sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Portugal: MIL PALAVRAS

 

 
Submarinos afundam justiça
 
Se é verdade que uma imagem vale mais que mil palavras estamos com a razão e no caminho certo. Justiça em Portugal?
 
Absolvidos todos os dez arguidos no processo dos submarinos
 
Tribunal considerou que Estado português “dispunha de meios de controlo” do contrato de contrapartidas e “podia renunciar à transacção”.
 
 

PAPA FRANCISCO JÁ TEM CANDIDATO PARA A SUA SUCESSÃO

 


Como principal interlocutor de Francisco, o cardeal colabora no processo de decisões ligadas a profundas reformas na disciplina eclesiástica.
 
Dermi Azevedo – Carta Maior
 
O papa Francisco já tem seu candidato a sua sucessão no governo da Igreja Católica Apostólica Romana, segundo revelam à agência Carta Maior fontes do Vaticano. Trata-se do cardeal Pietro Parolin, atual Secretário de Estado do Vaticano e considerado "progressista moderado", cujas qualidades pessoais incluem a lealdade ao Papa e a capacidade de diálogo, tanto com funcionários da Cúria Romana, quanto com chefes de Estado e com organismos multilaterais.
 
Em nome de Francisco, o cardeal Parolin acompanha de perto o processo de reforma da Cúria e os temas internacionais que afetam direta ou indiretamente os interesses da Igreja, como é o caso da guerra civil na Síria, o controle da corrupção no Banco do Vaticano e o problema da pedofilia. Os vaticanistas observam que as virtudes de Parolin contrastam em gênero, número e grau com os defeitos de seu antecessor, cardeal Tarcísio Bertone, paradigma do governo de Bento XVI.
 
O possível candidato entrou na burocracia vaticana em 1990, sendo transferido da Nunciatura Apostólica na Cidade do México. É considerado um funcionário de hábitos austeros e "muito trabalhador". Parolin tem grande experiência no diálogo com dirigentes de governos com ideologias muito diferentes, como é o caso da China, do Vietnã e da Venezuela. A sua idade - 58 anos - é também vista como um trunfo para o exercício do enfrentamento de questões complexas.
 
Celibato
 
Como principal interlocutor de Francisco, Parolin colabora no processo de decisões ligadas a profundas reformas na disciplina eclesiástica.
Em uma recente entrevista ao jornal venezuelano El Universal, afirmou que o celibato dos sacerdotes, não sendo um dogma da Igreja, é passível de discussão. É apenas "uma tradição eclesiástica, não um dogma da Igreja".

Destacou, porém, que o esforço que fez a Igreja para estatuir o celibato eclesiástico deve ser considerado. "Não se pode dizer, simplesmente, que pertença ao passado. E a Igreja nunca poderá mudar ao ponto de se adaptar completamente ao mundo. Se o fizesse, e se se perdesse nele, já não cumpriria a sua missão de ser sal e luz para todos".

Acrescentou que o Concílio Vaticano II "fixou diretrizes para que a Igreja cumpra a sua missão no mundo de hoje".
 

Venezuela: 'Estamos enfrentando um golpe de Estado em desenvolvimento', diz Maduro

 


Ao menos três pessoas morreram em choques entre apoiadores e opositores ao governo venezuelano. Presidente pede união do povo e das Forças Armadas do país

Caracas – Em um segundo discurso realizado na noite desta quarta-feira (12), após as mortes registradas em Caracas, o presidente Nicolás Maduro afirmou que há "um golpe de Estado em desenvolvimento na Venezuela". O chefe de Estado venezuelano pediu a união do povo e das Forças Armadas do país, além da solidariedade dos países da América Latina e do Caribe. Pelo menos três pessoas morreram na capital venezuelana, num dia em que manifestações contra e a favor de Maduro levaram milhares de pessoas às ruas. Mais tarde, foi registrada a morte de uma pessoa no município de Chacao. Relatos iniciais davam conta de ao menos 32 feridos, alguns em estado grave.

O presidente lamentou as mortes desta quarta e disse que a intenção de alguns setores é derrubar o governo por meio da violência, da mesma forma do golpe perpetrado contra o falecido presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. Para o chefe do Executivo, havia um plano preparado por alguns setores para colocar “o povo em guerra, um contra o outro”.

Maduro informou que investigações já estão sendo feitas e que há provas sobre a autoria dos ataques. Segundo ele, o governo já havia avisado, há algumas semanas, sobre um plano para "desestabilizar as comemorações da Batalha da Vitória", data importante na luta pela independência do país, que teve o bicentenário celebrado nessa quarta-feira.

Fogo cruzado

Maduro pediu que os movimentos sociais não caiam em provocações, dizendo que os autores intelectuais dos atos violentos já estão identificados, que os assassinatos serão investigados e pediu que a população se una contra a tentativa de golpe.

"Hoje temos o coração ferido, porque por responsabilidade de um grupo de fascistas correu sangue de homens, de jovens venezuelanos. Mas aqui estamos, chamo toda a Venezuela a se unir para repudiar a violência, os fascistas, os que queiram nos impor a intolerância e o ódio", disse.

O presidente venezuelano mencionou um áudio difundido na noite da terça (11) em um programa da emissora estatal VTV, cujas vozes são atribuídas ao ex-embaixador na Colômbia e no Brasil, Fernando Gerbasi, e Iván Carratú Molina, ex-chefe da Casa Militar de Carlos Andrés Pérez (que presidiu o país de 1974 a 1979 e de 1989 a 1993). O áudio deixa claro que setores da oposição previam choques violentos no dia seguinte.

"Como eles sabiam que ia ter mortos hoje na Venezuela?”, questionou o mandatário sobre o áudio, no qual a voz atribuída ao ex-diplomata afirma que lhe informam “que é algo muito similar ao 11 de abril [de 2002]”, quando um golpe tirou o falecido Hugo Chávez do poder por cerca de 48 horas, após mortes em marchas.

“Me deram a mesma recomendação que me deram na outra vez, não fique na primeira fila, se mantenha pelos lados”, diz a voz, afirmando que a informação vem da mesma fonte. Segundo o apresentador do programa, o áudio teria sido mandado por pessoas ligadas ao setores opositores “que já estão cansados da incitação à violência”.

Segundo Maduro, a Promotoria Geral da República emitiu uma ordem de captura contra Gerbasi e Molina. Gerbasi afirmou, por meio de seu perfil no Twitter, que o áudio é falso. "Estou bem. Essa conversa com Ivan Carratu é falsa, nunca falei com ele. Querem criar matriz de opinião".

Maduro também comentou uma coletiva de imprensa de líderes opositores à parcela da imprensa local contrária ao governo. "Um dos fascistas acaba de declarar que vão pra rua e não vão sair até que derrubem o governo de Nicolás Maduro", expressou, falando em "insolência". O presidente disse que haverá justiça pelas três mortes registradas nesta quarta.

Em meio à troca de acusações, os oposicionistas também reagiram e rejeitaram os comentários feitos por Maduro quanto aos ataques ocorridos em meio aos protestos. Em um comunicado, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), representação que reúne os principais partidos de oposição no país, também rejeitou os ataques e pediu esclarecimentos sobre os acontecimentos

Choque

As manifestações ocorreram ao longo de todo o dia de ontem. O governo Maduro fez uma série de atos cívicos e convocou partidários para celebrar o bicentenário da Batalha da Vitória. Do mesmo modo, estudantes e opositores convocaram uma marcha por liberdade de expressão, mudanças na economia e mais segurança.

“Vim comemorar a história do país que me recebeu. A oposição está fazendo marchas e distúrbios, mas não vão poder com a gente que queremos a paz, a convivência e vamos apoiar nosso irmão Nicolás Maduro para seguir com nossa revolução”, afirmou a colombiana nacionalizada venezuelana Yaneth Barraza, de 53 anos, que disse ter podido concluir os estudos com os programas iniciados pelo chavismo.

Miguel Rosal, venezuelano de 38 anos que estudou medicina integral comunitária devido a um convênio entre o governo chavista e o cubano afirmou estar no ato convocado pelo governo para “apoiar a juventude e reivindicar nossos valores”. Quanto à marcha paralela que estava sendo realizada por opositores, afirmou: “Sabemos que o que a oposição está tentando é buscar a forma de fazer a juventude cair na violência, cair na agressividade. Mas temos que seguir trabalhando na nossa união e eles não vão conseguir”.

O protesto de Caracas, começou com tranquilidade, mas terminou em distúrbios quando chegou à sede da Promotoria Geral da República. “Foi uma ação premeditada”, afirmou a promotora geral da República, Luisa Ortega Díaz, ressaltando que o Ministério Público atuará de acordo com a Constituição e as leis do país e tem “muitos elementos”, como fotos e filmagens, para identificar os responsáveis pela deflagração da violência.

Oposição

“Esperamos ser escutados, já não temos medo, estamos cansados”, disse Steffy López, de 23 anos, que estuda inglês do Centro Venezuelano Americano, na concentração da marcha opositora durante a manhã. Quando questionada sobre o objetivo da marcha, afirmou: “O objetivo é tirá-los, derrubar por completo este governo que não serviu para nada, só para desunir o país e isso não está certo”.

Um jovem, com o rosto coberto e dizendo ser venezuelano filho de norte-americanos, balançava uma bandeira amarela e preta que, explicou, simboliza capitalismo e anarquia. “No capitalismo todo mundo que tem talento pode fazer, vender e ganhar dinheiro, porque não tem um governo que controle o que se pode ou não fazer, isso é liberdade”, expressou.

O dirigente opositor Leopoldo López, foi um dos que escreveu em seu perfil no Twitter que houve ações contra os manifestantes ao fim da jornada e “há feridos”. Mais tarde, ele culpou diretamente Maduro pelos assassinatos. “Os autores da violência, dos mortos, feridos, são aqueles que estão governando e responsabilizamos Maduro”.

Em coletiva de imprensa dada ao lado de outros líderes opositores, López disse: “Poderão prender todos nós, mas essa onda está crescendo. Saiba, senhor Maduro, seguirá crescendo até atingir seu objetivo”.
 
Opera Mundi, em Rede Brasil Atual

Maduro convoca manifestação pela 'paz e contra o fascismo'

Presidente da Venezuela disse que os atos de violência fazem parte do plano de um grupo opositor que teria como fim a sua saída do poder

São Paulo – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou hoje (14) uma manifestação para este sábado "pela paz e contra o fascismo", depois de as mobilizações feitas na quarta-feira (12) terem terminado em violência e provocado três mortes em Caracas e outras cidades.

"Convocamos uma grande marcha de todas as forças sociais e políticas da revolução bolivariana pela paz e contra o fascismo. Eu também respondo à convocatória, no sábado. Todo o povo de Caracas, vamos marchar contra o fascismo, contra a violência, contra o golpismo", disse Maduro.

O presidente falou durante reunião com o seu gabinete, que foi transmitida por rádio e televisão. Maduro disse que os atos de violência da madrugada de ontem (13) fazem parte do plano de um grupo opositor, a quem responsabilizou pelas mortes e pelos mais de 60 feridos.

Ele comparou o plano, que teria como fim a sua saída do poder, à onda de violência na Ucrânia, que terminou com a demissão do governo liderado por Mikola Azárov, o que o presidente venezuelano garantiu que não lhe acontecerá.

"Na Ucrânia, ocorreram situações muito graves, a Venezuela não é a Ucrânia (...) aqui estamos fazendo uma revolução, com todo o respeito que temos pelo povo e o governo da Ucrânia", disse.

Pelo menos três pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas nessa quinta-feira em Caracas e outras cidades da Venezuela, durante um dia de manifestações convocadas por grupos que fazem oposição ao governo de Nicolás Maduro.

Cerca de 2 mil estudantes saíram na noite de ontem às ruas da capital venezuelana para protestar contra o governo, um dia depois de três pessoas terem sido mortas e dezenas feridas.

Agência Brasil, em Rede Brasil Atual
 

MORTES EM PROTESTO SÃO A PONTA DO ICEBERG NA VENEZUELA

 


A violência urbana está no topo da lista de preocupações dos venezuelanos e até o número de crimes é alvo de disputa entre governo e oposição
 
Marsílea Gombata – Carta Capital
 
As mortes de três manifestantes durante os protestos em Caracas, na Venezuela, na quarta-feira 12, são apenas um indicativo de um problema que faz, cada vez mais, parte do cotidiano dos venezuelanos: a violência urbana.
 
A criminalidade ocupa o topo da lista de preocupações na Venezuela. Desde 2003, a população não é informada sobre qualquer cifra oficial a respeito da quantidade de homicídios no país. Os números, segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), chegaram a um patamar alarmante: em 2013 o país encerrou o ano com uma taxa de 24.763 mortes violentas, o equivalente a 79 mortos para cada 100 mil habitantes. No Brasil, os últimos dados do Mapa da Violência 2013 indicam que o País mantém uma taxa de 20,4 homicídios por cada 100 mil habitantes, sendo 36.792 assassinadas a tiros em 2010.
 
A OVV é o único instituto local que atualiza os números da violência anualmente, mas é acusado de ser anti-chavista. Em um país polarizado, e sem estatísticas oficiais, a criminalidade é mais um tema a dividir governo e oposição. Isso ficou claro no acirrado debate surgido após a violência de quarta-feira 12 quando, além das três mortes, foram registrados 30 feridos e as prisões de 30 estudantes.
 
O sociólogo Roberto Briceño-León, do OVV, afirma que a Venezuela passa por um “processo de politização de suas polícias, assim como seu desprestígio”. “O governo teoricamente não confiou nas polícias e delas tirou sua capacidade de atuar. Assim, acabou desarmando-as quando achou conveniente, em estados controlados pela oposição”, explica ao citar casos como Caracas, Zulia, Táchira e Miranda, governada pelo opositor Henrique Capriles Radonski, rival de Chávez na eleição de outubro de 2012.
 
O que explicaria essa “crise institucional” seria o que o diretor da ONG classifica como uma quebra do “pacto social”. “As normas e leis não valem mais como reguladores da vida social. Soma-se a isso a impunidade generalizada”, avalia. “Para se ter ideia, em 1998 para cada 100 homicídios tivemos 118 detenções, enquanto hoje em dia são oito detenções para cada 100 assassinatos. Isso significa que em mais de 91% dos casos não há qualquer julgamento ou detenção.”
 
Por trás da troca de acusações entre chavistas e opositores existem, no entanto, problemas que transcendem o cenário político atual. Especialista em ciências jurídicas e políticas, o professor da Universidade Central da Venezuela Andrés Antillano explica que o clima violento em Caracas e na Venezuela de modo geral remonta à década de 1990. Foi neste período que a onda de neoliberalismo agravou o empobrecimento e a desigualdade social em toda a América Latina. Antillano lembra, entretanto, que enquanto cidades venezuelanas viram seus índices de violência crescer, em metrópoles como São Paulo as políticas de segurança pública, o desarmamento e o monopólio sobre a venda de drogas por grupos organizados contribuíram para a diminuição das taxas. “A violência no Brasil é mais instrumental e tem mais a ver com grupos organizados. Então, paradoxalmente, o fortalecimento de grupos organizados tem diminuído os números de crimes e violência nas grandes cidades”, observou ao citar o crescimento do PCC, que hoje mantém controle sobre 90% do total de 200 mil presos e o monopólio do mercado de drogas.
 
Briceño-León, da OVV, era um duro crítico do governo de Hugo Chávez, morto em março de 2013, e não chega a elogiar seu sucessor, Nicolás Maduro, mas diz ver como positivas três iniciativas do novo governo. A primeira é a aprovação de uma legislação de desarmamento. O texto prevê o porte de armas apenas sob autorização, mas encontra dificuldades para ser aplicado. No fim de janeiro, o ministro do Interior, Justiça e Paz venezuelano, Miguel Rodríguez Torres, prometeu analisar a questão e afirmou que ao menos 5,5 mil armas originárias de civis com porte legal estariam hoje nas mãos de delinquentes.
 
A segunda mudança posterior à morte de Chávez é o envio de militares para fazer a segurança – ao lado do Corpo de Investigações (espécie de Polícia Civil), a Polícia Militar, a Guarda Nacional e a Polícia Nacional Bolivariana –, por meio do Plano Pátria Segura. Somente em Caracas, desde que o plano entrou em vigor em maio de 2013, foram 3 mil militares enviados para as ruas. “Existe uma maior sensação de segurança entre as pessoas, o que não torna, no entanto, a situação menos grave”. Um terceiro elemento de mudança seria ainda a tentativa de cooperação do governo federal com estados e municípios, na busca pela “despolitização da política de segurança pública”.
 
As manifestações desta semana devem, entretanto, acirrar o clima político na Venezuela e dificultar a melhoria da situação. Enquanto opositores culpam o governo Maduro pelas mortes nos protestos de quarta-feira 12, autoridades responsabilizam a ala mais radical da oposição – integrada por Leopoldo López, a deputada Maria Corina Machado e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma – pelos violentos confrontos.
 
Depois de o chanceler Elías Jaua responsabilizar López pelos distúrbios no Twitter – com frases como “O fascismo se corta pela cabeça. Nossa pátria merece paz e vida. Leopoldo López assassino! Justiça já!” – a juíza Ralenys Tovar Guillén aceitou a petição que pede a detenção do ex-prefeito de Chacao e ordenou ao Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) inspecionar sua residência. A Justiça ordenou ainda as detenções de Iván Carratú Molina e Fernando Gerbassi, vice-almirante aposentado e ex-diplomata de oposição respectivamente, por serem “autores intelectuais” dos protestos de quarta-feira 12.
 
Foto: Leo Ramirez-AFP
 

TERRORISMO E INQUISIÇÃO À BRASILEIRA

 


A lei antiterrorismo emerge para, em nome “dos cidadãos de bem”, manter as estruturas políticas, econômicas, comunicacionais e religiosas dominantes
 
Rosana Pinheiro-Machado – Carta Capital
 
A lei antiterrorismo apresentada no Senado é um dos maiores atentados à democracia brasileira dos últimos tempos. A aprovação do Projeto de Lei 499 é defendida por senadores do PT como Jorge Viana (AC) e Paulo Paim (RS) com o objetivo de “conter quem provocar o pânico generalizado”. Qualquer ligação com a necessidade desesperada de mostrar um espetáculo imagético de corpos dóceis durante a Copa do Mundo não é mera coincidência.
 
Não passará! Estamos a um passo de jogar fora as conquistas democráticas brasileiras, concretizando a paranoia coletiva que legitima a repressão e uma estrutura punitiva, baseada na ação policial violenta, que, neste caso, visa apenas à criminalização dos movimentos sociais de massa, ampliando a zona do terror espalhada pelo Estado brasileiro. Não restam dúvidas que a corda vai romper no lado mais fraco. Os terroristas terão cor, classe e ideologia.
 
Junho de 2013 foi uma das maiores insurgências populares da história do Brasil. É vulgar a manobra orquestrada – da grande mídia, da direita e do governo – de esvaziamento da luta dos movimentos sociais por meio da criminalização. Não funcionou a criação do personagem do vândalo. Mas a morte estúpida e injustificável do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade é o elemento estopim que se precisava para institucionalizar um sistema injusto que, ao invés de avançar para reformas estruturais que a sociedade brasileira carece, regride no autoritarismo punitivo.
 
A criminalização não é um fato novo na história do Brasil. Ela atualiza estruturas históricas nacionais e globais.
 
De um lado, representa a continuidade de um modelo ocidental baseado no exercício do biopoder difuso e multifacetado que atinge seu ápice no neoliberalismo do século XXI. A modernidade e o capitalismo reforçaram discursos conservadores sobre a “normalidade”, tendo como consequência a marginalização e a criação de grupos “delinquentes” para os quais só resta a lógica punitiva, como já mostrava Michel Foucault. Isso ganha uma nova roupagem na virada do milênio com o que John e Jean Comaroff chamam de “fetiche pela lei”, que procura exorcizar os fantasmas do Estado, que supostamente detêm a custódia da civilidade contra a desordem.
 
De outro, temos a nossa modernidade tupiniquim, sentida pelos operadores públicos como eternamente incompleta no simulacro dos países desenvolvidos. A história do Brasil é repleta de exemplos sobre a criação do personagem “marginal” – o que fica à parte da modernidade. Capoeiras, ambulantes, pobres, manifestantes. Todos deslocados de nosso sonho que nunca alcançamos: a cidade moderna onde as elites consomem e flanam com tranquilidade. Para com os grupos “marginais”, em uma nação fundada na invasão, no extermínio e no estupro das populações nativas – estas também fora de lugar – aplica-se apenas uma medida: a violência.
 
Mas o século XXI no mundo como um todo apresenta novas características que apontam para um retrocesso de conquistas democráticas e plurais. Há um aperto conservador que vem ocorrendo em diversos campos. Eventos que parecem, à primeira vista, completamente distintos, na verdade, compõem o amplo corolário neoliberal da virada do milênio, em tempos nos quais os grandes paradigmas que governam o mundo têm sido questionados: a propriedade de ideias, o estado-nação, os sistemas tradicionais de informação, a política, a religião.
 
A lei antiterrorismo não emerge do vácuo histórico: mas do medo da perda do controle da tão desejada e necessária ordem que, em nome “dos cidadãos de bem”, apenas visa manter as estruturas políticas, econômicas, comunicacionais e religiosas dominantes. Trata-se de uma tentativa desesperada de calar a sociedade civil no ano de Copa do Mundo, que em vez de protestos, deveria mostrar um evento pirotécnico e uma população domesticada, que docilmente senta-se nos estádios ou toma uma cerveja em frente a sua tela plasma conquistada em um pagamento de 12 vezes com juros. Ela deveria chorar de emoção com o gol da seleção enquanto “inglês vê” as maravilhas conquistadas pelo crescimento econômico brasileiro. Malditos vândalos que não entendem que o Brasil está progredindo e que querem atrapalhar a nossa grande festa da modernidade.
 
Não vai ter espetáculo. Arma-se, ao contrário, um grande circo que aponta para o fracasso das estruturas democráticas brasileiras, em que o governo se vale das mesmas armas sórdidas das quais foi vítima no passado.
 
O que está por trás da lei antiterrorismo é uma caça às bruxas em nome das “pessoas de bem”. Por isso é bom lembrar o significado das expressões bem e mal. São categorias que se polarizam na história do ocidente e da Igreja Católica, dividindo o céu e o inferno. Os cidadãos de bem, é claro, seguindo fielmente as regras dominantes, assumem o seu lugar no paraíso. Endossado pela grande mídia que vê seu poderio ameaçado, o bem é uma categoria falsa e vaga para manter a velha e boa ordem que conjuga conservadorismo econômico, religioso e político.
 
O mundo dos movimentos sociais, entretanto, não se pauta pelos valores como o bem e o mal, mas pela ética e a justiça. A ética reside na possibilidade de exercer cidadania, de ir e vir, de reivindicar, de escolher e de circular. Não há critérios éticos nem justos para definir terrorismo. Serão critérios discriminatórios generalizantes que, em nome da paz e do bem, apenas visam espalhar aprisionamento, medo, sangue e tortura entre aqueles que não se enquadram nas regras do espetáculo.
 
Lei antiterrorismo é fruto do medo que gera ainda mais medo. Medo de que as coisas fujam da “normalidade”. Ao longo da história, em nome do “bem”, muitas vidas inocentes já foram executadas para no fim das contas manter a ordem. E se não barrarmos imediatamente esse absurdo, a zona do terror só tende a se ampliar.
 
* Rosana Pinheiro-Machado é cientista social, antropóloga e professora de Antropologia do Desenvolvimento da Universidade de Oxford.
 
Na foto: Caio Silva de Souza, de 22 anos, suspeito de acender o rojão que matou Santiago Andrade, é apresentado pela polícia. O caso serviu para a lei antiterrorismo voltar a ser debatida no Senado – Agência Brasil
 

Brasil: AMB se inspira nos EUA e quer estimular deserção de médicos cubanos

 


A nova investida da entidade médica brasileira contra o Mais Médicos se articula com programa dos EUA para asfixiar relações internacionais de Cuba

Najla Passos – Carta Maior

Brasília - A Associação Médica Brasileira (AMB) acaba de lançar um programa para estimular a fuga dos cubanos que atuam no Mais Médicos para os Estados Unidos. A nova cartada da entidade para enfraquecer uma das mais populares iniciativas do governo Dilma está divulgada em destaque no site da entidade, exclusivamente em espanhol.

Batizada de Programa de Apoyo a Médicos Extranjeros, a iniciativa reivindica preocupações humanitárias, mas seu objetivo claro é assegurar assistência jurídica e logística ao médicos da ilha comunista que almejam acessar o Cuba Medical Professional Parole, programa idealizado governo norte-americano para asfixiar ainda mais as relações internacionais de cooperação da ilha comunista.

Lançado em 2006, o Cuba Medical Professional Parole foi criado em parceria pelos departamentos de Estado e de Segurança Nacional dos Estados Unidos para atrair profissionais de saúde cubanos de formações diversas que atuavam no mundo, fazendo larga propaganda positiva para a ilha. Nos seus primeiros 4,5 anos, conseguiu garantir a deserção de 1.574 médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros que atuavam em 65 países, conforme balanço publicado em janeiro de 2011 no The Wall Street Journal.

Só no mesmo ano de 2011, porém, havia 37 mil médicos cubanos atuando em 74 países do mundo, a maioria na Venezuela, por meio do acordo firmada por Hugo Chaves com fidel Castro que dava a este último a preferência na aquisição do almejado petróleo da estatal PDVISA. O índice de deserções, portanto, foi considerado pífio, principalmente se considerado o investimento estatal norte-americano no programa, que envolveu toda a sua rede de embaixadas e contou com investimentos financeiros diretos.

Ainda assim os desgastes diplomáticos para os países envolvidos foram inevitáveis. Médicos cubanos que atuaram na Venezuela interpelaram a PDVISA, em escandalosos processos que invadiram as cortes internacionais. Uma matéria da TV Estatal Cubana classifica o Cuba Medical Professional Parole Program como uma das mais mesquinhas iniciativas diplomáticas já criadas pelos Estados Unidos, desde o bloqueio econômico à ilha.

Confira aqui o vídeo

No Brasil, o efeito do programa norte-americano sobre os cubanos que atuam no Mais Médicos é baixo. Pelo menos até o momento. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta semana, apenas quatro cubanos abandonaram o programa brasileiro desde o seu lançamento, em julho do ano passado. Está confirmado que pelo menos um, Ortelio Guerra, desertou e fugiu para os Estados Unidos, com a ajuda de uma suposta ONG internacional.

Não está computado na lista o caso amplamente divulgado pela mídia da médica Ramona Rodriguez, que pediu “asilo político” ao DEM, principal partido da oposição que questiona o Mais Médicos, enquanto aguarda visto norte-americano para encontrar o marido em Miami. Esta semana, ela foi contratada como assessora da AMB, por um salário de R$ 3 mil.

De qualquer modo, as investidas tanto dos médicos brasileiros quanto do governo dos Estados Unidos contra os cubanos preocupa o Palácio do Planalto. O Mais Médicos é a grande aposta do PT para as eleições presidenciais e do governo de SP, cujo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é o candidato do partido. É também um alento para a população brasileira, ao garantir 9,5 mil médicos em 2.779 municípios, o que significa uma cobertura de saúde para 33 milhões de pessoas.

Esta semana, os ministros da Saúde e da Casa Civil se reuniram mais de uma vez para discutir estratégias para enfrentar as ameaças ao Mais Médicos. Nesta quinta (13), o Ministério da Saúde publicou uma portaria definindo as regras para registro do abandono do programa, que garantem rápida substituição dos desistentes. A principal preocupação, porém, é com o pagamento repassado aos médicos cubanos, inferior ao dos demais profissionais que atuam no programa e, por isso, considerado fator facilitador para a deserção.

Os médicos inscritos individualmente no Mais Médicos, brasileiros ou estrangeiros, recebem R$ 10,5 mil por mês, enquanto os cubanos, contratados via parceria entre Brasil, Cuba e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), recebem US$ 400 no Brasil. Outros US$ 600 depositados em suas contas, em Cuba, que podem ser acessados no retorno. Os cubanos também mantém suas carreiras de Estado e todas os direitos trabalhistas decorrentes.
 
Créditos da foto: Arquivo
 

TIMORENSES DEVEM INSISTIR NA AGRICULTURA E NO TURISMO

 

14 de Fevereiro de 2014, 17:11

Jape Kong Su, proprietário do Timor Plaza, pede a todos os timorenses que invistam nas áreas de turismo e agricultura e não dependerem só do fundo do petróleo, num discurso no Centro de Formação Senai, em Bécora, segundo o Suara Timor Lorosa’e.

O responsável do centro comercial salientou, que em Becora os setores de agricultura e turismo são áreas que podem dar grandes receitas ao Estado, por exemplo todos os meses, a sua empresa está sempre a pagar impostos ao Estado através dos rendimentos que são obtidos das lojas alugadas no Timor Plaza.

Por isso, Jape Kong Su disse que em breve irá estabelecer mais um hotel na área de Metiaut.

O proprietário do Plaza partilhou também a sua experiência aos 33 empresários timorenses presentes, de como começou a sua vida profissional antes de ser um grande empresério.

O secretário de Estado para Política de Formação Professional e Emprego (SEFOPE), Ilídio da Costa Ximenes disse que este ano o Governo através da sua instituição irá construir locais turísticos comunitários, projectos rurais, nas zonas de Mota (ribeira) Bandeira, distrito de Ermera, Bee Manas (Água Quente) Marobo, em Bobonaro-Maliana, Com e em Lospalos.

SAPO TL com Suara Timor Lorosa’e
 

Pedra da Paz de Hiroshima evoca dor da guerra e esperança num mundo melhor - Taur

 


Díli, 14 fev (Lusa) - O Presidente timorense, Taur Matan Ruak, disse hoje que a Pedra da Paz entregue pela Associação Hiroshima a Timor-Leste evoca a "dor profunda", mas também "simboliza a esperança" na construção de um mundo com mais segurança.
 
"A Pedra da Paz evoca a dor profunda e a devastação causadas pela guerra, por todas as guerras. Ela recorda-nos a violência extrema que as guerras podem desencadear", afirmou Taur Matan Ruak, durante a cerimónia de entrega da Pedra da Paz da Associação de Hiroshima a Timor-Leste, simbolizando o fim da guerra no mundo.
 
A Associação de Hiroshima Pedra da Paz foi criada em 1991, com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para a necessidade de existir paz no mundo através de distribuição de pedras.
 
As pedras são provenientes dos passeios da cidade japonesa de Hiroshima, atingida em agosto de 1945, no final da II Guerra Mundial, por uma bomba atómica lançada pela Força Aérea dos Estados Unidos.
 
Depois de ficar provado que as pedras não tinham radioatividade, milhares de japoneses apanharam-nas, guardaram-nas e esculpiram-lhes imagens da Deusa da Misericórdia (divindade do budismo chinês), com a inscrição: "De Hiroshima".
 
A pedra entregue a Timor-Leste é de granito e proveniente do pavimento onde circulava a linha de elétrico de Hiroshima.
 
"Timor-Leste e o Japão experimentaram grande sofrimento e dor na II Guerra Mundial e os nossos povos estão unidos hoje, na certeza de que só a paz conduz ao desenvolvimento e à prosperidade das nações", declarou o chefe de Estado timorense.
 
Em fevereiro de 1942, as forças japonesas invadiram Timor-Leste, apesar da neutralidade de Portugal na II Guerra Mundial, provocando entre 50 e 70 mil mortos.
 
MSE // ARA - Lusa
 

CPLP acredita na retoma das ligações Lisboa-Bissau após conclusão do inquérito

 


Lisboa, 14 fev (Lusa) -- O representante especial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na Guiné-Bissau defendeu hoje que as ligações aéreas com Portugal poderão ser retomadas após a conclusão do inquérito sobre o embarque forçado de passageiros num voo da TAP.

A 10 de dezembro, a tripulação de um avião da TAP foi forçada pelas autoridades guineenses a transportar 74 passageiros ilegais, o que levou ao fim dos três voos diretos semanais entre a Guiné-Bissau e a Europa, concertado entre a transportadora e o governo português, foi justificado pela grave falha de segurança, que foi igualmente censurada pela alta representante da União Europeia, Catherine Ashton.

"Esse problema será ultrapassado na medida em que os inquéritos e os processos administrativos e judiciais forem concluídos", permitindo identificar "os reais responsáveis pelo grave problema", considerou o representante da CPLP, Carlos Moura.

Dois meses após o incidente, ainda ninguém foi responsabilizado, apesar de um inquérito ter concluído que o ministro do Interior, Suka Ntchama, deu a ordem de embarque forçado.

Questionado sobre a demora no processo, Carlos Moura defendeu que "esta aparente lentidão é determinada pela gravidade do problema".

"Causa uma certa estranheza o que podemos chamar de morosidade no decorrer do processo. Mas é muito natural, porque é preciso muita prudência, porque é um caso muito sério. Quem for punido, deve sê-lo severamente, mas mediante provas irrefutáveis", sustentou o representante dos países lusófonos.

Carlos Moura disse ainda acreditar que "nem as autoridades guineenses nem as autoridades portuguesas nem a empresa aérea de Portugal querem penalizar a população guineense".

JH // PJA - Lusa
 

Portugal tratou 900 doentes da CPLP em 2013 -- Ministro da Saúde

 


Maputo, 13 fev (Lusa) - Portugal recebeu cerca de 900 doentes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2013, afirmou hoje o ministro da Saúde, Paulo Macedo, garantindo que, apesar da crise, o país tem mantido o apoio a pacientes estrangeiros.
 
"Mesmo com restrições financeiras fortes, Portugal recebeu, no ano passado, cerca de 900 pessoas, que tratou, de diferentes países da CPLP", disse à agência Lusa Paulo Macedo, no final de uma visita ao Instituto do Coração, em Maputo.
 
Segundo o ministro da Saúde, o desenvolvimento verificado nos serviços de saúde dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) está a fazer com que haja "menos motivos para os doentes serem tratados no estrangeiro".
 
Paulo Macedo apontou como exemplo o Instituto do Coração, que atualmente trata doenças cardiovasculares, evitando a saída de pacientes com este tipo de patologias de Moçambique para o estrangeiro.
 
O ministro visitou Moçambique para participar na III Reunião dos Ministros da Saúde da CPLP, que se realizou na quarta-feira, em Maputo.
 
No passado, "havia doentes que tinham que ser tratados noutros países e que hoje têm uma resposta neste instituto", destacou o ministro da Saúde.
 
Fundado em 2001, o Instituto do Coração é uma organização não-governamental (ONG) focada no tratamento de doenças cardiovasculares a crianças desfavorecidas, tendo sido criada através de uma parceria que envolveu a ONG moçambicana Os Amigos do Coração e quatro organizações europeias, entre as quais a portuguesa Cadeia de Esperança.
 
Com uma média anual de 120 operações gratuitas a crianças desfavorecidas, a instituição "sobrevive" dos rendimentos que obtém na prestação de cuidados de saúde privados e de apoios em consumíveis para as cirurgias, que as ONG parceiras doam.
 
"A cirurgia cardíaca é caríssima. Cada vez que entra uma criança na sala de operações, só nos consumíveis gasta-se cerca de 5.000 dólares (3.650 euros). No conjunto, a cirurgia a coração aberto e o pós-operatório custa cerca de 15.000 dólares (10.970 euros)", explicou à Lusa a diretora e fundadora do Instituto do Coração, Beatriz Ferreira.
 
Segundo a responsável, com os cuidados privados, a organização consegue cerca de 150 mil dólares (109,7 mil euros) mensais para os serviços humanitários que presta, com uma equipa cirúrgica própria, formada em Portugal, França e na Suíça.
 
A abertura de unidades de saúde privadas na capital moçambicana, que oferecem alguns dos serviços do Instituto do Coração, tem representado um certo "risco" à missão humanitária da ONG, não só pela redução do número de pacientes privados que recebem, mas também porque as novas unidades lhes tentam "tirar" profissionais de saúde qualificados.
 
"Quando surgem novas unidades sanitárias há sempre um risco de vermos reduzida a nossa capacidade de termos fundos para fazermos trabalhos com as crianças indigentes, mas, enfim, é o mercado", concluiu Beatriz Ferreira.
 
EMYP // VM - Lusa
 

Portugal defende plano de ação exequível contra violência doméstica na CPLP

 


Maputo, 14 fev (Lusa) - A secretária de Estado portuguesa dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, defendeu hoje a adoção de um plano de ação "exequível" contra a violência doméstica pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Teresa Morais advogou medidas concretas contra a violência doméstica na CPLP em declarações à Lusa, à margem da III Reunião dos Ministros Responsáveis Pela Igualdade de Género e Empoderamento da Mulher, que se realizou hoje em Maputo.

"Precisamos de dar um passo com um plano de ação com medidas simples, claras e exequíveis sobre a violência doméstica e contra as mulheres", disse Teresa Morais, lamentando o facto de o Plano Estratégico aprovado em 2010 pela CPLP no domínio da violência doméstica não ter alcançado "resultados sensíveis".

A prevenção, formação profissional e proteção das vítimas seriam alguns dos pilares do plano de ação da CPLP contra a violência doméstica e promoção da igualdade de génro, acrescentou a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade.

Por outro lado, assinalou Teresa Morais, a CPLP deve criar um "braço executivo" responsável pela implementação do plano de ação contra a violência doméstica.

"Que haja um braço executivo associado a esse plano de ação, que comece a trabalhar no sentido de preparar as iniciativas e as medidas que queremos implementar em comum nesta matéria", sublinhou Teresa Morais.

Apesar de reconhecer as especificidades de cada país, a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade da CPLP defendeu ser útil uma ação conjunta contra a violência doméstica, enfatizando trata-se de "um problema comum".

A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A Guiné-Bissau não participou nesta cimeira

PMA // APN - Lusa
 

CPLP ADMITE ADIAMENTO DAS ELEIÇÕES NA GUINÉ-BISSAU

 


Lisboa, 14 fev (Lusa) -- O representante especial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a Guiné-Bissau admite um adiamento de algumas semanas das eleições gerais, marcadas para 16 de março, e garantiu que o país vive um clima de tranquilidade.
 
De passagem por Lisboa, o brasileiro Carlos Moura, designado pela CPLP para acompanhar o processo eleitoral na Guiné-Bissau, afirmou à Lusa que "as perspetivas eleitorais são positivas".
 
Quer as autoridades guineenses quer a população "manifestam o desejo de que as eleições possam ser realizadas o mais brevemente possível", garantiu o responsável.
 
As eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau, que já estiveram marcadas para novembro do ano passado, estão agora previstas para 16 de março, mas atrasos no recenseamento eleitoral vão obrigar a um novo adiamento da votação.
 
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maioritário no parlamento guineense, quer as eleições a 04 de maio, enquanto a maioria das outras forças políticas defendem a data de 13 de abril.
 
Segundo Carlos Moura, o recenseamento está praticamente terminado, abrangendo mais de 90% da população.
 
"Os preparativos para as eleições correm dentro da normalidade. Se houver algum atropelo - o que é natural nestas circunstâncias - poderá haver um pequeno adiamento, talvez [as eleições se realizem] duas ou três semanas depois" de 16 de março, admitiu.
 
Carlos Moura garantiu que o país atravessa um "clima de tranquilidade", visível nos civis, nos militares, nas igrejas e nos representantes da comunidade internacional.
 
Questionado sobre que garantias há de que, após as eleições, será formado um novo governo, como tem apelado a comunidade internacional, Carlos Moura manifestou-se confiante que o processo permitirá devolver a normalidade democrática à Guiné-Bissau.
 
"Nos contactos com as autoridades guineenses, eu tenho a convicção de que as eleições serão realizadas democraticamente, com transparência e credibilidade, e que os eleitos tomarão posse sem atropelos, o governo será formado e a Guiné-Bissau voltará à normalidade democrática", afirmou.
 
Tal será "muitíssimo importante", defendeu o representante da CPLP, que sublinhou a necessidade de a comunidade internacional apoiar o povo guineense, "no sentido de possibilitar um acesso maior à educação, à cultura, a todos os meios que possam levar o país ao crescimento e ao desenvolvimento".
 
Nos contactos com as autoridades guineenses, eu tenho a convicção de que as eleições serão realizadas democraticamente, com trabnsparência, com credibilidade e que os eleitos tomarão posse sem atropelos e que o governo será formado e que a Guiné-Bissau voltará à normalidade democrática.
 
A Guiné-Bissau vive desde abril de 2012 um período de transição após o golpe de Estado. Desde então, Portugal e a CPLP não reconhecem o governo liderado por Rui de Barros.
 
JH - Lusa
 

ÁFRICA “COSA NOSTRA”

 

Martinho Júnior, Luanda

1 – As frotas da NATO, com os Estados Unidos à cabeça, estão-se a habituar a fazer cada vez mais viagens de circunvalação ao continente africano, um continente que, recorde-se, proclamou a sua distância em relação às armas nucleares.

Os pretextos são os mais variados: as missões “partnership”, as missões de representação, as que são cumpridas no quadro bilateral, os “exercícios navais conjuntos” e, por fim, as “passagens de modelos” das frotas, na espectativa que algum país africano faça aquisição de navios para as tão insipientes marinhas de guerra de cada um deles, com o atractivo das “missões humanitárias” de permeio… as moscas caçam-se com mel!

A presença das frotas na rapina da Somália tem facilitado a manobra: para marcar o domínio à volta do “corno de África” (que nome mais apropriado) as “missões” entram pelo Mediterrâneo, passam pelo canal do Suez, pelo Mar Vermelho e atingem o “corno”, rodopiando à volta dele!

Depois torna-se fácil, de regresso às bases, voltarem pela rota do Cabo, para não percorrer sempre os mesmos circuitos, que além do mais se tornam “enfadonhos”!

A Grã-Bretanha, que domina a ilhas do Atlântico Sul (as Malvinas e o arquipélago de Santa Helena), é das poucas excepções a essa tendência tornada regra, que aliás também engrossa: os seus navios que patrulham o que eles consideram Falklands, junto à costa da Argentina, normalmente descem em direcção sul as costas orientais da América e retornam pelos circuitos da costa ocidental africana!

2 – Chegou agora a vez da Itália fazer mostrar os seus modelos navais a África, através duma força-tarefa notável que integra quatro vasos de superfície e provavelmente pelo menos um (furtivo) submarino de que não se dá conta!

O maior exemplar é o porta-aviões ligeiro Cavour, uma unidade construída já em pleno século XXI onde estão concentradas algumas das mais modernas tecnologias aeronavais, incluindo as de descolagem vertical!

A acompanhá-lo e servindo de escolta, a fragata multifunções Carlo Bergamini, que pertence a uma classe que está à disposição da França, de Marrocos e da Itália, assim como o navio de patrulha oceânica Comandante Borsini, um tipo de navio que surgiu na sequência do assalto realizado aos mares da Somália por frotas de várias origens… tendo em conta a necessidade de reduzir custos de exploração!

A acompanhar a frota, o navio-cisterna e de logística Etna.

Essa força-tarefa proveniente da Somália, fez vários dias de escala em Moçambique e chegará a Luanda no dia 15 de Março de 2014, permanecendo em Angola também por vários dias!

Fez de seguida a passagem obrigatória pela África do Sul, que é um dos possíveis clientes do Fincantieri, a empresa especializada que produziu o porta-aviões!

É uma força-tarefa capaz de integrar dipositivos nucleares!

3 – A Itália, antiga potência colonial que durante largas décadas esteve presente no “corno de África” (Etiópia e Somália), para além dos tradicionais interesses naquela região, possui extensivos interesses na exploração de petróleo e de gás em Angola, no Golfo da Guiné e na Líbia (a velha Tripolitânia), outra antiga colónia mesmo a sul da bota italiana e ainda hoje à sua mercê, pelo que a actual “missão naval” tem como pano de fundo geo estratégias valorizadas de longa data, no quadro das alianças forjadas inclusive do âmbito da NATO!

Neste momento, por exemplo, outra força-tarefa que penetra no Atlântico Sul é a do Irão, uma marinha inoportuna na coutada, que está a ser deslocada para, explicitamente, se colar irreverentemente à ilharga do território oriental dos Estados Unidos.

Essa iniciativa coincide com a iniciativa da Marinha de Guerra Italiana, pelo que o papel da força-tarefa da Itália ganha assim outro significado na sua deslocação, um significado que não se faz constar nem nas notícias dos média de referência, nem daqueles que são especialistas nesse tipo de matérias e de análises!

4 – Em Moçambique, a “passagem de modelos” da Marinha da Itália, com navios multifunções de calibre variado, comportou atractivos aspectos “humanitários”: “prevê-se que cerca de 500 crianças moçambicanas venham a beneficiar a bordo dos navios de uma campanha lançada esta terça-feira (28.01) que consistirá em operações cirúrgicas de fendas lábio-palatinas e triagem em oftalmologia e optometria.

Estes serviços são gratuitos numa iniciativa Ministério da Saúde moçambicano (MISAU), em parceria com a Organização “Operation Smile” da África do Sul e da Marinha Italiana”.


A passagem pela África do Sul e por Angola, para além das escalas mais a norte Atlântico dentro, está a ser feita à velocidade reduzida da deslocação da força-tarefa do Irão!

O cenário em África com a implantação do AFRICOM está a transformar-se: para além de por dentro do continente e no norte os ocidentais darem resposta a “redes terroristas” quantas vezes por si próprios financiadas, a leste do continente e em torno do fulcro que constitui a Somália, a “mobilização” é geral, arrastando a Somália, o Quénia, o Uganda, o Ruanda… daí este “piscar de olhos” oportuno a Moçambique, devido aos últimos acontecimentos internos!

Do leste a exploração do êxito nos Grandes Lagos pelo miolo continental, torna-se praticável e daí é fácil atingir toda a transversal do Sahel!

Só faltava fazer alastrar os aliciantes cosméticos à costa ocidental africana, a Angola, ao Golfo da Guiné e ao espaço marítimo à sombra do CEDEAO… enfim 360º à volta de África!!!

O império decidiu que o “corno de África” não seja só a Somália: é África por inteiro que está a começar a ser corno, o vértice sul, Cabo da Boa Esperança, obriga!

África “cosa nostra”!

PAZ SIM, NATO NÃO!!!

Foto: O porta-aviões, Cavour, nave capitânia e a “fina flor” da Marinha de Guerra Italiana.

A consultar (Martinho Júnior):
- A expansão do “arco de crise” (Zip Zip 07) –
- Estados Unidos ampliam hegemonia face a “ameaças assimétricas” (Zip Zip 15) –
- Pirataria sem limites (Zip Zip 23) –
- O cerco nuclear a África (Zip Zip 25) –
- África do Sul, “Good Hope IV” (Zip Zip 31) –
(Os Zip, Zip, uma vez que já estão fora de circulação, serão publicados em:
https://www.facebook.com/martinho.junior.1217?ref=tn_tnmn#
- Ainda a Somália (Rapidinhas do Martinho – 26) –
http://paginaglobal.blogspot.com/2011/07/rapidinhas-do-martinho-26.html
- A NATO sempre presente em África (Rapidinhas do Martinho – 34) –
http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/nato-sempre-presente-em-africa.html
- As novas grilhetas de África (Rapidinhas do Martinho – 42) –
http://paginaglobal.blogspot.com/2011/09/rapidinhas-do-martinho-42.html
- Explorando o êxito (Rapidinhas do Martinho – 48 – 01, 02 e 03) –
http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-48-i.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-48-ii.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/rapidinhas-do-martinho-48-iii.html
- França, pequena radiografia do poder global (Rapidinhas do Martinho – 59) –
http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/rapidinhas-do-martinho-59.html
- O assassinato de Kadhafi –
http://paginaglobal.blogspot.com/2012/10/o-assassinato-de-kadafi.html
- África do Sul apêndice AFRICOM –
http://paginaglobal.blogspot.com/2013/08/africa-do-sul-apendice-africom.html
- O triunfo neocolonial –
http://paginaglobal.blogspot.com/2013/07/o-triunfo-neocolonial.html
- Os gendarmes da colonização de África no século XXI –
http://paginaglobal.blogspot.com/2013/04/os-gendarmes-da-colonizacao-de-africa.html
- Entre o Relâmpago e o Rayo –
http://paginaglobal.blogspot.com/2013/06/entre-o-relampago-e-o-rayo.html

Outras consultas:
. List of acrive italian ships –
http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_active_Italian_Navy_ships
. Cavour aircraft carrier –
http://www.naval-technology.com/projects/num/
. FREMM multipurpose frigate –
http://en.wikipedia.org/wiki/FREMM_multipurpose_frigate
. Marinha italiana faz operação de charme em Moçambique –
http://www.dw.de/marinha-italiana-faz-opera%C3%A7%C3%A3o-de-charme-em-mo%C3%A7ambique/a-17392636
. Tha Iranian Navy: a symbolic show of force in the Atlantic –
http://www.stratfor.com/analysis/iranian-navy-symbolic-show-force-atlantic?utm_source=freelist-f&utm_medium=email&utm_campaign=20140213&utm_term=FreeReport&utm_content=title
. Marinha iraniana no Atlântico –
http://www.oactivista.com/2014/02/marinha-iraniana-no-atlantico.html
. Navios de guerra da marinha italiana visitam Angola –
http://www.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2014/1/7/Navios-Guerra-Marinha-italiana-visitam-Angola,df26b027-4a30-43b5-bd41-61406a32c53b.html

 

Líder do parlamento da Guiné-Bissau quer ser PR para "lutar contra o inconformismo"

 


Bissau, 14 fev (Lusa) - O presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Ibraima Sori Djaló, apresentou hoje a candidatura, como independente, à presidência do país com o propósito de "lutar contra o inconformismo".
 
Em conferência de imprensa, o dirigente do Partido da Renovação Social (PRS), que já chegou a liderar, disse que não gostou do facto de o seu partido ter escolhido o empresário Abel Incada como candidato às presidenciais, numa eleição interna a que ele também concorreu, e por isso decidiu avançar.
 
Sori Djaló disse que não aceita a escolha do partido por julgar que foi baseada "em pressupostos tribais" e ainda por considerar que Abel Incada "é um dirigente pouco conhecido" entre as bases do PRS.

Lusa, em Expresso

Patronato cabo-verdiano ameaça fazer greve e apela ao diálogo social

 


O patronato cabo-verdiano ameaçou hoje fazer greve para demonstrar que as paralisações, no momento atual em Cabo Verde, "não servem para nada" e apelou ao diálogo com sindicatos e Governo para se encontrarem soluções para se sair da crise.
 
A insólita ameaça de greve do patronato, proibida por lei, foi feita hoje pelo presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Sotavento (CCISS), Jorge Spencer Lima, como forma de protestar contra a paralisação de 29 e 30 de abril, seguida pela manifestação nacional de 01 de maio, convocada pela Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL).
 
"O patronato, os sindicatos, o Governo têm de ter aberta a porta do diálogo, porque se é para quebrar, quebramos todos. Se a ideia é quebrar, nós também podemos quebrar e se for preciso fazer greve, também a podemos fazer. Teremos as portas abertas. Os trabalhadores vão trabalhar, não vão deixar de trabalhar, mas não vendemos nada", afirmou.
 
Lusa, em Sapo cv
 

São Tomé e Príncipe: CHEFE DO ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS CAIU

 

Téla Nón (tp)

O Brigadeiro Felisberto Maria Segundo, Primeiro Chefe de Estado-maior da história das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe, decidiu abandonar o cargo. A insubordinação que tomou conta do quartel-general na passada segunda-feira, fez cair o brigadeiro que deixou de ter voz de mando sobre as tropas.

A queda do brigadeiro Felisberto Maria Segundo, está plasmada no comunicado do Conselho Superior da Defesa Nacional, que foi lido na noite de quinta – feira pelo Coronel João Bexigas, na qualidade de secretário do Conselho Superior da Defesa Nacional. «O conselho Superior de Defesa Nacional, tomou conhecimento da decisão do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas o senhor brigadeiro Felisberto Maria Segundo, de colocar o seu cargo a disposição face aos últimos acontecimentos ocorridos no quartel-general das forças armadas», anunciou o Conselho Superior da Defesa Nacional.

O brigadeiro Felisberto Maria Segundo, que tem como alcunha “Jacá”, foi nomeado pelo Governo de Patrice Trovoada, como o primeiro Chefe de Estado Maior da história das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe em Agosto do ano 2012. Fruto da reforma da instituição militar que criou pela primeira vez dois ramos distintos. O exército e a guarda costeira.

Felisberto Maria Segundo, cai do cargo de Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, devido as turbulências que sacudiram o quartel-general na passada segunda – feira em que os militares do exército recusaram honras ao Presidente da República.

O Conselho Superior da Defesa Nacional, já deliberou no sentido do Governo, avançar com a substituição do Chefe de Estado-maior demissionário e a respectiva cadeia de comando. « O Conselho insta as instâncias competentes a adoptarem as medidas que se impõem com vista a proceder as substituições no Estado Maior que se mostrarem necessárias», concluiu o Conselho Superior da Defesa Nacional.

Abel Veiga
 

Mais lidas da semana