sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Maioria dos portugueses não acredita no sucesso das investigações da justiça no caso BES - sondagem



Carlos Diogo Santos – jornal i

Maioria dos portugueses é céptica quanto a êxito das investigações ao BES

O Ministério Público (MP) não devia ter passado uma declaração de inocência a Ricardo Salgado no ano passado após o i ter revelado em exclusivo que o antigo presidente do Banco Espírito Santo se tinha esquecido de declarar 8,5 milhões de euros ao fisco. É essa a convicção da grande maioria dos portugueses, segundo uma sondagem i/Pitagórica realizada entre 25 e 31 de Julho. Os inquiridos dizem ainda não acreditar no sucesso das investigações ao BES que a Procuradoria-Geral da República (PGR) admitiu terem sido abertas no mês passado.

Dois em cada três inquiridos consideram que o MP “errou” (36,1%) ou “errou muito” (28%) quando, em Janeiro de 2013, passou um atestado de inocência, assinado por Rosário Teixeira, procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), organismo da PGR que investiga a criminalidade económica mais complexa. Segundo o documento, o banqueiro não era suspeito no âmbito do processo Monte Branco, tendo sido ouvido em Dezembro de 2012 apenas na qualidade de testemunha.

Dos entrevistados, 4,2% disseram concordar com a decisão do Ministério Público e 11,5% admitiram não ter opinião formada. Um quinto dos portugueses disseram não saber ou não querer responder.

A decisão de emitir um comunicado em Janeiro, afirmando que não havia qualquer suspeita sobre o então presidente executivo do BES, surgiu após o i noticiar que Salgado se teria esquecido de declarar 8,5 milhões de euros provenientes de rendimentos de trabalho no estrangeiro. O i revelou ainda que a última de três rectificações de IRS feitas fora do prazo aconteceu 11 dias antes de prestar declarações no DCIAP (em Dezembro de 2012). 

Ao invés do declarado inicialmente, a colecta correspondente aos rendimentos de Salgado passou a ser superior a 4,5 milhões de euros, e não os 183 mil euros iniciais.

O magistrado do MP responsável pela investigação do chamado caso Monte Branco referia ainda assim num despacho – tornado público – que, “em face das declarações fiscais conhecidas nos autos”, não existia, “com referência aos indícios recolhidos, fundamento para imputar ao requerente a prática de qualquer ilícito de natureza fiscal”.

Investigação sem sucesso A sondagem i/Pitagórica foi feita dias depois de a Procuradoria-Geral da República ter confirmado – a 18 de Julho – a existência de inquéritos em curso sobre o caso BES, mas a grande maioria dos portugueses mostrou-se pouco confiante.

Da amostra, 63,3% dizem “não acreditar” ou “acreditar pouco” no sucesso dos inquéritos ao Banco Espírito Santo tendo em conta as anteriores investigações a bancos, nomeadamente as que envolveram o Banco Português de Negócios (BPN), Banco Comercial Português (BCP) e Banco Privado Português (BPP).

Entre os portugueses que acreditam na eficácia e no sucesso dos inquéritos abertos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (25,4%), apenas 2,8% dizem “acreditar muito”. Na prática, numa escala de 1 a 4, os portugueses quantificam a sua esperança num desfecho justo destas investigações com 1,9 (média). Do universo dos inquiridos, 11,3% disseram não saber ou não querer responder.

sondagens_bes_2.pdf, em jornal i

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