segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O jogo de sombras revisitado: como a Eurásia está a ser remodelada


– "Negociar com a equipe Trump é como jogar xadrez com um pombo:   o pássaro demente passeia-se por todo o tabuleiro, caga indiscriminadamente, derruba peças, declara vitória e depois foge".

Pepe Escobar [*]

Vimos como a China está a planear meticulosamente todos os seus movimentos geopolíticos e geoeconómicos cruciais até 2030 e mais além.

Aquilo que está prestes a ler decorre de uma série de discussões multilaterais privadas entre analistas de inteligência e pode ajudar a projectar os contornos do Grande Quadro.

Na China, está claro que o caminho pela frente aponta para a promoção da procura interna e o deslocamento da política monetária rumo à criação de crédito a fim de consolidar a construção de indústrias internas de classe mundial.

Paralelamente, há um sério debate em Moscovo de que a Rússia deveria seguir o mesmo caminho. Como afirma um analista, "a Rússia não deveria importar nada excepto as tecnologias necessárias até que possa criá-las por si própria e exportar apenas o petróleo e o gás que for necessário para pagar importações, as quais deveriam ser severamente restringidas. A China ainda precisa de recursos naturais, o que torna a Rússia e a China aliados únicos. Uma nação deveria ser o mais auto-suficiente possível".

O que espelha exactamente a estratégia do PCC, delineada pelo presidente Xi na reunião do Comité Central de 31 de Julho.

E isso também vai contra uma forte ala neoliberal do PCC – colaboracionistas? – que sonharia com uma conversão do partido numa social-democracia de estilo ocidental, ainda por cima subserviente aos interesses do capital ocidental.

Comparar a velocidade económica da China agora com a dos EUA é como comparar um Maserati Gran Turismo Sport (com um motor V8 Ferrari) com um Toyota Camry. A China, proporcionalmente, possui um reservatório maior de jovens gerações muito bem educadas; uma migração rural-urbana acelerada; uma acrescida erradicação da pobreza; mais poupanças; um sentido cultural de gratificação adiada; mais disciplina social – confucionista; e infinitamente mais respeito pela mentalidade educada racionalmente. O processo da China de aumentar cada vez mais o comércio consigo própria será mais do que suficiente para manter em andamento o ímpeto do necessário desenvolvimento sustentável.

Portugal | Salvem-se a si próprios


Manuel Carvalho Da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Setembro aí está à porta num contexto nacional e internacional que não permite empurrar lixo para debaixo do tapete, nem a mais pequena desatenção por parte do Governo ou das forças políticas e sociais que não aceitam o agravamento das injustiças, das desigualdades e dos bloqueios ao desenvolvimento do país.

Durante seis meses, conscientemente, congelaram-se problemas à espera de melhores dias, o Estado foi chamado a prestar proteção reforçada e a assegurar rendimentos a muitos portugueses e, acima de tudo, a apoiar empresas que jamais sobreviveriam apenas pelos seus próprios meios. Como se perspetivava, a partir deste fim de férias (que imensos portugueses não tiveram) não é sustentável prosseguir aquelas políticas nos moldes em que vinham a ser aplicadas. Os recursos são limitados e está na hora de fazer escolhas na perspetiva de se encetar um plano estratégico progressista para a saída da crise. No Orçamento do Estado para 2021, peça primordial de opções de longo alcance, essas escolhas devem estar refletidas.

O país precisa de investimento público e privado, de apoios ajustados a todos as formações e estruturas económicas, mas é notória a existência de demasiados empresários entregues ao velho vício da pedinchice ao Estado, escamoteando responsabilidades próprias. Entretanto, eleva-se o coro ensaiado por "destacadas" figuras do jornalismo e "líderes" de opinião, que visa colocar os trabalhadores e o povo português sob a batuta da austeridade. Estas pessoas, em regra privilegiadas, estão imbuídas da suprema e permanente tarefa de ensinar os pobres a apertar o cinto.

A rentrée política este ano é muito exigente. Necessitamos de soluções para problemas prementes: é um imperativo proteger e reforçar (já) o sistema de saúde; abrir as escolas e garantir aulas presenciais; reforçar a proteção da maioria dos trabalhadores no ativo e os desempregados; preservar meios para apoios cirúrgicos a empresas nos seus processos de retoma, de reestruturações ou de criação de novos projetos. Nestas soluções, por experimentações calculadas, a ação do Estado será fundamental, mas de igual relevo serão, também, a participação da sociedade e o assumir de riscos e responsabilidades por parte das empresas.

As reivindicações fundamentais de centenas de milhares de trabalhadores - dos setores público e privado - que perante os duros impactos da pandemia foram considerados essenciais e que continuam com salários de miséria e frágeis condições de trabalho devem ser cumpridas. Sem hesitações, há que pôr de lado políticas de desvalorização interna que impõem reduções de salários e cortes nos direitos e rendimentos do trabalho. Entretanto, tenha-se presente que, quanto mais a Direita (ou partes desta) descamba para posições retrógradas e fascistas, mais se enfraquece a capacidade de mobilização dos cidadãos e mais crescem as reivindicações parasitárias ao Estado.

Dados divulgados sobre a evolução do défice público apresentam-nos, sem surpresa, mas com preocupação, uma quebra das receitas e um aumento das despesas. Este cenário reclama maior atividade económica e disponibilização de rendimentos na sociedade. O envolvimento empenhado e responsável das empresas na obtenção destes objetivos será um contributo para a própria salvação da maioria delas.

*Investigador e professor universitário

Portugal | Taxa de desemprego volta a subir e atinge 8,1%


É o valor mais alto desde agosto de 2018. A taxa de desemprego medida pelo Instituto Nacional de Estatística voltou a aumentar em julho. Há 409,7 mil desempregados, mais 0,8 pontos percentuais do que em junho deste ano

A taxa de desemprego medida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) começa a traduzir os efeitos da crise gerada pela pandemia de covid-19 no mercado de trabalho. Depois de vários meses quase imutável, sem espelhar alterações que traduzissem a quebra abruta da economia e o aumento do desemprego que vem sendo registado nos centros de emprego, a taxa de desemprego nacional que já tinha subido de forma marcada em junho, volta a aumentar 0,8 pontos percentuais atingindo os 8,1% em julho, segundo a estimativa provisória do INE, publicada esta segunda-feira. É o valor mais elevado desde agosto de 2018.

Em julho (estimativa provisória), o número de desempregados em Portugal alcançou os 409,7 mil. São mais 39,4 mil pessoas do que as registadas em junho deste ano e 74 mil do que em período homólogo, ou seja, no mesmo mês de 2019. Ao mesmo tempo, a população empregada aumentou também, 0,3 pontos percentuais, em 13,3 mil pessoas, em relação a junho e a taxa de subsutilização do trabalho aumentou também 0,2 pontos percentuais para os 15,7%.

Estamos enredados num esquema diabólico que nos vitima


Passou o “fim-de-semana para ganhar coragem”, hoje é segunda-feira e o exército de grandes patrões que viram as suas explorações suspensas porque tem de ser assim ao fim-de-semana – cada vez menos – lá estiveram a ver as suas vítimas a regressar derrotadas à exploração do costume, depois partem para as almoçaradas com seus iguais, nem sequer vomitando a comida caríssima que consomem em restaurantes claramente caríssimos, pelo luxo e serviços requintados que afinal são fruto e pagos pela exploração selvagem e desumana a que destinam os seus empregados (eufemismo de escravos). A esses desejamos muitos vómitos e azares – ténue castigo pelas suas mentes perversas, gananciosas, desumanas e esclavagistas. Autênticos oportunistas e parasitas da sociedade global. Abutres de colarinhos brancos. Os que realmente são e estão identificados na maior parte dos casos.

Também no mundo está a Bielorrússia. O Curto de hoje vai lá, imediatamente na abertura. A pena computorizada é da jornalista do internacional Cristina Peres. Podem ler a seguir. Abertura com esquecimentos sobre as tais “Primaveras Coloridas” que o ocidente tem engendrado (EUA, UE, RU), o neoliberalismo e neocolonialismo pseudo-democratico que suporta o moderno esclavagismo.

Os do costume lá se vão esquecendo da colorização pseudo-revolucionária que assolou (assola) a Líbia, a Ucrânia e tantos outros empenhos produtivos das CIA’s e secretas europeias em uníssono a gritarem “democracia e liberdade” aos futuros escravos iludidos e não pagos – ou pagos com guerras e misérias. Com neofascismos à semelhança dos caminhos impostos pelo sistema capitalista desregulado, selvagem, que se apoderou de políticos e governos que usam por engodo a liberdade e a democracia, a justiça que afinal é injusta… Mentiras. Já para não citar com pormenores que a Bielorrússia está às portas da Rússia e que a arma assassina do império do ocidente, a NATO, quer isso mesmo – ocupar a esfera de influência da Rússia e todos os países que a rodeiam. A NATO, guerreira e criminosa, quer guerra. Os militares que a compõem não são mais nem menos que verdadeiras marionetas de políticos e sistema capitalista comandado pelos desumanos 1% - donos da riqueza global - que devoram a humanidade por via da exploração, da corrupção, do fomento de guerras que alimentam as suas ganâncias na sua indústria do armamento e o mais que possuem. Quase tudo e até o roubo da vida e da dignidade da humanidade que reprimem e exploram lhes pertence.

Os do costume não falam dessas realidades. Mas deviam dar algum lamiré nessa perspetiva, aqui, agora, sempre. Quase que pela certa que, na Bielorrússia, nem a alegada vencedora das eleições, dona de casa, opositora do regime em vigor, faz ideia de que está a ser manipulada por via dos interesses do ocidente das políticas e ações putrefactas, terríveis, que cada vez mais se revelam anti-humanas e anti-planeta de concórdia, de real-democracia, de real-respeito pelo ambiente, pelo planeta, pela paz.

Ao que tudo indica, salvo sérias denuncias e provas apresentadas por alguns, a grande maioria anda e snifar uma droga que os leva a acreditar nesta pseudo-democracia, pseudo-justiça, pseudo-liberdade de um menu do Ocidente, cozinhado por mentes perversas.

Abramos os olhos, enfrentemos as realidades que nos rodeiam. Esta não é a vida que regimes realmente democráticos nos devem e podem proporcionar. Que queremos.

Deixemos de ser ingénuos e manter esperanças por algo que nunca acontecerá se não reagirmos e lutarmos pelo que queremos: vivermos com justiça, com dignidade e com o respeito que toda a humanidade e o planeta merecem e que nos é imprescindível.

Ao que tudo indica, todos nós estamos enredados num esquema diabólico que nos vitima. Para quando a honestidade e a liberdade?

Bom dia. Votos da melhor semana possível, para todos.

MM | PG

Portugal | Ana Gomes mantém suspense. "Em breve" dirá se é candidata a Belém

“se há um problema grave foi o primeiro-ministro e o PS que o criaram porque desistiram de ter um candidato alternativo a Marcelo”.
A ex-eurodeputada garantiu que ainda está no processo de reflexão.

“Estava a fazer essa reflexão em conjunto com o meu marido, quando ele adoeceu e faleceu. Eu tive de continuar a fazer essa reflexão noutras condições, sozinha. O que posso dizer é que estou a chegar ao fim e em breve comunicarei o resultado dessa reflexão”, admitiu.

Ana Gomes comentava a entrevista de António Costa ao Expresso, na qual o primeiro-ministro disse que se Marcelo Rebelo de Sousa não se recandidatar à Presidência da República “havia um problema grave no país”.

De acordo com a socialista, “se há um problema grave foi o primeiro-ministro e o PS que o criaram porque desistiram de ter um candidato alternativo a Marcelo”.

A ex-eurodeputada revelou, em maio, que estava a “refletir” sobre uma possível candidatura a Belém, por achar que Marcelo Rebelo de Sousa “é um candidato do regime” que vai “facilitar a vida dos extremos”.

O anúncio foi feito depois de António Costa ter demonstrado, ainda que indiretamente, apoio a uma eventual recandidatura do Presidente da República, durante uma cerimónia na fábrica da Autoeuropa, o que Ana Gomes classificou como “absolutamente lamentável”.


Notícias ao Minuto

Não desperdiçar comida


David Chan | Plataforma | opinião

Xi Jinping, na mais alta posição de poder na China (secretário-geral do Partido, presidente, e líder militar), deu instruções importantes para impedir o desperdício de comida, apelidando este comportamento como alarmante e angustiante. “Cada grão é fruto de trabalho árduo.” Apesar do crescimento anual chinês na produção de cereais, o país continua consciente do risco existente na produção de alimentos. A pandemia de Covid-19 serviu como uma chamada de atenção para este problema. 

A mensagem de Xi deixa bem claro que o maior perigo de 2020 ainda está para chegar, sendo por isso necessário tentar viver de uma forma mais moderada. Segundo os dados referidos, durante este verão parece ter havido um crescimento na colheita agrícola, porém continua a existir o consenso de que o ano está longe de ser normal. Assistimos a condições meteorológicas extremas, a várias cheias no Sul, e continua a ser incerto se estes fenómenos irão ou não afetar a colheita outonal. O maior problema é que devido à situação atual é difícil implementar medidas de prevenção, e se não aplicadas atempadamente poderá ser tarde de mais. A atual reserva de cereais ainda é relativamente suficiente, sendo capaz de dar resposta à procura existente, o que faz desta a altura perfeita para começar a falar de poupança na alimentação. 

Não é algo para ser implementado apenas em 2020, mas sim para os próximos três a cinco anos, especialmente no contexto atual em que todos os dias são registados dezenas de milhares de infetados nos EUA. Primeiramente, a produção chinesa chegou ao pico, e está agora a enfrentar um período de entrave no desenvolvimento.

Em segundo lugar, se garantirmos a segurança da produção autónoma dos cereais básicos, não conseguiremos fazer o mesmo para cereais forrageiros. A área cultivável na China ocupa apenas 120 milhões de hectares e é impossível semear cereais forrageiros após cultivar outros cereais, fazendo com que o país dependa da importação. Tal levará também a um aumento no preço da carne, leite e ovos, tal como a um risco de inflação na importação, afetando a segurança económica do país.

Em terceiro lugar, os EUA poderão começar a usar os cereais como uma ferramenta de poder. Durante a Guerra Fria, quando a União Soviética tinha pouco cultivo, os EUA e os Aliados impuseram um embargo sobre os cerais, criando um aumento no preço dos alimentos. Os EUA são o maior exportador de cerais do mundo, e a China depende da importação de cereais forrageiros. Ou seja, quando o país decidir usar esta arma, a China perderá poder.

Neste momento podemos comer até ficar cheios sem qualquer problema, mas é preciso saber ter comedimento. Não somos completamente autónomos na produção de fontes de proteína como carne, leite e ovos, porém vemos muitos destes alimentos a ser desperdiçados. Devemos preparar-nos para uma eventual emergência, sem desperdício.

MNE chinês desvaloriza preocupações com os direitos humanos manifestadas pelos europeus


Pequim, 31 ago 2020 (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros da China defendeu no domingo os campos de detenção em Xinjiang e a nova lei de segurança nacional de Hong Kong, afastando as preocupações demonstradas pelos líderes europeus sobre os direitos humanos.

Wang Yi está a realizar um périplo pela Europa, na sua primeira deslocação oficial ao exterior, desde o início da pandemia do novo coronavírus, numa tentativa de revigorar o comércio e as relações, danificadas pela atual crise económica e de saúde pública.

Em Paris, Wang repetiu a alegação do Governo chinês de que todos os membros de minorias étnicas muçulmanas enviados para centros de reeducação na região de Xinjiang, no extremo oeste da China, foram libertados e colocados no mercado de trabalho.

Grupos de defesa dos direitos humanos e famílias continuam a relatar detenções contínuas de uigures e cazaques. As alegações são difíceis de verificar, já que o acesso da imprensa a Xinjiang, que foi convertido num Estado policial, é altamente controlado.

"Os direitos de todos os estagiários no programa de educação e treino, embora as suas mentes tivessem sido possuídas pelo terrorismo e extremismo, foram totalmente assegurados", disse Wang Yi, em conferência de imprensa, no Instituto Francês de Relações Internacionais.

"Agora que estão formados, não há mais ninguém no centro de educação e treino. Todos encontraram empregos", garantiu.

Pequim adverte República Checa que pagará caro por visita a Taiwan


Pequim, 31 ago 2020 (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros da China avisou hoje a República Checa que pagará "caro" por "desafiar o princípio de 'uma China'", com a visita a Taiwan de uma delegação checa chefiada pelo presidente do senado.

"Desafiar o princípio de 'uma China' é equivalente a tornar-se no inimigo de 1,4 mil milhões de chineses", advertiu Wang Yi, durante a atual viagem pela Europa, em declarações publicadas hoje pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O reconhecimento daquele princípio é visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território. A ilha funciona como uma entidade política soberana, apesar do regime chinês considerar que está sob a sua soberania.

O corte de laços diplomáticos com Taiwan é tido como a base para manter relações e contactos oficiais com Pequim.

Wang frisou que Taiwan é "parte inalienável" da China.

Presidente timorense vetou lei da proteção civil, mas não divulgou decisão


Díli, 31 ago 2020 (Lusa) -- O Presidente timorense vetou politicamente a nova lei da Proteção Civil do país, aprovada pelo Parlamento Nacional em julho, sem que o seu gabinete tenha anunciado a decisão publicamente ou a sua justificação.

O veto político foi confirmado à Lusa por fonte do Parlamento Nacional, onde o texto do Presidente da República foi recebido na semana passada, com o assunto a não ser ainda tratado pelo gabinete do Presidente do órgão legislativo.

Contactada pela Lusa, a Presidência da República não disponibilizou o texto de Francisco Guterres Lu-Olo.

Apesar do veto ter sido assinado na quinta-feira e enviado nesse dia ao Parlamento Nacional, a Presidência da República não divulgou qualquer informação sobre a decisão.

Em várias ocasiões no passado, e sem explicação oficial, a Presidência da República adota a posição de não publicitar vetos políticos do chefe de Estado a diplomas, considerando que o processo 'não está encerrado'.

A nova lei da proteção civil, aprovada a 21 de julho, deveria servir como enquadramento para o que o Governo espera seja um investimento "mais robusto" na capacitação da Autoridade de Proteção Civil.

O texto, aprovado por 57 votos a favor e quatro abstenções e que teria de ser seguido por vários diplomas de regulamentação, delimita "o nível político de definição e orientação das políticas de proteção civil", definindo os novos Conselhos Nacional, Regional e Municipais de Proteção Civil, e o nível de execução dessa mesma política".

O diploma estabelece a Autoridade de Proteção Civil, "entidade que ao nível operacional executará todas as missões definidas e planeadas de proteção civil", ao nível nacional, regional e municipal.

Joaquim Martins, secretário de Estado da Proteção Civil, considerou que a lei "tem como principal objetivo a proteção das vidas e a salvaguarda dos seus bens" da população timorense.

"A lei de proteção civil (...) passa a ser, a par da lei de defesa nacional e da lei de segurança interna, a trindade que sustenta toda a Segurança Nacional do Estado", frisou.

"Como um dos três pilares fundamentais da Segurança Nacional, é ao mesmo tempo o pilar fundamental de toda a Proteção Civil e que será a base de todo Sistema Nacional de Proteção Civil", sublinhou.

ASP//MIM

Governo timorense quer criar empresa estatal para o setor dos minérios


Díli, 30 ago 2020 (Lusa) -- O Governo timorense quer criar uma empresa estatal, equivalente à petrolífera Timor Gap, para os minerais, e uma autoridade específica que permita regulamentar adequadamente o setor, disse à Lusa o ministro da tutela.

"Tem de haver uma empresa estatal, como a Timor Gap. Vai haver discussão do código mineiro na especialidade e com certeza vai passar", disse Victor Soares em entrevista à Lusa.

"Mas depois temos que elaborar os regulamentos e estabelecer uma autoridade específica para o setor dos minérios", referiu.

Atualmente a responsabilidade regulatória recai na Autoridade Nacional de Petróleo e Minerais (ANPM) que, segundo Victor Soares, vai ser dividida em duas, para que a nova entidade "possa fazer regulamento mais específicos para toda as atividades mineiras".

domingo, 30 de agosto de 2020

Moçambique | Detenção de suposto membro dos grupos armados pode ser "ponta do iceberg"


Juntamente com o suspeito detido em Pemba, foram apreendidas armas e uniformes militares. SERNIC acredita que insurgentes "fazem adiantar o equipamento" para depois atacar.

O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) na província moçambicana de Cabo Delgado apresentou à imprensa, na quinta-feia (27.08), um suposto integrante do grupo de insurgentes que ataca aquela região do país desde 2017.

A neutralização do supeito pelo SERNIC, ocorreu no passado dia 12 de agosto, numa paragem de autocarros em Pemba.

Na posse do homem estavam duas pastas contendo cinco armas de fogo, 10 carregadores (sete dos quais contendo munições e três vazios), seis pares de fardamento militar, quatro camisolas militares e um par de botas, informou o SERNIC. 

A encomenda contendo o material bélico saía do distrito de Mueda - a mais 300 quilómetros de Pemba e a cerca de 100 quilómetros de Mocímboa da Praia - e deveria ser entregue a uma cidadã em Pemba, relatou o indivíduo. 

O diretor do Serviço Nacional de Investigação Criminal, em Cabo Delgado, Ntego Crisanto Ntego, não tem dúvidas: trata-se de uma operação que visava movimentar armamento para Pemba pelo grupo armado, que tem feito ataques naquela região de Moçambique.  

"A história nos diz que os insurgentes, quando estão para entrar num território, primeiro fazem adiantar o equipamento e depois é que eles vêm [vestidos] à civil. Portanto, nós entendemos que isso fosse o 'modus operandi' dos insurgentes," descreveu.

Suspeito coloca a culpa em um primo militar

Detido em Pemba, o indivíduo justifica que foi apenas cumprir o pedido de um primo seu, que é militar e que terá solicitado para recuperar uma pasta esquecida por este num autocarro. A pasta deveria ser, depois, entregue à mãe do referido militar, residente no bairro do Alto Gingone, em Pemba. O indiciado diz que não conhecia o conteúdo da encomenda. 

"Sendo meu primo, eu considerei isso [laços de parentesco]. Saí às 16 horas de casa para a estação, onde tive de esperar até às 18 horas - até a chegada do referido autocarro que transportava a pasta. Quando o Nagi [autocarro] chegou, dei sinal ao meu primo para perguntar como iríamos receber uma encomenda sem ter o número da pessoa que a transportava? Então, o meu primo fornece-me o número do cobrador e o acento onde tinham sentado antes de esquecer a pasta," relatou.

O homem diz ainda que, logo depois de receber as duas pastas do cobrador do autocarro, foi surpreendido pelos agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal que o detiveram em seguida. 

"Levaram-me ao posto deles [do SERNIC] e começaram a abrir. Depois de terem aberto as pastas e visto tudo o que havia lá dentro, perguntaram-me: 'Quem te mandou para ir receber a pasta?' ao que respondi que a pessoa que me mandou abrir a pasta é um militar de nome Amar Mateus. Dali, levaram-me e deixaram-me na 3ª Esquadra," acrescentou.

O suspeito foi apresentado ao juiz de instrução criminal, que legalizou e manteve a sua detenção.

Entrada de armas em Pemba

Ntego Crisanto receia que este não seja o primeiro caso de tentativa de entrada de armamento na capital de Cabo Delgado pelas mãos de suspeitos de pertencerem ao grupo de insurgentes.

"Estamos já com receio de que possam ter entrado outras armas e também pode não ter entrado outras armas. O que se coloca é que, por se tratar de arma e ele sendo arguido, pode mentir, dizer que quem me deu a arma é tal fulano enquanto não é verdade. O circuito que se usou até chegar em Pemba é muito estranho. Vale a pena se fosse um militar a receber as armas, mas estamos a falar de um civil," ponderou.

A instituição trabalha agora para apurar a proveniência real, o destino e a causa da movimentação do armamento.

Delfim Anacleto (Pemba) | Deutsche Welle

Juventude angolana exige combate ao desemprego


Participantes de uma mesa redonda apontaram ineficiência das políticas públicas, lacunas na lei, discriminação e não só como desafios a serem vencidos para combater o desemprego, este sábado (29.08) em Luanda.

"Desemprego como fator de instabilidade social, causas e soluções" foi o tema de uma mesa redonda realizada, este sábado (29.08), em Luanda. O debate foi uma iniciativa do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA). Aberto ao público, mas com lugares limitados devido à pandemia da Covid-19, a mesa redonda reuniu políticos e membros da sociedade civil para falar sobre as causas e consequências deste fenómeno.

Dados divulgados este mês pelo Instituto Nacional de Estatística indicam que a taxa de desemprego em Angola, no segundo trimestre de 2020, aumentou 4% face ao mesmo período do ano passado. Estima-se que a taxa de desemprego esteja na casa dos 32,7%. Ou seja, o país tem cerca de 4,7 milhões de desempregados.

Angola | Abel Chivukuvuku: "Vamos fazer parte da agenda política nacional em 2022"


O coordenador do PRA-JA, Abel Chivukuvuku, diz à DW que ainda tem fé que o Tribunal Constitucional legalize o seu projeto político. Já quanto às autárquicas, não acredita que se realizem nem neste, nem no próximo ano.

Em entrevista exclusiva à DW África, Abel Chivukuvuku começa por dizer que o PRA-JA fez uma coisa "inédita" ao levar ao Tribunal Constitucional mais de 30 mil assinaturas em detrimento das 7.500 exigidas por lei. Ainda assim, diz ele, a Justiça "recusou legalizar" o seu projeto político. O tribunal alegou problemas nas assinaturas. Mas Chivukuvuku tem esperança. 

"Primeiro, tenho fé. Segundo, temos o dever de lutar no nosso país para a implementação de princípios democráticos, mesmo que isso não seja para o nosso proveito", afirma. "Nós temos que ter também um papel didático, para ajudar os dirigentes do MPLA a libertarem-se do passado deles de não democraticidade." 

Abel Chivukuvuku não fala ainda sobre um plano B, caso o Tribunal Constitucional volte a chumbar o projeto político. Mas de uma coisa tem a certeza: "Em 2022, com PRA-JA ou sem PRA-JA, vamos fazer parte da agenda política nacional."

Covid-19 em STP : Pobreza aumentou 7% e o desemprego continua a subir


A pandemia da Covid -19, provocou o aumento em 7% do índice da pobreza em São Tomé e Príncipe. São dados revelados pelo Banco Central após a realização do estudo sobre o impacto da Covid-19 nas empresas, nas famílias e na economia santomense.

Gerse Espírito Santo, quadro técnico do banco central que apresentou o estudo, considerou de severo o impacto da Covid-19 sobre a economia nacional.

Segundo o estudo, o sector empresarial registou uma redução do volume de negócios na ordem de 80%. No segundo trimestre do ano, período em que se detectou os primeiros casos da Covid-19 em São Tomé, o produto interno bruto contraiu 23%. Os dados do banco central, indicam que até o final do ano, a contracção do PIB, deverá situar-se nos 5,8%.

A pandemia fez disparar a taxa de desemprego no país. «Analisamos a questão do rendimento e do emprego e constatamos que mais de 14 mil pessoas no período de confinamento foram dispensadas temporária ou definitivamente. E destas mais de 2 mil pessoas, segundo as nossas estimativas, foram despedidas», explicou Gerse Espírito Santo.

Mais de 2300 pessoas desempregadas só no segundo trimestre do ano, e o índice da pobreza conheceu grande alteração.

Segundo o banco central, o índice de pobreza que se situava nos 62,5%, estava a baixar. Mas, a Covid-19, veio interromper a tendência decrescente. «Em termos de crescimento do índice de pobreza, assistimos a um aumento de cerca de 7%, a nível nacional, o que de facto é bastante pesado para uma sociedade como a nossa», pontuou, o director do banco central.

O banco central prevê para 2021, a retoma da actividade económica e do crescimento em São Tomé e Príncipe. Mas, isso só acontecerá, se a comunidade científica mundial, descobrir uma cura para a Covid-19.

«Para o ano de 2021 já prevemos um aumento progressivo do PIB, e uma recuperação também para 2022, tendo em atenção que se consiga de facto, encontrar uma cura para a pandemia», concluiu.

Banco central apresentou o resultado do estudo feito sobre o impacto da Covid-19 na economia nacional, no dia 26 de Agosto. Data em que a instituição celebrou 28 anos sobre a sua fundação.

Abel Veiga | Téla Nón (st)

Leia em Téla Nón:

Covid-19: Governo de São Tomé decreta novo estado de calamidade


Governo são-tomense decretou quatro período de estado de calamidade no país, de 1 a 15 de setembro, devido à pandemia da Covid-19. Abertura do novo ano letivo e retomada de voo internacional estão na base da decisão.

A decisão foi comunicada pelo porta-voz do Governo, Adelino Lucas, este sábado (29.08).

"O país tem observado ganhos na sua luta contra a pandemia da Covid-19, mas, ainda assim, apesar desses ganhos, apesar de não se estar a observar situações críticas ou alarmantes, o Comité de Crise decidiu que será decretado mais um [período de] estado de calamidade, que vai de 1 a 15 de setembro", disse.

Durante o encontro, o Executivo são-tomense e o Comité de Crise congratularam-se com "os esforços dos parceiros bilaterais e multilaterais", no apoio ao combate à doença.

O Governo deu "uma nota positiva" aos "esforços dos profissionais da saúde que têm dado o melhor de si, o que tem permitido que, de facto, a pandemia não esteja a alastrar-se de forma assustadora, contrariamente às previsões da Organização Mundial da Saúde [OMS], em março", precisou Adelino Lucas.

O Comité de Crise reconheceu que "a pandemia ainda está presente" no país, "pese embora as melhorias que se têm vindo a verificar".

Guiné-Bissau | Poder político acusado de "ofensas" à separação de poderes


O Sindicato dos Magistrados Judiciais da Guiné-Bissau (Asmagui) acusou o poder político guineense de "graves ofensas" à separação de poderes no caso que envolve a ordem de detenção dada por um juiz contra um ministro.

Em comunicado, a que a Lusa teve hoje acesso, assinado pela presidente Noémia Cá Gomes, a Asmagui cita o exemplo do caso que envolve o juiz Alberto Leão Carlos que ordenou a detenção do ministro dos Transportes e Telecomunicações, por este ter mandado soltar um navio que o magistrado havia mandado apreender.

Para a Asmagui, a 'ordem de soltura' do navio, dada pelo ministro, bem como o incumprimento pela polícia do despacho de detenção do governante, "entre muitos outros casos", representam "atos de impunidade que se tem vindo a assistir", na Guiné-Bissau.

"A direção da Asmagui alerta os órgãos de soberania, os partidos políticos e os cidadãos em geral, para os perigos constantes e reiterados de incumprimentos das decisões judiciais, pois, põem em causa a ordem democrática, a credibilidade das instituições do Estado e a tão almejada paz social", lê-se ainda no comunicado.

A associação dos magistrados judiciais guineense entende que a independência e a autoridade dos juízes alcançados já na Guiné-Bissau não podem ser abolidas "com atos de desobediência das decisões judiciais e de usurpação de competências" consagrados na Constituição e demais leis do país.

O Governo considerou que a decisão do juiz visa descredibilizar a ação governativa e é ilegal.

Notícias ao Minuto | Lusa

Leia em Notícias ao Minuto: 

CEDEAO, declínio ou ventos de mudança imperativa?


O Democrata (gb) | editorial

A Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) está a enfrentar a maior “turbulência” desde a sua criação em 1975. 

A fama de ter sido descrita como um modelo de organização regional pela eficácia da sua liderança está hoje muito ameaçada pelos ventos de contestações multiformes provenientes de diferentes países membros. 

A crise política no Mali e críticas internas contra a mediação hesitante dos Chefes de Estado é sinal evidente da fragilidade do bloco regional na formulação de uma proposta coerente e transparente para uma solução durável no Mali. Um olhar atento ao desenrolar da complexa situação política, social e securitária na vasta República de Mali deixa transparecer a incapacidade da CEDEAO em propor uma solução.

A plataforma da oposição que exige a demissão do Presidente Ibrahim Boubacar Keita já denunciou a parcialidade da mediação regional que publicamente defendeu a continuidade de Keita na Presidência e a demissão de parte dos deputados, todos eleitos pelo povo maliano. Mais um impasse, mais um fracasso em vista, depois de vários outros, nomeadamente na Guiné Conacri, Guiné-Bissau e no Togo. Nesses países, a CEDEAO vacila entre o real político e o diplomaticamente correto. Dependendo de peso de cada regime e relações de protagonistas em crise, a organização regional tenta aplicar um de dois princípios.

No meio de tudo, a CEDEAO perde terreno e adiciona fracassos na sua conhecida e respeitada trajetória de defesa da legalidade democratica e resolução de conflitos nos Estados membros. 

Cabo Verde | Suspeita de narco-estado: Governo contesta


Não é primeira vez que surgem artigos com intenção de manchar a imagem e credibilidade de Cabo Verde

«Não é a primeira vez que artigos da mesma natureza são publicados e reproduzidos com intenção deliberada de atingir e manchar a imagem e a credibilidade de Cabo Verde, associando o país ao narcotráfico», diz o governo de Cabo Verde, reagindo a propósito de uma publicação digital posta a circular com a referência “London Daily Post: ’Luxembourg invests in Cape Verde - Newest African Narco-State’”.

Para a cidade da Praia, a peça jornalística dada à estampa é de uma profunda falta de respeito à verdade e ao percurso histórico do país, reconhecido internacionalmente por todo o tipo de parceiros nacionais e internacionais, inclusivamente, o Reino Unido. «A única fonte do artigo é, também ela, uma peça baseada em falsidades e prejudicial à imagem do país e sem qualquer respeito, por outro lado, à necessidade do contraditório, quando se pretende atribuir a Cabo Verde, o epíteto totalmente inapropriado, de Narco-Estado».

Crime organizado: Cabo Verde - Outro Narco-Estado na África Ocidental?


#Publicado em português do Brasil

A Semana (cv)

Esta peça, publicada no site Greydynamics ( ) é da autoria de Ana-maria Baloi, analista do mesmo portal. A matéria é atual, por surgir no momento em que o país está envolvido no caso Alex Saab, tido como alegado testa-de-ferro do presidente Nicolás Maduro, acusado pelos EUA de ligações ao branqueamento de capitais e a tráfico de drogas e dos dois supostos enviados da cidade da Praia (Gil Évora e Carlos dos Anjos) à Venezuela. 

A presente peça de Greydynamics parte de três premissas principais/julgamentos: KJ-1. Enquanto a Venezuela for governada por um governo falido que permite aos cartéis de drogas o controle de fato da política do país, Cabo Verde provavelmente continuará a ser um importante ponto de conexão de narcóticos entre a América Latina e a Europa. KJ-2. A falta de fundos para o combate ao contrabando de drogas em Cabo Verde deve impedir qualquer esforço de conter o mercado de drogas que se apoderou do país. KJ-3. Cabo Verde corre o risco de se tornar o segundo narco-estado da África Ocidental, depois da Guiné-Bissau.

O conteudo desta peça de Ana-maria Baloi serviu para várias outras divulgdas na imprensa internacional, com destaque para a última dessas investidas que está no London Daily Post, de 20 do mês em curso. Trata-se de um artigo virulento, que, segundo outras fontes, ataca diretamente as relações de Cabo Verde com Luxemburgo, particularmente o último acordo de financiamento assinado entre os dois países, no montante de 78 milhões de euros. O governo de Ulisses Correia e Silva já reagiu (ver a peça neste jornal). Por julgarmos ser de interesse para o país e os leitores do Asemanaonline (www.asemana.publc.cv), publicamos, a seguir, o artigo referido: Cabo Verde - Outro Narco-Estado na África Ocidental?

Portugal | Rui Pinto em banda desenhada


Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

No mesmo país em que o Tribunal Constitucional chumbou o acesso das secretas à listagem de comunicações de suspeitos de terrorismo, muita gente respeitável defende a intrusão em comunicações por um hacker "justiceiro" - desde que encontre "coisas interessantes". Deverá ser esse o critério?

"Se calhar é a única maneira de apanhar os maus." Foi o que uma amiga me disse numa conversa sobre Rui Pinto. "Se não há outra forma, se as polícias não chegam lá de outra maneira, e não chegam, como já se percebeu, então se calhar tem de haver Ruis Pintos."

Percebo o sentimento dela. Qualquer pessoa que tenha visto por exemplo o filme Laundromat, de Steven Soderbergh, baseado na ocorrência que ficou com o nome de Panama Papers, acompanha a personagem de Meryl Streep na perplexidade, desespero e raiva ante o emaranhado da circulação do dinheiro por empresas fantasma e offshores e a facilidade com que se iludem autoridades, credores e vítimas - como ela.

De facto, a primeira coisa que ocorre perguntar ante Laundromat não é como se soube de tudo aquilo mas como é possível que se permita um sistema assim. A quem, se não a criminosos, terá parecido boa e vantajosa ideia a criação das contas offshore - e por que raio, umas cinco décadas e muita evidência de lavagem de dinheiro, financiamento de terrorismo, da criminalidade em geral e de esquemas cada vez mais sofisticados de subversão dos sistemas políticos depois, os governos mundiais ainda não tomaram a decisão de acabar com tal coisa. É capaz de se chegar à conclusão de que para o chamado sistema capitalista o mais importante é que o dinheiro possa circular à vontade - e o resto que se dane.

Mas o meu texto não é sobre a existência desta rede; é de Rui Pinto que quero falar - ou melhor, dos argumentos sobre Rui Pinto. E esses dividem-se em três campos.

Portugal | Em tempo de ofensiva, exige-se o reforço efectivo da ACT


A União dos Sindicatos de Santarém tem vindo a detectar e combater violações dos direitos dos trabalhadores, uma acção que, defende, seria muito mais eficaz com «uma intervenção reforçada da ACT».

A pedido da União dos Sindicatos do Distrito de Santarém (USS/CGTP-IN), realizou-se esta sexta-feira uma reunião com a direcção do Centro Local da Lezíria e Médio Tejo da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), na capital ribatejana.

Um encontro que serviu, sobretudo, para abordar «algumas das preocupações» que a USS e os seus sindicatos constituintes têm sobre a actual situação laboral na região, «os ataques e violações» aos direitos dos trabalhadores e «a capacidade de intervenção» da ACT no distrito, revela a União de Sindicatos numa nota de imprensa.

A USS denuncia uma série de situações – e, por isso, exige a intervenção da ACT «na Rodotejo, onde 50% dos trabalhadores estão em lay-off e confrontados com perdas de 50% dos rendimentos ao mesmo tempo que os outros 50% estão sujeitos a cargas de trabalho de mais de 14 horas por dia».

Também na Lusipintos, na Panpor, na Avipronto, «onde foi violado o direito a férias». Igualmente na VGT e na SALM Portugal, «onde os horários de trabalho ultrapassam os limites máximos permitidos por lei e onde trabalhadores extra-comunitários são sujeitos a trabalho "escravo", sem direito a contrato de trabalho ou à remuneração mínima nacional».

«Denunciamos as inúmeras situações em que há salários em atraso no distrito, e ainda o incumprimento e desrespeito pelas regras sanitárias nas diferentes fases da crise pandémica em algumas empresas do distrito», lê-se na nota.

"Política portuguesa é labiríntica, faz-me lembrar um condomínio fechado"


Um artigo de opinião assinado por Joaquim Jorge, biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente.

"A política portuguesa é labiríntica e sui generis, faz-me lembrar um condomínio fechado.

Isto vem a propósito, de uma noticia do jornal Público, no dia 22 de Agosto, com o titulo “Multas por contas de 2011 prescrevem”, seis partidos ( PS, PSD; PCP, CDS, PAN e PEV) foram multados em 2018 por irregularidades nas contas de 2011, mas a Entidade das Contas e Financiamentos Públicos ( EFPP) deixou prescrever a aplicação das contra-ordenações por falta de pessoal face ao extraordinário volume de trabalho que tem.

Adoro Portugal! Os sucessivos governos criam e nomeiam entidades de fiscalização, mas depois, ou por falta de verbas ou por falta de alterações legislativas ou por falta de meios humanos, essas entidades não funcionam.

É o país faz de conta! Qual é a sensação de um cidadão ou de uma empresa que cumpre com as suas obrigações, perante este episódio?! Estupefacção é que há dois países: os do condomínio fechado dos partidos que fazem as leis a seu bel-prazer e depois não as cumprem; fora do condomínio fechado estão cidadãos e empresas normais, que sabem que ao mais pequeno deslize o Estado avança para eles sem contemplações.

Eu, sinceramente, já não sei se vale a pena incomodar-me com este tipo de assuntos, sinto-me cansado de estar a pregar no deserto. Nada se modifica e ninguém faz o menor caso.

Tenho de dar razão a quem acha que não vale a pena insistir e que não passo de um sonhador, que caio no ridículo e acusado de querer protagonismo. Todavia, não consigo conter-me e deixar de denunciar este tipo de situações em que os partidos vivem num mundo que não é o nosso.

Acredito que a influência é mínima ou zero, mas estou certo de que, se não nos incomodarmos um pouco e estivermos atentos ao que se passa, seria ainda pior.

Os políticos têm de nos prestar contas e explicar as suas decisões. Neste caso, só tinham uma coisa a fazer: pagar as multas respectivas e serem penalizados. Só isso! O exemplo, a lição, o ensinamento fazem falta à política portuguesa."

Notícias ao Minuto

Portugal | Ai os velhos, senhor, os velhos


Domingos De Andrade | Jornal de Notícias | opinião

"Então morrem 18 pessoas e ninguém é responsável?" A pergunta de Adrian Istratuc, pai de três filhos órfãos de mãe, filhos de Ludmila, funcionária há oito anos do lar de Reguengos de Monsaraz que morreu lentamente tratada a ben-u-ron até ser tardiamente internada, que morreu lentamente aconselhada pela Linha de Saúde 24 a tomar o remédio comum, a pergunta de Adrian sem resposta, insistimos, devia cobrir-nos, a nós, filhos, netos, sobrinhos de todos os velhos despejados em lares, de uma vergonha sem fim.

Regressar a Reguengos dois meses depois da tragédia que vitimou 18 pessoas com covid-19, como o fazemos na edição deste domingo da "Notícias Magazine", é expor o abandono e desprezo a que votamos as gerações que empecilham a dinâmica social, ou o chamado progresso. Mas é sobretudo perceber que não aprendemos nada, com a cadência quase diária de novos casos de infeção em dezenas de lares.

Os dramas atuais expostos pela pandemia diluem-se na responsabilidade coletiva passada do Estado e na outra pergunta sem resposta: como permitimos que isto fosse acontecendo? Mas a irresponsabilidade do presente cabe-nos exclusivamente, que não nos indignamos, a começar pelo Governo, a quem não basta apresentar uma e outra vez um programa carregado de milhões a serem despejados sem estratégia.

Os lares, dezenas deles, são hoje depósitos de velhos doentes, muitos insuportáveis para se viver até à eventual visita condescendente e apressada de um familiar, sem cuidados de saúde adequados, sem mais do que a longa espera pela morte.

Num momento em que se discute na praça pública a arquitetura da aprovação do próximo Orçamento no já desgastado braço de ferro com o Bloco de Esquerda, a aparente apatia do PCP ou as preocupações legítimas do presidente da República perante as ameaças de uma crise política, os partidos têm a obrigação de se debruçarem sobre o essencial. E o essencial é perceber que os alicerces de um Estado de direito, hoje tão ameaçado pelos extremismos, assentam, e muito, nos princípios de Estado social e não assistencialista. Muitos poderiam começar por ir ler o que significam ambos.

*Diretor

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