quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Portugal | PARA 2023


Henrique Monteiro | Henricartoon

ALEXANDRA MEIO MILHÃO SAI DO GOVERNO E LEVA O "EL CONTADO" À RONALDO

Medina pediu a demissão de Alexandra Reis e secretária de Estado acedeu

O ministro das Finanças explica que decidiu pedir a demissão de Alexandra Reis "no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças", para que a tutela "permaneça um referencial de estabilidade, de autoridade e de confiança dos cidadãos".

O ministro das Finanças, Fernando Medina, pediu, esta terça-feira, a demissão da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, tendo esta sido "prontamente aceite" pela própria.

"Solicitei hoje mesmo à Eng.ª Alexandra Reis que apresentasse o seu pedido de demissão como Secretária de Estado do Tesouro, o que foi por esta prontamente aceite", pode ler-se num comunicado emitido pelo Ministério das Finanças, a que o Notícias ao Minuto teve acesso.

Na mesma nota, Fernando Medina explica que tomou esta decisão "no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças num momento particularmente sensível na vida de milhões de portugueses".

"No momento em que enfrentamos importantes exigências e desafios, considero essencial que o Ministério das Finanças permaneça um referencial de estabilidade, de autoridade e de confiança dos cidadãos. São valores fundamentais à boa condução da política económica e financeira e à direção do setor empresarial do Estado", refere.

No texto, o governante termina agradecendo a Alexandra Reis, "detentora de um curriculum profissional de enorme mérito e qualidade",  todo "o trabalho desenvolvido", e reconhece "a integridade e correção com que neste período pessoalmente difícil assegurou a defesa do interesse público". 

Recorde-se que a demissão surge depois de o Correio da Manhã ter noticiado, no sábado, que a secretária de Estado recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros da TAP por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.

VATICANO CONVENCIONA NA SINTONIA “OCIDENTAL”!


 Martinho Júnior, Luanda 

EM TORNO DO UMBIGO “OCIDENTAL”

A Igreja Católica Apostólica Romana tem historicamente muita dificuldade em assumir a posição justa face às devidas equações éticas, morais e cívicas de equilíbrio que deveria emitir em benefício e em prol de toda a humanidade e isso porque o Vaticano, que mantém uma carga conservadora próxima dum atávico fundamentalismo “cristão”, tende a ser mais uma caixa-de-ressonância do convencionalismo “ocidental”, incapaz até de se livrar de seus símbolos, de seus rituais e de suas “solenes” datas, sintomáticas repetições de largos séculos usadas para marcar o compasso dos tempos, das ingerências e das manipulações dos poderosos que dela se servem até à exaustão!

Mesmo com um Papa que veio das pampas, o Vaticano emite mensagens e sinais condicionados às convenções “ocidentais” como se sua Guarda Suíça fizesse também parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte!

A mensagem Urbi et Orbi deste ano, está conforme aos costumes!...

O Papa evocou que está em curso a IIIª Guerra Mundial sem explicar quem se decidiu pelo seu desencadear, quando ela começou, como ela começou, como ela se foi desenrolando, quem beneficiou dela, quais os alvos desse longo processo e suas vítimas diletas…

Tudo roda em torno do “centro” mental em que se encontra o “ocidente”, ou seja as crises e as ameaças só existem, grosso modo, quando elas recaem sobre “nós”, não quando elas recaem sobre os outros, um padrão de séculos de que se serve a “civilização cristã ocidental”, que além do mais se auto distingue dos “infiéis”!

Assim não há crise, nem ameaça, porque além do mais “é lá longe” e/ou quando a crise é reconhecida, é porque já não se pode mais alhear dela.

Na Urbi et Orbi deste ano em primeiro lugar fica-se por generalidades, confirmando um preceito convencionado à “ocidental”, porque o fundamentalismo “cristão” tem tendência para pensar e actuar como Pilatos: desenvencilha-se de capacidade crítica e autocrítica, sobretudo da autocrítica e contribui quantas vezes para se lançar mais confusão sobre a confusão ideológica e conspirativa deliberada dos expedientes de domínio, (confundindo quase sempre as árvores com as florestas), para afinal se continuar a “pregar” nos desertos de sempre.

Angola | FRALDAS E BABETES NA PGR – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A reforma por velhice em Angola é aos 60 anos. O senhor Procurador-Geral da República tem a bonita idade de 66 anos (uma capicua, como ele…) mas quando foi registado, já andava de bicicleta e piscava o olho às miúdas. A lei da vida costuma ser inexorável mas há excepções. Hélder Pitas Grós, em vez de ir para casa por ter atingido o limite de idade, vai ser reconduzido para um novo mandato de cinco anos. Um fenómeno que passo a explicar.

O plenário do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público propôs ao Presidente da República João Lourenço a recondução no cargo de Hélder Pita Grós. O mesmo Pita Grós preside ao conselho. É o dono do bocado. Manda e comanda, não fosse sua excelência general. Por estas e por outras, Tribunais de alguns países (Suíça, Espanha e Portugal) consideram que a Procuradoria-Geral da República em Angola não tem autonomia. Logo, não há Justiça, como diria o condecorado Rafael Marques. Eu não sou tão radical. Há alguma autonomia mas o senhor Procurador-Geral é pouco autónomo.

Inesperadamente, o plenário do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público também propôs que Hélder Pitta Grós cumpra mais um mandato como presidente do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público. Fica tudo em casa.

Na reunião foram propostos para a eleição ao cargo de Vice-Procurador-Geral da República e 1.ºvice-presidente do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público os nomes de Inocência Maria Gonçalo Pinto (foi a mais votada) seguida de Pedro Mendes de Carvalho (quatro votos), Gilberto Mizalaque Balanga Vunge (três votos). Está feita a pandilha. O chefe fica com o Ministério Público no bolso e ai dos marimbondos e seus derivados! Todos presos, Tudo confiscado. Volta, Mobutu, estás perdoado!

Este é o melhor dos mundos para o derradeiro mandato do Presidente João Lourenço. Mas é péssimo para a Justiça Angolana. Porque sua excelência o Procurador-Geral da República não tem autonomia. Foi ele que acusou o Miala naquele processo que acabou bem para o acusado. Mas o seu regresso ao poder (todo o poder!) pela mão do líder do MPLA e Presidente das República deixou Hélder Pita Grós em maus lençóis. 

O acusado e condenado de ontem é hoje o presidente de facto. E só perdoou ao acusador no seu processo em Tribunal Militar, porque ele aceitou ficar sob as suas ordens. Chantagem e extorsão, como tanto gosta o chefão de Kinkuzu. Coitado do Hélder Pita Grós. Se não aceitasse ficar sob a patorra do Miala, era logo catalogado de marimbondo. Ficava sem nada e até arriscava a prisão. Lembrou-se dos Tuneza e preferiu ser o General Foge a Tempo. No caso, general que se entrega todo o tempo.

Esta perda de autonomia tem uma faceta bem mais grave. O orçamento para a Procuradoria-Geral da República tem de ser reforçado porque, a partir de agora, é preciso contratar uma equipa técnica para lhe mude as fraldas devido à incontinência urinária e já não segurar as fezes. Também precisa de quem lhe dê a papinha na boca e lhe limpe a baba. Tudo despesas. Mas a causa é boa. Hélder Pita Grós não vai dar descanso aos marimbondos em nome do Miala. Quem não alinhar nestas iniquidades é saneado. Esperem para ver quem sai da PGR.

A senhora ministra da Educação, Luísa Grilo, deu uma entrevista à TPA na qual foi mais clara e contundente do que os líderes sindicais que não têm acesso àquela porcaria e ainda bem. Luísa Grilo justificou com abundantes pormenores, a justeza das greves dos professores. A honestidade é muito bonita.

Nas fileiras do MPLA aprendi que as lutas dos trabalhadores são sempre para apoiar e que todas as greves são justas. Na luta de classes, estou sempre ao lado dos explorados. Os arautos do poder puseram a circular que os partidos da Oposição estão por trás das greves dos professores. Só oposicionistas totalmente incompetentes não se aproveitam dos conflitos sociais.  Cabe a quem está no governo não dar esses pretextos.

A senhora ministra Luísa Grilo disse na TPA que sim, é verdade, os professores são pagos como administrativos e não como técnicos do Ministério da Educação. Reconheceu que sim, até hoje não existe um levantamento dos professores que trabalham na periferia e nas regiões mais longínquas e isoladas. Professores colocados na escola da Vila Clotilde, Rua José Anchieta, em Luanda, são tratados como professores que dão aulas nas escolas de Lumbala Nguimbo, Muié, Curoca, Camucuio ou Xamavera.

A sinceridade da senhora ministra Luísa Grilo foi ao ponto de reconhecer que até hoje o seu ministério não sabe das necessidades de professores nas periferias e regiões mais longínquas. Mas garantiu que está a trabalhar nisso. Já não é mau.

As novas escolas a construir vão ter obrigatoriamente casas para os professores. A escola primária número 78, no Negage, construída há 80 anos, já tinha, geminada, a moradia da senhora professora. E nesse tempo existia o Clube Desportivo com um grande salão de festas onde era exibido um filme por semana e havia bailes nas datas festivas. Só não tínhamos um centro de saúde. Muita criança morria com doenças facilmente curáveis. Atenção! Era tudo só para brancos…

O senhor Esteves vendia quinino e sulfamidas. A casa Gaspar & Fernandes vendia sapatos e roupinha. A vida, senhora ministra, não é só casa e comida. As professoras e professores, quando são colocados em áreas recônditas, precisam de assistência médica para eles e seus filhos., Precisam de equipamentos sociais e oferta cultural. Precisam de transportes públicos. Precisam de espaços comerciais. Precisam de viver. Já agora, se forem minimamente respeitados e considerados, eles agradecem.

Na luta de classes é assim: Pouco dinheirito pouco trabalhito. Respeitem os professores. Paguem-lhes salários dignos. Garantam aos professores condições de vida aceitáveis. E não me venham dizer que muitos mal sabem ler e escrever. Numa sala de aulas, basta a presença de alunos e professores para todos aprenderem. Falarem uns com os outros é meio caminho andado para abrir as portas à sabedoria. Deixem-se de elitismos idiotas. O professor da minha vida foi o Velho Tuma e não sabia ler nem escrever. Mas foi ele que me ensinou a cantar o Homem e as suas armas. Que somos uma dignidade infinita. Únicos e irrepetíveis.

*Jornalista

Angola | PARA ONDE VÃO OS BENS ARRESTADOS DE ISABEL DOS SANTOS?

Supremo angolano ordenou arresto de bens avaliados em mil milhões de dólares, mas isto não significa que revertam a favor do Estado, lembra analista. Entretanto, reacendeu-se o debate sobre a seletividade da justiça.

O Tribunal Supremo (TS) angolano determinou o arresto preventivo dos bens da empresária Isabel dos Santos, avaliados em mil milhões de dólares, cerca de 941 milhões de euros.

O arresto, segundo o despacho assinado pelo juiz Daniel Modesto Geraldes a 19 de dezembro, surge ao abrigo das leis angolanas e do artigo 31º da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. O acórdão explica que há "indícios de peculato, tráfico de influência, participação económica em negócio e branqueamento de capitais, previstos e puníveis".

Para o jurista angolano Carlos Cabaça, o facto de ter sido o Tribunal Supremo a avançar com o procedimento significa que a engenheira Isabel dos Santos goza de um "fórum especial", uma vez que "a decisão não começou a ser feita num tribunal de primeira instância".

O arresto, explica o especialista, é "uma garantia do Direito que previne a venda ou a sonegação de um bem de um processo", mas "não significa que [os valores ou bens arrestados] revertem a favor do Estado".

"Vamos ter de aguardar até que o processo tome o seu curso final e depois o tribunal vai decidir se sai do arresto para a Execução", afirma Carlos Cabaça.

Cabo Verde, Moçambique e São Tomé chamados a cooperar

A filha do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos será notificada apenas depois do arresto. "Se o Tribunal eventualmente notificar antes do arresto, naturalmente que o arguido, no caso a engenheira Isabel dos Santos, podia sonegar esses valores e o Estado angolano não teria a possibilidade de arrestar, porque é impossível arrestar aquilo que não tem", explica o jurista.

O tribunal ordenou também o arresto das participações da empresária em empresas sedeadas em Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe. "Agora, vamos esperar que, no âmbito daquilo que tem sido a cooperação entre Angola e estes países, estes sejam céleres, para que se possa também temporariamente bloquear as contas de Isabel dos Santos e garantir a efectivação do arresto", aponta Carlos Cabaça.

Justiça seletiva?

O caso Isabel dos Santos voltou a trazer à discussão a questão da alegada seletividade da luta contra a corrupção decretada pelo Presidente João Lourenço em setembro de 2017, no seu primeiro mandato. 

João Malavindele, coordenador da organização não-governamental OMUNGA, sedeada em Benguela, diz que na governação do então Presidente José Eduardo dos Santos muitos ex-titulares de cargos públicos beneficiariam de bens e dinheiro do Estado. Por isso, continua, "não seria nenhum escandâlo se hoje víssemos outras pessoas a contas com a justiça, além da família dos Santos".

"É bem verdade que os processos judiciais também levam o seu tempo", rassalva. "É preciso pesquisa, se não, entraríamos naquilo que muitos chamam de caça às bruxas".

Manuel Vicente, ex vice-presidente angolano, é frequentemente citado como exemplo deste alegado processo seletivo. "Não vamos aqui esconder", afirma Malavindele. "Havia há dois, três anos pessoas que gozavam de imunidade que não podiam ser tocadas pela justiça, como é o caso do engenheiro Manuel Vicente. Agora terminada que está esta questão da imunidade, parece que não existe neste momento nenhum processo", conclui o responsável da OMUNGA.

Manuel Luamba (Luanda), correspondente da DW África | Deutsche Welle

Angola | SUPREMO ORDENA ARRESTO DE BENS DE ISABEL DOS SANTOS

Supremo Tribunal de Angola ordenou arresto preventivo de vários bens da empresária Isabel dos Santos, avaliados em mil milhões de dólares, como tinha pedido o Ministério Público. Há indícios de peculato e outros crimes.

O despacho assinado pelo juiz Daniel Modesto Geraldes, com data de 19 de dezembro, e citado hoje pelo Jornal de Angola, indica que "são arrestados todos os saldos das contas de depósitos à ordem tituladas ou co-tituladas (ou onde conste como procurador e/ou autorizado), sedeadas em todas as instituições bancárias, incluindo as contas depósitos a prazo, outras aplicações financeiras que estejam associadas àquelas, incluindo dossiers de títulos em nome da arguida Isabel dos Santos."

Algumas das referidas contas são em países como Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

O Supremo Tribunal de Angola ordenou igualmente o congelamento de 70% das participações da empresa de telecomunicações de Moçambique MSTAR, em que Isabel dos Santos "é beneficiária efetiva", e autorizou o arresto de 70% das participações sociais da arguida na empresa UPSTAR Comunicação.

É ainda ordenado o arresto de 100% das participações das empresas UNITEL T+ em Cabo Verde e UNITEL STP em São Tomé e Princípe, em que a empresária angolana é também "beneficária efetiva”.

A EMBALVIDRO (100%), a UNITEL International Honding (100%) e a UNITEL International (100%) são outras empresas citadas na ordem do tribunal.

O arresto preventivo dos referidos bens surge ao abrigo das leis angolanas e do artigo 31º da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, justifica o juiz.

Peculato e branqueamento de capitais

Para além dos mil milhões de dólares "que correspondem ao valor das quantias que os arguidos se apropriaram ilicitamente", a justiça angolana refere que foram apurados, "em sede de outros processos-crimes", um dano superior a "mil milhões, cento e trinta e seis milhões de dólares".

O Supremo Tribual explica que há "indícios de peculato, tráfico de influência, participação económica em negócio e branqueamento de capitais, previstos e puníveis".

Isabel dos Santos só deverá ser notificada após o arresto dos bens, segundo é referido no documento.

Em entrevistas recentes, a empresária disse que não existe qualquer processo-crime em Angola contra ela e também negou estar arrolada em processos judiciais internacionais, afirmando que estão a decorrer em vários países "inquéritos" motivados pelas informações divulgadas no âmbito da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI).

Deutsche Welle

Angola | O MELHOR ANO ESTÁ A CHEGAR – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornalismo só se realiza numa lógica de contrapoder e tem de ser um exercício permanente de grande rigor. Fora deste quadro temos falsificações, imitações grosseiras ou mera propaganda. Quando os jornalistas vão para a cama com os detentores do poder político e económico vendem a sua honra profissional e não passam de baratas ocas à semelhança do bicharoco da Metamorfose de Kafka. 

Dito isto, o Jornalismo está morto mas ninguém tem a coragem de cremar ou enterrar o cadáver, pelo que tresanda a podre, desde o Polo Norte à Terra do Fogo. Como dizia o poeta, a festa acabou, a luz apagou e o povo sumiu.

O venerando juiz conselheiro Daniel Geraldes, do Tribunal Supremo, tornou público um acórdão no qual declara estar de acordo com o Ministério Público quando propõe o arresto dos bens da empresária Isabel dos Santos no valor de mil milhões de dólares. Mas deixa uma ressalva: Se a arguida for absolvida, tem de ser tudo devolvido. Não se esqueçam! Assim seja. 

Não vou pronunciar-me sobre o processo e muito menos sobre o douto acórdão. Mas tenho uma palavra a dizer sobre a forma como a TPA deu a notícia.

A bandeira do Presidente João Lourenço é o combate à corrupção. Logo, tudo o que venha da Presidência da República ou flutue no seu mastro é apresentado pelos Media públicos, na íntegra. Um erro grosseiro, porque o acórdão, sem mediação técnica de um jornalista, não passa. Ninguém ouviu aquele arrazoado ao fim de 90 segundos. Logo, a voz falou para o boneco.

O problema mais grave está na igualdade de tratamento. O Ministério Público é uma parte. O acórdão do juiz conselheiro Daniel Geraldes chancelou a posição dessa parte. Mas ainda não é o julgamento. Falta ouvir a outra parte, particularmente pela TPA como mandam as regras do bom Jornalismo. 

Quando a empresária Isabel dos Santos contestar a posição do Ministério Público, os argumentos vão ser apresentados, na íntegra, pela TPA e os outros Media públicos? Uma pergunta escusada porque a resposta é não. Tenho fundadas dúvidas de que lhe seja dada publicidade nem que seja num parágrafo.  

O combate à corrupção não pode ser feito corrompendo os princípios basilares do Jornalismo. Fazendo dos jornalistas meros papagaios ou amanuenses. Esse é o caninho directo para o esmagamento da Liberdade de Imprensa. E para a transformação do Jornalismo numa espécie de voz do dono, sendo que o patrão que vier daqui a cinco anos pode não estar de acordo com o assassinato do Jornalismo ao vivo e em directo. 

O Estado Angolano gasta milhões por dia, para manter os Media públicos. É justo que exija, como contrapartida, um Jornalismo honrado, isento e satisfazendo os princípios éticos e deontológicos que obrigam todos os jornalistas.

O mundo está cada vez mais perigoso. De Moscovo vem um ultimato: Ou a Ucrânia desarma e desnazifica voluntariamente ou as forças armadas da Federação Russa tratam disso. Se alguém pensava que a situação naquele país era difícil, terrível, destrutiva, andava longe da realidade. 

Pelos vistos o que aí vem será mil vezes pior. Mas isso que importa aos traficantes de armamento? A factura já vai em 100 mil milhões de euros! Pobre povo ucraniano que vai pagar a conta até à eternidade. E ninguém tem pena.

Ninguém quer perguntar aos generais que ganharam a guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial como resolveram a ameaça que vinha da RDC e do Ruanda naqueles anos de morte e sofrimento? O melhor é perguntarem. 

As embaixadas da República Democrática do Congo, Estados Unidos da América, França, Bélgica e Alemanha já fecharam em Kigali. Só falta mesmo a de Angola. Por favor, não deixem a degradação política e diplomática chegar ao ponto de rotura. Os generais angolanos que ganharam a guerra sabem como se alcançou a paz nas nossas fronteiras, sobretudo no Norte e Nordeste. 

Uns quantos notáveis foram chamados a pronunciar-se sobre o primeiros100 dias de mandato do Presidente João Lourenço. Gente com cabeça tronco e membros respondeu. Como se isto de governar fosse vender decisões políticas ao cento. As contas fazem-se no fim. E em quase 2000 dias, os primeiros 100 nem dão para o aquecimento. Nada de pressões ilegítimas. Até porque mesmo sem pressão, há decisões que são para esquecer ainda que haja muito tempo para corrigir o que é mal feito, mal pensado e mal decidido.

O ano está prestes a acabar. O ano de 2022 foi bom para Angola quanto mais não seja porque o MPLA ganhou as eleições com maioria absoluta. O eleitorado atirou com a “frente patriótica” da UNITA para a lixeira. Querem mais?

O ano que vai entrar dará a resposta. Mas eu respondo já. O Povo Angolano merece mais e melhor. Muito mais e muito melhor. Tem a palavra o MPLA, a sua direcção e os seus militantes.

*Jornalista

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

FEDERAÇÃO RUSSA IGUAL AOS RACISTAS DE PRETÓRIA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O português é a língua oficial em Angola. A empresa Refriango apresentou hoje na TPA o projecto “Professor Pascoal” dirigido às crianças das escolas. Mas na propaganda do acontecimento está escrito Pascual com “u” bem aberto. O ministro da Cultura e do Turismo, antes de ser chamado para o Executivo, denunciou publicamente que os professores angolanos mal sabem ler e escrever. Pelos vistos, os empresários que já foram marimbondos e agora são caranguejos ou vampiros, também são analfabetos. Projectam o seu analfabetismo nas criancinhas que aprendem a ler e escrever. São os efeitos da liberdade de expressão.

Maria Eugénia Neto concedeu-me uma entrevista que, à cautela, publiquei texto e som, não fossem dizer que era invenção. Uns dias depois, o Novo Jornal publicou a peça sem o nome do autor. Sobrinhos e Madalenos devem ter ordenado aos criaditos para fingirem que eu não existo. Nem hesitaram em censurar o meu nome. O director do pasquim foi à manifestação do Sindicato dos Jornalistas exigir Liberdade de Imprensa. Só ele pode censurar e logo um camarada de profissão.

Novo Jornal e Expansão pertencem ao Grupo Nova Vaga. Consultei a ficha técnica para me informar sobre os accionistas e conselho de administração da empresa de Media. Nada. Enviei um email ao director do jornal Expansão, João Armando, para me facultar esses dados. Nem respondeu. Quem vive de cócoras ante marimbondos, caranguejos ou vampiros da grandeza de madalenos e sobrinhos, fica ridículo andar aí pelas ruas reclamando liberdade de imprensa. Estás desculpado, rapaz. 

O Novo Jornal publica hoje, na secção CULTURA, uma notícia trágica: O Chiquinho Boca Grande, que é capaz de meter na boca uma lata de gasosa da Refriango, caiu na mendicidade e está muito doente. Ele consta no Guiness como o homem com a maior boca do mundo. É isso mesmo, senhor director, ter boca grande é Cultura, Turismo e tudo o mais que vossa excelência deseje. Mais um exemplo flagrante de Liberdade de Imprensa. 

A História Contemporânea de Angola é Cultura, sim. Sua excelência o Presidente João Lourenço, numa entrevista à Voz da América, fez uma declaração histórica. O agente da secção da CIA interrogou: Angola votou a favor de uma resolução na ONU condenando a anexação de quatro províncias ucranianas. Esta condenação e estas suas visitas a Washington indicam um resfriamento da sua relação com Moscovo ou uma mudança de orientação política?

O Parlamento Europeu, o Catar e o campeonato mundial da corrupção

Miguel Viegas | AbrilAbril | opinião

O caso de corrupção que envolve o Catar e o Parlamento Europeu já fez correr rios de tinta na imprensa nacional e internacional. Como é costume, pretende-se passar a imagem de um caso isolado, uma espécie de gripe sazonal, necessitando apenas de um mero paliativo para tudo voltar à normalidade. Para nós, este escândalo, envolvendo deputados, ex-deputados, pseudo-sindicatos e organizações não governamentais (ONG), é mais um exemplo que demonstra, até à saciedade, a natureza de classe da União Europeia, criada para defender os interesses dos grandes grupos económicos.

Quem conhece minimamente Bruxelas e as Instituições Europeias, está bem familiarizado com este corrupio constante dos lóbis representantes dos grandes interesses nos corredores das instituições ou fora delas. No Parlamento Europeu, são diários os contactos entre estes representantes do grande capital e os deputados e seus assistentes. Estes encontros decorrem muitas vezes no célebre café «Mickey Mouse», dentro do Parlamento Europeu, onde pacotes de emendas legislativas são comercializadas à vista de todos.

Não sabemos em concreto onde foram realizadas as «negociações» com o governo do Catar. O que sabemos é que foram detidas seis pessoas, entre as quais Eva Kaili, deputada grega dos Socialistas e Democratas do S&D, vice-presidente do Parlamento Europeu e estrela em ascensão dentro da social-democracia europeia. Na mesma operação, foi também preso Pier-Antonio Panzeri, ex-deputado europeu do S&D e atual presidente da Confederação Internacional de Sindicatos. Igualmente visado, foi o deputado veterano belga Marc Tarabella, também membro do S&D, cuja residência foi objeto de buscas. Para juntar à festa, não podiam faltar as habituais e «insuspeitas» ONG sempre prontas para servir de pontas de lança na denúncia de violações de direitos humanos, onde tal seja necessário e conveniente. Neste caso, duas estão envolvidas, a «Fight Impunity» e a «No Peace Without Justice» onde podemos encontrar grandes personalidades ligadas à União Europeia. 

Em causa está a suspeita de corrupção dos acusados por parte do governo do Catar visando influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu a seu favor. Independentemente do inquérito que há de seguir o seu curso, não deixa de surpreender as posições públicas dos acusados relativamente à situação dos direitos sociais e laborais no Catar.

«O Catar é um exemplo em matéria de direitos laborais», declamava a deputada grega em plena sessão plenária a 22 de novembro deste ano, perante a perplexidade dos seus pares. Marc Tarabella, vice-presidente da delegação para as relações com a Península Arábica no Parlamento Europeu, depois de, em 2014, twittar furiosamente contra a atribuição ao Catar do mundial de futebol, mudou de opinião ao declarar mais tarde ao canal de notícias LN24, que «criticar o Catar» («Qatar-bashing» foi a expressão usada) era «ridículo e hipócrita» porque «o país tem feito enormes esforços, principalmente em termos de direitos laborais».

Não é a primeira vez que recaem suspeitas sobre a lisura dos processos legislativos dentro da União Europeia. Desde a década de noventa que assistimos a sucessivas operações de cosmética destinadas a iludir a opinião pública. Hoje existem imperativos de transparência que obrigam os deputados, comissários e funcionários públicos europeus a declarar os seus rendimentos e funções exercidas durante o mandato, e os relatórios sobre os interlocutores que escolhem envolver na sua reflexão. Existe também um Registo de Transparência, na forma de uma base de dados que lista neste momento cerca de 11500 organizações de lobbying que entram em contacto regularmente com os membros das instituições europeias. Contudo, nada se sabe, obviamente do conteúdo destes contactos, nem das contrapartidas e muito menos se sabe sobre o que se passa fora das instituições.

Não sabemos onde irá acabar este caso envolvendo o Catar, num momento em que surgem notícias semelhantes envolvendo o reino de Marrocos, cuja diplomacia sempre foi muito ativa em Bruxelas («a ponta do icebergue» segundo o Alberto Alemanno, professor de direito europeu em declarações ao Expresso). Contudo, estes episódios, certamente reveladores, são apenas a expressão concreta de uma União Europeia construída para servir os interesses das grandes multinacionais, todas elas bem presentes em Bruxelas onde os seus escritórios se encontram paredes meias com as suas instituições. 

O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990

Imagem: Patrick Seeger / EPA

A SENHORA ALEXANDRA MEIO MILHÃO DA LUSITÂNIA FAMINTA

Expresso Curto de hoje, rescaldo do Natal. O artífice é Miguel Prado, autor de prosa, um achado e um tesouro emprestado ao título. Que sim, concorda o povoléu faminto da Lusitânia. Nós também queremos, dizem os portuguesitos a olhar para a senhora Alexandra Meio Milhão das faldas PSD/PS. Ela nada fez de mal, só recebeu uma indemnização de meio milhão de euros porque sim. Porque é uma sortuda, porque faz parte das elites deste Portugal vigarizado.

O senhor Costa, primeiro-ministro de Portugal, com uma maioria sólida que lhe garante o poder para tramar os plebeus quilhados e muito mal pagos anda a distribuir fortunas da riqueza nacional pelos seus e a proporcionar esmolas aos pagantes compulsivos que são os milhões de portugueses. Vergonha? Não. Isso não cabe no sapatinho de Natal de Costa, descaramento e desplante sim. E ele até incha, tal é o garbo por tramar tantos durante mais uns quantos anos...

Não pomos mais na escrita neste interim ao Curto. O artífice Prado passa a fazê-lo... Contido, contido... Nem refere vigaristas, oportunistas, ladrões, adeptos da opacidade e, quem sabe, talvez um breve e muito ligeira corrupção por "luvas". Calha bem. Vem aí o frio e as luvas sempre protegem as mãozinhas. Pois. Passem ao Curto e aquilo que trata sobre a senhora meio milhão, felizarda e descarada.

Até amanhã. Saúde. Saúde? O que é que é isso?

MM | PG

Portugal opaco: Das dúvidas aos "dois paraquedas dourados": O caso Alexandra Reis

O Governo, o Presidente da República, os partidos políticos e a associação Frente Cívica estão alinhados: querem mais informações sobre o acordo de saída de Alexandra Reis da TAP - incluindo sobre a indemnização que recebeu. A atual secretária de Estado do Tesouro já veio defender-se e garante a devolução de qualquer quantia fora do "estrito cumprimento da lei".

O caso Alexandra Reis conheceu mais desenvolvimentos na segunda-feira, depois de o Governo ter pedido esclarecimentos à TAP sobre o acordo para a saída da atual secretária de Estado do Tesouro da companhia aérea - incluindo sobre a indemnização que recebeu. Em sua defesa, a governante já disse que "devolveria de imediato" qualquer quantia fora do "estrito cumprimento da lei". 

Afinal, o que está em causa? 

O Correio da Manhã noticiou na edição de sábado que Alexandra Reis recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.

No seguimento desta notícia, na segunda-feira, o ministro das Finanças, Fernando Medina, e Pedro Nuno Santos emitiram um despacho onde pediram à administração da TAP "informações sobre o enquadramento jurídico do acordo" celebrado com a secretária de Estado Alexandra Reis, incluindo acerca da indemnização paga.

OS PRIMEIROS PASSOS EM DIRECÇÃO À GUERRA -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A agência de notação financeira Standard & Poor’s retirou aos EUA a nota máxima, seguindo os passos da agência chinesa que algum tempo antes tomou medida idêntica. Isto aconteceu muitos antes da guerra na Ucrânia mas o conflito rebentou por causa desse acontecimento extraordinário mas que foi ignorado pelos Media mundiais.  

O principal credor dos EUA é a China. E em Pequim a decisão da Standard & Poor’s suscitou um recado curioso: As autoridades financeiras norte-americanas têm de pôr as contas em ordem e a dívida externa americana não pode continuar a subir indefinidamente. 

A desclassificação da economia dos EUA foi como gasolina atirada para a fogueira das dívidas soberanas. A Europa entrou em sobressalto. O Banco Central Europeu avisou que pairam graves problemas sobre a economia mundial. Na altura, Sílvio Berlusconi, já com as barbas a arder, avisou que o problema das dívidas soberanas não é dos EUA, da Itália ou de Espanha “mas de todo o mundo” e por isso precisa de uma resposta global urgente.

Já ninguém se lembra mas nos EUA caíram fragorosamente políticas emblemáticas que marcam o Estado Social, para aumentarem o tecto da dívida dos EUA. A Comissão Europeia disse que não há dinheiro para manter o Estado Social tal como está, oficializando a política neoliberal imposta pelo Partido Popular Europeu, largamente maioritário no parlamento de Estrasburgo e que tem uma raiz nazi. 

De Moscovo, na época, foi mandada muita lenha para aumentar a fogueira da crise económica. O Presidente Vladimir Putin, com a decisão da Standard & Poor’s à sua frente, disse que os EUA andam a parasitar as economias dos outros países e é altura de mudarem de vida. 

As crises económicas nos EUA e nas restantes grandes potências ocidentais, até agora, têm sido resolvidas com guerras sangrentas que se sabe como começam mas nunca se sabe como e quando acabam.

Ucrânia | REGIMENTO NAZI AZOV DE VOLTA ÀS LINHAS DE FRENTE

No final de dezembro, uma campanha de mídia ativa com o objetivo de apoiar o renascimento do notório regimento nazista ucraniano Azov foi lançada na Ucrânia. A iniciativa é supervisionada pelo regime de Kiev, que faz o possível para esconder o nazismo no país.

# Traduzido em português do Brasil

Dois batalhões do novo regimento de Azov já foram formados e o recrutamento de voluntários para o terceiro batalhão operacional continua.

De acordo com os anúncios, os voluntários servirão sob a orientação de oficiais de Azov, que supostamente têm uma experiência inestimável em operações de combate.

De fato, existem duas unidades Azov na Ucrânia. Existem unidades Azov nas Forças Armadas da Ucrânia, que incluem voluntários e membros da chamada defesa territorial.

Eles não estão relacionados ao notório regimento Azov, que faz parte da Guarda Nacional.

O batalhão nazista “Azov” estava baseado em Mariupol. Após o início da operação militar russa, os nazistas decidiram transformar a cidade em uma área fortificada. A luta feroz nas ruas de Mariupol causou grande destruição. Os nazistas ucranianos estavam se escondendo atrás de civis que não tinham permissão para deixar a cidade devastada pela guerra.

Tendo perdido a batalha por Mariupol, os remanescentes do regimento nazista se esconderam nos porões da fábrica de Azovstal. Logo eles decidiram se render aos militares russos.

Nos meses seguintes, alguns dos militantes de Azov foram trocados por prisioneiros de guerra russos. Alguns deles ainda estão em prisões russas. Por exemplo, em 23 de dezembro, o Tribunal Voroshilov de Donetsk estendeu a prisão de 19 soldados do regimento Azov por mais 2 meses. O tribunal planeja considerar a medida de restrição para mais quinze réus em 26 de dezembro.

A campanha do regimento Azov revivido é baseada na glorificação bem-sucedida dos nazistas ucranianos e é dirigida a novos bandidos motivados pelo aumento da propaganda da ideologia nazista na Ucrânia.

Membros da organização paramilitar neonazista Azov tornaram-se heróis da Ucrânia, apesar de não terem tido sucesso no campo de batalha. A experiência militar de seus oficiais consiste apenas no uso de civis como escudos humanos, sentados em porões em completo cerco e na habilidade de se render.

No entanto, as falhas de Azov no campo de batalha permanecem imperceptíveis em meio à propaganda nazista de Kiev, que é projetada não apenas para os ucranianos, mas também para numerosos neonazistas no exterior.

No Ocidente, tornou-se uma marca famosa. Para o regime de Kiev, o Azov revivido é uma nova ferramenta legal para trazer mercenários e instrutores estrangeiros para a Ucrânia.

South Front

VER VÍDEO

Ler em South Front:

Nenhuma linguagem comum para negociações de paz

Putin esclarece a política de defesa russa

Polônia se prepara para a guerra

Militares russos mantêm vantagem no campo de batalha de Donbass

Angola | ASSALTOS CENSURÁVEIS E CENSURA CRIMINOSA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornalismo Angolano, nascido no último quartel do Século XIX, foi uma ferramenta poderosíssima na construção da angolanidade. Uma marca indelével do que somos hoje. É pena que poucos saibam disso e respeitem esse passado glorioso. Tudo porque os poderes públicos estão a deixar morrer a História Contemporânea de Angola. Deixaram apodrecer os mananciais, dando todo o espaço aos pescadores de águas turvas, aos oportunistas e à mais abjecta mediocridade.

Neste quadro dantesco nasceram os assaltos à sede do Sindicato dos Jornalistas e a “residências” de alguns profissionais, rapidamente atribuídos ao governo do MPLA. Os falsários tiveram o cuidado de deixar fora da trama o Presidente João Lourenço e este, numa entrevista à Voz da América, solidarizou-se com a manifestação convocada para protestar contra os “assaltantes”.

Entre os profissionais visitados pelos bandidos está um senhor que é parente de Adalberto da Costa Júnior. Sua esposa terá sido torturada pelos supostos salteadores e ele decidiu abandonar Angola porque considera que foi vítima do poder, mesmo sem se saberem duas coisas básicas. Primeira. Houve mesmo assalto? Segunda? Houve mesmo tortura? 

A senhora tem cicatrizes de uns cortes no braço mas isso significa zero. Conheço centenas de angolanas e angolanos que têm cicatrizes de cortes até no rosto e não passa pela cabeça de ninguém que foram torturados. Nalguns casos as cicatrizes são adornos de beleza e noutros resultam de um milongo para certas doenças. Só as autoridades que têm a missão de investigar os crimes, podem dizer o que aconteceu, se aconteceu. Mas o jornalista Cláudio In já sabe tudo e publicou um texto onde afirma que foi perseguido pelo poder. 

A tortura, os assaltos, os assassinatos são práticas da UNITA. O senhor Cláudio In, próximo do líder do Galo Negro, não está livre de ser incluído na lista negra do Abílio Camalata Numa, do Wambu ou do Paulo Lukamba Gato. Ele lá sabe em que altas cavalarias se meteu prejudicando os sicários do partido do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Enquanto as autoridades não se pronunciarem, todas as suspeitas são legítimas. O que se pode dizer sobre os “assaltos” e as torturas é simples. O Sindicato dos Jornalistas é uma correia de transmissão da UNITA desde a sua fundação, em 1992. Nunca a sede tinha sido assaltada. Porquê agora? 

Angola | ÚLTIMOS DIAS, ÚLTIMAS HORAS

Kuma | Tribuna de Angola  | opinião

A responsabilidade no exercício de altos cargos públicos, assume-se quando se entra, mas não termina quando chega o fim, há muito e sobretudo nas últimas horas, o PGR Héder Pitta Groz, foi um cúmplice de gente poderosa a contas com a Justiça, foi orientado de fora para dentro, o que deveria implicar a ausência no estrangeiro até que se faça um escrutínio ao seu mandato nos próximos seis meses.

O espantoso é o facto de o arresto dos bens de Isabel dos Santos, só agora ter sido pedido ao Supremo Tribunal de Justiça, consubstanciado num rol de crimes graves, de evidência pública comprovada, só agora, ao fim de cinco anos, na hora da saída tenha sido efetivada.

Mais, foi escandalosa a campanha de contra-informação, interna e externa, para ensaiar a continuidade criando a percepção pública que seria reconduzido como escolha do Presidente da República, quando afinal foi o maior desastre do Estado de Direito Democrático nos últimos cinco anos.Testemunhei alguma azáfama dos últimos dias da seita carnavalesca, o silêncio da UNITA, ACJ, Marimbondos, delinquentes, contrastava com o corropio dos advogados e o ruído dos telefones, assim como tenho a certeza de muitos bens que poderiam ser arrestados, foram salvos e colocados em locais seguros e sociedades repetidamente infinitas.

Até a arraia miúda indigente entrou no entretenimento, Tchizé dos Santos veio a público saber da idoneidade do seu novo amante, e o terrorista Dinis veio mais uma vez insultar gratuitamente o Presidente da República, as Instituições, e até as Forças Armadas.

Angola chega a 2023 com um desafio gigantesco, falta clarificação política, há uma gritante ilegitimidade que paira no espectro nacional, tem a ver com desenvolvimento,

África caminha para a sua maturidade independentista, e as parcerias inclusivas globais exigem normalidade em todas as vertentes da governação e dos direitos internacionais.

Ler em Tribuna de Angola:

Muito bem, Presidente!

Entre a espada e a parede

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

INCLINAÇÃO CONTRA NATURA -- Martinho Júnior

Martinho Júnior, Luanda 

“REMEMBER” HAITI!

Em África fica-se com a sensação que jamais se foi tão longe quanto o necessário para resgatar toda a humanidade não só dum passado genocida como de um presente de domínio hegemónico que se nutre dos modos e dos tempos desse genocídio, da escravatura sua contemporânea, do colonialismo, do “apartheid” e de todas as sequelas desse longo processo de degradação ética e moral de muito mais de 5 séculos!

Explicá-lo em termos dialéticos é um processo fecundo que está por muito averiguar e aprofundar, porque muitas convenções ditadas por longos processos de aculturação à “civilização ocidental” têm sido mantidas, garantindo a formatação mental dos africanos, limitando-os, confinando-os, enfim, subjugando-os!... 

Um dos marcos a considerar é incontornavelmente a questão do Haiti que África desconhece, em muitos casos recusando-se a abordá-la, de tão inibida que está pelas convenções “ocidentais”, conforme se pode verificar, por exemplo, por via da agenda dos países de África, Caraíbas e Pacífico. “ACP”…

África recusa-se basicamente a debruçar-se sobre a revolução dos escravos de há mais de 200 anos no Haiti, a revolução que marcou a ignição das lutas armadas de libertação desde logo na América… e recusa-se a debruçar-se também porque todo o processo libertário do Haiti foi propositadamente inquinado não só pelo poder das potências colonizadoras (e neocolonizadoras) desde então, mas porque dando sequência à IIª Guerra Mundial, a hegemonia unipolar sustentada pelo exercício anglo-saxónico cada vez mais a partir dos Estados Unidos, multiplicou as ingerências e as manipulações sobre as pequenas ilhas das Caraíbas desde a inércia da sua própria expansão, intoxicando premeditadamente todo o conhecimento e compreensão histórica e antropológica que pudesse haver sobre a revolução haitiana e sobre o que se foi abatendo sobre o Haiti! 

A luta armada de libertação em África desse modo confinou-se às convenções “ocidentais” não só temporalmente (historicamente), mas também antropológica, sociológica, psicológica e sobretudo ideologicamente!... 

Sobretudo ideologicamente por que a história da escravatura dos afrodescendentes na América e a ignição revolucionária que constituiu a revolução dos escravos do Haiti, ou foram amputadas da memória de África, ou sofreram manipulações de interpretação por parte dos interesses de domínio que culminaram no império da hegemonia unipolar!

MANIFESTAÇÃO DO CHEFE E SEUS MAFUKAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Jornalismo aprende-se nas Redacções ainda que as escolas ajudem à formação. Os jornalistas mais experientes ensinam os novatos e assim vamos andando. O meu primeiro mestre foi Acácio Barradas. Em poucos minutos deu-me duas lições para toda a vida. Queres ser jornalista? Sim, quero. Então vais ser porque sabes ler e escrever. Mas nunca te esqueças que um profissional tem de saber viver, sempre, entre as fronteiras da honra e da dignidade.  

Mais tarde mostrou-me exemplos vivos de jornalistas que não sabiam o que era isso da honra e da dignidade. Estás a ver esta notícia? É um frete. Este gajo vendeu-se. Estás a ver esta página? Tudo encomendado. Os que assinam estes trabalhos venderam a honra. Ficaram irremediavelmente pobres. E quem os comprou não vai ficar mais rico. Só depois aprendi com Acácio Barradas a gerir o espaço (ninguém paginava no chumbo como ele) e outras miudezas próprias da profissão.

Um dia o Província de Angola (hoje Jornal de Angola) fez uma manchete na qual acusava os oposicionistas ao regime fascista e colonialista, de “vendilhões da pátria”. E o Acácio Barradas disse-me contristado: - Este é o nosso maior jornal. Não passa de um boletim da União Nacional e da PIDE. Por isso temos o dever de fazer um jornalismo digno, entre as fronteiras da honra e da dignidade. Devemos esse serviço aos leitores. 

Além destes obstáculos, tínhamos outro quase intransponível, a censura prévia. Acácio Barradas dizia que um jornalista digno desse nome jamais facilita a vida aos censores. Usamos os factos de uma forma honesta. Os censores que cortem. E como eles me cortaram! Fiz a cobertura do famoso “Crime da Samba” que na verdade ocorreu na Maianga e foi “descoberto” no Miradouro da Lua. Os censores cortavam factos que eu revelava. Mas não cortavam os mesmos fragmentos de informação ao Jaime Saint-Maurice, o maior repórter do nosso tempo. Nessa altura o Ernesto Lara Filho já só escrevia crónicas e poemas.

Este introito é fundamental para falar da manifestação do Presidente João Lourenço pela Liberdade de Imprensa. Ponto prévio. Aquilo foi um tremendo fiasco. O líder do MPLA e Chefe de Estado está com pouco apoio entre os Jornalistas. Uma das palavras de ordem foi esta: “Somos jornalistas não somos criminosos”. Calma aí. Querem dizer que um jornalista não pode ser criminoso mesmo que seja? Puro engano de alma. 

CAMPEÕES DO MUNDO EM MATRAQUILHOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Manecas Balonas foi campeão mundial de matraquilhos. Ao nível dele, só o Morais “Máré” e eu próprio, que tenho uma esquerda imparável porque sou canhoto. O maior do mundo é angolano do Huambo, filho de um pioneiro do caminho-de-ferro. O tempo fez dele campeão de futebol. Começou a jogar no “Ferrovia” e quando foi estudar Medicina na Universidade de Coimbra, rapidamente ganhou lugar na defesa da primeira equipa de um grande clube português, a Académica, também chamada “Briosa”.

Manecas jogou com grandes campeões como Maló, Mário Torres, Wilson, Piscas, manos Campos, Araújo, Chipenda, Rocha ou Manuel António. Campeões! Um dia a “Briosa” foi jogar com o Sporting Clube de Portugal ao estádio de Alvalade e o senhor árbitro começou a roubar escandalosamente a equipa dos estudantes de Coimbra. Sua graça era Décio de Freitas. Artur Agostinho, Nuno Brás e Amadeu José de Freitas, os narradores desportivos da época, aos microfones da Emissora Nacional chamavam-lhe Doutor Décio de Freitas. Coisa nunca vista.

Depois de muita roubalheira o Manecas foi ter com o doutor da arbitragem e disse-lhe: - Você está a gamar-nos. Fica avisado que se continua a roubar eu não jogo mais! O doutor do apito nem queria acreditar no que ouviu. Mas continuou a gamar. O Manecas foi ter com ele e disse-lhe: - Eu avisei. Não jogo mais! E foi saindo do campo enquanto os colegas o agarravam. O doutor do apito duvidava do que estava a ver. Foi uma cena homérica.

O Manecas licenciou-se em Medicina e quando estava a fazer o internato geral foi preso, acusado de pertencer ao Partido Comunista. Os torcionários da PIDE levaram-no para Lisboa, onde foi entregue aos cuidados do inspector Sacchetti. Interrogatórios mais interrogatórios e o prisioneiro negava todas as acusações. 

O chefe dos torcionários era de Coimbra e num dos interrogatórios disparou: - Doutor, você acredita na imortalidade da alma? O Mancas, com a sua voz de artista da Rádio, respondeu calmamente: - Eu só acredito na imortalidade do átomo. O inspector virou-se para os outros torcionários e disse-lhes para terem especial atenção ao sentido de humor de um verdadeiro coimbrão!

Por que a mídia britânica está glorificando os terroristas suicidas anti-russos?

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Existem muitas outras maneiras de reacender o interesse do público ocidental no conflito ucraniano sem repugnantemente retratar jihadistas literais (nas palavras de Dominic Waghorn da Sky News antes de serem removidos como Breitbart relatou) como supostos heróis. Longe de convencer as pessoas comuns de que a causa de Kiev é supostamente tão justa quanto seus funcionários afirmam, isso terá indiscutivelmente o efeito de provocar o máximo de suspeita de todos aqueles que percebem que seus fundos de contribuinte estão sendo gastos para financiar terroristas suicidas anti-russos.

Nos últimos meses, surgiu a impressão de que o interesse do público ocidental no conflito ucraniano está diminuindo, ou que as pessoas comuns não estão, pelo menos, tão entusiasmadas em apoiar Kiev quanto antes. Isso se deve à guerra por procuração da OTAN contra a Rússia através daquela ex-república soviética se transformando em um impasse , já que nenhum dos lados tem atualmente a capacidade de alcançar um avanço na Linha de Controle (LOC).

Portanto, é compreensível que a mídia dominante do Ocidente liderada pelos EUA (MSM) esteja sendo criativa com a forma como eles vendem esse conflito ao público, mas desafia a crença de que o proeminente meio de comunicação britânico Sky News pensou que glorificar os terroristas suicidas anti-russos ajudaria causa de Kiev. Isso é precisamente o que o editor de Assuntos Internacionais Dominic Waghorn acabou de fazer em seu artigo sobre “ Os combatentes chechenos enfrentando o 'império do mal' de Putin na Ucrânia, que dizem que as tropas russas são como 'gado para abate' ”.

Segundo ele, ele “ganhou acesso à sua base secreta” em torno de Artyomovsk (mais popularmente conhecido na mídia por seu nome ucraniano Bakhmut), durante o qual esses “combatentes chechenos” “compartilharam informações sobre seus inimigos” que Waghorn afirmou “vale a pena ouvindo no ocidente.” Acontece que eles apenas regurgitaram a propaganda de Kiev, alegando que a Rússia está supostamente contando com táticas de ondas humanas. No entanto, Waghorn inadvertidamente revelou algo muito mais importante em seu artigo.

Ele escreveu que “em uma bancada de trabalho perto de um colete suicida estava sendo construído. Eles os usam caso os russos os façam prisioneiros. A base está minada, disseram, para explodir se o inimigo a invadir. Além disso, os “combatentes chechenos” – que agora podem ser objetivamente descritos como terroristas suicidas – também mostraram a ele imagens de seus seguidores “gritando Allahu Akhbar: Deus é grande”, que é um slogan religioso que infelizmente foi sequestrado por alguns dos terroristas mais infames do mundo.

A OMS E AS PANDEMIAS -- A GRIPE A 2.0

Ángeles Maestro [*]

É indispensável recordar

A falta de memória converte-nos em zumbis perante qualquer estratégia do poder. Mais ainda quando este desencadeia campanhas de terror, à escala mundial, destinadas a anular o pensamento. Por isso acreditei necessário trazer à memória factos que aconteceram, não há muito, quando a “pandemia” da gripe A e que sem dúvida foram um ensaio geral para o sucedido com o Covid.

A falsa pandemia da gripe A, a OMS e a corrupção demonstrada

Em Janeiro de 2010, Wolfgang Wordarg, epidemiólogo presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e membro do SPD, acusou a Organização Mundial de Saúde (OMS) de se haver convertido num instrumento ao serviço dos interesses da indústria farmacêutica, a partir dos dados recolhidos sobre a sua atuação na suposta pandemia da gripe A. Conseguiu que o referido organismo aprovasse por unanimidade a realização de uma investigação para o efeito.

Um mês antes da declaração do nível 6 de pandemia global, em Junho de 2009, a OMS modificou os critérios exigidos, eliminando o requisito de que se verificasse em várias zonas do mundo um aumento significativo da mortalidade.

W. Wodarg, numa entrevista publicada pelo jornal L'Humanité [1 ] (órgão do Partido Comunista Francês – que tempos!) disse que começou a suspeitar quando se declarou a pandemia “pois não havia nem mil doentes e falava-se da pandemia do século” e a OMS recomendou a inoculação exclusivamente com medicamentos patenteados previamente. Denunciou também o papel da psicose do medo desencadeada para justificar a adoção de medidas, muito custosas para o erário público, em plena crise e quando, sob o pretexto da necessidade de pagar a dívida dos Estados, estavam a verificar-se cortes muito importantes na despesa público e, em concreto, no sistema sanitário.

Na mencionada entrevista acrescentava: “Para acelerar a disponibilidade de produtos, utilizaram-se substâncias (adyuvantes) em certas vacinas, cujos efeitos não foram suficientemente provados. Por outras palavras: queríamos absolutamente usar estes novos produtos patenteados ao invés de desenvolver vacinas usando métodos de fabricação tradicionais que são muito mais simples, mais confiáveis e menos custosos. Não havia nenhuma razão médica para isto, só razões de marketing”.

O processo vinha de longe. Quando em 2008 surgiu o H1N1 e, muito mais, quando em 2020 apareceu o Covid 19, já estava tudo preparado. Em 2005, quando se declarou a pandemia por gripe Aviária, a OMS já havia preparado os planos internacionais para quando aparecesse uma pandemia: as farmacêuticas comprometiam-se a ter vacinas prontas e os estados comprometiam-se a comprá-las. Nas palavras de Wodarg, “a indústria farmacêutica não assumiu qualquer risco económico ao participar numa nova fabricação. Já tinha a garantia de ganhar o jackpot caso eclodisse uma pandemia”.

Quanto aos objetivos a atingir pela investigação aprovada pela Comissão de Saúde do Conselho da Europa, o epidemiólogo alemão assinalava:   “Queremos lançar luz sobre tudo o que poderia haver convertido esta formidável operação numa farsa. Queremos saber quem decidiu, com base em que evidência científica, e com que precisão foi exercida a influência da indústria farmacêutica na tomada de decisões. E finalmente devemos apresentar demandas aos governos. O objetivo da comissão de investigação é que não haja mais alarmes falsos deste tipo no futuro. Que a população possa contar com a análise, a experiência das instituições públicas nacionais e internacionais. Estas agora estão desacreditadas porque milhões de pessoas foram vacinadas com produtos que apresentam possíveis riscos para a sua súde. Não era necessário. Tudo isto resultou também num desperdício considerável de dinheiro público”.

A comissão de investigação dissolveu-se sem chegar a nenhuma conclusão e não conseguiu que o representante da OMS depusesse perante o Conselho da Europa.

A conivência da OMS com as multinacionais farmacêuticas foi denunciada ainda num relatório apresentado em Junho de 2010 pela prestigiosa revista British Medical Journal [2 ].

Um dia depois de declarar terminada a pandemia, a OMS reconheceu que o seu Comité de Peritos para a gripe A – cuja composição era secreta, “para evitar pressões” – havia recebido doações das multinacionais farmacêuticas fabricantes das vacinas e anti-virais [3 ].

O escândalo saltou para o meios de comunicação, com duras acusações. A cadeia SER e concretmente Iñaki Gabilondo intitulou assim o seu relatório: “O negócio do medo e o roubo da falsa pandemia” [4]. Este vídeo da Cadeia SER, denunciando o suborno pelas farmacêuticas da OMS e das autoridades sanitárias pela gripe A, hoje não teria sido possível (a dívida do Grupo PRISA foi comprada pela Black Rock e pela CVC Capital Parners em Novembro de 2020) ou teria sido censurado com a acusação de fake news.

Os governos europeus e estado-unidense pagaram milhares de milhões de euros e de dólares pela compra de vacina, de Tamiflú e de Relenza. Isto acontecia em 2009, no começo da explosão da bolha imobiliária e financeira, quando, com o pretexto de pagar a dívida, encerraram-se milhares de camas hospitalares e reduziu-se drasticamente a força de trabalho na saúde pública. Nesse momento, o Ministério da Saúde – PSOE, Trinidad Jiménez – gastou quase 400 milhões de euros na compra de vacinas e anti-vierais. Nove anos depois todos esses medicamentos foram destruído depois de haverem caducado [5].

Nunca se publicaram os resultados de ensaios que garantissem a eficácia desses produtos farmacêuticos e ocultaram-se os que mostravam riscos graves. A Roche convenceu sem problemas a Agência Europeia do Medicamento (EMA) a que aprovasse. Em contrapartida a Administração de Medicamentos e Alimentos dos EUA (FDA) impôs condições ao Tamiflú e proibiu o Relenza. Seu diretor foi obrigado a demitir-se e ambos os medicamentos foram aprovados pouco depois [6]. O Comité Consultivo da OMS exigiu a invetigação dos casos de narcolepsia [7] registados em doze países, sobretudo em crianças e adolescentes, vacinados com Pandemrix em 2010 contra a gripe H1N1.

Extrema-direita volta a matar, Esquerda Europeia condena atentado contra curdos

Depois do ataque contra a comunidade curda em Paris, o PEE presta a sua solidariedade ao povo curdo lembrando ainda “o silêncio total da União Europeia num momento em que o povo curdo está de novo sob as bombas de Erdogan” e apelando à “unidade na ação para fazer recuar as ideias racistas e de extrema-direita na Europa”.

Em comunicado(link is external) divulgado este sábado, o Partido da Esquerda Europeia veio condenar o atentado da passada sexta-feira em que um francês de extrema-direita, reincidente em ataques racistas com tentativas de homicídios, sendo o último um ataque com um sabre contra refugiados sudaneses há um ano, disparou perto ao Centro Cultural Curdo Ahmet-Kaya em Paris, causando três mortos e vários feridos. A formação política classifica o sucedido como um “atentado terrorista de extrema-direita”.

O PEE destaca que se trata de “um ato bárbaro” que acontece “dez anos após o assassinato de três militantes curdos”, um caso no qual o Estado francês “continua a recusar o levantamento do segredo de defesa”. Agora exige-se que todos os esclarecimentos sejam prestados “sobre as responsabilidades e os mandantes deste atentado”.

O objetivo deste crime era atingir a sede do Conselho Democrático Curdo em França, refere-se. E exprime-se toda a solidariedade para com o povo curdo enlutado. Aliás, o grupo político europeu lembra que esta solidariedade para com o povo curdo foi mais uma vez reafirmada no seu sétimo congresso que reuniu a semana passada em Viena. Em sintonia com as suas conclusões, denuncia-se “o silêncio total da União Europeia num momento em que o povo curdo está de novo sob as bombas de Erdogan e que a comunidade curda na Europa é alvo de atentados terroristas”.

O Partido da Esquerda Europeia vinca que “o terrorismo de extrema-direita mata” e que o sucedido “mostra a extrema gravidade do perigo da extrema-direita na Europa, alimentado por discursos racistas xenófobos”. O texto termina com um apelo à “unidade na ação para fazer recuar as ideias racistas e de extrema-direita na Europa”.

Esquerda.net

Imagem: Manifestação de organização curdas em Paris na sequência do ataque a esta comunidade. Foto de TERESA SUAREZ/EPA/Lusa.

Portugal | O otimismo de Costa, as justificações de Marcelo e um caso por explicar

João Pedro Barros, editor online | Expresso (curto)

O Natal é feito de tradições e é por isso que deve estar a abrir este email ainda a sentir-se empanturrado com peru, bacalhau, bolo-rei e doces vários. Depois de ter visto o “Sozinho em Casa” pela 23.ª vez, de andar à procura daquele talão de troca perdido no meio de quilos de papel de embrulho rasgado e de resistir àquele tio chato que conta sempre as mesmas histórias, já se estava a sentir feliz com o abrandar dos rituais da quadra. Mas ainda faltava um: provavelmente a passar como ruído de fundo lá na sala, o primeiro-ministro picou ontem à noite o ponto da mensagem de Natal.

Nunca é de esperar nada de verdadeiramente surpreendente nesta comunicação: António Costa repetiu o guião dos últimos meses, inteligentemente estruturado em torno de três palavras: paz, solidariedade e confiança. Os conteúdos são fáceis de encaixar nestes três substantivos, a começar pela guerra na Ucrânia – um tema bastante consensual na sociedade portuguesa –, passando pelos apoios do Estado e pelo quase pleno emprego e terminando nas “contas certas”.

Todos estes elementos estiveram ontem presentes, de forma a criar uma narrativa que pode ser descrita como “irritantemente otimista”. Imagino mesmo que o caro leitor possa ter olhado de lado para a televisão quando o primeiro-ministro falou de uma aproximação às “economias mais desenvolvidas da Europa” – uma declaração difícil de engolir quando ainda recentemente noticiamos que as previsões apontam para que a Roménia ultrapasse Portugal no PIB per capita em 2024 (e sim, sabemos que o PIB não é tudo, mas a convergência desde que Costa chegou ao poder, em 2016, tem a espessura e a solidez de uma folha de papel).

Outro ponto que pode ter levado a um franzir de sobrolho foi quando Costa situou Portugal como estando ao “abrigo das turbulências do passado”: uma referência subtil ao tempo da troika – chamada, como se sabe, no âmbito do governo PS de José Sócrates – e ao controlo recente do défice e da dívida. Esperamos todos, portugueses, que de facto assim seja, porque o que aí vem é difícil de prever – e a despesa com juros da dívida pública já aumenta uns bons milhões em 2023.

Portugal no “pelotão da frente” face à incerteza internacional soa um pouco ao “oásis” dos tempos de Cavaco, mas a enésima rabanada é bem capaz de ter feito esse pensamento desvanecer-se. Nada disto interessa muito agora, porque é Natal, e até a reação da oposição foi previsível: o PSD vê um primeiro-ministro “de braços caídos”, o Iniciativa Liberal fala em “autoelogio” e mentira na referência à progressão económica, o PCP diz que o país “não se reconhece” nas palavras de Costa e o PAN quer “abertura” para ser ouvido.

Mas o Natal do primeiro-ministro veio com uma fava (ou talvez seja um “casinho”): a indemnização de 500 mil euros que, de acordo com o “Correio da Manhã” de sábado, foi paga a Alexandra Reis, atual secretária de Estado do Tesouro, por ter abandonado o cargo de administradora executiva da TAP. Quatro meses depois, a agora governante foi nomeada para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).

Talvez devido às festas, o caso ainda não foi comentado ou confirmado pelo Governo ou pela companhia aérea. O tema também nunca faria parte da mensagem institucional da quadra do chefe de Governo, pelo que Marcelo Rebelo de Sousa lá veio dar uma ajuda e antecipar uma explicação.

O Presidente da República garante tratar-se "de uma situação de rescisão por parte da empresa onde exercia funções de administração a meio do mandato, o que daria lugar a uma indemnização completa" e acabou por ser negociado “um terço”. Porém, acrescenta o Presidente, "há quem pense" que seria "bonito" Alexandra Reis prescindir da indemnização da TAP, ainda que a ida para o Governo pareça “não ter problemas de incompatibilidade", em termos jurídicos.

A história fica ainda incompleta: Alexandra Reis saiu pelo próprio pé (o que tornaria a indemnização impossível de compreender) ou por imposição da empresa, que está a receber ajuda do Estado? De acordo com o que noticiamos em fevereiro, a administradora saiu porque tinha sido nomeada por Humberto Pedrosa, que entretanto deixou de estar representado no capital da TAP SA. Sobra então uma questão de 500 mil euros: não era possível manter a gestora tendo em conta que a mesma tutela (Ministério das Infraestruturas e Habitação) a considerou a pessoa certa para liderar a NAV, apenas quatro meses depois?

Mais lidas da semana