se identifica plenamente com um reaproveitamento do Exercício Alcora, tanto em relação à época e, como o golpe não vingou, com o que veio a seguir até aos nossos dias, agora de forma revigorada e segundo a projecção dum “estratega” em assuntos económicos e, pelos visto de inteligência: António Costa e Silva, o mesmo da “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”!

O Presidente António Agostinho Neto foi confrontado, segundo notícias de fonte fidedigna, com as acusações inflaccionadas dessa campanha, em Monróvia, numa reunião de Presidentes africanos e foi um dos presidentes francofones da linha das redes Foccart e do Eliseu, que o acusou de viva voz!

Foi esse choque psicológico que foi assim “diplomaticamente” jogado olhos nos olhos, que rapidamente o afectou e o arrastou para a decadência até à morte, contribuindo para começar a minar o seu próprio poder em Angola, num momento que a luta contra o “apartheid”-nazi a todo o transe se impunha!

Das redes Foccart e do Eliseu para os serviços de inteligência portugueses não era necessário dar passo algum: os enlaces sucediam-se num ambiente de completa sintonia e para tal havia muitos dispositivos disponíveis, desde a NATO, ao “Le Cercle” e aos múltiplos canais económicos e diplomáticos bilaterais, pois a França foi até, a par da Alemanha, um dos maiores fornecedores de armamento aos componentes do Exercício Alcora e particularmente à África do Sul sob o regime “apartheid”-nazi e a Portugal sob regime colonial-fascista!

O modelo da indústria da energia e do armamento na Europa é similar à dos Estados Unidos, havendo interesses e investidores comuns em muitos sectores e mantêm em ambos os casos influência sobre as pertinências ditas “republicanas” mais conservadoras, potenciando o que há de mais versátil em termos de redes “stay behind” da própria NATO, também elas envolvidas em operações “no ultramar” (na América Latina, por exemplo, com a Operação Condor da CIA, que aproveitou os “operacionais” encobertos da Aginter Press, auxiliar da PIDE/DGS)!

A coisa é de tal ordem que, confrontado o António Costa e Silva dos Comités Amílcar Cabral, com o actual “estratega” do governo do “arco” que alguns caem no engodo de considerar como “geringonça”, ele parece ter-se esquecido que o Presidente Amílcar Cabral recomendava aos pequeno-burgueses de então, “suicidarem-se como classe” quando passassem a dar o seu contributo directo à luta armada de libertação nacional, algo que ele, devoto revolucionário, não cumpriu, nem pensou em alguma vez cumprir… irra que “é de esquerda” (mas da “esquerda” CIÁtica, da praça Maidan)!

O “estratega” é perito em assuntos correlacionados com petróleo (teria aprendido bastante em Angola com a Sonangol) e está à frente da Partex, cujos interesses estão identificados com a Fundação Gulbenkian, por tabela e “tradicionalmente” com a nata da oligarquia portuguesa, que por razões de classe nunca deixou de ser saudosista do colonialismo até por que a raiz é a “ala liberal” do híbrido padrinho-afilhado Marcelo!

Como tal em termos de propaganda vale tudo: viu olhos nos olhos um pelotão de fuzilamento, ficou quase cego… mas parece que nesse aspecto está tudo bem, à boa maneira do exemplo camoniano: “em terra de cegos quem tem um olho é rei”!

Bom não se admirem que, com o andar da carruagem vamos ter em Angola, dentro em breve, com ainda mais vigor, a Partex a comprar uma parte de algum dos despojos da Sonangol, à escolha!...

Será que o António Costa e Silva é também um dos estrategas da Comissão para a Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos em Angola, com a intenção de “regenerar o tecido social angolano”?

Por estes dias tenho-me lembrado muito dos bascos e daquele proverbial ditado que lhes é atribuído:  “não creio em bruxas, mas que as há, sem dúvida que há” e em época neoliberal, metamorfoses que são “os costas que estão a dar à costa” perfazem o grupo das “especiais”… além do mais “pelo petróleo morre o peixe”!...

Não será assim Angola?

Martinho Júnior, 24 de Maio de 2021

Imagens que são espelhos:

01- PS pede “audição urgente” de Costa Silva no Parlamento – Socialistas querem autor do plano de recuperação económica 2020/30 na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação. – https://www.publico.pt/2020/09/02/politica/noticia/ps-pede-audicao-urgente-costa-silva-parlamento-1930137;

02- A Visão Estratégica de António Costa e Silva – 10 de Fevereiro, 2021, Bruno Cartaxeiro – Artigo incluído na edição de fevereiro 2021 – Desenhou a estratégia económica do país para a década a pedido do primeiro-ministro, de forma a relançar a economia na pós-pandemia. – https://www.forbespt.com/a-visao-estrategica-de-antonio-costa-e-silva/

03- Costa Silva diz que Angola deve criar uma comissão para vítimas do 27 de Maio de 1977 (há mais de 6 meses) – António Costa e Silva defendeu que Angola deve ter uma Comissão Verdade e Reconciliação para as vítimas de maio de 1977. “Angola é um país que precisa de atos regeneradores”, diz o gestor – https://observador.pt/2020/11/09/costa-silva-diz-que-angola-deve-criar-uma-comissao-para-vitimas-do-27-de-maio-de-1977/;

04- António Costa e Silva - Angola Partex OIL AND GAS – Professor Doutor António Costa e Silva nasceu em Catabola, Angola, em 1952. É o actual Presidente da Comissão Executiva do Grupo PARTEX OIL AND GAS. (Holdings) – https://www.youtube.com/watch?v=2rjbA8ZAHMI;

05- Costa convidou gestor da Partex para “coordenar preparação do Programa de Recuperação Económica” – O primeiro-ministro português confirmou, domingo (31), que convidou o gestor da petrolífera Partex António Costa e Silva para “coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica”, trabalho que deverá estar concluído até à aprovação do Orçamento Suplementar. – https://portugaldigital.com.br/portugal-costa-convidou-gestor-da-partex-para-coordenar-preparacao-do-programa-de-recuperacao-economica/.    

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A seguir: Texto do jornalista Artur Queiroz

Angola | O arrependimento é sublime

Paulo Rego* | Plataforma | opinião

“Mais do que um pedido de desculpas”, o Presidente angolano assumiu em nome do Estado “arrependimento” pelo banho de sangue, a 27 de Maio de 1977, com que o regime do MPLA dizimou as vozes da oposição, alegando estar a abortar um golpe de Estado. O líder da oposição rendeu-se ao discurso de João Lourenço, classificando-o de “soberano e sublime”. Este gesto marca uma nova era de reconciliação política e social num país traumatizado por décadas de abusos políticos e delapidação de riqueza.

O país não está bem. Por um lado, a queda do preço do petróleo dos mercados internacionais diminui a margem de manobra de uma economia endividada, que nunca soube diversificar a atividade. Por outro, a nova liderança, confronta-se com uma realidade inesperada: destruído o sistema de poder e os interesses instalados à volta da oligarquia do antigo presidente José Eduardo dos Santos, a economia parece desmoronar-se, como um castelo de cartas. A moralização do país está a sair cara, porque eliminou um passado que não servia, mas tarda em encontrar um futuro que funcione.

Mas o país respira melhor. É inegável. E os ecos do que João Lourenço está a fazer merecem ser ouvidos em Macau e na China, no contexto da sua estratégia lusófona. Regimes como o angolano, que assumem o caminho da própria catarse, anunciam com isso capacidade de construir o futuro, tornando-se mais credíveis e interessantes para o investimento externo.

Mais de 40 anos depois de um regime que alimentou muita gente no exterior, empobrecendo a população, Angola precisa agora de parceiros internacionais que verdadeiramente alavanquem o seu crescimento. O mundo sabe que, depois do milagre asiático, o próximo boom económico estará centrado em África. A China, que há tantos anos investe nessa relação, tem agora condições de fazer mais e melhor, com interesse mútuo. Macau deve olhar para essa nova realidade – faz parte da nossa diversificação económica, que é cada vez mais urgente.

*Diretor-Geral do Plataforma

Este artigo está disponível em: 繁體中文

Alemanha reconhece que cometeu ‘genocídio’ na Namíbia

A Alemanha reconheceu pela primeira vez que cometeu um “genocídio” contra as populações das etnias hereros e namas da Namíbia no início do século XX, durante o período colonial, uma decisão recebida como um “passo na direção correta” por parte das autoridades do país africano.

“Do ponto de vista atual, hoje qualificaremos estes acontecimentos como o que são: um genocídio”, declarou o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, em um comunicado.

A Alemanha também anunciou que vai pagar ao país 1,1 bilhão de euros (US$ 1,34 bilhão) para ajudar no desenvolvimento e na reconstrução do país.

A quantia será paga ao longo de um período de 30 anos e deve beneficiar de maneira prioritária os descendentes das duas etnias. Do ponto de vista jurídico, não se trata de uma compensação, e este reconhecimento não abre caminho para uma “demanda legal de indenização”.

“A aceitação por parte da Alemanha de que um genocídio foi cometido é um primeiro passo na direção correta”, declarou à AFP Alfredo Hengari, porta-voz do presidente namibiano, Hage Geingob.

“É a base da segunda etapa, que consiste em pedir desculpas e prever uma reparação”, disse.

Nas próximas semanas, o presidente da Namíbia organizará encontros com autoridades das comunidades de hereros e namas, sobre as “modalidades de aplicação do que foi estabelecido com a Alemanha”, disse Hengari.

O anúncio é resultado de cinco anos árduas negociações entre os dois países.

A Namíbia foi colonizada pela Alemanha entre 1884 e 1915. Os colonos alemães mataram dezenas de milhares de hereros e namas durante os massacres executados entre 1904 e 1908. Por vários historiadores, tratou-se do primeiro genocídio do século XX.

Portugal | O MEL amargo da eminência parda de Passos Coelho e do saudosismo

Mário Motta | opinião

Caíram mais máscaras de políticos portugueses neste 28 de Maio – uma data que comemora o fascismo e a ditadura salazarista. A direita dita democrática e os declaradamente fascistas, xenófobos e racistas uniram-se na comemoração sobre o pretexto da Conferência do Movimento Europa e Liberdade (MEL).

Os que intervieram, usando a sofisma e o populismo, disseram quase sempre só o que consideraram poder dizer e que captasse simpatias nos portugueses que desconhecem ou se esqueceram de como são implantados os regimes antidemocráticos como o de Salazar e, mais além, como o de Hitler. Regimes colonialistas, protofascistas e nazis, quanto quiserem.

Esses personagens não faltaram, querendo aparentar-se democratas. Foram muitos os que ali estiveram, praticamente sempre os mesmos, bem conhecidos dos portugueses atentos que lutaram pela democracia, pela justiça social, pela liberdade. As novidades foram os protofascistas do estilo de André Ventura, de Passos Coelho, entre outros, que até mesmo sem falarem tresandam ao saudosismo colonial-fascista. Um Ventura falador e um Passos Coelho calado, que em jovem se escudou num partido dito social-democrata que acolheu salazaristas e colonialistas creditados de democratas que não eram, nem são. E assim têm vindo, ao longo de 47 anos rumando à direita desumana (como se viu com Cavaco, Barroso e Passos Coelho, bramindo a bandeira da democracia mas marchando com botas cardadas que têm trucidado muitas famílias portuguesas por via do neoliberalismo que é uma das antecâmaras do fascismo.

SANTA PEDOFILIA EM PORTUGAL

Quatro queixas de abusos sexuais na Igreja. E apenas uma investigação aberta

Este sábado realiza-se em Fátima um encontro dos bispos portugueses com um representante da Santa Sé. Um dos temas discutidos será o dos abusos sexuais de menores na Igreja

Só as dioceses de Braga, Bragança e Funchal disseram ter recebido denúncias de abusos sexuais de menores ou adultos vulneráveis por membros da Igreja. São quatro no total. Mas só uma estava a ser investigada. As restantes tinham já prescrito. Das vinte dioceses questionadas pelo "Público" sobre o assunto, quatro não responderam: Guarda, Viana do Castelo, Angra e Viseu.

Um ano depois da criação das comissões diocesanas para lidar com eventuais queixas de abuso sexual, esta instituição continua sem centralizar as estatísticas que ajudariam a perceber a verdadeira dimensão do problema no país.

O Novo Rosto do Tibete:70 Anos Após a Libertação Pacífica


# Publicado em português do Brasil

A 23 de maio de 1951, os representantes do Governo Popular Central e do Governo Local do Tibete assinaram o Acordo de Dezessete Pontos para a Libertação Pacífica, consumando a libertação da região. Desde então, o planalto nevado, com uma superfície equivalente a um oitavo do território chinês, deixou para trás uma sociedade sombria e retrógrada, firmando grandes avanços de desenvolvimento socioeconómico. Os grupos étnicos do Tibete trilharam um caminho de sucesso, o qual partilham com o povo de todo o país, caracterizado pela solidariedade, igualdade, desenvolvimento e prosperidade comum. Volvidos 70 anos de profundas mudanças, o planalto ancião encara o mundo com um novo rosto.

Servos camponeses que se libertam de grilhões, solidariedade multiétnica reforçada

A antiga sociedade tibetana viveu sob a servidão feudal por cerca de mil anos, até à libertação pacífica. Na época, 95% das pessoas no Tibete eram vistas como meras “ferramentas” pela classe dominante. Após a libertação pacífica, reforma democrática e implementação da autonomia regional, milhões de camponeses oprimidos deixaram a miséria, alcançando um bem-estar sem precedentes. A expectativa de vida subiu de 35,5 anos em 1951 para a de 71,1 anos em 2020.

Entre os representantes da Assembleia Popular de todos os níveis do Tibete, a etnia tibetana e outras etnias locais perfazem mais de 92%. Os quadros tibetanos e de outros grupos étnicos correspondem a 70% do número total dos quadros da região. O conceito socialista de relações étnicas, caracterizado pela igualdade, solidariedade, apoio mútuo e harmonia, está já amplamente enraizado nos corações dos habitantes do Tibete. A união étnica no Tibete assemelha-se às sementes de uma romã.

Desde o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, o Comitê Central do PCCh, com o camarada Xi Jinping como núcleo, tem assegurado, com base nas experiências de sucesso da governança, a estabilidade e prosperidade da região. As estratégias do PCCh para a governança da Região Autónoma do Tibete na nova era, servem de fundamento norteador dos trabalhos do Tibete na nova era. Sem a libertação pacífica do Tibete, não teria sido possível o salto histórico do melhoramento do sistema social, a implementação, cada vez mais aperfeiçoada, da política democrática socialista, nem o conforto que todos os grupos étnicos desfrutam atualmente na região.

A bondade chinesa além dos benefícios da exportação de vacinas

David Chan* | Plataforma | opinião

De acordo com os últimos censos do país, a China continua a ser a nação com a maior população do mundo, constituída por 1,411 mil milhões de pessoas. Todavia, apesar do tamanho populacional e escassa oferta de vacinas, o país continua a tentar ajudar o resto do mundo.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma: “A China ajudou mais de 80 países e três organizações internacionais em matéria de vacinação, exportou vacinas para mais de 50 países e tem estabelecido acordos de transferência de tecnologia e produção conjunta com mais de 10 nações, incluindo o Egito e os Emirados Árabes Unidos”, acrescentando que o país é provavelmente o maior fornecedor de vacinas para nações em desenvolvimento. Até mesmo à India, que compete muitas vezes com o país, foi oferecido auxílio, porque para a China toda a humanidade é uma comunidade com um futuro comum, não devendo as vidas de inocentes ser ignoradas devido às técnicas de manipulação dos líderes. E os EUA, vistos como amigos da Índia, que têm feito? Primeiro recusaram-se a exportar para o país os materiais necessários para a produção de vacinas, recebendo depois críticas de toda a comunidade internacional quando no início de maio foi relatado que estavam a acumular vacinas contra a Covid-19.

Durante uma conferência de imprensa, Hua Chunying refere: “Os EUA contam com uma população de 330 milhões de pessoas, representando apenas 4% da população do mundo, mas estão na posse de dois mil milhões de doses, um quarto do total mundial. À medida que vários países em todo o mundo correm atrás destas vacinas, milhares de milhões estão guardadas em armazéns americanos. Vários líderes americanos têm ainda reiterado a necessidade de priorizar os EUA na distribuição das mesmas, “a América primeiro”, limitando a exportação dos materiais necessários para a respetiva produção”.

Os media americanos noticiam que cerca de 30 milhões de doses estão paradas em vários armazéns de Ohio, enquanto milhares de milhões de pessoas por todo o mundo esperam ansiosamente pela oportunidade de serem vacinadas. Alguns salientam que o país está a acumular mais vacinas do que aquelas que necessita, sem ter exportado uma única dose. Segundo a empresa britânica Airfinity, até março deste ano, os EUA produziram 164 milhões de vacinas, exportando zero. Já a China produziu 229 milhões, e exportou 109 milhões de doses, ou seja, 48%. A comparação é fácil.

Claro que a exportação massiva de vacinas pela China deve ter alguns benefícios para o próprio país, como desenvolvimento de relações internacionais e construção da imagem como grande potência mundial, porém, mais do que a esses interesses, devemos dar valor à compaixão e bondade da população chinesa.

*Editor Senior

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“Quando se deu a crise, quem deu a mão a Portugal foi a China”

Catarina Brites Soares* entrevista Gilberto Camacho

O mais recente conselheiro das comunidades portuguesas percebe que Lisboa se abstenha quando a comunidade internacional critica a China. Pequim olha o país como “um bom amigo” e Portugal só tem a ganhar por ser considerado um Estado “que não cria problemas”, diz. Em entrevista ao PLATAFORMA, Gilberto Camacho, que substituiu o deputado José Pereira Coutinho, afirma que pode fazer a diferença na relação sino-portuguesa por ser de Macau, mas ressalva que essa diferença seria mais significativa se “quem manda em Portugal” desse mais importância ao Conselho das Comunidades Portuguesas do Círculo da China, Macau e Hong Kong. Quanto aos portugueses, considera que são bem acolhidos na região e que assim continuará se não divergirem da China.

Que papel deve ter um conselheiro das comunidades portuguesas em Macau?

Gilberto Camacho – Até finais do ano passado, a China era vista como o gigante adormecido. Atualmente, caminha a passos largos para ser a principal economia do mundo, substituindo os Estados Unidos da América, provavelmente já em 2030, segundo os entendidos. Não é fácil para a comunidade internacional aceitar que há um novo camisola amarela, para quem vê a Volta a França, e que é política, social e culturalmente tão diferente do ocidente. Se aos níveis cultural e social as diferenças podem ser bem entendidas, ao nível político não é bem assim.

O ocidente, e daí a crispação sobretudo com os EUA, rege-se por valores democráticos. Às vezes, questiono-me até que ponto o sucesso do sistema político da China se deve ao falhanço das principais democracias ocidentais, com os EUA à cabeça. Vejo o crescimento e a afirmação da China no panorama internacional como um passo fundamental para que os países no ocidente deixem de ser democracias disfuncionais e passem a ser funcionais. Portugal tem sabido gerir as relações com a China. É visto pela China, e por outros, como um país amigo, que não cria problemas.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

INGERÊNCIAS E MANIPULAÇÕES SEM FIM EM ANGOLA!

Martinho Júnior, Luanda | complementado com texto de Artur Queiroz

Agora tudo nos vai surgindo de forma convulsiva e em alguns casos até por vezes “aliciadora”, mas com um conta-quilómetros e um “timing” próprios, de forma aberta ou em circuito fechado, desde a propaganda sobre o 27 de Maio de 1977 indexada ao sopro inteligente dos do golpe de estado do 25 de Novembro de 1975 em Lisboa, até ao eco das vozes dos “queimadores de bruxas” nas fogueiras da Jamba de tão bárbara memória!

Os etno-nacionalismos e os seus mentores europeus estão a fazer tudo para cumprir a sua quota-parte diligente e velada nos “jogos africanos”, em mais uma cada vez mais indiciada tentativa de tomada de poder em Angola aproveitando as eleições gerais de 2022, enquanto a mão do “hegemon” continua, via RDC e aproveitando as antigas redes de tráfico semeadas por Mobutu e Savimbi, a instalar islâmicos por toda a imensa região dos diamantes aluviais do centro-nordeste (Kwanza, Cuango e Cassai), a maior a céu aberto do mundo, reforçando com isso o seu poderio em todos os circuitos comerciais locais (a nível de bairro, comunal, municipal e provincial).

A situação em Cafunfo, sob o rótulo do Movimento do Protectorado Português Lunda-Tchokwe é já uma emanação dessa tenebrosa articulação já antes alertada, que se está a paulatinamente a arquitectar no centro-nordeste, que surge em sintonia com o resto: desde o jogo de inteligência de potências coloniais europeias (particularmente o jogo que passa por Lisboa e Bruxelas), ao jogo dos “costas que estão a dar à costa” e ao dos “gatos” que se pretendem esconder quando todo o corpo está visível à luz do dia!

Foi para isto que serviu o 31 de Maio de 1991 em Bicesse, a outra face da moeda que pôs fim à República Popular de Angola, ao Partido do Trabalho, à convulsão intestina dentro da Segurança do Estado, às FAPLA… e é por isso que na “transversal” de algumas das instituições mais decisivas do próprio estado a atmosfera que se vai indiciando é de desagregação, por que muitos procuram dividir e dividir para alguma vez tentarem reinar, ou na aparência fazerem “terceiras bandeiras” reinar!

É próprio duma “democracia representativa e multipartidária” e do ambiente de capitalismo selvagem que se foi instalando quando penetrou depois do choque de 1992/2002, a terapia neoliberal!

O DIA DA LIBERTAÇÃO DE ÁFRICA AINDA ESTÁ POR VIR

# Publicado em português do Brasil

Alexander Dugin* | Katehon

Hoje é o Dia da Libertação da África (24.05). O bom deste evento é que os povos do continente africano emergiram da era do colonialismo direto. Na verdade, isso é uma coisa linda. Aqueles que se alegram com a escravidão dos outros, ou simplesmente a toleram, estão fadados a se encontrar na mesma posição.

Ocupação, escravidão, colonização - especialmente quando o lado vitorioso se comporta como uma raça de mestres e trata a população local como subumana - é sempre abominável. A libertação dos povos da África é um belo fenômeno. É verdade que os povos devem ser donos de seu próprio destino, de sua própria vida.

Mas não devemos cair no pensamento positivo. A verdadeira libertação da África ainda não aconteceu. Apenas as formas de colonização mudaram, de direta para indireta, de política para cultural e econômica, de racismo biológico para racismo civilizacional.

A África ainda não é livre.

Ainda é uma colônia de países ocidentais, que ainda competem entre si pela influência sobre o continente negro.

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