A Europa deve formular uma nova
política de segurança de longo prazo, seja como parte da OTAN ou independente
dela, dada a crescente brecha com os EUA, disse à Sputnik Matthias Platzeck,
presidente do Fórum Alemão-Russo e um ex-ministro-presidente do Brandenburgo da
Alemanha.
Platzeck lembrou um discurso de
2011 proferido por Barack Obama, em que o ex-presidente dos EUA afirmou aos
legisladores australianos que a política externa dos EUA estava voltando sua
atenção para o potencial econômico da região da Ásia-Pacífico. Os comentários
do ex-presidente vieram depois que ele anunciou o fim da missão dos EUA no
Iraque e o início da retirada de tropas do Afeganistão.
Quase uma década depois, a
atenção do presidente estadunidense Donald Trump para a região Ásia-Pacífico
resultou em uma guerra comercial com a China e tentativas de impedir a
participação da gigante tecnológica Huawei nas redes 5G.
Os Estados europeus estão sendo
pegos no fogo cruzado e também se tornaram alvo de sanções dos EUA por
subsídios da União Europeia (UE) concedidos ao fabricante de aeronaves Airbus
ou ao gasoduto Nord Stream 2, construído na Rússia, ligando a Rússia e a Alemanha.
"Então, mesmo naquela época,
ele [Obama] estava falando sobre a retirada gradual dos EUA dos compromissos no
Atlântico Norte. Trump exacerbou ainda mais sua maneira única. E ainda não
sabemos o que fazer com essas mudanças, com essa recusa, como tratar
estrategicamente esse problema e como viver nos próximos 20 anos",
analisou Platzeck.
Na recente Conferência de
Segurança de Munique, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier bateu
Washington, acusando o governo Trump de rejeitar ideias de comunidade e
cooperação internacionais. O ex-líder do estado de Brandemburgo ecoou esses
sentimentos e instou os países europeus a tomarem medidas para criar uma
política de segurança independente de Washington.
"Durante a Conferência de
Segurança de Munique, pudemos ouvir todos os cenários possíveis: brigadas
militares conjuntas, um exército europeu conjunto, um guarda-chuva nuclear
francês sobre a Europa, incluindo a OTAN ou sem ela. Mas nada está claro ainda.
A Europa tem que tomar algumas decisões difíceis. Agora é a hora de fazer
algumas perguntas fundamentais e encontrar essas soluções fundamentais",
observou Platzeck.