quarta-feira, 31 de agosto de 2022

PADRÕES DUPLOS NO SEU MELHOR: RÚSSIA NA UCRÂNIA vs. ISRAEL EM GAZA

Em 24 de agosto, o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Jake Sullivan teve uma reunião com seu homólogo israelense Eyal Hulata em Washington. De acordo com o serviço de imprensa da Casa Branca, os funcionários discutiram questões de cooperação entre os dois países.

#Publicado em português do Brasil

Sullivan enfatizou o firme compromisso do Presidente dos EUA Joe Biden em manter e fortalecer a capacidade de Israel de deter seus inimigos e se defender contra qualquer ameaça, disse a mensagem do serviço de imprensa da Casa Branca.

Acontece que o funcionário norte-americano em nome de seu presidente deu luz verde a Tel Aviv para fazer as coisas na Faixa de Gaza que os militares russos estão fazendo na Ucrânia.

Política de dois pesos e duas medidas

Os dois padrões de Washington estão longe de ser notícia. Por exemplo, os países ocidentais apoiam a Ucrânia contra a operação especial russa, mas não apoiam o direito dos palestinos à autodefesa quando Israel ataca Gaza. Isto aconteceu em 5 de agosto, quando 17 crianças palestinas foram mortas.

O Ministério das Relações Exteriores russo apontou isto em uma declaração, que foi publicada pela primeira vez no relato da Embaixada egípcia. A declaração incluía a captura de tela de um tweet do primeiro-ministro israelense Yair Lapid sobre os assassinatos de civis na cidade ucraniana de Bucha.

Lapid então tweetado:

"É impossível ficar indiferente diante das imagens horríveis da cidade de Bucha, perto de Kiev, de depois que o exército russo partiu. Prejudicar intencionalmente uma população civil é um crime de guerra e eu a condeno fortemente".

Os diplomatas russos apontaram inconsistências óbvias em "Yair Lapid's April lies about Ukraine and attempts to lay blame and responsibility on Russia for the deaths of those who had been brutally killed by Nazis in Bucha" e seus próprios apelos por bombardeios e ataques aos assentamentos palestinos na Faixa de Gaza:

"Não é isto um padrão duplo, um completo desprezo e desprezo pela vida dos palestinos?"

A questão da duplicidade de critérios é especialmente relevante à luz dos recentes ataques à Faixa de Gaza. O Ocidente em geral e os Estados Unidos em particular afirmam que a Ucrânia sofre de "um brutal ataque russo, repleto de crimes de guerra", apóia abertamente os bombardeios israelenses e as execuções de palestinos desarmados.

Vale ressaltar que a comunidade internacional não apoiou Israel em seus recentes ataques sangrentos a Gaza. De fato, muitos estão cansados da militância do Estado judaico.

Várias organizações de direitos humanos e até mesmo igrejas declararam Israel um "Estado do apartheid". Além disso, os próprios eleitores democratas comuns nos EUA se recusaram a apoiar Israel sem condições e o reconheceram como "racista e antidemocrático".

Israel também estava dividido. Por exemplo, muitos jovens em Israel se opunham ao uso de armas de fogo e bombas para reprimir os palestinos. Eles têm um forte desacordo sobre o que exatamente constitui o "direito legítimo" de Israel à "autodefesa".

O VIÉS DA MÍDIA PERMITE A GUERRA DE ISRAEL CONTRA A PALESTINA

Ramzy Baroud* | Common Dreams | em Consortium News

As mortíferas guerras israelenses em Gaza, incluindo o assassinato de crianças, são possibilitadas por um fluxo interminável de desinformação e deturpação da mídia ocidental, escreve Ramzy Baroud.

#Traduzido em português do Brasil

Embora a mídia corporativa e convencional dos EUA e do Ocidente permaneça tendenciosa a favor de Israel, muitas vezes eles se comportam como se fossem uma terceira parte neutra. Este simplesmente não é o caso.

Tomemos como exemplo a cobertura do New York Times da última guerra israelense em Gaza. Seu  artigo  de 6 de agosto, “Israel-Gaza Fighting Flares for a Second Day” é a típica reportagem ocidental dominante sobre Israel e Palestina, mas com um sabor distinto do NYT.

Para o leitor desinformado, o artigo consegue encontrar uma linguagem equilibrada entre dois lados iguais. Essa equivalência moral enganosa é um dos maiores pontos cegos intelectuais para os jornalistas ocidentais. Se eles não defendem externamente o discurso de Israel sobre “segurança” e “direito de se defender”, eles criam falsos paralelos entre palestinos e israelenses, como se um ocupante militar e uma nação ocupada tivessem direitos e responsabilidades comparáveis.

[Relacionado: Matar crianças em 'Autodefesa' ]

Obviamente, essa lógica não se aplica à guerra Rússia-Ucrânia. Para o NYT e toda a grande mídia ocidental, não há dúvida sobre quem são os mocinhos e os bandidos nessa luta sangrenta.

Os “militantes palestinos” e os “terroristas” sempre foram os vilões do Ocidente. Pela lógica de sua cobertura da mídia, Israel não lança guerras não provocadas contra palestinos, e não é um ocupante militar impenitente ou um regime racista de apartheid. Essa linguagem só pode ser usada pela mídia marginal “radical” e “esquerdista”, nunca pelo mainstream.

AS GUERRAS DOS EUA ASSUMEM UMA VANTAGEM DIVISIVA

Alastair Crooke* | Strategic Culture Foundation

Antes que Putin renuncie à pressão sobre os países da UE, ele ainda provavelmente insistirá que a influência norte-americana da Europa Ocidental seja retirada.

#Traduzido em português do Brasil

É agosto – foi o Dia da Independência da Ucrânia, e também o aniversário da desastrosa retirada de Biden de Cabul. Washington está muito ciente de que essas imagens dolorosas (afegãos agarrados ao trem de pouso dos aviões Hércules) estão prestes a ser repetidas, na preparação para as eleições de novembro.

Porque os eventos na Ucrânia estão se desenrolando mal para Washington – enquanto o lento e calibrado rolo compressor da artilharia russa destrói o exército ucraniano. A Ucrânia tem sido notavelmente incapaz de reforçar as posições sitiadas, ou de contra-atacar e manter o território reconquistado. A Ucrânia usou HIMARS, artilharia e drones para atingir alguns depósitos de munição russos, mas estes, até agora, são incidentes isolados e são mais ‘jogos’ da mídia, do que constituindo qualquer mudança no equilíbrio estratégico da guerra.

Então, vamos mudar a ‘narrativa’: na última semana, o Washington Post esteve ocupado com a curadoria de uma nova narrativa. Em essência, a mudança é bastante simples: a inteligência dos EUA, no passado, pode ter entendido as coisas desastrosamente erradas, mas eles “acertaram” desta vez. Eles alertaram sobre o plano de invasão de Putin. Eles tinham tudo para baixo para os planos detalhados dos militares russos.

Primeiro turno: A equipe Biden avisou Zelensky várias vezes, mas o homem se recusou teimosamente a ouvir. Como resultado, quando a invasão surpreendeu Zelensky, os ucranianos como um todo estavam irremediavelmente despreparados. Mensagem: ‘É Zelensky o culpado’.

Não vamos entrar na omissão flagrante nesta narrativa de oito anos de preparação da OTAN para um mega ataque a Donbass que estava destinado a atrair uma resposta russa. Não há necessidade de uma bola de cristal para descobrir "isso". As estruturas militares russas estavam a cerca de 70 km da fronteira ucraniana há meses.

Turno dois: o exército da Ucrânia está “virando a esquina”, graças às armas ocidentais. Sério? Mensagem: Não se repita o desastre de Cabul; de um colapso em Kiev pode ser tolerado até depois das eleições intercalares. Por isso, repita comigo: ‘A Ucrânia está virando a esquina’; aguente firme, mantenha o rumo.

Turno três (de um editorial do Financial Times): a economia da Rússia se mostrou mais resiliente do que o esperado, mas as sanções econômicas “nunca provavelmente desmoronariam sua economia”. Na verdade, autoridades dos EUA, inteligência dos EUA e do Reino Unido previram precisamente que um colapso financeiro e institucional russo, após sanções, desencadearia uma turbulência econômica e política em Moscou de tal magnitude que o controle de Putin poderia ser tirado de seu poder, e que uma Moscou dividida pela crise política e financeira seria incapaz de efetivamente levar a cabo uma guerra em Donbas – assim Kiev prevaleceria.

Esta foi “a linha” que persuadiu a classe política europeia a apostar tudo nas sanções. O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, declarou “uma guerra econômica e financeira total” contra a Rússia, de modo a desencadear seu colapso.

Turno Quatro (o FT novamente): Os europeus não se prepararam suficientemente para os consequentes aumentos dos preços da energia. Eles devem, portanto, perseverar mais na redução da receita da Rússia, “ajustando ainda mais” o próximo embargo de petróleo. Mensagem: A UE deve ter entendido mal. As sanções “nunca provavelmente” derrubariam a economia russa. Eles também não prepararam as pessoas para aumentos de preços de energia de longo prazo; culpa deles.

Quase 70% dos cidadãos dos EUA crêem que o país é menos respeitado no mundo

Mais de dois terços dos americanos dizem acreditar que os EUA são menos respeitados em todo o mundo hoje do que costumavam ser, revelou uma nova pesquisa de opinião do Pew Research Center nesta quarta-feira (22).

#Traduzido em português do Brasil

De acordo com os dados levantados, 68% dos entrevistados acreditam que seu país perdeu o prestígio perante o resto do mundo.

"A maioria dos americanos, há muito tempo, mantém a opinião de que os Estados Unidos são menos respeitados por outros países hoje do que eram no passado. Cerca de dois terços dos adultos americanos (68%) dizem que é o caso no atual momento", informou um comunicado que revelou a pesquisa.

Apenas 13% dos entrevistados acreditavam que os EUA são mais respeitados no cenário internacional em 2022 do que em épocas anteriores.

Outros 19% acreditam que o país é tão respeitado agora como era anteriormente.

"Cerca de oito em cada dez republicanos e independentes de tendência republicana (81%) atualmente acreditam que os EUA são menos respeitados do que no passado. Isso representa uma mudança de quase 50 pontos percentuais da era Trump", acrescentou o texto.

Cerca de 60% dos democratas e aqueles que se inclinam para o partido também concordaram que o respeito pelos EUA diminuiu drasticamente em todo o mundo, afirmou a nota

Sputnik

Gorbachev morreu | As lições de sua política imatura de se aproximar do Ocidente

Observadores chineses expressam sentimentos mistos sobre dirigente russo Gorbachev, tiram lições de sua política imatura de se aproximar do Ocidente

Chen Qingqing | Global Times

Observadores chineses e internautas compartilharam na quarta-feira o sentimento misto sobre o falecimento do polêmico político Mikhail Gorbachev na terça-feira. Enquanto o Ocidente se lembrava dele e elogiava seu papel histórico ao aproximar a União Soviética do Ocidente e acabar com a Guerra Fria, os observadores chineses o consideravam uma figura trágica que atendia os EUA e o Ocidente sem princípios, cometeu graves erros ao julgar o situação internacional, e causou caos na ordem econômica doméstica, que servem como um lembrete para outros países ficarem cautelosos sobre qualquer tentativa de "evolução pacífica" por parte das forças ocidentais.

#Traduzido em português do Brasil

Em uma reflexão histórica, Gorbachev é ingênuo e imaturo, que representou um certo período histórico da Rússia (URSS) oscilando entre os caminhos de "buscar um caminho independente" e "abraçar o Ocidente", disseram alguns observadores. Adorar cegamente o sistema ocidental fez a URSS perder a independência, e o povo russo sofreu com a instabilidade política e a severa pressão econômica, que a China considerou como um grande aviso e lição para tirar experiência de seu próprio governo, disseram observadores.

Gorbachev morreu na terça-feira aos 91 anos, informou a TASS. Ele foi o primeiro e o último presidente soviético, renunciando em 25 de dezembro de 1991, quando a União Soviética deixou de existir ao mesmo tempo. 

O presidente russo, Vladimir Putin, ofereceu suas mais profundas condolências pelo falecimento de Gorbachev, segundo relatos da mídia russa, citando o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. 

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também estendeu suas condolências, chamando Gorbachev de estadista que mudou o curso da história e "fez mais do que qualquer outro indivíduo para trazer o fim pacífico da Guerra Fria", segundo relatos da mídia. 

Em 1985, Gorbachev tornou-se secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética.

Durante seu tempo no cargo, Gorbachev teve como objetivo reenergizar a economia soviética estagnada, que estava repleta de ineficiência, gastos excessivos com defesa e corrupção crescente. Ele pediu reorganização e modernização urgentes, mas logo expandiu sua reforma para a estrutura política e social de toda a nação, disse RT.

A política da "perestroika" foi anunciada em 1986 como uma tentativa de reorganizar a economia, e outra política proclamada "glasnost" com o objetivo de trazer transparência à sociedade. Ele também propôs uma mudança constitucional para passar para um sistema presidencialista e criou um novo órgão político chamado Congresso dos Deputados do Povo, de acordo com relatos da mídia russa.

A política externa de Gorbachev, também conhecida como o "novo pensamento", marcou um período de melhora significativa das relações entre a União Soviética e os países ocidentais, substituindo a era das hostilidades da Guerra Fria, e em 1986, ele anunciou planos para retirar as tropas soviéticas do Afeganistão , mas levou mais três anos para concluir a retirada. 

A democratização parcial da sociedade soviética sob Gorbachev levou a um aumento do sentimento nacionalista e anti-russo na maioria das 15 repúblicas soviéticas, e a União Soviética entrou em colapso com velocidade dramática durante a última parte de 1991, com o ex-líder soviético enfrentando tremendas críticas. a maioria em casa. 

"Durante o período em que esteve no cargo como líder máximo da URSS, cometeu erros graves ao julgar situações domésticas e internacionais, e os fatos provaram que as políticas implementadas foram catastróficas para o país", disse um veterano de Pequim. especialista em assuntos internacionais que falou sob condição de anonimato ao Global Times na quarta-feira. 

Esses erros causaram o caos na ordem econômica doméstica, fazendo com que o público perdesse a confiança no sistema do país; em vez de salvaguardar os interesses nacionais, a política externa foi definida pelo Ocidente liderado pelos EUA, observou o especialista. Essa governança imatura deixou uma dor duradoura para a Rússia até hoje, disse ele. 

Alguns observadores chineses frequentemente se referiam a Gorbachev como "aquele que traz a ruína a si mesmo". Na última década, o principal líder russo, Vladimir Putin, aprendeu com as lições do líder soviético na década de 1990, aderindo ao próprio caminho do país, disseram observadores. 

Como lição para a própria governança da China, o Partido Comunista da China mantém seu próprio caminho socialista com características chinesas, ressaltando maturidade política e sobriedade. 

"Gorbachev foi enganado pelo Ocidente. No momento crítico, ele não conseguiu salvar a URSS nem o Partido Comunista da União Soviética", disse Wang Yiwei, diretor do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade Renmin da China, ao Global Times. na quarta-feira.

A abertura da China é baseada nos quatro princípios, incluindo insistir na liderança do Partido e no princípio da independência, em vez de buscar a ocidentalização como a URSS, disse Wang. 

Imagem: Político russo Mikhail Gorbachev (Foto de arquivo) Foto: IC

EUA-NATO CONTEMPLAM GUERRA NUCLEAR CONTRA A CHINA E A RÚSSIA

POLÍTICOS IGNORANTES E ESTÚPIDOS COMPROMETIDOS COM A GUERRA NUCLEAR: O IMPENSÁVEL: “DINHEIRO E ERROS” SÃO A FORÇA MOTRIZ POR TRÁS DA HISTÓRIA MUNDIAL 

Prof Michel Chossudovsky | Originalmente publicado no GlobalResearch | em South Front

Guerra Nuclear contra China e Rússia é previsível

“Em nenhum momento, desde que a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima em  6 de agosto de 1945 , a humanidade esteve mais perto do impensável. Todas as salvaguardas da era da Guerra Fria, que categorizavam a bomba nuclear como “uma arma de último recurso”, foram descartadas”. 

A Rússia é marcada como   “Plausível”, mas “Não Esperada” . Isso foi lá em 2002.

Hoje, no auge da guerra na Ucrânia, um ataque nuclear preventivo contra a Rússia está no desenho do Pentágono.

Explodir o planeta para “defender a democracia”. Liz Truss: “Estou pronta para fazer isso” 

A Guerra Nuclear faz parte da campanha da Secretária de Relações Exteriores britânica  Liz Truss  para a liderança do Partido Conservador. Ela falou em um evento do partido conservador em Birmingham. O anfitrião do evento, John Pienaar, perguntou  se ela daria a ordem de “desencadear armas nucleares” da Trident.

Ele acrescentou: “Isso significaria aniquilação global … “Como esse pensamento faz você se sentir?”

Truss respondeu: “Acho que é um dever importante do primeiro-ministro e estou pronto para fazê-lo. Estou pronto para fazer isso.”

“Grande Dinheiro” e “Grande Ignorância”

Oportunismo político em apoio ao Complexo Aeroespacial de Armas Nucleares: Há “muito dinheiro” e “grande ignorância” por trás da declaração ousada de Truss. Seu público do Partido Conservador aplaudiu em coro.

A secretária de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Liz Truss, não tem a menor ideia sobre a natureza das armas nucleares e seus impactos devastadores.

Além disso, ela não conhece a geografia da Federação Russa, alegando que  Rostov no Don  , assim como  Voronezh ,  pertencem à Ucrânia; é como dizer que Manchester pertence à Escócia:

“… durante sua reunião a portas fechadas na quinta-feira [11 de fevereiro de 2022], o ministro das Relações Exteriores da  Rússia, Lavrov, perguntou a Truss se ela reconhecia a soberania russa sobre Rostov e Voronezh  – duas regiões no sul do país onde a Rússia vem aumentando suas forças. ”

…  Truss respondeu que a Grã-Bretanha nunca os reconheceria como russos e teve que ser corrigido por seu embaixador”. ( Relatório da Reuters )

Esta não foi a primeira vez que Liz Truss errou na geografia da Rússia e da Europa Oriental. Uma semana antes amplamente divulgado pela  mídia britânica  em 2 de fevereiro de 2022:

Truss, … disse ao  programa Sunday Morning da BBC que “estamos fornecendo e oferecendo  apoio extra aos nossos aliados do Báltico em todo o Mar Negro”.

Liz Truss (formada em Oxford)  recebeu uma aula de geografia básica de  Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, “ por não saber a diferença entre os mares Báltico e Negro,  que estão a mais de 1.100 quilômetros de distância”.

Zakharova observou que as nações bálticas da Estônia, Letônia e Lituânia ficam ao largo do Mar Báltico, não do Mar Negro, que fica a centenas de quilômetros ao sul.

“Os países bálticos são chamados assim porque estão localizados precisamente ao largo da costa deste mar [Báltico]. Não o [Mar Negro]”, escreveu a autoridade russa no Facebook.

“Se alguém precisa ser salvo de alguma coisa, então é o mundo da estupidez e ignorância dos políticos anglo-saxões.”

“Bombas Nucleares Humanitárias”

Liz Truss não é a única política ocidental ignorante em altos cargos que favorece o uso de armas nucleares. Nos últimos anos, “muitos oficiais militares e civis de alto escalão, políticos e especialistas estão  falando abertamente sobre a possibilidade de usar armas nucleares em um primeiro ataque  contra qualquer nação sob muitos pretextos com cargas nucleares de baixo ou alto rendimento” (  No Guerra No NATO ).

O compromisso de explodir o planeta preventivamente com “armas nucleares humanitárias”, que são “seguras para civis” tornou-se parte de uma narrativa política. Recordamos a declaração de Hillary Clinton durante a campanha eleitoral de 2016:

“ A opção nuclear não deve ser retirada da mesa.  Essa tem sido a minha posição de forma consistente.” ( ABC News,  15 de dezembro de 2015)

“Uma guerra nuclear é vencível”? Bombas Humanitárias

Recordamos a declaração histórica anterior de Reagan: “ Uma guerra nuclear não pode ser vencida  e nunca deve ser travada. O único valor em nossas duas nações que possuem armas nucleares é garantir que elas nunca sejam usadas”.

No entanto, existem vozes poderosas e grupos de lobby dentro do establishment dos EUA e do governo Biden que estão convencidos de que  “uma guerra nuclear é vencível”. Liz Truss faz parte desse perigoso consenso. 

O foco da doutrina militar dos EUA desde o governo de George W. Bush tem sido o desenvolvimento das chamadas  “armas nucleares mais utilizáveis”.

A Revisão da Postura Nuclear de 2001 de George W. Bush, que foi adotada pelo Senado dos Estados Unidos no final de 2002, previa o desenvolvimento de “uma geração de armas nucleares mais utilizáveis”. nomeadamente armas nucleares tácticas (mini-nucleares B61-11) com uma capacidade explosiva entre um terço e 6 vezes superior à bomba de Hiroshima.

O termo “mais utilizável” emana do debate em torno da NPR de 2001, que justificou o uso de armas nucleares táticas no teatro de guerra convencional sob a alegação de que as armas nucleares táticas, ou seja, as bombas bunker buster com ogiva nuclear são, segundo a opinião científica em contrato com o Pentágono “inofensivo para a população circundante porque a explosão é subterrânea”.

O custo do programa de armas nucleares “pacificador” da América é da ordem de 1,3 trilhão de dólares, chegando a US$ 2 trilhões em 2030.

E há muito dinheiro por trás do programa de armas nucleares de US $ 1,3 trilhão de Jo Biden:

“Mas, o que eu não entendo é essa loucura louca de matar e morrer, exceto que dá às corporações que fazem essas armas enormes quantias de dinheiro. E foi Obama quem concordou em gastar 1,7 trilhão de dólares nos próximos 30 anos substituindo cada arma nuclear, míssil, navio, avião. E reconstruí-los todos novos, por qual motivo? Sem razão! É pura loucura nuclear. É uma loucura nuclear!” ( Helen Caldicott )

De relevância para a atual crise na Ucrânia, o governo Biden está comprometido com  o uso de armas nucleares como instrumento de paz?

As armas nucleares pacificadoras  tornaram-se um ponto de discussão entre políticos ignorantes e corruptos, que foram levados a acreditar que a guerra nuclear preventiva é um empreendimento humanitário que protege a democracia.

Flashback. Outro mentiroso e Ignoramus. Começou com Harry Truman

“Descobrimos a bomba mais terrível da história do mundo. Pode ser a destruição do fogo profetizada na Era do Vale do Eufrates, depois de Noé e sua fabulosa Arca…. Esta arma deve ser usada contra o Japão... [Nós] a usaremos para que objetivos militares e soldados e marinheiros sejam o alvo e não mulheres e crianças . Mesmo que os japoneses sejam selvagens, implacáveis, impiedosos e fanáticos, nós, como líderes mundiais do bem-estar comum, não podemos lançar essa terrível bomba na velha capital ou na nova. … O alvo será puramente militar… Parece ser a coisa mais terrível já descoberta, mas pode se tornar a mais útil.”Presidente Harry S. Truman, Diário, 25 de julho de 1945

Lembre-se de Hiroshima: “Numa Base Militar” de acordo com Harry Truman

“O mundo notará que a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima, numa base militar. Isso porque desejamos neste primeiro ataque evitar, na medida do possível, a morte de civis . .”  (Presidente Harry S. Truman em um discurso de rádio para a Nação, 9 de agosto de 1945).

[Nota: a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945; a Segunda em Nagasaki, em 9 de agosto, no mesmo dia do discurso de rádio de Truman à Nação]

O impensável: erros são uma força motriz por trás da história mundial

Ações militares “ofensivas” usando ogivas nucleares são agora descritas como atos de “autodefesa”.

Uma guerra nuclear acidental atribuível a políticos ignorantes, estúpidos e corruptos não pode ser excluída.

A ameaça de uma guerra nuclear total que pode explodir muito facilmente devido a ações deliberadas de qualquer estado de armas nucleares ou por causa de um erro não intencional, humano, técnico ou outro.

Não vote em Ignoramus Liz, que poderia levar a Grã-Bretanha e o mundo ao impensável, uma guerra nuclear que ameaça o futuro da humanidade.

Ler mais em South Front:

Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido "pronto" para usar armas nucleares se necessário

Cinco bilhões de pessoas morreriam na guerra nuclear Rússia-EUA, segundo novo estudo

Usina nuclear de Zaporozhye sob fogo

SITUAÇÃO MILITAR NO SUL DA UCRÂNIA EM 30 DE AGOSTO DE 2022

Clicar imagem para aumentar tamanho 

- Em 28 de agosto, o vice-presidente do Governo da Administração Estatal Regional de Agricultura de Kherson foi baleado com uma arma em sua casa na aldeia de Golaya Pristan;

- Em 30 de agosto, uma mulher de 80 anos morreu como resultado do bombardeio da AFU em Novaya Kakhovka;

- Em 30 de agosto, um grupo ucraniano de sabotagem e reconhecimento foi destruído em Kherson;

- A AFU está bombardeando a ponte Antonovsky e a cidade de Kherson;

- A AFU não conseguiu avançar perto de Alexandrovka;

- A AFU chegou à aldeia de Kiselevka, mas foi repelida de volta à linha Petrovskoe-Pravdino;

- A AFU supostamente assumiu o controle de Ternovie Pody;

- A AFU não conseguiu avançar perto de Blagodatnoe;

- As forças russas perderam o controle de Sukhoi Stavok e Lozovoe. As batalhas por esses assentamentos continuam;

- A AFU não conseguiu avançar perto de Visokopolie e Olgino;

- De acordo com o MoD russo, a AFU perdeu mais de 1.200 militares, 48 ​​tanques, 46 veículos de combate de infantaria, 37 outros veículos de combate blindados, 8 picapes com metralhadoras pesadas.

South Front

O CAMINHO INTEIRO ATÉ ODESSA

Pepe Escobar [*]

Dmitry Medvedev, destilando o seu “eu” desconectado, soltou o verbo sobre a Operação Militar Especial (SMO). Sem rodeios, ele afirmou que existem “um e meio” cenários: ou ir até o fim, ou um golpe de estado militar na Ucrânia, seguido da admissão do inevitável. Não se aplica um terceiro.

#Publicado em português do Brasil

Isso é o mais duro possível: a liderança em Moscou está deixando muito claro, para o público doméstico e internacional, que o novo acordo consiste em cozinhar lentamente a gangue de Kiev dentro de um caldeirão maciço, enquanto refina seu status de buraco negro financeiro para o Ocidente coletivo. Até atingir o ponto de ebulição – o que será uma revolução ou um putsch [golpe de estado – nota do tradutor]. Em paralelo, os Senhores da Guerra (de Proxies) [guerra terceirizada – nota do tradutor] continuarão com sua própria estratégia, que é saquear uma Europa enfraquecida, temerosa, e depois vesti-la como uma colônia perfumada, pronta para ser impiedosamente explorada ad nauseam pela oligarquia imperial.

A Europa é agora um TGV em fuga – menos os necessários valores de produção de Hollywood. Supondo que não se desvie dos trilhos – uma proposição arriscada – pode eventualmente chegar a uma estação ferroviária chamada Agenda 2030, A Grande Narrativa, ou alguma outra denominação OTAN/Davos du jour.

Na situação atual, o que é notável é como a economia russa “marginal” quase nem suou para “acabar com a abundância” da região mais rica do planeta.

Moscou nem sequer cogita a noção de negociar com Bruxelas porque não há nada para negociar – considerando que os eurocratas punitivos só serão expulsos de seu estado zombificado quando as terríveis consequências socioeconômicas do “fim da abundância” se traduzirem finalmente em camponeses com forquilhas vagando pelo continente.

Pode estar muito longe, mas inevitavelmente o italiano, alemão ou francês médio conectará os pontos e perceberá que são seus próprios “líderes” – nulidades nacionais e a maioria dos eurocratas não eleitos – que estão pavimentando seu caminho para a pobreza.

“Você será pobre. E você vai gostar”. “Porque todos nós apoiamos a liberdade dos neonazis ucranianos”. Isso leva o conceito de “Europa multicultural” a um nível totalmente novo.

O trem em fuga, é claro, pode descarrilar e mergulhar em um abismo alpino. Neste caso, algo pode ser salvo dos destroços – e a “reconstrução” pode ser uma opção. Mas reconstruir o quê?

A Europa sempre pode reconstruir um novo Reich (desmoronou com um estrondo em 1945); um Reich suave (erguido no final da Segunda Guerra Mundial); ou romper com seu passado de fracassos, cantar “I’m Free” – e conectar-se com a Eurásia. Não aposte nisso.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

UCRÂNIA E A POLÍTICA DA GUERRA PERMANENTE -- Chris Hedges

Chris Hedges* | ScheerPost.com | em Consortium News

Os críticos, já excluídos da mídia corporativa, são implacavelmente atacados e silenciados por ameaçar a quietude do público enquanto o Tesouro dos EUA é saqueado e a nação é estripada. 

#Traduzido em português do Brasil 

Ninguém , incluindo os defensores mais otimistas da Ucrânia, espera que a guerra do país com a Rússia termine em breve. A luta foi reduzida a duelos de artilharia em centenas de quilômetros de linhas de frente e avanços e recuos rastejantes. A Ucrânia, como o Afeganistão,  vai sangrar  por muito tempo. Isso é por design.

Em 24 de agosto, o governo Biden  anunciou  mais um  pacote maciço de ajuda militar  à Ucrânia no valor de quase US$ 3 bilhões. Levará meses e, em alguns casos, anos, para que esse equipamento militar chegue à Ucrânia. Em outro sinal de que Washington assume que o conflito será uma longa guerra de desgaste,  dará um nome  à missão de assistência militar dos EUA na Ucrânia e a tornará um comando separado supervisionado por um general de duas ou três estrelas. Desde agosto de 2021, Biden  aprovou  mais de US$ 8 bilhões em transferências de armas de estoques existentes, conhecidas como retiradas, para serem enviadas para a Ucrânia, o que não requer aprovação do Congresso.

Incluindo assistência humanitária, reabastecimento de estoques de armas dos EUA e expansão da presença de tropas americanas na Europa, o Congresso  aprovou  mais de US$ 53,6 bilhões (US$ 13,6 bilhões  em março  e outros US$ 40,1 bilhões  em maio ) desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro. A guerra tem precedência sobre as ameaças existenciais mais sérias que enfrentamos. O  orçamento proposto  para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no ano fiscal de 2023 é de US$ 10,675 bilhões, enquanto o  orçamento proposto  para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) é de US$ 11,881 bilhões. A nossa assistência aprovada à Ucrânia é mais do dobro destes montantes. 

Os militaristas que  travaram  uma guerra permanente que custou trilhões de dólares nas últimas duas décadas  investiram pesadamente  no controle da narrativa pública. O inimigo, seja Saddam Hussein ou Vladimir Putin, é sempre o epítome do mal, o novo Hitler. Aqueles que apoiamos são sempre heróicos defensores da liberdade e da democracia. Quem questiona a justiça da causa é acusado de ser agente de uma potência estrangeira e traidor.

A mídia de massa divulga covardemente esses absurdos binários em ciclos de notícias de 24 horas. Suas celebridades e especialistas em notícias, universalmente extraídos da comunidade de inteligência e militares, raramente se desviam do roteiro aprovado. Dia e noite, os tambores da guerra não param de bater. Seu objetivo: manter bilhões de dólares fluindo para as mãos da indústria de guerra e evitar que o público faça perguntas inconvenientes.

Angola | A VITÓRIA RETUMBANTE DE UM CONTRA TODOS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Frente Patriótica Unida alargada aos accionistas da sociedade civil. Até incluíram um “projecto” de Abel Chivukuvuku que nunca existiu. Tudo em nome da alternância. A montanha pariu uma matacanha. Todos contra o MPLA deu mais uns quantos deputados que não aquecem nem arrefecem. Oportunistas, vadios doutorados, matumbos encartados, pançudos deformados e imbecis descabeçados chegaram a deputados, eleitos nas listas da UNITA. Tenham dó. 

O partido UNITA foi usado pelo colonialismo para travar a luta armada pela Independência Nacional. Depois foi usado pelos independentistas brancos para destruir o processo de descolonização. A seguir os sicários do Galo Negro foram usados pelo regime racista de Pretória para destruírem a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Entre uma e outra traição puseram as armas ao serviço dos kamanguistas karkamanos e internacionais. Roubaram milhares de milhões de diamantes ao Povo Angolano. Pedras cobertas com o precioso sangue dos nossos Heróis. Nestas eleições venderam lugares nas listas de deputados a toda a espécie de bandidos. É o fim da linha.

Os donos da UNITA estão a lançar o barro à parede. Querem que o MPLA deixe entrar os seus sicários no Executivo. Já esqueceram que se uniram todos para a “alternância”. Até meteram o Chico Viana, chulo dos angolanos, desde que nasceu. E o decrépito soldado motorista do RI20. A desavergonhada Luzia Moniz. E outro lixo político mais perigoso do que o coronavírus. 

Todos contra o MPLA. Chegou a hora da alternância. E todos levaram uma tareia eleitoral memorável. Não brinquem com coisas sérias. A legislatura iniciada em 2017 foi praticamente perdida. Crise do petróleo. Pandemia. E na ponta final a guerra da Ucrânia. O simples desgaste da governação pode custar de três a cinco porcento dos votos. A forma desastrosa como foi gerida a morte do Presidente José Eduardo também fez voar muitos votos.  

Angola | JOÃO LOURENÇO REELEITO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) declarou, esta segunda-feira, em Luanda, João Lourenço como Presidente da República e Esperança da Costa como Vice-Presidente da República, após divulgar os resultados definitivos das Eleições Gerais de 24 de Agosto, que confirmaram o MPLA como partido vencedor, com 3.209.429 votos, correspondendo a 51,17 por cento dos votos válidos.

O presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, que apresentou os resultados definitivos, disse que, em segundo lugar, ficou o partido UNITA, com 2.756.786 votos, correspondendo a 43,95 por cento. Com estes resultados, continuou, o MPLA elege 124 deputados, enquanto o Galo Negro tem 90 deputados. 

Assim, o PRS, com 71.351 votos, que equivalem a 1,14 por cento, a FNLA, com 66.337 votos, correspondendo a 1,06 por cento, e o PHA, com 63.749, que equivalem 1,02 por cento, elegeram cada dois deputados.

A CASA-CE obteve 47.446 votos, correspondendo a  0,76 por cento, a APN, 30.139 votos, equivalentes a 0,48 por cento, e P-JANGO, com 26.867 votos, correspondendo a 0,42 por cento, não elegeram nenhum deputado.

O presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, afirmou, durante a apresentação dos resultados definitivos, que a acta de apuramento das Eleições Gerais, em função dos votos escrutinados, confirma o MPLA com 124 deputados, UNITA com 90, PRS, FNLA e PHA com dois deputados cada. Nesta ordem, a CASA-CE, APN e o P-JANGO não obtiveram, conforme atesta a acta, nenhum deputado.

PCP alerta para operações de "ingerência" em Angola a partir de Portugal

O Partido Comunista Português (PCP) alertou esta segunda-feira para "as operações de ingerência" feitas a partir de Portugal para desestabilizar Angola.

Em comunicado, os comunistas felicitaram o MPLA e consideraram que os 51,17% alcançados pelo partido expressam o reconhecimento por parte da população "do percurso histórico e papel fundamental” daquela força política "na conquista da independência, da defesa da soberania e da integridade territorial face à agressão do regime de apartheid”.

No documento, citado pela CNN, o PCP "denuncia as operações de ingerência que a partir de Portugal procuram, uma vez mais, promover a desestabilização de Angola”, alertando para a tentativa "de colocar em causa o processo eleitoral” por parte da UNITA e de outras forças políticas "perante a sua derrota” e "à semelhança de situações anteriores”.

Na visão do PCP, as forças políticas que estão a contestar o resultado das eleições "não aceitam a vontade soberana, livre e democraticamente expressa” pelos angolanos.

Jornal de Angola

Angola | QUEM NÃO VOTOU EM MIM É DOS MEUS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A minha irmã que dá ao seu bebé água com fuba porque o seu leite secou, está desesperada e abandonada à sua sorte azarada. A minha irmã que carrega banheiras à cabeça e percorre todas as ruas das cidades para ganhar um pão porque o diabo lhe come tudo o que ganha, está cansada, triste e desesperada. 

O meu irmão esgravata a vida, todas as horas de todos os dias. À noite, todas as noites, encontra em casa os filhos com fome porque o trabalho só lhe dá canseiras mil e míseras esmolas. Está desesperado, amargurado, irremediavelmente vencido.

A minha irmã que trabalha na repartição pública não consegue dar de comer aos filhos porque o salário é tão rastejante que nem chega para comprar fome. Está triste, desiludida, desesperada, abandonada. Nem tem um sindicato que defenda os seus direitos. Está onde a UNTA? Onde estão os meus camaradas sindicalistas?  

A minha irmã funcionária pública também está indignada porque a TPA passa de minuto a minuto um vídeo onde lhe chamam corrupta. Que a ameaça com a Procuradoria-Geral da República. Que pede aos miseráveis, que sejam bufos vendendo as suas irmãs e seus irmãos quando servidores públicos pedem “gasosa” para desenrascarem um papel. Agilizarem um atendimento de rotina. 

Marta temeu continuar ministra da morte neste luso-país doente e desgovernado

O feitor do Expresso Curto de hoje é Miguel Prado jornalista do informativo Galináceo Balsemão de Bilderberg. Ele mesmo dá por título a este Curto “Roleta”, talvez inspirado na Roleta Russa que vem crescendo na UE com a russofobia antidemocrática, ultraneoliberalista, mais a atirar para o radicalismo do fascismo, do terrifico nazismo à mistura com xenofobias desenterradas dos solos cansados da história dos radicais amantes do ultracapitalismo, das guerras e dos desprezos aos povos deste rincão europeu em notório servilismo às políticas, interesses e ordens malfazejas dos EUA.

É facto que do manifestado neste parágrafo anterior a “coisa” resume-se a algo simples: mencionar factos do cardápio oficial autorizado pela media dos EUA-UE-Ocidente. Os russos que se lixem (dizem e pensam os falsos democratas e pseudo-humanistas). Não têm o direito de viajar pela União-Europeia dizem os sábios-chulos de alto gabarito que detêm os poderes decisórios às ordens de Washinton. Mas afinal que culpa têm os cidadãos russos do que Putin e os seus decidem? Têm tanta quanto os cidadãos da União Europeia têm nas práticas de servilismo aos EUA da senhora Ursula von der Leyen, que provavelmente até tem dupla-nacionalidade, talvez EUA-Alemã. E ainda para agravar o currículo dessa tal Leyen poderá ser prima em terceiro grau do nazi Hitler de horríveis memórias… Nunca se sabe. É o que por vezes parece, mas… Temos de deslindar tudo isto melhor para não estarmos a pensar e a escrever de barato. Adiante.

A grande notícia em Portugal de Costa ao Interior Chamuscado é Marta Temido, a ministra da ‘dessaúde’ e da mortandade do povinho prejudicado, mal pago e mal tratado. A senhora demitiu-se, Finalmente. No cardápio curricular leva uns quantos cadáveres de bebés, de mulheres grávidas, de jovens com doenças oncológicas que não tiveram vagas para fazerem quimioterapia atempadamente (escreve quem sabe e sente), inclua-se outros cidadãos/ãs de outras idades… Isso é contribuir para o assassínio de portugueses! Mas a responsabilidade da ineficiência do SNS não é só de Marta, vem muito de atrás no tempo e refinou-se nos primados de Sócrates e muito mais no de Passos Coelho. Para não se falar da múmia Cavaco Silva que quando primeiro-ministro até reduziu as admissões à Faculdade de Medicina porque – tanto quanto há memoria – “não precisávamos de tantos estudantes de medicina e futuros médicos…” Às vezes a memória é coisa muito desagradável para esses chamados “altos responsáveis” – que são uns minorcas impunes quanto a responsabilidades e como pessoas. Pois.

Certo é que Marta está a pagar a fatura. Culpas tem. Principalmente por não ter tintins e não dizer ao Costa que na saúde não podem haver cortes de orçamento nem escassez de profissionais e de meios que assegurem vida saudável aos portugueses. Não há médicos? Vão a Cuba ou onde quiserem desde que possuam qualidades profissionais para evitar tanta mortandade como tem acontecido. E parem com as desculpas da pandemia e agora da guerra da Ucrânia porque até nem foi perguntado aos portugueses se querem dar para esses gastos de milhões e de suporte de sanções em que não somos metidos nem achados porque o mentor dessa guerra, como sabemos, são os EUA. Então eles que suportem as vicissitudes do que aprontaram e que se deixem de guerras como é seu hábito de cowboys.

Voltando a Marta e à sua falta de tintins seria reparador ela explicar publicamente se realmente lutou devidamente para solucionar as carências do SNS e, se sim, quem foram os que obstaculizaram as medidas e soluções há muito prementes e causadoras de tanta mortandade em idosos, aos de meia-idade, jovens, grávidas e recém-nascidos… Quais são as culpas-responsabilidades, de Costa e outros, para que o SNS se tenha transformado num necrotério de cidadãos portugueses e outros em Portugal? Era bom sabermos tintim por tintim e não ficar tudo ocultado, por esclarecer, devido a políticos que não merecem a maioria parlamentar que os eleitores portugueses lhes entregaram… Para quê? Para tudo isto que está a acontecer de errado? De irreparável?

Tudo indica que a questão é funda e que Marta temeu continuar ministra da morte neste luso-país muito doente e desgovernado.

A prosa vai longa e não era nossa intenção. Assim está, deixemos estar. Tem muita ‘palha’? Talvez. Mas fica como assim. Embrulhem e mandem para a terra. Acabemos tal e qual o Curto e desculpem a extensão do emaranhado de letras. Talvez fruto do sentido desta subvida em Portugal Emaranhado.

Bom dia e um queijo Rabaçal acompanhado de um tinto velhote e pomadoso. Alentejano… Pois. Isso.

Avante. Curta o Curto, a seguir.

MM | PG

Portugal | PARA TERMOS UMA IDEIA

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Quando um líder partidário elogia o linchamento do bispo castelhano de Lisboa em 1383 e o compara ao primeiro-ministro, rematando com "não é para terem ideias, mas nós estamos noutro momento de risco da pátria", se calhar não é só mais um sound bite.

Fernão Lopes quem conta. Martinho de Zamora (cidade de Castela onde nasceu), bispo de Lisboa, "bom grande letrado e bom eclesiástico" que "regia mui bem sua igreja", fechou-se na Sé quando no dia 6 de dezembro de 1383, na sequência do homicídio do conde de Andeiro, ouviu os sinos da cidade a repicar.

Como os da Sé não soassem, alguns "homens-bons do concelho" terão então subido a um dos torreões e perguntado ao bispo porquê, tendo este dito que não sabia o motivo para o fazer. Não estaria segundo o cronista no intuito dos que foram falar com o clérigo fazer-lhe mal, mas o povo furioso exigia que o atirassem Sé abaixo, ameaçando os que estavam com ele. Estes, aventa o cronista, terão considerado não haver alternativa, e arremessaram o prelado.

A morte não matou a raiva da turba: desnudaram-lhe o cadáver, roubaram o que havia para roubar, agrediram-no até fartar e depois "assim o arrastaram pela cidade, com as vergonhosas partes descobertas e o levaram ao Rossio, onde o começaram a comer os cães, que o não ousava nenhum soterrar."

Testemunho do horror e bestialidade a que pode conduzir o ódio político, nacionalista e religioso - havia um cisma na Igreja Católica à época -, eis um relato do qual, pensar-se-á, não passará pela cabeça de alguém orgulhar-se.

Portugal | MARTA FARTA


 Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | Um em cada quatro magistrados diz que há juízes corruptos

Joana Petiz | Diário de Notícias | opinião

Um ano difícil para os procuradores e a ministra sob os holofotes, com os casos Sócrates e Salgado na agenda." Eram os processos quentes que chegavam a tribunal naquele que o DN titulava como O Ano da Justiça. A edição datava de 2016 e já se antecipava que o caso que envolve o antigo primeiro-ministro, investigado desde 2013 por corrupção, fraude fiscal e branqueamento, devia "arrastar-se mais um ano até julgamento". Para o mesmo ano de 2017 estava marcado o arranque do julgamento (estamos à espera...) dos casos saídos do colapso do grupo Espírito Santo, em 2014. Fast forward até a década seguinte.

Às portas de 2023, são os mesmos casos que "marcam a agenda", mas a esses somam-se outros igualmente de alto perfil, com destacados membros da sociedade sentados no banco dos réus há anos. Juízes, governantes, empresários e gestores que foram acusados de crimes - com a gravidade acrescida decorrente da importância dos cargos que ocupavam. E que continuam sem sentença à vista.

Falta de meios, tribunais entupidos em burocracia, formalidades anacrónicas e recursos intermináveis, plataformas digitais que visam simplificar processos mas não dispensam o papel, falta de especialização em crimes económicos... muitas podem ser as razões apontadas para chegar a uma conclusão antiga: há um problema na justiça. Antes: há enormes problemas na justiça. De custos, limitando aos muito ricos e aos muito pobres o acesso. De burocracia, afastando os portugueses desgastados por sucessivas barreiras. De tempo, que tira eficácia às decisões, quando estas chegam a existir. De injustiça, afinal.

A mera morosidade de qualquer caso - não são só os megaprocessos - impede que se cumpra a finalidade repositiva de direitos, principal objetivo da justiça. Experimente ver quanto tempo demora e quanto gasta em custas, taxas e representação para fazer pagar uma dívida incumprida, por exemplo. Ou para resolver um caso de agressão. Dados do Pordata mostram que por cada 100 casos fechados, quase 130 ficam pendentes nos tribunais.

A este retrato junta-se o traço mais negro de todos, que já vai além da ideia de impunidade dos fortes, enraizando-se na convicção generalizada de que o crime compensa. Ou pelo menos que é relativamente fácil fugir ao castigo.

Quando um em cada quatro magistrados acredita que há juízes envolvidos em esquemas de corrupção, está quase tudo dito.

O autor da maior fraude financeira de todos os tempos, Bernie Maddoff, foi detido em 2008, condenado em 2009 e preso de seguida. É assim tão difícil?

Portugal | MARTA TEMIDO APRESENTOU DEMISSÃO E COSTA ACEITOU

Comunicado do Ministério da Saúde foi divulgado esta madrugada. António Costa aceitou o pedido de renúncia da ministra da Saúde.

A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou esta terça-feira a demissão ao primeiro-ministro, “por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo”. António Costa já aceitou o pedido de Temido, confirmou ao PÚBLICO fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro.

O comunicado do Ministério da Saúde, enviado às redacções ao início da madrugada desta terça-feira, não acrescenta mais informações.

Já o comunicado entretanto enviado pelo gabinete de António Costa à 01h29 confirma que o primeiro-ministro aceitou o pedido de Marta Temido, acrescenta que o líder do Governo “respeita a sua decisão” e adianta que a saída da ministra já foi comunicada ao Presidente da República.

 “O primeiro-ministro agradece todo o trabalho desenvolvido pela Dra. Marta Temido, muito em especial no período excepcional do combate à pandemia da covid-19”, pode ainda ler-se na nota enviada às redacções. Que conclui referindo que “o Governo prosseguirá as reformas em curso tendo em vista fortalecer o SNS (Serviço Nacional de Saúde) e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos portugueses”.

Com a saída de Marta Temido e até que seja nomeado o sucessor da até aqui ministra, o Ministério da Saúde passa a contar apenas com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, e com a secretária de Estado da Saúde, Maria de Fátima Fonseca.

Temido assumiu funções como ministra da Saúde em Outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes, isto depois de em Dezembro de 2017 ter abandonado a liderança do Conselho Directivo da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), culminando uma presidência de dois anos marcada por uma relação tensa precisamente com Campos Fernandes.

Após ter assumido a chefia do Ministério da Saúde ainda no primeiro Governo de António Costa, foi já no segundo executivo que Marta Temido enfrentou a maior prova de fogo: a pandemia da covid-19, acabando por ser reconduzida em finais de Março deste ano aquando da formação do XXIII Governo Constitucional e numa altura em que se mantinha como a governante mais popular do executivo, avaliação conquistada durante o combate à crise pandémica.

Aliás, foi já com o predicado de ministra mais popular do então XXII Governo que Marta Temido brilhou no congresso do PS, realizado em Agosto do ano passado, ocasião que António Costa aproveitou para mediatizar a entrega do cartão de militante à governante, até então independente.

Esse momento colocou Marta Temido entre os potenciais sucessores de António Costa na liderança socialista, ideia que a própria alimentou ao afirmar sobre tal possibilidade que “nunca se sabe”. “O futuro é uma coisa que é sempre ampla e nunca se sabe o que nos pode trazer”, disse à chegada ao 23.º congresso do PS, que decorreu em Portimão.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Lisboetas não dormem por violação da lei de ruído e impunidade de grupos de jovens

ONDE ESTÁ A PSP?

Susana Charrua| opinião

Sob o título “Moradores de bairros de Lisboa querem medidas contra o ruído para poderem dormir” podemos ler no Diário de Notícias  e republicado mais em baixo aqui no Página Global acerca do desassossego que invade as noites de bairros de Lisboa. As queixas reportam-se aos bairros carismáticos de Santos, Cais do Sodré e Bairro Alto, porém não são só esses bairros que vêem violado o cumprimento que nos devia proteger contra o excessivo ruído pelas noites e madrugadas, assim como durante o dia com poluição sonora que vai para além do civismo e das leis reguladoras.

Compete à PSP fiscalizar e resolver fazendo cumprir as leis mas não o faz. O que vimos é uma PSP amorfa devido ao desinteresse sobre o assunto e tantas prevaricações constantes. Também sabemos que assim está a acontecer por a instituição a quem compete a segurança pública e cumprimento das leis estar desfalcada de agentes e nos seus próprios meios e orçamentos. Inegavelmente que a responsabilidade máxima pertence aos governos, sendo a percentagem mínima de responsabilidade pela indiferença e falta de acção para o cumprimento das leis resultado de falta do devido profissionalismo de uns quantos e poucos profissionais.  Provavelmente fruto do abandono a que os vários governos têm votado aquela instituição. De alguns agentes poderemos apontar má formação, mas são uma minoria, o mesmo não podemos apontar aos dirigentes políticos que têm vindo ao longo da acção governativa a plantar falta de meios e de quase tudo que é implícito para o desempenho necessário e adequado dos agentes policiais.

A somar a isso, noutros bairros que não são os supra citados vimos o uso e abuso de “discotecas” (sob a capa de colectividades, etc), cafés e outros estabelecimentos manhosos (alguns associados com consumo de drogas) que exercem as suas atividades de modo ilegal e alargando o espectro do ruído exagerado com a emanação de som acrescentado por ‘subwoofers’ que fazem vibrar vidros das janelas da vizinhança por volumes de som tão exagerados. Em alguns bairros administrados pela Gebalis também isso acontece. As queixas caem em saco roto. À Gebalis parece que o que lhe interessa é vender ou alugar casas e lojas de que dispõe sem acautelar que o cumprimento de horários e das leis seja cumprido com rigor em vez de tudo redundar em antros de drogas, ruídos excessivos e desacatos dentro ou fora desses “estabelecimentos comerciais”…

Nesses referidos locais (bairros sociais), transformados em guetos, a presença policial é inexistente ou diminuta. Passar pela experiência de telefonar para a PSP a reportar infrações da lei do ruído e de comportamentos incivilizados, de invasão indevida de escadas, passagens comuns dos prédios e átrios de prédios por grupos marginais e descarado consumo de drogas no local tem vezes demais por resposta por parte do agente que atende o telefone que não tem agentes que possam deslocar-se ao local... Quase como um lamento os agentes assim informam quem lhes solicita ajuda.

Perante este cenário costumeiro os ministros dormem sossegadamente. Pois, pudera, não residem em bairros populares sociais ou nas suas ilhargas. Ganham bem e mesmo que não saiam cedo usufruem com as suas famílias de qualidade de vida. Isso não lhes falta. O que lhes falta é uma boa dose de sentirem vergonha por tão mal governarem, promovendo as desigualdades, os salários e pensões de miséria e a recorrência a ilegalidades por necessidades de sobrevivência. Nessa linha de ‘subvivência’ o percurso desemboca na larga praça da fome e sem abrigo de muitos jovens e de outros de mais idade que já nem fazem ideia de como é viver com a dignidade de seres humanos.

Quando acontecerá a sério a indignação e o ruído justo e imprescindível manifestado contra este estado de má governação pela falta de policiamento e de civismo e de condições dignas de vida?

COMO É POSSÍVEL LIQUIDAR O RACISMO EM PORTUGAL?

O podcast megafone, do AbrilAbril, convidou a actriz Ana Sofia Martins, o jornalista Emídio Fernando e o coordenador do Moinho da Juventude, Flávio Almada (LBC) para discutirem as formas que assume o racismo em Portugal, a sua expressão social, a sua relação com outras lutas por uma sociedade melhor e como é possível ir dando cabo das estruturas e ideológicas que criam o racismo.

Portugal | JÁ CANTAM DE GALO

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

A perseguição às galinhas poedeiras prossegue. Insiste-se no seu registo e no anúncio incessante dessa obrigatoriedade, como se um ataque ao mundo rural estivesse em curso. Estará? Parece que até as pessoas que têm meia dúzia desses galináceos são obrigadas ao Registo de Detenção Caseira. Ridículo este país, no qual, muitos milhões depois, os governantes de aviário não conseguem que um SIRESP funcione ou não arrancam do papel um plano de reabilitação de incendiários, mas exigem ao comum cidadão um infinito de burocracias, procedimentos, eficácias, rigores. E mais pagamentos, claro. O Zé Povinho tem de marchar hirto, de uniforme, bem escovado, mas cheio de fome, enquanto a porca da política segue gorda e imunda.

Há muito tempo que os perniciosos efeitos do afastamento da terra se fazem sentir. Basta pensar no absurdo dos anunciados refúgios climáticos que sugarão mais uns milhões aos trabalhadores portugueses. Afinal, qualquer alentejano ou qualquer serrano, habituado há séculos (e antes do advento do aquecimento global) a temperaturas superiores a 40 graus dias consecutivos, sabe bem criar esses abrigos - são as sombras frescas - a plantação de árvores como carvalhos, castanheiros ou nogueiras - a construção correcta das habitações (materiais, orientação, etc.). Agora esta nova ciência de braço dado com uma nova ordem política (quando na verdade não passa da tal forrada suína abraçada a uma pseudo-sofia), rasga e cospe para a lixeira uma sabedoria milenar, conhecimentos preciosos sobre a sobrevivência e a adaptação à natureza. Enfim. Eis a verdadeira política da terra queimada.

Os fundos ambientais são drenados nos transportes públicos das urbes, na subsidiação das energias renováveis, mas real investimento na Natureza nem vê-lo.

Mesmo os incêndios florestais são já e também produto deste despotismo altaneiro. Depois da hecatombe de 2017, este governo decidiu atacar ainda mais quem vive e investe no interior, lembram-se? Decretaram coimas para obrigar os pequenos proprietários a limpar mato e ervas em Março, quando estas crescem pujantes com as chuvas do debute primaveril, por exemplo, ou insistem em acossar a pastorícia desprezando os equilíbrios que dela resultam. Em vez de se incentivar o aproveitamento energético dos sobrantes de biomassas, ao invés de se promover o emprego nas regiões desertificadas do Interior, dificulta-se qualquer auto-suficiência e engordam-se monopólios, implodindo a nevrálgica coesão entre os portugueses

Décadas a fio de políticas públicas que empurraram as populações para o Litoral entraram agora num acelerador de partículas. Parece que se pretende empilhar a mole humana nas grandes metrópoles, enquanto a maioria do território fica para meio punhado. Os fundos ambientais são drenados nos transportes públicos das urbes, na subsidiação das energias renováveis, mas real investimento na Natureza nem vê-lo.

Há uma guerra em Portugal não entre o Rato do Campo e o Rato da Cidade, mas entre a ratazana do cume e os ratinhos cegos. Uma destas frentes bélicas mais visíveis, realmente, é a indústria do fogo que nos consome mais e mais. Mas essa voragem está integrada num ataque maior, uma luta que se travará pelo direito ao bosques e aos mares, pela qualidade do ar que respiramos e pela água que bebemos. Pela galinha dos ovos de ouro.

*Psicóloga clínica - Escreve de acordo com a antiga ortografia

A MAIOR VITÓRIA DA DIPLOMACIA ANGOLANA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mês de Outubro de 1987 foi fundamental para a vitória de Angola na guerra contra o regime racista da África do Sul. Mas também foi crucial na frente diplomática. A diplomacia angolana conseguiu reatar negociações bilaterais com os EUA e surpreendeu com uma exigência: Wasnhington tem de colaborar no desmantelamento do regime de apartheid. Pretória perdia posições na frente militar e o regime de PW Botha ficou encurralado até capitular com os Acordos de Nova Iorque. 

O Presidente José Eduardo dos Santos conseguiu o pleno: A independência da Namíbia, a retirada das tropas estrangeiras do Sul e Sudeste de Angola e a democratização da África do Sul. Após intensa actividade diplomática, Angola ganhou em toda a linha. Nos campos de batalha, as tropas de Pretória iam de derrota em derrota até à Batalha do Cuito Cuanavale, que marcou o fim de um regime que foi o mais grave crime que alguma vez foi cometido contra a Humanidade. No Triângulo do Tumpo, nasceu uma nova ordem democrática mundial. 

Chester Crocker, no seu livro “High Noon in Southern Africa” faz revelações fundamentais para se compreender o génio diplomático do Presidente José Eduardo dos Santos e a importância das acções dos seus colaboradores directos nesta época: Pedro de Castro Van-Dúnem (Loy), Alexandre Rodrigues (Quito), Afonso Van-Dúnem (Mbinda), Manuel Pedro Pacavira, Venâncio de Moura e António dos Santos França (Ndalu). 

Na sua obra, O secretário de Estado dos EUA fala do “jogo das escondidas” dos angolanos, mas acaba por reconhecer que em Julho de 1987, quando foram reatadas negociações bilaterais, os angolanos marcaram pontos.

Crocker recorda que a visita de Andrew Young e Jesse Jackson a Luanda, a convite do Presidente José Eduardo dos Santos, rendeu bons frutos a Angola porque apostou na surpresa. O Chefe de Estado convidou Reagan a visitar Luanda e “ir aos países da Linha da Frente para avaliar correctamente a situação na África Austral”.

O Presidente José Eduardo dos Santos nada deixou ao acaso. E se o convite a Reagan não fosse aceite, prontificava-se a ir a Washington explicar a situação. Ao mesmo tempo exigiu o descongelamento das relações bilaterais. A diplomacia norte-americana foi apanhada de surpresa. O Secretário de Estado Crocker reconhece no seu livro que no terreno “os combates da UNITA eram infrutíferos”.

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