quarta-feira, 13 de novembro de 2019

REINTERPRETAR O MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO EM ÁFRICA – VII


Martinho Júnior, Luanda  

SUBSÍDIOS EM SAUDAÇÃO AO 11 DE NOVEMBRO DE 2019

Uma das maiores deficiências de que sofrem os africanos duma forma geral e os angolanos em particular, é a ausência de reflexão própria sobre os fenómenos antropológicos e históricos afectos ao seu espaço físico, geográfico e ambiental.

Essa falta de vontade e de perspectiva abre espaço ao conhecimento que chega de fora, em prejuízo do conhecimento que tem oportunidade de florescer dentro, ou seja: subvaloriza o campo experimental próprio, quantas vezes para sobrevalorizar as teorias injectadas do exterior!

Isso permite que outros não abram o jogo sobre essas interpretações dialéticas em função de seus interesses, manipulações e ingerências, aplicando a África, por tabela a Angola, as interpretações estruturalistas de feição, de conveniência e de assimilação!


Esta série pretende reabrir dossiers que do passado iluminam o longo caminho da libertação dos povos da América Latina e Caribe, de África e por tabela de Angola, sabendo que é apenas um pequeno contributo para o muito que nesse sentido há que digna e corajosamente fazer!

Abrir os links permite complementar com fundamentos, muitas das (re)interpretações do autor.



25- O rumo do MPLA em Angola, sob a égide do seu guia António Agostinho Neto, no quadro do “plano Iko” mudou o paradigma de sua conduta estratégica, causando num esforço dialético, um outro nível de ameaças ao colonialismo, neocolonialismo, “apartheid” e suas sequelas (apêndices). (http://litoralcentro-comunicacaoeimagem.pt/2016/07/01/angola-honrar-memoria-dos-herois/).

Nesse aspecto essa capacidade de mudança de paradigma tornou-se exemplar: hoje, se o MPLA não mudar de paradigma num quadro de democracia multipartidária representativa e participativa, arrisca-se a deixar de dar fluência ao rumo que é necessário e urgente retomar, de tão fustigado que tem sido o estado angolano pelo esbanjamento do “petróleo enquanto desenvolvimento” (entre 2005 e 2015) e da intrusão neoliberal, em regime de desgastante terapia desde 2002, depois do choque protagonizado por Savimbi entre 1992 e 2002!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2016/01/o-laboratorio-africom-xviii.html).

De facto entre 1964 e 1966, ao concentrarem-se na plataforma da Zâmbia para fazer acções para dentro de Angola (MPLA), Zimbabwe (Zanu e Zapu), Moçambique (Frelimo) e Namíbia (Swapo), era já a espinha dorsal da progressão imperialista e colonial de Cecil John Rhodes, “do Cabo ao Cairo”, que estava a ser pela primeira vez tocada nos seus alicerces humanos (antropológicos), sociopolíticos, económicos, financeiros e inclusive no que diz respeito à disputa sobre o espaço vital na África Austral (passagem do paralelo da bacia do Congo, para o paralelo da bacia do Zambeze, por parte do movimento de libertação em África). (https://www.britannica.com/place/Southern-Africa/Independence-and-decolonization-in-Southern-Africa).

As ideologias da superestrutura da internacional fascista, ao se distenderem nas questões de guerra contra insurreição e de acção psicológica, conformadas às doutrinas e práticas introduzidas desde o “Le Cercle” (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/06/uma-longa-luta-em-africa-vi.html), dialeticamente pouco podiam fazer quando passou a haver um enérgico incremento simultâneo da luta armada de libertação para dentro dos territórios de Angola, do Zimbabwe, de Moçambique, da Namíbia e da África do Sul, a partir da plataforma da Zâmbia, com os revigorados ingredientes geoestratégicos das motivações libertárias, por que os combatentes, com a preparação sobretudo política que tiveram, eram já a independência que vinha chegando, antes da sua eclosão histórica e institucional!

Recordo o que Yves Benot, em “Ideologias das independências africanas 1”, escreveu (páginas 19 e 20 da versão portuguesa), levando em atenção “a função dos intelectuais africanos”:

… “Aos africanos e os colonizados em geral, viram-se rapidamente para os aspectos progressistas e revolucionários de culturas cujos aspectos estáticos e conservadores tinham sido sublimados ao máximo pelos colonizadores locais.

Isso significa – nas condições existentes no período entre as duas guerras quanto a um certo número de africanos essencialmente originários de territórios sob dominação inglesa, nas condições existentes no último pós-guerra, quanto à maioria dos africanos originários de territórios sob a dominação francesa – debruçar-se simultaneamente sobre duas etapas do desenvolvimento das ideologias revolucionárias – a dos pensadores das revoluções burguesas (cujas contradições era fácil fazer explodir ao nível da realidade colonial) e a dos pensadores das revoluções roletarias, que abriam à independência perspectivas bem diferentes da reduplicação do modelo do modelo burguês ocidental”…


… “A elaboração  de uma doutrina política não pode limitar-se apenas à consideração das possibilidades e das exigências imediatas – vai, necessariamente, mais depressa e mais longe, tem necessidade de definir objectivos decisivos em função de uma concepção do mundo e de princípios.

Quer, em seguida, o tenham modificado, quer se tenham afastado dele ou se lhe tenham mantido fieis, nem por isso deixa de ser verdade que o encontro decisivo foi o encontro dos intelectuais africanos com o marxismo, o encontro desses intelectuais com os partidos comunistas, ou com o movimento operário internacional.

Partindo daí, no mesmo sentido ou opondo-se-lhe, elaboraram, rapidamente, já não táticas de luta, mas corpos doutrinários, em torno dos quais se travaram discussões apaixonadas”…

Foi pena que Yves Benot à data do lançamento desse livro, não tivesse uma visão mais abrangente da aliança do movimento de libertação em África com o internacionalismo da revolução cubana do âmbito da tricontinental, um efeito boomerang do tráfico de escravos, pois a revolução cubana muito tinha ido beber à raiz da revolução dos escravos do Haiti, que tanto tinha inspirado as revoluções que ganharam a independência dos povos da América Latina do colonialismo espanhol ao longo do século XIX, inclusive com a independência de Cuba que só foi também possível por via da luta armada de libertação!… (http://www.irdeb.ba.gov.br/evolucaohiphop/?p=1356&cpage=1#comment-2069).

Assim as forças armadas e de inteligência da internacional fascista, foram obrigadas a crescer em número, dispositivos e novas táticas, face à geoestratégia inerente ao paralelo da bacia do Zambeze (se em 1966 em Angola se abria a Frente Leste, em Moçambique, por exemplo, abriu-se a frente de Tete). (https://paginaglobal.blogspot.com/2018_09_15_archive.html).

O historiador militar angolano Miguel Júnior compreendeu-o bem nos seus ensaios sobre “O envolvimento das forças de defesa da África do Sul, no sudeste de Angola (1966-1974), um estudo de contrainsurreição”, evocando de forma fundamentada, quatro razões críticas ao “ponto de vista do estudo da questão da contrainsurreição portuguesa”. (http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2014/1/8/Portugal-Historiador-militar-angolano-lanca-mao-sul-africana,47b394fe-3cdb-493e-aad0-631bd00df956.html).

Sem esgotar o inventário, faltou-lhe ir mais longe na definição do campo da internacional fascista eminentemente contrarrevolucionário: a NATO e os seus meandros, o “Pacto Ibérico” de Salazar e Franco, as “redes stay behind” decorrentes do reaproveitamento dos vencidos (fascistas e nazis) da IIª Guerra Mundial, os complexos de armamento das potências suas componentes ou próximas, os enredos a nível global, continental e regional em que se iam envolvendo as transnacionais do armamento, da energia e dos minerais, dirigidos sobretudo para dentro do espaço do Não Alinhamento Tricontinental, o caso do “Le Cercle” em África (desde a guerra da Argélia até às guerras na África Central e Austral)…

A globalização estava a ser feita desde o final da IIª Guerra Mundial, apesar do mascaramento propiciado pela “Guerra Fria”; numa perspectiva de sul, a revolução das novas tecnologias apenas veio institucionalizar e formalizar o significado e o peso da hegemonia unipolar nas conjunturas globais! (https://www.terraviva.com.br/site/index.php?option=com_k2&view=item&id=1721:a-historia-da-globalizacaohttps://www.dn.pt/artes/kremlin-conta-uma-historia-da-globalizacao-a-partir-de-portugal-8971621.html).

Essa globalização estava sobretudo a ser feita pela aristocracia financeira mundial, sobretudo às custas do fim dos impérios coloniais britânico e francês, levando o dólar, a moeda controlada desde a sua emissão por essa aristocracia, a ser o padrão comum internacional para o comércio que cada vez mais derrubava as fronteiras, com fulcro no poder industrial dos Estados Unidos, cujo território foi poupado à devassa e destruição que ocorreu noutros seus aliados ou inimigos, com a IIª Guerra Mundial! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/11/deus-salve-rainha-destruicao-do-imperio.html).

A vitória dos Estados Unidos evidenciou-se com o final da IIª Guerra Mundial, graças ao seu intocável poderio económico, industrial e comercial, impondo a descolonização sobre as ruínas caducas dos impérios coloniais (o fim dos impérios coloniais), de forma a, com a extensão paulatina e “suave” de sua esmagadora capacidade industrial e comercial, ver-se livre desde logo dos encargos de administração de tão vastos quão tumultuosos territórios que iriam irromper na Tricontinental Não-Alinhada (administrações que nesse aspecto só dariam prejuízo), de forma a concentrar-se no controlo global altamente lucrativo (em quarteis de especialidade), acima de tudo de gastos na força de trabalho (tão oprimida quanto lhe foi possível) e das matérias-primas (tão baratas quanto lhes foi possível), métodos garantes também, por via de abissais lucros, de sua própria industrialização e comercialização, dominando assim, paulatinamente, todos os demais, conforme aliás alinhamento de suas avassaladas elites e oligarquias, que só poderiam existir, sobreviver e subsistir, em cada espaço nacional, graças aos tentaculares interesses e conveniências do polvo capitalista imperial! (https://www.dw.com/pt-br/estados-unidos-atingiam-apogeu-no-mundo/a-1463964https://www.dw.com/pt-br/um-conflito-que-mudou-o-mundo/a-1469064).

O movimento de libertação em África, entre 1966 e 1974, com essa consciência (constate-se o livro do heroico médico e combatente angolano, Américo Boavida), preocupou-se em ganhar mais capacidade de movimento, disputando com maior acuidade os espaços vitais nacionais de sua vocação, (https://www.dw.com/pt-002/am%C3%ADlcar-cabral-e-a-liberta%C3%A7%C3%A3o-coletiva/a-40568417) procurando também aumentar efectivos, apesar dos factores contraditórios inerentes à formação da unidade e da coesão internas, assim como das tensões em prol da identidade nacional em construção e do rumo com os olhos postos na autodeterminação e independência!

Houve uma diferença enorme entre a quantidade de efectivos mobilizados pelas Forças Armadas Portuguesas em Angola e os efectivos do MPLA, com um diferencial de meios que também cresceu a favor da aliança de Portugal colonialista com a África do Sul do “apartheid”!...

A defesa do campo contrarrevolucionário da internacional fascista na África Central e Austral tinha as suas pesadas facturas, apesar do seu domínio inicial: quanto mais pressionavam os movimentos de libertação na direcção sul a partir da Zâmbia, mais esgotamento houve, até chegar à exaustão! (https://www.dw.com/pt-002/cronologia-1970-1974-da-intensificação-da-luta-armada-à-revolução-dos-cravos/a-17280935).

Por outro lado o colonialismo português procurou sempre por essa mesma razão, dividir e dividir, (http://farolpolitico.blogspot.com/2007/07/dividir-para-reinar.htmlhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Dividir_para_conquistar) para melhor tentar reinar no estrangulamento que lhe era imposto pelo próprio império anglo-saxónico e isso espelhou-se não só em todas as interpretações estruturalistas que fez enquanto esteve vigente, mas também com o prolongamento de correntes que o continuam a fazer hoje, em regime de “soft power” e assimilação, num largo espectro de intervenções de âmbito cultural, económico e financeiro, quantas vezes a coberto duma desencantada “lusofonia”, ou até recorrendo ao génio de Camões… “as armas e os barões assinalados, que da ocidental praia lusitana…” (https://sites.google.com/site/oimperioportugues/).

Nesse aspecto o MPLA haveria de pagar o preço do seu Não Alinhamento activo até ao 25 de abril de 1974, fora do estrito âmbito das premissas de Guerra Fria que só seria desencadeada após a morte de Stalin na URSS!... (http://www.agostinhoneto.org/index.php?option=com_content&id=997:discurso-do-presidente-agostinho-neto-na-proclamacao-da-independencia-de-angola).

A gradual vitória face ao socialismo começou com a crítica “interna” de Krutchev a Stalin, quando na URSS, sob pressão da desenfreada concorrência capitalista dos Estados Unidos do post IIª Guerra Mundial, se iniciou o processo que desembocaria inevitavelmente na sua implosão e no fim do socialismo na Europa! (http://www.vermelho.org.br/noticia/160186-10).

As linhas de penetração do MPLA (integrando o movimento de libertação em África) no terreno da Frente Leste (https://m.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/mobile/noticias/sociedade/2018/8/39/Anibal-Melo-reconhecido-como-nacionalista-abnegado,69106ab8-c767-4a7a-baef-88d714ba8598.html?version=mobile) estiveram sempre vulneráveis à intervenção sem obstáculos ao poder aéreo incontestável dos seus inimigos, por que não recebeu os meios que, por exemplo, o PAIGC recebeu, meios que obrigaram na Guiné Bissau os colonialistas a perder o domínio do espaço aéreo até que a independência acabou por ser mesmo unilateralmente proclamada em Madina do Boé, a 24 de Setembro de 1973, (http://tabancadeganture.blogspot.com/2014/01/guerra-colonial-operacoes-encobertas-5_9.htmlhttps://www.revistamilitar.pt/artigo/620) e apesar do assassinato do guia do PAIGC, Amílcar Cabral, ocorrido oito meses antes, a 20 de Janeiro de 1973! (https://www.dn.pt/artes/interior/bem-estamos-tramados-respondeu-spinola-ao-saber-do-assassinio-de-amilcar-cabral-8869019.html).


26- O colonialismo português, quando o MPLA abriu a Frente Leste e a Frelimo, simultaneamente, a Frente de Tete, procurou repetir o “para África e em força”, ao mesmo tempo que procurou adquirir novos meios, aumentando com isso os custos da guerra que era obrigado, perante esse novos desafios, a travar de forma cada vez mais politicamente condicionada, até à sua exaustão!

Também não teve por isso mesmo outra alternativa (em desespero de causa), senão aprofundar a contraditória aliança com o “apartheid” que começou em 1966! (https://en.wikipedia.org/wiki/Alcora_Exercisehttp://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/combate-ao-racismo-na-africa-do-sul).

Com as representações principais em Brazzaville e em Dar es Salam, o MPLA transferia a sua sede para o interior, em movimentos táticos que eram por si um desafio suplementar ao poder colonial, enquanto aumentava o isolamento da internacional fascista na África Austral, a nível político-diplomático internacional! (http://viajar.sapo.ao/descubra-o-pais/austral/augusta-conchiglia).

Tudo o que a internacional fascista viesse a fazer a favor de colonialismo e racismo branco, tinha de ser feito em segredo, ou o mais discretamente possível face aos alvos da Tricontinental; nisso o “Le Cercle” emprestou toda a experiência, própria das “redes stay behind” da instrumentalizada NATO!... (https://www.globalresearch.ca/natos-stay-behind-networks-the-truth-regarding-natos-secret-armies/5586759).

É por isso que elaborei a série de 2011, sob o título de “Há 50 anos aviões da NATO bombardeavam em Angola”, no preciso momento em que a NATO bombardeava na Líbia, na margem sul dum Mediterrâneo que o poder dominante queria que continuasse a ser, à imagem e semelhança do império romano, “Mare Nostrum”! (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/11/ha-50-anos-avioes-da-nato-bombardeavam.html).

A operação de transferência de meios humanos e materiais para a Frente Leste por parte do MPLA, correspondendo ao “plano Iko” e à visão da “rota de Agostinho Neto”, foi um esforço que não só galvanizou o movimento de libertação em África, mas trazia o MPLA para um outro patamar africano e no quadro da CONCP, (https://www.aluka.org/stable/10.5555/al.sff.document.pt-tt-pide-d-f-001-00010iii) que influenciou no seu prestígio internacional e no declínio do etno-nacionalismo da FNLA-GRAE, embora não chegasse a um entendimento ao nível do conseguido pelo PAIGC com a União Soviética, a não ser depois da independência… quando houve que vencer o “apartheid”!

O colonialismo português teve de integrar na continuação do seu caduco desespero de causa, por via da “Operação Madeira” (https://www.guerracolonial.org/index.php?content=2268) o etno-nacionalismo da UNITA, na tentativa de poder contrabalançar o MPLA e a SWAPO na Zâmbia, dentro do território angolano e no nordeste da Namíbia, a Namíbia resolutamente ocupada pelo poder branco do “apartheid”, agora seu único aliado!

Luta contra insurreição, acção psicológica colonial, etno-nacionalismo da UNITA de então e o papel intervencionista do “apartheid” desde 1966, passaram a ser, no leste de Angola, uma e a mesma coisa e isso prova-o a evolução que veio a ter o próprio Exercício Alcora! (https://www.nationstates.net/page=dispatch/id=627107).

Estava portanto em causa a disputa do próprio espaço vital angolano: com a UNITA e os Flechas (http://www.operacional.pt/os-flechas/), o colonialismo procurou inviabilizar a chegada da guerrilha do MPLA à Região Central das Grandes Nascentes, bem no centro de Angola, onde seria muito difícil dar combate à progressão do movimento de libertação, antes da extensão de suas linhas até Luanda!...

… Preparou também o benefício futuro do “apartheid”, apesar de também ele começar a estar cada vez mais em desespero de causa, aumentando o potencial prospectivo da capacidade de intervenção deste, quando Angola se tornou independente vencendo-o e aos seus fantoches!


27- As acções do MPLA na Frente Leste foram-se sucedendo e mesmo as derrotas eram politicamente transformadas em legítimas vitórias éticas e morais!…

Para quem assumia a força da lógica com sentido de vida em conjunturas decisivas, mas mesmo assim tão difíceis dado o desnível de forças no terreno e as condicionantes características da própria luta armada, nada podia impedir de atingir autodeterminação e independência! (https://www.buala.org/pt/vou-la-visitar/nos-trilhos-da-independencia-90-dias-pelo-leste-de-angola-0).

O manancial de informação estratégica progressista, apesar dos reveses, cresceu sobretudo na Europa e em África, quer no seu fluxo, quer na sua qualidade, em reforço dos projectos de luta e dos rumos apontados à autodeterminação e independência!

Argel nesse aspecto foi muito importante enquanto plataforma de conexão e ligação, para a causa do movimento de libertação em África, (http://www.agostinhoneto.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1278:intervencao-da-sra-pcf-no-coloquio-internacional-em-argel-29-30112016&catid=37:noticias&Itemid=206http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=04357.006.010) pois os antifascistas portugueses juntaram-se-lhe numa ampla frente, ávida de energia e de incessante pesquisa de informações sobre o campo inimigo, sobre a internacional fascista que incluía, para além dos regimes de Salazar e de Franco na Ibéria, as “redes stay behind” da NATO Europa fora, mas também na Argélia, com a OAS!



Segundo o antigo combatente angolano e dirigente do MPLA, Dino Matross, em “Memórias e reflexões”, (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/memorias_de_dino_matross_com_nova_edicao?mobilehttps://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2005/11/52/Dino-Matrosse-apresenta-suas-memorias-livros,a2917150-0435-4935-99cd-84b0b8e24ea1.html), em relação à “preparação do ataque ao quartel Karipande”, páginas 157 e 158, a morte em combate do Comandante Hoji ya Henda ocorreu deste modo:

“Após ter sido preso na República da Zâmbia, a 14 de Outubro de 1967, com o economista Carlos Rocha, Dilolwa e Teodoro Carlos, companheiros de viagem, p grande desejo do comandante Hoji ya Henda era trabalhar arduamente no sentido de materializar a estratégia definida pela direcção do Movimento a partir do Congo Brazzaville.

Tal estratégia consubstanciava-se, num primeiro tempo, em proceder ao levantamento da situação real político-militar in loco, apesar de, na sua qualidade de comandante das forças guerrilheiras do MPLA, estar muito bem informado de tudo o que se passava.

Pretendia consolidar o reconhecimento militar em profundidade de todos os quarteis coloniais portugueses e das administrações civis adstritas, ao longo de toda a extensão da fronteira das Zonas A, B, C e E da 3ª Região Político Militar (Frente Leste) com a República da Zâmbia.

Em segundo lugar, tão logo os meios humanos e materiais fossem preparados e disponíveis, começar a projectar um novo plano tático-estratégico para a nova etapa – atacar e destruir todos os quarteis inimigos.

O objectivo dos ataques era libertar as fronteiras para ficarem sob o nosso controlo, o que facilitaria a introdução massiva, a partir da Zâmbia, de todo o material e equipamento de guerra destinado aos guerrilheiros. Fosse ligeiro ou pesado.

Quer dizer, levar todo esse material para o interior, naquela que hoje muitos de nós consideramos ser a Angola profunda, para que a guerrilha se fizesse sentir cada vez mais próxima das grandes vilas e cidades, onde jogaria um papel importante no apoio as guerrilheiros e encurralaria o exército colonial português para mais próximo do mar”…

… Não foi por acaso que a PIDEDGS havia feito especial atenção e acompanhamento à trajectória patriótica exemplar de Hoji ya Henda, assim como de sua própria família e quadros da luta clandestina a ela ligados!... (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/lancamento_do_livro_sobre_hoji_ya_henda?mobile).

Acerca da morte em combate do Comandante Hoji ya Henda (http://m.ja.sapo.ao/sociedade/um_caso_singular), o historiador Paulo M. Júnior descreve ainda em “O último combate”, página 39 (http://manmessias21.blogspot.com/2011/03/hoji-ya-henda-uma-historia-por.html):

“Pelas 17.00 do dia 14 de Abril os guerrilheiros iniciaram o ataque com o aniquilamento do vigia seguida do flagelamento ao quartel com fogo de morteiro e RPG-7.

Os tugas tinham entrincheirados franco-atiradores.

Segundo um dos participantes ao ataque, o quartel de Karipande tinha uma estrutura subterrânea, cujos túneis fortificados representavam escudos contra os projécteis de variados calibres usados pelos guerrilheiros.

O combate prosseguia.

Os tugas reagiram e depois pararam.

O Comandante Henda supostamente enfurecido com o comportamento do inimigo, adiantou-se no terreno e cortou a rede da vedação do quartel e, em posição erguida ordenou o assalto – guerrilheiros avancem…

Nessa altura um dos franco-atiradores bem entrincheirado atingiu-o com um tiro mortal”…

O exemplo dos heroicos combatentes caídos, foi transformado de forma imprescindível para a formação patriótica dos quadros do MPLA, por inerência à própria lógica com sentido de vida!...

O colonialismo português chegou a destacar fuzileiros para o saliente de Cazombo, tirando partido do Zambeze ser navegável nesse troço por pequenas embarcações, em especial entre Lumbala e Caripande… (https://reservanaval.blogspot.com/2019/04/ldp-208-no-leste-de-angola-19711973-rio.html).

Para a tropa colonial, no rio Zambeze o movimento dos fuzileiros, era mais fácil do que por terra, em especial na época das chuvas!... (https://www.facebook.com/222955347728552/photos/pcb.854824634541617/854823961208351/?type=3&theater).

No leste, o emprego de fuzileiros movimentando-se nos rios e de comandos transportados pelos helicópteros Alouette II e III, ou pelos Puma, modelos dumaa Aerospacialle (https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A9rospatiale) sob a influência do manancial do “Le Cercle”, supria muitas dificuldades, entre elas os obstáculos que se colocavam às viaturas todo o terreno Berliets (https://pt.wikipedia.org/wiki/Berliet_Tramagal) e Unimogs, (tudo fornecimentos feitos por influência da “rede stay behind” do “Le Cercle” ao serviço da NATO)! (https://www.revistamilitar.pt/artigo/844).

Quanto à morte em combate do Dr. Américo Boavida, “NGola Kimbanda”, (http://jornalcultura.sapo.ao/historia/americo-boavida-a-ruptura-humanista/fotos) recordo a passagem do livro de Fernando Correia, “Américo Boavida – tempo e memória (1923-1968)”, (http://jornaldeangola.sapo.ao/cultura/trajecto_de_americo_boavida_em_livro) páginas 244, 245 e 256 :

“O dia 25 de Setembro no acampamento Dengue amanhecera com uma névoa no horizonte, a rotina diária repetia-se: pelas 05H00 da manhã os residentes foram despertos com o habitual bater de palmas; seguiu-se a higiene pessoal e pelas 06H00 a formatura geral na parada do acampamento e a distribuição de trabalhos diários. (…)

Logo de manhã quando estávamos na parada fomos informados: temos que estar preparados porque em qualquer altura podemos ser atacados, pois um dos mensageiros que conhecia esta base foi capturado e é capaz de nos denunciar, uma vez que já fora capturado há cerca de uma semana, nós não sabemos se eles querem que nos esqueçamos do assunto, ou se não deram importância às declarações do capturado.

De qualquer forma, temos que estar preparados e atentos.

Esta informação foi dada a todos os níveis, inclusivamente ao SAM e, bem assim ao dr. Américo Boavida.

Pelas 07H00 seguiu-se o matabicho e durante o mesmo os comandantes Jaginda, Mwihula, Massunga Kota, Likambuila e o jornalista Donald Barnett trocavam impressões sobre os últimos acontecimentos no mundo.

Depois foi ouvido o ruído longínquo de um motor de avião.

Todos pensaram que se tratava de um Nord Atlas, popularmente conhecido pela barriga de ginguba, assim designado pelo formato oval de sua fuselagem: (…) algum tempo depois passa um outro e exclamámos: não é barriga de ginguba, é de reconhecimento!

Então o comandante da base, Mundo Real, deu ordem para dispersar.

As crianças e as mulheres que estavam na lavra dispersaram por causa da aviação.

Nesse instante, já nas imediações do rio Dengue e sobre o acampamento, o DO-27 lançou três rockets de fósforo e delimitou a área a ser bombardeada, afastando-se depois do local.

No momento seguinte, apareceram o PV-2, bombardeiro pesado e seis caças de ataque ao solo tipo T-6 lançando uma nova onda de ataques, metralhando e lançando bombas de 250.

Seguidamente um helicóptero, que actuava a solo, equipado com um canhão de 20mm, que rasando os contornos do terreno, fazia a protecção ao desembarque das tropas que se encontravam noutros helicópteros, a cerca de quinhentos metros do acampamento.

Quando caíram as primeiras bombas sobre o acampamento gerou-se uma balbúrdia geral, com gritos de mulheres, choros de crianças, ordens e contra ordens: a primeira bomba que eles deitaram foi entre a nossa cozinha e a casa onde estava o Américo Boavida.

A partir daí foi o desvario e a dispersão total”…


28- Os militares colonialistas portugueses, em relação à Frente Leste por obra de alguns dos seus oficiais, reclamaram vitória, esquecendo-se que além das suas forças estarem cansadas da guerra em tantas frentes contra os braços armados do movimento de libertação em África, terem já de há anos perdido a nível internacional na frente político-diplomática e terem sido obrigados a, contraditoriamente à doutrina colonial que propagava ser “multirracial”, aliarem-se ao racismo-a-prazo da Rodésia e África do Sul!...

Constate-se, como exemplar espelho português, o que foi ocorrendo ao nível de formação de quadros da Academia Militar, face à “guerra de África”, segundo exposição feita na Revista Militar! (https://www.revistamilitar.pt/artigo/515)...

A “Vitória militar na Frente Leste” (http://ultramar.terraweb.biz/06livros_antoniopiresnunes_Angola_Vitoria_Militar_no_Leste.htm) foi reclamada de forma claramente empolada, alienada e à boa maneira do “spinolismo” de “Portugal e o Futuro”, depois dum esforço militar conjugado com os esforços de vários serviços de inteligência em conformidade com os parâmetros do Exercício Alcora sobretudo na Zâmbia, que por seu turno tiveram que ver directa ou indirectamente, no que ao MPLA dizia respeito, com a contraditória revolta étnica de Jiboia e com a Revolta de Chipenda (que se acrescia à situação da Revolta Activa, embora esta tivesse origens e características distintas)!…

A “Vitória militar na Frente Leste” pura e simplesmente ignorou as condicionantes da internacional fascista do âmbito do “Le Cercle” e, no terreno, do Exercício Alcora e por isso não levou em conta que em África tornava-se cada vez mais difícil a manobra dos racistas e de quem com eles estivesse em alianças, cada vez mais veladas alanças, que até deram para se “esquecer”!

A Proclamação das FAPLA, em defesa do rumo estabelecido pelo guia Presidente António Agostinho Neto, se bem que feita depois do 25 de Abril de 1974, era resultado duma sublimação do MPLA que, pela obrigatoriedade do rumo, se tornava inevitável, qualquer que fosse a adversidade da conjuntura!

Foi do núcleo duro reunido em torno do guia António Agostinho Neto, espelhado desde logo na direcção estratégica gerada a partir da proclamação das FAPLA, que pouco a pouco se distenderiam as capacidades de luta na última fase imediatamente antes de chegar ao dia 11 de Novembro de 1975 e depois na composição orgânica dos próprios instrumentos do poder de Estado da República Popular de Angola vocacionados para derrotar o “apartheid” na África Austral!

António Pires Nunes, autor do livro “Vitória militar na Frente Leste”, considera na sua bravata característica de contra insurgência, prolongando a acção psicológica do regime que serviu, o seguinte:

“A opinião pública portuguesa, na segunda metade da década de 60, foi-se mentalizando para as dificuldades crescentes na Guiné e até para um eventual desaire militar neste território mas, em relação a Angola, enraizou a ideia de que a situação militar era muito favorável - e era-o, de facto, até 1966.

A generalidade dos portugueses e mesmo uma grande maioria dos militares só tarde se foi apercebendo do perigo que representava o MPLA instalado na Zâmbia com a exclusividade das ajudas deste país. E apenas despertou para a realidade quando começaram a chegar notícias, cada vez mais preocupantes, das baixas em combate no Leste e do aparecimento dos grupos guerrilheiros, cada vez mais no interior de Angola.

Fortemente instalada na Zâmbia, tendo o apoio directo de uma população que transferiu, com o apoio da OUA, da região de Brazzaville (Cf. Iko Carreira, em O Pensamento Estratégico de Agostinho Neto) e com bases perto da fronteira, onde o armamento chegava em grande quantidade, a ameaça era real.

Se o MPLA continuasse no mesmo ritmo, a situação militar em Angola tornar-se-ia muito problemática com enorme impacto em Portugal Continental e com reflexos incalculáveis nas lutas que as FAP travavam na Guiné e em Moçambique.

Em 1970, os comandos militares responderam ao MPLA com igual conversão estratégica e, nos primeiros anos da década de 70, acrescentaram uma nova fase à luta que se travava no Leste, que ficou assim definida:

- De 1966 a 1970, o MPLA expandiu-se profundamente no território do Leste e a UNITA afirmou-se como um movimento muito aguerrido com capacidade para o acompanhar, em profundidade, ainda que limitadamente. Criou-se, então, uma situação militar muito difícil porquanto o MPLA chegou a atravessar o rio Cuanza para oeste, ameaçando o distrito do Bié. No entanto, as FAP, sem grandes alterações estratégicas e apenas com o balanceamento de meios conseguiram suster o avanço da guerrilha.

- Em 1970, o Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola tomou grandes decisões estratégicas e transferiu o esforço principal do Norte para o Leste.

- De 1971 a 1974, as FAP iniciaram uma verdadeira contraofensiva, em termos de guerra subversiva, e foram capazes, numa posição claramente vencedora, de remeter os três movimentos para além fronteiras, completamente desorganizados, obrigando-os a ter que reformular a sua estratégia. (...)”…

O MPLA, podia ter perdido essa e outra batalha, mas aprestava-se a refazer de novo a sua capacidade geoestratégica inerente ao seu rumo e em torno do guia que ninguém haveria de conseguir derrubar, conforme se tornou visível com a Proclamação das FAPLA, aprontando-se para lançar um outro patamar de acções que viesse a inviabilizar muitos dos estafados dispositivos colonialistas, sobretudo a sua completa até então supremacia aérea! (https://www.revistamilitar.pt/artigo/467).

Se entre outras capacidades, o MPLA tivesse recebido os meios antiaéreos que o PAIGC havia recebido na parte que lhe coube da luta de libertação da Guiné Bissau, decerto que a evolução da situação no leste de Angola teria sido desde logo outra, entre 1966 e 1974!...

Por outro lado havia que reavaliar a capacidade de movimento dos seus efectivos no interior, de forma a encontrar outras soluções qualitativas e quantitativas não só de movimento, mas também para as suas bases fulcrais, na disputa de espaços vitais entre as fronteiras (desafio 1), a Região Central das Grandes Nascentes (desafio 2) e finalmente Luanda (desafio final que iria engrossar as fileiras tendo em conta as capacidades prospectivas da luta clandestina em curso)!

Entretanto surgiu o 25 de Abril de 1974, no rescaldo da exaustão e isolamento do colonialismo português e do seu aliado contra natura, o “apartheid”, pelo que a proclamação das FAPLA a 1 de Agosto de 1974 (http://www.faan.og.ao/index.php?option=com_content&view=article&id=1700:2019-08-05-12-24-28&catid=37:noticias&Itemid=206), abria uma outra oportunidade e perspectiva, já noutra conjuntura, na direcção do assegurar a última fase de luta e de combate pela proclamação da independência em Luanda e dos primeiros passos da luta contra a derradeira fase do “apartheid”, levando ao seu ocaso! (http://www.mpla.ao/imprensa.52/noticias.55/memorias-proclamacao-das-fapla-ocorreu-ha-44-anos.a4210.html).

Martinho Júnior -- Luanda, 5 de Novembro de 2019.

Imagens: 
01- António Agostinho Neto, guia do movimento de libertação em África, em tempo de guerrilha; 
02- Mapa das Forças armadas Portuguesas, reflectindo a afectação da guerrilha do MPLA na Frente Leste;
03- Hoji ya Henda, “Leão do amor”, heróico combatente do movimento de libertação em África, entre pioneiros angolanos algures no leste de Angola;
04- Dispositivos da internacional fascista para fazer frente à progressão da guerrilha do MPLA no leste de Angola, com evidência para as manchas da UNITA no âmbito da Operação Madeira;
05- Foto tirada pela jornalista Augusta Conchiglia num dos seus percursos com o MPLA na Frente Leste, em plena efervescência da penetração no interior de Angola.

TEXTOS ANTERIORES, DESTA SÉRIE:

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AGOSTINHO NETO, UM DOS GUIAS DO RUMO DO MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO EM ÁFRICA, UM RUMO FEITO RESGATE ARRANCADO SOBRE AS TREVAS E SOBRE BRASAS DESDE UM PASSADO REMOTO DE CINCO SÉCULOS ATÉ AO ESGOTAR DA SUA PRÓPRIA CONTEMPORANIDADE…

(INÍCIO DUM POEMA DE DENÚNCIA HISTÓRICA E ANTROPOLÓGICA, LONGO E PROPOSITADAMENTE PERTURBADOR – http://www.faan.og.ao/index.php?option=com_content&view=article&id=537:a-renuncia-impossivel&catid=65:renuncia-impossivel&Itemid=233).

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A RENÚNCIA IMPOSSÍVEL

Negação

Não creio em mim
Não existo
Não quero eu não quero ser
Quero destruí-me
- Atirar-me de pontes elevadas
e deixar-me despedaçar
sobre as pedras duras das calçadas
Pulverizar o meu ser
desaparecer
não deixar sequer traço de passagem
pelo mundo.

Quero matar-me
e deixar que o não-eu
se aposse de mim.

Mais do que um simples suicídio
quero que esta minha morte
Seja uma verdadeira novidade histórica
um desaparecimento total
até mesmo nos cérebros
daqueles que me odeiam
até mesmo no tempo
e se processe a História
e o mundo continue
como se eu nunca tivesse existido
como se nenhuma obra tivesse produzido
como se nada tivesse influenciado na vida
como se em vez de valor negativo
eu fosse Zero.

Quero ascender, subir
elevar-me até atingir o Zero
e desaparecer.
Deixai-me desaparecer!

Mas antes vou gritar
com toda a força dos meus pulmões
para que o mundo oiça:

- Fui eu quem renunciou à Vida!
Podeis a continuar a ocupar o meu lugar
vós os que mo roubastes

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