quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

O «impeachment» de um regime


Mais interessado do que em escolher o seu próprio candidato, o aparelho do partido Democrático está preocupado em afastar Trump da corrida – dando assim como adquirido que, com ele, as eleições estariam perdidas.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

O mundo está suspenso do impeachment.

Parece não se passar nada mais relevante à face da Terra do que saber se o fascista Trump, presidente dos Estados Unidos da América, será substituído pelo fascista Pence até ao começo de 2021, altura em que entrará em funções a nova escolha do establishment que gere o regime norte-americano – sem qualquer dúvida alguém do partido único com duas faces. Para tudo continuar na mesma.

Sucedem-se os depoimentos das testemunhas, multiplicam-se os comentários de analistas sobre os depoimentos das testemunhas, a rede mediática global transborda de factos e pareceres próprios comentando os comentários dos analistas sobre os depoimentos das testemunhas. O mundo sofre uma indigestão de informação para, afinal, não ter informação alguma credível sobre a essência do que está em causa.

Porque estará, afinal, Donald Trump a ser alvo de um impeachment?

Por ser fascista? Não parece. Em Washington isso não conta como pecado tendo em conta a quantidade de golpes fascistas que ali foram e continuam a ser preparados para que os interesses dos sustentáculos do regime sejam devidamente alimentados, interna e externamente.

Alemanha expulsa diplomatas russos após crime em Berlim


Procuradores dizem ter evidências de que governo russo ou checheno estaria por trás do assassinato de um ex-combatente rebelde na capital alemã em agosto. Moscovo nega acusações e promete retaliação.

A Alemanha anunciou nesta quarta-feira (04/12) a expulsão de dois diplomatas russos após promotores terem afirmado que há indícios de envolvimento de Moscovo no assassinato de um ex-combatente rebelde da Chechénia em um parque em Berlim.

"O Ministério do Exterior declarou hoje dois funcionários da embaixada russa em Berlim como personae non gratae com efeito imediato", afirmou o órgão alemão em comunicado. Os nomes e os cargos dos diplomatas não foram divulgados.

"Apesar das repetidas e persistentes solicitações de alto escalão, as autoridades russas não cooperaram o suficiente na investigação do assassinato", concluiu a pasta.

O Ministério do Exterior russo prometeu "medidas de retaliação" à decisão de Berlim. "É inaceitável que haja uma abordagem politizada de questões de investigação", disse o representante da pasta, acrescentando que as declarações do governo da Alemanha são "infundadas e hostis".

Um cidadão checheno de origem georgiana de 40 anos foi baleado pelas costas, à queima-roupa, em plena luz do dia no parque Kleiner Tiergarten em 23 de agosto, por um atirador numa bicicleta.

Os altos e baixos do populismo de direita na Europa


Os populistas de direita europeus enfrentam atualmente diferentes cenários. Enquanto a FPÖ se vê em baixa na Áustria e a AfD tenta se vender como mais moderada na Alemanha, Democratas Suecos e o espanhol Vox avançam.

AfD em busca de imagem moderada

O novo copresidente do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Tino Chrupalla, pediu no último fim semana que seus correligionários adotem um curso mais moderado como parte dos esforços do partido para conquistar mais eleitores.

A AfD, que atualmente lidera a oposição no Bundestag, deve se tornar um "poder político realmente sério" nos próximos anos, disse Chrupalla. Ele vai coliderar o partido ao lado de Jörg Meuthen, que também vem mantendo distância da direita radical.

Nas pesquisas de intenção de voto na Alemanha, a aprovação da AfD gira, atualmente, entre 13% e 14%, não tendo, portanto, aumentado significativamente em comparação com as eleições parlamentares de 2017, quando obteve 12,7% dos votos.

Em eleições realizadas neste ano em antigos estados da Alemanha Oriental, no entanto, a legenda obteve ganhos robustos. Na Turíngia, a AfD mais do que dobrou seus votos em relação ao pleito anterior, chegando a 22,5%. Na Saxônia, ficou com 27,5% dos votos, sendo o segundo partido mais votado, atrás da União Democrata Crista (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, e crescendo 17,8 pontos em relação às eleições de 2014. Em Brandemburgo, os populistas de direita ficaram com 23,5%, atrás somente do Partido Social-Democrata (SPD). 

No entanto, até o momento os principais partidos alemães se recusaram a formar uma coalizão com a AfD tanto no nível federal quanto nos governos estaduais. 

Quando os neoliberais encontram os fascistas


Novo livro tenta explicar como sistema que diz defender a liberdade gerou figuras como Trump e Bolsonaro. Explicação pode estar na auto-corrosão e niilismo a que estão sujeitas as sociedades quando creem no valor supremo do dinheiro

Eleutério F. S. Prado | Outras Palavras

O neoliberalismo é, sim, criador. Do que mesmo, na prática!? De má distribuição da renda, da destruição da proteção social dos mais pobres, da precarização da condição de vida dos trabalhadores – tudo isso é bem conhecido. Ainda que procure se justificar em nome da liberdade, o que ele procura mesmo é elevar a taxa de lucro do capital industrial e manter intocado e em processo de valorização o volumoso capital fictício acumulado nas últimas décadas. Mas a sua mais terrível – tem gente que gosta desse último termo e o emprega positivamente – criação não é bem conhecida. E ela precisa, sim, ser mostrada e bem mostrada.

Antes disso, note-se que esse agenciamento político é de certo modo sincero quando exalta a liberdade. Mas veja-se também que defende, em última análise, a liberdade do agente econômico, do homem como personificação do seu capital. E, nessa perspectiva, é preciso perceber que o neoliberalismo move-se também no terreno da moralidade e tem uma pretensão tanto idealista quanto “idealista”.

O livro mais recente da cientista política norte-americana Wendy Brown tem uma importância fundamental porque aponta para o pior que o neoliberalismo está criando em vários países da “civilização ocidental”. No recém-publicado In the ruins of neoliberalism – The rise of antidemocratic politics in the West (Columbia University Press, 2019), ela mostra que diversos movimentos políticos de extrema direita, com diversos tons de cinza, crescem atualmente no mundo. E que eles são filhos legítimos do neoliberalismo, sem que – segundo ela – fossem desejados por ele.

Ainda que essa afirmação, tal como Brown mostra, seja verdadeira quando se refere a um pensador como Friedrich Hayek, é certo, também, que essa forma de governamentalidade assomou ao poder pela primeira vez na história durante um governo de direita, por meio da ditadura do general Pinochet, no Chile. E foi aí, como bem se sabe, que pontificaram os rebentos ideológicos de Milton Friedman, outro conhecido apóstolo do neoliberalismo. O sonho de fazer o sistema funcionar alimentou um pesadelo.

Como reagiram os moçambicanos à absolvição de Boustani?


Com o empresário Jean Boustani absolvido pela Justiça federal norte-americana, moçambicanos esperam que Ministério Público denuncie os responsáveis pelo esquema das dívidas ocultas.

O veredito do tribunal federal do Brooklyn, em Nova Iorque, surpreendeu muitos moçambicanos. O empresário franco-libanês Jean Boustani foi julgado por envolvimento no esquema das dívidas ocultas de Moçambique e absolvido por decisão unânime dos 12 integrantes do júri. O julgamento de Boustani demorou seis semanas, chegando ao fim nesta segunda-feira (02.12).

O empresário era acusado de crimes de conspiração para cometer fraude por meios eletrónicos, fraude de valores mobiliários e conspiração para lavagem de dinheiro. Boustani foi o principal negociador da empresa Privinvest, que fornecia serviços e equipamentos às empresas públicas EMATUM, MAM e ProIndicus, envolvidas no esquema.

"Estou surpreendido com a decisão, sobretudo porque ele era tido como o cérebro desta operação das dívidas ocultas", afirma Alexandre Chiure. O analista político acrescenta que, para muitos, a expetativa era que o empresário fosse condenado. "Não se sabe a quantos anos de cadeia, mas que fosse responsabilizado por alguns atos que terá cometido", opina.

Para Chiure, os advogados montaram uma tese de defesa consistente, baseada, entre outros argumentos, em documentos como a Conta Geral do Estado de Moçambique de 2014 - que oficializou as dívidas ocultas - e no "chancelamento" dos empréstimos concedidos pelo Banco Central.

ANGOLA NÃO É À PROVA DO CHOQUE, NEM DA TERAPIA!


Martinho Júnior, Luanda  

A PROPÓSITO DE “HEROÍNAS DA DIGNDADE”…

Creio não só que há muito que reinterpretar não só sobre as personalidades históricas e os heróis em seus labirintos, mas como tudo tem sido projectado paulatinamente, num encadeado ininterrupto contra as mais legítimas aspirações dos povos à paz, à independência, à liberdade, à democracia e à sabedoria que unicamente se pode justificar quando traduzida em felicidade!

O livro “Heroínas da dignidade”, lançado em Luanda pela sua autora Florbela Catarina Malaquias, reflecte os cenários e os actores que, em declarado nome da barbárie, o império da globalização não cessa de tecer, de mistificação em mistificação, de alienação em alienação, de dolorosa ilusão em dolorosa ilusão!

O livro abe a janela para a necessidade duma percepção mais avançada do estado psicossocial desta democracia angolana: se o terror e a tortura foram práticas obscurantistas inculcadas nas próprias fileiras “militarizadas” da UNITA, como em cadeia esse processo se foi reflectindo na sociedade que tem sido seu alvo, de trauma em trauma, de catarse em catarse e como isso se reflecte hoje não só em toda a sociedade angolana, mas também nas mais diversas sensibilidades sociopolíticas, MPLA incluído?

Por aqui se pode também começar a perceber no que diz respeito ao estado angolano, quanto ainda o atávico peso dos clãs têm tomado conta das sensibilidades sociopolíticas, esvaziando conteúdos programáticos e humanos, neutralizando até o rumo do movimento de ibertação em Africa e de modo a se ficar cada vez mais incapaz de alterar em toda a profundidade o paradigma inculcado desde a época em que os olhos que chegavam pelo mar, os olhos de Diogo Cão, tiveram a percepção do continente à latitude de Angola.

Literatura | Eugénio Costa Almeida vai estar amanhã na Casa de Angola, Lisboa


Para conhecimento

Bom dia

Para recordar que Vos espero a todos - os que puderem estar, fisicamente, presentes -, no próximo dia 5 de Dezembro, amanhã, pelas 18,30, na Casa e Angola, em Lisboa.

Sentir-me-ei honrado com a vossa presença.

A todos, os que estiverem e os que só estiverem em espírito, o meu antecipado obrigado

Lobitino Almeida N'gola é o meu pseudónimo literário que uso desde, talvez, o meu primeiro poema escrito e que ocorreu por volta de 1971.

Eugénio Almeida - Investigador/Researcher/Pós-Doutorando

"A pessoa com deficiência é vista como inútil em Angola"


No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, conversámos com vários cidadãos angolanos que falam sobre os obstáculos quotidianos que têm de superar.

O sapateiro Irineu António, de 48 anos, é uma das mais de 650 mil pessoas com deficiência em Angola, segundo dados do Censo de 2014. 

Conhecido como "Kota António" ainda pode ser considerado um homem de sorte, porque consegue trabalhar e garantir o mínimo para a sua sobrevivência. "[Os clientes] respeitam-nos e procuram os nossos serviços sempre que têm sapatos para arranjar", destaca.

A compra do material de trabalho, no entanto, ainda é uma das maiores dificuldades para o sapateiro da província do Huambo. São objetos e produtos que têm de ser substituídos ou adquiridos periodicamente e custam caro para quem tem o orçamento apertado. "Se o Governo nos apoiasse [para garantir o material], ajudaria no sustento das nossas famílias", conclui.

Já Geraldo Sapeu, de 28 anos, vive uma situação mais complicada. O jovem conta que não consegue arranjar emprego porque é cego, e vive de esmolas e da ajuda de familiares.

"Não recebo nada do Governo. Até o local onde durmo é um problema. Eu preciso de apoio financeiro e uma residência para resolver as minhas necessidades."

STP: Jorge Bom Jesus assinala um ano de governação "espinhosa mas nobre"


Primeiro ministro de São Tomé e Príncipe diz ter concluído primeiros 12 meses de governação sem período de graça, "enfrentado pressões internas de várias ordens".

"É com grande espirito de responsabilidade e de humildade que não obstante o pesado fardo macroeconómico e todas as dificuldades do percurso temos conseguido até hoje cumprir e fazer cumprir a espinhosa, mas nobre missão que me foi confiada, para servir São Tomé e Príncipe e não servir-se dele", disse Jorge Bom Jesus na terça-feira (04.12), durante o balanço do primeiro ano do seu Governo.

O XVII Governo constitucional, chefiado por Jorge Bom Jesus, tomou posse a 3 de dezembro de 2018, depois de um acordo de coligação que inclui o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), segunda força mais votada nas eleições de outubro do ano passado, o Partido da Convergência Democrática (PCD), que concorreu às eleições em coligação com a União para Democracia e Desenvolvimento (UDD) e o Movimento Democrático Força da Mudança (MDFM). 

"Conseguiu-se manter o clima de estabilidade de paz social, enfrentando ou mitigando os problemas mais candentes como o pagamento dos salários, a energia elétrica, a importação de combustíveis, conclusão de obras indispensáveis à vida quotidiana das populações, nomeadamente água, estradas, escolas, entre outras", defendeu o primeiro-ministro.

Jorge Bom Jesus lembrou que quando aceitou o cargo para chefiar o Executivo, havia "um clima de grande clivagem e tensão política", tendo assumido o compromisso de dialogar com todos os são-tomenses, de "falar a verdade ao povo".

Guiné-Bissau | Nabiam formaliza apoio a Sissoco nas presidenciais


Líder do APU-PDGB e terceiro mais votado na primeira volta das presidenciais do país, Nuno Nabiam, assinou um acordo político de apoio ao candidato Umaro Sissoco Embaló.

O acordo entre o líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Nabiam, e Umaro Sissoco Embaló - que vai disputar a segunda volta das presidenciais a 29 de dezembro com Domingos Simões Pereira -, foi assinado na terça-feira (03.12), em Dacar.

"Os subscritores do presente acordo assumem o princípio de colaboração ativa no apoio à eleição na segunda volta do candidato Umaro Sissoco Embaló", pode ler-se no documento.

O acordo político refere também que Nuno Nabiam vai trabalhar em conjunto com os partidos que o apoiam para assegurar que o seu eleitorado se mantenha coeso, evite dispersão de votos e se consolide em torno de Umaro Sissoco Embaló".

"Em caso de vitória, as partes comprometem-se a trabalhar juntos para promover a concórdia nacional, a unidade nacional e a criar um clima de paz e estabilidade indispensável ao bom desempenho do cargo de Presidente da República", refere-se também no acordo.

O documento tem também as assinaturas, como testemunhas, de Braima Camará, coordenador nacional do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), partido que apoia Umaro Sissoco Embaló, Alberto Nambeia, presidente do Partido de Renovação Social (PRS), que apoiou Nuno Nabian na primeira volta, e do próprio Nabiam, enquanto presidente da APU-PDGB.

Já no domingo (01.12), o ex-presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Carlos Gomes Júnior tinha anunciado o seu apoio ao candidato Umaro Sissoco Embaló, na segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau.

Deutsche Welle | Agência Lusa

Greta em Portugal para conhecer Lisboa e voar para Madrid sob o buraco de ozono


A jovem tem 15 ou 16 anos, por aí, e já é um símbolo na imperiosa luta contra o não menos famoso aquecimento global. A adolescente chama-se Greta e é sueca. Ela afirma que estamos tramados se não atentarmos e agirmos contra o dito aquecimento e as nefastas consequências. Existem os que a apoiam pelo espectáculo (manifestações coloridas) ou pela contestação. Também existe o suporte dos que cientificamente comprovam que o aquecimento global vai tramar-nos se nada fizermos para que isso não alastre e aconteça ainda mais – uma vez que já está a acontecer. Em que ficamos?

No Curto do Expresso pode ler a prosa de Germano Oliveira. Greta, buraco do ozono, lucros das petrolíferas, poluição, alterações climáticas, políticos próGreta e políticos prólucros dos do 1% que se apoderaram o mundo… Ena tantos! Uns contra as bufas do gado vacum e outros a favor de esburacar e mascarrar o planeta até à nossa extinção… Cada cor seu paladar. E nessa vem incluído Nuno Melo na sua cor, um alapado prófascista beneficiado pelas sombras em que sobrevive o CDS, que tem quase sempre passado pelos intervalos da chuva e está na tabela dos democráticos graças a uns quantos que por lá estiveram – outros que ainda estão – e que são de facto democratas.

Adiante. Deixemo-nos de nuvens negras e respiremos com máscaras de oxigénio vendido pelos tais dos 1%. A chamada iniciativa privada. A tal que nos trama na maior parte dos exemplos. 

Mas há mais no Curto. A Cultura está de parabéns, aqui existe sob a forma de literatura. Curta, barata, que dá que pensar. Está convidado a descobrir e ler de fio a pavio, caso disponha de tempo para tal. Coisa que pelo PG escasseia. Avance e inteire-se, sobre Greta e outras rachas que ameaçam a demolição do planeta.

Bom dia. Saúde e Boas festas… Ena, já!

PG

Portugal | PCP vai confrontar conselho com falhas de fiscalização das "secretas"


O PCP vai confrontar na quarta-feira o conselho de fiscalização dos serviços de informações com "imputações" recentes de ex-responsáveis de que não fiscaliza "nada" porque há dados que lhe são "ocultados" pelas "secretas".

O deputado comunista António Filipe disse hoje à Lusa que colocará esta questão aos membros do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), na audição conjunta da comissão de Assuntos Constitucionais e da Defesa Nacional, que decorrerá à porta fechada, na quarta-feira de manhã, depois das revelações do ex-agente condenado Carvalhão Gil à revista Sábado de que existem práticas ilegais e que o conselho "é enganado porque se deixa enganar" pelas "secretas".

Além de perguntar se o CFSIRP investigou estas alegações, António Filipe quer também saber ouvir como o conselho "se sente no exercício das suas funções ao saber quem é acusado publicamente por ex-responsáveis dos serviços de fiscalizar sem ter a possibilidade de fiscalizar nada" e que há "ilegalidades que lhe passem todas ao lado porque os serviços teriam uma espécie de serviço clandestino cuja atuação [lhe] é ocultada".

"É muito grave que o Estado democrático tenha serviços de informações que escapem a qualquer possibilidade de controlo democrático e a instância que foi criada para fazer esse controlo tem que ser confrontada com isto e dar, naturalmente, explicações à Assembleia da República", afirmou.

Portugal | Barreiras na saúde diminuem mas ainda há 'foço' entre ricos e pobres


As barreiras no acesso à saúde estão a diminuir em Portugal, mas ainda existem alguns entraves, sobretudo para a população das áreas rurais, e mantêm-se grandes disparidades entre os escalões de rendimento, segundo um relatório europeu.

O documento, que traça o perfil da saúde em Portugal e integra o relatório de 2019 sobre a Situação da Saúde na União Europeia (UE), indica que 2,3% da população portuguesa comunicou em 2017 necessidades de cuidados médicos não satisfeitas devido ao custo, à distância ou aos tempos de espera.

"As necessidades não satisfeitas diminuíram desde 2014, mas mantiveram-se acima da média europeia (1,8 %). Além disso, as diferenças comunicadas no que se refere a necessidades não satisfeitas entre os escalões de rendimentos baixos e elevados foram significativas", destaca o documento.

A maioria destas necessidades não satisfeitas "foram precipitadas por dificuldades financeiras e, apesar de a taxa de necessidades não satisfeitas devido a dificuldades financeiras ter diminuído para as pessoas do quintil de rendimentos mais baixo entre 2014 e 2017, a percentagem foi o dobro da média da UE em 2017 (4,6% em comparação com 2,3%)".

Se o clima fosse um banco


Mariana Mortágua | Jornal de Notícias | opinião

Começou em Madrid a 25.a Conferência da ONU sobre o clima, a COP25, que tem lugar 25 anos depois da COP1, no Brasil. Desde então, as emissões de CO2, o principal gás com efeito de estufa, aumentaram cerca de 60%; os fenómenos climáticos extremos intensificaram-se causando milhões de refugiados; há milhares de espécies em risco e estamos muito perto de atingir um ponto de não retorno com a subida dos oceanos provocada pelo derretimento dos glaciares.

As consequências são inimagináveis se pensadas à escala do tempo da nossa vida, ou mesmo da Humanidade, mas não são inéditas num planeta onde, ao longo de milhares de milhões de anos, a sobrevivência das espécies sempre dependeu de profundas transformações climáticas.

Não há nada de conspiração nestas constatações. A ciência pode discordar quanto à previsão exata do "quanto" e "quando" deste fenómeno, mas negar as alterações climáticas é como achar que o tabaco não prejudica a saúde. A disputa não está por isso entre negacionistas e todos os outros, mas entre diferentes visões da estratégia a seguir.

Greta aproveita estadia em Portugal para conhecer Lisboa


Ativista sueca publicou no Instagram fotografia tirada no bairro da Graça

Greta Thunberg não perdeu tempo em conhecer melhor a cidade que a vai acolher durante alguns dias. Depois de ter atracado em Lisboa, a jovem ativista, de 16 anos decidiu passar pela capital portuguesa e mostrar aos seguidores por onde andou.

A primeira fotografia de Greta em Lisboa foi tirada numa das zonas mais icónicas de Lisboa: o bairro da Graça.

“Mudança de cenário! Provavelmente pareço um bocado bêbada. Ando aos tropeções nas bonitas ruas de Lisboa com as minhas pernas habituadas ao mar. Agora vou passar os próximos dias a tentar sair debaixo da pedra onde estive a viver nas últimas semanas e tentar ficar a par do que está a acontecer no mundo”, escreveu na legenda da publicação a adolescente sueca.

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Uma publicação partilhada por Greta Thunberg (@gretathunberg) a 3 de Dez, 2019 às 9:26 PST
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Recorde-se que Greta foi, esta terça-feira, recebida com euforia na Doca de Santo Amaro, em Lisboa, onde apelou a todos para fazerem pressão sobre os políticos com vista ao combate às alterações climáticas.

Durante as questões feitas pelo público, incluindo alguns jornalistas, Greta deu conta de que não deverá ir para Madrid, onde irá participar na Cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP25), já esta noite. “Neste momento vou ficar em Lisboa alguns dias, vou tentar organizar-me, não tenho visto notícias, tenho estado debaixo de uma pedra, por isso quero saber o que se passa e ter tudo o que preciso e depois irei para Madrid para a marcha na sexta-feira", garantiu.

Natacha Nunes Costa | Notícias ao Minuto

Leia em Notícias ao Minuto: 

O TURISMO DA MENINA GRETA EM LISBOA


A chegada a Lisboa da menina monomaníaca sueca a bordo de um catamarã desencadeou mais uma vaga de irracionalidade.

A lavagem cerebral com o dito aquecimento global, agora rebaptizado como "alterações climáticas", intensificou-se no burgo lusitano. A RTP dedicou-lhe horas e horas de emissão, políticos parolos quiseram ouvi-la e bandas de música foram convocadas para recebê-la.

Ela vai a caminho de Madrid, para onde foi transferida a conferência que deveria ter sido em Santiago do Chile. Bem fez o povo chileno quando, ao rebelar-se, varreu dali aquela conferência.

Os terrores inventados destinam-se a ocultar os verdadeiros.

O chamado "aquecimento global" é um mito pseudo-científico


Marcel Leroux [*]

entrevistado por La Nouvelle Revue d'Histoire

A característica do clima é a mudança. Contudo, actualmente há um discurso a afirmar que as mudanças do presente estão a levar a um aquecimento global inevitável. O estudo do passado confirma essa interpretação?

Não porque, à escala paleoclimática, as mudanças foram muito mais significativas do que nos dizem. Assim, em África, durante o último glaciar máximo, ou seja, entre 18.000 e 15.000 anos antes da nossa época, as temperaturas médias foram 5ºC mais baixas que as actuais, o deserto estendeu-se consideravelmente para Sul e a floresta quase desapareceu, enquanto que durante o óptimo climático do Holoceno, entre 9.000 e 6.000 anos antes da nossa época, as temperaturas eram 2ºC mais altas que as actuais e as florestas superavam em muito sua extensão actual. Quanto ao Saara, recebeu chuvas relativamente intensas, tanto de origem mediterrânica como tropical. Estava salpicado de lagos e pântanos e os pastores visitavam-no, como demonstram numerosos desenhos rupestres.

Depois de perder a extensa memória paleoclimática, não estamos a perder também a nossa memória climática imediata?

Hoje em dia a memória é muito selectiva, porque esquecemos o Outono surpreendentemente frio de Agosto de 2006 e nos apressamos a esquecer o Inverno de 2005-2006, que bateu recordes de frio ou de neve, ou o Inverno de 2000 quando a Sibéria registou suas temperaturas mais baixas e a Mongólia pediu ajuda internacional. Para não falar da África, que durante os anos sessenta beneficiou-se de precipitações superiores ao normal. A área do Sahel retrocedeu para o Norte, fazendo recuar o deserto. Ao mesmo tempo, no Norte da Eurásia e do Canadá, a floresta boreal e a agricultura deslocaram-se para Norte. A seguir, a partir de 1972, quando se inverteu a tendência, as precipitações diminuíram drasticamente e o Sahel voltou a deslocar-se gradualmente para Sul.

Deveríamos ter medo do aquecimento previsto por alguns "peritos"?

Historicamente os períodos cálidos sempre foram bons, como por exemplo no princípio da nossa era durante os anos triunfantes da República Romana e do Império. Durante a epopeia viking da Gronelândia e América do Norte, entre 1150 e 1300, na Europa central e ocidental prevaleceu um óptimo climático que deslocou os cultivos, particularmente a vinha, de 4 a 5 graus de latitude para o Norte. O "doce século XII" representa na tradição escocesa uma "idade de ouro" com seus Invernos suaves e Verões secos. A seguir, depois de uma descida da temperatura, voltou-se a um período "quente" conhecido pelos especialistas como o óptimo climático medieval, que favoreceu, em particular, as longas viagens de descobrimentos.

Pelo contrário, os episódios de frio foram considerados como "escuros", como o que depois de 1410 rompeu as relações com a Gronelândia ou o da "Pequena Idade do Gelo" entre 1600 e 1850, que atingiu sua maior intensidade cerca de 1708-1709, que Reaumur chegou "o ano do grande Inverno", período durante o qual os glaciares alpinos atingiram uma grande extensão, como o demonstram em 1789 os "Cahiers de dóleances" ("Cadernos de queixas") dos agricultores chamoniardos cujas pradarias haviam sido invadidas pelo gelo. Portanto, é ridículo que os meios de comunicação afirmem que o calor é sinónimo de calamidade, especialmente para as pessoas que, durante o Inverno, só pensam no Verão, a sonhar com a sua aposentação para residir no Sul ou em Espanha, ou inclusive no Marrocos, ou seja, ao Sol! Desta maneira, a "incrível suavidade" de Dezembro de 2006 e a redução da factura de calefacção poderiam ser apresentadas pelos meios de comunicação como desastres.

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