sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Mike Pompeo, um dos semeadores de conflitos e guerras pelo mundo, visita Angola*


Compromisso com valores democráticos motiva a visita de Mike Pompeo a Angola

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, inicia este sábado, no Senegal, uma visita de cinco dias ao continente africano que o levará a Angola e Etiópia. A escolha destes países, segundo o jornal Le Monde, deve-se ao "compromisso dos seus líderes com os valores democráticos".

Estes países são os maiores contribuintes para a estabilidade regional e pelo facto de terem lideranças dinâmicas", segundo fonte do Departamento de Estado citada pelo jornal. Mike Pompeo, segundo o jornal francês, vem a África "dissipar mal-entendidos" provocados pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que chamou "países de merda" alguns Estados africanos. Há dois anos no cargo, é a primeira vez que Mike Pompeo visita países da África sub-sahariana. Em relação a Angola, segundo o jornal, os americanos estão preocupados com a influência crescente da China, que investiu fortemente em infra-estrutura. Angola, segundo o Le Monde, acumula uma dívida de 25 mil milhões de dólares à China. O secretário de Estado vem reforçar o plano de que os norte-americanos pretendem reduzir as suas forças militares no continente africano. O último secretário de Estado norte-americano a visitar a região subsahariana africana, Rex Tillerson, foi exonerado pelo Presidente Donald Trump tão logo regressou aos Estados Unidos.

Santos Vilola | Jornal de Angola

*Título PG

Angola | O negócio dos livros escolares

Depois de "desviados", livros escolares vendidos a preços proibitivos apesar de serem pagos pelo governo e com gratuitidade para os alunos, que pais têm de comprar
Filomeno Manaças | Jornal de Angola | opinião

Entra ano, sai ano, a problemática do desvio de livros escolares para o mercado informal permanece. Essa é uma das heranças do sistema governativo que vigorava, problema em relação ao qual nunca houve, verdadeiramente, um engajamento sério para o sanar.

As poucas medidas ensaiadas para combater o mal foram sempre fogo de artifício, uma vez que não atacavam o problema pela raiz. Como resultado, sempre que se aproximasse o início de um novo ano lectivo, a questão da distribuição de livros, em particular para os alunos do I Ciclo do ensino, colocava-se com particular acuidade.

Repetiam-se, ano após ano, as queixas dos encarregados de educação e dos professores sobre a falta de livros, que era suposto serem distribuídos gratuitamente, mas o “paralelo” tinha-os sempre à venda. E o remédio era comprar mesmo no informal, até porque os preços sempre foram mais acessíveis. Mas é assunto - o dos preços - a que voltaremos já.

Este ano o cenário não mudou e o mercado informal está inundado de livros, além de outro material escolar.

O desvio de livros escolares para o mercado informal esconde uma grande negociata que precisa que se lhe ponha cobro. Alguém anda a ganhar dinheiro de forma injusta e ilícita à custa do Estado porque, afinal de contas, os livros são encomendados e pagos com o dinheiro de todos nós, os que contribuímos com impostos para que o Estado possa ter receitas para os mandar imprimir no estrangeiro e colocá-los cá, no país. E quando livros que deviam ser distribuídos gratuitamente estão a ser comercializados, perde o Estado, perde a escola, perde a criança, perde a sociedade, perdemos todos nós porque não se atinge a finalidade de dotar cada aluno com o seu próprio material sem obrigar o encarregado de educação a mais um esforço financeiro.

Mas ainda bem que a situação já vai com os dias contados.

Para este ano, é grato verificar que o Executivo tratou de tomar cautelas e não deixou por conta alheia a tarefa de acompanhar todos os passos. Conforme revelou terça-feira o secretário de Estado para o Ensino Pré-Escolar, Pacheco Francisco, este ano, para garantir a distribuição grátis do material didáctico, produzido em oito meses, na África do Sul, o Estado contratou uma empresa privada sul-africana, cujo objectivo é fiscalizar todo o processo de distribuição de mais de 30 milhões de livros, incluindo fichas para a pré-escola.

Trata-se de uma primeira medida para corrigir um mal que se vem arrastando há alguns anos e que reflecte os vícios de que enferma a nossa administração pública, com distorções que afectam a organização e o funcionamento do nosso mercado. E uma das aberrações resultante da distorção do mercado é o facto de um livro, que no informal pode custar 4.500 kwanzas, estar a ser vendido nas grandes superfícies comerciais pelo dobro do preço, ou até mesmo mais, chegando aos 10 ou 12 mil e tal kwanzas. Portando, mais de 100 por cento.

Sabendo nós que, para certos produtos, o preço funciona como critério de exclusão, é de questionar a razão dessa disparidade.

Ainda que o argumento seja o facto de que quem está no mercado informal não tem responsabilidades fiscais, ou seja, não paga impostos, ao passo que as grandes superfícies comerciais estão registadas como contribuintes fiscais e devem honrar os compromissos, ainda assim, parece-nos absurda essa grande diferença.

E é legítimo perguntar como vai uma família de baixo ou mesmo de rendimento médio desenvencilhar-se para adquirir todos os livros para um único filho que, por exemplo, estude a nona classe, se apenas um custa 10 mil kwanzas?

Não sendo apenas livros do sistema pré-escolar e do ensino primário que aparecem no mercado informal, há, desde logo, duas situações que precisam de ser atacadas: a do desvio de livros para venda no sector “paralelo” da economia e a dos preços praticados nas superfícies comerciais legalmente autorizadas a comercializá-los.

No âmbito da moralização da sociedade, o ideal será que no próximo ano lectivo não apareçam livros a serem vendidos no mercado informal e que quem os tem desviado do circuito normal seja responsabilizado criminalmente. Mas, manda a verdade dizer que, colocá-los à venda a preços proibitivos, em estabelecimentos comerciais legais, é também moralmente condenável e contra a política de promoção do acesso ao conhecimento, que queremos, cada vez mais, intensificada porque Angola precisa de acelerar o seu desenvolvimento.

Não sendo aceitável nem uma, nem outra coisa, acreditamos que o novo Estado tem condições para começar a trabalhar e fazer com que no ano lectivo 2021 possamos ter uma realidade completamente diferente. Afinal, o país está a trilhar novos rumos.

A política de preços do livro, em particular ao destinado ao ensino, deve ter em conta a sua finalidade primeira, não significando isso que os de outras áreas do saber não devam merecer também tratamento especial.

* Em 14 de Fevereiro, 2020

Leia em Página Global sobre o negócio dos livros escolares e a corrupção, tema que o nosso colaborador António Jorge tem vindo a alertar há vários anos no Página Global e no Facebook. Que pelo visto agora vem a público no Jornal de Angola com toda a pertinência.

Alguns títulos publicados em PG, por António Jorge:

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Angola | UNITA exige suspensão da posse de novo presidente da CNE


Nome de Manuel Pereira da Silva sofre forte rejeição da UNITA. Partido pede que Presidente João Lourenço intervenha e contribua para a impugnação de Manico na presidência da CNE. Posse está marcada para 19 de fevereiro.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) pediu nesta quarta-feira (12.02) que seja determinada a suspensão da tomada de posse do juiz Manuel Pereira da Silva, designado em janeiro para o cargo de presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.

O novo chefe da administração eleitoral tomará posse no dia 19 de fevereiro numa sessão ordinária da Assembleia Nacional. O partido do galo negro considera que a legitimação de "Manico”, como é chamado, constitui um risco ao processo democrático no país.

O Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) que promoveu o polémico concurso curricular ainda não respondeu ao recurso apresentado pela UNITA que insiste na impugnação do mandato de Silva.

"[A posse de Manico] alimentará e sustentará a convicção pública de que a corrupção institucionalizada é sistémica e o seu combate não abrange os atos que impactam a lisura e a transparência na organização e condução dos processos eleitorais", declarou em conferência de imprensa em Luanda, o presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Marlin Dirceu Chiyaka.

"Luanda Leaks": Comissão Europeia pede "tolerância zero" para fraudes financeiras


A Comissão Europeia mostra-se disposta a reforçar os instrumentos de combate a fraudes, após o escândalo "Luanda Leaks". Eurodeputados reclamam da vulnerabilidade de Portugal ao branqueamento de capitais.

A Comissão Europeia defende "tolerância zero para o dinheiro sujo" no bloco. A posição foi expressa esta quarta-feira (12.02), no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, depois das revelações sobre os alegados esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos, no caso "Luanda Leaks", que envolvem empresas portuguesas.

A comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli, frisou que Bruxelas está disposta a reforçar os instrumentos de combate ao branqueamento de capitais e à evasão fiscal. Dalli apontou "desigualdades de país para país" na aplicação de leis contra a evasão fiscal e, por isso, propôs a criação de um novo mecanismo de supervisão a nível europeu.

"É fundamental criar um novo organismo de supervisão para combater o branqueamento de capitais, não criando exatamente uma nova estrutura, mas adaptando alguma já existente e dando-lhe poderes, um âmbito de aplicação definido e boa governação", frisou.

"Uma melhor associação das regras de combate ao branqueamento de capitais e uma melhor supervisão são fundamentais para melhorar a estabilidade do sistema financeiro" na União Europeia, acrescentou a comissária.

Moçambique | Nyusi pede a parceiros ajuda "concreta" para combater ataques


Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou em Maputo aos parceiros internacionais para concretizarem os apoios que têm prometido para o fim da violência armada no centro e norte do país.

"Eu gostaria, nesse aspeto, de apelar aos nossos amigos que é bom que os apoios que tanto proclamamos sejam objetivos e concretos", disse o Presidente moçambicano esta sexta-feira (14.02), falando num encontro com o corpo diplomático acreditado em Maputo, por ocasião do início do ano.

Filipe Nyusi assinalou que muitos países têm mostrado disponibilidade para ajudar o país a acabar com as ações armadas no norte do país, mas essa vontade não tem sido materializada.

"Quando perguntamos sobre como querem apoiar, não dizem nada, não há coisas concretas", sublinhou o chefe de Estado moçambicano.

CPLP não descarta apoio militar a Moçambique para enfrentar insurgentes em Cabo Delgado


Diretor do Centro de Análise Estratégica do bloco lusófono não acredita em uso de força militar a curto prazo, porque seriam necessários cumprimentos de protocolos de cooperação. Ação poderia ocorrer com mandato da ONU.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não descarta o apoio militar a Moçambique contra insurgentes em Cabo Delgado. A informação é do diretor do Centro de Análise Estratégica (CAE-CPLP), o capitão de Mar e Guerra, Francisco Evandro Rodrigues Camelo. O comandante Evandro disse à DW África que os países do bloco lusófono têm um protocolo de cooperação com treinamentos de emprego da força, formação e intercâmbio militar.

Para um eventual emprego coordenado de contenção dos insurgentes em Cabo Delgado e outras zonas de conflito em Moçambique ainda há etapas a serem cumpridas - como o adestramento das forças armadas dos Estados-membros, seguindo protocolos da Organização Nações Unidas (ONU). O diretor do centro da CPLP diz que uma ação conjunta necessitaria também de um mandato da ONU.

"Se esse processo [de cumprimento de etapas] for célere, eu não descarto essa possibilidade [de apoio militar], mas nós iremos atuar dentro do protocolo de cooperação da CPLP e sob égide da ONU”, diz.


Brasil | Neoliberalismo e direitos sociais: um ataque à cidadania


Ao transformar direitos coletivos em mercadorias individuais, regime económico desfaz a noção de cidadania

Augusto Jubei Hoshino Rizzo | Carta Capital | opinião

Em tempos de reformas trabalhista e previdenciária, privatizações dos bens públicos e precarização do trabalho, nos quais a mais superficial defesa das instituições públicas é confundida com socialismo, as disputas narrativas se tornam cada vez mais cruciais para resistir aos movimentos antidemocráticos que voltaram às ruas e aos governos por todo o mundo.

Ainda que possa parecer ineficaz, dada à indisposição de nossos interlocutores em acreditar que as suas desejadas férias de verão só existem por culpa de um bando de socialistas grevistas, é necessário reafirmar que os direitos sociais nem sempre existiram e que muito menos foram presentes dados de bom grado pelas elites às massas de pessoas que vendem sua força de trabalho para sobreviver.

Os embates travados pelos movimentos operários do século XIX foram os primeiros passos para democratizar a relação de emprego, isto é, para afirmar que esta não era uma relação entre mestre e servo nem um simples contrato firmado entre dois indivíduos privados, mas uma questão de interesse público que importa a toda a coletividade e que, por conta disso, depende da norma jurídica para ser regulamentada em patamares mínimos.

E foram esses processos de lutas democráticas que transformaram questões até então compreendidas como de natureza privada – tais quais trabalho, saúde, educação e seguridade social – em preocupações públicas relacionadas à cidadania e à igualdade.

Brasil | Machado: contra o racismo, a estratégia do caramujo


Em crónica de um 13 de maio, escritor revela modo como se movia entre os burgueses, para descrever sua podridão e hipocrisia. Mais de cem anos depois, fala de âncora da Globo revela como elite permanece incapaz de se livrar dos cacoetes discriminatórios

Fabrício César de Oliveira, no Observatório da Imprensa | Outras Palavras

A técnica jornalística, a atitude e a escrita de Machado de Assis são reconhecidas por todos da área, mas poucos sabem de sua “estratégia de caramujo” enquanto homem negro em uma sociedade sem democracia racial. O trabalho de tipógrafo, revisor, crítico teatral e cronista nos jornais do século XIX deram a Joaquim Maria Machado de Assis segurança e tempo para exercer o que mais gostava: escrever com criticidade. No entanto, tudo isso não apaga sua origem negra (pai e avós paternos), sua negritude e sua luta antirracismo. Sendo o modo como escreve, o lugar de onde fotografa com palavras a realidade (realismo machadiano) e a escolha estratégica de vida as fontes de toda sua genialidade. Tal genialidade não é a que devemos cobrar dos nossos jornalistas atuais, porém não podemos tolerar deles, ainda mais de homens brancos, atitudes racistas como a do âncora do Bom Dia São Paulo, Rodrigo Bocardi, na última sexta feira (07).

A “estratégia de caramujo” – adotada e declarada, aos leitores atentos, em uma crônica da semana de 13 de maio de 1893 (cinco anos depois da abolição da escravatura) – mostra um escritor negro que escolhe andar pelas frestas, pelas ambiguidades das relações sociais da burguesia brasileira; e não mudou muito o modo como o racismo no Brasil é velado, mas existente. Machado de Assis escolhe ser “o mais encolhido dos caramujos” (como retratam os críticos Eduardo de Assis Duarte e Lilia Moritz Schwarcz, em seus respectivos estudos), pois, em sociedades pré-abolição e pós-abolição vividas pelo “bruxo do Cosme Velho”, a estratégia de escrever sobre a podridão burguesa por dentro da própria burguesia é marca de um génio que criou representações como Brás Cubas, Bentinho, Capitu, o agregado José Dias, Rubião, Quincas Borba, Cândido Neves, Tia Mônica, os Pádua, entre outros tantos personagens de uma época mergulhada em uma ideologia de consumo burguês, eurocêntrico e branco.

Machado denunciava o sistema de dentro. A “estratégia de caramujo” de Machado é, portanto, uma singularidade de um génio produzida por nossas maiores chagas: a escravidão e o racismo, velado ou não. Contudo, Joaquim Maria não se dobraria ao ambiente, mas sim criaria uma casca, um casulo protetor, como o de um caramujo, de onde poderia mover-se lentamente, por letras, por palavras, poderia fazer suas críticas, deixando um rastro no chão, quase imperceptível para quem tinha olhos distraídos; mas bastaria olhar mais de fora, por uma espécie de exotopia, para ver claramente a estratégia de um “bruxo caramujo” e seu rastro, como podemos agora ver, ler e nos deliciar. Logo, a “estratégia de caramujo” declarada pelo autor foi seu modo de denunciar o racismo em suas entranhas mais perversas, inconscientes e veladas. Racismo tão agudo e estrutural que tentou embranquecê-lo em fotos em campanhas publicitárias e em livros, ao longo das décadas. A “estratégia de caramujo” é, portanto, mais uma forma de denúncia machadiana à podridão burguesa e, principalmente, ao racismo.

A nova fisionomia da Irlanda e a sua crescente consciência de classe


PCI [*]

Os resultados das eleições gerais para o 33º Dáil [câmara baixa do parlamento irlandês] confirmaram as crescentes frustrações dentro da classe trabalhadora e a necessidade de políticas sociais e económicas alternativas. Reflectem um crescimento importante na consciência de classe, que precisa ser nutrida e desenvolvida.

O declínio dos dois principais partidos do establishment, Fianna Fáil e Fine Gael, que dominam a vida política deste estado há mais de oito décadas, é de importância sísmica. Eles foram derrotados pela apresentação de uma plataforma económica e social alternativa de esquerda.

Este resultado eleitoral cresceu com a rejeição da austeridade imposta pela UE e com as políticas que dão prioridade às necessidades do capital, dos ricos e poderosos, às custas dos trabalhadores, políticas promovidas por todos os partidos do establishment, incluindo o Partido Trabalhista, e os media do establishment. Segue-se às lutas de massa pela água, habitação, saúde, revogação da 8ª [emenda da Constituição] [1] e igualdade do casamento.

A eleição apenas confirmou que habitação, saúde, pensões e assistência infantil eram questões centrais que tiveram um grande impacto na classe trabalhadora.

As décadas de austeridade UE-Troika afectaram pesadamente a vida dos trabalhadores, os cortes selvagens na saúde, na habitação e nos gastos sociais em geral, com as condições de trabalho cada vez mais difíceis e árduas.

Os trabalhadores deram um golpe político significativo nos partidos do establishment e declararam claramente que desejam uma transformação real, que exigem mudanças sociais e económicas que os beneficiem, às suas famílias e comunidades. Eles estão a exigir a implementação de políticas económicas mais profundas que transformam as reais condições materiais que experimentam diariamente e não astúcias de relações públicas.

A classe trabalhadora está irada com precariedade das suas vidas e com a disseminação de práticas precárias de emprego por parte de empregadores, grandes e pequenos, de ficar numa fila para receber atenção médica urgente ou deitar-se em macas nos corredores dos hospitais, enquanto aqueles que podem pagar a saúde privada saltam a fila.

Um terramoto sacode a política alemã


Atual crise entre conservadores alemães abala também sistema partidário e política do país. Claro até agora é o fim do poder de Angela Merkel sobre sua legenda, opina Christoph Strack.

anúncio da presidente da União Democrata Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer, de que renunciará ao cargo e que abdicará de uma candidatura ao posto de chanceler federal da Alemanha atinge o partido num momento de insegurança e, em certos aspectos, desorientado. Mas o abalo tem alcance mais amplo. 

A CDU se encontra aos tropeços. A outra legenda que até agora gozava a definição de Volkspartei (partido do povo), o Partido Social-Democrata (SPD), cambaleia há mais tempo e procura ficar de pé, além de sua direção e sua essência. Assim como a antiga líder dos social-democratas Andrea Nahles deixou a liderança da agremiação em meados de 2019 após pouco mais de 13 meses à frente do mais antigo partido alemão, Kramp-Karrenbauer agora anuncia sua retirada – após apenas 14 meses no cargo. 

E agora? Nomes, nomes, nomes, especulação e boatos. Porém, na questão sobre a futura liderança e da candidatura ao cargo executivo mais alto do país, trata-se de mais. A legenda precisa esclarecer sua concepção de si mesmo e sua unidade. Faz tempo que a CDU não aparenta mais ser um partido unido, como mostrou na Turíngia e a nível federal, na internet e no trabalho quotidiano, sua cooperação e cada vez maior concorrência. Faz 11 semanas que, durante o congresso do partido em Leipzig, os presentes aplaudiram Kramp-Karrenbauer depois que ela desafiou a plateia após críticas reiteradas. 

Qual o papel do Ocidente para a segurança global?


Conferência de Segurança de Munique deve abordar estratégias de defesa dos EUA e da UE diante de desafios como as tensões entre Washington e Teerã, o plano de paz de Trump para o Oriente Médio e a ascensão do populismo.

Os Estados Unidos fariam uso da força para defender aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)? Os países da União Europeia (UE) deveriam manter uma cooperação mais estreita no campo da defesa? Questões como esta deverão estar entre as mais debatidas na Conferência de Segurança de Munique deste ano, que começa nesta sexta-feira (14/02) e vai até domingo.

A reunião anual contará com a presença de chefes de Estado e de governo, como o francês Emmanuel Macron e o canadense Justin Trudeau, ministros do Exterior (a exemplo do americano Mike Pompeo) e da Defesa de mais de 40 países e representantes de organizações econômicas e internacionais. Além de Pompeo, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, também participará do encontro. E o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, está entre os líderes empresariais que devem marcar presença.

Os autores do Relatório de Segurança de Munique – documento que deve ditar o tom do encontro – destacam o que chamam de westlessness ("sem ocidentalização"). Em outras palavras, trata-se da ideia de que os próprios países do Ocidente, assim como o resto do mundo, têm dúvidas sobre seus valores e suas estratégias futuras.

Enquanto alguns veem o Ocidente sob ameaça de um chamado "internacionalismo liberal", para outros "são precisamente a ascensão do iliberalismo e a volta do nacionalismo que colocam o Ocidente em risco", diz o relatório.

Ainda uma definição em debate, o iliberalismo em geral é conhecido como um conceito de democracia no qual governos jogam o jogo segundo as regras de suas Constituições e instituições. Ao mesmo tempo, no entanto, o fazem com caráter mais populista e nacionalista e acabam enfraquecendo a separação de poderes, liberdades individuais, defesa de minorias, imprensa e integração internacional.

Os autores do relatório sugerem que "a relutância do Ocidente de se envolver em conflitos violentos internacionais não significa que esses conflitos desapareçam". Pelo contrário, podem se tornar mais violentos, acreditam.

Um exemplo é a sinalização do presidente americano, Donald Trump, de que quer retirar tropas americanas do Afeganistão, assim como fez na Síria. Por outro lado, o número global de tropas americanas fora dos EUA vem aumentando, especialmente para combater a suposta ameaça oriunda do Irã.

O assassinato, em janeiro, do general iraniano Qassim Soleimani é apenas a mais recente prova da disposição de Trump de arriscar um confronto militar para carimbar sua marca no Oriente Médio. A resposta iraniana foi limitada, mas em Munique continuarão as buscas por uma forma de abrandar as tensões no Golfo Pérsico.

A conferência em Munique costuma ser um dos melhores palcos para avaliar a direção das ideias americanas para a política externa, por reunir tomadores de decisão de alto nível. O encontro deste ano também será uma oportunidade para testar as reações internacionais ao novo plano americano de paz para o Oriente Médio anunciado por Trump.

VOAR COM EXPLOSIVOS DEBAIXO DOS TRASEIROS E OUTRAS HABILIDADES


O Curto de hoje por Cristina Figueiredo. Bom dia, se não considerarmos o nevoeiro matinal e o ainda céu cinzento em Lisboa e, talvez por grande parte do território luso. A abertura do Curto refere o material explosivo que acompanhou Guaidó e o tio no regresso à Venezuela num avião da TAP.

É muito provável que corresponda à verdade aquela insensatez de Guaidó/tio, assim como é muito provável que tal ocorresse sem conhecimento do MNE Santos Silva, do governo português ou de altos responsáveis da TAP. Foi um atrevimento de Guaidó, que sente as costas quentes pelos EUA e a UE e se julga passar com impunidade apesar das suas tropelias, reacionarismos e golpismos incessantes. Isso, pese embora o alinhamento apaixonado de Augusto Santos Silva com as políticas terroristas dos EUA e das violações incessantes às regras aprovadas e dimanadas pela ONU. Violações praticadas por assumidos “donos do mundo” como é o caso dos EUA e seus governantes e militares.

Sobre o tema já hoje o PG teve oportunidade de fazer a abordagem e mostrar a opinião em colagem de laudas da Lusa e do Notícias ao Minuto. Veja em: “Explosivos em avião da TAP? O "Alinhado Americano," Santos Silva, desmente”, assim como em Portugal | “MAI abre investigação face a acusações do governo da Venezuela”.

Parece evidente que Guaidó cometeu um enorme facilitismo e abuso a corresponder à verdade que cometeram o crime de transportar explosivos num avião carregado de passageiros. Ao menos isso. Também parece evidente que o MAI português anunciaria com rapidez uma investigação, que apostamos que vai dar em nada ou até que confirmará o desmentido apressado de Santos Silva, conhecido por Alinhado Americano. E isso transparece ser verdade, sem rebuço ele aquiesce às vontades dos EUA – quando todos sabemos que os EUA exercem políticas extremamente sujas por todo o mundo e também com armas e bagagens da CIA e/ou demais agências similares na América Latinas. Testemunham essas políticas sujas vários povos e países latino-americanos. Avancemos, porque deste episódio explosivo, a verdade saberemos nunca, a não ser que seja a pender para um lado, o dos EUA, de Guaidó e do golpismo made in USA.

O IPS anuncia que há falta de sangue nos hospitais e que as cirurgias estão postas em causa. Então e onde mora a tão propalada solidariedade dos portugueses? Abanem-nos, façam-nos sentir mal, para bem de todos nós, incluindo os que agora nem dão importância aos mais variados apelos que se arrastam na comunicação social há tempos. Será que o egoísmo e a indiferença lhes ocupa sobremaneira as mentes? Quer parecer que sim e que com os olhos colados aos seus umbigos e aos seus eus lá vão andando “cantando e rindo, levados, levados sim” (como o hino da Mocidade Portuguesa de Salazar). Levados por um torrente avassaladora de políticos, gentes das bagalhoças e alguns dos saídos das universidades exasperados por faturar mundos e fundos à custa da desgraça alheia. Que é, em grande parte, aquilo a que assistimos quotidianamente.

Vamos longos nesta antecipação ao Curto. Desculpem qualquer coisinha. Pois.

Avançando, saliente-se que hoje vai estar em discussão na AR o Estatuto do Antigo Combatente. Mais do mesmo recheado de hipocrisia e desprezo. "Tarde piaste", diz-se. Pois é o que se pode dizer aos ocupantes-deputados sobre só agora se lembrarem de fazerem de conta que os Antigos Combatentes mereceriam ser bem tratados. Por via de várias vertentes que os prejudicaram nestas imensas décadas passadas. Além de que imensos já faleceram e não beneficiarão do que Portugal lhe ficou a dever. Uns com as maleitas adquiridas naquela época colonial-fascista e outras pela falta de cuidados físicos e psicológicos que lhes coube por desgraça. Da vergonha devia chamar-se a condecoração com medalha de esterco aos imensos deputados/legisladores, preponderantes, que passaram pela Assembleia da República ao longo de mais de quarenta anos sem se lembrarem do referido Estatuto e reconhecimento a uma geração vítima do fascismo e de uma guerra colonial inconcebível.

Para terminar, por aqui. O Curto refere o Congresso da CGTP que ainda agora começou. Acompanhe. Vá ler, por estes dias. Ou será que você não é um trabalhador(a)? Não acreditamos nisso se acaso pertence à plebe.

Bom dia e um paio dos melhores, é o que merecem. E saúde, apesar do setor da dita estar muito doente e pejado de tentativas de prestidigitações dos senhores do canudo e correlegionários. “Uma trampa”, como é dito popularmente.

Pronto. Finalmente deixamos-vos em paz. Este é o fim da historia sobre como voar com explosivos debaixo dos traseiros e outras habilidades.

Siga, vá ler, o Curto, do Expresso.

MM | PG

Portugal | MAI abre investigação face a acusações do governo da Venezuela


A Venezuela acusou a TAP e o Governo português de ter violado "padrões internacionais", por ter permitido o transporte de explosivos.

"Face às declarações das autoridades venezuelanas referindo uma alegada falha de segurança num voo com origem em Lisboa, o Ministro da Administração Interna determinou à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) a realização de uma averiguação para apuramento dos factos", lê-se no comunicado da Administração Interna, enviado às redações.

Além de acusar o Governo português de violar "padrões internacionais", as autoridades venezuelanas acusam ainda o embaixador português em Caracas, Carlos Sousa Amaro, de interferir nos assuntos internos da Venezuela, ao interceder pelo tio de Juan Guaidó, Juan Marquez, que foi preso na terça-feira, quando aterrou no mesmo voo da TAP, acusado de transportar explosivos.

Segundo o Governo venezuelano, Juan Marquez, que acompanhava o sobrinho Juan Guaidó, transportou "lanternas de bolso táticas" que escondiam "substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria".

Portugal | XIV Congresso da CGTP começa marcado pela renovação


O XIV congresso da CGTP começa hoje, no Seixal, marcado pela saída de um terço dos dirigentes do Conselho Nacional e de nove membros da Comissão Executiva, incluindo o secretário-geral, que será substituído por uma mulher.

Esta reunião magna vai concretizar uma das maiores renovações da central sindical, que completa este ano 50 anos de existência, e que é determinada principalmente pelo limite de idade.

No congresso da Intersindical vão ser substituídos 55 dirigentes sindicais que integram o Conselho Nacional (CN), uns porque atingiram o limite de idade e outros porque foram substituídos na coordenação das respetivas uniões ou federações sindicais.

A CGTP tem um limite de idade para o acesso aos corpos sociais da central: os sindicalistas não se podem candidatar a um novo mandato quando têm a perspetiva de atingir a idade de reforma nos quatro anos seguintes.

Entre os dirigentes que saem por motivo de idade estão o secretário-geral, Arménio Carlos, Deolinda Machado, Ana Avoila, Carlos Trindade, Augusto Praça, João Torres, Graciete Cruz e Fernando Jorge Fernandes, todos eles da Comissão Executiva.

O socialista Carlos Tomás deixa também a Comissão Executiva, porque se reformou recentemente, embora ainda não tenha 60 anos.

Explosivos em avião da TAP? O "Alinhado Americano," Santos Silva, desmente


Governo de Maduro acusa TAP de transporte ilegal de explosivos

O Governo venezuelano acusa a TAP de ter violado "padrões internacionais", por ter permitido o transporte de explosivos e por ter ocultado a identidade do líder da oposição, Juan Guaidó, num voo para Caracas.

As autoridades venezuelanas acusam ainda o embaixador português em Caracas, Carlos Sousa Amaro, de interferir nos assuntos internos da Venezuela, ao interceder pelo tio de Juan Guaidó, Juan Marquez, que foi preso na terça-feira, quando aterrou no mesmo voo da TAP, acusado de transportar explosivos.

Segundo o Governo venezuelano, Juan Marquez, que acompanhava o sobrinho Juan Guaidó, transportou "lanternas de bolso táticas" que escondiam "substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria".

Assim, as autoridades venezuelanas consideram que a TAP, nesse voo entre Lisboa e Caracas, violou normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na lista de passageiros, embora a segurança aeroportuária não seja da responsabilidade das companhias transportadoras.

Questionada pela Lusa, a TAP escusou-se a comentar a alegação.

Juan Marquez é ainda acusado de ter carregado outros explosivos em cápsulas de perfume e um colete à prova de balas, bem como uma 'pen' informática dissimulada nos telecomandos de um veículo, com pretensos "planos de ataque".

Por estas acusações, Marquez foi detido na sede da Direção de Contra-Informações Militares, em Caracas, devendo ser transferido para um tribunal em La Guaira, uma cidade costeira da Venezuela.

As autoridades venezuelanas dizem que o embaixador português em Caracas tentou interceder por Juan Marquez, mas descartou qualquer possibilidade de o libertar.

O Governo acusa mesmo Carlos Sousa Amaro de "interferência abusiva em assuntos internos" da Venezuela.

Juan Guaidó, que regressou no voo da TAP com o tio após um périplo político pelos continentes europeu e americano, já denunciou o "desaparecimento" do seu tio materno, responsabilizando o Presidente eleito, Nicolas Maduro, por "tudo o que acontecer com ele".

Notícias ao Minuto | Lusa


SANTOS SILVA, MNE PORTUGUÊS, ALINHADO COM OS EUA E A UE, DESMENTE 

O MNE português, Santos Silva, também cognominado "O  Alinhado Americano", desmente as afirmações do governo da Venezuela, reportado em artigo que no PG passamos a salientar parcialmente com origem em Notícias ao Minuto sob o título constante a seguir. Contudo, na nossa opinião, por via de algumas observações sobre a postura de Santos Silva e do governo de Portugal relativamente à Venezuela, ao embuste da nomeação de Juan Guaidó pelos EUA e insistentes surtidas da CIA e outras agências norte-americanas, em que o MNE português demonstra estar em sintonia e subserviência aos EUA (assim como a UE) consideramos, no PG, existirem motivos para pôr em causa o desmentido e declarações do governo português na pessoa de Santos Silva sobre o incidente denunciado pela Venezuela relativamente  ao transporte de explosivos e materiais citados, transportados em avião da TAP, alegadamente pondo em risco os passageiros e tripulação do referido voo. A seguir leia o parcial que selecionámos no Notícias ao Minuto. (PG)

Acusação da Venezuela ao Governo português "não faz nenhum sentido" - Santos Silva

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que a acusação dirigida pelas autoridades venezuelanas ao Governo português "não faz nenhum sentido" e que Portugal espera "que este pequeno incidente seja rapidamente ultrapassado".

"Por via diplomática, vamos ver se a Venezuela nos dirige algum pedido de esclarecimento. Naturalmente, nenhuma nota verbal que é apresentada às autoridades portuguesas fica sem resposta", acrescentou Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, num hotel de Nova Deli, onde se encontra na Índia a acompanhar a visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Notícias ao Minuto | Lusa

Coronavírus sobe | 1.380 é o número total de vítimas mortais no continente chinês


Há mais de 1.700 profissionais de saúde infetados com o Covid-19 na China. Seis morreram

A Comissão Nacional de Saúde da China reportou hoje 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1.380 o número total de vítimas mortais em todo o continente chinês. Já o número de infetados cresceu 5.090, para 63.581, na totalidade da República Popular da China, que exclui Macau e Hong Kong. Para além do continente chinês, Hong Kong, as Filipinas e o Japão reportaram um morto cada um.

A Comissão Nacional de Saúde chinesa anunciou esta sexta-feira, que pelo menos 1.716 profissionais de saúde foram infetados com o coronavírus (Covid-19) e de que há já registo de seis mortos desde terça-feira.

O diretor-adjunto da Comissão Nacional de Saúde, Zeng Yixin, revelou o balanço numa conferência de imprensa, citada pela Reuters, sobre como se devem proteger quem trabalha na área da saúde.

Zeng Yixin referiu ainda que o número de infetados desse grupo específico está a aumentar.

Os altos responsáveis chineses, bem como os hospitais, têm repetidamente alertado para a falta de equipamento de proteção, incluindo máscaras faciais, à medida que a doença se espalhava por Hubei e pela China.

Já durante o dia de ontem surgiu o relato de que os médicos que se encontram na linha da frente a assistir os doentes com coronavírus nem tempo têm para ir à casa de banho tendo por isso de usar fraldas. Falam também do desconforto em usar os fatos de proteção.

A Comissão Nacional de Saúde da China reportou hoje 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1.380 o número total de vítimas mortais em todo o continente chinês. Já o número de infetados cresceu 5.090, para 63.581, na totalidade da República Popular da China, que exclui Macau e Hong Kong.

Para além do continente chinês, Hong Kong, as Filipinas e o Japão reportaram um morto cada um.

Sara Gouveia | Notícias ao Minuto | Imagem: © Reuters

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