terça-feira, 16 de abril de 2019

A estratégia do Caos Encaminhado


Manlio Dinucci*

Como um cilindro compressor, os Estados Unidos e a NATO alastram pelo mundo a estratégia Rumsfeld/Cebrowski de destruicão das estruturas estatais dos países não integrados na globalização económica. Para concretizá-la, usam os europeus aos quais fazem crer numa alegada “ameaça russa”. Ao fazê-lo, incorrem o risco de provocar uma guerra generalizada.

Tudo contra todos: é a imagem mediática do caos que se alarga à mancha de petróleo na costa sul do Mediterrâneo, da Líbia à Síria. Uma situação perante a qual até Washington parece impotente. Na realidade, Washington não é um aprendiz de feiticeiro incapaz de controlar as forças postas em movimento. É o centro motor de uma estratégia - a do caos - que, ao demolir Estados inteiros, provoca uma reação em cadeia de conflitos a serem utilizados de acordo com o critério antigo - “dividir para reinar”.

Tendo saído vitoriosos da Guerra Fria, em 1991, os USA autoproclamaram-se “o único Estado com uma força, uma escala e uma influência, em todas as dimensões - política, económica e militar - verdadeiramente global”, propondo-se “impedir que qualquer poder hostil domine uma região - Europa Ocidental, Ásia Oriental, o território da antiga União Soviética e o Sudoeste Asiático (Médio Oriente) - cujos recursos seriam suficientes para criar uma potência global”. Desde então, os EUA e a NATO sob o seu comando, fragmentaram ou demoliram com a guerra, um após outro, os Estados considerados obstáculos ao plano de domínio global - Iraque, Jugoslávia, Afeganistão, Líbia, Síria e outros - enquanto mais alguns (entre os quais o Irão e a Venezuela) ainda estão na sua mira.

Moçambique | Alemanha oferece 50 milhões de euros para reconstrução pós-Idai


Alemanha vai participar na conferência internacional de doadores para a reconstrução das zonas afetadas pelo ciclone Idai. No centro de Moçambique, a situação "é extremamente difícil", diz o embaixador Detlev Wolter.

O embaixador da Alemanha em Moçambique, Detlev Wolter, disse à DW África que o seu país vai seguramente participar na conferência internacional de doadores para a reconstrução da zona centro, recentemente afetada pelo ciclone Idai.

"A situação continua a ser muito difícil. É necessário um trabalho conjunto da comunidade internacional com o Governo moçambicano", afirma Wolter.

A conferência de doadores está agendada para a segunda quinzena de maio na cidade da Beira, e está em curso o levantamento das necessidades.

Governo determina o abate de 25 elefantes em Moçambique


O Governo de Filipe Nyusi que tem como uma das suas prioridades “Assegurar a Gestão Sustentável e Transparente dos Recursos Naturais e do Ambiente” e recebe milhões de dólares de doadores para o Plano Nacional de Protecção do Elefante determinou o abate de 25 paquidermes até ao final deste ano. Ambientalistas disserem ao @Verdade não serem públicos os critérios usados no estabelecimento das quotas de abate ainda mais enquanto se aguarda pelos resultados do 3º Censo Nacional daquele que é o maior mamífero terrestre.

Está em aberto desde o passado dia 1 Abril, até 30 de Novembro, a época de caça em Moçambique durante a qual o Governo, através do Diploma Ministerial nº 23/2019 de 15 de Março, rubricado pelo ministro Celso Correia, estabelece as quotas para o abate de 19.864 animais selvagens. Destacam-se no documento na posse do @Verdade os 49 leões, 103 leopardos e 25 elefantes a serem abatidos ao que tudo indica por caçadores.

Moçambique é um dos maiores cemitérios de elefantes no mundo, cerca de 10 mil foram mortos por caçadores furtivos entre 2010 e 2015 reduzindo a população para cerca de 9 mil animais. Nos anos subsequentes quase 500 elefantes foram abatidos caçadores ilegais que buscam os seus dentes de marfim, que das áreas de conservação são traficados pelos portos e aeroportos nacionais para os ávidos mercados na China.

São Tomé | PM rejeita críticas do PR e acusa-o de encobrir atos de ex-governantes


O primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, rejeita "categoricamente" críticas do chefe de Estado sobre uma " tentativa de subversão da ordem constitucional" e pede à comunidade internacional que esteja atenta.

"É surpreendente a declaração do chefe de Estado, que acusa o Governo de deslealdade institucional e de premeditada tentativa de subversão da ordem constitucional, afirmação que o Governo rejeita categoricamente", disse esta quarta-feira (11.04) o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, numa comunicação ao país.

O chefe do Governo considerou as declarações desta terça-feira do Presidente, Evaristo Carvalho, como a "única saída para encobrir atos e responsabilidades de dirigentes que usam indevidamente o erário publico, aumentando a sua riqueza pessoal enquanto o povo continua na miséria".

Bom Jesus reagia assim à comunicação proferida na terça-feira pelo chefe de Estado são-tomense, que anunciou que iria convocar "a breve trecho" os Conselhos de Estado e Superior da Defesa, face ao que classificou de uma "premeditada tentativa de subversão da ordem constitucional" e advertiu que vai considerar "medidas que a situação impõe". 

Uma posição que Jorge Bom Jesus considerou "alarmista", recusando que haja falta de lealdade institucional.

São Tomé e Príncipe | O filme


Adelino Cardoso Cassandra* | Téla Nón | opinião

Instalado no meu lugar preferido estou a ver a repetição de um filme que, de quatro em quatro anos, anima a malta e faz vibrar os fervores de militância partidária, com consequências desastrosas para o país.

O MLSTP e a atual coligação apresentaram-se ao país, após as eleições legislativas recentes, com o propósito, reiteradamente verbalizado em múltiplas ações oficiais e não oficiais, aparentemente, de preocupação com a nossa sociedade no seu conjunto, independentemente das sensibilidades político-partidárias, geográficas, sociais ou de outra natureza.

Todavia, passados apenas três ou quatro meses de vigência governamental desta coligação e depois deste gesto inaugural, caricatural e panfletário, o filme repete-se, embora com personagens diferentes, com a mesma intensidade e dramatismo.

Já se começa a rasgar os discursos e os guionistas de serviço estão, neste momento, mais preocupados com os seus interesses particulares e partidários do que com os nossos interesses coletivos.

Angola/Cabinda | FLEC/FAC anunciam morte de soldados das FAA


Segundo nota da FLEC/FAC, três soldados das Forças Armadas Angolanas teriam sido mortos durante uma emboscada na região de Necuto, na província angolana de Cabinda.

Na nota, divulgada esta sexta-feira (12.04) e assinada pelo chefe de operações das Forças Armadas de Cabinda (FAC), Kisolokele Hulk, as forças independentistas daquela província informam que têm em curso "um conjunto de operações militares em Cabinda, como resposta à militarização do território pelo ocupante angolano e repressão da população cabindesa pelas forças de ocupação angolanas".

De acordo com o documento, militares angolanos, para "justificar a multiplicação dos ataques das FAC", acusaram um guia e um militar das Forças Armadas Angolanas (FAA) naturais de Cabinda de serem informadores da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC), denunciando que o primeiro foi "friamente executado no local por militares angolanos".

Ministro da Defesa de Angola diz que "nada se passa" em Cabinda


O ministro angolano da Defesa, Salviano Sequeira, assegura que a situação no enclave de Cabinda é "tranquila" e afirma desconhecer a morte de militares das Forças Armadas de Angola (FAA), reivindicada pela FLEC/FAC.

"A situação é calma e serena. Estive fora [de Angola] e desconheço a existência de vítimas entre as FAA. Estive, entretanto, hoje com o CEMGFA [chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Angola] e não recebi qualquer informação nesse sentido", afirmou à agência Lusa Salviano Sequeira.

Questionado pela agência noticiosa portuguesa, que insistiu no facto de, em vários comunicados divulgados nas últimas semanas, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC) ter reivindicado a morte de vários soldados das FAA, Salviano Sequeira insistiu na mesma resposta: "A situação está calma".

União Africana faz ultimato a militares sudaneses


Se dentro de 15 dias as Forças Armadas do Sudão não transferirem o poder para uma autoridade transitória liderada por civis, terão de enfrentrar a suspensão da União Africana. Órgão condena formação de Conselho Militar.

Em comunicado, o diretor do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), Admore Kabudzi, condenou a formação do Conselho Militar de Transição e a suspensão temporária da Constituição no Sudão. "Os militares sudaneses devem entregar o poder imediatamente", apelou.

O tenente-general Jalal al-Deen al-Sheikh, membro do Conselho Militar de Transição, encontrou-se esta segunda-feira (15.04) com o primeiro-ministro da Etiópia em Adis Abeba, onde está a sede da UA. Em conferência de imprensa garantiu que já está em curso o processo de escolha um primeiro-ministro para formar um governo civil.

Hacker Rui Pinto vence prémio europeu para denunciantes


Os outros premiados foram Julian Assange e Yasmine Motarjemi

Rui Pinto é um dos vencedores do GUE/NGL Award, um prémio europeu para 'Jornalistas, Denunciantes e Defensores do Direito à Informação'. Segundo o site dos eurodeputados da Esquerda do Parlamento Europeu, o hacker português partilha o prémio de vencedor com Julian Assange, o fundador do Wikileaks, e Yasmine Motarjemi, ex-vice-presidente da Nestlé, que denunciou os lapsos de segurança alimentar da empresa.

Os vencedores foram anunciados esta terça-feira no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e vão receber cinco mil euros pelo trabalho desenvolvido. 

Dos três vencedores, apenas Yasmine Motarjemi está em liberdade. Rui Pinto encontra-se atualmente detido em Portugal e aguarda julgamento, enquanto que Julian Assange foi detido pelas autoridades britânicas na embaixada do Equador em Londres na passada quinta-feira.

Portugal | Ex-cavaquista Duarte Lima em liberdade até quando?


Sobre Duarte Lima, o lançado cavaquista que integrou seu governo - entre outros a braços com a justiça - dizia há  poucos dias no jornal i que "Com o trânsito em julgado decidido pela Relação de Lisboa, ex-deputado fica impossibilitado de recorrer da pena de seis anos a que foi condenado. Cabe agora à primeira instância a emissão de mandado de prisão".

O título, no jornal i, era esclarecedor: "BPN/Homeland. Duarte Lima será preso nos próximos dias", como ali se podem inteirar. No jornal, Carlos Diogo Santos, fez o relato com apêndice da foto por Miguel Silva. Registámos por aqui que Lima seria preso nos próximos dias. Já lá vão três dias após a notícias. Estamos contabilizando os dias que passam até que realmente o ex-cavaquista fique entre-grades. É que há anos e anos que estas "novelas" estão em cena sem que se vejam as condenações serem cumpridas. Ora isso leva ao descrédito da Justiça, como é 'vox-populi'. Mais grave ainda porque deixa ditos e mexericos sobre uma espécie de máfia de ex-cavaquistas que por isto ou aquilo estiveram a contas com a justiça mas que continuam a comer e a viver bem e do melhor sem que se veja sombra de punição efetiva. Não só nos ex-cavaquistas tal acontece, evidentemente.

Portugal | Contas há muitas

Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

O Orçamento do Estado para 2018 foi elaborado com base nas projeções de receitas e despesas do Ministério das Finanças.

Foi com base nesse exercício, que estabeleceu um limite para o défice (1% do PIB), que foi negociado o aumento das pensões, o financiamento dos passes ou a descida dos impostos sobre a eletricidade. Todas estas medidas foram decididas dentro das fronteiras estabelecidas pelas projeções orçamentais.

Em abril do ano passado, quatro meses depois da aprovação do Orçamento, o Ministério das Finanças refez as suas contas. As receitas superaram o estimado e as despesas ficaram aquém da previsão. A margem financeira para políticas públicas revelou-se maior em cerca de 600 milhões, mas o tempo das negociações tinha terminado e a meta do défice de 2018 foi revista 1% para 0,7%.

Quando chegou o momento de fechar as contas do ano, tinham sobrado mais 500 milhões, também eles não investidos, que fizeram o défice descer de novo para 0,4%.

Se o Ministério das Finanças, essa máquina infalível, tivesse estado certo nas suas projeções, Portugal teria beneficiado de mais 1100 milhões de investimento e ainda assim teria cumprido a meta inicial de 1%. É demasiado dinheiro para apostar nos campeonatos europeus da décima orçamental. Dinheiro que podia ter melhorado a vida de muita gente, que podia ter reforçado serviços públicos ou novo investimento criador de emprego.

Ao apresentar projeções orçamentais erradas, que depois vão sendo revistas gradualmente, o Ministério das Finanças encontrou uma forma de condicionar as escolhas políticas do Parlamento e até a autonomia dos restantes ministérios.

É este o contexto em que o Governo apresenta agora as projeções para os próximos anos, inseridas no Programa de Estabilidade. A folga conseguida em 2018 será gasta na injeção de 1149 milhões no Novo Banco (que não estava totalmente prevista nas contas). Se estivesse, seria impossível apresentar um défice de 0,2% do PIB, a caminhar para inesperados 0% bem a tempo da campanha eleitoral.

Para o futuro, nada muito diferente. São adiadas políticas que abram um ciclo de investimento nos serviços públicos, que preparem o país para os desafios climáticos, que criem emprego qualificado e estável. Resta apenas esta obsessão que ignora as necessidades sociais e da economia, este objetivo que corre sempre à nossa frente e a que alguém chamou, certamente por ironia, estabilidade.

*Deputada do BE

Assange | DO SILENCIAMENTO AO ENLAMEAMENTO

Primeiro tentaram ocultar a infame prisão de Julian Assange:   nenhum dos grandes media corporativos internacionais (CNN, BBC, NYT, etc) esteve presente no acto da sua prisão

Só através da RT o mundo pôde ter imagens de Assange, doente e combalido, a ser arrastado por polícias para fora da embaixada onde estava asilado. A seguir, como não puderam ocultar o escândalo, estes media tentam enlamear Assange. Por isso veiculam acriticamente todas as sandices vis propaladas governo equatoriano. 

No burgo lusitano, o semanário Expresso faz as duas coisas:  oculta o assunto na pg. 31 da sua edição e em simultaneo calunia Assange. É de se perguntar qual a integridade e decência dos dois sujeitos, Paulo Anunciação e Daniel Lozano, que assinam a nota do Expresso de 13/Abril. Indivíduos venenosos que se lançam contra um homem ameaçado de ser entregue às Guantanamos dos EUA – e que é o maior jornalista de todos os tempos – não merecem o nome de jornalistas. São apenas áulicos do poder.

Pequeno guia para abandonar o Google


Roteiro para sair do labirinto de uma das mega-corporações tecnológicas. Ela já provou incontáveis vezes não merecer nossa confiança – mas julgamos estar presos, por não ver alternativas. Elas existem

Gabriela Leite | Outras Palavras | Imagem:  Pawell Kuczynski

Há alguns anos, viralizou um meme com dois porquinhos surpresos com sua vida grátis na fazenda. Abaixo, uma eloquente comparação com a rede social mais famosa do planeta: se não está pagando para usar, é porque é você quem está sendo vendido. De fato, a lógica da internet seguiu esse caminho. Foi uma bruta transformação: um espaço de gigante potencial de liberdade e troca de conhecimento foi engolido por grandes empresas que controlam os dados de seus usuários, vendem sua atenção, manipulam seu humor, delatam sua rotina para agências de inteligência, intensificam o hiperindividualismo, influenciam eleições… Tudo isso num regime de oligopólio, cujos integrantes aniquilam (ou engolem) qualquer iniciativa que desafie sua hegemonia.

Chomsky: Prisão de Assange é "escandalosa" e destaca o alcance extraterritorial dos EUA


Em entrevista ao Democracy Now, Noam Chomsky afirmou que “a prisão de Assange é escandalosa em vários aspetos”. Um deles é o papel de vários governos no sentido de silenciar o ciberativista. Outro é o controlo que os EUA têm sobre o que se passa noutras partes do mundo.

Países como os Estados Unidos da América, o Reino Unido, o Equador ou a Suécia uniram esforços para “silenciar um jornalista que estava a produzir materiais que as pessoas no poder” não queriam que fosse do conhecimento do público em geral, afirmou o ativista político norte-americano.

“Esse é o tipo de coisa, o tipo de escândalo, que acontece, infelizmente, de novo e de novo”, frisou.

Chomsky deu o exemplo também da prisão de Lula, condenado a um “confinamento solitário, essencialmente uma sentença de morte, 25 anos de prisão, proibido de ler jornais ou livros e, crucialmente, impedido de fazer uma declaração pública - ao contrário dos assassinos em massa no corredor da morte”.

“Isso, a fim de silenciar a pessoa que provavelmente venceria a eleição. Ele é o prisioneiro político mais importante do mundo. Ouvimos alguma coisa sobre isso?”, questionou.

De acordo com o linguista e filósofo, “Assange é um caso similar”, é alguém que tem de ser silenciado. Avançando ainda com o exemplo da prisão de Antonio Gramsci, pelo governo fascista de Mussolini, Chomsky assinalou que “Isso é Assange. Esse é o Lula. Existem outros casos. Esse é um escândalo”.

O que também é “chocante” no entender de Noam Chomsky é “o alcance extraterritorial dos Estados Unidos”, o controlo que o país tem sobre o que os outros estão a fazer noutras partes do mundo.

“É uma situação estranha” que acontece a todo o momento, realçou.

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