terça-feira, 30 de junho de 2020

“Nova” forma de exploração da América Latina


Como a revolução tecnológica economiza trabalho, já não interessa a países imperialistas industrializar a periferia. Nessa lógica, cabe a Brasil, Argentina e México reduzir-se a fornecedores agrícolas e minerais. É deste destino que precisamos escapar

José Raimundo Trindade, no A Terra é Redonda | em Outras Palavras

A economia mundial capitalista tem o caráter de desenvolvimento desigual e combinado[i], o que se materializa em um padrão internacional de divisão do trabalho na qual a economia mundial se divide em três grandes zonas de soberania e de arranjos tecnológicos, geopolíticos e de controle financeiro: o centro, a semiperiferia e a periferia, sendo que essa divisão aparece funcional para garantir a apropriação de mais-valor pelos centros e novos-centros, permitindo o acumulo do poder econômico nas regiões de liderança tecnológica, militar e financeira e o subdesenvolvimento (em condições de dependência) nas regiões de menor progresso tecnológico, subordinação geopolítica e financeira.

A expansão mundial do capital e a configuração do capitalismo enquanto economia-mundo se processa desigualmente em termos territoriais, não havendo “convergência” como processo econômico, mas o estabelecimento de diferentes hierarquias geoeconômicas, em conformidade a referida dinâmica de desenvolvimento desigual e combinado. A economia mundial se estabelece, portanto enquanto diversos circuitos reprodutivos de capital superpostos e integrados, sendo que essa relação é o que constitui a lógica imperialista, por um lado, e de dependência por outro. O que se denomina de soberania nacional deve ser entendido como o maior ou menor grau de autonomia nacional em relação a quatro eixos centrais: tecnológico, financeiro, geopolítico e de reprodução social das populações.

A América Latina está na região espacial periférica de proximidade dos EUA, sendo que em função disso a soberania dos Estados nacionais latino-americanos é extremamente frágil nos quatro pontos centrais que constituem ou determinam a soberania nacional enquanto ordem de poder na divisão internacional do trabalho:

i) Quanto a capacidade de domínio tecnológico e de controle sobre os principais segmentos da reprodução técnica do capital. Neste aspecto, tanto a dependência de plantas industriais transplantadas, quanto pelo fato da não neutralidade da tecnologia e de sua razão antropocêntrica, observa-se uma série de consequências negativas às sociedades latino-americanas, inclusive os aspectos de formação de uma gigantesca superpopulação relativa e as consequências de bolsões de pobreza, desocupação e informalidade[ii].

ii) A maior ou menor influência sobre o circuito financeiro internacional, e como se estabelecem as condições de controle nacional sobre seu sistema de crédito e base monetária, componente de soberania financeira. Este fator implica a capacidade, em termos de moeda nacional, de conseguir fazer tanto as trocas comerciais internacionais tendo como base sua moeda nacional, como também o controle sobre os fluxos de capitais (Investimento Externo Direto) e as consequentes transferências de rendas (lucros e juros) para os países centrais, no caso da América Latina centralmente para os EUA[iii].

iii) O controle geopolítico do território e a capacidade de intervenção extraterritorial. Aqui três elementos se integram: de um lado o poder militar autônomo que apresenta maior ou menor capacidade de dissuasão de ofensivas de outros Estados beligerantes, o uso autônomo e soberano do território em conformidade aos interesses de um projeto nacional e, por fim, a capacidade de arbítrio e influência na ordem de decisão multilateral internacional. A América Latina apresenta enorme dependência e subordinação neste aspecto, seja pela incapacidade de se colocar nos acordos multilaterais internacionais, seja pela própria gestão dos seus territórios, em grande medida sujeitos a intervenção do poder imperial estadunidense [iv].

iv) Por fim, mais central e de grande consequência, os fatores de ordenamento social considerando a qualidade econômica, educacional e de saúde da população, o exercício da cidadania enquanto poder de organização e convívio coletivo, o poder de exercício de interação democrática nas decisões do Estado.

Maduro anuncia expulsão da embaixadora da UE na Venezuela


O presidente da Venezuela deu um prazo de 72 horas à embaixadora da UE, Isabel Brilhante, para abandonar o país, tendo em conta aquilo que classificou como «acções intervencionistas» do organismo europeu.

Durante a entrega, esta segunda-feira, do Prémio Nacional de Jornalismo Simón Bolívar, no Palácio de Miraflores (sede do governo), o chefe de Estado exigiu aos funcionários da União Europeia (UE) que se livrem da tradição colonial e supremacista com que pretendem agredir os povos livres e soberanos.

«Nós, na Venezuela, falamos-lhes de forma clara e dura. Já basta de colonialismo europeu contra o nosso país», afirmou Nicolás Maduro, sublinhando que a UE fracassou na tentativa de manter uma ingerência permanente nos assuntos internos do país sul-americano, informa a VTV.

Maduro disse que funcionários da UE se reuniram esta segunda-feira para analisar a situação no país sul-americano e decretar sanções contra diversos cidadãos venezulanos, de algumas instituições. «Vamos pôr as nossas coisas com a UE em ordem; se não nos querem, vão-se embora; se não respeitam a Venezuela, vão-se embora», sublinhou o chefe de Estado.

Anunciou ainda que irá adoptar acções diplomáticas contra o embaixador espanhol em Caracas pela sua participação na incursão terrorista contra o país caribenho. «A Embaixada de Espanha na Venezuela foi cúmplice do terrorista Leopoldo López na organização do plano de uma incursão armada para me assassinar», denunciou.

Nicolás Maduro referiu também que, «se os governos supremacistas pudessem mandar os seus barcos de guerra para conquistar a Venezuela e evitar as eleições, fá-lo-iam. «Mas não podem porque este mundo multipolar não os deixaria», frisou.

Descolonização mental é prova de vida e de amor pela humanidade!



A IIIª Guerra Mundial a todo o transe procura fazer subsistir a barbárie colonial!... Instrumentalizar mentalmente essa barbárie é um sustentáculo da afirmação da essência do império da hegemonia unipolar!

Por essa razão os parâmetros de guerra psicológica “soft power”, de “baixa intensidade” e com fluxos “transversais” que têm tudo a ver com os processos capitalistas de estratificação social, são mantidos numa tónica neoliberal constante, sempre sobre a mesa mental dos povos e promovendo a obediente reinterpretação da história segundo os cânones e os padrões do domínio, desde o dia 9 de Maio de 1945, precisamente desde a mesma data em que terminou a IIª Guerra Mundial e se iniciou a instalação do ECHELON!

A aristocracia financeira mundial nessa vocação, providenciou reaproveitamentos por que precisava de multiplicar as “correias de transmissão” avassaladas que garantem a contínua expansão capitalista global e por isso agenciou classes sociais (como por exemplo as oligarquias nacional-colonialistas da América) e apropriadas instituições inerentes ao “estado profundo” como o Pentágono, a CIA, a NATO, o ECHELON, o UKUSA, entre outros similares, assim como a panóplia de suas tentaculares conexões na base sociocultural típica das correntes anglo-saxónicas, em função do propositadamente desaparecido império colonial britânico! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Seguran%C3%A7a_UK-USA).

O Google, o Facebook e outros que foram surgindo após a instalação do ECHELON, exploram essas raízes na superestrutura comunicacional e os poderes de infraestrutura têm sido ampliados desde logo via Pentágono, em todos os continentes, graças às novas tecnologias à mão dos expedientes dominantes e a ele filiados!…

Aproveitando a pandemia em curso, o Facebook assalta agora África com o manancial dos seus estímulos condicionados de natureza emocional, em reforço naturalmente do papel do AFRICOM!... (https://www.voltairenet.org/article210246.html).

Em África, o AFRICOM tem preenchido uma rede de discretas iniciativas comunicacionais para além da tradicionalmente presente USAID, de forma a estabelecer pontes que são autênticas amarras na direcção de todos os estados do continente!

No outro lado do Atlântico, entre essas tentaculares conexões, ainda a título de exemplo, existe um “serviço” que “penetra”, com todo o impacto de consequências, na Presidência do Brasil (um ds els mais fágeis que, a par da África do Sul compõem os BRICS), por via da Agência Brasileira de Inteligência, ABIN: o Sistema de Vigilância da Amazónia, SIVAM, o que prova que os exercícios de Lula e Dilma, ao manterem “a raposa no galinheiro”, acabaram também por ser cúmplices do seu próprio derrube, como da “apropriada” instalação do Bolsonaro fascista-colonial no poder!... (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_Vigil%C3%A2ncia_da_Amaz%C3%B4nia).

A coisa foi de tal ordem, que a Raytheon, a empresa estado-unidense que forneceu todos s equipamentos (“TECHINT”) para o SIVAM, tem simultaneamente a ver, a partir do nó de Miami, com alguns dos financiamentos, vínculos, acções e obras da Odebrecht! (https://www.odebrecht.com/pt-br/comunicacao/releases/odebrecht-consolida-sua-atuacao-nos-estados-unidoshttps://www.odebrecht.com/en/businesses).

O carácter endémico da própria Organização das Nações Unidas, sucessora da Sociedade das Nações (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_das_Na%C3%A7%C3%B5es), tem sido mantido praticamente imutável, apesar das muitas vozes que se têm levantado na tentativa, até agora vã, de alterar a sua estrutura em proveito de toda a humanidade, ao invés de ficar presa ao labirinto próprio da barbárie do império da hegemonia unipolar!...

As alienações de toda a ordem (desde logo com impactos antropológico-culturais), as premeditadas ilusões (entre elas a visão dos Estados Unidos como se duma exclusivista “terra-prometida” se tratasse), a mentira (quantas vezes tocando as raias da vulgaridade para que mentalmente os cérebros permaneçam em estado de prostração-formatação-hibernação), o consumismo (que prende os recursos-migalhas da multidão aos pressupostos industriais e das novas tecnologias geradas pelo sistema de poder dominante do império), são recursos inestimáveis para o modelo da globalização imperial!

Em pleno século XXI, nada melhor que Franz Fanon para que alguma vez, ou duma vez por todas, haja civilização com descolonização mental enquanto prova de vida e de amor pela humanidade!

Outros se lhe podem seguir, a partir do seu exemplo mental!…

Angola | Papistas democratas

Víctor Silva | Jornal de Angola | opinião

O exercício da liberdade de expressão, além de outras liberdades, tem sido uma marca do actual ciclo político, respeitando-se principios básicos de um Estado de Direito Democrático, cujos alicercers estão a ser consolidados entre o emaranhar de problemas financeiros, económicos e sociais que o país conhece.

São problemas reais, que afectam as pessoas, as familias, as empresas e que, em alguns casos, levantam a incredibilidade pela diferença entre o potencial de riqueza e a vida dificil que a maioria dos angolanos leva.

Problemas que merecem a máxima atenção de todos, independentemente das opções políticas ou quaisquer outras, porque só unidos conseguir-se-á encontrar a sua solução, mesmo que os recursos não abundem, como é o caso.

A pandemia do novo coronavírus veio acentuar uma crise que já se estava a reflectir ao nível da economia e das finanças, retraindo uma série de iniciativas e medidas que estavam em marcha para lhes fazer face num horizonte de tempo definido, apesar das variáveis fora do controlo interno. Com a crise sanitária aberta com a Covid-19 muitos planos estão congelados dada a imprevisibilidade do avanço entre nós da peste e das medidas que entretanto tiveram de ser adoptadas para impedir males maiores, como as cercas sanitárias nacionais e a Luanda e as limitações impostas pelo Estado de calamidade pública
.

Nota-se, e disso tem-se dado estampa, um esforço assinalável da parte de muitos empresários, nos mais variados ramos e sectores, em manter acesa a esperança da possibilidade da produção nacional ir substituindo as importações, o que, como é evidente, não passa apenas pelo aumento da produção, para o qual são necessários estímulos que nem sempre chegam no momento certo, aos beneficiários certos e nas quantidades ajustadas. O excesso de burocracia e outros males herdados do passado recente impedem que os prometidos apoios cheguem efectivamente a quem deles precisa, impondo-lhes obstáculos que geralmente acabam no condicionamento ao suborno e a partilha do que ainda nem se produziu.

Jovens propõem soluções para a Angola pós-Covid


A juventude angolana debate-se com muitas dificuldades, desde o desemprego à habitação. Associações e jovens ouvidos pela DW África apontam caminhos para a resolução dos seus problemas.

Manter os jovens ocupados é uma questão essencial para Mauro Mendes, secretário-executivo provincial de Luanda do Grémio Juvenil de Angola (GREJA), no planeamento do contexto pós-Covid-19 no país.

"Criaremos estratégias para satisfazer as necessidades dos jovens, criando encontros de reflexão e a materialização de projetos sociais para manter os jovens ocupados", afirma.

Este é o caminho que as organizações terão de percorrer para ajudar na resolução dos problemas da juventude, considera Mauro Mendes.

A juventude é a maior franja da sociedade angolana. Segundo os últimos dados do Censo Geral de Habitação e População, realizado em 2014, mais de 60% da população em Angola é jovem.

Fazer cumprir as leis para a Educação

A faixa etária debate-se com vários problemas, como o acesso ao sistema de ensino. Este ano, houve mais de 30 mil candidatos para cerca de 5 mil vagas disponíveis da Universidade Agostinho Neto, uma das instituições do ensino superior público do país.

"Teremos de pressionar o Governo a fazer cumprir aquelas que são as recomendações do forúm internacional sobre educação realizado no Senegal", diz Francisco Teixeira, responsável do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA). No fórum, realizado em abril do ano 2000, "Angola assumiu que deveria atribuir dois dígitos para o sector da educação", lembra.

Além dos problemas de acesso às instituições de ensino, a juventude também tem dificuldades em deslocar-se para frequentar as aulas. Angola regista escassez de transportes públicos como autocarros e comboios. O MEA, explica Francisco, vai também pressionar o Estado, através do Ministério dos Transportes, a implementar o passe do estudante, uma luta que leva anos.

"A questão dos transportes públicos para os estudantes está na lei base da Educação. Depois da Covid-19, vamos voltar a fazer pressão para se fazer cumprir a lei", garante.

Jornalista da Carta de Moçambique libertado após detenção "humilhante"


Omardine Omar da Carta de Moçambique relata à DW a detenção "ilegal" e violenta a que foi submetido quando estava a exercer funções investigativas. O jornalista, libertado neste domingo, é acusado de desobediência civil.

O jornalista Omardine Omar, do jornal digital Carta de Moçambique, foi libertado no domingo (28.06), após ficar três dias detido, primeiro na sétima esquadra da PRM em Maputo e posteriormente na cadeia central de Maputo. Durante esse período esteve isolado de tudo, sem ser ouvido e sem direito a advogado.

A detenção ocorreu na avenida Emília Dausse, região do Alto Maé, área central da capital moçambicana quando estava a executar um trabalho jornalístico. À DW África, o jornalista diz ter sido agredido e depois detido, sem justificação.

Esta terça-feira (30.06), Omardine Omar vai a julgamento acusado de desobediência civil, supostamente por ter violado o estado de emergência. O jornalista diz que é provável que processe os policias envolvidos na detenção que chama de "ilegal” e exigir a reparação de danos morais e materiais.

Esta situação não é caso único. Moçambique apresenta um ambiente de considerável pressão para o exercício do jornalismo. Ainda neste mês, os jornalistas Paulino Vilankulo e Yassin Vilankulo, da estação online Vilankulo Televisão (VTV), foram detidos e tiveram material confiscado quando reportavam um acidente de viação naquele distrito.

FMI prevê maior recessão em todos os PALOP com exceção de Moçambique


O FMI piorou esta segunda-feira (29.06) as previsões de crescimento para todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, agravando a recessão em todos. Mas há uma exceção: Moçambique deverá crescer 1,2% este ano.

Moçambique deverá ser o único dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) a manter um crescimento positivo. Deverá crescer 1,2% este ano, apesar da pandemia da Covid-19.

A afirmação é do Fundo Monetário Internacional (FMI) e consta no relatório de atualização das Previsões Económicas para a África subsaariana, divulgadas esta segunda-feira (29.06) em Washington nos Estados Unidos.

Mas ainda assim a expansão da atividade económica foi revista em baixa: de 2,2% para 1,4% este ano, e de 4,7% para 4,2% em 2021. Segundo o relatório, os restantes países lusófonos estarão todos numa recessão mais profunda este ano do que se previa em abril.

Destaque para a Guiné Equatorial, que deverá enfrentar um crescimento negativo de 8,1%, mas recuperando para terreno positivo já no próximo ano, com uma expansão de 2,5%, segundo as previsões do FMI.

PM timorense mantém objetivo de criar 300 mil empregos na legislatura


Díli, 29 jun 2020 (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense mantém o objetivo de criar 300 mil empregos durante a atual legislatura, que termina em 2023, e o crescimento económico a 7% por ano, segundo as linhas orientadoras do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020.

Esses dois objetivos fazem parte de um novo livro com as "linhas de orientação para elaboração da proposta do Orçamento 2020-2023", preparado pelo gabinete de Taur Matan Ruak este mês e que serve de guia à preparação das contas pública deste ano.

Timor-Leste está em duodécimos desde 01 de janeiro, registou uma contração económica em 2018 devido à crise política no país e uma ligeira recuperação no ano passado, devendo, devido à pandemia da covid-19, terminar 2020 com novo recuo do PIB nacional.

O Governo está agora a preparar uma nova proposta de OGE para este ano -- a primeira foi chumbada em janeiro no parlamento -, que deverá ser submetida ao parlamento, segundo o primeiro-ministro, em setembro.

Timor-Leste não deve 'cantar vitória' e tem que continuar vigilante -- PM


Díli, 30 jun 2020 (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense disse hoje que Timor-Leste não deve "cantar vitória" apesar de estar atualmente sem casos ativos da covid-19 e que é importante continuar vigilante e cumprir as regras das autoridades de saúde.

"Não é tempo de cantar vitória. Enquanto não houver cura ou vacina, temos que continuar vigilantes", afirmou Taur Matan Ruak.

"Temos que continuar a esperar o melhor, mas a preparar-nos para o pior e não se pode cantar vitória antes do tempo", afirmou.

Taur Matan Ruak falava na cerimónia de transferência para o Ministério da Saúde timorense das competências de coordenação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), criado para gerir a resposta à pandemia da covid-19 durante o estado de emergência, que terminou na sexta-feira.

Este encontro "não de festa nem a marcar o fim da doença", mas devolve ao Ministério da Saúde a responsabilidade da resposta à doença, especialmente no que toca aos preparativos do sistema de saúde.

Em relação "à sorte" de Timor-Leste ter registado poucos casos e estar agora livre de doentes infetados, Taur Matan Ruak referiu-se às "opiniões contrárias" sobre se o Governo devia ter estendido, ou não, o estado de emergência durante três meses.

Uma oportunidade para o Governo "preparar recursos e preparar medidas de prevenção e os próprios cidadãos", especialmente a pensar no momento atual, em que começa a haver algum regresso à normalidade, reiterou.

Mais de sete mil contratos não renovados ou cancelados em Macau em quatro meses


Macau, China, 30 jun 2020 (Lusa) - Mais de sete mil contratos foram cancelados ou não renovados em Macau desde fevereiro até maio, avançaram hoje à Lusa as autoridades.

Desde que se fez sentir o impacto económico em Macau, em especial com o encerramento temporário dos casinos em fevereiro, e até maio, foram "canceladas 2.141 permissões de emprego para trabalhadores não residentes", indicou a Direção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em resposta à Lusa.

Por outro lado, avançou a DSAL, "um total de 5.064 permissões de emprego não foram renovadas", isto apesar de o Governo ter decidido utilizar 38,95 mil milhões de patacas (4,5 mil milhões de euros) da reserva especial para responder ao impacto económico originado pela pandemia da covid-19.

Entre fevereiro e maio, recordou a DSAL, segundo os dados divulgados na sexta-feira pela Polícia de Segurança Pública, houve uma redução de 2.103 trabalhadores não residentes no território.

A DSAL justificou ainda que "o princípio básico da política de importação de mão de obra do Governo é garantir que o emprego prioritário dos trabalhadores locais e os direitos do trabalho não sejam danificados".

A contratação de mão de obra não local "apenas complementa os recursos humanos locais", sublinhou.

Hong Kong | Ativistas abandonam partido associado à causa independentista


Hong Kong, China, 30 jun 2020 (Lusa) - Vários ativistas proeminentes de Hong Kong anunciaram hoje que abandonaram o partido Demosisto, associado à causa independentista do território, minutos depois de ter sido noticiado que Pequim ratificara a controversa lei de segurança nacional.

Demosisto é uma organização política fundada em 2016 por Wong, Chow e Law, líderes estudantis que desempenharam um papel fundamental na chamada "Revolução dos Guarda-Chuvas", os protestos pró-democracia que Hong Kong viveu durante quase 80 dias em 2014.

"Um destino fatídico é nos apresentado, dificuldades pessoais são imprevisíveis e temos de as enfrentar com coragem. Anuncio a minha renúncia como secretário-geral do Demosisto e a minha partida do Demosisto. Realizarei o meu protesto a título pessoal", garantiu nas redes sociais o ativista Joshua Wong, falando mesmo no início de um "reinado de terror".

Mensagens semelhantes a anunciar a saída foram publicadas também por Nathan Law e Agnes Chow, membros fundadores da mesma organização política.

China confirma aprovação de lei de segurança nacional de Hong Kong


Pequim, 30 jun 2020 (Lusa) - A China confirmou que aprovou hoje a controversa lei de segurança nacional que permitirá às autoridades chinesas combater atividade "subversiva e secessionista" em Hong Kong, provocando receios de que reduzirá as liberdades na região semiautónoma.

Tam Yiu-Chung, o único representante de Hong Kong no Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China, confirmou hoje que a lei foi aprovada.

O responsável não avançou mais detalhes, limitando-se a dizer que a pena de morte não consta entre punições por "atos de secessão, subversão, terrorismo e conspiração com forças estrangeiras para comprometer a segurança nacional".
Não se sabe se a lei poderá ser aplicada retroativamente.

"Esperamos que a lei sirva como um obstáculo para impedir que as pessoas causem problemas e que não permita que Hong Kong seja usada como ferramenta para dividir o país", disse Tam, em conferência de imprensa.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Legislativo chinês continua a rever lei de segurança nacional de Hong Kong


Pequim, 29 jun 2020 (Lusa) - O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), órgão máximo legislativo da China, continuou hoje a rever a controversa lei de segurança nacional de Hong Kong, que pode ser ratificada até terça-feira, quando termina a presente sessão.

Legisladores chineses citados pelo jornal oficial China Daily defenderam que "a promulgação da lei, o mais rapidamente possível, pode preencher brechas e outras fraquezas na proteção da segurança nacional, combater atos criminosos e proteger a prosperidade e segurança" na região semiautónoma.

O texto continua a ser desconhecido, mas o jornal de Hong Kong South China Morning Post citou duas fontes que garantiram que a lei incluiria penas de prisão perpétua por "atos de secessão, subversão, terrorismo e conspiração com forças estrangeiras para comprometer a segurança nacional".

Porta-aviões dos EUA em exercícios de apoio a aliados contra reivindicações chinesas


Pequim, 29 jun 2020 (Lusa) - Dois porta-aviões da marinha norte-americana estão a realizar operações duplas no Mar das Filipinas, indicaram hoje fontes militares, numa demonstração da prontidão da sua força militar em apoio aos aliados do sudeste asiático, pressionados pelas reivindicações territoriais da China.

Navios e aviões designados para acompanhar os porta-aviões Nimitz e Ronald Reagan começaram os exercícios no domingo passado, informou em comunicado a 7ª frota dos Estados Unidos, responsável pelas operações no Indo-Pacífico.

"As operações demonstram o nosso compromisso com os aliados regionais (...) e a nossa prontidão para enfrentar todos os que desafiam as normas internacionais", disse o contra-almirante George Wikoff, comandante do Grupo de Ataque 5, num comunicado.

"A marinha dos EUA realiza regularmente operações integradas de grupos de ataque para apoiar um Indo-Pacífico livre e aberto e promover uma ordem internacional baseada em regras, em que cada país pode atingir o seu potencial sem sacrificar a soberania", acrescentou.

A NATO no comando da política externa italiana


Manlio Dinucci*

O processo de abertura da NATO à zona Indo-Pacífico, que anunciamos há seis meses, acaba de surgir. Foi formado, ofi-cialmente, um grupo de trabalho não para reflectir sobre a estratégia mais apropriada em relação à China, mas para justificar ‘a posteriori’ e para tornar público o trabalho já realizado. Quase não existe nenhuma diferença em relação ao período colonial, pois trata-se de impedir o desenvolvimento da China (containment).

Os Ministros da Defesa da NATO (em representação da Itália, Lorenzo Guerini, PD), reunidos através de video conferência em 17 e 18 de Junho, tomaram uma série de "decisões para fortalecer a dissuasão da Aliança". No entanto, em Itália, ninguém fala sobre este assunto, nem na comunicação mediática (incluindo as redes sociais) nem no mundo político, onde reina um silêncio multipartidário absoluto sobre todo este tema. No entanto, estas decisões, ditadas basicamente por Washington e subescritas em nome da Itália, pelo Ministro Guerini, traçam as directrizes não só da nossa política militar, mas também da política externa.

Antes de tudo - anuncia o Secretário Geral, Jens Stoltenberg - "a NATO está a preparar-se para uma possível segunda vaga do Covid-19", contra a qual já mobilizou mais de meio milhão de soldados na Europa. Stoltenberg não esclarece como a NATO pode prever uma possível segunda pandemia de vírus com um novo ‘lockdown’. Porém, é claro num ponto: "Não significa que tenham desaparecido outros desafios".

Os principais - sublinham os Ministros da Defesa - provêm do "comportamento desestabilizador e perigoso da Rússia", em particular de sua "retórica nuclear irresponsável, destinada a intimidar e ameaçar os aliados da NATO". Desse modo, eles deturpam a realidade, apagando o facto de que foi a NATO, quando acabou a Guerra Fria, que se estendeu ao redor da Rússia com as suas forças e bases nucleares, sobretudo as dos Estados Unidos. Foi metodicamente estabelecia com a direcção de Washington, uma estratégia destinada a criar, na Europa, tensões crescentes com a Rússia.

De jornalistas comprados a cientistas comprados

A lucrativa ciência fraudulenta da Big Pharma
Stephen Karganovic

Ambos vão em parceria, é claro. Quando, há vários anos, o falecido Udo Ulfkotte publicou suas revelações sobre o funcionamento interno dos corrupto media ocidentais (impressa em inglês por uma editora menor em 2017, mas "indisponível" desde então [NR] , seguida logo após pela morte conveniente por ataque cardíaco do aparentemente saudável autor alemão de 57 anos) quem suspeitaria que no fabuloso Ocidente processos idênticos estavam a corroer outras áreas importantes da vida pública?

Apenas como um lembrete, como a editora aponta no seu anúncio: "O Dr. Udo Ulfkotte, antigo editor do principal jornal diário alemão, Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), tem conhecimento em primeira mão de como a CIA e a inteligência alemã (BND) subornam jornalistas para escreverem artigos livres da verdade e com um viés decididamente pró-ocidental, a favor da NATO ou, por outras palavras, propaganda. No seu livro best-seller Jornalistas comprados ("Gekaufte Journalisten"), o Dr. Ulfkotte explica em pormenor o funcionamento da campanha de propaganda dos EUA e da NATO e como a falta de conformidade com ela por parte de um jornalista pode custar-lhe a carreira".

A pandemia em curso do Coronavírus, seja lá o que for que se pense dela, expôs uma situação na ciência ocidental que é sinistramente análoga à que Ulfkotte descreveu naquilo que passa como "jornalismo".

Um dos poucos cientistas nos EUA com integridade para resistir àa intensaa pressões – que podem custar uma carreira – para distorcer dados científicos e adaptá-los aos requisitos de marketing de enormes empresas farmacêuticas é a renomada microbiologista Dra. Judy Mikovits. A Dra. Mikovits desempenhou um papel de liderança na pesquisa de HIV nos anos 80 e foi muito elogiada na época pela sua contribuição para suprimir aquela epidemia. Mas, apesar das suas notáveis credenciais científicas, ela rapidamente se tornou persona non grata para o establishment científico comprado (gekaufte) quando começou a questionar algumas das verdades sagradas da actual comoção de Corona. "O martelo começou a cair", ela explica, "e disseram-me para negar os dados, deturpá-los, jogá-los fora e, quando me recusei, fui demitida. Meu laboratório foi fechado em 29 de Setembro [2019] e meus dois gabinetes e toda a minha carreira de 30 anos e tudo, meus cadernos de notas, foram confiscados" .

Portugal | “Não há dinheiro?” Taxem-se os paraísos fiscais, os dividendos e a especulação


A CGTP-IN exige o lay-off pago a 100%, a proibição dos despedimentos e o aumento geral dos salários e sugere três novas taxas sobre a riqueza, as empresas e a bolsa.

No final de uma semana de luta para defender «a saúde e os direitos» dos trabalhadores, a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, destacou a realização de centenas de acções, em todos os sectores e regiões.

Na intervenção que rematou o desfile de quinta-feira em Lisboa, a dirigente denunciou os ataques que têm sido dirigidos contra os trabalhadores, afirmando que estes três meses e meio de surto epidémico do novo coronavírus vieram revelar «de forma mais clara a necessidade de alterações profundas» deste sistema económico.

Da precariedade dos vínculos laborais, usada para despedir, ao lay-off que corta 1/3 dos salários, regra geral baixos,fica claro como as opções de «sucessivos governos» que «privilegiam os lucros do capital em detrimento das retribuições» têm contribuído para prejudicar o desenvolvimento do País, referiu a sindicalista.

Por outro lado, também o papel determinante do Estado na garantia dos cuidados de saúde se tornou mais evidente neste período, a par de outros serviços essenciais à população, desde a limpeza urbana à Escola Pública, afirmou.

Portugal | Conservação da natureza?!

Catarino, inventor de dúbios interesses públicos
Rui Sá | Jornal de Notícias | opinião

O Despacho n.0º 5161/2020, de 24 de abril, do secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, para além de pôr a nu estranhas prioridades em matéria de conservação da natureza, fica na história do centralismo atávico em que o país vive!

Uma empresa pretende construir residências privadas para estudantes na cidade do Porto. Para o efeito solicita o abate de 31 sobreiros adultos. Pois o secretário de Estado que tem por missão a "conservação da natureza", apesar de reconhecer "o valor ecológico elevado" desse núcleo de sobreiros, autoriza o seu abate com argumentos que bradam aos céus! Atribui ao empreendimento um "relevante interesse público, económico e social", que "vai mitigar a grave falta de oferta de alojamento para estudantes a que acresce a criação de postos de trabalho diretos e indiretos, e o crescimento sustentado das universidades na cidade do Porto". Diz, ainda, que não existem "alternativas válidas à sua localização"...

Pelo que autoriza o abate dos sobreiros, condicionado a uma contrapartida: a plantação de sobreiros no território do município de... Torre de Moncorvo!

Esqueceu-se foi de perguntar previamente a opinião da Câmara do Porto. De saber quantos projetos estão em curso na cidade com o mesmo objetivo (e são muitos). De ter em conta que a Administração Central possui inúmeros imóveis abandonados que poderiam servir para residências universitárias públicas. Decidindo, em nome de uma risível utilidade pública de um empreendimento privado, autorizar o abate de sobreiros num perímetro urbano, substituindo-as por sobreiros a plantar a 190 km!

Esteve por isso bem a Assembleia Municipal do Porto a condenar, por proposta da CDU, este vergonhoso ato.

*Engenheiro

A PIOR SEMANA DESDE ABRIL


O Curto do Expresso neste inicio de semana. Parece que a anterior foi a pior semana desde Abril, para o jornalista do Expresso. Inclui PSP, contar de cabeças, bons e maus da farda. Enfim, o costume de agora na balbúrdia destes primeiros dias dos restos das nossas vidas. Curta este Curto do Expresso da arte de Germano Oliveira. Siga, leia, pense pela sua própria cabeça. Use-a e não aquilo com que por vezes muitos a confundem, de nome próximo mas que é uma cabaça, oca, carente de miolos, já se sabe. Pena que haja por aí muitas mais que os infetados de covid-19 em todo o mundo. Bom dia e uma torrada. Fiquem bem, apesar de tudo que é descalabro. (PG)

A pior semana desde abril (e será que tudo aquilo que não nos consegue destruir acaba mesmo transformado em alegria?)

Germano Oliveira | Expresso

A paranoia é a “designação dada a diversas perturbações psíquicas, geralmente associadas a desconfianças patológicas e erros de interpretação da realidade”, fui vítima desses erros: a polícia expulsou-me gente de casa no fim de semana porque uma queixa anónima desinformada é capaz de provocar danos em gente identificada bem formada, foi o meu caso, tive de resolver com a ajuda de um polícia bom o problema que estava a acontecer com um polícia mau - o bom tinha olhos azuis fortes, cabelo de revista e corpo de modelo, acho que não queria cansar a beleza dele com desentendimentos desnecessários - e acabei depois num restaurante em que um polícia apareceu também, “podem estar aqui dentro até às 00h, lá fora podem beber nas mesas até às 23h mas só se estiverem a comer”, basta pedir um pão e já podemos beber sentados no exterior, as leis estão a ficar esquisitas, este não era um polícia bom nem mau mas um polícia informativo, fez rondas nos restaurantes que ficavam antes do meu e continuou pelos seguintes, entretanto passou outro carro da polícia que ficou a contar quantos éramos na rua, demorou-se mas estávamos dentro da lei e eles seguiram entretanto para ir fazer contas de somar noutros sítios de Lisboa, a cidade está tensa porque os números são intensos - há mais 457 novos casos de covid-19 em Portugal, é o maior aumento diário desde o início de maio, a região de Lisboa e Vale do Tejo tem 86% da subida, por isso há mais 86% de necessidade de perceber e resolver estas cadeias de transmissão da pandemia mas também mais 86% de probabilidade de desconfianças e erros de interpretação da realidade (“todo o ser humano, não importa o quão forte ou poderoso é, é frágil quando se trata de morte - penso nisso em termos gerais, não de forma pessoal”, é do profeta-Nobel Bob Dylan, está AQUI no Expresso, tem reflexões de covid mas é tão mais que isso).

Brasil | Há 193 anos nascia a Imprensa gaúcha


"Onde a imprensa é livre e todo homem é capaz de ler, tudo está a salvo." - Thomas Jefferson (1743-1826).
  
Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil 
       
Neste ano de 2020, a imprensa gaúcha completou 193 anos de fundação. No dia 1º de junho de 1827, começou a circular o Diário de Porto Alegre (1827-1828), o primeiro jornal da Província de São Pedro (RS), depois de transcorridos dezenove anos do lançamento, na Inglaterra, em português, do Correio Braziliense (1808-1822), de Hipólito José da Costa (1774-1823), que inaugurou a imprensa brasileira. Embora tenham sido lançados em períodos distintos, ambos os jornais começaram a circular em 1º de junho. 

Criado sob a proteção do presidente da Província, o brigadeiro Salvador José Maciel (1781-1853), era impresso em duas páginas e media 13 cm x 29 cm. De circulação diária, com exceção dos domingos e feriados, seu título foi uma homenagem a capital gaúcha.  Na loja de José Justiniano de Azevedo, estabelecido à Rua da Praia nº 85 (Rua dos Andradas), o jornal começou a ser vendido a 40 réis. 

A circulação do Diário de Porto Alegre tornou-se possível graças à participação dos franceses Dubreuil e Estivalet, respectivamente impressor e tipógrafo, em seu país de origem, que desertaram, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), das tropas do Gen. argentino Carlos Maria de Alvear. Segundo o cronista de Porto Alegre, Antônio Álvares Pereira Coruja (1806-1889), estes franceses apareceram na Província “ainda de fardeta argentina“. 
                                                     
O primeiro redator e administrador do jornal foi João Inácio da Cunha, seguido por Vicente Ferreira Gomes, cuja alcunha era “Carona”. Este último - jornalista de ideias liberais-, foi biografado pela jornalista Célia Ribeiro no livro O Jornalista Farroupilha / Vicente Ferreira Gomes (2012). O Diário de Porto noticiava os atos oficiais do governo da Província, as notícias acerca do Comércio e Navegação e anúncios variados, incluindo os de venda e aluguel de escravizados.

Na realidade, o primeiro prelo a funcionar, na então Província de São Pedro (RS), foi a Imperial Tipografia do Exército, trazida do Rio de Janeiro pelo Marquês de Barbacena, que acompanhava as forças sob o seu comando na Guerra da Cisplatina (1825-1828). Esta imprimiu apenas dois boletins de guerra e uma proclamação, pois, durante a Batalha do Passo do Rosário, em 20 /02/1827, foi apreendida pelas forças inimigas.

A Tipografia Rio-Grandense, responsável pela impressão do Diário de Porto Alegre, localizava-se na Rua da Igreja nº 113, atual Duque de Caxias. Comprada, em 1821, por meio de subscrição pública, no Rio de Janeiro, sob o patrocínio do presidente da Província Carlos de Saldanha de Oliveira e Daun, esta chegou a Porto Alegre, no dia 04 de agosto de 1822, a bordo do bergantim Reino Unido.  Segundo Dr Sérgio da Costa Franco, em seu livro Porto Alegre Ano a Ano / Uma cronologia histórica 1732/1950, lançado em 2012, transcorreram cinco anos, para que finalmente o prelo imprimisse nosso primeiro jornal, que circulou até 30 de junho de 1828, totalizando 292 edições.

A demora é atribuída, por alguns pesquisadores, ao fato de que não havia ninguém, na Província, capacitado para colocar em funcionamento o mecanismo tipográfico. Outra explicação quanto ao atraso, em publicar o nosso primeiro jornal, justifica-se pela prisão, por motivos políticos, do presidente da Província e seu envio para o Rio de Janeiro.

O surgimento da imprensa, no Rio Grande do Sul, esteve, por longo tempo, envolto de equívocos históricos. A partir da publicação do trabalho A origem da Imprensa no Rio Grande do Sul, em março de 1941, do pesquisador e jornalista Nestor Ericksen, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande Sul, ano XXI, puderam, enfim, ser elucidadas algumas questões. O Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom), instituição voltada à memória da comunicação gaúcha, tem sob a sua guarda apenas um exemplar original.

Infelizmente, de acordo com a pesquisa de Ericksen, a coleção completa e original do Diário de Porto Alegre, doada pelo Dr. Alfredo Varela (1864-1943) para o Arquivo Histórico do Estado, encontra-se desaparecida desde a década de 1970, embora os procedimentos jurídicos para averiguação, que foram, na época, devidamente realizados.

Publicado no jornal gaúcho Zero Hora em 20 /06/2020

Bibliografia
ERICSEN, Nestor. O Sesquicentenário da Imprensa Rio-Grandense. Porto Alegre:  Sulina, 1977.
 MIRANDA, Marcia Eckert; LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. Jornais raros do Musecom: 1808-1924. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2008.
 VIANNA, Lourival.  Imprensa Gaúcha (1827-1852). Porto Alegre: Museu de Comunicação Social HJC, 1977.

*Pesquisador e responsável pelo Núcleo de Pesquisa do MuseCom

domingo, 28 de junho de 2020

Brasil | Por si mesmo, ele não vai parar


#Escrito em português do Brasil

Há algo particular no fascismo de Bolsonaro: a Falange. Por isso, são vãs as tentativas de enquadrá-lo nos limites da legalidade. Cada recuo é, para ele, apenas uma chance de ganhar tempo. Para detê-lo, é preciso abatê-lo, politicamente

Ricardo Cavalcanti-Schiel* | Outras Palavras

O governo de Jair Bolsonaro e a evolução social da epidemia de coronavírus no Brasil parecem, finalmente, ter entrado numa curiosa sintonia lógica: a do paradoxo. Mais do que apenas uma boutade político-sanitária, as notas que se seguem pretendem esboçar o tamanho do impasse a que parecemos ter chegado; não tão apenas para nos aturdirmos com ele, mas para insinuar alguns detalhes talvez mais intrincados que a política vista pelos olhos do desejo e do voluntarismo (ou da “torcida”), como também mais intrincados que o mito tecnocrático da prescrição científica.

O que nos é particular (mas não apenas a nós), nesse caso em que se cruza a emergência com a conjuntura, é exatamente o signo do paradoxo, o que torna o Brasil, neste momento, bastante diferente, por exemplo, dos nossos vizinhos próximos, a Argentina, onde o que rege o mesmo quadro parece ser, casualmente, o signo da coerência. Como vamos gerir o paradoxo e com que desenvoltura é o que pode vir a definir as potencialidades e o lugar do país num futuro próximo, em um mundo onde a dupla crise econômica e sanitária parece estar engatilhando e potencializando paradoxos planeta afora.

A partir de meados deste mês de junho, o Brasil consagrou-se mundialmente, em definitivo, como o grande fiasco no combate à pandemia, acompanhado pelos Estados Unidos. Neste último, a enorme disponibilidade de recursos econômicos e a sofisticada estrutura institucional são os parâmetros para medir o tamanho do fiasco. No nosso caso, ele é proporcional à existência de um serviço público universal de saúde, como só existiu no welfare state e ainda existe em alguns países socialistas ou que deles o herdaram (como a Rússia), bem como o sucesso anterior de uma sistema que demonstrou sua eficácia no combate às epidemias de aids e zika. Nem os Estados Unidos não têm recursos, nem o SUS, a Fiocruz e o Instituto Butantan desapareceram (ainda, felizmente). A explicação para o fiasco está, então, em outro lugar: na gestão política da crise sanitária.

"Da Síria ao Brasil, mundo vive erosão dos direitos humanos"


#Escrito em português do Brasil

Em entrevista à DW, relator para tortura da ONU afirma que fundamentos da ordem mundial estão sendo abalados. Por envolver a potência EUA, caso Assange é emblemático, com repercussões globais e duradouras, diz.

O relator especial da ONU para tortura, Nils Melzer, acusa uma tendência global inquietante: a erosão gradual dos direitos humanos, da China aos Estados Unidos, passando por Brasil, Síria, Rússia.

Em entrevista à DW, ele enumera comportamentos estatais que emitem sinais de que o Estado de Direito está sobre grave ameaça. Em especial a partir dos Estados Unidos, como "país mais influente do mundo, do ponto de vista econômico, político, militar".

Para Melzer, a saga de Julian Assange é especialmente emblemática, indo muito além da defesa de um indivíduo: "vítima de tortura psicológica prolongada", a eventual condenação do fundador do Wikileaks ameaça "estabelecer uma norma de que os Estados podem manter secretos os próprios crimes e não ter que responder por eles". Nesse caso, "é preciso realmente se perguntar se ainda podemos falar de Estado de Direito em relação aos EUA".

Desde 2016, o suíço Nils Melzer é o relator especial da ONU para tortura. Antes, integrou durante 12 anos o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, atuando em diversas zonas de conflito.

Covid-19 lisboeta | Desconfinem, desconfinem… Está tudo sobre controlo. Está?


LISBOA QUASE COM 400 CASOS E CERCA DE 60 NO RESTO DO PAÍS

Região de Lisboa e Vale do Tejo é campeã de novos casos de covid-19, 90 por cento do total do país. Autoridades da saúde e do governo afirmam que está tudo sobre controlo… mas os números não dão sinal disso. Devemos confiar naquilo que dizem? Imensos portugueses não confiam e o medo está a invadir a capital e arredores. 

Estamos apostados em ver onde esta displicência vai parar, quantos mais infetados vai vitimar e quantos mais idosos vai matar. 

É certo que a morte de idosos traz vantagens económicas à segurança social no que corresponde à poupança em reformas e pensões que, por morte dos beneficiários, vai deixar de ter de pagar… Ás vezes acontecem “coisas” que ultrapassam o entendimento razoável e retiram crédito à afirmação da constitucionalidade que reconhece aos cidadãos o direito e a proteção à saúde e à vida. O que vimos são políticas aliadas ao padecimento e à mortandade. (PG)

457 novos casos de covid em Portugal. Pior registo desde que o país desconfinou

Há ainda mais três vítimas mortais a registar, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde. 86% dos novos casos localizam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais três pessoas e foram confirmados mais 457 casos de covid-19 (um aumento de 1,1% em relação ao dia anterior). Trata-se do pior registo do país praticamente desde o início do plano de desconfinamento, que começou a 4 de maio e terminou a 1 de junho. É preciso recuar ao dia 8 de maio para encontrar um valor mais elevado (553 infetados).

Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) deste domingo (28 de junho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 41646 infetados, 27066 recuperados (mais 202) e 1564 vítimas mortais no país.
Ou seja, há, neste momento, 13 016 doentes portugueses ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde. Número que aumentou pelo sétimo dia consecutivo (mais 272 que ontem).

391 dos 457 novos infetados (86%) têm residência na região de Lisboa e Vale do Tejo. Tal como dois dos três óbitos registados no último dia. O terceiro encontra-se no Alentejo.

A taxa de letalidade global do país encontra-se hoje nos 3,8%, subindo aos 16,3% no caso das pessoas com mais de 70 anos - as principais vítimas mortais da pandemia.

Os restante infetados distribuem-se pelo Norte (que apresenta hoje mais 31 casos), pelo Algarve (mais 17), pelo Centro (14) e pelo Alentejo (quatro).

A nível municipal, os concelhos com mais novos casos são Lisboa (76 novas infeções), Sintra (65), Amadora (44) e Oeiras (40).

Este domingo, estão internados 458 doentes (mais 16 que ontem), sendo que destes 75 encontram-se nos cuidados intensivos (mais cinco).

O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 1511 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 31 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 37% dos doentes), seguida da febre (28%) e de dores musculares (21%).

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