terça-feira, 14 de maio de 2024

Angola | O Chefe das Transferências Ilegais -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Presidente da República, João Lourenço, nomeou “por conveniência de serviço”, José de Lima Massano ministro de Estado para a Coordenação Económica, em substituição de Manuel Nunes Júnior. Estávamos em 2023. Longe de mim avaliar a competência ou o desempenho de um auxiliar do Titular do Poder Executivo, não tenho estudos para tanto. Mas posso dizer que o feliz contemplado foi presidente da Comissão Executiva do Banco Angolano de Investimento (BAI), durante seis anos, funções que exerceu antes e depois do seu primeiro mandato de Governador do Banco Nacional de Angola (2010-2015). 

Hélder Pita Grós agora é agente de cobranças difíceis. Cobrador de fraque! A Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado (coisa inaudita e inexplicável…) nestes termos: “A deslocação do mais alto Magistrado do Ministério Público à Suíça enquadra-se nos esforços de recuperação dos activos saídos de forma ilícita de Angola”. O Procurador-Geral da República está filado nos fundos do empresário Carlos São Vicente. A turma do chefe Miala nos Media diz que o dinheiro foi depositado nos bancos suíços. Afinal o dinheiro saiu de “forma ilícita de Angola”. Maka mundial! A verdade é que o dinheiro foi mesmo transferido. 

Se essas transferências foram ilícitas, Carlos São Vicente não podia estar sozinho a ser julgado em Tribunal. Tinha de estar a seu lado José de Lima Massano, porque muitas transferências foram efectuadas quando ele era governador do Banco Nacional de Angola. E muitas mais quando ele era o presidente da Comissão executiva do BAI. Se existiram “transferências ilícitas” elas tiveram o apoio e a conivência do senhor ministro de Estado para a Coordenação Económica. Isto até filho de enfermeiro compreende. 

Não acredito que o senhor ministro de Estado esteja metido em transferências ilícitas ao longo de muitos anos. Elas existiram mas foram legais. As estruturas competentes do BNA e do Banco Angolano de Investimentos confirmaram e reconfirmaram a sua legalidade. 

Sabendo disto como ninguém, José de Lima Massano fica muito mal na fotografia. Porque era seu dever apresentar-se em Tribunal afiançando que os fundos transferidos tinham origem legal e as transferências foram feitas segundo as regras. Não o fez. E hoje continua em silêncio, mesmo quando o Conselho de Direitos Humanos da ONU lhe deu boleia ao declarar que o empresário Carlos São Vicente foi vítima de abusos, ilegalidades e arbitrariedades.

"Drama sem fim". Cheias voltam a deixar o sul do Brasil em sobressalto

Os rios no sul do Brasil subiram novamente esta segunda-feira, à medida que os esforços de resgate dos sobreviventes das cheias se intensificaram e o presidente Lula da Silva admitiu que as autoridades não estavam "preparadas" para um desastre de tal magnitude.

Mais de 600 mil pessoas foram deslocadas por fortes chuvas, inundações e deslizamentos de terra que devastaram o sul do estado do Rio Grande do Sul há cerca de duas semanas.

Pelo menos 147 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas no dilúvio, e as equipas de resgate procuraram na segunda-feira em barcos e jet-skis 127 pessoas dadas como desaparecidas.

Centenas de cidades e vilas e parte da capital regional, Porto Alegre – uma movimentada cidade de 1,4 milhão de habitantes – estão submersas há dias, com ruas transformadas em cursos de água.

“É uma catástrofe para a qual não estávamos preparados”, disse Lula em videoconferência com o ministro da Finanças, Fernando Haddad, e com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

O estado permaneceu paralisado na segunda-feira, com cerca de 360 mil alunos fora da escola, o aeroporto internacional fechado e inúmeras estradas e pontes intransitáveis.

Muitas quintas também ficaram submersas numa região que fornece mais de dois terços do arroz consumido no Brasil. O governo federal disse que importaria 200 mil toneladas de arroz para garantir o abastecimento e evitar a especulação de preços.

Cerca de 80 mil pessoas encontraram refúgio em escolas, clubes desportivos e outros edifícios transformados em abrigos improvisados.

A GRANDE CATÁSTROFE: BRASIL DEBAIXO DE ÁGUA

Gustavo Basso - Estrela, Brasil | Deutsche Welle

Defesa Civil pede que população busque áreas seguras após temporais do fim de semana, avisando para o risco de novos alagamentos em Porto Alegre e nos vales do Taquari e do Caí, entre outros.

A família Bartholdy nem terminou de limpar o segundo andar do imóvel onde moram, em Estrela, Rio Grande do Sul, e as águas do rio Taquari já ameaçam invadir novamente a casa de onde fugiram no dia 1º de maio. "Medo eu nem tenho mais, porque praticamente já perdi tudo. Agora é tentar só ter um telhado para morar um mês, meio ano, um ano, e tentar conseguir um outro terreno, para construir uma outra casa, para poder sair fora desse ambiente difícil", diz Elton Bartholdy, de 59 anos. 

Entre o fim de abril e começo de maio as águas atingiram o telhado do imóvel de aproximadamente 10 metros de altura, algo jamais visto. "Antigamente vinha a um metro, meio metro, nem chegava aqui; agora já cobre a casa, dois, três metros acima", comenta Michele, de 29 anos, que aposta no esvaziamento do município. "Essas cidades vão acabar sendo abandonadas, as pessoas não podem perder tudo e ficar o tempo só reconstruindo. Uma vez ou outra na vida é uma coisa, mas agora é a cada seis, sete meses". 

Pela quarta vez em oito meses, Estrela lida com a cheia do rio que banha a cidade. Na manhã deste sábado (11/05), o nível do rio era de 14 metros, longe da cota de inundação, de 19 metros. Pouco mais de um dia depois, segundo o Serviço Geológico Brasileiro (SGB), as águas já passam de 24 metros, e continuavam subindo rapidamente. Segundo a Defesa Civil de Lajeado, cidade vizinha, o nível deve chegar a 29 metros até esta segunda-feira, superando a enchente de setembro passado que, antes de maio de 2024, havia sido a maior tragédia climática da região.

Há quase duas semanas, 75% dos imóveis de Estrela foram tomados pela água, que arrasou inteiramente quatro bairros, deixando centenas de famílias sem uma casa para voltar quando o nível baixar e toda a lama acumulada for limpa. Um trabalho que deve custar R$ 50 milhões, de acordo com a prefeitura.

Bar destruído

"Saiam daqui gente, saiam, que a água já está subindo de novo e vai até 27 metros", alertava assustado um vizinho enquanto a família, após mais dois dias de trabalho intenso, ainda lavava aparelhos de som e outros eletrodomésticos na tentativa de salvá-los. "Vou deixar uma canoa amarrada no poste para vocês se precisarem ", avisa, preocupado com o ritmo da subida da água, que já tomava metade da rua vizinha.

Foi este pequeno barco que Sergio Roberto da Silva, 67 anos, usou para tentar diminuir o prejuízo já instalado em seu bar. O "bailão", como são chamados os espaços de música e dança comuns no interior do Rio Grande do Sul, funcionava há vários anos no local e tinha resistido a outras inundações do Taquari. Não resistiu, porém, à maior tragédia socioambiental do estado.

"Perdi cinco geladeiras, três freezers e todo o equipamento do salão, que está arrasado. Caiu o telhado inteiro e uma parede", conta ele, enquanto amarra as cadeiras que sobraram no espaço para que não desapareçam com a nova enxurrada.

"Estrela vai levar um ano para se erguer de novo, eu mesmo não sei como, mas vou tentar de novo", desabafa antes de retornar a canoa para voltar para a terra firme e molhada apenas pela água da chuva.

A situação no Rio Grande do Sul não é preocupante somente em Estrela. A Defesa Civil gaúcha emitiu neste domingo (12/05) novos alertas sobre riscos de alagamentos em Porto Alegre, capital do estado, e redondezas, pedindo para que a população busque por áreas seguras com as chuvas intensas que voltaram a cair em diversos municípios na noite sexta-feira e não parou durante o fim de semana. Há previsão de que a situação se agrave.

"A guerra na Ucrânia, a NATO e os EUA queriam derrubar Putin. Missão fracassada" - Denécé

South Front | # Traduzido em português do Brasil

O conflito na Ucrânia foi provocado deliberadamente pelos Estados Unidos e pela NATO com o objectivo de enfraquecer a Rússia e derrubar o governo de Vladimir Putin. Nas expectativas de Washington e da Aliança Atlântica, esta medida deveria ter arrastado a Rússia – com os seus imensos recursos naturais – sob a influência ocidental. Um adiamento necessário também face a um possível confronto com a China.

O colapso da Rússia é um objetivo fracassado. Mas Washington e a NATO alcançaram um objectivo igualmente importante: enfraquecer a Europa e cortar os seus laços políticos e económicos com a Rússia. Hoje, a Europa está mais do que nunca escravizada por Washington, dependente do seu fornecimento de gás e de armas.

Entrevista com Eric Denécé  por  Piero Messina  para  South Front

O que pode parecer a análise de um funcionário do Kremlin é, antes, uma visão profunda e detalhada que vem do coração da Europa, de Paris. Esta análise traz a assinatura de Eric Denécé, um dos maiores especialistas ocidentais em geopolítica e geoestratégia, com muita experiência adquirida na área, sob a bandeira tricolor da inteligência francesa.

Denécé é agora Diretor e Fundador do Centro Francês de Estudos de Inteligência (CF2R). Durante sua carreira, Denécé atuou anteriormente como Oficial de Inteligência Naval (analista) na Divisão de Avaliação Estratégica da Secretaria Général de la Défense Nationale (SGDN). A sua experiência operacional, seja como oficial ou como consultor, levou-o a conduzir operações no Camboja entre as forças de guerrilha e em Mianmar para proteger os interesses da Total contra a guerrilha local. Ele também atuou como consultor do Ministério da Defesa francês em projetos relativos ao futuro das Forças Especiais Francesas e às disputas do Mar da China Meridional. Durante anos, serviu empresas francesas e europeias em questões de inteligência, contra-espionagem, operações de informação e gestão de risco, na Europa e na Ásia.

EXÉRCITO RUSSO ESMAGA DEFESA UCRANIANA NA REGIÃO DE KHARKIV -- com vídeo

South Front | # Traduzido em português do Brasil - ver vídeo

Derrotados nos campos de batalha, os militares ucranianos não param de tentar chegar às instalações da retaguarda russa. Nas últimas semanas, vários UAV ucranianos atingiram refinarias de petróleo russas em diferentes regiões da retaguarda, causando danos menores. A maioria dos drones e mísseis ucranianos, porém, são interceptados pelas forças de defesa aérea russas. A noite de 13 de maio não foi exceção. As forças russas repeliram com sucesso um ataque massivo ucraniano com 31 UAVs, 12 mísseis Olkha MLRS e 4 mísseis de cruzeiro Storm Shadow fornecidos por países da OTAN. O ataque teve como alvo instalações civis nas regiões fronteiriças da Rússia e na Crimeia.

Combatendo com sucesso os mísseis ucranianos e da NATO, os militares russos respondem com ataques de precisão às instalações da retaguarda ucranianas. No meio dos contínuos ataques russos em diferentes direcções nas linhas da frente, drones, mísseis e bombas pesadas russos estão a atacar as Forças Armadas da Ucrânia acumuladas nas regiões orientais.

De acordo com dados não oficiais, cerca de 100 bombas pesadas FAB-500 e FAB-1500 atingiram os militares ucranianos na região de Kharkiv nas últimas 48 horas. Não existe uma única posição do exército ucraniano que não tenha sido alvo da artilharia ou da aviação russa.

Um dos recentes ataques russos destruiu o ponto ucraniano de implantação temporária perto da cidade de Chuguev, na região de Kharkiv. Como resultado do ataque, os militares ucranianos sofreram pesadas perdas e perderam as reservas preparadas para posterior implantação nas zonas fronteiriças de Kharkiv.

Comandante de reconhecimento ucraniano confirma: "fronteira de Kharkov estava indefesa"

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Kharkov é a segunda maior cidade da Ucrânia, por isso, se ficou largamente indefesa, então outras cidades fronteiriças menos significativas provavelmente também estarão indefesas.

A BBC publicou uma reportagem no fim de semana sobre como “os russos simplesmente entraram, disseram as tropas ucranianas em Kharkiv à BBC”, citando o comandante de reconhecimento especial Denis Yaroslavsky. Segundo ele , “não havia primeira linha de defesa. Nós vimos isso. Os russos simplesmente entraram. Eles simplesmente entraram, sem nenhum campo minado. Ou foi um ato de negligência ou corrupção . Não foi um fracasso. Foi uma traição.” Aqui estão três informações básicas para familiarizar o leitor com este assunto antes de prosseguir:

* 2 de dezembro de 2023: “ A Ucrânia está se preparando para uma possível ofensiva russa ao fortalecer toda a frente 

* 28 de fevereiro de 2024: “ O Comitê de Inteligência Ucraniano está se preparando para o pior cenário 

* 18 de março de 2024: “ A conversa de Putin sobre a criação de uma 'zona sanitária/de segurança' na Ucrânia sugere um compromisso potencial 

Resumindo, Zelensky ordenou às forças armadas no final do ano passado que se preparassem para uma nova ofensiva russa algures durante esta, que o Comité de Inteligência Ucraniano previu há menos de três meses que poderia ocorrer em Maio ou Junho. O Presidente Putin avisou então, em meados de Março, que o seu país poderia criar uma zona tampão na Ucrânia para impedir o bombardeamento de cidades russas próximas e os ataques transfronteiriços contra regiões vizinhas. A nova investida da Rússia na região de Kharkov não foi, portanto, claramente uma surpresa.

Suposto que antigo governo da Polónia lucrou com propaganda anti-russa de modo corrupto

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A russofobia política, e não a sua manifestação etnopreconceituosa que se apoderou da Ucrânia e de outros países, ainda é uma questão importante para muitos eleitores polacos. Certamente, esta não é a principal razão pela qual votariam a favor ou contra qualquer candidato, mas certamente têm em mente a atitude percebida por um político em relação a esse país e, consequentemente, julgam o seu patriotismo como resultado.

A Rádio Polskie estatal informou no relatório da Onet que o Gabinete Supremo de Auditoria está a investigar a campanha #StopRussiaNow do antigo governo conservador-nacionalista por alegada apropriação indébita de fundos. Segundo eles, o partido “Lei e Justiça” (PiS) contratou esse trabalho para empresas ligadas aos seus associados, o que poderia resultar em cobranças. Esta notícia coincide com o regresso da repressão de meses do primeiro-ministro liberal-globalista Donald Tusk à agora oposição.

O primeiro-ministro em exercício também exigiu recentemente que a comissão de influência russa do seu antecessor, do verão passado, fosse reavivada, apesar de ele se ter oposto veementemente a ela na altura, juntamente com o Ocidente, devido às suas alegações de que a intenção era difamar o seu partido . O relatório dessa mesma comissão, que foi publicado depois de o PiS ter perdido as eleições, recomendou que Tusk e outros membros dos seus dois governos anteriores não fossem autorizados a ocupar cargos responsáveis ​​pela segurança do Estado .

O pretexto para a sua exigência foi a fuga de um juiz de alto escalão para a Bielorrússia para procurar asilo político pelas suas opiniões críticas sobre as políticas regionais da Polónia, particularmente em relação à guerra por procuração entre a NATO e a Rússia na Ucrânia, bem como o que ele afirma ser a sua subordinação ao Eixo Anglo-Americano Alemanha . Esse indivíduo esteve anteriormente envolvido num escândalo pró-PiS durante o seu período no poder, mas depois tornou-se num denunciante que expôs esta alegada operação de influência.

Israel - Palestina | A narrativa de 7 de Outubro contradita pela História

Thierry Meyssan*

Reproduzimos o texto de uma conferência proferida em 4 de Maio em Boulogne-sur-mer. Thierry Meyssan explica aqui que o conflito actual na Palestina não é imputável às populações árabes e judias. Foi organizado, desde 1915, pela potência colonial com a ideia que jamais o ou os futuros Estados deviam conseguir garantir a sua própria segurança. À sua revelia e às suas custas, os Palestinianos e os Israelitas, ao seguir a operação de 7 de Outubro e a sua réplica, mais não fazem que aplicar esta política. Ao não conseguir parar a limpeza étnica dos Gazenses, os Anglo-Saxões não demonstram a sua insensibilidade, mas sim o facto que consideram os massacres como uma das simples variáveis de ajustamento.


Embora os massacres no Sudão e no Congo sejam muito mais mortíferos que os da Palestina, é sobre estes últimos que vos vou falar hoje. Com efeito, esta é a primeira vez que assistimos ao vivo nos nossos telefones portáteis a uma limpeza étnica. Gostaria de voltar a diversas informações que já abordei em diferentes artigos, mas que, manifestamente, certos média (mídia-br) não querem incluir nas suas análises. Gostava de vos dizer que não há fatalidade comunitária : este conflito não foi provocado pelas populações da Palestina, sejam elas judaicas, cristãs ou muçulmanas, mas por potências externas que, desde há um século, desejaram que elas nunca conhecessem a paz.

Para me fazer compreender, falarei, antes de mais, do Reino Unido. Assistiram à coroação do rei Carlos IIIº. Lembram-se que no meio da cerimónia, ele tirou as suas ricas vestes e se vestiu com uma bata de linho. Os seus pajens ergueram biombos para que a assistência não ficasse espantada. Quando os biombos foram removidos, ele tinha-se tornado Rei. Entregaram-lhe então os símbolos do seu poder, o ceptro e o globo. O que é que se havia passado naqueles poucos instantes fora da vista do público ? O Príncipe de Gales havia visto Deus, tal como Moisés diante da sarça ardente [1]. Esta explicação parece-vos provavelmente ridícula e vocês interrogam-se como estes sujeitos podem acreditar em tal história da carochinha. Na realidade, desde James VI, no século XVI, os soberanos britânicos se declaram reis de Israel [2]. Foi contra a sua concepção de direito divino, que Oliver Cromwell derrubou o seu filho Carlos e proclamou a Commonwealth. No entanto o Lord Protector era ele também um iluminado, professava que era preciso reagrupar todos os judeus na Palestina e aí reconstruir o templo de Salomão [3]. Em resumo, sucederam-se as dinastias mantendo este mito. Elas adoptaram diversos ritos e impuseram outros aos seus súbditos, como a circuncisão judaica, hoje praticada automaticamente nas maternidades no século XX a todos os recém-nascidos do sexo masculino do Reino à nascença.

Dois anos antes da Declaração Balfour (1917), que anunciou a criação de um lar nacional judaico na Palestina, um diplomata judeu e futuro Ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Herbert Samuel, redigiu um memorando sobre o Futuro da Palestina (1915). Aí, ele defendia um Estado judaico que permitiria pôr toda a diáspora ao serviço do Império. Um pouco mais tarde, ele precisou que este novo Estado nunca deveria ser capaz de garantir sozinho a sua segurança a fim de ficar eternamente dependente da Coroa de Inglaterra. É exactamente a isto que assistimos hoje. Foi o destino que amaldiçoou a população da Palestina.

A declaração de Lord Arthur Balfour foi seguida pelos 14 pontos do Presidente norte-americano, Woodrow Wilson. Neles, descreve os objectivos alcançados pelo seu país durante a Primeira Guerra Mundial. O ponto 12 está redigido de forma estranha, mas durante a Conferência de Paris que elaborou o Tratado de Versalhes, ele especificou por escrito o que devia ser entendido : a criação do Estado de Israel na Palestina (e do Curdistão na Turquia). A Guerra Mundial havia provocado um reequilíbrio de forças, de tal modo que agora Washington trabalhava ao lado de Londres na defesa dos interesses comuns.

Durante o período entre guerras, a imigração judaica para a Palestina do Mandato correu bem. Os proprietários fundiários árabes venderam sem problemas uma parte das suas terras aos judeus. No entanto, desde 1920, terroristas árabes assassinaram judeus. Entre os assassinos, Mohammed Amin al-Husseini foi condenado pelos Britânicos a 10 anos de prisão, mas nunca cumpriu. Pelo contrário, Lord Herbert Samuel (o que escreveu que nunca devia haver segurança na Palestina), que se tornara Alto-Comissário britânico na Palestina, agraciou-o e nomeou-o grande Mufti de Jerusalém, pretensamente para manter um equilíbrio entre a duas grandes famílias locais.

Apareceu um salafista (quer dizer, um muçulmano que desejava viver como os companheiros do Profeta no século VII), Izz al-Din al-Qassam, que havia já organizado uma revolta contra os Franceses na Síria e que se tornou Imã em Haifa . Ele decidiu declarar a jiade, não contra os ocupantes britânicos, mas contra os imigrados judaicos. Seguiram-se diversos atentados e pogroms contra judeus. Para manter a paz civil, os Britânicos mataram al-Qassam, personagem que deu o nome às actuais Brigadas al-Qassam do Hamas.

A morte de al-Qassam não resolveu absolutamente nada. Os Britânicos, fiéis à sua técnica colonial de « Dividir para Reinar », sempre desenvolveram com uma mão o que combatiam com a outra. Em 1936, Lord Willam Peel, à cabeça de uma comissão oficial, assegurou que só se a poderia restabelecer a paz separando as populações árabes e judaicas em dois Estados distintos. É o que se chama hoje em dia a « solução de dois Estados ».

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Israel invade Rafah e o genocídio será completado com a cumplicidade dos EUA

Quando Israel consegue matar um cidadão americano, que estava entre os jornalistas de maior destaque no mundo árabe, diante das câmeras e sair impune, isso envia uma mensagem muito clara sobre a impunidade israelense e a cumplicidade de Biden.

Steven Sahiounie* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Dezenas de palestinos foram mortos em Gaza quando aviões de guerra e artilharia israelenses atacaram durante a noite, seguindo a ordem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de tomar a passagem da fronteira de Rafah, em Gaza.

Aviões de guerra israelenses lançaram panfletos no leste de Rafah pedindo às pessoas que fugissem e se mudassem para o que Israel chamou de zona humanitária ao norte, enquanto os militares israelenses bombardeavam a área.

Israel disse aos habitantes de Gaza para se mudarem para uma zona costeira de Gaza durante meses. Mas a ONU afirmou que não é segura nem está equipada para recebê-los.

Rafah, uma cidade de cerca de 170 mil habitantes antes da guerra, cresceu para mais de um milhão, à medida que os habitantes de Gaza, expulsos das suas casas noutras partes do enclave, se abrigaram ali. As condições são catastróficas, com abrigo, saneamento, cuidados médicos, alimentos e combustível inadequados.

Angola | A Corrida aos Activos e Balões Fardex -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O deputado da UNITA Justino Pinto de Andrade contou uma estória enternecedora dos tempos em que era do MPLA na clandestinidade. Adoro curvas e contra curvas, voltas e revoltas em vez de ir directo aso assunto. Divagar é a forma mais divertida de atingir o âmago da arte literária. Quem leu a narrativa original, leu, Quem não leu, faço um resumo. A célula clandestina do actual deputado do Galo Negro (as voltas que a vida dá!) resolveu fornecer fardas aos guerrilheiros da I Região Política e Militar do MPLA. Aí resolveram criar uma fábrica de confecções, nos subterrâneos de uma serração.

Um militante abnegado foi a Malanje comprar kamanga para financiar o projecto. Voltou e disse: Missão cumprida. Já existia kumbu para montar a serração e a fábrica de confecções. Lá em cima as máquinas transformavam em tábuas, troncos de moreira, muguba e takula. No subterrâneo as senhoras davam ao pedal nas máquinas de costura confeccionando fardas. Naquele tempo a maquinaria era Singer, Oliva, Necchi e Pfaff. As fardas nunca chegaram ao destino mas o que conta é a intenção.

Se o deputado da UNITA Justino Pinto de Andrade e seus camaradas fossem directos ao assunto, pegavam no kumbu da kamanga e iam ao armazém das Gajajeiras comprar balões de roupa usada, conhecidos por “fardos” e no mundo da moda, fardex. Eu tive um casaco branco, de linho, fardex. Vestia-o com uma camisa com colarinhos largos, à italiana. E umas calças de terylene. Tudo fardex. Quando entrava, à pato, numa farra a malta gritava: Marino Marini! E eu arrancava:  Nel blu dipinto di blu. As voltas que eles deram! Toneladas de roupa fina ali na Estrada da Cuca e eles foram comprar kamanga a Cafunfo. Para fazer fardas! A serração era boa ideia. Podiam abrir uma linha para serrar cornos. 

Eu também gosto de tergiversar. Quando recebíamos o salário, sentávamo-nos na esplanada Portugália, debaixo da grande mulemba e bebíamos baldes de cerveja. Os clientes podiam servir-se das instalações sanitária na Versailles ou no restaurante. Mas como aquilo era para brancos finos, ia até ao largo dos Correios, apanhava o machimbombo da linha 10 e descia na igreja de Nossa Senhora do Cabo. Perguntava à primeira quitandeira: Manãzinha faz favor, onde se mija aqui? Na parede, mano! Mas não queria expor-me.

Angola | A Cidade Apodrecida – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Cidade do Kilamba é um emblema dos anos de paz. E um modelo para as futuras autarquias. O Executivo elaborou o Plano de Gestão, Integração e Desenvolvimento Urbano da Cidade do Kilamba do qual resultou o Decreto Presidencial número 62/11 de 18 de Abril, que estabelece as bases e o regime de organização administrativa. A administração tinha fontes de receitas, garantidas pelos próprios moradores para não haver qualquer dependência do Orçamento Geral do Estado. Tudo pensado, tudo estudado, tudo executado. 

A primeira administração da Cidade do Kilamba arrancou com um orçamento próprio e criou os seus próprios planos de investimentos e de actividades. Zelava eficaz e profissionalmente pelos interesses dos moradores. Garantia-lhes bem-estar e conforto. As receitas vinham de taxas sobre as infra-estruturas, e serviços colectivos. Muito importante: As taxas que os moradores pagavam serviam para a manutenção das próprias infra-estruturas. Sabem porquê? Se não há manutenção os equipamentos avariam e a sua reparação fica mais cara. 

Os moradores da Cidade do Kilamba pagavam pela recolha do lixo, pela limpeza dos arruamentos e outros espaços públicos e pela iluminação pública. A administração cobrava taxas pela ocupação dos espaços públicos. Pela concessão de licenças comerciais. Pela publicidade. No acto da aquisição do imóvel, os moradores recebiam um regulamento da cidade, com as regras do condomínio e as taxas. 

As infra-estruturas da Cidade do Kilamba estão dimensionadas para a população. Estação de tratamento de água potável. Estação de captação, no rio Cuanza, com capacidade para produzir 40 mil metros cúbicos de água por dia. Pode ser ampliada à medida das necessidades. A estação das águas residuais tem uma capacidade de 35 mil metros cúbicos por dia. Também pode ser ampliada. 

A rede de drenagem das águas pluviais é excelente. Tem galerias subterrâneas com secções de nove metros quadrados. São autênticos rios subterrâneos. A cidade é alimentada de energia eléctrica pela estação do Campus Universitário. No casco urbano existem mais duas subestações. Não há problemas de água, luz ou saneamento.

Portugal ... E O FC PORTO TÃO PERTO DA DESGRAÇA QUE É UM DÓ DE ALMA

Bom dia. Segue-se o Curto do Expresso que aborda no inicio da lauda o FCP (Futebol Clube do Porto) e suas agruras. É muito triste sabermos que o clube nos 42 anos de presidência de Pinto da Costa acoitou mafiosos e criminalidade. Desde quando e até quando é que ainda não sabemos. O que sabemos é que apesar de todas essas vergonhas que publicamente vamos conhecendo dificilmente acreditamos que o presidente Pinto da Costa não sabia de nada acerca da criminalidade que abrigava, ele e outros da direção. O FCP, nem outro qualquer clube, merecia nem merece tal situação vergonhosa. 

Os crimes cometidos, segundo o que vem ao conhecimento público, eram "lavados" por Pinto da Costa com a sua arrogância, a vitimização e a sua característica ironia. Uma tristeza, uma enorme vergonha por agora e para o futuro histórico que sempre constará a manchar a glória do tão vitorioso clube. Pinto da Costa não se salvará de ficar 'salpicado' da nojeira imensa e dos prejuízos infligidos ao próprio majestoso clube.

A justiça que resolva o imbróglio naquele super dimensionada polvo mafioso que queremos que seja já passado. Um triste e vergonhoso passado, apropriado à tão referida porta pequena por que os associados do clube fizeram sair Pinto da Costa e seus 'muchachos' diretivos...

Novo presidente foi eleito, Vilas-Boas, com mais de 80 por cento da votação. Ele que espere pelo reacionarismo dos mafiosos e que tenha a força e sabedoria para proporcionar ao FCP a 'limpeza' e a dignidade que merece.

Acabemos o Curto para dar a palavra aos que nos lêem. Longa vida de sucessos futuros ao clube, sem máfias nos seus quadros. Não é desejar pouco mas sim o que será normal e então merecido. Certo é que o Porto esteve ou está muito perto da desgraça. Nem associados, nem adeptos, nem jogadores - de futebol e outras modalidades desportivas - o merecem. Força e discernimento dos novos dirigentes é o que devemos desejar e fazer cumprir. Avante!

Bom dia. Boa semana... Só não sabemos é como. É que a máfia da política e seus próximos anda por aí. É o que tantos sentem e dizem. A senhora dona Inconsolável, de profissão vidente, assim afirma. Diz mesmo que na política tudo lhe cheira mesmo muito mal. A podridão, o oportunismo, as falácias e falsas promessas deviam ser punidas. Ela lá sabe. Vantagem de bruxa. Pois.

O Curto já a seguir. Vá lá.

Mário Motta | Redação PG

Portugal | SEGURANÇA SOCIAL: ALERTAS

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

No passado dia 8, foi assinalado o Dia Nacional da Segurança Social, estabelecido pela Resolução do Conselho de Ministros 17/1984. Nessa Resolução, é afirmado no ponto 1: “A segurança social configura-se como o setor da vida nacional mais direta e intimamente ligado à generalidade da população”. E, no ponto 2, está escrito que, “sendo um investimento para o bem-estar social de todos, importa que todos conheçam o que é segurança social, o que faz, como atua, com que meios”. São estas questões que todos devemos conhecer.

A salvaguarda de condições de dignidade em tempo de reforma deve ser primordial nas nossas vidas. Em notícias recentes, soube-se que o CEO de um grupo empresarial se autorremunera com um salário correspondente ao de 288 trabalhadores com o salário médio praticado no grupo. Escreveu-se que este gestor coloca nos seus sistemas de reforma um milhão de euros por ano. Isto é que é ter consciência da importância de uma pensão de reforma! Será que os hiperliberais trazem um plano daqueles para cada português?

O comum dos trabalhadores (e imensos gestores e empresários) está a léguas de poder seguir este caminho. Temos de cuidar da sustentabilidade do Sistema de Segurança Público Universal e Solidário que temos (com boas provas, como reconhecem pessoas de vários quadrantes, nomeadamente Silva Peneda) e de lutar pela melhoria das formas de cálculo e por atualizações justas. O futuro da Segurança Social garante-se com melhores salários e mais e melhor emprego; com reformas atempadas que preservem a sua característica de solidariedade entre gerações; pela resolução progressiva do problema demográfico. Tomemos cautelas. Não se desbaratem as boas condições da Segurança Social em nome de hipotética insustentabilidade, ciclicamente anunciada para gerar desconfiança no Sistema e abrir portas ao negócio dos setores financeiro e segurador.

Zelensky visita Portugal nos próximos dias. Abram os cordões às bolsas, à pobreza e à fome*

Presidente ucraniano vem a Portugal no âmbito de uma visita que também passa por Espanha.

Volodymir Zelensky vai visitar Portugal nos próximos dias, avança a SIC Notícias.

O presidente ucraniano vem a Portugal no âmbito de uma visita que também passa por Espanha.

Deverão ser assinados acordos de segurança durante a visita de Zelensky aos países ibéricos, o que vai garantir apoio militar à Ucrânia a médio prazo.

Por razões de segurança, as datas das visitas não foram reveladas.

Volodymyr Zelensky chegou a ter programada uma deslocação a Portugal para 29 de setembro de 2023, para participar no reunião do Grupo de Arraiolos, mas foi adiada.

Há muito que o presidente ucraniano está convidado por Marcelo Rebelo de Sousa para vir a Portugal.

David Pereira | Diário de Notícias - em atualização

Negociações, acordo possível entre o Irão e a AIEA antes da reunião do BoG

Tehran Times | # Traduzido em português do Brasil

TEERÃ - O Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica estão trabalhando para chegar a um acordo sobre um projeto antes da apresentação do relatório periódico do Diretor Geral da AIEA ao Conselho de Governadores em 7 de junho deste ano.

Por esta razão, é possível que nos próximos dias Teerã conte com a presença de alguns funcionários da AIEA para futuras negociações sobre o referido projecto.

Na semana passada, Rafael Grossi, Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, viajou a Teerã e Isfahan para participar e falar em uma conferência de ciência e tecnologia nuclear no Irã, bem como para se reunir com algumas autoridades do país.

Durante esta viagem e negociações, foi acordado que o acordo conjunto de Março, alcançado durante uma das viagens de Grossi ao Irão, seria a base para a interacção e cooperação bilateral, e as negociações entre os deputados da Organização de Energia Atómica do Irão e da Organização Atómica Internacional Agência de Energia começou a preparar o projecto.

O Irão e a Agência estão a trabalhar para concluir as negociações sobre o projecto antes que o relatório periódico do Director-Geral da AIEA seja apresentado ao Conselho de Governadores em 7 de Junho deste ano. 

O Irão está perto de possuir uma bomba nuclear


domingo, 12 de maio de 2024

A Imaginação ao Poder -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Imaginem que amanhã um racista bóer é eleito presidente da África do Sul. Grandes patriotas como Ramaphosa ou Zuma dão a vida para derrubá-lo. Imaginem que em 2027 vai para o poder um partido que combateu ao lado dos colonialistas entre 1967 e 1974, contra a Independência Nacional. Estou certo que 99 por cento dos angolanos dão a vida para recambiar os sicários da UNITA para Muangai ou Lisboa. Imaginem que filhotes dos fascistas, racistas e xenófobos portugueses ocupam o Palácio de Belém, vão para o Governo e ficam em maioria absolutíssima na Assembleia da República. Ficam lá 50 anos como Salazar. Os comunistas voltam para a clandestinidade. A esquerda, zero.

Imaginem que à conta da guerra na Ucrânia os representantes da Federação Russa no Festival das Cantorias da Eurovisão são expulsos. Não percam tempo, aconteceu mesmo. Imaginem que Israel manda uma menina à Suécia cantar as aldrabices do 7 de Outubro e glorificar os nazis de Telavive. Aconteceu! Mas obrigaram a mudar o título da cantoria. Ousadia! Imaginem que milhares de pessoas cercaram o estádio de Malmoe, cidade sueca onde decorreu o festival, protestando contra a presença de Israel. 

Os grandes democratas que governam a Suécia mandaram milhares de polícias para a rua. Porrada de três em pipa nos manifestantes. Detenções com violência inaudita. Imaginem que acontecia em Luanda. Os sicários da UNITA e os seus ajudantes do Bloco Democrático exigiam a demissão do ministro Laborinho. Punham o Abílio Camalata Numa a fuzilar os agentes da Polícia Nacional que participaram na operação. Os deputados do Galo Negro, com Justino Pinto de Andrade à frente, ocupavam a Assembleia Nacional e linchavam a Presidente Carolina Cerqueira. 

Imaginem que a ONU, num raro momento de lucidez, informava o mundo que em seis meses de genocídio na Faixa de Gaza e Cisjordânia já morreram mais do dobro de civis do que na guerra da Ucrânia em anos. Fizeram mesmo isso! Imaginem que o Conselho de Segurança da ONU declarava a sua preocupação pela descoberta de valas comuns na Faixa de Gaza onde os Palestinos foram enterrados vivos. Fizeram mesmo essa declaração. Imaginem que os funcionários da ONU e os membros permanentes do Conselho de Segurança são mesmo contra o genocídio na Palestina. Os nazis de Telavive já há muito estavam a ser julgados por crimes contra a Humanidade.

O ESTAFADO VEÍCULO POLITICO DO FESTIVAL DA EUROVISÃO EM APOIO AO GENOCÍDIO*

Malmo em triste espectáculo: Indiferença a mais de 50.000 assassinatos de civis palestinos

O vencedor, os vencidos (e a expulsão). O enredo da polémica Eurovisão

Em Malmö, na Suécia, 25 países competiram para vencer mas foi a Suíça, pela voz do artista Nemo, que conquistou o concurso, com 591 pontos.

A edição deste ano do 68.º Festival Eurovisão da Canção, da qual a Suíça saiu vencedora com o tema 'The Code', foi marcada por uma série de polémicas, entre elas a participação de Israel e a expulsão do artista que representava os Países Baixos.

Top 3 da Eurovisão

Em Malmö, na Suécia, 25 países competiram para vencer mas foi a Suíça, pela voz do artista Nemo, que venceu o concurso, com 591 pontos. Esta foi a terceira vez que aquele país venceu o festival.

O top 3 da 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção fica completo com a Croácia, representado por Baby Lasagna, com o tema 'Rim Tim Tagi Dim', que conseguiu 547 pontos (210 dos júris e 337 do público), e com a Ucrânia, representada por Alyona Alyona e Jerri Heil, com 453 pontos (146 dos júris e 307 do público), com a música 'Teresa & Maria'.

A Ucrânia foi o segundo país mais votado pelo público, sendo superado apenas por Israel, que obteve 323 pontos do público, aos quais se juntaram 52 pontos dos júris internacionais.

Ativismos pró-Palestina nas universidades espalhou-se rapidamente pela Europa

The Cradle | # Traduzido em português do Brasil

A Confederação das Universidades Espanholas (CRUE), que representa dezenas de instituições de ensino superior em Espanha, anunciou no dia 9 de maio que cortará relações com certas universidades e centros de investigação israelitas. 

A CRUE disse na quinta-feira que encerrará as relações com todas as instituições israelenses “que não expressaram um compromisso firme com a paz e o cumprimento do direito humanitário internacional”. 

A decisão surgiu depois de estudantes de todo o país terem criado acampamentos nos seus campi em solidariedade com Gaza e a Palestina, inspirados pelo movimento estudantil em grande escala dos EUA que começou há semanas e desde então se espalhou por todo o mundo. 

O CRUE também prometeu expandir a cooperação com universidades e centros de investigação palestinianos, incluindo trabalho voluntário e programas de ajuda aos refugiados. Também prometeu tomar medidas contra o anti-semitismo e a islamofobia nos campi espanhóis. 

A confederação representa 76 instituições de ensino superior públicas e privadas em Espanha.

Protestos globais por Gaza: o triunfo moral das revoltas estudantis

Janna Kadri | Al Mayadeen | # Traduzido em português do Brasil

O movimento estudantil nos EUA é uma vitória moral para a classe trabalhadora que deve ser traduzida numa vitória política.

As manifestações estudantis pró-Palestina têm ganhado força nas últimas semanas. Imagens de manifestantes sendo espancados e atacados com gás lacrimogêneo circularam por todas as plataformas de mídia social. Estas imagens angustiantes indicam um novo ponto baixo no estado da democracia ocidental, onde as políticas estatais de apoio ao apartheid israelita beneficiam apenas alguns, especialmente a classe financeira que lucra com os gastos de guerra e estende as políticas coloniais. É justo dizer agora que nada nos EUA pode ser verdadeiramente considerado democrático, muito menos as suas instituições académicas. Afinal, estas são agências institucionais da classe dominante. São um produto do consenso gerado pelos capitalistas e pelas suas classes aliadas, que se mantêm através de formas institucionais que servem os seus fins lucrativos.

Em tempos de crise como estes, estas instituições revelam-se pelo que são: instrumentos da classe dominante que suprimem até mesmo acções pacíficas que se opõem às atrocidades cometidas pelo regime israelita. A repressão é uma prática corrente num país onde prevalece a ilusão de escolha. Na verdade, essa democracia americana nada mais é do que uma forma de poder utilizada para esmagar a dissidência. Basta pensar na repressão dos afro-americanos e na sua contínua relegação para níveis abaixo dos de subsistência.

Devemos também lembrar que as instituições americanas têm alcance internacional, e a supressão da dissidência interna – como através do encarceramento em massa dos pobres – assume a forma de uma guerra massiva infligida ao mundo em desenvolvimento e/ou de políticas de austeridade garantidas para criar condições de desenvolvimento estrutural. genocídio, condições de vida sombrias e subsequente perda desnecessária de vidas devido à fome e às doenças. Nem mesmo a natureza foi poupada. Hoje, o planeta caminha para um beco sem saída, tudo devido a uma ideologia reinante que prioriza os lucros sobre as pessoas.

Usando uma crise fictícia de anti-semitismo para apoiar um genocídio real

Caitlin Johnstone* | CaitlinJohnstone.com.au | # Traduzido em português do Brasil

Uma das coisas mais frustrantes que estão a acontecer no mundo neste momento é a forma como as pessoas de consciência estão a fazer tudo o que podem para pôr fim às atrocidades de Israel apoiadas pelos EUA em Gaza, e os apoiantes de Israel estão a responder a isso apontando para uma epidemia de “ anti-semitismo” que não existe fora da sua própria imaginação - mas espera-se que todos finjamos que é real e digno de respeito.

O “Dr. Phil” McGraw da televisão voou para Jerusalém para dar ao criminoso de guerra Benjamin Netanyahu uma plataforma de uma hora para justificar a sua violência genocida em Gaza a um público americano, ajudando descaradamente o pedido de desculpas do primeiro-ministro israelita com os seus próprios pontos de discussão comuns sobre hasbara.

A dupla passou muito tempo difamando os manifestantes anti-genocídio nas universidades dos EUA como odiadores do mal aos judeus. A certa altura, Netanyahu chegou ao ponto de apresentar a ridícula sugestão de que esta súbita onda de apoio aos palestinianos não tem nada a ver com as acções de Israel em Gaza, mas se deve unicamente a uma “explosão” massiva de anti-semitismo que, por acaso, coincidir com essas ações.

“Não é dirigido ao que fazemos, é dirigido a quem somos”, disse Netanyahu sobre os protestos, acrescentando: “É uma explosão anti-semita que ameaça toda a civilização”.

“A actividade anti-semita aumentou 360 por cento na América desde 7 de Outubro, e já era elevada antes de 7 de Outubro, e aumentou 360 por cento”, respondeu McGraw num acordo furioso. 

Isto é uma ficção. O homem da televisão está a citar uma estatística falsa da Liga Anti-Difamação, que depois de 7 de Outubro começou a categorizar os comícios pró-Palestina como incidentes anti-semitas , incluindo comícios organizados e com a participação de grupos judaicos . Esta manipulação propagandística permitiu que os meios de comunicação social amigos de Israel relatassem falsamente um aumento maciço do anti-semitismo na sequência do 7 de Outubro, que na realidade não tinha ocorrido.

Pluralismo e Agressões Racistas -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Betinho Gomes (João Roberto Correia Gomes), basquetebolista do Sport Lisboa e Benfica, o clube de Eusébio e Mantorras, participou na final da Taça Hugo dos Santos no pavilhão de Gondomar, contra a equipa do F. C. Porto. Alguns espectadores atacaram-no com insultos racistas: Preto vai para a tua terra! A polícia, delicadamente, retirou os insultadores. Por favor, voltem para os vossos lugares. Vossas excelências importam-se de parar com os insultos? Muito obrigado. Ao fim de meia hora o jogo recomeçou. Este atleta defende as cores de Portugal na selecção nacional de basquetebol. É português e negro, como tantos milhares. 

A extrema-direita portuguesa, no governo ou no partido Chega, diz que a emigração em Portugal está descontrolada! Por isso é que chovem insultos racistas e xenófobos. As milícias fascistas agridem estrangeiros que estão a trabalhar em Portugal. Trabalho com salários rastejantes. Fazem aquilo que os portugueses não querem fazer por pouco dinheirito.

Os racistas e xenófobos estão parados no tempo. E querem regressar à época em que os escravos foram libertos. Naquela época quem não percebeu a mudança, sofreu e muito. Os homens livres perderam o medo dos senhores e responderam às agressões e insultos. 

Em Portugal existem negros desde a fundação do país. Nunca esqueçam o Bispo Negro de Coimbra, kamba de D. Afonso Henriques. São tão portugueses como os brancos racistas e xenófobos. Daqui a 20 anos a população branca portuguesa é minoritária. Se querem construir o futuro com ódio racial e xenofobia, estejam à vontade. Mas se em 1975 a turma de Mário Soares e da CIA falhou a guerra civil, agora não escapa. É uma pena mancharem de sangue um país tão bonito. É imperdoável arrastrem o povo do 25 de Abril para a guerra fratricida.

sábado, 11 de maio de 2024

As mentes colonialistas de Portugal estão bastante ativas e a transbordar de prosápia

Pois é. As mentes colonialistas de Portugal estão bastante ativas e têm a prosápia de assim demonstrar publicamente apesar de não serem honestos a dizerem tudo que pensam sobre o que vai nos seus convencimentos e atitudes. Apesar disso revelam-se e procuram pressionar/influenciar os países lusófonos da CPLP e dos Palop para levar esses países para a área daqueles a quem se venderam, a UE e os EUA, ou se quisermos o terrifico ocidente que ainda se acha 'dono do mundo' numa hegemonia de ascendência actuante anglófona e criminosa em África, Ásia, América Latina e outros países. É o tal e decadente Ocidente Alargado mesmo que sejam países do Oriente e/ou da América Latina. "O mundo é nosso", é e sempre foi a divisa de Inglaterra (chamado Reino Unido). E é também dos EUA com a subserviência da União Europeia sempre pronta que está em defesa e do lado dos maiores assassinos e ladrões compulsivos dos povos e dos imensos países do mundo. Afinal também ela, UE, colonizada pelos EUA, principalmente seguidista e declarada 'aliada' em prol da defesa dos seus senhores da Casa Branca bordada a cadáveres e a sangue de inocentes.

É o mundo que temos e os dirigentes subservientes que temos no pseudochamado 'mundo livre', franca e abertamente pseudodemocrata. Portugal incluído.

Os mainatos desse tal Ocidente mostram a sua 'raça' acerca de São Tomé e Príncipe e ao acordo militar com a Rússia. Ainda se roçam pela Guiné-Bissau. Lá voltam os fantasmas dos russos e comunistas que comem criancinhas ao pequeno almoço. Roma na Igreja Vaticanal também alinha nisso. Assim foi em Portugal e no Ocidente nos tempos ditatoriais de Salazar e de outros ditadores pseudodemocratas europeus e dos EUA. Tempos que só estavam à coca de renascer. Parece que nunca morreram. É o que temos e o que a todos nós nos trama. A independência é uma falácia, uma falsidade gigantesca.

Paulo Rangel, atual ministro dos chamados negócios estrangeiros de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República de Portugal, ficaram chocados com a decisão de São Tomé e Príncipe ao fazer um acordo com a Rússia. Sim? Esses sujeitos desconhecem que aquele país-ilhas africanas é soberano? Que incúria, que atrevimento, imiscuírem-se abusivamente nas relações santomenses com outros países... Atitude e ideia não são peregrinas mas sim de puro e declarado convite ao nojo de mentalidades colonialistas e subservientes aos EUA.

Dizer/saber mais é o que não falta na imprensa portuguesa e mundial. O repúdio cresce. Marcelo e Rangel são farinha do mesmo saco, bem antiga e apodrecida. Deixá-los fenecer. Todo o mundo é composto de mudanças e eles fazem que ignoram essa certeza. Vão ser apanhados pela realidade se o Universo (Sul Global) quiser e quando quiser. São Tomé e Príncipe e muitos outros países é o que estão a querer e estão a fazer.

Abram os olhos, mulas!

A seguir, sobre as mentes colonialistas lusas.

Mário Motta, opinião

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Angola | Hoje Tudo Bem Amanhã Sai Maka – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Hoje tudo bem amanhã sai maka. Grandes conflitos! O Presidente João Lourenço afirmou em Dalas, Texas, que “o continente africano conta muito com esta nova parceria com os EUA para o financiamento e construção das infra-estruturas necessárias para o seu desenvolvimento”. O Níger está em total desacordo. Mali igualmente. Burkina Faso nem se fala. República Centro Africana passa. Gabão nem pensar. Hoje vi a foto de família no final da Cimeira Empresarial EUA-África. Contei 19 cabeças. Nove eram da casa. Dez africanos. África tem 55 países (incluo a República Árabe Saharaui Democrática). Angola está ao nível da Libéria.

Hoje tudo bem amanhã sai maka grossa. Grandes conflitos! Angola e os EUA assinaram em Dalas, Texas, acordos de financiamento para o desenvolvimento do Corredor do Lobito, o principal beneficiário da Parceria Global de Investimento e Infra-estrutura (PGI), no valor de 1,2 mil milhões de dólares! 

Os documentos foram assinados pela ministra das Finanças, Vera Daves, e pela presidente do Banco de Exportação e Importação dos EUA (EXIM Bank), Reta-Jo Lewis. O kumbu vai para o Corredor do Lobito, projecto privado recentemente alargado ao inefável Valdomiro Minoru Dondo que entrou no capital social da Mota-Engil Angola. Em nome da transparência, Dona Vera Daves devia explicar se o dinheiro anunciado vai ser investido em infra-estruturas no território angolano, ou nos países vizinhos que de becos vão passar a ter um corredor para o mar. Pergunta inquietante: O Estado paga tudo, até as obras na Zâmbia e na República Democrática do Congo? Expliquem enquanto é tempo.

No final da Cimeira Empresarial EUA-África (o que estavam lá a fazer Chefes de Estado)?) Neil Breslin, presidente da Câmara de Comércio Angola-Estados Unidos da América, foi “entrevistado” na TPA por Ernesto Bartolomeu. Publicidade e tempo de antena no espaço noticioso é ilegal! 

Como é Neil carrijduro? Estás fixe? Ernesto estou na maior mêmano. Frikikiki! Memo fixe!

O Neil vendeu peixe podre o Ernesto facturou e está tudo bem. Amanhã vai dar makas mundiais.

Portugal | EM LOUVOR DA GUERRA

Hoje já não há cravo capaz de disfarçar as multidões de «filhos da mãe» que para aí andam, farsantes que dissolvem o 25 de Abril no 25 de Novembro; para eles bastava que o salazarismo/marcelismo imitasse a sábia transição conseguida pelo franquismo aqui mesmo ao lado.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

o olhar desapaixonadamente para a relação entre a Revolução de 25 de Abril de 1974 e o cenário político, social, económico e militar hoje existente em Portugal não será abusivo concluir que o maior engano dos militares revolucionários, ou talvez o seu mais desmedido atrevimento, foi o de terem marcado tão fortemente o movimento transformador com a intenção de instaurar políticas de paz e de independência nacional.

Por alguma razão, a nova classe política emergente a partir de Novembro de 1975 os quis mandar rapidamente para os quartéis. Paz e soberania nacional não estavam, como hoje se percebe, nos programas dos políticos com ambições de poder que então já se perfilavam para tomar conta do 25 de Abril e torneá-lo à sua maneira, de acordo com as instruções dos patrocinadores externos. Não contavam, é certo, com o fulgor e a rapidez com que o povo se uniu ao MFA, fazendo seu o programa dos corajosos militares e defendendo-o nas ruas, nos locais de trabalho e nas organizações populares nascentes, começando assim a modelar verdadeiramente um novo país.

Os ambiciosos políticos que pouco ou nada fizeram para abalar os alicerces do fascismo, e que ainda hoje têm pudor em qualificar assim o regime beato-salazarista, foram inegavelmente apanhados de surpresa pela súbita dinâmica militar e popular. O carácter verdadeiramente revolucionário e de ruptura que começou a ser afirmado no próprio dia 25 de Abril trocou as voltas aos que ainda em pleno período da «primavera marcelista», nas margens do regime ou em exílios bastante cómodos e tranquilos, tomaram posições para tirar proveito de uma desejada «evolução na continuidade».

Contavam que o poder lhes chegasse às mãos durante essa fase, logo que fosse possível isolar os «ultras» e «duros» da ortodoxia salazarista, no quadro de uma democracia parcialmente pluripartidária e parlamentar abençoada pelos Estados Unidos e a NATO, na qual os «donos disto tudo» não sofressem quaisquer danos e incómodos graças a uma transição suave e cordata feita sem acordar o povo. Nessa restaurada democracia de uma «nova república» não deveriam caber o Partido Comunista Português e outras correntes antifascistas que pudessem representar uma oposição real susceptível de inquietar o atlantismo e, sobretudo, perturbassem os interesse do império e a «civilização ocidental». 

As normas oficiais e, sobretudo, clandestinas da Aliança Atlântica nessa matéria eram (e são) taxativas e custaram até a vida ao primeiro-ministro italiano Aldo Moro, apesar de ser democrata-cristão: na Europa Ocidental nenhum partido comunista poderia aproximar-se da órbita de qualquer governo; se os comunistas continuassem ilegais, melhor seria. A perseguição permanente e incansável da classe política em funções e do respectivo aparelho de propaganda contra o PCP durante as últimas cinco décadas, recorrendo a métodos sujos e inegavelmente inspirados no «antigo regime» para o fazer desaparecer do Parlamento, é a variante dessa estratégia seguida desde que o partido foi legalizado.

ALIMENTAR O ÓDIO

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

O aproveitamento demagógico dos problemas da imigração tem sido uma carta aberta à inscrição de algumas das piores e mais trágicas expressões da natureza humana na última década. Maioritariamente provenientes de África, América Latina ou Ásia, os movimentos migratórios para a Europa e EUA continuam a inundar o debate e, perante os fenómenos populistas e de fácil retórica, elegeram inadvertidamente as conversas às mesas de café como um modelo de fazer política e acrescentar peso eleitoral gratuito. Dizer o que se pensa em surdina, mesmo que a surdez seja proveniente de quem não quer perceber pelo olhar.

São já demasiados os casos em que responsáveis políticos, deputados inclusive, escolhem o caminho grotesco do racismo e xenofobia perante algo que possa ter o dedo de um imigrante. Semear a desconfiança. Não dos do Norte da Europa, certamente. Não dos de pele branca como muitos há. O racismo político escolhe os seus alvos pela cor da pele e coloca a tónica não no ataque racista mas no problema que, aparentemente, quer resolver pela violência da mentira. Desloca o foco da vítima e coloca-a como a causa do problema. Esta é uma violência doméstica portuguesa, a crescer todos os dias pelo contínuo branqueamento e conivência para com a dita liberdade de expressão, aquela em que se descreve o crime sem o pronunciar ou pagar por ele.

Com o nosso passado histórico enquanto país, tudo isto acrescenta camadas de grotesco. Não tivéssemos nós, europeus, emigrado a partir do século XV para todos os outros continentes à procura de riqueza e de melhores condições de vida, e o crime de ódio perpetrado contra cidadãos magrebinos no Porto, em sua casa e na via pública, continuaria a ser um exemplo implacável do sentimento irracional que cresce na sociedade portuguesa por ver como imigrantes fazem o trabalho que ninguém quer fazer.

Nos campos, nas fábricas, nas ruas. Talvez muitos não lhes agradeçam ou os reconheçam quando recebem comida em casa. Crie-se um “takeaway” para levar o olhar daqui para fora e não alimentar o ódio. Há tanta gente a fechar os olhos à História de um país que pode agradecer o favor de existir aos migrantes com i ou com e. Tanta gente autora moral de crimes como este que a cidade do Porto viu e repudiou.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

* Músico e jurista

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