
Gustavo
Mavie, da AIM, em Shanghai, na China
Shanghai (China), 16 Set (AIM) - Vários peritos mundiais em desenvolvimento
internacional confirmam que o apoio técnico-financeiro concedido pela China
está a acelerar o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique e de África no
geral, contribuindo para a crescente melhoria das condições de vida de seus
povos.
Entre os defensores desta teoria destacam-se os norte-americanos David Dollar,
Wenjie Chen, Haiwai Tang, e o britânico Martin Jacques, que publicaram as
conclusões de seus estudos em livros e revistas de renome.
David Dollar é membro sénior da Global Economy and Development, uma prestigiada
instituição norte-americana. Wenjie Chen é devotado em assuntos africanos na
Universidade George Washington e funcionário do Departamento para África do
Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto Heiwai Tang é economista e
docente na Escola de Estudos Avançados da Universidade Johns Hopkins.
Eles sustentam que as obras de grande vulto que a China vindo a financiar e
construir em África, tais como hospitais de referência, escolas, universidades,
estradas, auto-estradas, linhas ferroviárias, aeroportos, portos, barragens
hidroeléctricas, centrais térmicas, constituem uma prova material que tornam a
ajuda daquele gigante asiático uma verdade visível, citando o sábio indiano
Osho.
Na China, são vários os cidadãos que exprimem a sua satisfação pela ajuda
concedida pelo seu país a África.
“Vocês africanos merecem nossa
ajuda, porque são mesmo amigos”,
disse Yangzi, uma jovem chinesa, falando a AIM.
“Foram mesmo amigos quando nós
também precisávamos mais de vocês. Foi graças ao apoio de África que quebramos
o isolamento do qual havíamos sido condenados pelo Ocidente, o mesmo Ocidente
que vos colonizava ou apoiava os vossos colonizadores”, acrescentou
Dollar, Chen, Tang e Jacques são unânimes ao afirmar que Beijing está a tirar
da penúria centenas de milhões de africanos, da qual haviam sido condenados
devido ao atraso socioeconómico dos seus países causado pela colonização que
vedava o seu acesso a educação.
Eles defendem que apesar da diabolização, orquestrada por alguns
mal-intencionados, do apoio da China ao continente uma sondagem apurou que
cerca de 70 por cento dos africanos são a favor da sua manutenção.
O estudioso britânico Martin Jacques, autor de um livro com 812 páginas,
intitulado “When China Rules
the World” (Quando a China
Governar o Mundo, tradução em português), diz que apenas no período
compreendido entre 2006 a 2010, as doações financeiras chinesas, empréstimos de
bancos estatais com juros bonificados totalizaram mais de 115 biliões de
dólares.
Deste montante, 100 biliões de dólares foram concedidos pelos dois principais
bancos chineses para o desenvolvimento, nomeadamente o Banco da China para o
Desenvolvimento (BCD) e o China Exim Bank, uma instituição financeira
autorizada a conceder, em nome do governo chinês, empréstimos bilaterais em
condições preferenciais, bem como financiar importações e exportações.
O Exim Bank foi quem financiou parte considerável das infra-estruturas
construídas nos últimos anos em Moçambique, tais como o Aeroporto Internacional
de Maputo, as obras da construção da ponte Maputo/Ka-Tembe.
Deste valor, contam-se cinco biliões de dólares que Beijing colocou à
disposição de 43 nações africanas para o período 2006 e 2009, incluindo
Moçambique.
Segundo Martin Jacques, a China também está a ponderar adoptar um Plano
Marshall, ao abrigo do qual seriam disponibilizados 500 biliões de dólares para
acelerar o desenvolvimento de África.
COMÉRCIO CHINA/ÁFRICA: UMA PARCERIA COM GANHOS MÚTUOS
Uma das vantagens da parceria entre a África e China são as trocas comerciais.
Pela primeira vez, decorridos vários séculos, os africanos estão a fazer trocas
com ganhos verdadeiros, pelo facto de estarem a fazê-lo numa base com ganhos
mútuos, contrariamente até um passado recente onde apenas Ocidente saia a
ganhar.
Isto fica evidenciado por Martin Jacques, que aponta que as trocas comerciais
entre África e China, dispararam de 18,54 biliões de dólares em 2003 para mis
de 200 biliões em 2013.
Efectivamente, o volume do comércio entre África e China regista um crescimento
acelerado. Como forma de estimular as exportações de África, a China aumentou o
leque de produtos isentos ao pagamento de direitos alfandegários de 190 para
440, de modo a torná-los mais competitivos naquele país asiático.
Como forma de tentar promover o consumo de produtos africanos, Beijing colocou
a disposição no mesmo período um fundo para empréstimos de três biliões de
dólares com taxas preferenciais, e ainda um outro de dois biliões para que os
retalhistas locais possam adquiri-los dos importadores.
Graças a estas medidas, toda a falácia cai por terra porque as obras da China
são bem visíveis que não escapam nem mesmo aos olhos dos leigos. Tentar
negá-las seria o mesmo que negar a existência do Sol.
No caso dos moçambicanos, a ajuda da China já não é algo que apenas ouvem
falar, pois já se beneficiam dela. Este é o caso dos habitantes da capital
Maputo, que já se beneficiam de várias infra-estruturas, tais como a estrada
circular, também conhecido noutros por estrada-anel, ou “ring road” em inglês.
Na verdade, esta circular, a primeira do país, deverá ser replicada noutras
cidades moçambicanas com o crescimento do parque automóvel.
Isso aconteceu nas grandes cidades, como em Shanghai, onde existem seis
estradas circulares, que ajudam a reduzir o seu infernal trafego. Esta é maior
cidade chinesa, com mais de 24 milhões de habitantes, um número equivalente a
toda população moçambicana. A seguir vem a cidade de Beijing, com 22 milhões e,
igualmente, com seis estradas circulares.
Estes quatro peritos reputados denunciam, através destes e de outros factos,
que não cabem neste artigo, a falácia de alguns círculos mal-intencionados
ocidentais alegando que a China estaria a assaltar os múltiplos recursos naturais
africanos para poder alimentar a sua insaciável indústria transformadora.
Eles confirmam com dados, como as grandes obras de engenharia, umas construídas
e outras em fase de construção em Moçambique e noutros países africanos, estão
ajudar as nações africanas a saírem da pobreza.
Um dos aspectos destacados por Jacques é o apoio concedido pela China na
educação de milhares de jovens africanos. A China aumentou o número de
estudantes africanos bolsistas de 2.000 para 4.000 a partir do ano de 2009.
A China também acolhe anualmente 15.000 profissionais de diferentes áreas, para
a sua especialização nas várias áreas de actividade. Isto prova que Beijing
deseja que sejam os próprios africanos a pescarem o peixe que precisam, como o
velho ditado, e assim adquirirem a sua independência económica.
O jornalista italiano Frederico Rampini é outro estudioso da China. Ele
ressalva no seu livro intitulado o “O
Século Chinês”, o impacto da
educação no rápido desenvolvimento da China.
Foi a educação que catapultou o desenvolvimento económico deste país em apenas
30 anos. Para o efeito, mandou obrigatoriamente à escola e universidade,
centenas de milhões de estudantes dentro e fora do país.
Estes jovens eram obrigados a passar de classe por ter conhecimento e os que
frequentavam o ensino superior só podiam casar depois de concluir o curso.
Hoje, os estudantes chineses são melhores em muitas áreas de ciências como a
matemática. Isto ficou provado em competições mundiais, depois de derrotar
estudantes norte-americanos que se vangloriavam de serem os melhores.
BEIJING DESEJA MAIOR COOPERAÇÃO BILATERAL COM MOÇAMBIQUE
Durante um contacto recente mantido em Maputo com o embaixador chinês
acreditado em Moçambique, Su Jian, ele disse a AIM que Beijing quer fazer das relações
diplomáticas, que há 40 anos unem ambos os países, uma base inexpugnável, sobre
a qual irão estabelecer relações económicas dinâmicas, e mutuamente benéficas,
em prol do bem-estar de seus povos.
“A nossa ajuda ao vosso
desenvolvimento será feita em boa-fé, para que nós e vocês estejamos no mesmo
nível de prosperidade. Este é o nosso desejo. A nossa ajuda será desinteressada
como foi quando vos ajudamos na luta contra o colonialismo português”, disse o diplomata chinês.
Refira-se que, no passado, alguns actores ocidentais acusavam a China de estar
a exportar o seu comunismo para África quando apoiava os então movimentos de
libertação como a Frelimo.
É claro que tudo isto não passava de uma mentira na tentativa de incutir na
mente dos africanos sentimento de temor pelos chineses e, deste modo, recusar o
seu apoio. Hoje, acusam os chineses de serem novos colonizadores e
delapidadores das economias africanas.
Os detractores da China alegam que este gigante asiático está a busca das
matérias-primas que abundam em África, incluindo o petróleo e gás natural. No
caso do gás natural, por exemplo, as pesquisas apontam para existência de mais
de 200 triliões de pés cúbicos na bacia do Rovuma, que poderão colocar
Moçambique na quarta posição na lista dos maiores produtores de gás natural do
mundo inteiro.
Mas dados contidos no livro de Jacques, revelam que no período em que ele
analisou, a China consumia apenas 10 por cento do consumo mundial de petróleo,
zinco (43), prata (42), ouro (44) e cobre (33).
O estudo de Jacques revela ser um facto que estas vendas a mais para a China
são por vontade dos próprios países africanos, porque Beijing oferece um melhor
preço.
Outra razão é o facto de a China aceitar pagamentos adiantados antes da entrega
da encomenda, o que evita o endividamento dos países africanos em algumas
instituições tais como como o Banco Mundial, que impõem condições asfixiantes.
(AIM) GM/SG