Martinho Júnior, Luanda
SUBSÍDIOS EM SAUDAÇÃO AO 11 DE
NOVEMBRO DE 2019
Uma das maiores deficiências de
que sofrem os africanos duma forma geral e os angolanos em particular, é a
ausência de reflexão própria sobre os fenómenos antropológicos e históricos
afectos ao seu espaço físico, geográfico e ambiental.
Essa falta de vontade e de
perspectiva abre espaço ao conhecimento que chega de fora, em prejuízo do
conhecimento que tem oportunidade de florescer dentro, ou seja: subvaloriza o
campo experimental próprio, quantas vezes para sobrevalorizar as teorias
injectadas do exterior!
Isso permite que outros não abram
o jogo sobre essas interpretações dialéticas em função de seus interesses,
manipulações e ingerências, aplicando a África, por tabela a Angola, as
interpretações estruturalistas de feição, de conveniência e de assimilação!
In – Aprender reinterpretando – https://paginaglobal.blogspot.com/2019/06/angola-aprender-reinterpretando.html
Esta série pretende reabrir
dossiers que do passado iluminam o longo caminho da libertação dos povos da
América Latina e Caribe, de África e por tabela de Angola, sabendo que é apenas
um pequeno contributo para o muito que nesse sentido há que digna e
corajosamente fazer!
Abrir os links permite
complementar com fundamentos, muitas das (re)interpretações do autor.
01- O movimento de libertação em
África comporta lições essenciais que no presente e no futuro não se podem
alguma vez perder de vista, pois a sua própria génese e trajectória, tem que
ver com a lógica com sentido de vida hoje ainda mais indispensável, pois é já a
espécie humana que está em perigo. (http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/1992/esp/f120692e.html).
A vida no espaço sul da
humanidade é precária e sujeita a todo o tipo de riscos, vicissitudes,
obstáculos e desafios, por que um grau elevado de subdesenvolvimento está por
vencer e as capacidades exponenciais de África determinam, até agora
irremediavelmente, que o continente preencha a cauda dos Índices de
Desenvolvimento Humano, conforme aos relatórios anuais da ONU!
(https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/08/23/un-mar-de-muerte/; http://paginaglobal.blogspot.com/2016/11/uma-longa-luta-em-africa-i.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/11/uma-longa-luta-em-africa-ii.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/01/uma-longa-luta-em-africa-iii.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/01/uma-longa-luta-em-africa-iv-mobilizacao.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/02/uma-longa-luta-em-africa-v.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/06/uma-longa-luta-em-africa-vi.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/uma-longa-luta-em-africa-vii.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/uma-longa-luta-em-africa-viii.html).
Uma parte dessa situação
histórica e antropológica redunda das profundas alterações climático-ambientais
em curso, provocadas essencialmente pelo homem desde os alvores da revolução
industrial, que foi aliás fundamental para a formulação do expansionismo do
império da hegemonia unipolar e seu esteio de aliados, num continente em que a
dialética entre as vastidões dos maiores desertos quentes do globo em expansão,
e as regiões tropicais ricas em água, obrigam à compressão dos espaços vitais! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/07/africa-dilecto-alvo-neocolonial/).
As milenares culturas de
nomadização deslocam-se e disputam espaços vitais nas áreas onde são dominantes
as culturas de sedentarização vocacionadas para a recolecção e a
autossubsistência, um fenómeno agravado hoje pelas desenfreadas disputas pela
detenção das riquezas naturais e minerais num planeta cada vez mais esgotado,
respondendo a estímulos multiplicados (em função das necessidades das novas
tecnologias), desde fora do continente. (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/05/africa-da-inercia-catastrofe-martinho.html).
De facto a luta pela água já se
colocava há milhares de anos conforme à gestação e afirmação da civilização
egípcia, que se estendia ao longo do fértil Nilo e era alvo de pressões a
oeste, a sul e a leste, por parte de culturas nómadas ávidas de conquista de
espaço vital. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Egito).
Os estímulos de hoje provenientes
de fora do continente por seu turno, mantêm África numa ultraperiferia
dependente, reduzindo-a à “inerte” impotência estritamente vinculada
à indústria extractivista e pouco mais, desde um tabuleiro arquitectado pela
poderosa mão colonial da Conferência de Berlim que sem remissão não teve em
conta as legítimas aspirações dos povos africanos, (secularmente explorados e
subjugados), à vida, à liberdade, à independência, ao exercício de sua própria
soberania, ao desenvolvimento abrangente! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/10/irracionalidade-humana.html).
02- A luta armada do movimento de
libertação em África teve ética e moralmente que ocorrer por que o colonialismo
foi renitente, retrógrado, repressivo e contra a vida dos povos africanos, mantendo
a vontade de a todo o custo oprimir tal como aconteceu desde logo na afirmação
da génese em Berlim, com reflexos nocivos até aos nossos dias! (https://www.dw.com/pt-002/confer%C3%AAncia-de-berlim-partilha-de-%C3%A1frica-decidiu-se-h%C3%A1-130-anos/a-18283420).
A escravatura dos africanos e
afrodescendentes na América, arrancados à força do próprio berço da humanidade
e transportados à força para o outro lado do Atlântico, deu azo apenas, a
partir de Berlim, a métodos que aparentavam ser de refinamento, mas no fundo
garantiram continuidade ao exercício do poder dominante sobre o próprio
terreno-alvo desse exercício, instrumentalizando sobre o corpo inerte de África
as motivações insaciáveis, inadiáveis e típicas das exigências da revolução
industrial acrescida, de há algumas décadas a esta parte, pela revolução das
novas tecnologias! (https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/9977/hoje-na-historia-1885-conferencia-de-berlim-da-fim-aos-conflitos-coloniais-na-africa).
O colonialismo (e a sequência
neocolonial) continuou a recrutar muito mais músculo humano, a preço de
subespécie, na devassa de África, do que a utilizar o requinte das máquinas
nessa perversa devassa e esse quadro em muito pouco foi alterado com as
independências de bandeira! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/06/vem-ai-mais-seculos-de-solidao.html).
A escravatura, o colonialismo e
o “apartheid” não só reprimiam, mas ao não considerar os africanos
como seres iguais, não lhes atribuía os mais elementares direitos, inclusive e
desde logo o essencial direito à vida! (https://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/sociedade/2019/1/5/Hoje-celebra-aniversario-Inicio-Luta-Armada,8e6dd86a-2469-44ff-8f0c-69cd7d1a7e32.html).
A “civilização
judaico-cristã ocidental” reduziu o homem africano à bestialidade e com
isso assumia-se, por mais que cinicamente desse a entender o contrário, como
barbárie, incapaz de ver no outro um igual e aceitá-lo como tal, algo que até
hoje comporta imensas sequelas! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/os-punhais-sangrentos-de-trotta-e.html).
A Igreja Católica Apostólica
Romana com sede no Vaticano, mentora da “dilatação da fé e do império” e
por essa via cúmplice de escravatura e colonialismo, até hoje só timidamente,
com o Papa João Paulo II, pediu perdão pelos pecadores dessa bárbara trilha sem
levar a cabo uma suficiente reflexão própria, frontal e vertical, acerca da
opressão e de suas sequelas, protelando sine die um pedido de desculpas sério,
inequívoco, digno e de boa-fé, aos povos africanos, aos afrodescendentes
espalhados pelo mundo e também aos indígenas da América! (https://www.folhadelondrina.com.br/geral/joao-paulo-ii-e-o-papa-que-mais-pediu-perdao-264746.html).
A “abertura” foi
marcada pela Encíclica “Pacem in Terris”, de João XXIII, de 11 de Abril de
1963, quando a luta de libertação em África recorrendo às armas, já levava
anos… (http://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem.html).
Para a Igreja Católica, a culpa é
dos homens e, quanto à instituição, recorre-se à milenar e proverbial figura de
Pilatus mesmo que, Europa fora, os lugares de culto estejam cobertos de
riquezas extraídas da exploração a ferro e fogo de África e da América! (https://www.veritatis.com.br/sobre-os-pedidos-de-perdao-do-papa-joao-paulo-ii/).
O Papa Paulo VI recebeu a 1 de
Julho de 1970, os dirigentes da luta de libertação em África, (https://www.dw.com/pt-002/o-papel-fundamental-do-papa-paulo-vi-nas-independ%C3%AAncias/a-18305399),
vincando a Encíclica “Populorum progressio” (http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_26031967_populorum.html),
que enterrou a Concordata do “Estado Novo”, fascista e colonial, de 7 de
Maio de 1940, com o Vaticano sob a égide do papa Pio XII (https://pt.wikipedia.org/wiki/Concordata_entre_a_Santa_S%C3%A9_e_Portugal_de_1940; https://pt.wikisource.org/wiki/Concordata_de_1940).
Além de João Paulo II, o Vaticano
fica-se por partes para melhor se inviabilizar a compreensão do todo! (https://www.dw.com/pt-br/papa-pede-perd%C3%A3o-por-papel-da-igreja-no-genoc%C3%ADdio-em-ruanda/a-38036515).
O Papa Francisco apenas se cingiu
em pedido de desculpas até agora, aos indígenas da América!... (https://www.publico.pt/2016/05/26/mundo/noticia/cinco-pedidos-de-desculpa-que-ficaram-na-historia-1733136).
Por essa razão continua por via
das mais diversas alienações, ilusões, hipocrisias e cinismos inculcados nos
povos e sociedades europeias, americanas e africanas até hoje, a ser quantas
vezes e ainda parte do bárbaro problema e não da solução civilizada pela
libertação e pela vida! (http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/um_holocausto_de_recordacao_permanente).
Paliativos como o reconhecimento
do movimento de libertação em África a 1 de Julho de 1970 pelo Papa Paulo VI,
não chegam face ao que hoje ainda em rescaldo continua a acontecer em África e
na América em relação aos africanos, afrodescendentes e indígenas da América,
pese o mérito dos líderes africanos da CONCP e da Fundação António Agostinho
Neto! (http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/recordada_audiencia_do_papa_paulo_vi).
Uma das sequelas dos exercícios
hipócritas e meios envergonhados, é por exemplo, a batalha do isolamento e das
compensações devidas às pequenas nações insulares do CARICOM, assim como a
África, que está inteiramente por concretizar! (https://www.saberesafricanos.net/escuela/talleres-seminarios/3310-conferencia-internacional-sobre-reparaciones.html).
Assim a luta armada de libertação
em África, sequência da revolução dos escravos na América e das lutas pela
independência que então ocorreram no “novo continente”, reclamava esses
direitos fundamentais, reclamava vida e barricava-se na vida para enfrentar os
monstros redundantes da Conferência de Berlim e toda a barbaridade de sua
presunção nas duas margens do Atlântico! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/03/11/estado-do-mundo/; http://paginaglobal.blogspot.com/2014/02/haiti-aposta-pela-vida.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2014/02/haiti-um-pais-invisivel.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2014/02/haiti-uma-contagiosa-revolucao.html).
Histórica e antropologicamente o
movimento de libertação em África, na sua justa luta armada e tendo em conta
seus antecedentes, era uma cultura que ao reclamar vida, barricava-se desde
logo na vida que era negada e em muitos casos passou a ser uma luta pela
própria sobrevivência, tal o grau de vulnerabilidade dos africanos oprimidos e
subjugados que por via da luta procuravam alcançar o que a escravatura, o
colonialismo e também o “apartheid” impediam: gerir o seu próprio
destino em pé de igualdade com todos os povos do mundo! (http://paginaglobal.blogspot.com/2013/11/resgates-com-sentido-de-vida-i.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2013/11/resgates-com-sentido-de-vida-ii.html).
03- A lógica com sentido de vida
tem essas raízes e foi fecundada na ética e na moral daqueles que,
levantando-se do chão dos oprimidos, não tiveram outra alternativa senão pegar
em armas e lutar pela sua própria existência e dignidade! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/07/a-transversal-de-paz-da-grande-rebeliao.html).
No caso angolano esse movimento
explica a riqueza de sua própria mobilização: o MPLA logo em 1961, início da
luta armada, conseguiu aglutinar e chamar a si muitos dos poucos médicos e
enfermeiros angolanos de então, dispostos a lutar pela vida nas condições tão
difíceis da luta armada, dos exilados, dos refugiados e da diáspora.
Em Kinshasa, a 21 de Agosto de
1961, o MPLA deu vida ao CVAAR, “Corpo Voluntário Angolano de Apoio aos
Refugiados”, anos antes da chegada de António Agostinho Neto, ele próprio médico,
à sua liderança! (http://www.buala.org/pt/a-ler/corpo-voluntario-angolano-de-assistencia-aos-refugiados).
Da fibra dos médicos que compunham
do CVAAR, recordo o apontamento fundamentado e lúcido de Filipe Nzau, sobre
Edmundo Vicente Melo Rocha (http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/um-freedom-fighter-nas-brumas-do-esquecimento):
…
“Em 1961, organizou, em Marrocos,
o Congresso Constitutivo da União Geral dos Estudantes dos Países sob Domínio
Colonial Português (UGEAN).
Em Setembro de 1961, participou
da instalação do MPLA em Leopoldville (hoje Kinshasa, capital da República
Democrática do Congo) e exerceu medicina no Corpo Voluntário Angolano de
Assistência aos Refugiados (CVAAR).
Após a expulsão do MPLA e do
próprio CVAAR de Leopoldville, parte para a Argélia, tendo regressado a Angola,
com a independência, em 1975.”
…
Recorde-se a propósito a vida
heroica de Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida “Langidila”, insigne
membro do CVAAR! (http://m.mpla.ao/oma/deolinda-rodrigues).
Recorde-se ainda o exemplo
insigne do médico Américo Boavida, morto pelas armas da NATO, a 25 de Setembro
de 1968… (https://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/ha-50-anos-avioes-da-nato-bombardeavam_16.html).
No Iº Volume da História do MPLA
(1940/1966), (http://livrosultramarguerracolonial.blogspot.com/2014/09/angola-mpla-historia-do-mpla-1940-1976.html)
a páginas 199 sintetiza-se sobre o CVAAR:
“O início das hostilidades em
Angola e o carácter extraordinariamente mortífero da represália colonial
determinou o êxodo maciço das populações limítrofes para além da fronteira com
o Congo Léopoldville, sem meios de subsistência nem possibilidade de tranalho,
a maioria velhos camponeses, mulheres e crianças, tinham necessidade de tudo
para manter a sua sobrevivência.
Preocupado com a sorte de seus
compatriotas, em Junho de 1961, o Comité Director do MPLA decidiu mobilizar os
seus quadros essencialmente médicos, para fundar o Corpo Voluntário Angolano de
Apoio aos Refugiados (CVAAR).
O CVAAR não era apenas uma
organização filantrópica. Era acima de tudo uma organização política de ajuda
médico-social com sede em Léopoldville.
O CVAAR era um organismo autónomo
ligado ao MPLA com liberdade de acção no âmbito de sua actividade; pelos seus
estatutos possuía a liberdade para agir livremente no seu domínio.
Dedicava-se não só aos problemas
médicos, mas também de outros decorrentes das condições precárias em que viviam
as populações refugiadas.
Em Outubro de 1961 chegaram a
Léopoldville vários médicos que constituíram mais tarde o Corpo Médico do
CVAAR, dirigido por Américo Boavida, Hugo de Menezes e Eduardo Macedo dos
Santos.
A 7 de Novembro de 1961, na
presença de Mário Pinto de Andrade e do vice-presidente do Governo Provincial
de Léopoldiville, Gaston Diomi, foi finalmente inaugurado o primeiro dispensário
hospital do CVAAR.
O MPLA dispunha na altura de mais
médicos que todo o estado congolês e a actividade do CVAAR era uma ajuda para o
governo congolês.
Embora a acção social
constituísse o objectivo principal, interessava ao MPLA a vocação política do
CVAAR.”
04- A vocação do MPLA e do
movimento de libertação em África em defesa da vida e da liberdade dos povos,
inscrita desde logo na iniciativa e prática do CVAAR em 1961 e nos três anos
seguintes (enquanto o império e o neocolonialismo não expulsaram o MPLA do
Congo que viria a ser Zaíre), inspirou muitos doadores na Europa e de outros
pontos espalhados pelo mundo, constituindo uma das razões da aproximação das
vocações da revolução cubana em África, desde logo quando projectou o seu apoio
médico à luta de libertação na Argélia, a 24 de Maio de 1963, menos de dois
anos antes do encontro do Comandante Che Guevara com a direcção do MPLA em
Brazzaville, a 2 de Fevereiro de 1965. (https://www.dw.com/pt-002/da-ilha-de-cuba-para-o-mundo-os-m%C3%A9dicos-cubanos-no-estrangeiro/a-46804295; https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/cuba/50275/a-medicina-cubana-na-argelia).
O Comandante Che Guevara, ele
próprio médico, humanista e profundo conhecedor da miséria provocada pela
opressão e pelo subdesenvolvimento dos povos na América e em África, trouxe a
África não só um aporte imprescindível do diagnóstico da vida nas condições e
conjunturas de então, mas também como a luta na barricada da vida, para se
poder avançar na luta armada de libertação, para que fosse possível por fim a
África, alcançar a plataforma mínima de vida e liberdade que jamais se havia
alcançado! (http://pt.granma.cu/mundo/2019-06-20/o-que-fomos-procurar-os-cubanos-na-africa).
A luta de libertação em África e
a luta da revolução cubana, solidária e internacionalista, têm tudo que ver com
os resgates impostos por séculos de escravatura, de colonialismo e por fim
de “apartheid”, bem como de suas sequelas, resgates sublimados de vida
contra a morte, resgates autênticos de liberdade contra a opressão, resgates de
inequívoca civilização contra a barbárie. (https://paginaglobal.blogspot.com/2015/08/50-anos-de-resgates-comuns.html).
Até hoje essa luta transparente
sendo imprescindível em África e na América, aproxima os povos de todos os
continentes, mas sobretudo desses dois, que mantêm viva essa vocação de lógica
com sentido de vida, uma base incontornável de reinterpretação histórica e
antropológica que se deve reflectir hoje e no futuro, em particular benefício
das gerações vindouras! (https://paginaglobal.blogspot.com/2015/06/pedagogia-de-luta.html).
Nessa trilha, definir segurança
vital é tão indispensável, ou ainda mais que antes!
Assim assumo, se me dão licença,
modesta mas dignamente, essa inesgotável prova de vida e de amor por toda a
humanidade!
Martinho Júnior -- Luanda, 15 de Outubro de 2019
As fotografias selecionadas do
CVAAR, foram recolhidas aqui: http://www.buala.org/pt/a-ler/corpo-voluntario-angolano-de-assistencia-aos-refugiados
MEMÓRIA DA HEROICIDADE
INTELECTUAL E HUMANA DE MÁRIO PINTO DE ANDRADE, FIGURA PIONEIRA DO MPLA E SEU
PRIMEIRO PRESIDENTE (http://jornalcultura.sapo.ao/arte-poetica/poema-de-mario-pinto-de-andrade):
Monetu wa kasule Amutumisa ku S.
Tomé Kexirie ni madukumentu Aiwe!
MÁRIO PINTO DE ANDRADE nasceu no
Golungo Alto a 21 de Agosto de 1928, e faleceu a 26 de Agosto de 1990, em
Londres. Estudou Filologia Clássica na Faculdade de Letras de Lisboa. Foi um
incansável lutador pela independência de Angola, o que o levou a primeiro
presidente do MPLA. Publicou Antologia da Poesia Negra de Expressão Portuguesa
(1958), Amilcar Cabral: Essai de Biographie Politique (1980), As origens do
Nacionalismo Africano (1997), entre outros. Foi ainda Ministro da Cultura na
Guiné-Bissau.
Monetu wa kasule
Amutumisa ku S. Tomé
Kexirie ni madukumentu
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Kexirie ni madukumentu
Aiwe!
Monetu wadidile
Mama wasalukile
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Mama wasalukile
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Monetu wayi kya
Wayi mu pura ya
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Wayi mu pura ya
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Monetu amubutu
Katena kumukuta
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Katena kumukuta
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Monetu wolobanza
Oxiye onzo ye
Amutuma kukalakala
Olomutala, olomutala
— Mama, mwene wondovutuka
Ah! Ngongo yetu yondobiluka
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Oxiye onzo ye
Amutuma kukalakala
Olomutala, olomutala
— Mama, mwene wondovutuka
Ah! Ngongo yetu yondobiluka
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé
Monetu kavutuke
Kalunga wamudye
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé.
Kalunga wamudye
Aiwe!
Amutumisa ku S. Tomé.
(Versão em kimbundo actualizada
por Mário Pereira)
Canção de Sabalu
Nosso filho caçula/ Mandaram-no p'ra S.Tomé/ Não tinha documentos/ Aiué!// Nosso filho chorou/ Mamã enlouqueceu/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Nosso filho já partiu/ Partiu no porão deles/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Cortaram-lhe os cabelos// Não puderam amarrá-lo/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé.// Nosso filho está a pensar/ Na sua terra, na sua casa/ Mandam-no trabalhar/ Estão a mirá-lo, a mirá-lo/ - Mamã, ele há-de voltar/ Ah! A nossa sorte há-de virar/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Nosso filho não voltou/ A morte levou-o/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé.
Canção de Sabalu
Nosso filho caçula/ Mandaram-no p'ra S.Tomé/ Não tinha documentos/ Aiué!// Nosso filho chorou/ Mamã enlouqueceu/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Nosso filho já partiu/ Partiu no porão deles/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Cortaram-lhe os cabelos// Não puderam amarrá-lo/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé.// Nosso filho está a pensar/ Na sua terra, na sua casa/ Mandam-no trabalhar/ Estão a mirá-lo, a mirá-lo/ - Mamã, ele há-de voltar/ Ah! A nossa sorte há-de virar/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé// Nosso filho não voltou/ A morte levou-o/ Aiué!/ Mandaram-no p'ra S.Tomé.
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