domingo, 16 de junho de 2019

Brasil | Um documentário arrasador sobre o impeachment, Lula e a eleição de Bolsonaro


Assistir desperta os sentimentos mais ambíguos, uma imensa vergonha do Brasil, dos deputados que votaram pelo impeachment, da tibieza do Supremo Tribunal Federal, do papel indecente da mídia no período.

Luis Nassif | Jornal GGN | em Pátria Latina

“El Odio”, um documentário arrasador, de Andrés Sal-lari, sobre o longo processo do impeachment de Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro.

Assistir desperta os sentimentos mais ambíguos, uma imensa vergonha do Brasil, dos deputados que votaram pelo impeachment, da tibieza do Supremo Tribunal Federal, do papel indecente da mídia no período.

A visão de animais urrando na Câmara, enquanto votavam pelo impeachment, o ar solene dos apresentadores do Jornal Nacional, transformando a pantomima do Power Point em denúncia escandalosa, todos esses pontos, quando reunidos em um documentário, traçam um quadro dantesco. E, no contraponto, o martírio de Lula. Sim, conseguiram erigir Lula ao panteão dos grandes mártires do século 20, para desgosto de Fernando Henrique Cardoso, que passará à história como o Salieri de folhetim.

Conseguiram o botim do momento, o poder. Com ele, o desmonte de qualquer forma de regulação, ambiental, social, controle de armas, de velocidade no trânsito.

Tudo isso em nome de uma bandeira empunhada por um juiz que atuava politicamente.

À medida em que os factos vão sendo, finalmente, assimilados pela opinião pública, avalia-se a dimensão do estrago que a operação causou ao país. Nos próximos meses, essa conta será cobrada duramente de seus principais estimuladores.

Perspectivas desoladoras para o desemprego no Brasil -- análise


Mesmo que a conjuntura melhore, milhões de brasileiros devem continuar sem trabalho na próxima década, em meio à digitalização e ao abismo entre baixa qualificação profissional e exigências dos empresários.

O economista Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), divulgou nesta semana prognósticos desoladores: com um crescimento econômico anual projetado de menos de 2%, só em 2033 o desemprego no Brasil retrocederá novamente para abaixo dos 10%.

No momento, 12,5% da população economicamente ativa está sem trabalho, depois de um mínimo de 6,2% em 2013. Contudo, na época o governo pagou caro por esse nível de ocupação, com um déficit estatal alto – muito mais gastos do que arrecadação – e preços elevados de energia e transporte, por exemplo. A economia do país sofre até hoje as consequências dessa "política de emprego".

Brasil | O site "aliado a hackers criminosos"


No último domingo, o Brasil foi surpreendido por três reportagens explosivas publicadas pelo TIB. Nelas, nós mostramos as entranhas da Lava Jato e mergulhamos fundo em poderes quase nunca cobertos pela imprensa. Quase todos os jornalistas que eu conheço preferem se manter afastados disso: apontar o dedo para procuradores e juízes é, antes de tudo, perigoso em muitos níveis – eles têm razão.

As primeiras reações dos envolvidos no escândalo foram essas: O MPF preferiu focar em hackers, e não negou a autenticidade das mensagens. Sergio Moro disse que não viu nada de mais, ou seja: não negou a autenticidade das mensagens.

Moro, na verdade, se emparedou: em entrevista ao Estadão, ele inicialmente não reconhece como autêntica uma frase que ele mesmo disse. Mas depois diz que pode ter dito. E depois ainda diz que não lembra se disse. Moro está em estado confusional.

Horas depois, à Folha, Moro confirmou um dos chats que publicamos: em uma coletiva, ele chamou de “descuido” o episódio no qual, em 7 de dezembro de 2015, passa uma pista sobre o caso de Lula para que a equipe do MP investigue. Confessou que ajudou a acusação informalmente, o que é contra a lei. Como dizem as piores línguas: tirem suas próprias conclusões. 

Deltan Dallagnol não negou tampouco. Ele está bastante preocupado com o que diz ser um “hacker”, mas sequer entregou seu celular para a perícia.

Neom ou a «solução final» palestiniana


A operação para impor uma «solução final» do problema palestiniano dirigida pelos EUA, Israel e Arábia Saudita está a adquirir uma envergadura que escapa à comunicação mainstream e também às mais importantes instâncias internacionais. 

José Goulão | AbrilAbril | opinião

A operação para impor uma «solução final» do problema palestiniano dirigida pelos EUA, Israel e Arábia Saudita está a adquirir uma envergadura que escapa à comunicação mainstream – o que não acontece por acaso – e também às mais importantes instâncias internacionais, sobretudo à ONU. 

Mais alguns passos foram dados em dias recentes, agora que faltam duas semanas para a «conferência de paz» de Manamá (Bahrein), iniciativa que os organizadores pretendem transformar no início de um caminho irreversível – e fatal para os direitos dos palestinianos.

Um dos passos com enorme significado, porque traduz uma alteração de forças com peso na cena internacional, é a mudança de posição da Índia na ONU. Confortado com o reforço da sua vasta maioria nacionalista e populista, o primeiro-ministro Narendra Modi transformou a sua relação com Israel, que já era especial porque sustentada na esfera militar, num apoio internacional aos desígnios do Estado sionista e na ruptura com as estruturas que representam os palestinianos. Motivo alegado: a gestão da Faixa de Gaza pelo Hamas, um grupo «terrorista».

Um pretexto que dá para tudo e, sobretudo, carregado de coerência porque é invocado por alguém que tem vindo a reforçar posições políticas internas recorrendo ao terrorismo contra os opositores.

Rússia e China: fim do mundo unipolar?


Uma Guerra Fria 2.0 pode estar a caminho: depois de sanções dos EUA a Huawei, Xi Jinping e Putin aprofundam cooperação. Planos de integrar a Euroásia são ameaça a hegemonia de Washington — e podem alterar a balança geopolítica

Pepe Escobar | Outras Palavras | Tradução: Gabriela Leite

Um fato extraordinário começou com uma caminhada curta em São Petersburgo

Depois de um passeio, eles pegaram um barco no Rio Neva, visitaram o lendário navio de cruzeiro Aurora, e deram um pulo no Hermitage, para examinar algumas das obras-primas do Renascimento. Tranquilos, calmos, plenos, a todo o momento parecia que estavam mapeando as entradas e saídas de um novo, emergente mundo multipolar.

O presidente chinês Xi Jinping foi o convidado de honra do presidente russo Vladimir Putin. Foi a oitava viagem de Xi à Rússia desde 2013, quando anunciou a Nova Rota da Seda, ou Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês).

Primeiro, se encontraram em Moscovo, assinando diversos acordos. O mais importante foi uma grande surpresa: o compromisso de desenvolver o comércio bilateral e os pagamentos transfronteiriços usando o rublo e o yuan, evitando o dólar norte americano.

Então, Xi visitou o Fórum Internacional Económico de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês), principal reunião de negócios da Rússia, absolutamente essencial para quem quiser entender os mecanismos hiper complexos inerentes à construção da integração da Euroásia. Abordei algumas das principais discussões e mesas redondas do SPIEF, aqui.

Em Moscovo, Putin e Xi assinaram duas declarações conjuntas — cujos conceitos chave, crucialmente, são “parceria abrangente”, “interação estratégica” e “estabilidade global estratégica”.

Tribunal Internacional para o Daesh: acima de tudo, não revelar os factos


Uma dezena de países enviaram altos funcionários a Estocolmo para uma reunião, em 3 de Junho de 2019. Sob a presidência do Ministro sueco do Interior, Mikael Damberg (foto), avaliaram a possibilidade de criar um tribunal internacional para julgar os crimes do Daesh (E.I.).

Desde há várias semanas que a França, os Países Baixos e o Reino Unido manifestam o seu interesse numa fórmula inspirada pelo Tribunal Especial para o Ruanda.

Foram levantados inúmeros problemas: 

-- Oportunidade: Julgar unicamente os crimes do Daesh(EI) seria validar os outros crimes cometidos no Levante. 

-- Viabilidade: A criação de um tal tribunal internacional pressupõe o acordo do Iraque e da Síria. Ora, a Constituição iraquiana interdita-o e a Síria --- que muitos participantes não reconhecem --- considera-se capaz de julgar os crimes cometidos no seu território, e age por si mesma a propósito. 

-- Custo: Um tribunal internacional custaria, no mínimo, várias centenas de milhões de dólares. A titulo de exemplo, o Iraque reclama US $ 2 mil milhões (bilhões-br) de dólares à comunidade internacional para julgar os jiadistas que detém. 

-- Limitação de Jurisdição: Pelo menos 17 estados —dos quais vários participavam na reunião— armaram o Daesh, enquanto outros permitiram que ele cometesse crimes (como o genocídio de curdos Yazidis) quando o seu exército estava presente nos locais.

A Cimeira tripartida secreta de Jerusalém


Thierry Meyssan*

Uma cimeira dos conselheiros de segurança nacional norte-americano, israelita e russo foi anunciada em Jerusalém. Trata-se de desmontar o imbróglio à volta do Eixo da Resistência, de garantir a segurança de todos os Estados do Médio-Oriente e uma suserania partilhada dos Estados Unidos e da Rússia sobre todos os actores, entre os quais Israel.

Uma cimeira dos três Conselheiros de Segurança Nacional norte-americano, israelita e russo terá lugar em Jerusalém, em Junho 2019. Este acontecimento inédito já deu lugar a «revelações» e a «desmentidos» sobre aquilo que deverá ser discutido. A quase totalidade dos comentadores glosa a partir de ideias falsas que repetem em coro. Precisamos de os rectificar antes de avaliar o que está em jogo nesta cimeira.

O jogo das Grandes Potências na região

Durante a Guerra Fria, a estratégia norte-americana de contenção (containement) conseguiu afastar a influência soviética no Médio-Oriente. Após o colapso da URSS, a Rússia deixou esta região e só aí voltou aquando da guerra ocidental contra a Síria.

A Rússia está presente no Levante (exceptuando durante o período 1991-2011) desde a época da Czarina Catarina II, a qual, a pedido dos habitantes, enviou a sua frota para defender Beirute. A sua política visa, antes de mais, proteger o berço do cristianismo (que é Damasco e não Jerusalém), fundamento da cultura russa. Ao fazê-lo, a Rússia estendeu a sua influência para o Mediterrâneo Oriental e conseguiu chegar às águas quentes do Oceano Indico.

Quem pode beneficiar do ataque contra petroleiros no golfo de Omã?


O especialista em economia, política e energia e professor da Universidade Al-Juarismi, Seyyed Saeed Mirtorabi Hosseini, acredita que são os EUA quem beneficia do incidente com os dois petroleiros no golfo de Omã.

"Levando em conta que as ações das empresas energéticas dos EUA cresceram em 13 de junho, depois de terem estado caindo por dois dias, logo após o ataque aos petroleiros no golfo de Omã, ficou claro para quem o incidente foi rentável. O Irão, por sua vez, tem dito por muitas vezes que prefere negociar: tanto no que se refere ao acordo nuclear como sobre a tensão na região", explicou ele à Sputnik Persa.

O especialista sublinhou que o incidente com os dois petroleiros ocorreu durante a visita do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe ao Irão e que, portanto, não faria sentido que o autor do ataque fosse o próprio Irão.

Dólar dá aos EUA meios 'para intervirem legalmente ou até criminalmente' -- político francês


A União Europeia e a Rússia não precisam de nenhum contrato para realizarem a maioria das transações em euros, disse Thierry Mariani, político francês e deputado do Parlamento Europeu, acrescentando que "tudo o que ponha fim à hegemonia do dólar é uma coisa positiva".

"Sempre me pareceu surreal que grandes países, como os países europeus ou a Rússia, usem sistematicamente o dólar em certas transações. Isto também dá aos americanos uma arma económica e legal porque eles acreditam que, se sua moeda for amplamente usada, têm o direito de agir", disse o político.

Mariani também afirmou que o dólar está dando aos EUA uma oportunidade legal e até criminosa de interferirem em vários assuntos.

"Um dos principais problemas de hoje é a extraterritorialidade das leis americanas. O uso de sua moeda, em particular, dá aos EUA meios para intervirem legalmente ou até criminalmente em uma ampla série de assuntos. Os bancos franceses pagaram um preço muito alto por isto. Sou daqueles que não compreendem por que razão, face a estas sanções e riscos, a utilização de outras moedas não aumenta. Se este acordo [entre a UE e a Rússia] entrar em vigor, só posso considerá-lo positivo. Mas acho que é uma declaração de intenções, sem qualquer mecanismo concreto", conclui o político francês.

Portugal | Não há projetos redentores


Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Nos discursos do 10 de Junho lá surgiu, mais uma vez, a velha tese de que os portugueses e Portugal só conseguirão desenvolver-se se surgir um projeto redentor, "unificador", protagonizado por atores políticos puros, espécie procurada universalmente há séculos e até hoje não encontrada.

Os seus autores pegam num sentimento difuso de um pretenso vazio em que o país se encontrará e, a partir daí, assumem o papel de porta-vozes de desencantados da democracia. Na realidade são, quando muito, a voz deles próprios, isto é, de parte de uma geração de classe média que só agora descobre que os elevadores sociais em que entraram não dão acesso aos pisos superiores. O povo que luta, geração atrás de geração, pela melhoria das condições do estrato ou da classe social em que se encontra e pela mobilidade positiva, sabe bem quão duro é o combate. Entretanto, hoje há um problema acrescido para todos: na escada rolante descendente do neoliberalismo, as pessoas por mais que se esforcem por subir apenas conseguem marcar passo.

Os projetos unificadores que mobilizam uma sociedade não nascem predefinidos por nenhum salvador da pátria ou "classe política" inovadora, imaculada e intérprete dum pretenso sentido comum. Os projetos unificadores não se encomendam, constroem-se partindo de propostas políticas que expõem os interesses e as ideologias em jogo e quantas vezes em profundo conflito. É a partir daí, com a mobilização dos cidadãos - indispensável até para submeter os renitentes - que se fazem pontes para sustentar linhas de futuro ao serviço da esmagadora maioria.

Portugal | "Uma vergonha". Fenprof termina congresso com crítica a Marcelo


O 13.º congresso da Fenprof terminou com a garantia de luta pela contagem integral do tempo de serviço dos professores e crítica a Marcelo Rebelo de Sousa.

Mário Nogueira, reeleito este sábado secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) com 97,35% dos votos e que encerrou o congresso, em Lisboa, com a promessa de que os próximos desafios serão de luta pelos direitos dos professores e o rejuvenescimento da profissão, disse que os docentes não irão abdicar do tempo de serviço congelado e referiu-se a declarações do presidente da República como "uma vergonha".

Os professores reivindicam a contagem de nove anos, quatro meses e dois dias (9.4.2) de tempo de serviço congelado e alguns docentes confrontaram o chefe de Estado com a questão, em Portalegre, na semana passada, tendo Marcelo Rebelo de Sousa ironizado com os números.

No final do congresso, Mário Nogueira disse aos professores que a Fenprof tinha convidado o presidente da República, que num primeiro momento respondeu que oportunamente responderia.

Mas, depois, acrescentou Mário Nogueira, "a última coisa que o ouvimos dizer em Portalegre, há dias, foi que 9.4.2 para número de telefone ainda faltavam alguns dígitos".

"Este presidente não é presidente de todos os portugueses. É uma vergonha o que ele disse sobre os professores e que isso fique registado", salientou.

Portugal | Fim das taxas moderadoras nos centros de saúde


Aprovou-se hoje (14.6), no Parlamento, o fim das taxas moderadoras nos centros de saúde e em consultas ou exames prescritos pelo SNS. É um primeiro passo aquém do objectivo da total abolição de taxas na Saúde.

As taxas moderadoras foram criadas a partir da ideia – imposta pelos sectores mais inconformados com a conquista de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) universal e gratuito – de que era necessário controlar o acesso aos cuidados de saúde para evitar abusos por parte dos utentes na sua utilização.

No entanto, sucessivos governos têm tornado as mesmas numa fonte de receitas do Estado para financiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e num peso para os utentes, constituindo um entrave no acesso ao direito constitucional à saúde.

Foi assim que, através de revisão constitucional de 1989, se aprovou o carácter «tendencialmente gratuito» das taxas moderadoras e foram sendo feitas diversas alterações legislativas que vieram introduzir a revisão anual e automática dos seus valores, o seu aumento de acordo com o valor taxa de inflação ou ainda a introdução de penalizações pelo não pagamento das mesmas.

Angola | PARTIR EM BUSCA DE CIVILIZAÇÃO E FUTURO -- Martinho Júnior


MPLA e a necessidade de definição doutrinária, filosófica e ideológica

Martinho Júnior, Luanda 

Sofrendo tantos impactos externos na vida nacional e até uma guerra psicológica velada alimentada de campanhas que parece não terem fim, o MPLA deve-se reorientar num esforço patriótico que parta à redescoberta da identidade angolana!

Da minha parte e com as pernas no futuro, reafirmo a convicção de ser necessário numa lógica civilizacional com sentido de vida, estabelecer os parâmetros duma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável com base na interpretação do conhecimento dos relacionamentos entre os factores físicos, geográficos e ambientais com os factores humanos, valorizando os termos da antropologia cultural e criar os alicerces duma cultura de inteligência patriótica abrangente, inclusIva, aberta à participação alargada e extensiva a todas as franjas da sociedade!

Falta ao MPLA libertar-se do pântano da terapia neoliberal e da socialdemocracia para poder começar a fazer uma outra abordagem em termos de identidade patriótica vocacionada para o futuro a um muito longo prazo!

A libertação do passado de trevas enquanto acto de intensidade civilizacional, deve estar atenta à necessidade de se poder reavaliar constantemente não só o passado de trevas, mas também tudo o que à barbárie diz respeito de forma aberta ou velada, tudo o que da barbárie chegou aos nossos dias, revertendo todo o esforço patriótico na busca da sabedoria e da felicidade que alimenta a vida e o futuro do povo angolano!

Angola | As lágrimas de crocodilo e perdoar o imperdoável


Luciano Rocha | Jornal de Angola | opinião

Angola continua a viver fase crucial como Nação presente e futura, reflexo, é verdade, da crise económica e financeira internacional, mas também da acção da gatunagem que lhe delapidou o erário.

Os larápios de “colarinho branco” são, porventura, mais culpados da situação em que vivemos do que a crise internacional. Que jamais os afectou. Pelo contrário, lhes engordou contas bancárias cá dentro, mas, principalmente, lá fora. Algumas abertas em paraísos fiscais, onde procuraram esconder medos de futuros ventos de mudança. Somente por isso. Que vergonha é coisa com a qual nunca conviveram. Por tal razão, a maioria dos angolanos não sente por eles a mínima compaixão. Vertam as lágrimas de crocodilo que agora fazem sair dos mesmos olhos que fingiam não ver a morte de tantas pessoas. Em muitos casos causada por doenças evitáveis e curáveis. Que, todavia, em pelo século XXI, entre nós, se tornaram fatais pela falta de medicamentos nos sítios onde deviam estar. E eram (são) vendidos em mercados de bairro, ruas e becos, em qualquer esquina, no “mercado negro” a preços que se conhecem, tabelados de acordo com a lei da especulação. Aos quais os mais deserdados da sorte, as maiores vítimas entre todos nós, não têm acesso, mesmo que se dispusessem a adquiri-los. 

Crianças, homens e mulheres, de todas idades, também morreram pela inexistência de hospitais dignos desse nome. Que deixaram de ser construídos, ou reparados, pela desvergonha dos larápios de “colarinho branco”. Que tomaram de assalto o erário e o transformaram em saco privado sem fundo.

Dívida pública serviu para financiar enriquecimento ilícito, admite João Lourenço


O presidente do MPLA, João Lourenço, declarou hoje que a dívida pública, em especial a externa, atingiu níveis muito altos porque serviu, também, para financiar o enriquecimento ilícito de uma elite restrita seleccionada na base no parentesco, amiguismo e compadrio.

O líder do MPLA indicou que, com essa situação de injustiça, que urge corrigir, por cada dólar que se despende para amortizar o serviço da dívida, o Estado está, também, a pagar o investimento dito privado na banca, na telefonia móvel, nos medias, diamantes, entre outros, “que uns poucos fizeram com dinheiros públicos”.

Ao discursar na sessão de abertura do VII congresso extraordinário do MPLA, João Lourenço disse não ser aceitável “e nem podemos nos conformar com o facto de se ter chegado ao ponto de colocar empresas públicas, com destaque para a Sonangol e a Sodiam, a financiar também alguns desses negócios privados, como se de instituições de crédito se tratassem”.

Angola | “Sim” a João Lourenço, mas “não” a muitos do seu gang


A minha confissão sem cinismo é de confiar em João Lourenço, pese a sua tribo bajuladora, pensar o contrário, em relação ao meu pensamento. Não me ofendo, pelo contrário, sabendo estarem as mentes obtusas apenas comprometidos, com a mentira, as mordomias, a maldade, a ganância, a roubalheira e a organização criminosa institucional.

William Tonet | Folha 8 | opinião

São a escória da política, com comportamentos danosos e dolosos, com a cumplicidade dos corredores do alto poder, que defraudam, todos os dias, o sonho do cidadão, em função de uma crónica e aselha incompetência.

João Lourenço tem força de vontade, mas falta-lhe a vontade da força, para aferir da impossibilidade de erguer uma barragem no meio do Oceano Atlântico.

Quando um líder começa mal uma empreitada; combate à corrupção, por se ter auto-convencido de a humildade de conclamar os demais actores políticos a um Pacto de Regime, ser sinónimo de fraqueza, não consegue, não conseguirá, nunca, atingir os píncaros da razoabilidade, tão pouco da eficácia governativa.

A democracia é incompatível com a injustiça, a ilegalidade, a discriminação, mas com a ditadura (estes conceitos) são compatíveis.

Angola: Comité Central do MPLA alargado para 497 membros


O VII Congresso Extraordinário do MPLA elegeu este sábado, com 92,32% dos votos, os novos 134 membros do Comité Central, que passa a contar com 497 dirigentes. Comissão eleitoral considerou a votação "livre e justa".

O anúncio foi feito pelo presidente da comissão eleitoral do congresso, Francisco Queirós, que deu conta que votaram na lista única 2.266 dos 2.591 delegados presentes, tendo-se registado também 93 votos contra (4,1%), 53 em branco e 28 nulos.

Segundo Francisco Queirós, que falava na sessão de encerramento do congresso, a comissão eleitoral considerou a votação "livre e justa", "sem factos comprometedores da lisura e transparência do processo".

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