quinta-feira, 20 de junho de 2019

Guiné-Bissau | CEDEAO exige novo primeiro-ministro até domingo


CEDEAO ameaça impor novas sanções às autoridades políticas guineenses se não houver novo primeiro-ministro até domingo, dia 23. Entretanto, líder do MADEM-G15 abdica de ser candidato a 2.º vice-presidente do Parlamento.

A delegação ministerial da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apelou nesta quinta-feira (20.06), em Bissau, ao Presidente da República  e atores políticos da Guiné-Bissau a facilitarem a nomeação do novo primeiro-ministro.

Segundo a CEDEAO, o primeiro-ministro deverá ser indicado antes do dia 23 de junho, próximo domingo, pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das eleições legislativas. O prazo também marca o fim do mandato do Presidente José Mário Vaz.

A CEDEAO insiste, igualmente, na formação do novo Governo o mais rapidamente possível. A delegação ministerial que fez dois dias de intensas reuniões com os principais atores políticos guineenses sublinha a necessidade de ser concluída a eleição e a constituição da mesa do Parlamento, com base nos dispositivos legais da Assembleia Nacional Popular (ANP), e felicita o chefe de Estado guineense pela marcação da data das presidenciais para 24 de novembro.

Para quem pôr entraves a estas observações da CEDEAO, a organização pondera impor sanções aos responsáveis pelo bloqueio do processo da estabilização da Guiné-Bissau.

Na quarta-feira (19.06), o Presidente José Mário Vaz recusou o nome de Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro.

UMA LUTA SOBRE BRASAS V - Martinho Júnior


HOJE JÁ É TARDE DEMAIS

Martinho Júnior, Luanda 

EM SAUDAÇÃO AO 25 DE MAIO, DIA DE ÁFRICA, QUANDO HÁ 56 ANOS, EM GRANDE PARTE EM FUNÇÃO DA LUTA DE LIBERTAÇÃO, SE CRIOU A ENTÃO “OUA”, ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA (https://www.officeholidays.com/countries/africa/african_unity_day.php)!

No Cunene, de há pouco mais de 100 anos a esta parte, estão-se jogando algumas das sagas mais decisivas do povo angolano e da África Austral.

Com os acontecimentos de 1961 (https://paginaglobal.blogspot.com/2015/03/o-ano-da-grande-viragem-para-angola-i.htmlhttps://paginaglobal.blogspot.com/2015/03/o-ano-da-grande-viragem-para-angola-ii.htmlhttps://paginaglobal.blogspot.com/2015/03/o-ano-da-grande-viragem-para-angola-iii.html), o colonialismo português foi colocado contra a parede em grande parte em função da intransigência do Estado Novo, cuja superestrutura ideológica era uma mescla de fascismo e colonialismo tardio, no rescaldo da “dilatação da fé e do império”, a que não deixava de ser relevante a Concordata com o Vaticano.

Se por um lado garantiu a cobertura dos círculos europeus que deram corpo ao “Le Cercle” (que animava os laços do quadro da NATO repescando muitas das redes “stay behind” na Alemanha, na Itália, em França e em Espanha), por outro, “no terreno” e graças aos laços criados durante a Iª Guerra Mundial (quando os britânicos, sul africanos, invadiram e ocuparam o Sudoeste Africano derrotando os prussianos), tornou-se inevitável a aproximação à África do Sul, que a partir de 1948, ficou à mercê do regime do “apartheid” (http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=50).

Se do lado do colonialismo português requisitavam-se as teorias e práticas mais hermeticamente conservadoras do catolicismo para a superestrutura ideológica do Estado Novo fascista e colonialista (próprias do ruralismo da oligarquia portuguesa de meados do século XX), do lado sul-africano repescava-se o calvinismo afrikaner também ruralista (sertanejo e conforme aos costumes boers), mesclado de resíduos nazis, duas linhas que ao conjugarem-se, deram à sua maneira e cada uma delas, prova de cinismo, hipocrisia e ambiguidade sem limites, prova cada vez mais contraditória, à medida que a oligarquia industrial em Portugal e na África do Sul se assumiram como determinantes para os respectivos poderes de estado.

Em 1919 findou com um genocídio a última grande resistência nos Dembos (Cazuangongo, Jimbo Aluquém e Muando), depois do fim da resistência cuanhama e cuamata em 1915, mas entre 1940 e 1941 os cuvales sofreram uma impiedosa perseguição nas áreas entre o Coporolo, a norte e o Curoca, a sul com extensões para leste até Quilengues, Humpata, Chibia e Cahama…

Em 1961 em Angola, ainda havia a memória das resistências em várias partes do país, por exemplo nos Dembos, no planalto central, no Namibe e no Cunene, pelo que o domínio colonial vivia sempre no temor da rebeldia africana e por isso reprimia com leis e forças que impunham o seu poder…

No princípio, quando as tropas coloniais portuguesas foram mobilizadas “para Angola e em força”, a repressão acentuou-se, para depois, já no quadro da “primavera marcelista” se passar os métodos mais refinados de inteligência, com a continuada aplicação da “luta contra a subversão”, filtrada por tendências reactivas, como o spinolismo de “Portugal e o futuro”…

Brasil | A farsa das elites e a encruzilhada da nação


Desmascarada a 'República de Curitiba', a questão crucial agora é revigorar a democracia e repactuar um projeto de desenvolvimento soberano, em meio à desordem do mundo neoliberal

Joaquim Palhares | Carta Maior | editorial

Tornou-se límpido como água de mina: a engrenagem posta em movimento em 2014 com o nome de Lava Jato, autodenominada ‘a maior investigação de corrupção da história, servia de biombo a uma farsa jurídica, cujos detalhes emergiram agora de forma devastadora nos diálogos de bastidores da operação revelados pelo Intercept.

Gravações amplamente compartilhadas pela sociedade nesse momento soam como diálogos de um filme de Costa Gavras, o mestre do cinema político.

Um comando secreto, liderado por um juiz de província americanófilo e direitista, arquiteta a prisão do maior líder popular da história brasileira, que encabeça a corrida à presidência da República e precisa ser detido para não levar a esquerda ao poder pelo quinto mandato consecutivo.

Todos sabiam que era assim. Mas agora a hipocrisia e o cinismo perderam o chão das aparências.

Mais que um filme, a realidade política dos últimos cinco anos avulta aos borbotões para desmentir a narrativa dominante. Aliás, como sempre alertaram os críticos da República de Curitiba.

Entre eles perfila Carta Maior, que reunirá num Especial (Dossiê) uma panorâmica das perdas e danos destes cinco anos e dos desafios que eles colocam ao resgate progressista da nação brasileira.

Não será uma empreitada para nostalgias ou ilusões.

Estamos diante de um dos mais fulminantes processos de desmonte econômico de um país com simultânea desidratação do seu sistema democrático o que, vale dizer, obstruiu os já frágeis canais de participação da vontade popular sobre os destinos da sociedade, destruindo o nosso bem mais precioso. A nossa soberania.

É uma reprise do que já aconteceu em Cuba, Chile, Irã, Nicarágua, Cuba, Afeganistão, Iraque, Síria, Iemen, Somália, Líbia, Níger e Venezuela, em todos os casos fortemente apoiados pela grande imprensa americana e seus parceiros nacionais.

Após fala de Sergio Moro no Senado, o que acontece agora em quatro pontos


Investigações na Polícia Federal, julgamento de acusação de suspeição no Supremo Tribunal Federal (STF), sindicância no Conselho Nacional do Ministério Público e a eventual abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.

O vazamento de mensagens privadas atribuídas ao então juiz federal Sergio Moro e a procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato influenciou processos em andamento e deu origem a uma série de investigações, concentradas em dois eixos: a invasão dos celulares e os supostos crimes ou desvios éticos cometidos por essas autoridades.

Um dos desdobramentos mais esperados em torno da divulgação das mensagens trocadas no Telegram pelo site The Intercept está ligado às acusações de suspeição de Moro feitas pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Caso o colegiado acolha o pedido, todas as decisões tomadas por ele em processos contra Lula podem ser anuladas pela Corte, inclusive a condenação no caso do tríplex do Guarujá.

Veja em que pé estão as quatro linhas de investigação.

Nicolas Sarkozy enfrentará julgamento por corrupção


Ex-presidente francês perde recurso e será julgado por tribunal em Paris pelos crimes de corrupção e tráfico de influência. Ele é acusado de oferecer ajuda a juiz em troca do vazamento de uma informação.

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy perdeu nesta quarta-feira (19/06) sua última tentativa para evitar seu julgamento pelos crimes de corrupção e tráfico de influência. Sarkozy é acusado de oferecer ajuda a um juiz a ganhar uma promoção em Mónaco em troca do vazamento de uma informação.

O Tribunal de Cassação negou os recursos apresentados tanto por Sarkozy como por seu advogado Thierry Herzog e o antigo magistrado Gilbert Azibert e, assim, o julgamento deverá acontecer em Paris nos próximos meses, afirmou o jornal Le Figaro.

A investigação em torno de supostas irregularidades foi finalizada em 2016 e os juízes de instrução determinaram que o ex-presidente seria réu em março de 2018, mas essa decisão foi objeto de recurso.

Os magistrados grampearam o telefone de Sarkozy diante das suspeitas dele ter recebido financiamento do regime líbio de Muammar Kadafi (1969-2011) durante a campanha que, em 2007, o levou ao Palácio do Eliseu, algo pelo qual foi acusado em 21 de março do ano passado.

Nessas escutas foram descobertas conversas entre o ex-presidente e seu advogado nas quais tentavam obter, através do juiz Azibert, informação secreta sobre uma investigação em torno de um suposto financiamento ilegal à sua campanha de 2012 feito por Liliane Bettencourt, herdeira do império cosmético L'Oréal.

Algumas dessas conversas foram divulgadas na imprensa e davam a entender que Sarkozy estava disposto a ajudar o juiz a obter um posto em Mónaco se conseguisse influenciar a decisão do Supremo Tribunal sobre o caso Bettencourt.

Políticos alemães pró-refugiados recebem ameaça de morte

Esfaqueada em 2015 por extremista de direita, prefeita de Colônia, Henriette Reker, recebe ameaças
Ao menos dois prefeitos são alvejados por mensagens de conteúdo xenófobo. Revelação ocorre semanas após o assassinato de um político simpático à acolhida de migrantes cujo suspeito seria de extrema direita.

Pelo menos dois prefeitos de cidades alemãs receberam ameaças de morte por se engajarem em políticas pró-refugiados, afirmou nesta quinta-feira (20/06) a polícia alemã. O anúncio ocorre algumas semanas após o assassinato de um político no país por um suposto radical de extrema direita.

A polícia alemã disse que pelo menos dois prefeitos locais receberam ameaças de morte, mas se recusou a confirmar as informações da mídia de que as mensagens anônimas continham saudações nazistas.

Entre os alvos das ameaças estão a prefeita de Colónia, Henriette Reker, que foi esfaqueada no pescoço em 2015 por um extremista de direita durante um evento de campanha eleitoral, e Andreas Hollstein, prefeito da pequena cidade do oeste alemão de Altena, que também foi esfaqueado, em 2017.

Não ficou claro se há uma ligação direta com o assassinato em 2 de junho do político Walter Lübcke, morto por um tiro à queima-roupa em sua casa, na região central da Alemanha. O caso, cujo principal suspeito é um suposto militante de extrema direita, chocou o país.

A crise do Brexit e o capitalismo impotente


Como a globalização sem regras dissolveu os laços sociais mesmo num dos países mais ricos do mundo. Retratos do impasse: elites divididas, esquerda sem alternativas. A aposta dos super-ricos no caos e a brecha para derrotá-los

Paul Mason | Outras Palavras | Tradução: Marianna Braghini

Uma mulher assedia skatistas brasileiros em uma rua de Londres, exigindo que parem de falar “brasileiro”. O embate, emblemático por sua estupidez, viralizou no Twitter. Os principais diretores de grandes supermercados, além do McDonalds e da KFC, alertaram sobre as interrupções no abastecimento, caso aconteça um Brexit sem acordo. Em janeiro, o governo admitiu que tem planos de contingenciamento de introduzir a lei marcial para evitar “mortes em caso de escassez de comida e medicamentos”. Em seguida, o parlamento britânico votou por algo que não pode colocar em prática: conservadores, membros do Partido Unionista do Ulster e alguns opositores à imigração da ala direita do Partido Trabalhista combinaram de exigir que a União Europeia faça mudanças no acordo que o governo britânico havia fechado em novembro passado. Os líderes da UE imediatamente enfatizaram que nenhuma renegociação de última hora é possível.

Se um poder hostil tivesse feito o roteiro do Brexit, é assim que teria escrito o ato final. Infelizmente, foi o povo britânico que o escreveu por si mesmo (1).

Como chegamos a esse auge da irrealidade? Porque a classe política do Reino Unido se fragmentou sobre diversos pontos que são fundamentais demais para serem contidos pelo sistema partidário e porque muito da cola ideológica que manteve unida a sociedade britânica por duas gerações já não gruda mais.

Para o Partido Conservador, a relação com a Europa tem sido de psicose crônica. Ele rachou o gabinete de Margaret Thatcher nos anos 1980, desestabilizou o governo de John Major em 1990, manteve o partido fora do governo por 13 anos, ruiu o posto de David Cameron quando primeiro-ministro e agora destruiu a credibilidade de quase todos os políticos associados à administração de May [a primeira-ministra britânica renunciou ao cargo em 24 de maio, deixando-o efetivamente em 7 de junho. O Partido Conservador ainda não elegeu um substituto].

Portugal | Ser socialista não é isto


Faltam na política portuguesa Ideias claras servidas por palavras simples em vez da habitual retórica enrolada em que as ambiguidades e os ‘soundbites’ servem para ludibriar consensos e facilitar enganos.

Vasco Graça | Jornal Tornado, 10 Junho, 2019

Mas escasseia também, e muito, o cumprimento da palavra dada e o respeito pelos princípios proclamados.

Dessas carências que alimentam o populismo e o reacionarismo larvares.

Quando o meu amigo João Semedo morreu (Julho de 2018) escrevi algures, em jeito de despedida a propósito da sua ultima batalha pela salvação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), «a luta continua e prosseguiremos determinados neste combate». Obriguei-me então a não me calar e por isso não confundo os objectivos necessários com o ‘possibilitismo’ claudicante que, provavelmente com boas intenções, parece estar a emergir entre algumas personalidades.

Portugal | E se os partidos da maioria compreendessem quem é o seu verdadeiro inimigo?


Marcelo é o mais perigoso inimigo do Serviço Nacional de Saúde que corresponda aos interesses da grande maioria dos portugueses!

Jorge Rocha* | opinião

Desemprego no seu nível mais baixo desde há 28 anos, redução para metade do bullyingnas escolas ou a integração de mais treze mil precários nos quadros da função pública: três excelentes notícias a reiterarem o inegável sucesso da governação durante estes últimos três anos e meio.

Há, em contraponto, a falta de obstetras e técnicos nas salas de partos dos hospitais de Lisboa e, por isso, o «Público» não perde a oportunidade para fazer do assunto a matéria de capa da edição deste feriado, como se a situação fosse alheia à luta de morte, atualmente em curso entre um Serviço Nacional de Saúde universal tendencialmente gratuito e os poderosos interesses privados do setor, que tudo farão para atrair a si tantos profissionais quantos os disponíveis de forma a chantagearem o governo com a demonstração da sua «imprescindibilidade» como parceiros de uma eventual solução. Marcelo, que deles se assume como implícito porta-voz, está atento a qualquer oportunidade para dar aos maiores grupos privados do setor a satisfação dos seus interesses.

Portugal | MARCHAS POPULARES


HenriCartoon| por Henrique Monteiro

Portugal | Jerónimo reitera que é "indispensável" mudar Lei de Bases da Saúde


O secretário-geral do PCP reiterou hoje que é "indispensável" mudar a Lei de Bases da Saúde e separar o setor público do privado, criticando o PS e BE pela "porta em aberto" à criação de Parcerias Público-Privadas (PPP).

Mantemos a opinião de que é indispensável e imperioso mudar a Lei de Bases e clarificar, sem ambiguidades, a separação entre o setor público e privado", defendeu Jerónimo de Sousa, afirmando que a proposta do PS "favorece os grandes grupos monopolistas que operam no setor da saúde, prejudicando os doentes, os dinheiros públicos e o Serviço Nacional de Saúde".

O líder comunista falava numa sessão pública no Largo da Misericórdia, em Setúbal, onde não comentou o desacordo político entre o PS e BE em relação ao enquadramento das PPP na Lei de Bases da Saúde, mas criticou os diplomas de ambos os partidos.

"Tanto as propostas do PS como do BE deixavam a porta em aberto e empurravam o problema com a barriga, permitindo a criação de novas PPP", explicou.

O PS e o BE encontram-se em confronto político desde terça-feira, após debate quinzenal, devido às visões opostas sobre as Parcerias Público-Privadas na saúde.

No entanto, na visão de Jerónimo de Sousa, não há outra opção que não "pôr fim às PPP".

Relatório da ONU aponta dedo a príncipe saudita na morte de Khashoggi


Investigadora especial das Nações Unidas, Agnes Callamard, diz que jornalista foi vítima de "uma execução deliberada, premeditada" e que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, deve ser alvo de sanções até conseguir provar que não teve qualquer responsabilidade.

As provas indicam que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, o príncipe Mohammed bin Salman, assim como outros altos responsáveis sauditas, estão envolvidos na morte do jornalista Jamal Khashoggi, segundo o relatório da investigadora especial das Nações Unidas que foi revelado esta quarta-feira.

Agnes Callamard, investigadora especial para as execuções extrajudiciais, pede para que a comunidade internacional alargue as suas sanções ao príncipe herdeiro e aos seus bens pessoais até ele poder provar que não teve qualquer responsabilidade na morte de Khashoggi, em outubro de 2018, no consulado saudita em Istambul.

O reino saudita tem sempre negado o envolvimento do príncipe, alegando que a morte do jornalista resultou de uma operação não sancionada pelas autoridades e que Bin Salman não sabia de nada.

O Irão paralisado


Thierry Meyssan*

A subida de tensões no Golfo é um jogo perigoso, que pode derrapar a qualquer momento. As sabotagens não reivindicadas dos petroleiros podem ser obra de qualquer dos actores, incluindo dos Estados Unidos utilizadores habituais de operações de falsa-bandeira. No entanto, uma análise racional mostra que Teerão não está, de forma alguma, com essa disposição de espírito.

Os Estados Unidos e o Reino Unido acusam o Irão da sabotagem de seis petroleiros no Golfo sem fornecer, a propósito, a menor prova, excepto um vídeo norte-americano de má qualidade. Segundo eles, uma embarcação dos Guardas da Revolução recuperaria uma mina-ventosa, não explodida, colocada no casco de um dos navios-tanque, precisamente quando os marinheiros garantem que o seu navio foi atacado por um drone ou um míssil.

O duelo Irano-Americano mudou de natureza desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em Janeiro de 2017, mas a reacção iraniana só pode ser compreendida em função dos episódios precedentes e da suas consequências.

O Presidente George Bush fizera tudo o que estava ao seu alcance para lançar uma guerra contra o Irão a seguir à guerra contra o Iraque. Ele entendia prosseguir a destruição sistemática das estruturas estatais do «Médio-Oriente Alargado», de acordo com a estratégia Rumfeld/Cebrowski. No entanto, numa primeira altura a Comissão Baker-Hamilton (2006) impediu-o. A classe dirigente dos EUA não conseguia ver um retorno rápido do seu investimento ao apoiar uma «Guerra Sem Fim». Numa segunda vez, o Comandante do CentCom, o Almirante William Fallon, que havia começado a discutir com Mahmoud Ahmadinejad a estabilização do Iraque, opôs-se a isso (2007-08). Por fim, o Vice-presidente Dick Cheney deu instruções a Israel para arrendar aeroportos georgianos de modo a poder bombardear directamente o Irão sem ter que reabastecer aviões em vôo. Mas apareceu a Rússia que cravou ao solo os bombardeiros israelitas nas primeiras horas da Guerra da Ossétia do Sul (Agosto de 2008).

Quem são os incendiários dos petroleiros?


Manlio Dinucci*

Manlio Dinucci convida a dar um passo atrás. Ele substitui as sabotagens dos petroleiros das quais Washington acusa Teerão, no âmbito da política energética global dos Estados Unidos. Ao fazê-lo, mostra que, ao contrário das aparências, Mike Pompeo não tem como alvo o Irão, mas a Europa.

Enquanto os Estados Unidos preparam uma nova escalada no Médio Oriente, acusando o Irão de atacar petroleiros no Golfo de Omã, o Vice-Primeiro Ministro, Matteo Salvini, encontra, em Washington, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, um dos arquitectos dessa estratégia, assegurando-lhe que a “A Itália quer voltar a ser, no continente europeu, o primeiro parceiro da maior democracia ocidental”. Liga, assim, a Itália à operação lançada por Washington.

O “incidente do Golfo de Omã”, casus belli contra o Irão, reproduz o “incidente do Golfo de Tonkin” de 4 de Agosto de 1964, usado como casus belli para bombardear o Vietnam do Norte, acusado de atacar um contra-torpedeiro dos EUA, (acusação que depois acabou, demonstrada como falsa).

Um vídeo divulgado em Washington mostra a tripulação de um pretenso barco-patrulha iraniano que, em plena luz do dia, remove do lado de um petroleiro, uma mina não explodida para esconder a sua origem (já que a mina tinha a inscrição “made in Iran”). Com essas “provas”, que constituem um verdadeiro insulto à inteligência, Washington tenta camuflar o objectivo da operação.

Faz parte da estratégia do controlo das reservas globais de petróleo e gás natural e dos corredores de energia relacionados [1]. Não é por acaso que os Estados Unidos têm como alvo o Irão e o Iraque, cujas reservas totais de petróleo excedem as da Arábia Saudita e são cinco vezes maiores do que as dos EUA. As reservas de gás natural iranianas são cerca de 2,5 vezes superiores às dos Estados Unidos. Pela mesma razão, a Venezuela está na mira USA - o país com as maiores reservas de petróleo do mundo. O controlo dos corredores energéticos é da maior importância.

Timor-Leste | Comandante das FDTL com mandato renovado no meio de incerteza legal


O Presidente da República timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, renovou o mandato do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Lere Anan Timur, num decreto em que não fica claro até quando ocupará as funções.

Lu-Olo determina a “continuidade do mandato no cargo de Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas pelo seu presidente titular, major-general Lere Anan Timur, com efeitos a partir de 06 de outubro de 2018 e duração não superior ao limite legalmente definido”.

No entanto não clarifica, exatamente, o calendário que se aplica já que, formalmente, Lere Anan Timur, terminou o seu terceiro mandato em 06 de outubro de 2018, o último que estava permitido ao abrigo de um regime excecional que terminou em 31 de dezembro de 2016.

Nesse ano, a sucessão no comando das F-FDTL causou um dos maiores momentos de tensão entre o governo da altura e o então Presidente, Taur Matan Ruak (antecessor de Lere no comando das FDTL), que chegou a exonerar o comandante, a anunciar depois a promoção de Filomeno Paixão para o cargo e a recuar nas duas decisões, acabando por prolongar os mandatos.

Isso levou o executivo a aprovar uma alteração ao estatuto dos militares para permitir ampliar extraordinariamente o comando das F-FDTL.

ONG exigem aos governos do Sudeste Asiático que protejam os Rohingya


Banguecoque, 19 jun 2019 (Lusa) - Grupos de defesa dos direitos humanos exigiram hoje que os governos do Sudeste Asiático protejam os direitos da minoria muçulmana Rohingya na Birmânia (Mianmar), vítimas de uma campanha militar que as Nações Unidas apelidaram de "genocídio deliberado".

Os líderes dos 10 países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) reúnem-se esta semana em Banguecoque para um fórum regional em que vão discutir várias questões económicas, políticas e ambientais, entre outras.

"A ASEAN precisa parar de olhar para o lado sobre as atrocidades na Birmânia contra o povo Rohingya e parar de dar legitimidade ao processo de repatriamento. O povo Rohingya no Bangladesh, e noutros lugares, não vai regressar voluntariamente até que a situação no estado de Rakhine melhora drasticamente", disse a Eva Sundari, membro da organização não-governamental Parlamentares da ASEAN para os Direitos Humanos (APHR).

Portugueses cada vez mais irrelevantes na política em Macau -- Associação de Advogados


Macau, China, 20 jun 2019 (Lusa) -- O presidente da Associação de Advogados de Macau disse em entrevista à agência Lusa que os portugueses são cada vez mais irrelevantes na política local e que a comunidade chinesa já ocupou quase todos os cargos de poder.

Vinte anos após a transição de Macau para administração da China, "há uma erosão muito grande em relação aos portugueses participarem na política local", afirmou Jorge Neto Valente, referindo-se àqueles nascidos em Portugal.

"Hoje em dia, os portugueses (...) são praticamente irrelevantes na política local", até porque, justificou, "não estão integrados na política local".

Nos últimos 20 anos, "os chineses tomaram praticamente conta de tudo o que é lugar político... e os portugueses têm funções de assessoria, têm negócios (...), mas em relação à política são cada vez mais irrelevantes", reforçou.

Neto Valente dá o seu caso como exemplo: "penso que sou o único membro do colégio eleitoral que nasceu em Portugal", afirmou, referindo-se à comissão eleitoral que vai eleger o próximo chefe do Governo, numa votação agendada para 25 de agosto.

Nyusi aos EUA: “quem chega primeiro em Moçambique e África será o primeiro a sair”


Em plena guerra comercial entre os Estados Unidos da América (EUA) e a China a capital moçambicana tornou-se nesta quarta-feira (19) no epicentro dos negócios entre os EUA e África. Num centro de conferencias construído e gerido por chineses, que no ano passado disponibilizaram 60 biliões de dólares para serem investidos no nosso continente, o Presidente Filipe Nyusi avisou: “Espero que os americanos saibam que quem chega primeiro em Moçambique e em África será o primeiro a sair”.

Dez chefes de Estado africanos eram aguardados na Cidade de Maputo para a 12ª Cimeira de Negócios EUA – África, apenas sete fizeram-se presente no evento que decorre até sexta-feira (21) e clama contar com a presença de mais de mil empresários, investidores, membros do governos e funcionários das agências financiamento multilateral.

Filipe Nyusi, único Chefe de Estado africano que compareceu a edição anterior da bi-anual Cimeira em Washington DC, assinalou que as “relações entre África e os Estados Unidos tem vindo a conhecer um crescimento significativo nas últimas décadas (...) nos últimos 3 anos o volume do comércio externo entre a África e os Estados Unidos aumentou de 49 biliões de Dólares para 69 biliões de Dólares, regozijar-nos em saber que 60 por cento desse valor corresponde as exportações de África para os Estados Unidos da América”.

“Apesar dos progressos alcançados na relação entre os Estados Unidos da América e África, o continente africano ainda apresenta enormes desafios e oportunidades cuja materialização demanda recursos financeiros avultados que não se encontram prontamente desenvolvidos localmente, só para mencionar alguns destes desafios, o continente apresenta um défice de financiamento de infra-estruturas estimado entre 68 a 108 biliões de Dólares norte-americanos, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento. A mobilização destes recursos é vital para acelerar o processo de integração económica no continente”, acrescentou o Presidente moçambicano.

No entanto Nyusi, quiçá recordando-se do 3º Fórum de Cooperação China-África que reuniu em Pequim os presidentes e chefes de governo de 53 países africanos, deixou um sério aviso: “Espero que os americanos saibam que quem chega primeiro em Moçambique e em África será o primeiro a sair”, com os recursos que o nosso país e o continente tem para serem explorados.

Moçambique | Consórcio de gás natural anuncia um dos maiores investimentos de sempre


Anunciado um histórico investimento de 22 mil milhões de euros para o projeto de desenvolvimento de gás na província moçambicana de Cabo Delgado.

O consórcio liderado pela petrolífera norte-americana Anadarko acaba de anunciar o maior investimento de sempre em Moçambique para a exploração de gás Natural Liquefeito. Justiça social, prosperidade da economia nacional e muita paciência é o que os moçambicanos devem esperar do anúncio histórico do investimento no gás na Bacia do Rovuma.

Personalidades moçambicanas e ligadas a economia e desenvolvimento acreditam que Moçambique vai "engordar" os seus cofres. Mas o Presidente da República, Filipe Nyusi, alerta para que a partir de agora o país saiba gerir as muitas expetativas que se criam em volta da exploração de Gas Natural Liquefeito. Mais ainda, segundo o Presidente Nyusi, Moçambique encontra-se nesta terça-feira com o presente e o futuro para projetar um dos caminhos que deverá alavancar Moçambique na região Austral e no mundo.

"Ao mesmo tempo que erguerá o nosso legado perante as gerações presentes e futuras. O impacto transformador deste projeto é tangível e cria enormes expetativas para o futuro. Este projeto logrou gerar 4 500 postos de trabalho para moçambicanos e metade destes postos empregam membros adjacentes ao empreendimento", destacou Filipe Nyusi.

Moçambique e EUA estreitam relações económicas


Agricultura, pescas, turismo, energia e infraestruturas são algumas das áreas incluídas num memorando de entendimento assinado entre os dois países à margem da Cimeira económica EUA-África que decorre em Maputo.

Moçambique e os Estados Unidos da América assinaram na quarta feira (19.06), um memorando de entendimento para dinamizar a cooperação bilateral. O acordo foi rubricado no âmbito da 12ª cimeira EUA-África, que decorre na capital moçambicana até ao dia 21 de Junho.

Para Florizelle Liser do Corporate Council on Africa, entidade que lida com questões de comércio entre os Estados Unidos e África, trata-se de ampliar a cooperação bilateral: "Queremos que as empresas norte americanas, para além daquelas ligadas ao petróleo e gás, tenham oportunidades asseguradas aqui e no continente”.

No certame, a secretária adjunta norte-americana do Comércio, Karen Dun Kelly, destacou a importância de África como parceiro comercial, mas disse que este continente deve melhorar o ambiente de negócios: "Diversas empresas norte-americanas têm tido dificuldades em fazer negócios em África devido nomeadamente a questão de infraestrutura, riscos, limitações colocadas aos bancos, leis complicadas, falta de transparência e burocracia excessiva” , disse Dun Kelly.

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