terça-feira, 3 de novembro de 2015

Portugal. O QUE É QUE MAIS DETESTO EM CAVACO?



António Pinho Vargas*

O que é que mais detesto em Cavaco? Nem sequer é propriamente o político, em sentido estrito. Mas antes o facto de sermos todos, sobretudo os nascidos nos seus consulados de 80 e 90, "filhos de Cavaco". Entendam-me, por favor.

Que valores transmitiu? Que formas insidiosas conseguiu fazer penetrar nas nossas formas de vida? Que estragos provocou? O mais feroz individualismo, a ideia fixa de conseguir sucesso a qualquer preço, a corrosão do carácter, a razão profunda que conduziu muitos às maiores vigarices, aos maiores assaltos aos bancos e ao enriquecimento acima de tudo o resto, a incultura colossal, a ausência de qualquer pensamento de amizade, de amor, de solidariedade, de respeito pelo outro, sempre pronto a ser reduzido a nada à cotovelada, a cedência aos interesses mais mesquinhos como regra, tudo isto se espalhou na nossa sociedade como um vírus, como uma doença mortal, como uma desgraça colectiva, da qual apenas sobrevivem e mal aqueles que tiveram por trás de si, ou dentro de si, uma força quase impossível de passar à prática perante uma tal intoxicação semi-voluntária, semi-imposta sem nos darmos conta. Em suma, uma profunda crise moral, que, concedo, surgiu em muitos lugares do mundo a par com o triunfo do neoliberalismo, ideologia que apenas deixa livre a possibilidade de querer vencer, enriquecer, humilhar e ignorar tudo o resto e todos os vencidos.

É uma ideologia nefasta de todos os pontos de vista - nem na economia funcionou dada a sua ligação intrínseca à crise de 2008, a crise mundial do dinheiro virtual, do crédito a 0%, do endividamento tresloucado com o qual só alguns lucraram, crédito que, antes e depois de ser considerado mal-parado, provocou em 3 ou 4 décadas o aumento brutal das desigualdades no mundo. Não a inventou mas em Portugal foi o seu introdutor e principal instigador até hoje. Desta herança nunca poderá ter nenhuma espécie de desculpa ou de atenuante. 

Sem perdão.

*António Pinho Vargas, em Facebook

Portugal. PS avisa: sem acordo "aclarado" com PCP e Bloco exclui moção de rejeição



O líder parlamentar do PS frisou hoje que um acordo com PCP e Bloco de Esquerda tem de ficar "aclarado" até à discussão do programa de Governo PSD/CDS-PP e só com alternativa consolidada votará ou apresentará moção de rejeição.

Carlos César falava aos jornalistas no final de uma reunião com o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Costa Neves, na Assembleia da República, ocasião em que optou por usar uma linguagem "prudente e responsável" sobre uma eventual conclusão de um acordo de Governo entre o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP.

O presidente do Grupo Parlamentar socialista deixou a seguinte mensagem: "Enquanto não existir um acordo firmado com o PCP e Bloco de Esquerda, não vale a pena valorar o estado das negociações como estando a 90 ou a 40 por cento".

"Quando houver esse acordo, ele deverá ser comunicado e é importante que esse acordo seja aclarado, evidentemente, antes da discussão do programa do Governo [que se inicia na segunda-feira], porque é esse o compromisso do PS. Nós só nos constituiremos como uma força política que contribui para o derrube do Governo PSD/CDS se formos simultaneamente portadores de uma alternativa responsável, estável, com sentido durador e que proporcione aos portugueses um sentimento de tranquilidade e de confiança", afirmou.

O presidente do Grupo Parlamentar insistiu neste ponto: "Não votaremos nem apresentaremos nenhuma moção de rejeição se não tivermos em simultâneo a garantia que temos uma alternativa acordada e consolidada com os restantes partidos políticos".

Nas respostas às questões colocadas por jornalistas, o presidente do Grupo Parlamentar do PS também deu indicações de que não está acordada a apresentação de uma moção de rejeição comum de socialistas, PCP e Bloco de Esquerda ao Governo PSD/CDS-PP, dando mesmo, pelo contrário, um sinal de que a maior probabilidade passará pela apresentação de iniciativas separadas.

Até agora, segundo Carlos César, o PS "não se desviou do cenário" de procurar concluir um acordo sólido com as forças à sua esquerda.

"Se esse acordo for conseguido - e presume-se que tem uma alta probabilidade de o ser -, votaremos a nossa própria moção de rejeição, se for ela a primeira a ser votada. Se assim não for, vale aquilo que dissemos na noite das eleições [de 04 de outubro]: Não deixaremos o país sem Governo", referiu.

Perante os jornalistas, o presidente do Grupo Parlamentar do PS deixou também o sinal de que se oporá à intenção de PSD e CDS iniciarem já a constituição das comissões parlamentares e de procederem imediatamente ao arranque dos trabalhos em plenário.

Aqui, Carlos César usou a ironia na resposta: "Se, por exemplo, o executivo da coligação PSD/CDS apresentasse hoje o seu programa de Governo, depois de amanhã [quinta-feira] já poderíamos estar aqui a discuti-lo em plenário - e o parlamento estaria a funcionar mais cedo", respondeu o ex-presidente do Governo Regional dos Açores.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. NÃO É PARA QUEM QUER, É PARA QUEM PODE



Mariana Mortágua – Jornal de Notícias, opinião

Já se está a tornar um hábito. Todos os anos o Tribunal de Contas acrescenta uns largos milhões à lista dos benefícios fiscais reportados pela Autoridade Tributária. Ficámos agora a saber que ficaram 490 milhões fora das contas de 2013, a maioria aplicável a grandes empresas. Num país em que a espoliação fiscal do trabalho quer fazer tradição, as auditorias do Tribunal à Conta Geral do Estado constituem um dos raros momentos em se ouve falar em benefícios fiscais. É lamentável. Porquê?

Para começar, porque torna muito claro que os princípios de disciplina e rigor se aplicam unicamente à relação entre o Estado e os pequenos contribuintes e/ou beneficiários de apoios sociais. A implacável máquina fiscal que persegue quem menos tem revela-se incapaz de divulgar com precisão e transparência as benesses que legalmente concede a quem mais pode. Os quase 500 milhões que o Estado deixou de receber são mais do que necessários ao cumprimento de muitas outras funções. Ter a informação que nos permita avaliar o regime atualmente existente é o mínimo que se pode exigir.

Em segundo lugar, a dimensão deste tipo de benefícios fiscais - cerca de 1500 milhões de euros - é mais um fator da crescente desigualdade na tributação dos rendimentos em Portugal. Nos últimos quatro anos, a carga fiscal sobre o trabalho aumentou monumentalmente ao mesmo tempo que as empresas usufruíram de várias formas de desagravamento: descida da taxa de IRC e o aumento do número de anos para reporte de prejuízos fiscais são só alguns dos exemplos mais simples.

Por último, é importante realçar que, na sua larguíssima maioria, estes benefícios não servem para ajudar as pequenas empresas. Regra geral, as PME não se constituem enquanto SGPS (sociedades gestoras de participações sociais), não têm sede na Madeira e muitas vezes nem têm lucros para pagar IRC.

Vejamos, então, a lista dos nomes dos maiores beneficiários. A Spiering SGPS, registada na Madeira, está à cabeça. Segundo se sabe, é a holding de topo do grupo de Ilídio Pinho. Em segundo lugar, temos a Farrugia, também registada na Zona Franca da Madeira, controlada por uma empresa brasileira de construção. Em terceiro lugar, a Tertir, uma empresa do Grupo Mota-Engil, que terá tido direito ao benefício por via de uma operação de reorganização interna do próprio grupo. Na lista dos principais beneficiários constam ainda outros suspeitos do costume: EDP, Grupo Amorim, Grupo Jerónimo Martins, Portucel, fundos de pensões de bancos, poderosas IPSS e a Santa Casa da Misericórdia. Mas estes são os mais fáceis de identificar, já que a maior parte dos nomes são desconhecidos e remetem para empresas-fantasma, criadas para o efeito, sobre as quais sabemos muito pouco. Algumas são testas de ferro de grandes fortunas portuguesas e estrangeiras.

Conhecem aquele conto de fadas da economia composta por pequenas mas muito dinâmicas empresas onde o mérito e a competência imperam, longe da mão destruidora do Estado? Esqueçam. O que temos, não só aqui, mas um pouco por todo o Mundo, são grandes corporações com um incomparável poder político, e cuja estratégia de acumulação de riqueza passa, em larga medida, por explorar buracos legais gentilmente concedidos pelos estados. E o Mundo assiste, porque isto da fuga ao Fisco não é para quem quer, é para quem pode.

Portugal. "Não acredito que um socialista prefira executivo PSD/CDS a um do PS" – Carlos César



O presidente do PS, Carlos César, afirmou hoje que não acredita que um socialista prefira um Governo PSD/CDS-PP com o apoio do partido a um Governo socialista com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda.

Carlos César, líder da bancada do PS, falava aos jornalistas após ter estado reunido com o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Costa Neves, depois de questionado sobre a perspetiva de criação de uma corrente liderada pelo eurodeputado socialista Francisco Assis, que se reúne no sábado na Mealhada para contestar um eventual acordo do PS com o PCP e Bloco de Esquerda.

"Como socialista digo apenas: Não acredito que um socialista prefira um Governo de direita com o apoio do PS a um Governo do PS com o apoio da esquerda", declarou o ex-presidente do Governo Regional dos Açores entre 1996 e 2012.

Na primeira reação de um alto responsável do PS à iniciativa de contestação lançada por Francisco Assis contra a direção de António Costa, Carlos César optou também por desdramatizar o caráter do encontro, alegando que "os partidos políticos são formações plurais, sendo mesmo autênticas coligações no seu interior".

"Portanto, é legítimo e até desejável que o PS tenha opiniões divergentes sobre esse assunto [acordo de Governo com PCP e Bloco de Esquerda], como teria, de resto, se estivéssemos a fazer o percurso contrário. Se estivéssemos a consumar um acordo com o PSD e com o CDS, certamente que teríamos um conjunto de camaradas nossos que estariam reunidos (não sei se na Mealhada ou em outro local) a reclamar contra um acordo dessa natureza, pedindo antes um acordo com o PCP e com o Bloco de Esquerda", referiu o presidente do PS.

Interrogado sobre o risco de o PS ficar manietado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, o líder da bancada socialista contrapôs: "O lado inverso dessa reflexão diria que o PS ficaria manietado pela direita, refém de um continuo apelo ao 'sim' em todas as circunstâncias em nome de um interesse nacional que fosse invocado".

"Portanto, o PS decidirá de acordo com a sua melhor interpretação do interesse nacional, que passa por uma mudança de políticas pondo termo a uma austeridade excessiva, garantindo estabilidade, uma trajetória orçamental compatível com os nossos compromissos europeus e o respeito pelos nossos compromissos internacionais", disse.

Sobre a decisão de Francisco Assis avançar já no sábado com uma iniciativa de contestação, não aguardando pelo congresso do PS, Carlos César referiu-se da seguinte forma ao cabeça de lista socialista nas últimas eleições europeias: "Francisco Assis é um ativo precioso do PS e, enquanto ele se movimentar naquilo que julgar ser a sua melhor interpretação do interesse nacional e do PS, devem ser sempre saudadas as suas ações e decisões".

Lusa, em Notícias ao Minuto

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Portugal. INOCÊNCIA DA MATA É UMA DAS GANHADORAS DO PRÉMIO FEMININA 2015



Alberto Castro* - Afropress

Londres - A professora doutora Inocência Mata, colaboradora da Afropress (foto), é uma das cinco agraciadas com o Prêmio Femina 2015, criado em 2010 pela Matriz Portuguesa - Sociedade Civil para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento para premiar Notáveis Mulheres Portuguesas que, profissional, cultural e humanitariamente, tenham se distinguido com mérito em Portugal ou no estrangeiro. 

Na celebração do quinto aniversário de sua fundação procedeu-se ao alargamento do âmbito das destinatárias, passando a premiar as Notáveis Mulheres Portuguesas e da Lusofonia, oriundas de Portugal, dos Países de Expressão Portuguesa, das Comunidades Portuguesas e Lusófonas, e Luso-descendentes, que se tenham distinguido com mérito ao nível profissional, cultural e humanitário no mundo, pelo conhecimento e pelo seu relacionamento com outras culturas.

Inocência Mata recebe o prêmio por mérito na área das Letras, com ênfase para a Literatura, pelo seu trabalho de investigação e ensino de Literaturas Lusófonas. As outras agraciadas são a escritora Ana Mafalda Leite, igualmente por mérito nas Letras (Poesia e ficção), Fátima Cardoso (Ciências: Investigação relevante), Soraya Gadit (Excelência Profissional: Empreendedorismo e inovação) e Sónia Matias, mérito nadivulgação da Cultura de Matriz Portuguesa no estrangeiro e na Lusofonia.

A atribuição dos prêmios às agraciadas é feita por uma Comissão de Honra, constituída exclusivamente por membros masculinos – reconhecendo, assim, o seu valor e excelência na sociedade portuguesa moderna e evoluída, como seus pares de pleno direito. O jantar e cerimônia de entrega dos prêmios terão lugar no dia 28 de Novembro de 2015, na Sala Macau, do Museu do Oriente, em Lisboa.

Note-se que o prêmio português Femina, criado em homenagem à Infanta D. Maria (1521-1577), tida na Renascença como protetora das Artes e das Ciências numa altura em que as mulheres eram consideradas inferiores e cuja corte ficou conhecida como ''Universidade Feminina'', não deve ser confundido com o prêmio homônimo literário na França, oferecido anualmente a uma obra de ficção e cujo júri, formado por colaboradoras da revista Femina, é exclusivamente feminino.

http://www.matriz-portuguesa.pt/FEMINA.php

*Alberto Castro é correspondente de Afropress em Londres e colabora em Página Global

COIMBRA AJUDA CABO VERDE A CRIAR O PRIMEIRO CURSO DE MEDICINA



O primeiro curso de Medicina de Cabo Verde conta com 25 vagas - 20 exclusivas a estudantes cabo-verdianos e as restantes disponibilizadas para alunos da CPLP. Fernando Regateiro, catedrático de Medicina na Universidade de Coimbra, coordenou o projecto.

A primeira faculdade de medicina de Cabo Verde entrou em funcionamento na última semana, em resultado de um projecto que contou com o apoio da Universidade de Coimbra (UC).

Fernando Regateiro, professor da faculdade de Medicina da UC e responsável da instituição portuguesa pela coordenação do projecto, diz à Renascença que se materializou um desejo antigo que vai permitir que os alunos “venham a exercer a medicina de forma robusta, segura e com qualidade”.

A ideia de criar um curso médico em Cabo Verde começou a ganhar forma há seis anos, numa conversa entre Fernando Regateiro e o então reitor da Universidade de Cabo Verde (UNICV) - actual ministro de Ensino Superior, Ciência e Inovação cabo-verdiano - Correia e Silva.

Há um ano e meio, tudo ficou mais clarificado, quando “o governo de Cabo Verde estabeleceu um protocolo com o governo português para o apoio ao ensino da medicina”, conta Fernando Regateiro.

Neste curso, os alunos têm aulas em Cabo Verde nos primeiros três anos e viajam, depois, para Portugal, onde estudarão mais dois anos. “O objectivo é que os alunos possam, no quarto e quinto ano, ter uma experiência de ensino clínico num grande hospital, em que as abordagens clínicas são feitas de acordo com os processos mais evoluídos”, explica Fernando Regateiro.

O catedrático de Coimbra sublinha que, em Cabo Verde, “existem todas as condições para satisfazer os objectivos do ensino da medicina”, acrescentando que a UNICV “já provou ter experiência lectiva e recursos pedagógicos”.

Nesse sentido, o trabalho da Universidade de Coimbra será, acima de tudo, de supervisão. “Vamos assegurar essa ligação forte e próxima, onde a nossa universidade acompanhará todo o processo e se envolverá quando necessário”, explica.

Fernando Regateiro, que é também colunista da Renascença, aponta como essencial que as instituições de ensino superior não se fechem e promovam este tipo de iniciativas. “Uma ideia de universidade não se esgota intramuros, há que haver uma projecção do seu saber e do seu conhecimento. A universidade não é de uma cidade, de um país, é da humanidade”, defende.

O novo curso de Medicina de Cabo Verde conta com 25 vagas. Vinte são exclusivas a estudantes cabo-verdianos e as restantes são disponibilizadas para alunos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O projecto contará também com a colaboração de oito docentes portugueses.

Renascença

Cabo Verde investiga alegadas irregularidades na gestão dos fundos autónomos



O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, disse hoje que o Governo está a investigar denúncias de alegadas irregularidades na gestão dos fundos autónomos e garantiu que se houver anomalias as pessoas serão responsabilizadas.

"Se as denúncias forem averiguadas e houver quaisquer indícios de desvios em relação aos dinheiros públicos é claro que as pessoas serão efetivamente responsabilizadas", disse José Maria Neves, em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV).
"Mas é preciso que essa discussão se faça com argumentos e é preciso, sobretudo, que quem denuncie possa comprovar as denúncias que tem feito. O que garanto é que os fundos têm sido geridos com rigor e com transparência", salientou.

A gestão dos fundos autónomos tem estado envolta em polémica em Cabo Verde, desde as denúncias e acusações feitas pelo presidente da Associação Nacional de Municípios de Cabo Verde (ANMCV), Manuel Pina, de "gestão danosa, com indícios de corrupção e falta de transparência na administração do Fundo do Ambiente".

Em causa, segundo Manuel de Pina, estão, entre outras, alegadas irregularidades cometidas pelo Governo no funcionamento do fundo, bem como a atribuição a organizações não-governamentais e a associações de verbas para fins diferentes daqueles previstos legalmente.

Na sequência, o ministro apresentou uma queixa-crime contra Manuel de Pina na Procuradoria-Geral da República, seguindo-se posteriormente uma queixa-crime de Manuel de Pina, também autarca da Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha), contra Antero Veiga.

O Fundo do Ambiente está também a ser investigado pelo Ministério Público, que instaurou um processo para averiguar indícios de irregularidades na gestão das verbas.

O assunto, que tem provocado um acesso debate em Cabo Verde, chegou ao Parlamento, onde durante uma interpelação do Movimento para a Democracia (MpD - maior partido da oposição) ao Governo, o deputado Miguel Monteiro referiu-se a outro fundo, o do Turismo, dizendo que foi usado para finais diferentes daqueles previstos legalmente.

O deputado disse que as verbas foram usadas para pagar a lua-de-mel de um colaborar do fundo, para montar uma loja da filha de um alto dirigente do partido que sustenta o Governo (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde - PAICV) e para despesas de manutenção do Estádio Nacional.

Considerando os casos graves, Miguel Monteiro confirmou hoje que apresentou uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República por alegadas irregularidades na gestão dos fundos autónomos em Cabo Verde.

Na sexta-feira, o diretor geral do Ambiente de Cabo Verde, Moisés Borges, apresentou uma queixa contra o deputado do MpD Filipe Furtado, por este ter dito no Parlamento que aquele funcionário superior movimentou na sua conta pessoal dinheiro do Fundo do Ambiente, totalizando até agora quatro queixas sobre a gestão dos fundos em Cabo Verde.

Nas declarações à RCV, José Maria Neves disse que Cabo Verde deve garantir rigor e transparência na gestão dos dinheiros públicos, uma vez que são recursos de todos os cabo-verdianos.

"Quem gere esses fundos fá-lo em nome do povo de Cabo Verde, para servir o povo de Cabo Verde", enfatizou o chefe do Executivo, para quem o Governo tem sempre agido no sentido de garantir a transparência da coisa pública.

"Nós queremos um Estado Republicano, um Estado social, onde não haja corrupção, onde haja rigor e transparência na gestão da coisa pública", prosseguiu, dizendo que havendo denúncias, essas devem ser "rigorosamente averiguadas" e se determinar da sua veracidade e se houver responsáveis, as pessoas deverão ser responsabilizadas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

São Tomé quer afirmar-se como o “Dubai de África” com um porto construído pela China



Depois de 2014 ter ficado marcado por uma inédita visita à China de um presidente de São Tomé e Príncipe, o arquipélago vai agora receber um vultuoso investimento chinês, tendo em vista afirmar-se como o “Dubai de África.”

O porto de águas profundas, com um custo estimado em 800 milhões de dólares e cuja construção foi adjudicada a um grupo chinês, foi apresentado em Outubro pelo governo de São Tomé e Príncipe a investidores em Londres, onde o primeiro-ministro Patrice Trovoada defendeu, numa entrevista ao jornal Independent on Sunday, o “plano de negócios” do arquipélago.

“O que a China está a oferecer num negócio como este é um empréstimo e não um donativo. O que nós temos é uma empresa chinesa tecnicamente capaz que se empenhou. É um acordo comercial, não político”, afirmou o chefe do governo são-tomense.

A China Harbour Engineering Company (CHEC) vai co-financiar, com pelo menos 120 milhões de dólares, a construção do porto, descrito pelo governo como uma “infra-estrutura de classe mundial para servir as necessidades logísticas do Golfo da Guiné.”

O primeiro porto de águas profundas do arquipélago deverá ser construído na zona de Fernão Dias, distrito de Lobata, a 12 quilómetros da capital, devendo entrar em funcionamento em 2019.

Ao Independent on Sunday o primeiro-ministro são-tomense assumiu o objectivo de ser o “Dubai de África”, uma “plataforma de oferta de serviços” que aproveita a proximidade geográfica a algumas das maiores economias do continente.

No ano passado, a relação entre a China e São Tomé e Príncipe tornou-se menos distante com a visita de Manuel Pinto da Costa, a primeira de um presidente são-tomense à China em quase vinte anos, ainda que a título privado.

Também em 2014, a empresa chinesa Guangxi Hydroelectric Construction Bureau iniciou a construção de uma urbanização na ilha de São Tomé, em regime de auto-financiamento estimado em 300 milhões de dólares.

A ser erguida entre a capital de São Tomé e Príncipe e o distrito de Lobata numa área de 214 hectares, a nova urbanização contará com pouco mais de uma centena de habitações bem como supermercados, escolas, creches e um hospital.

Nascida no âmbito do projecto “Expu Conga” concebido pelo ministério das Obras Públicas de São Tomé e Príncipe, a nova urbanização terá ainda edifícios para os corpos diplomáticos acreditados no arquipélago bem como várias infra-estruturas com um máximo de sete pisos para os serviços de administração pública, incluindo áreas turísticas, comerciais, culturais, desportivas e de lazer.

Além da construção de raiz na nova urbanização, o contracto contempla ainda a requalificação da actual cidade de São Tomé, edificada nos anos 50 do século XX pela então administração colonial portuguesa. (Macauhub/CN/ST)

LUATY QUER REGRESSAR PARA JUNTO DOS RESTANTES ACTIVISTAS DETIDOS



Luaty Beirão passou a realizar uma alimentação sólida por dia, depois de ter terminado uma greve de fome de 36 dias, e quer reencontrar os restantes 14 colegas activistas no hospital-prisão de São Paulo, em Luanda.

A informação foi prestada hoje, em Luanda, pela mulher, Mónica Almeida, fazendo o balanço de uma semana no processo de realimentação do activista, que permanece internado numa clínica privada da capital, sob detenção, para onde foi transferido a 15 de Outubro devido ao estado de saúde.

“Ele só veio para aqui, para a clínica, porque foi o que esteve mais tempo em greve de fome e estava em risco de vida. Continua a dizer que quer aguardar julgamento em liberdade ou então ir para junto dos colegas, que é o que pode acontecer agora, é natural. Quando for transferido não nos avisam, só o levam”, disse a mulher, que continua a acompanhar Luaty Beirão na clínica.

O director nacional dos Serviços Penitenciários explicou na semana passada que Luaty Beirão está a ser acompanhado por elementos dos serviços médicos prisionais, mas sem adiantar prazos para o seu regresso à cadeia.

“Estamos a tratar disso. Ainda não estamos em condições de dar esse tipo de informação”, disse na altura António Furtado.

Luaty Beirão, que também tem nacionalidade portuguesa, é um dos 15 angolanos em prisão preventiva desde Junho – mais duas jovens aguardam em liberdade provisória – sob acusação de supostos actos preparatórios para uma rebelião em Angola e um atentado contra o Presidente da República.

A greve de fome de Luaty Beirão, cujo fim foi anunciado a 27 de Outubro, visou protestar contra o excesso de prisão preventiva e exigindo aguardar julgamento em liberdade, conforme prevê a lei angolana para este tipo de crime.

Luaty Beirão, de 33 anos, iniciou há uma semana, com o acompanhamento médico e de um nutricionista, o processo de realimentação, inicialmente apenas com líquidos, depois de ter perdido 23 quilogramas.

“Ingere uma refeição sólida, muito leve, por dia, neste programa de dez dias. Está a evoluir bem”, disse ainda a mulher.

O julgamento deste processo arranca a 16 de Novembro, no tribunal de Cacuaco, nos arredores de Luanda, pelo que além da recuperação da condição de saúde, Luaty Beirão ainda tenta participar na defesa, a cargo dos advogados Luís Nascimento e Walter Tondela, que representam 13 dos 17 acusados.

“Ele ainda tem esperança nos recursos que estão pendentes nos tribunais para ser libertado e aguardar, juntamente com todos os outros, o julgamento em liberdade”, apontou Mónica Almeida.

Em concreto, sobre Luaty Beirão, a acusação do Ministério Público diz que o activista “confirmou nas suas respostas” – testemunho cuja autoria foi entretanto negada pelo próprio – que os encontros que este grupo organizava, aos sábados, em Luanda, visavam “a preparação de realização de acções para a destituição do Presidente da República e do seu Governo, ao que se seguiria a criação de um Governo de transição”, recorrendo para tal a manifestações e com barricadas nas ruas.

Na carta em que anunciou o fim da greve de fome, durante a qual perdeu 23 quilogramas, Luaty Beirão avisou que não vai desistir de lutar.

“Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardamos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça”, lê-se na carta de Luaty Beirão.

Folha 8

Angola. DEBATES E CRITÉRIOS DÚBIOS



Luísa Rogério – Rede Angola, opinião

A semana começou com a boa notícia da suspensão da greve de fome por Luaty Beirão. Depois de 36 dias a manifestar “um comportamento diferente em relação aos alimentos” o activista voltou a comer para enorme satisfação dos familiares, amigos e admiradores. Suspiraram também de alívio pessoas que, apesar de não se reverem propriamente nas causas de Luaty, enalteceram a sua determinação ao levar a cabo aquilo que, para a maioria dos seres comuns, não passaria de um frustrado ensaio sobre a fome. As orações não foram em vão. A seguir ao fim do “comportamento diferente” as redes foram inundadas de ovações. Não faltaram, porém, as teorias inusitadas. Os absurdos incluíram suspeitas de alimentação na calada da noite no quadro de um esquema de sobrevivência concebido ao detalhe por Luaty apenas para chamar a atenção.

Nesse capítulo do processo “15+1” prevaleceu o final feliz. Venceu o bem supremo. Nenhuma vida humana foi ingloriamente sacrificada. De mártires está o “panteão” nacional cheio. Agora, falta esperar pelo julgamento e acreditar que os operadores de direitos são movidos apenas pela nobre finalidade de fazer justiça. Nessa base cairiam por terra receios de interferências políticas inadmissíveis num estado democrático e de direito.

Uma fasquia considerável da população julga-se munida de indicadores para duvidar da separação efectiva de poderes em Angola. Os apologistas do funcionamento linear das instituições democráticas no país exultaram com a “desmistificação” a partir de um esclarecimento julgado contundente em círculos simpáticos aos poderes públicos. O apoio veio de onde menos se esperava: de Portugal. António Martins da Cruz, embaixador de carreira, deu explicações inquestionáveis à luz do direito internacional no que concerne a particularidade de, em Angola, Luaty Beirão não poder recorrer a protecção consular de Portugal. Dispenso a análise do debate entre o embaixador e Rafael Marques porque a versão integral disponível na internet permite aos espectadores tirarem ilações próprias, na medida em que oferece perspectiva mais ampla do que a dos vídeos editados.

Quem acompanhou o “tira-teimas” promovido pela cadeia televisiva portuguesa TVI ficou a saber por intermédio do diplomata que a justiça angolana funciona melhor do que a de Portugal. Pelo menos teria superado a da ex-potência colonizadora em relação a José Sócrates, tendo como elemento comparativo o processo movido pelo Estado contra Luaty Beirão e companheiros. O embaixador foi incisivo ao desvalorizar as críticas quanto ao poder judicial angolano. Citou como exemplo de independência o facto de nos últimos três anos o Tribunal Supremo angolano ter condenado dezassete vezes o Estado “a pagar indemnizações fortíssimas”, inclusive em penas que condenavam responsáveis de departamentos ministeriais. Na óptica do diplomata português, a constatação atesta a existência de liberdade do poder judicial em Angola e que este não é condicionado pelo poder político.

Factos são factos. São inegáveis. Na falta de outros elementos de comparação, não deve ser crime perguntar se os citados reflectem a realidade global do nosso sistema judicial. Como o tempo continua a ser o melhor mestre, fica o benefício da dúvida enquanto se aguarda pelo julgamento. Até lá, acreditar ou não vai ser a questão. Acreditar na irrefutabilidade das declarações no embaixador, acreditar nas intenções genuínas dos activistas e no que se quiser para analisar os complexos dados do xadrez político nacional. Aproveitando a deixa, muita gente acredita que a existência de palcos consagrados pelas normas internacionais para discutir questões de direitos humanos não invalida a abordagem pública da temática. Tanto pode ser no Rossio, em Lisboa, na Praça da Independência, em Luanda, ou em outro qualquer lugar do mundo. Direitos humanos conformam valores universais, independentemente do lugar em que se esmiuçam os argumentos. No mesmo espaço cabem a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, o direito de aplaudir e de livremente discordar.

Na semana finda, a cultura da intolerância ganhou maior visibilidade nas redes inundadas de expressões como idiota, ignorante e vendilhões da pátria. O citado debate teve o poder de desenterrar adjectivos e de reciclar rótulos. Ódios mal resolvidos acompanharam a esquentada guerra das palavras. Porquê se está tudo bem e se todos quantos ousam pensar diferente obedecem a agendas externas para desestabilizar Angola? Podem até existir algures programas menos ortodoxos. Acontece porém que o impacto de tais cabalas se situariam perto da nulidade se os deveres de casa forem bem feitos. As hipotéticas mãos desestabilizadoras teriam escassa margem de manobra para dar vazão ao velho ditado segundo o qual “é no aproveitar que está o ganho”.

A intervenção televisiva em defesa de Angola deixou uma curiosidade no ar. O aclamado embaixador António Martins da Cruz é tão português quanto a euro-deputada Ana Gomes, autora de relatórios que questionam a situação dos direitos humanos em Angola. Que critérios colocam o primeiro na lista de aliados da razão e a segunda na de personalidades acusadas de ingerência em assuntos do Estado soberano de Angola?

Angola. “QUERÍAMOS QUE LUATY COMESSE E DEPOIS A JUSTIÇA FIZESSE A SUA PARTE”



Bento Kangamba critica a forma como se está a pressionar os tribunais angolanos, pedindo a libertação sem julgamento dos activistas.

O general e alto dirigente do MPLA Bento dos Santos Kangamba saudou ontem o fim da greve de fome dorapper Luaty Beirão, afirmando que o tempo é da Justiça, recusando pressões externas no processo dos 15 activistas.

Naquela que foi uma das primeiras reacções de figuras de topo do regime ao fim do protesto de Luaty Beirão, um dos activistas detidos desde Junho sob acusação de rebelião e que cumpriu 36 dias em greve de fome, o general Kangamba assumiu a importância do fim desse protesto, para que a Justiça “siga o seu caminho normal”.

“Isso é que é importante, isso é o que nós queríamos. Queríamos que Luaty comesse e depois a Justiça fizesse a sua parte”, disse o dirigente do MPLA, questionado pelaLusa à margem de uma visita de campo em Benfica, Luanda.

“O que estava a acontecer era a greve de fome e depois as pessoas a pressionar a Justiça para libertar [os activistas, incluindo Luaty Beirão]. Ninguém estava a defender para julgar, mas para libertar, para tirar fora, de imediato”, observou Bento Kangamba, membro do comité central do MPLA.

Também conhecido como Ikonoklasta, Luaty Beirão, de 33 anos, protestava com a greve de fome contra o excesso de prisão preventiva e exigia aguardar julgamento em liberdade, anunciando o fim da greve de fome na passada terça-feira, perante os alertas médicos sobre a sua situação clínica e os sucessivos apelos nacionais e internacionais.

É um dos 17 jovens acusados pela Justiça de actos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o presidente, tendo o início do julgamento sido entretanto marcado para 16 de Novembro, no tribunal de Cacuaco.

“Vamos deixar que a Justiça faça a sua justiça e que os juízes façam o seu juízo. E espero que haja imparcialidade da Justiça no julgamento dos jovens, que quem cometeu apanhe pena, quem não cometeu que seja absolvido. Não pode é haver mais o espectáculo que estávamos a ver sobre esse Luaty”, disse Bento Kangamba.

O dirigente voltou a criticar figuras do Bloco de Esquerda, em Portugal, pelas acusações de violação dos direitos humanos lançadas a Angola, dizendo mesmo que “alguns não são bem-vindos” ao país.

“O Luaty nunca foi preso político. O Luaty é do grupo de jovens que tentou fazer aqui manifestações, a falar mal de quem governa, de quem está próximo do governo, mas isso não quer dizer que é político”, disse, garantindo que Angola é uma democracia onde “não há presos políticos”.

Retomando a crítica aos protestos e acusações desde Portugal, sobre violação de direitos humanos e falta de liberdade de expressão em Angola – que recusa aceitar – Kangamba insiste que “alguns portugueses” ainda tratam os angolanos “como criados” e que acham que “têm de ser chamados pretos”.

Também por isso insiste que, enquanto “país soberano”, Angola deve “resolver os seus problemas internamente” e que “não é Portugal a ensinar o que temos de fazer”.

Retomando as “preocupações” com a indefinição governativa em Portugal, afirma que “nem todos os portugueses são maus”, mas lamenta as “constantes insinuações” sobre o regime angolano.

“Mas esta fase vai passar, confio nas autoridades portuguesas e nos políticos portugueses”, rematou.

Lusa, em Rede Angola - Na foto Bento Kangamba (direita), junto a Higino Carneiro, numa reunião do comité central do MPLA[ Francisco Bernardo/JAImagens

Portugal. SE ASSIS NÃO CONSIDERA O PS PARTIDO DE ESQUERDA, QUE ESTÁ A FAZER NO PS?



Hélder Semedo, Coimbra

Francisco Assis, deputado do PS no Parlamento Europeu, anda de candeias às avessas com o PS de António Costa por pôr o partido à esquerda e a fazer acordo com a esquerda para ser maioritária na Assembleia da República e assim governar o país com políticas anti-austeridade nas vertentes em que seja possível. É nesse acordo, que visa maioria parlamentar de sustentabilidade ao governo PS, que Assis e seus apaniguados vê o demónio. PS à esquerda não.

Era ontem notícia que Assis desenvolveu uma corrente discordante da política de António Costa e vai reunir mais de cem militantes do partido na Mealhada já no próximo sábado com o intuito de criar uma alternativa do PS à esquerda e retomar a direita. Ou seja, Assis e apaniguados estão no Partido Socialista mas são de direita e querem políticas miscigenadas com o CDS e o PSD, coisa a que chamam “centro”, falsamente.

Assis e apaniguados estão no Partido Socialista mas não querem ter nada que ver com o socialismo. Legitimo perguntar: o que passou pela cabeça de Assis e dos da sua vontade política quando aderiram e se fizeram militantes do PS? Se não são socialistas o que estão ali a fazer? Será que são uma corrente do CDS e do PSD infiltrada no PS para o “puxar” para a direita? O que e quanto ganham por isso? Ou é pro bono?

De todo, não se compreende que indivíduos que se identificam com as políticas de direita – às vezes de direita extrema – adiram ao PS e ao seu programa, às suas bases estatutárias e programáticas vincadamente socialistas. Socialistas da modernidade e destes tempos mas com bastante pendor de esquerda, de socialismo democrático. Com legitimidade devemos questionar novamente: o que passou pela cabeça de Assis e dos da sua vontade política quando aderiram e se fizeram militantes do Partido Socialista? São a lança da direita no PS? Aderiram ao PS porque foi onde encontraram vaga com a possibilidade de serem eleitos para “tachos” que ambicionavam desde pequeninos? Deve ter sido, já que de socialistas nada têm. Estão no partido político errado, em vez de no PSD ou no CDS. Compreende-se, naqueles já existem muitos como eles e as possibilidades de serem incluídos em listas eleitorais eram menores que no PS.

Nesse raciocínio conclua-se que afinal o que eles são é oportunistas. Não se regulam por regras socialistas, nem social-democratas, nem cristãs democratas. Regulam-se exclusivamente pelas suas ambições de ganância em obterem os melhores “tachos” possíveis no menor prazo de tempo possível... e que sejam duradouros o mais possível.

No sábado, na Mealhada, os gananciosos vão reunir-se. Não no interesse do país nem da democracia, não em defesa dos cidadãos que já somam quase três milhões na miséria, afogados em dívidas, em fome, em desemprego. Afogados e quase a parar de esbracejar devido à sua malnutrição. Que são mais de cem, na Mealhada. Até podem ser duzentos, que assim não suplantam os imensos milhares de realmente socialistas democráticos que militam no PS. Assis e os seus apaniguados gananciosos vão ter de ficar a marcar passo nesta intenção caríssima de fazer revalidar em governos futuros Passos e Portas, de que aparentam ser utilitários agentes. A direita ao poder será seu lema. Nessa direita pretendem incluir o PS, é o que transparece. 

Se assim não é, o que estão a fazer com uma “corrente” anti-esquerda e tão à direita no Partido Socialista?

Portugal. PS. ASSIS CONVOCA OPOSITORES DE COSTA PARA ENCONTRO NO SÁBADO



Eurodeputado considera "impensável" e "erro histórico" acordo com PCP e BE, mas diz que não vai apelar aos deputados para desrespeitarem a disciplina de voto.

Começou a contagem das espingardas no PS. Em vésperas da discussão do programa do Governo da coligação, Francisco Assis convoca os militantes do partido que discordam do rumo que o secretário-geral está a seguir para um encontro sábado, na Mealhada.

Os opositores de António Costa, apesar de estarem em minoria nos órgãos do partido e no próprio grupo parlamentar, acreditam que “representam metade do eleitorado do PS”. “Metade do eleitorado socialista está assustado com a deriva que o partido está a seguir e isto que nós estamos a fazer comparado com o que os apoiantes do actual secretário-geral fizeram à anterior direcção não é nada”, afirma fonte socialista, agitando com o risco de o PS guinar completamente à esquerda. “O partido corre o risco da 'pasokização' e 'syrização'. Há aqui uma deriva à esquerda e isso é muito perigoso”, adverte a mesma fonte, considerando que o partido “deve ter uma reserva, evitando pôr as fichas todas em António Costa” numa próxima disputa da liderança.

A realização deste encontro está a deixar o aparelho do partido nervoso. A mobilização está a ser grande e são esperados militantes de todo o país. A organização conta com a presença de aproximadamente duas centenas de pessoas, entre militantes de base, ex-dirigentes do partido e presidentes de câmara. Poucos deputados devem marcar presença. Eurico Brilhante Dias, que integrou o secretariado nacional do anterior secretário-geral, António José Seguro, deverá ser um dos poucos deputados a deslocar-se à Mealhada, o mesmo acontecendo com os líderes das distritais do partido, até porque alguns deles foram eleitos deputados.

“É muito importante demonstrar ao próprio país que há, de facto, no PS quem defenda uma solução distinta daquela que aparentemente está a prevalecer e que para mim é um erro histórico”, afirma Francisco Assis, que considera ”impensável um entendimento do PS com o PCP e o Bloco”. O eurodeputado socialista reconhece que tal como ele “há muita gente no PS que está contra um entendimento” e declara que, ao assumir uma divergência com a linha oficial do partido, contrai responsabilidades, às quais – frisa – não se furta. “Não estou indisponível para nada nem nunca estive. Mas esse agora não é o meu objectivo neste momento”, sublinha o ex-líder da bancada parlamentar do PS, frisando que a “questão fundamental neste momento é mostrar que este caminho é um caminho errado e que é perigoso para o PS”.

Ao PÚBLICO Francisco Assis diz não ter dúvidas de que o PS pode “pagar caro esta aproximação à esquerda” e refere que “um governo desta natureza é um governo com uma grande incapacidade para fazer reformas": "Um Governo do PS apoiado por um partido tão conservador como é o PCP e por um partido tão contraditório como é o Bloco de Esquerda inibe-nos de ter a capacidade de promover reformas que o país precisa”.

Sublinhando a importância de o país fazer “reformas sérias”, Assis vinca a necessidade de o “PS ter a sua agenda reformista como acontece com a direita”. “A direita tem uma agenda reformista ultraliberal que não é a nossa. Nós temos de ter uma agenda reformista verdadeiramente social-democrata e eu não acredito que com este entendimento à esquerda essa agenda reformista se possa levar a cabo com sucesso”, afirma.

Em declarações ao PÚBLICO, o eurodeputado reafirma a ideia de que o “PS deveria assumir-se como partido da oposição com sentido de responsabilidade e, a partir da oposição, construir uma alternativa de governação ao país. É isso que os portugueses esperam do PS neste momento”.

Para já, afasta qualquer cisão no partido, mas assume que “há determinados momentos em que as pessoas têm a obrigação perante a sociedade de se assumirem e de afirmarem as suas posições": "E é isso que eu estou a fazer”.

Quanto ao encontro, deixa a garantia que não vai aproveitar a reunião de sábado para apelar aos deputados do PS para que desrespeitem a disciplina de voto. ”Não vou apelar a que desrespeitem a disciplina de voto porque a disciplina de voto é importante”. Porquê? “Porque se não o país entra num quadro de ingovernabilidade.” “Há princípios que têm de ser respeitados”, aponta.

“É fundamental que aqueles que neste momento têm uma divergência profunda em [relação a um futuro governo do PS com o apoio pela esquerda] que se encontrem e que digam claramente que nós estamos aqui para dizer que há outro caminho, que há outra via, que temos um entendimento do que deve ser o papel do PS completamente distinto daquele que neste momento parece prevalecer no interior do partido. É só isso e nada mais”.

Insistindo na questão que os socialistas estão a tratar de uma “alteração profunda da vida política portuguesa – o PS dispõe-se a governar com o apoio do PCP e Bloco”, o eurodeputado aponta exemplos em que o seu partido diverge dos outros dois - “e não são divergências menores”, como faz questão de evidenciar, e avisa que “Portugal está longe de ter superado as dificuldades”. “Ainda estamos numa situação de crise”.

Assis elogia a inteligência e a capacidade do secretário-geral socialista, recusa dizer se se mostra desapontado com ele e pede mudança de estratégia, porque — frisa — a “celebração de acordos à esquerda é um erro histórico”. Aquilo que o separa de António Costa são “divergências muito sérias do ponto de vista estratégico” e é por causa dessas divergências que tomou “a decisão de convocar o partido para um encontro”.

Fonte socialista ligada à direcção de António José Seguro diz que “é importante que os socialistas que discordam de Costa tenham dado um sinal ao país” e que “é fundamental que se prepare uma corrente crítica e alternativa no PS”. E diz que esta corrente que se começa a desenhar, seja em que circunstância for, vai disputar a liderança do PS no próximo congresso. “É uma questão de dignidade!”, diz.

Margarida Gomes - Público

Portugal. O PERIGO DE SEPULTAR OS RIOS



Paula Ferreira – Jornal de Notícias, opinião

A ribeira chama-se agora Avenida da Liberdade e nesta metamorfose está a explicação, ou parte dela, do que se passou no domingo em Albufeira. Sepultar um curso de água, ou o local onde em tempos correu um ribeiro, é um ato criminoso. E mais criminoso se torna se feito por quem teria obrigação de não ignorar, de desenvolver os conhecimentos técnicos necessários para avaliar as consequências.

A população de Albufeira sabe do que se trata. No domingo, vários populares, ouvidos pela Comunicação Social, apontavam o dedo às obras da sociedade Polis que terão aterrado a ribeira. Aqui a responsabilidade não se atribui a um qualquer autarca inculto, apologista do betão: a obra partiu do Ministério do Ambiente, de quem depende a sociedade Polis. A crer nos relatos vindos a público, na refrega das inundações que deixaram um rasto de destruição e lama na turística Albufeira, na intervenção foram usadas manilhas para as águas pluviais de capacidade inferior às instaladas anteriormente.

Aconteceu em Albufeira, no Algarve, poderá repetir-se em qualquer outro ponto do país. Entubar ribeiros, devido a interesses vários, turísticos ou agrícolas, é prática corrente de norte a sul. A solução - perigosa, como se vê - dura até ao dia em que a Natureza mostra a sua força e arrasta nas enxurradas o erro praticado. E, enfim, é tarde para emendar a mão.

Emparedar o curso de água, por certo, não será a única explicação para a situação caótica vivida, domingo, na Baixa da cidade de Albufeira. A precipitação foi anormalmente intensa, o solo está impermeabilizado e, é provável, como também já se tornou normal, os bueiros estariam obstruídos, por limpar.

Os mesmos responsáveis, lembre-se, que transformaram um rio numa avenida, própria para a circulação de automóveis em vez de água, são os mesmos que subscrevem acordos diplomáticos internacionais com vista a mitigar as consequências das alterações climáticas. Eles têm obrigação de saber, está escrito nesses documentos, o seguinte: "A precipitação tenderá a ocorrer mais sob a forma de precipitação intensa, por exemplo, "superior a 10 mm/dia, amplificando de modo significativo o risco de cheias". Os cenários para as alterações climáticas deixaram de o ser. A realidade está aí - e só não vê quem não quer. E não ponham a culpa em Deus "que nem sempre é amigo", como ontem fez questão de dizer o novo ministro da Administração Interna, numa estreia patética de tão beata.

Portugal. Cinema. FONSECA E COSTA MORREU. A SUA OBRA NÃO!



Filme que estava em rodagem vai ser concluído pela equipa de produção e exibido no próximo ano.

Antes de receber a notícia que viria a ditar-lhe o fim da vida, o cineasta Fonseca e Costa estava a meio da rodagem daquele que seria o seu próximo filme, ‘Axilas’.

Apesar de ter falecido no passado domingo, o filme vai ser concluído pela equipa de Produção, liderada por Paulo Branco, que deixa a garantia que o fim da película vai obedecer “à mão do Zé”, como explica Luís Mascarenhas, braço direito de Fonseca e Costa, ao Diário de Notícias.

O filme, inspirado num conto do escritor brasileiro Rubem Fonseca (‘Axilas e Outras Histórias Indecorosas’), retrata a paixão de um homem por uma violinista, especialmente pelas suas axilas. A película segue o rumo dessa paixão, que não acaba da maneira prevista.

‘Axilas’ será ainda uma homenagem à Lisboa que acolheu o cineasta quando tinha 12 anos, altura em que chegou de Huambo. 

Notícias ao Minuto

ADMNISTRAÇÃO INTERNA NA ALÇADA DE UM MINISTRO TALIBAN DESCRENTE? ALLAHU AKBAR!



O ministro da Administração Interna deste governo de Cavaco-Passos-Portas que já nasceu repleto de pensos e ligaduras a prevenir a queda certeira e iminente tem um ministro cheio de rococós no oceano das dúvidas sobre a sua idoneidade. De sua graça (nome) Calvão, de seus feitos, a saber assim muito rapidamente, recebe prendas de conhecidos e amigos no valor de milhões de euros, em dinheiro. A condizer elabora documento a lavar Ricardo Espírito Santo sobre a sua idoneidade e a assegurar que Ricardo é a pessoa certa no lugar certo quando já se sabia que o que ele é é um brande vigarista. Isso, queira o ministro Calvão ou não queira faz dele um outro comparsa vigarista aos olhos dos portugueses. Enfim, são aqueles que Passos e Portas conhece bem e em quem deposita confiança para atingir os seus intentos pessoais e de seita, não os da correta e transparente governabilidade do país. O adágio diz que tão ladrão é o que entra (para roubar) como o que fica à porta. Assim temos o vislumbre de quanto a seita de Cavaco e dos seus “mestres de obras”, Passos, Portas e outros, muitos outros, zelam “pelos superiores interesses de Portugal”, como Cavaco está sempre a lembrar e tanto evoca. Na tanga.

Foi Calvão, o ministro, que em visita e a propósito da calamidade recaída sobre Albufeira (na foto a dar a mão como pura donzela) e demais distrito de Faro disse que Deus “nem sempre é amigo”, o que faz de Deus um malvado inimigo quando lhe dá na gana. Demonstrando que Calvão é um malvado taliban descrente que tem Deus por inimigo merecedor de uma radical explosão em sua casa. Pobre ministro taliban descrente que mente com todos os dentes que tem quando exclama Allahu Akbar falsamente, pois que não considera que Deus é grande mas sim um malvado. 

Classifique-se devidamente o ministro: Erege. Pantomineiro.

Que está ali outro pantomineiro já sabíamos – por isso faz parte da seita a ordenar em Belém e em São Bento -, o que ignorávamos era que afinal o Calvão é um erege que merece ser atirado à fogueira, se retrocedêssemos ao tempo da inquisição. Mas vai cair, com grande estrondo. Já se ouve o ribombar. Prova de que afinal o erege Calvão não tem razão, porque Allahu Akbar!

Ainda mais: porque este governo vai cair e o Calvão também. Allahu Akbar!

Redação PG / CT
  
Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Bernardo Ferrão - Expresso

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo… Calvão

Se Anabela Rodrigues foi o que foi (um erro de casting), o país ficou ontem a conhecer o que poderia ser, não fosse estar a prazo (?), o novo ministro da Administração Interna (que já deu ordens à GNR e PSP para que lhe preparem a tradicional cerimónia de boas vindas). Calvão da Silva esteve em Albufeira e falou. E o povo ouviu-o a invocar Deus – “nem sempre é amigo” - e o Demónio – “fúria demoníaca da Natureza” - para explicar a “fúria da Natureza que se revoltou em Albufeira”. Estas declarações (caricatas e fora do guião para dizer o mínimo) fizeram as delícias das redes sociais (até foi criada a hashtag #calvao) onde se multiplicaram os comentários pouco simpáticos sobre o ministro. Calvão da Silva ficou a saber que, nos tempos que correm, tudo é esmiuçado ao pormenor, palavra por palavra. E não há Deus que lhe valha.

Sobre o que se passou na baixa da cidade algarvia, uma coisa é certa: a culpa não foi só da chuva. Aliás as razões são sempre as mesmas. Há betão a mais (e em leito de cheia) e planeamento a menos – um clássico que nós por cá tanto repetimos. Os estragos são muitos e os “danos elevados”, como explicou o presidente da câmara, que já veio pedir que fosse decretado o estado de calamidade pública para o concelho. Mas o Governo só decidirá – “não é uma lei que se faz por qualquer coisinha”, ajuizou Calvão - depois de feito o levantamento dos prejuízos e se estiverem preenchidos os requisitos necessários. Conta o i que os lojistas da cidade ainda não receberam pelos estragos de 2008. O Correio da Manhã refere as críticas à Proteção Civil por não ter alterado o ‘Estado de Alerta’ para o Algarve. E escreve o DNque a falta de seguros agravou a situação. Além da destruição, as cheias provocaram um morto que estava a 3 dias de fazer 80 anos. E o que diz Calvão da Silva? “Entregou-se a Deus e Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado a seu lado”…

De Albufeira damos um salto para Francisco Assis. A outra “corrente” que nas últimas horas também tomou conta das nossas conversas.

O eurodeputado socialista, e opositor da “esquerdização” do partido, avança com “a corrente interna crítica e alternativa”, que anunciou em primeira mão ao Expresso, no próximo sábado na Mealhada. Será num almoço (com leitão incluído) e que já tem mais de cem inscritos (veja os nomes aqui) onde se vai discutir o futuro do país, mas sobretudo o do PS. O encontro juntará militantes que não concordam com a solução de esquerda que está a ser negociada por António Costa com BE e PCP. Entretanto alguns dos socialistas mais próximos do eurodeputado já vieram esclarecer que desta reunião não sairão apelos a divisões na bancada nem para ruturas na hora de votar as 3 moções de rejeição anunciadas (do PS, do BE e do PCP). Mais do que o presente, a ideia é começar a preparar o futuro. Há um congresso do PS previsto para depois das presidenciais e Assis assume-se cada vez mais como uma reserva para a liderança. Vera Jardim disse ontem aos microfones da Renascença que prefere a “solução Assis” a um acordo sem “contas que batam certas”.

Mas antes, muita água ainda vai correr debaixo da ponte. Das negociações à esquerda chegam notícias contraditórias. Ou melhor, discursos contraditórios. Neste artigo, a Cristina Figueiredo deixa a pergunta: “No peito dos desafinados bate uma coligação?” (grande título, diga-se). E tem toda a razão. É que PS – “onde o acordo não foi minimamente discutido”, diz José Junqueiro ao i - e BE já falam de uma negociação fechada ou “ultimada”, mas no PCP a conversa faz-se com todos os cuidados.

O que sabemos é que, a confirmar-se o entendimento, está previsto odescongelamento de todas as pensões ao longo da legislatura e as mais baixas já em 2016 (que terão mesmo aumentos reais). No Expresso Diário, o João Silvestre fez as contas e concluiu que se as pensões forem aumentadas à taxa de inflação poder haver um ganho a rondar os 5%. Mas não chega para recuperar o valor perdido nos últimos anos.

Entretanto Passos Coelho pediu aos ministros que lessem os programas do PS, BE e PCP e que propusessem medidas que vãoao encontro dos partidos de esquerda. A coligação está a acabar o seu programa de Governo que será aprovado no conselho de ministros de quinta-feira. Ontem, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Costa Neves, veio dizer que está“profundamente convencido” de que é possível o diálogo com os socialistas e que as “divergências não são assim tantas”. Tenho dúvidas que estes apelos ainda vinguem, mas como se costuma dizer“até ao lavar dos cestos é vindima”. E vá lá, ao contrário do seu colega Calvão da Silva, Costa Neves não se lembrou de invocar Deus nem o Demónio.

Antes de passar ao resto da atualidade deixe-me ainda dizer-lhe que, depois de Vila Velha de Ródão, Sócrates volta a discursar no próximo sábado, desta vez em Vila Real (terra de Passos). E será o ex-PM a escolher o tema. Não será um dia fácil para António Costa: Assis na Bairrada e Sócrates em Trás-os-montes.

OUTRAS NOTÍCIAS

Reuters, citando um dos investigadores da queda do avião russo no Egito, diz que o aparelho não foi atingido pelo exterior. A mesma fonte conta ainda que antes do avião desaparecer do radar, o piloto não fez nenhuma chamada de emergência. Ainda sem respostas sobre o que aconteceu: “erro, falha, míssil ou bomba?”, o diretor dos serviços de informações dos Estados Unidos veio entretanto esclarecer que não tem conhecimento de qualquer "prova direta" de terrorismo. O Egito classificou como “propaganda” a reivindicação do Estado Islâmico.

Do mundo do futebol e de Cristiano Ronaldo chega-nos a história de uma violenta discussão entre o madeirense e José Mourinho. Vem contada na biografia não autorizada do jogador e passou-se no jogo entre o Real e o Valência: “Ronaldo e Mourinho quase que chegaram ao confronto físico e não fora a intervenção de alguns colegas e ter-se-iam embrulhado.” Leia aqui.

O Vaticano anunciou que prendeu um padre espanhol, membro da Opus Dei, e uma mulher italiana, suspeitos de passarem documentos secretos aos media.

Agência Ambiental norte-americana diz que a Volkswagentambém instalou dispositivos de manipulação de emissões poluentes em automóveis com motores mais potentes da marca, mas também daPorsche e da Audi. Em causa estão o Volkswagen Touareg 2014, Porsche Cayenne 2015 e Audi A6 Quattro 2016.

FRASES

“O acordo [da esquerda] não tem nada de inconstitucional mas é politicamente abusivo”, Miguel Sousa Tavares, Jornal da Noite na SIC.

“O acordo da esquerda não pode ser um Frankenstein keynesiano-leninista colado a cuspo”, João Miguel Tavares, Público.

O QUE ANDO A LER

Há quase um mês surgiu em Espanha o jornal online El Español – dirigido pelo inconfundível Pedro J. Ramirez, ex-diretor do El Mundo, um dos jornalistas mais conhecidos em Espanha e um crítico feroz de Mariano Rajoy. É raro o dia em que o El Espanõl não publica artigos muito interessantes, não só pelo conteúdo mas também pela forma como são apresentados. Dos últimos dias destaco três:

Pablo Iglesias, o líder do Podemos (que tem caído nas sondagens) esteve na redação para uma entrevista muito pouco tradicional. Não pelo que disse, mas como disse. É que a conversa aconteceu durante um jogo de ping-pong entre o jornalista e o político. Iglesias perdeu mas dele ficámos a saber que entre Rajoy ou Aznar“para governar nenhum, para jogar ping-pong com qualquer um”. Que prefere Nirvana a Pearl Jam, que nunca andou de Uber, que escolhe Casablanca em vez de Star Wars – “Siempre nos quedará París - ”, e que não sabe quem são Bar Refaeli e Irina Shayk…. Enfim, veja que não se vai arrepender! (Nós aqui no Expresso não temos mesa de ping-pong, mas temos matrecos. Quem sabe ainda desafiamos uns políticos para umas partidas. O que achas Ricardo Costa?)

Refúgio nos Alpes. O El Español revelou que o Rei emérito de Espanha, Juan Carlos, e a que dizem ser sua amante, a consultoraCorinna Zu Sayn-Wittgenstein, partilhavam um refúgio nos Alpessuíços onde mantiveram encontros secretos entre 2009 e 2012. Corinna era dona do duplex de luxo no hotel RoyAlp, que foi vendido em 2013… a história está a dar muito que falar.

“Quatro anos de Draghi analisados através dos seus discursos”: Neste artigo, além das nuvens de palavras, são apresentados gráficos curiosos onde se associam essas palavras (como: impostos, emprego, salários) aos anos da crise. Na sua primeira intervenção, em novembro de 2011, Draghi repetiu 14 vezes a palavra “financeiro”, 12 vezes “mercado” e oito vezes “tensões”. Um mês depois, em dezembro, quando aprovou a primeira injeção de liquidez na Banca, empregou 56 vezes diferentes termos relacionados com problemas financeiros como liquidez, tensões, bancos, e volatilidade.

Para terminar deixe-me ainda recomendar-lhe a exposição de Julião Sarmento colecionador, que visitei este fim de semana e que está naFundação EDP - Museu da Eletricidade (fotos aqui). A coleção particular do artista – que se assume não como um colecionador mas como “alguém que junta coisas” – tem mais de 300 obras, de cerca de 100 artistas portugueses e estrangeiros, que foram reunidas ao longo de trinta anos, umas oferecidas outras trocadas por obras de sua autoria. Vá ver que vai gostar.

Por hoje é tudo. Amanhã o Expresso Curto é do Valdemar Cruz, o que quer dizer que terá ainda mais pronúncia do norte.

Tenha um ótimo dia.

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