terça-feira, 31 de agosto de 2021

Críticas ao PR de Timor-Leste devido à pobreza e desigualdade

Críticas ao Presidente de Timor-Leste devido à crescente pobreza e desigualdade

M. Azancot de Menezes*

O Povo de Timor-Leste “sente-se hoje abandonado e desiludido!”. Quem assume este pensamento é a União dos Movimentos Democráticos e Patrióticos (UMDP), em Carta Aberta remetida ao Presidente de Timor-Leste, em 30 de Agosto de 2021, por ocasião do 22º aniversário do referendo em Timor-Leste.

As fortes críticas dirigidas a Francisco Guterres (Lu´Olo) justificam-se pela sua “passividade”, enquanto Chefe de Estado, face ao impasse político existente desde 2017, caracterizado por “uma desmedida luta pelo poder político ”tendo por base “uma errada interpretação das normas constitucionais”, pode ler-se no documento.

A indignação da UMDP, pode inferir-se pelo teor da Carta Aberta, reside no facto do impasse político ter contribuído de forma drástica para o declínio acentuado da situação económica e social no país, pois, devido às deficientes políticas de âmbito económico e social, muitas empresas entraram em falência, muito antes da pandemia da Covid-19, havendo como consequência directa múltiplos despedimentos de chefes de família e o aumento da pobreza e da miséria em Timor-Leste.

O povo votou, porque acreditava na sua força de vencer. O povo votou, consentindo sacrifícios, porque sabia que com a libertação iria assumir as verdadeiras rédeas do destino da sua mãe Pátria, através duma verdadeira democracia a ser instalada na sociedade política…

O povo acreditou, mas sente-se hoje abandonado e desiludido! Contudo, mais uma vez, cimentou sua esperança e está buscando novas formas de luta pela realização das suas mais elementares aspirações, uma delas encarnada na UMDP e outras virão para assumir as esperanças dum povo sofredor e abandonado pelos líderes em quem eles depositaram as suas mais sublimes aspirações!

(Extractos da Carta Aberta da UMDP)

Timor-Leste | Somotxo candidato à presidência da Fretilin

O deputado e veterano José Somotxo revelou que vai disputar a liderança da Fretilin, maior partido timorense, afirmando que o faz "por honra" e "procurando responder a um chamamento" de quadros e militantes do partido.

"Como em 1975 fui chamado para lutar em defesa da liberdade e da democracia em Timor-Leste, agora vários quadros e militantes consideram que ainda tenho alguma coisa a contribuir. Este é o chamamento que estou a receber dos quadros", disse.

Veterano de 24 anos de luta na frente armada - é o único a par do atual presidente da República, Francisco Guterres Lú-Olo, no Comité Central da Fretilin - Somotxo vai apresentar-se com Rui Araújo, ex-primeiro-ministro, num "pacote" de candidatura aos cargos de presidente e secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

"Em Timor-Leste parece que os militantes e quadros de todos os partidos confiam só em uma ou duas figuras políticas que repetidamente estão ali à frente. Da parte da Fretilin, é tempo para mudar", afirmou.

"Trata-se de levar o partido em frente porque se insistirmos sempre na mesma coisa estaremos a querer afundar e enterrar o partido. Em todas as revoluções tem que estar o rei para começar a revolução. Não começa só quando morre o rei", disse.

Dúvidas sobre papel de democratas nas eleições de Hong Kong

Analistas com muitas dúvidas sobre papel dos democratas nas eleições de Hong Kong

Em Hong Kong, as eleições para o Conselho Legislativo (LegCo) são a 19 de Dezembro e começa-se agora a tentar antecipar cenários sobre qual será o papel dos democratas. Serão desqualificados todos os candidatos democratas, como em Macau? Lo Kin Hei, presidente do Partido Democrata da região vizinha, diz acreditar que serão excluídos “apenas alguns candidatos”. Num ‘webinar’ promovido pela Hong Kong Democratic Foundation, os analistas concordaram que os democratas terão de se reinventar.

André Vinagre | Ponto Final (mo) | opinião

A Hong Kong Democratic Foundation organizou ontem um ‘webinar’ sobre as eleições legislativas da região vizinha, que se realizam a 19 de Dezembro. Paul Zimmerman, presidente da organização, foi o moderador e, entre os convidados, estiveram o politólogo Sonny Lo e os professores universitários John Burns e Jean-Pierre Cabestan.

Lo Kin Hei, presidente do Partido Democrata de Hong Kong, também participou no debate. Cabestan acabou por perguntar-lhe se acreditava que as autoridades poderiam vir a desqualificar todos os candidatos democratas, como fizeram em Macau. “Se Pequim seguir o mesmo percurso de Macau e desqualificar democratas moderados por alegadamente não serem patriotas, isso poderá ser uma grande barreira para os democratas [de Hong Kong]”, afirmou o professor da Universidade Baptista de Hong Kong.

O presidente do Partido Democrata assumiu que não sabe, ainda assim, disse: “Diria que Pequim não vai dizer que todo o partido democrata não vai poder concorrer, mas vai excluir alguns candidatos”. “Ainda há muitos pontos de interrogação quanto ao Partido Democrata nas eleições”, completou Cabestan.

China quer acabar com a cultura de trabalho excessivo no país

# Publicado em português do Brasil

Justiça citou vários exemplos de empresas em uma série de setores que violaram as regras trabalhistas, incluindo uma empresa de entregas não identificada

China está notificando as empresas que sobrecarregam seus funcionários.

O tribunal superior do país emitiu na quinta-feira (26) uma longa condenação ao que é comumente conhecido na China como “996”, a prática de trabalhar das 9h às 21h seis dias por semana, considerada comum entre as grandes empresas de tecnologia do país, startups e outras empresas privadas.

“Recentemente, o trabalho extraordinário em algumas indústrias tem recebido atenção generalizada”, escreveu o Supremo Tribunal Popular em sua declaração, emitida junto ao Ministério de Recursos Humanos e Previdência Social. Os trabalhadores merecem direitos de “descanso e férias”, acrescentando que “aderir ao sistema nacional de horas de trabalho é obrigação legal dos empregadores”, escreveu o tribunal.

O órgão citou vários exemplos de empresas em uma série de setores que violaram as regras trabalhistas, incluindo uma empresa de entregas não identificada que disse aos funcionários que trabalhassem no modelo 996. Dizer aos funcionários que trabalhem tanto “violou gravemente a lei sobre a extensão do limite máximo da jornada de trabalho e deve ser considerado inválido”, disse o tribunal.

A reação pública contra a cultura do trabalho excessivo não é nova. O co-fundador do Alibaba (BABA), Jack Ma, por exemplo, foi fortemente criticado na China dois anos atrás, após chamar a cultura 996 de “uma grande bênção”. E a lei trabalhista chinesa já proíbe os funcionários de trabalhar por tanto tempo.

Jill Disis | CNN Business | Imagem: Marko Lovric / Pixabay

Da rua do meio ao meio da rua

Afonso Camões* | Diário de Notícias | opinião

A moral e a ética que inventámos dependem muito do exato lugar que cada um ocupa. Por vezes, até, falamos de ricos e pobres com as mesmas letrinhas, quando um mora na rua do meio e o outro no meio da rua. Vinte meses e 4,5 milhões de mortes depois do maior desafio global que enfrentámos, a pandemia, a resposta à crise revela que aprendemos pouco: em vez de um mundo mais coeso e solidário, vemo-lo mais orientado por interesses nacionais e em que as desigualdades entre os países se acentuam e consolidam.

O debate agora aberto sobre a necessidade de uma terceira dose da vacina anticovid em países mais ricos representa não só um enorme fracasso moral para o Ocidente, mas também a confirmação de que não existe uma visão global para mitigar as desigualdades agravadas pela pandemia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto menos de 2% da população dos países mais pobres está protegida contra a doença, vários países entre os mais ricos preparam-se para destinar centenas de milhões de vacinas a uma terceira dose.

"Valeu de tudo no Porto para correr com moradores...

... Receamos o que aí vem"

ENTREVISTA

Ilda Figueiredo, candidata pela CDU à Câmara do Porto nas eleições autárquicas deste ano, é a entrevistada de hoje do Vozes ao Minuto.

Ilda Figueiredo é, pela segunda vez consecutiva, a candidata do CDU à Câmara do Porto. Uma aposta que leva em conta a forma como a candidata defende os valores do partido e que a própria diz ser o resultado de um trabalho de proximidade que pretende dar voz aos cidadãos da cidade do Porto.

Aos 72 anos, a antiga eurodeputada candidata-se com um programa que promete dar continuidade às propostas apresentadas em 2017 e que pretende dotar a cidade de uma nova gestão municipal, onde a habitação volte a ser uma prioridade.

Trazer as pessoas de volta ao Porto, dando-lhes condições de habitabilidade que estão ao seu alcance financeiro, é o principal objetivo da vereadora, que não poupa críticas a Rui Moreira pela especulação imobiliária na cidade. 

Ilda Figueiredo considera que a pandemia “veio tornar mais claro que as propostas que a CDU tem vindo a fazer para o Porto são ainda mais urgentes” e que “exige uma outra dinâmica e uma gestão alternativa da cidade”. 

Sem querer fazer prognósticos sobre aquele que será o resultado das eleições no próximo dia 26 de setembro, Ilda Figueiredo assume que um “resultado ótimo” para o partido seria vencer a liderança da autarquia. Não acontecendo, recorda que a presença da CDU na cidade é essencial.

Confira na entrevista que se segue a visão da candidata do PCP à Câmara da Invicta, as suas propostas e a forma como analisa o trabalho que foi desenvolvido na cidade nos últimos anos.

Portugal | Confundir Cultura

Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

O Garantir Cultura foi lançado pelo Governo para financiar a criação e programação culturais. Pela primeira vez, todos (ou quase todos) os projetos elegíveis tiveram direito ao apoio. Para muitos milhares de trabalhadores das artes, este pode ser mesmo o rendimento que faz a diferença depois de uma prolongada paralisação das atividades culturais.

Segundo as regras destas linhas de financiamento, estão previstas duas formas de participação: uma para empresas e outra para entidades singulares e coletivas que não prossigam atividade de natureza empresarial. Segundo o regulamento trata-se, em ambos os casos, de um apoio a fundo perdido. Na verdade, é um financiamento para a realização de atividades, atribuído perante a justificação das despesas efetuadas.

O processo de candidatura foi atribulado nos prazos, mas relativamente simples nos procedimentos, tal como os primeiros recebimentos. Tudo corria estranhamente bem, num Ministério habituado a ligar o complicómetro e dificultar a vida a quem já lida com o caos burocrático que vem com a precariedade específica do setor. Tudo corria bem até os beneficiários do financiamento começarem a ser confrontados com um conjunto de exigências ausentes do regulamento.

Afeganistão, eletricidade é ouro, e no roubar é que está o ganho

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O novo estado da luz

Pedro Candeias | Expresso

Bom dia, Afeganistão.
Vinte anos depois do início e vinte quatro horas antes do fim anunciado, os EUA retiraram-se oficialmente do Afeganistão que é novamente um estado independente. Para trás ficaram duas décadas de presença militarizada, diplomática e política num país longínquo que disseram querer consertar e proteger logo que o expurgassem dos seus dois males: a Al-Qaeda de Osama Bin Laden e os talibãs que o escondiam.

Na mais longa guerra, despejaram incontáveis centenas de milhões de euros e combateram e enxotaram os talibãs, que nunca foram derrotados; encontraram e mataram Bin Laden no Paquistão e vingaram o 11 de Setembro; assumiram o poder e por ele ficaram lá até ao último dia de agosto de 2021: em menos de 15 dias, 123 mil pessoas deixaram Cabul.

E como noutras histórias de invasões, algumas delas neste mesmo território, o final desta foi caótico e violento: houve mortes, informações contraditórias, acusações, novas alianças e novas promessas, um atentado suicida e o surgimento de uma estirpe de um vírus antigo chamado ISIS-K que não agrada a invasores nem a invadidos.

O último dos cinco C-17 norte-americano levantou voo no frenético aeroporto de Cabul sob ameaças do Daesh e disparos de armas em jeito de celebração talibã, levando dentro dele o embaixador dos EUA e o general. Em terra ficaram muitos afegãos colaboracionistas e umas centenas de americanos – e ainda mais dúvidas sobre a real influência da todo-poderosa nação naquele lugar.

Pois os talibãs reconquistaram o terreno perdido e a capital num blitz, e trouxeram com eles, de novo, a versão mais extremista da sharia, montados não só em pickups e armas ultrapassadas, mas também com equipamentos americanos de última geração arrebatados aos militares afegãos.

Tudo demasiado estranho e estranhamente distópico, que impossibilita qualquer transição suave, o que, na verdade, nunca esteve no topo da lista das preocupações de Joe Biden. Parece claro que, para o presidente dos EUA, o que realmente importava agora era tirar os seus de lá, rapidamente e em segurança: “Esta retirada foi uma opinião unânime entre as chefias militares. Terminar a nossa missão militar era a melhor forma de proteger a vida dos nossos soldados e assegurar a saída para os civis que querem deixar o Afeganistão”.

Depois disto, virá o tempo da política, para mascarar esta derrota histórica em algo menos dramático, e a seguir os tempos diplomacia e das negociações para ajudar quem ainda não saiu e encontrar alternativas dignas para os refugiados. A Europa, que se viu arrastada pelos EUA neste abandono apressado, tem algumas ideias que envolvem dinheiro e botas no terreno.

Até que o último saia e apague a luz. E que cheguem as trevas.

Moçambique | Guebuza (filho) desrespeita Tribunal e MP

Dívidas ocultas: Ndambi Guebuza desrespeita Tribunal e Ministério Público

No sexto dia do julgamento, houve momentos de tensão entre Ndambi Guebuza e a magistrada do Ministério Público, Ana Sheila Marrengula. O filho do ex-Presidente Armando Guebuza desrepeitou a magistrada do MP e o tribunal.

Ndambi Guebuza, o filho do antigo Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, negou em tribunal ter recebido dinheiro da Prinvinvest, na esteira do julgamento das dívidas ocultas.

O Tribunal exibiu vários e-mails em que o outro co-réu, Teófilo Nhangumele, e Jean Boustani, negociador da Privinvest, falavam em divergências na divisão dos 50 milhões de dólares entre Teófilo, Ndambi Guebuza e Bruno Langa.

Numa das conversas, Nhangumele queixava-se a Jean Boustani do fato de Ndambi Guebuza ter recebido 33 milhões de dólares e os outros companheiros, Bruno Langa e Teógilo Nhangumele, terem recebido 8,5 milhões cada.

"Acordou com os seus amigos Bruno e Teófilo em dividir uma quantia de 50 milhões de dólares. Tiveram uma conversa, um acordo nesse sentido?", questionou o juiz.

"Nunca tive esse tipo de conversa com eles de 50 milhões de dólares para dividir, nunca tive essa conversa”, respondeu o réu. 

Angola | Desunião da oposição pode ajudar a perpetuar MPLA

Desunião da oposição pode ajudar a perpetuar MPLA no poder em Angola

Líder da CASA-CE minimiza aspirações da Frente Patriótica nas próximas eleições em Angola. Mas se a oposição não se unir, será "completamente impossível" desalojar MPLA do poder, diz analista. "Estes flancos não ajudam."

O presidente da coligação angolana Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, desvalorizou nesta segunda-feira (30.08) as pretensões da Frente Patriótica Unida, bloco político na oposição que se propõe a tirar o MPLA do poder, considerando que "a verdadeira frente" é o seu partido, que diz estar muito compacto e coeso.

Em entrevista à DW África, o analista político angolano Olívio Kilumbo considera que as declarações de Manuel Fernandes revelam que em Angola há dois blocos da oposição política e essa desunião da oposição pode contribuir para ajudar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) a perpetuar-se no poder.

Luanda: Polícia impede manifestação sobre lei eleitoral

Manifestantes queixam-se de terem sido impedidos pela polícia de se concentrarem hoje defronte à Assembleia Nacional, em Luanda. Jovens pretendiam "exigir justiça e transparência" no debate sobre o pacote eleitoral.

Mais de 20 jovens ativistas dizem que não lhes foi permitido chegar junto do portão sul da Assembleia Nacional, a entrada principal, onde pretendiam concentrar-se esta segunda-feira (30.08) em protesto contra o diploma eleitoral em discussão pelas comissões de especialidade.

Hoje, contrariamente aos dias anteriores, a polícia nacional montou um extenso cordão de segurança em todo o perímetro da Assembleia Nacional e locais adjacentes, incluindo efetivos da brigada de cavalaria e agentes à paisana.

A duzentos metros da entrada principal da sede da Assembleia Nacional, em Luanda, os órgãos de informação presenciaram a detenção de várias pessoas e ações de revistas e interpelações, sobretudo de jovens que ali circulavam.

Cidadãos que por ali passavam lamentaram as detenções de vários ativistas considerando que a corporação estava a passar uma "imagem muito feia" à sociedade.

O Taleban não é anti-indiano, é a Índia que é anti-Taliban...


 ...e esse é o problema

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | OneWorld

Se a Rússia conseguir fazer com que a Índia perceba que o Taleban não é uma ameaça à segurança nem são "representantes paquistaneses", então pode facilmente ajudar os dois a se conectarem, fazendo uso de seus laços estreitos com cada um.

A Índia ficou abruptamente sem nenhuma influência no Afeganistão desde que a tomada do país pelo Taleban o levou a evacuar todos os seus diplomatas. Nova Delhi se recusa a negociar publicamente com o Taleban, que ele e muitos outros países como a Rússia ainda consideram um grupo terrorista, o que o torna inelegível para participar da Troika Estendida. O estado do sul da Ásia investiu mais de US $ 3 bilhões em projetos de desenvolvimento nas últimas duas décadas, então certamente tem interesse em restaurar sua influência no Afeganistão, mas isso exigirá que engaje pragmaticamente o Taleban, assim como a Rússia está fazendo , embora Nova Delhi tenha feito isso até agora se recusou a fazê-lo.

A razão oficial é que o Taleban é terrorista, mas isso não impediu outros países como a China e até mesmo os Estados Unidos de interagir com ele, especialmente depois que se tornaram líderes de fato do Afeganistão. Extraoficialmente, o governo nacionalista hindu da Índia pode temer a ótica de falar com um movimento islâmico. Isso não só pode prejudicar seu apelo de soft power em casa, mas alguns podem temer que isso inspire outros movimentos islâmicos em outras partes do país, como em Jammu e Caxemira. Seja como for, a Índia já tem sua parte desse território disputado quase inteiramente sob seu controle, apesar de algumas preocupações estrangeiras sobre os direitos humanos dos locais supostamente violados como resultado, então realmente não tem muito a temer ao falar com os Talibã.

A prerrogativa está inteiramente do lado da Índia para restaurar as relações bilaterais com o Afeganistão liderado pelo Talibã, uma vez que esse grupo não é anti-indiano, mas é a Índia que é anti-Talibã. O Taleban não tem nenhuma intenção expansionista estrangeira, nem planeja hospedar nenhuma organização terrorista estrangeira como parte de seu acordo de paz de fevereiro de 2020 com os EUA. De fato, um de seus porta-vozes chegou a dizer que aspiram a ter relações positivas com todos os países, inclusive a Índia. O problema, entretanto, é que a Índia não quer ter relações positivas com o Afeganistão liderado pelo Taleban. Isso é visto com mais clareza pelo primeiro-ministro Modi, que os descreve como um "império do terror", ao qual o Talibã respondeu prometendo que o mundo logo verá como ele governará “suavemente”.

Após 20 anos de guerra os EUA só causaram morte e destruição

A crise afegã deve acabar com o império de guerra, corrupção e pobreza

# Publicado em português do Brasil

Medea Benjamin e Nicolas JS Davies * | Dissidente Voice

Os americanos ficaram chocados com vídeos de milhares de afegãos arriscando suas vidas para fugir do retorno do Taleban ao poder em seu país - e depois com um atentado suicida no Estado Islâmico e o massacre subsequente pelas forças dos EUA que juntos mataram pelo menos 170 pessoas, incluindo 13 soldados americanos .

Mesmo com asagências da ONU alertando sobre uma crise humanitária iminente no Afeganistão, o Tesouro dos EUA  congelou quase todas as reservas de moeda estrangeira de US $ 9,4 bilhões do Banco Central Afegão, privando o novo governo de fundos de que precisará desesperadamente nos próximos meses para alimentar seu pessoas e fornecer serviços básicos.

Sob pressão do governo Biden, o Fundo Monetário Internacional decidiu não liberar US $ 450 milhões em fundos que deveriam ser enviados ao Afeganistão para ajudar o país a lidar com a pandemia do coronavírus.

Os EUA e outros países ocidentais também suspenderam a ajuda humanitária ao Afeganistão. Depois de presidir uma cúpula do G7 sobre o Afeganistão em 24 de agosto, o primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson disse que negar ajuda e reconhecimento lhes deu "uma influência muito considerável - econômica, diplomática e política" sobre o Taleban.

Os políticos ocidentais expressam essa influência em termos de direitos humanos, mas estão claramente tentando garantir que seus aliados afegãos mantenham algum poder no novo governo e que a influência e os interesses ocidentais no Afeganistão não acabem com o retorno do Taleban. Essa vantagem está sendo exercida em dólares, libras e euros, mas será paga em vidas afegãs.

Para ler ou ouvir analistas ocidentais, alguém poderia pensar que a guerra de 20 anos dos Estados Unidos e seus aliados foi um esforço benigno e benéfico para modernizar o país, libertar as mulheres afegãs e fornecer saúde, educação e bons empregos, e que isso tem tudo agora foi varrido pela capitulação ao Talibã.

A realidade é bem diferente e não é tão difícil de entender. Os Estados Unidos gastaram  US$ 2,26 trilhões em sua guerra no Afeganistão. Gastar esse tipo de dinheiro em qualquer país deveria ter tirado a maioria das pessoas da pobreza. Mas a grande maioria desses fundos, cerca de US $ 1,5 trilhão, foi para gastos militares absurdos e estratosféricos para manter a ocupação militar dos EUA, lançar  mais de 80.000 bombas e mísseis sobre os afegãos, pagar empreiteiros privados e transportar tropas, armas e equipamentos militares de um lado para outro em todo o mundo há 20 anos.

Último avião militar dos EUA deixa Cabul após duas décadas

Vinte anos depois, EUA deixam o Afeganistão de novo na mão dos talibãs

Norte-americanos dão por encerrado o ciclo de 20 anos de presença militar no Afeganistão, com a retirada do último avião. "Não retirámos toda a gente que queríamos", admite o Pentágono

s militares norte-americanos anunciaram esta segunda-feira a saída dos últimos soldados dos Estados Unidos do Afeganistão, encerrando assim um conflito de 20 anos e que terminou com o assalto dos talibãs ao poder no pais asiático.

"Estou aqui para anunciar a conclusão de nossa retirada do Afeganistão", disse o comandante do Comando Central, general Kenneth McKenzie.

O comandante das forças militares americanas no Afeganistão e o embaixador de Washington foram os últimos a embarcar no último avião norte-americano a retirar-se de Cabul. "No último avião a sair estava o general Chris Donahue, comandante da 82ª Divisão Aerotransportada e meu comandante de força terrestre lá, acompanhado pelo embaixador Ross Wilson", afirmou.

Na capital do Afeganistão, ouviram-se tiros comemorativos vindos de vários pontos de controlo dos talibãs, bem como aplausos dos combatentes que comandavam os postos de segurança. "À meia-noite, hora do Afeganistão, as tropas americanas que restavam no país deixaram o aeroporto de Cabul e o nosso país ganhou independência total", escreveu o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, no Twitter.

O Grande Jogo de Esmagar Nações

John Pilger*

Há mais de uma geração o Afeganistão conquistou a sua liberdade. Os EUA, a Grã-Bretanha e os seus “aliados” destruíram-na. Eis a realidade que os responsáveis e os seus papagaios mediáticos procuram elidir, enquanto choram lágrimas de crocodilo pela caótica situação que geraram. Aqueles que mobilizaram o mais fanático obscurantismo contra o governo progressista do PDPA estavam conscientes de que, ao fazê-lo, sacrificavam as reformas sociais e económicas no Afeganistão. E, muito mais do que os fundamentalistas islâmicos, foram os EUA/NATO quem as arrasou.

Enquanto um tsunami de lágrimas de crocodilo engolfa os políticos ocidentais, a história é suprimida. Há mais de uma geração o Afeganistão conquistou a sua liberdade, que os EUA, a Grã-Bretanha e os seus “aliados” destruíram.

Em 1978, um movimento de libertação liderado pelo Partido Democrático Popular do Afeganistão (PDPA) derrubou a ditadura de Mohammad Dawd, primo do rei Zahir Shah. Foi uma revolução imensamente popular que apanhou de surpresa ingleses e norte-americanos.

Jornalistas estrangeiros em Cabul, relatou o The New York Times, ficaram surpresos ao descobrir que “quase todos os afegãos que entrevistavam diziam [estar] encantados com o golpe”. O Wall Street Journal relatou que “150.000 pessoas … marcharam em homenagem à nova bandeira … os participantes pareciam genuinamente entusiasmados.”

O Washington Post relatou que “a lealdade afegã ao governo dificilmente pode ser questionada”. Secular, modernista e, em grau considerável, socialista, o governo declarou um programa de reformas visionárias que incluía direitos iguais para mulheres e minorias. Os presos políticos foram libertados e os arquivos da polícia queimados publicamente.

Sob a monarquia, a esperança de vida era de 35; 1 em cada 3 crianças morria na infância. Noventa por cento da população era analfabeta. O novo governo introduziu cuidados médicos gratuitos. Foi lançada uma campanha de alfabetização em massa.

Para as mulheres, os ganhos não tinham precedentes; no final da década de 1980, metade dos estudantes universitários eram mulheres, e as mulheres representavam 40% dos médicos do Afeganistão, 70% dos professores e 30% dos funcionários públicos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Assistência de Costa a Temido e um abraço ao Presidente...

Bom dia este é o seu Expresso Curto

A assistência de Costa a Temido, um abraço ao Presidente e um filme tragicamente repetido

Filipe Garcia | Expresso

Bom dia,

São poucos os estreantes que se fazem estrelas na primeira jogada. Primeiro é preciso conhecer o jogo, depois os companheiros, a seguir convém estudar os adversários e ainda se recomenda a aprendizagem de um ou dois truques, fintas capazes de tirar do caminho os mais insistentes. No currículo, a Marta Temido, ministra da saúde, não faltam jogadas capazes de fazer levantar estádios, silenciar adversários ou de convencer os mais céticos. Ainda assim, o que se viu este fim-de-semana no 23º congresso do PS foi jogada em terreno novo: no espaço de horas, Temido recebeu o cartão de militante e a benção do secretário-geral para lhe suceder. Um jogada que promete dar que falar, mais do que a liderança socialista admite querer.

No encerramento do congresso, António Costa gabou-se do partido unido, das vantagens que isso traz para a governação e do estatuto de “maior partido autárquico do país”. O primeiro-ministro ainda anunciou medidas a piscar o olho à esquerda – essencial para a aprovação do próximo Orçamento do Estado – antes de lançar a bicada aos muitos que sentem “irritação” por ver um PS unido e a funcionar. No ar ficou a dúvida até que ponto a união é real.

Na mesa mais visível do congresso, sentaram-se Fernando Medina, Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva. E ainda Pedro Nuno Santos, o mais declarado dos candidatos ao lugar que Costa mais cedo ou mais tarde deixará vago, o único que não falou, o tal que chegou tarde deixando o primeiro-ministro na dúvida se tinha tido “um furo ou adormecido”. A essa provação, o ministro das infraestruturas e da habitação respondeu. “O secretário-geral é um brincalhão”, disse.

Não duvidando do sentido de humor do primeiro-ministro, fiquei na dúvida. A assistência para Temido - "Sim, pode ser sucessora, pode. Daqui a dois anos já tem tempo de militância suficiente para concorrer a líder do PS", disse ao Observador - pareceu assunto sério e nem a ministra vacilou na hora de receber a bola. "O futuro é uma coisa que é sempre ampla e nunca se sabe o que nos pode trazer", disse, quanto mais não fosse para lembrar que as melhores jogadas nem sempre se fazem na primeira montra.

Os julgamentos de Hell’s Angels, E-toupeira, Tancos & outros

Hell’s Angels, E-toupeira, Tancos, comandos e GPS: o que nos traz o novo ano judicial

“Entre os julgamentos previstos para se iniciarem depois de setembro está o que envolve o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no caso 'Selminho', em que o autarca, que responde por um crime de prevaricação, é acusado de favorecer a imobiliária da família, da qual era sócio”

Depois de um mês e meio de férias judiciais, durante as quais os tribunais estiveram encerrados e apenas foram efetuadas citações, notificações, registos de penhora e atos que visassem evitar dano irreparável, o primeiro grande processo a conhecer a leitura do acórdão é o que diz respeito ao caso dos comandos, no qual está em causa a morte dos jovens Hugo Abreu e Dylan da Silva neste curso de formação militar, em Alcochete, em setembro de 2016.

Com quase três anos de julgamento, a decisão do coletivo de juízes presidido pela magistrada Helena Pinto está marcada para 06 de setembro, no tribunal de Monsanto, em Lisboa. O Ministério Público (MP) pediu a absolvição de 14 dos 19 arguidos e apenas uma pena de prisão efetiva de 10 anos para o instrutor de curso Ricardo Rodrigues.

Cerca de um mês depois, em 11 de outubro, é a vez do processo relativo ao furto - em junho de 2017 - e à alegada encenação na recuperação -- em outubro desse ano - de armamento dos paióis de Tancos, chegar à fase de sentença. Neste julgamento, a acusação decidiu pedir a absolvição de 11 dos 23 arguidos, entre os quais o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

Se estes julgamentos atingem muito em breve o seu último capítulo, outros começam no próximo mês a fazerem o seu caminho na sala do tribunal. Entre os julgamentos mais mediáticos prestes a arrancar, o primeiro é dos 88 membros do grupo de 'motards' Hells Angels, por crimes como associação criminosa, tentativa de homicído, roubo e extorsão, em 13 de setembro.

Portugal | Festa do Avante é já no próximo fim de semana

A Festa do Avante! como "afirmação do bem-estar, da saúde e da fruição da vida"

A Quinta da Atalaia voltará a ser, no próximo fim-de-semana, «o espaço público mais seguro do País para se estar» e desfrutar. Lotação permitida dentro do recinto aumentou para 40 mil visitantes.

Prova viva «de que é possível garantir a segurança e protecção no plano da saúde e simultaneamente fruir a vida, a cultura e o convívio», a Festa do Avante!, que tem início na próxima sexta-feira, divulgou o plano de contingência elaborado de acordo com as orientações da Direcção-Geral de Saúde (DGS), garantindo a «protecção e segurança dos seus visitantes, de artistas e técnicos, de camaradas e amigos que asseguram o funcionamento da Festa».

Em comunicado divulgado ao AbrilAbril, a organização do evento volta a destacar, de entre as muitas medidas que perfazem o documento, a redução do número de palcos,  o aumento das plateias e o alargamento do espaço do recinto, «com mais de 30 hectares totalmente ao ar livre».

Portugal | Governo Sombra obrigado a mudar de nome

"Por boa-fé nunca registámos"

Carlos Vaz Marques acusou a TSF de patentear "à revelia" o nome do programa que existe desde 2008.

Há dias, soube-se que o programa continuaria na SIC Notícias, mas deixaria a TSF para passar tornar-se num podcast do ‘Expresso’, visto que, o jornalista Carlos Vaz Marques tem, neste momento, um conflito com a direção desta rádio e com o Global Media Group.

O regresso do quarteto neste novo formato está marcado para a próxima sexta-feira, dia 3 de setembro. Contudo, o programa foi obrigado a mudar de nome.

Na manhã desta segunda-feira, Carlos Vaz Marques revelou, no Twitter, que vão continuar a ser “os quatro cromos de sempre, como desde 2008”, no entanto, “com uma pequeníssima alteração”: o nome do programa.

“Estamos impedidos de continuar a usar a marca que criámos. Por ingenuidade e boa-fé nunca a registámos”, começa por contar o jornalista, passando, de seguida, a acusar a TSF de ter patenteado o nome do programa “à revelia”.

“A rádio TSF, desde 2014 propriedade do Global Media Group, patenteou-a como sua em 2018 à nossa revelia, soubemo-lo recentemente, e impede-nos agora de continuarmos a usá-la. Que lhes faça bom proveito. Assim sendo, regressaremos ao pequeno ecrã sob outra designação”, explicou.

Carlos Vaz Marques garante ainda que “os espetadores e ouvintes podem continuar a chamar ao programa o que quiserem”, pois não estão “limitados por impedimentos legais”.

Contudo, deixa uma proposta aos seguidores do ‘Governo Sombra’: “Quem quiser pode sugerir alternativas, sinta-se à vontade”.

No Twitter, além de “Windsurf e Surubas”, há quem sugira “Oposição Iluminada”, “Geringonça" e até “À Sombra do Governo”.

Resta saber, qual o nome escolhido para o novo formato do programa do quarteto de sempre.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Twitter / Carlos Vaz Marques

Covid-19. Timor-Leste estima quase 100.000 infetados em Díli

As autoridades timorenses estimam que possam existir cerca de 100 mil pessoas infetadas com a SARS-CoV-2 em Díli, depois daquela que foi a pior semana da pandemia em termos de novos casos, hospitalizações e mortes.

"A prevalência estimada de covid-19 em Díli é entre 27,2 e 31,7%. Com base nesta avaliação estima-se que cerca de 100.000 pessoas em Díli estão atualmente infetadas. Isto representa um risco particular para quem ainda não vacinado", pode ler-se no boletim epidemiológico semanal.

A análise baseia-se na taxa de positividade, ou seja, no número de casos positivos em percentagem dos testes realizados, e na semana entre 23 e 29 de agosto, foram encontrados 1.777 casos entre 6.061 testes, ou seja, 29,3%, mais do que os 24,7% da semana anterior.

No boletim confirma-se que na semana entre 23 e 29 de agosto houve um total de 2.186 casos no país, o pior registo semanal desde o início da pandemia, correspondendo a 13,3% de todos os casos registados no país até agora.

"A pandemia COVID-19 continua a afetar muitas pessoas em Timor-Leste, com um elevado número de casos graves e mortes na última semana. A maioria dos casos graves e mortes são pessoas que ainda não foram vacinadas", refere-se no documento.

Terroristas de Cabo Delgado em fuga para Tanzânia e Quénia

Fuga de terroristas de Cabo Delgado gera "alerta máximo" na Tanzânia e no Quénia

Ofensiva militar em Cabo Delgado estaria a provocar retorno de terroristas para Tanzânia e Quénia. Serviços de inteligência desses países estão em alerta devido a ataques alegadamente vinculados a terroristas em fuga.

O comissário de Operações e Formação da Polícia da Tanzânia, Liberatus Sabas, não exclui a possibilidade de o ataque terrorista da semana passada em Dar es Salaam estar ligado às operações militares em Cabo Delgado. A informação foi publicada pelo jornal queniano The East Africa no sábado (28.08). Sabas acrescentou, no entanto, que o motivo do ataque continua desconhecido.  

O alegado retorno de suspeitos de terrorismo em fuga de Cabo Delgado tanto à Tanzânia como ao Quénia provocou "alerta máximo” nas agências de inteligência destes dois países, segundo o jornal.  

Na semana passada, o Quénia e a Tanzânia registaram incidentes ligados ao terrorismo. Na quarta-feira, Hamza Hassan Mohamed, de 29 anos, matou quatro pessoas e feriu outras seis na cidade mais populosa da Tanzânia. O atirador foi morto pela polícia.  

Dois dias antes, a polícia queniana em Mombaça prendeu dois suspeitos de terrorismo - um dos quais é tanzaniano. Foram apreendidos dois fuzis AK-47 e explosivos. Eles estaria a planear um ataque no aniversário da morte do clérigo muçulmano radical Sheikh Aboud Rogo, morto em 2012 em Mombaça.

STP | Arranca campanha para segunda volta das presidenciais

A campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe, que se realiza em 5 de setembro, começou hoje (26.08) depois de vários incidentes que marcaram a primeira volta, em 18 de julho.

Na corrida presidencial estão o candidato apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI, oposição), Carlos Vila Nova, e Guilherme Posser da Costa, que tem o apoio do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD, no poder).

Carlos Vila Nova é engenheiro de formação e foi por duas vezes ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais nos governos da ADI, do então primeiro-ministro Patrice Trovoada.

Vila Nova, que venceu a primeira volta das presidenciais com 43,3% dos votos, disse na sua última declaração à imprensa que está "confiante na força e na vontade popular".

Guilherme Posser da Costa foi o segundo candidato mais votado na primeira volta, registando 20,7% dos votos. Advogado e antigo primeiro-ministro são-tomense, Posser da Costa, na sua mais recente declaração à imprensa, defendeu que "o povo ainda não escolheu um vencedor" e afirmou-se como candidato que "sempre tem pugnado pela paz, pela estabilidade quer social, quer institucional, como garantia necessária para o progresso de São Tomé e Príncipe".

Angola | Processos contra jornalistas preocupam entidades

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos e MISA-Angola consideram que o ambiente para exercício de jornalismo "inibe a liberdade de imprensa". Em congresso, Teixeira Cândido foi reeleito secretário-geral do SJA.

"A experiência mostra que, quando se criminaliza muito a atividade jornalística, naturalmente acaba por condicionar as liberdades", disse André Mussamo, presidente do Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA) em Angola, em declarações à DW África.

"Não há bom jornalismo sem liberdades. Nós temos estado a acompanhar com apreensão e preocupação. Manifestamos a nossa solidariedade e nosso apoio possível, nem que seja só moral. A situação nos últimos tempos não é propriamente um ambiente saudável para o exercício de jornalismo", acrescentou.

André Mussamo falava no VI Congresso do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), realizado este sábado (28.08) e que reelegeu Teixeira Cândido para o cargo de secretário-geral.

Os delegados do congresso se mostraram solidários com os profissionais intimados, assim como Alves Fernandes, jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA), que, recentemente, foi alvo de críticas por denunciar censura no órgão público. "Repudiamos qualquer tentativa de se inibir a liberdade de imprensa", afirmou Teixeira Cândido.

Como será a nova política alemã para a África Ocidental?

Nenhuma outra região africana teve tanta atenção do Governo de Angela Merkel como a África Ocidental. É provável que o novo Governo alemão continue com as mesmas posições em relação à região.

Numa visita recente ao país, o presidente do Níger, Mohamed Bazoum, definia a Alemanha como "um dos principais atores no campo da segurança” na região do Sahel. Mas continuará esta a ser uma prioridade do próximo governo alemão?

A recente aprovação no Parlamento do envio de tropas para o Mali parece apontar nesse sentido. No entanto, a ameaça na região continua a intensificar-se com os contínuos relatos de ataques terroristas no Burkina Faso, de conflitos entre criadores de gado e agricultores no Mali, e ataques a aldeias no Níger.

Neste momento, quase mil soldados alemães integram a missão de treino da União Europeia no Mali e a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para Estabilização do Mali (MINUSMA) - que não foi, até à data, capaz de deter a violência no país. 

"Apesar do empenho do governo alemão em aumentar a sua presença militar no Sahel - algo que era impensável há alguns anos atrás - o país ainda não está pronto para se envolver em operações militares que são perigosas para os seus soldados", explica Nadia Adam, que trabalha no Instituto de Estudos de Segurança em Bamako.

Os EUA apoiaram o crescimento do ISIS-K?

# Publicado em português do Brasil

Alexander Rubinstein* | The AltWorld

Observadores regionais há muito acusam os EUA de apoiar o grupo com transporte noturno de helicóptero para o Afeganistão.

A lista de governos, ex-funcionários do governo e organizações na região que acusaram os EUA de apoiar o ISIS-K é extensa e inclui o governo russo, o governo iraniano, a mídia do governo sírio, o Hezbollah, uma unidade militar patrocinada pelo estado iraquiano e até mesmo o ex-presidente afegão Hamid Karzai, que chamou o grupo de "ferramenta" dos Estados Unidos, como observou recentemente o jornalista Ben Norton  , caracterizando Karzai como "um ex-fantoche dos EUA que mais tarde se voltou contra os EUA e conhece muitos de seus segredos".

Então, o que exatamente é ISIS-K e qual é sua história? Depois que a variante do ISIS no Afeganistão se tornou um nome familiar durante a noite após um atentado suicida no aeroporto de Cabul que matou mais de 170 pessoas e feriu mais de 200, a história do grupo exige um novo escrutínio.

Em maio, eu  twittei  que “Não devo ser o único esperando uma chamada 'ascensão do ISIS' no Afeganistão em um futuro próximo ...”

Escrevi isso porque ataques terroristas em massa são repetidamente usados ​​como justificativa pelos Estados Unidos para continuar suas ocupações em países estrangeiros: a "missão de contraterrorismo" ou a "ameaça terrorista". E já se passou muito tempo desde que o Taleban assumiu o crédito por tais atos.

Na verdade, em agosto de 2016 - há pouco mais de cinco anos - o porta-voz do Taleban Zabihullah Mujahid  disse à  mídia iraniana que "Em cooperação com a nação, [o Talibã] impediu que o grupo terrorista ganhasse uma base no Afeganistão".

O argumento mais forte a favor da retirada dos EUA apresentado pelo governo Biden é que os Estados Unidos concluíram sua missão de contraterrorismo no Afeganistão. O ataque do “ISIS-K” ao aeroporto de Cabul acaba com esse argumento e, portanto, beneficia aqueles que preferem ver o Afeganistão permanentemente ocupado pelos EUA.

domingo, 29 de agosto de 2021

Ataques terroristas em Cabul suspeitosamente na hora ...

Ataques terroristas em Cabul suspeitosamente na hora ... Quem ganha?

# Publicado em português do Brasil

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation

Poderia uma atrocidade ter sido organizada por alguns dos homens de Baradar a pedido da CIA?

Três dias antes da carnificina sangrenta no aeroporto de Cabul, o diretor da CIA William Burns teve uma reunião secreta com um importante comandante do Taleban na capital afegã. Esse é apenas um dos vários eventos suspeitos nesta semana na contagem regressiva para a dramática evacuação dos Estados Unidos.

Pelo menos 13 soldados americanos que guardavam a entrada do aeroporto de Cabul foram mortos em um aparente ataque suicida à bomba. Dezenas de afegãos que esperavam na fila para serem evacuados por aviões de carga militares também foram mortos. Uma segunda explosão atingiu um hotel próximo, usado por oficiais britânicos para processar documentos de imigração.

Não foram as principais fileiras do Taleban que cometeram as atrocidades. O grupo militante que assumiu o poder em 15 de agosto após assumir Cabul cercou a capital com postos de controle. As explosões ocorreram em distritos de aeroportos sob o controle dos militares americanos e britânicos.

Talibã forma governo e consolida poder de modo constante


# Publicado em português do Brasil

O Taleban está finalmente começando a consolidar o poder no Afeganistão

O grupo está nomeando ministros do governo enquanto tenta formar um aparato funcional. A primeira nomeação foi uma zombaria aberta aos Estados Unidos - o mulá Abdul Qayyum Zakir como ministro da Defesa.

Zakir foi um ex-prisioneiro da Baía de Guantánamo entre 2001 e 2007. Ele foi vice do comandante-chefe do Taleban, Mullah Yaqoob, e foi um dos primeiros comandantes do Taleban a entrar em Cabul, após a retirada dos EUA.

O Talibã também nomeou um ministro das Finanças, Gul Agha Sherzai. Anteriormente, ele atuou como Ministro de Fronteiras e Assuntos Tribais do Afeganistão.

Fora isso, Ibrahim Sadr deveria se tornar Ministro do Interior em exercício. Mullah Shirin deve se tornar o governador da província de Cabul, e Hamdullah Nomani servirá como prefeito da capital.

O chefe da inteligência também foi nomeado, mas seu nome foi mantido em segredo.

A força da Primavera Grega – e o que faltou

# Publicado em português do Brasil

Há dez anos, rebelião popular abalou políticas de “austeridade” da Europa – e desembocou num grande não ao neoliberalismo. Mas, por não criar alternativas, movimento foi engolido pelas forças conservadoras. O que isso ensina ao Brasil

Stathis Kouvelakis, na Jacobin | em Outras Palavras | Tradução: Vitor Costa

Há dez anos, a Grécia foi tomada por ocupações de espaços públicos que expressavam oposição em massa às políticas de austeridade da União Europeia. A força do movimento residia em sua capacidade de reunir os gregos de fora da esquerda organizada -- mas acabou sendo derrotado por sua falta de alternativa política clara.

A “primavera quente” grega de 2011 foi o clímax da onda de insurgência popular que se espalhou por grande parte do mundo naquele ano. Essa onda havia começado na costa sul do Mediterrâneo com a revolução tunisiana e o levante da Praça Tahrir, no Egito; depois se espalhou para a Espanha com os Indignados e, em seguida, passou da Grécia para os Estados Unidos com o Occupy, antes de retornar ao Mediterrâneo com a ocupação do Parque Gezi de Istambul.

Parte dessa revolta internacional, as ocupações que envolveram centenas de milhares de gregos também podem se situar dentro de um ciclo interno de mobilizações que já havia abalado o país em maio de 2010, quando o parlamento aprovou o primeiro acordo com os credores europeus de Atenas. Essa onda de agitação continuaria, de várias formas, até o verão de 2015, mesmo após o fim das ocupações de espaços públicos.

Embora haja muitas diferenças entre os levantes, o movimento grego também compartilhou muitas características com movimentos parecidos no exterior, especialmente no Mediterrâneo. Todos possuíam um caráter de massa impressionante; uma composição social que atravessava diversas classes, com universitários tendo um peso especial; tinham apoio popular da maioria; e possuíam um amplo repertório de ações, sobretudo a ocupação do espaço público.

São notáveis também as semelhanças mais subjetivas desses movimentos. Rompendo estruturas organizacionais estabelecidas e clivagens políticas, eles enfatizavam fortemente a auto-organização e as demandas socioeconômicas combinadas com a busca por formas de democracia direta ou participativa. Dada a presença das bandeiras nacionais e sua distância das referências simbólicas e históricas da esquerda, elas exibiam também um forte caráter “nacional”. Mas eles também reinventaram uma forma de internacionalismo, ao apontar para práticas compartilhadas de solidariedade e uma circulação transnacional de símbolos, slogans e modos de ação.

A partir da experiência grega, podemos tirar algumas conclusões mais gerais sobre o paradoxo desses movimentos: a saber, a divergência entre sua dimensão insurrecional de massa e seu impacto político limitado. Dizendo de forma mais simples, esses movimentos foram incapazes de proporcionar avanços duradouros semelhantes aos objetivos que estabeleceram.

O que está acontecendo na Alemanha?

# Publicado em português do Brasil

Sonjavan den Ende* | OneWorld

Essas palavras sábias foram ditas por Hannah Arendt. Ela foi uma filósofa judia alemã-americana e pensadora política que fugiu da Alemanha por causa do nacional-socialismo e da perseguição aos judeus. Em particular, ela mergulhou em sistemas políticos totalitários.

Ela ainda conseguiu fugir da Alemanha, foi sábia e inteligente quando viu que as coisas iam dar errado. Hoje em dia, é difícil fugir da nova ordem mundial totalitária, que parece estar ganhando espaço em todos os lugares, exceto em algumas nações "teimosas". As pessoas estão nas ruas todos os fins de semana na França, Reino Unido, Alemanha e Holanda. Estes são os países que também são os membros mais antigos da União Europeia, mas agora são incontroláveis ​​e tomados por tecnocratas que perderam de vista a vida "normal" e não conseguem ver que nem todos podem ser médicos, professores ou em tudo para estudar na universidade. Esses tecnocratas empurram sua agenda 2030 com toda a violência (psicologicamente) que vemos na mídia e podem ser chamados de propaganda. Sem levar em conta a diversidade da sociedade, e não estou falando de LGBTH, mas dos trabalhadores, os socialmente fracos, os não dotados, essas pessoas são as que mais sofrem, perderam ou vão perder seus empregos e meios de subsistência e certamente haverá sem dinheiro para garantir, ou uma renda básica para todos. A revolução digital ou industrial 4.0 deve ser implementada custe o que custar o dinheiro e a vida!

Alemanha

A Alemanha é um país único na história, infelizmente não de forma positiva. Eles foram os instigadores de duas guerras mundiais. Uma sociedade militar histórica, destruída após a Segunda Guerra Mundial. Mas nem tudo foi e foi destruído. A indústria não foi destruída e o programa nuclear foi desenvolvido nos Estados Unidos, com cientistas alemães que trabalharam sob o regime NAZI. Basta pensar em Werner von Braun, mais tarde chefe do instituto espacial americano da NASA. Ele e outros NAZIS de alto escalão foram trazidos em segurança devido à operação Paperclip. Além disso, Klaus Schwab, chefe do Fórum Econômico Mundial, tem raízes NAZI, pois escrevi um longo artigo sobre ele e sua instituição. Também esteve envolvido no desenvolvimento de armas nucleares na África do Sul, durante o regime do Apartheid. Ele ainda tem a “velha” mentalidade, assim como outros políticos na Alemanha. Angela Merkel é um produto da antiga RDA, Alemanha Oriental. Há rumores de que ela era conhecida pelo codinome Erica e uma espiã de alto escalão do SED que estava envolvida no monitoramento de um dissidente conhecido, Robert Havemann. Ela também foi quem derrubou Helmut Kohl e foi indiretamente responsável pelos trágicos acontecimentos em sua família. Talvez tenha sido uma vingança pela queda da RDA e ela ainda se vinga da população alemã, pode ser o caso, não sabemos. É estranho que ela tenha escolhido fazer parte da CDU e não morrer Linke. Ela afirma que é porque seu pai estava envolvido com a igreja, mas na verdade ele era membro do SED e a igreja poderia ter sido seu disfarce. Talvez tudo tenha sido planejado para se infiltrar na CDU, que teve ao longo dos anos muitos ex-NAZIS em seu partido, principalmente na CSU, partido irmão da Baviera. O fato é que todos os cientistas de alto escalão, e Merkel era uma cientista de alto escalão, tinham que ser membros do partido político da Alemanha Oriental chamado SED. Além disso, é um fato que quase todo mundo espiava uns aos outros. Ela afirma que recusou a oferta de se tornar uma espiã, o que é altamente inacreditável.

Alemanha não merece a confiança dos afegãos

# Publicado em português do Brasil

Forças Armadas alemãs encerraram os voos de resgate em Cabul. Deixaram para trás ajudantes que, por anos, confiaram nelas. Estas pessoas estão agora à espera da misericórdia do Talibã, opina Maissun Melhem*.

Enquanto eu lia sobre as notícias sobre o último voo de resgate alemão a decolar de Cabul, me lembrei de uma anedota que um político alemão me contou em uma entrevista há dez anos. 

Durante uma estada no Afeganistão, o político iniciou uma conversa com um vendedor de tapetes. Enquanto olhava os artigos expostos, ele se apaixonou por um determinado tapete que custava centenas de euros. Mas, como não tinha dinheiro suficiente no bolso, pediu ao vendedor que reservasse o tapete até que ele retornasse com a quantia correspondente. Mas o vendedor respondeu: "Leva o tapete e volta assim que tiver o dinheiro. Eu confio em você". O político cumpriu sua promessa e não enganou o vendedor de tapetes.

Por que a Alemanha não agiu desta maneira no Afeganistão? As Forças Armadas alemãs deixaram o país de forma irrevogável, mas milhares de afegãos desesperados foram deixados para trás, com medo mortal.

Ultradireita alemã: pequena nas urnas, grande nas redes sociais

# Publicado em português do Brasil

Mesmo estagnada em intenções de voto no mundo "offline", AfD monopoliza engajamentos nas redes sociais, enquanto siglas tradicionais patinam na área. Seu trunfo: declarações ultrajantes e incentivos do algoritmo Facebook

Clique, curta e compartilha: as redes sociais são a espinha dorsal da estratégia de campanha do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) desde 2013. E o alcance da legenda nessa área só aumentou desde então.

Nas redes alemãs, a política parece existir de forma invertida: partidos de massa no mundo "offline" como a União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, são nanicos. Já a AfD, que não participa de nenhum governo estadual e cuja bancada no Parlamento não tem poder para frear iniciativas governamentais, mantém uma influência desproporcional nas redes. 

Em 2021, a apenas um mês das eleições federais de setembro, que vão decidir a sucessão de Merkel, a AfD aparece empacada com entre 10% e 11% das intenções de voto - percentual similar ao que o partido conquistou no pleito de 2017.

Mas quem olhar para plataformas como Facebook, Instagram e YouTube pode ter a impressão que o partido é muito maior.

O tamanho da AfD nas redes

Analisando as estatísticas de perfis nas redes sociais de figuras da classe política alemã entre 12 e 15 de agosto, nota-se que Alice Weidel, vice-presidente do partido e colíder da bancada da AfD no Parlamento, de longe a política alemã com mais interações online.

Mesmo que ela não tenha, de acordo com pesquisas, chance de se tornar a próxima chanceler, os vídeos de Weidel foram vistos 4,9 milhões de vezes nesse período de quatro dias. O número de comentários, curtidas e compartilhamentos superam qualquer coisa publicada por outros políticos. Tal engajamento nas redes é precioso no mundo das redes, já que implica que os usuários se identificam tanto com o conteúdo a ponto de dissemina-lo ainda mais.

A AfD tem oficialmente 32 mil filiados na Alemanha. A tradicional CDU tem muito mais: 430 mil, com idade média de 59 anos, a mesma do candidato do partido à chancelaria, Armin Laschet, que espera ser o sucessor de Merkel.

Nas redes sociais, o desempenho de Laschet é pífia em comparação a Weidel, de 42 anos. Seu burocrático slogan de campanha "A proteção inteligente do clima é uma tarefa transversal" só mobilizou alguns poucos usuários, acumulando não mais do que algumas centenas de likes, compartilhamentos e comentários (muitas vezes com tom negativo) no Twitter e Facebook. No período entre 12 e 15 de agosto, os vídeos de Laschet acumularam apenas 320 mil visualizações.

Chega "esconde" propósitos fascistas do seu programa

Chega "eclipsa" destruição da escola pública e do SNS do seu programa

Quase dois anos depois de Ventura ter anunciado a "clarificação inversa" do programa do partido surge um novo, muito reduzido e sem propostas radicais de destruição do Estado social. Agora saúde e educação até devem ser "universais e gratuitas".

"Adequação do programa político aos desafios do crescimento" do Chega e "respetiva expressão nacional."

É assim que se justifica a alteração que no novo programa, aprovado a 2 e 3 de julho pelo conselho nacional do partido, "limpa" propostas constantes no de 2019 (que o DN descarregou do site do partido em devido tempo) como a da extinção do ministério da Educação e da escola pública, assim como a redução do Serviço Nacional de Saúde a atendimento de miseráveis, que constavam no programa político do Chega em 2019, e que correspondiam ao fim do Estado social - este desaparecia das funções estatais, reduzidas às intituladas "de soberania".

Outra coisa que se eclipsou totalmente é o hino à "liberdade contratual" inserto no programa de 2019: "Cada um deve ser livre de contratar o que quiser, com quem quiser e da forma que quiser. Esta é uma condição essencial da liberdade, no sentido da possibilidade de cada um dispor de si próprio - e de tudo o que é seu - como muito bem entender." Hino que, levado à letra, se traduziria, desde logo, na abolição total do Código de Trabalho e de quaisquer limitações em termos de arrendamento. A recusa dessas limitações estava de resto explicitada no extensíssimo programa de 2019 - já lá iremos.

No muito mais curto de 2021, entre as funções que o partido reconhece como pertencerem ao Estado, surgem agora afinal as "sociais", que considera assumirem "particular relevo nos setores do Ensino, Saúde e Segurança Social". São essas "funções sociais", prossegue, que se encontram na base de um modelo de Ensino e de Saúde universais e gratuitos, ambos assentes, contudo, numa saudável e livre concorrência entre Público e Privado, como acontece na generalidade dos países europeus."

Em 2019, recorde-se, postulava que "no essencial as funções sociais, no modelo do Estado Social, devem tender para um estatuto de mera residualidade", sendo "apenas assumidas quando a sociedade civil não manifestar interesse na sua prestação."

Mais: o Estado estava mesmo, na visão de 2019 do Chega, ontologicamente interditado de intervir nessa área: "Outorgando ou retirando incentivos ou subsídios, apoios ou benefícios (fiscais ou de qualquer outra ordem), ou oferecendo, gratuitamente, bens ou serviços existentes no mercado, o Estado está a comprometer, de forma irremediável a sua função arbitral, razão exata da sua existência." Assim, estabelecia que "o Estado não deverá, idealmente, interferir como prestador de bens e serviços no Mercado da Saúde mas ser apenas um árbitro imparcial e competente, um regulador que esteja plenamente consciente da delicadeza, complexidade e sensibilidade deste Mercado." O mesmo valia para "as vias de comunicação ou meios de transporte".

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