Martinho Júnior, Luanda
Por ocasião do assinalar do 2º
ano do corrente mandato do Presidente da República de Angola, João Manuel
Gonçalves Lourenço. (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/pr-considera-legitima-reivindicacao-de-cidadaos)
Pequena nota prévia:
Todos os que lerem este conteúdo
devem preocupar-se em abrir os links que sugiro para uma melhor percepção das
questões que levanto!
O Presidente da República de
Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, ensaiou o balanço de dois anos de
mandato com um espírito de abertura que não só deve cativar todos os angolanos,
mas também e sobretudo mobilizá-los e incentivá-los nas suas capacidades de
reconhecimento identitário próprio (individual e colectivamente), de
reconhecimento da história de Angola e de África, de reconhecimento sobre o imenso
que há que realizar nos termos de resgate e luta contra um subdesenvolvimento
que advém de múltiplas razões, entre elas as de raiz histórica, as de raiz
antropológica e as de raiz sociológica.
Angola deve-se redescobrir a si
própria na rica trilha do movimento de libertação em África, numa carga mental
construtiva capaz de revitalizar o seu próprio tecido humano em prol da
identidade patriótica que é possível cultivar em pleno século XXI.
Identificar os contraditórios,
assumir opções, tomar decisões e torná-las coerentes e consequentes é por si,
em função dos paradigmas de revitalização, um acto de coragem ética, moral,
histórica e cívica, particularmente quando as questões de identidade que foi
vida e é vida, foram atiradas deliberadamente para as urtigas do “mercado” durante
tantos anos, ou mesmo décadas, tornando efectivo o fim da história, conforme
Milton Friedman!
Atirar para as urtigas a rica
história do movimento de libertação em África, é por razões tão óbvias quão
evidentes, um dos objectivos maiores da guerra psicológica de amplos recursos e
meios do império da hegemonia unipolar e cabe aos patriotas angolanos que
seguem a trilha do movimento de libertação em África, impedir que isso possa a
acontecer por via de assimilações e formatações mentais, ainda que suas vidas,
durante mais de 30 anos, tivessem sido como se de “mambises” deste
lado do mar se tratassem! (https://www.ecured.cu/Mambises).
A via dominante está a utilizar,
duma forma ou de outra e em “ementas” de “geometria variável”,
já há mais de um século a esta parte (desde a Emenda Platt em Cuba, a 28 de
Fevereiro de 1901), nas duas margens do Atlântico, a experiência de “licenciamento
dos rebeldes” para substituir sua vocação pela “terapia” de sua
conveniência, neste caso em pleno século XXI, a terapia capitalista neoliberal!
(http://pt.granma.cu/cuba/2016-03-10/a-emenda-platt-e-a-deslealdade-de-estrada-palma-completam-113-anos).
Emenda Platt e Acordo de Bicesse,
com as apreciações temporais e conjunturais distintas em função da história, da
antropologia cultural e da sociologia, funcionaram no mesmo sentido e com
similares objectivos! (http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-91992016000200008).
1- Durante décadas e
particularmente em consequência de Bicesse a 31 de Maio de 1991, uma parte
substancial da Comunidade de Inteligência e Segurança em Angola foi
deliberadamente tornada “zombi”, como se em finais do século XX e nas
primeiras décadas do século XXI, fosse possível reeditar a trajectória
dos “mambises” conforme ao seu “licenciamento” no outro
lado do mar, conforme aconteceu nos alvores da luta pela independência e
soberania em Cuba na passagem do século XIX para o século XX! (http://paginaglobal.blogspot.com/2014/12/uma-fruta-que-nao-caiu-ii.html).
Alguns milhares de efectivos
desactivados da então Segurança do Estado, estão na base da existência da
Associação Para Apoio e Reinserção, ASPAR, o que evitou a sua completa
marginalização, mas em função do carácter do poder particularmente após 2002,
um poder já inebriado com a terapia neoliberal, foi ficando “em
banho-maria”, sem vislumbre de qualquer tipo de “licenciamento” até
ao momento da ascensão ao poder do terceiro Presidente da República de
Angola!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/10/angola-combater-pobreza-nas-proprias.html).
A pretexto de se acabar com um
estado de partido único e implantar a democracia, duma assentada inibiu-se ou
volatilizou-se a Segurança do Estado, condenou-se ao completo apagão o Partido
do Trabalho que dera sequência ao MPLA, precisamente o MPLA que conseguira
realizar o Programa Mínimo e, por fim, deu-se a machadada final nas Forças
Armadas Populares de Libertação de Angola, as “gloriosas FAPLA” que
foram decisivas na Proclamação da Independência e na vitória sobre o “apartheid”!
(https://paginaglobal.blogspot.com/2014/09/desbravando-logica-com-sentido-de-vida.html).
Toda a nova reconfiguração de
Angola, por outro lado, passou a ser uma camaleónica redundante que foi buscar
ao exterior por via da osmose de “novos” (?) aliados e alianças, desde
elementos de reinterpretação ao Exercício ALCORA até ao “spinolismo” (elementos
doutrinários, filosóficos e ideológicos expressos pela primeira vez em “Portugal
e o futuro”), baralhando cartas, dando de novo e estabelecendo uma outra etapa
para os “jogos africanos” num quadro de democracia representativa
aberta por umaglobalização de pendor hegemónico e unipolar a que, na época, só
faltava a formação do projecto de burguesia angolana, preâmbulo duma nova
oligarquia para Angola! (https://paginaglobal.blogspot.com/2016/04/cinco-anos-de-contra-revolucao.html).
É na extensão dessa conduta que
se está agora a proceder ao “licenciamento” duma parte significativa
da Comunidade de Inteligência e Segurança do Estado, para que no mínimo deixem
de haver “zombis”, “mambises” tornados “zombis” deste
lado do Atlântico, pouco mais de 100 anos depois dos originais! (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/02/angola-provas-de-vida-nao-reconhecidas.html).
2- Em relação ao Acordo de
Bicesse, o choque neoliberal protagonizado por Savimbi, foi imediatamente a
seguir um factor de aparente contrariedade e mesmo alguns “mambises
angolanos” face ao desespero da causa governamental, acabaram por
contribuir na defesa por exemplo do Kuito, capital do Bié (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/07/tripla-fronteira.html)
e, como eu próprio, em apoios aos organismos de Segurança do Estado e
estado-Maior das FAA, recém-inauguradas, praticamente a custo zero! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-i.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-ii.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2018/11/em-angola-ha-20-anos-iii.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2018/12/em-angola-ha-20-anos-iv.html).
A comunidade associada na ASPAR,
obviamente passou a ser “Uma comunidade sacrificada em nome da terapia
neoliberal” (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/uma-comunidade-sacrificada-pela-orgia.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/uma-comunidade-sacrificada-pela-orgia_2.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/angola-uma-comunidade-sacrificada-pela.html; https://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/angola-uma-comunidade-sacrificada-pela_5.html).
Ao pecar por tardio, o “licenciamento” em
curso em todo o espaço nacional, (este mês começaram a ser pagas as primeiras
pensões dando sequência à constituição e organização duma Caixa de Previdência
Social), não faz esquecer os que entretanto foram desaparecendo por que, muitos
deles foram atirados para uma marginalidade com pesadas consequências e por
isso, vai um meu muito comedido reconhecimento para aqueles que tornaram-no
possível, na sequência do reconhecimento da Comunidade de Inteligência e
Segurança que se quer una, coesae historicamente consequente! (http://litoralcentro-comunicacaoeimagem.pt/2016/07/01/angola-honrar-memoria-dos-herois/; http://paginaglobal.blogspot.com/2017/02/angola-todos-os-saiagos-do-meu-pais.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2017/03/angola-uma-constante-luta-pela-vida.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2019/06/angola-das-arvores-que-morrem-de-pe.html).
As medidas que em relação a essa
comunidade foram decididas pelo terceiro Presidente da República de Angola e
estão a ser tomadas, conforme os indicadores de seu próprio curso que acompanha
os dois anos do exercício do novo poder, poderão vir a comportar um
aproveitamento mobilizador, com extensões revitalizadoras por dentro do
carácter do MPLA e do próprio estado angolano, pois há vocações em direcção ao
presente e ao futuro a não menosprezar por parte daqueles que, mesmo nas
prolongadas situações que foram obrigados a viver, são os patriotas capazes de,
sem alienações, nem ilusões, lutar pela lógica com sentido de vida, honrando o
passado e a nossa história! (http://paginaglobal.blogspot.com/2018/04/angola-construir-paz-social.html).
É portanto também importante o
esforço de conhecer a história da comunidade não só dos últimos 50 anos, que
passa pela vida de seus autores, mas também reconhecer o seu significado nos
termos da história contemporânea de Angola, das regiões circunvizinhas, de
África e do Não Alinhamento activo, num quadro dos relacionamentos Sul-Sul e
Sul-Norte! (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/01/alternativa-do-renascimento-africano.html).
Neste momento e em simultâneo ao
esforço de se balancear a história, deve-se levar a cabo um exaustivo estudo da
presente conjuntura, indispensável para se definir a doutrina, a filosofia e a
ideologia patriótica que deve a todos e a todas as sensibilidades galvanizar, a
fim de vencer o pesado subdesenvolvimento crónico que advém do passado! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/07/africa-dilecto-alvo-neocolonial/).
Está em causa um Programa Maior
que dê sequência à lógica com sentido de vida fundamentado na trajectória do
movimento de libertação em África! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/09/o-primeiro-comandante-em-chefe-de.html).
Martinho Júnior -- Luanda, 3 de
Outubro de 2019
Imagens:
01- Intervenção na 74ª Assembleia
Geral da ONU, do Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves
Lourenço, a 26 de Setembro de 2019;
02- Encontro ao Mais Alto Nível
Cuba-Angola: a lógica com sentido de vida experiência da revolução cubana e do
movimento de libertação em África, continua imprescindível;
03- A Emenda Platt, assinada a 28
de Fevereiro de 1901, ditou a sorte dos combatentes “mambises” da
independência de Cuba;
04- O Acordo de Bicesse, ditou a
sorte, durante mais de 28 anos, duma parte significativa da Comunidade de
Inteligência e Segurança de Angola, tal e qual a experiência dos “mambises” em
Cuba;
05- Assembleia Provincial de
Antigos Combatentes integrantes da ASPAR, no Namibe, ocorrida a 12 de Setembro
de 2019, por uma Comunidade de Inteligência e Segurança de Angola, pró-activa,
lúcida, mobilizada e vocacionada a dar sequência à lógica com sentido de vida
inerente à experiência do movimento de libertação em África.
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