Artur Queiroz*, Luanda
O Presidente da República, João Lourenço, nomeou “por conveniência de serviço”, José de Lima Massano ministro de Estado para a Coordenação Económica, em substituição de Manuel Nunes Júnior. Estávamos em 2023. Longe de mim avaliar a competência ou o desempenho de um auxiliar do Titular do Poder Executivo, não tenho estudos para tanto. Mas posso dizer que o feliz contemplado foi presidente da Comissão Executiva do Banco Angolano de Investimento (BAI), durante seis anos, funções que exerceu antes e depois do seu primeiro mandato de Governador do Banco Nacional de Angola (2010-2015).
Hélder Pita Grós agora é agente de cobranças difíceis. Cobrador de fraque! A Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado (coisa inaudita e inexplicável…) nestes termos: “A deslocação do mais alto Magistrado do Ministério Público à Suíça enquadra-se nos esforços de recuperação dos activos saídos de forma ilícita de Angola”. O Procurador-Geral da República está filado nos fundos do empresário Carlos São Vicente. A turma do chefe Miala nos Media diz que o dinheiro foi depositado nos bancos suíços. Afinal o dinheiro saiu de “forma ilícita de Angola”. Maka mundial! A verdade é que o dinheiro foi mesmo transferido.
Se essas transferências foram
ilícitas, Carlos São Vicente não podia estar sozinho a ser julgado
Não acredito que o senhor ministro de Estado esteja metido em transferências ilícitas ao longo de muitos anos. Elas existiram mas foram legais. As estruturas competentes do BNA e do Banco Angolano de Investimentos confirmaram e reconfirmaram a sua legalidade.
Sabendo disto como ninguém, José de Lima Massano fica muito mal na fotografia. Porque era seu dever apresentar-se em Tribunal afiançando que os fundos transferidos tinham origem legal e as transferências foram feitas segundo as regras. Não o fez. E hoje continua em silêncio, mesmo quando o Conselho de Direitos Humanos da ONU lhe deu boleia ao declarar que o empresário Carlos São Vicente foi vítima de abusos, ilegalidades e arbitrariedades.