sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A LONGA BATALHA POR DETRÁS DOS CENÁRIOS

 

Martinho Júnior, Luanda

1 – A oligarquia financeira russa, concentrada em torno do Presidente Putin e consubstanciada no seu poder, está fora da esquadria da aristocracia financeira mundial que tem como expoentes famílias como os Rockefeler, os Morgan, os Rothschild…

Em 2003, o episódio da Yukos – Open Russia Foundation – Menatep – Mikhail Khodorkovsky ilustrou o volte face depois da Perestroika e do neo liberalismo dos tempos de Boris Yeltsin.

A tomada de assalto à Rússia por parte da aristocracia financeira mundial através do “cavalo de Tróia” da Yukos falhou com a chegada de Putin ao poder e o “desastre” apanhou por tabela a “iniciativa” da Open Russia Foundation, cujos escritórios foram fechados com o confisco de todo o seu recheio!

2 – O “front” da longa batalha financeira contudo não se desvaneceu, passando apenas para o exterior da Rússia, sempre em seu entorno e mobilizando-se na sua vocação geo estratégica na procura de domínio sobre os recursos do petróleo e do gás.

O Cáucaso, na sequência dos acontecimentos na Bielo Rússia, nos Balcãs e na própria Rússia, teve dois episódios decisivos:

- Em 2003 a “Revolução Rosa” impulsionada pela CIA e por George Soros assume o poder na Geórgia, derrubando Eduard Shevardnadze;

- Em Agosto de 2008 a Rússia recupera o fôlego e derrota a Geórgia numa “guerra relâmpago”, criando as condições para a neutralização dos interesses que deram origem à “Revolução Rosa” cuja motivação económica, financeira e geo estratégica na região era o oleoduto Baku-Tbilissi-Ceyhan.

Dez anos depois a batalha continua e um dos episódios marcantes da actualidade reflecte-se em toda a região do Mediterrâneo Oriental e Médio Oriente!

3 – O Cáucaso foi o prelúdio de outros acontecimentos que foram consubstanciados em sequência temporal: às “Revoluções Coloridas” (a norte) seguiram-se as “Primaveras Árabes” (a sul), integrando sempre os mesmos impulsionadores externos, o que a Rússia e por tabela a China, não perderam de vista…

Na parte europeia, enquanto notícias da existência de colossais reservas de petróleo e gás davam a Grécia como potencialmente rica, a crise do euro atingia Atenas colocando o país em precariedade, dependência colonial e à mercê dos interesses financeiros de cariz anglo-saxónicos.

No âmbito desse espaço geográfico sensível, os “élans” ocidentais que vinham da década de 90 do século passado mantiveram-se e deram oportunidade a uma revitalização de alianças: os interesses sobre a exploração do petróleo barato foram criando laços ainda mais fortes entre os interesses financeiros da aristocracia financeira mundial, eminentemente anglo-saxónica e as casas monárquicas arábicas.

Na Rússia perderam em 2003, mas no Mediterrâneo Oriental e o Médio Oriente, o “grande jogo” está em plena efervescência!

As tensões, conflitos e guerras que vêm eclodindo no Mediterrâneo Oriental, nas regiões continentais da Ásia Ocidental e da Ásia Central resultam da conexão desses interesses que colocam face a face por um lado a oligarquia da Rússia, o poder da China e aliados como a Síria e o Irão, por outro os Estados Unidos, os seus dependentes aliados ocidentais, os falcões de Israel e os seus “parceiros” árabes, entre eles as poderosas monarquias da Arábia Saudita e do Qatar.

4 – Em relação à Líbia não houveram dificuldades no Conselho de Segurança da ONU, mas o que veio a acontecer desde então, alertou a Rússia e a China, que começaram a assumir uma contraposição mais decisiva, inteligente e, em alguns casos, não menos musculada.

O jogo entre a aristocracia financeira mundial e a panóplia de seus interesses e alianças, contra a cada vez mais poderosa oligarquia russa com interesses comuns em relação ao poder da República Popular da China e sincronizada com um conjunto de alianças na Ásia, começou a fazer-se sentir quando estalou a crise síria por muitos analistas e observadores considerada como um preâmbulo em relação ao Irão.

Dez anos depois do episódio da Yukos – Open Russia Foundation – Menatep – Mikhail Khodorkovsky, a crise da Síria atingiu um auge e, por detrás dos cenários, face a face alinham-se os mesmos poderes económicos, financeiros e as geo estratégias.

5 – Os falcões de Israel têm um papel muito activo como elemento catalisador ocidental em relação ao movimento financeiro, em relação ao intrincado dos interesses ocidentais em toda a extensão da região e às conexões entre alguns sectores da aristocracia financeira mundial e os senhores feudais das monarquias arábicas “saturados” de petro-dólares e de moedas fortes.

Os radicais islâmicos, financiados pelas monarquias arábicas instrumentalizadas pelo poder da hegemonia, tiveram a oportunidade para se estabelecerem no quadro dessas alianças, integrando o pelotão de tendências na Chechénia, nas “Primaveras Árabes”, na Líbia, na Síria, no Iraque e em África, assumindo-se como factores de desestabilização de baixo custo que tomaram o lugar dos grupos de pressão conformes às anteriores "Revoluções Coloridas”…

Os interesses de Murdoch e de Lord Jacob de Rothshild na actual conjuntura chegaram e fazem-se sentir quase ao mesmo tempo e ao mesmo nível no que diz respeito a Israel e ao Qatar:

- Em Israel por via da Genie Energy, associando personalidades como Dick Chenney e com os olhos postos nos montes Golan, antecâmara da Síria rica em petróleo e gás inexplorados e de baixo custo, bem como peça importante na geo estratégia dos oleodutos e gasodutos;

- No Qatar como banqueiros, investidores na exploração e exportação de petróleo e gás, accionistas maioritários de companhias de seguros e até… experientes conhecedores de arte!...

Esses interesses expandem-se no Mediterrâneo Oriental onde a Grécia, a Turquia e Chipre estão à mercê do monstro financeiro!

6 – Apesar da crise na Síria ter-se atenuado, os poderes económicos, financeiros e geoestratégicos “behind the scenes” estão presentes nos dois lados do “front” e em feroz concorrência de interesses, pelo que tensões, conflitos e guerras não foram ultrapassadas.

No mar as esquadras estão face a face no Mediterrâneo Oriental e se os Estados Unidos e seus aliados colocam os navios em posição ao norte do Golfo de Sirtre, a Rússia interpõe-se com sua esquadra entre eles e o território sírio, tendo Tartus como ponto de apoio!

Hoje por hoje há um ganho: é muito mais difícil iludir aqueles que lutam por uma paz duradoura em benefício da humanidade e do planeta e não se deixam enredar por contenciosos viciados por uma lógica que conduz a terra à exaustão e a humanidade ao precipício!

Artigos correlacionados:
. Novas tecnologias ao serviço da hegemonia e da morte;
. Cínicos ódios de Setembro;
. O início do “efeito boomerang”;
. A prolífera Yukos enquanto falível “cavalo de Tróia”.
Mapa: A norte as “Revoluções Coloridas”; no meio o Mediterrâneo Oriental onde estalaram as crises gregas, cipriotas e turcas, mais o Mar Negro e o Mar Cáspio; a sul o Iraque, o Afeganisão, o Paquistão, o Cáucaso, a Ásia Central, a Geórgia, as “Primaveras Árabes”, a Líbia, a Síria, o Irão… por detrás a aristocracia financeira mundial, os seus aliados ocidentais e os “parceiros” das monarquias arábicas, com recheio feudal, “carregados” de petro-dólares e financiadores das tão versáteis quão manipuláveis redes da Al Qaeda!


A consultar:
.
Rothschild Open Russia Foundation Shut Down by Russia in 2006 – http://larouchepac.com/node/13843
. Russia Effectively Closes a Political Opponent's Rights Group –
http://www.nytimes.com/2006/03/18/international/europe/18russia.html?_r=0
.
Yukos – http://en.wikipedia.org/wiki/Yukos
. Los neocons se comen el mundo: desde el Chile de Salvador Allende hasta la Síria de hoy – http://actualidad.rt.com/blogueros/francisco-sanchez-munoz/view/106074-neocon-mundo-chile-salvador-allende-siria
.
Bandar Bush liberator of Syriahttp://theglobalrealm.com/2013/08/30/bandar-bush-liberator-of-syria/
. The Dick Cheney Syria Oil Connection –
http://howestreet.com/2013/09/the-dick-cheney-syria-oil-connection/
. Business and Financial Leaders Lord Rothschild and Rupert Murdoch Invest in Genie Oil & Gas –
http://www.idt.net/about/press/story.aspx?id=41777
. Genie Energy –
http://en.wikipedia.org/wiki/Genie_Energy
. Israel approves oil drilling in Golan Heights
http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/middleeast/israel/9885862/Israel-approves-oil-drilling-in-Golan-Heights.html
. Israel grants oil rights in Syria to Murdochand Rothschild –
http://www.craigmurray.org.uk/archives/2013/02/israel-grants-oil-rights-in-syria-to-murdoch-and-rothschild/
. Israel, Obama and other people’s oil –
http://www.aljazeera.com/indepth/opinion/2013/03/201331785837128494.html
. Jacob Rothschild, 4th Baron Rothschield –
http://en.wikipedia.org/wiki/Jacob_Rothschild,_4th_Baron_Rothschild
. Major Alternative Investments Conference Held in Qatar
http://www.qfc.com.qa/en-us/Media-center/Media-news-detail.aspx?sNewsID=1a8abf11-0052-49c3-bb78-9155f7e1de68
. Why Qatar wants to invade Syria
http://www.globalresearch.ca/why-qatar-wants-to-invade-syria/5306223
. Who’s buying Greece’s private islands –
http://www.spearswms.com/good-life/travel/47927/whoand39s-buying-greeceand39s-private-islands.thtml
. Greece Is Not Poor - It Actually Has Massive Uptapped Reserves Of Gold, Oil And Natural Gas –
http://theeconomiccollapseblog.com/archives/greece-is-not-poor-it-actually-has-massive-uptapped-reserves-of-gold-oil-and-natural-gas
. Rising Energy Tensions in the Aegean—Greece, Turkey, Cyprus, Syria
http://www.infowars.com/rising-energy-tensions-in-the-aegean%E2%80%94greece-turkey-cyprus-syria/
.
THE NEW MEDITERRANEAN OIL AND GAS BONANZA – I – http://alexandravaliente.wordpress.com/2012/03/06/the-new-mediterranean-oil-and-gas-bonanza/; II –
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=29609
. Soros tente de relativiser le jihadisme en Syrie – http://www.voltairenet.org/article176535.html
. La guerra contra la Síria marca el fin de la ética – http://desinformemonos.org/2013/09/la-guerra-contra-siria-marca-el-fin-de-la-etica/
 

Angola: DANDA CRITICA PRISÃO DE NITO ALVES

 


"Prenderam uma criança" diz chefe da bancada parlamentar da UNITA
 
Coque Mukuta – Voz da América
 
O líder parlamentar da UNITA Raúl Danda acusou as autoridades de “prenderem uma criança” e exortou as autoridades a “respeitarem os direitos dos cidadãos”.

Danda reagia no programa “Angola Fala Só” á noticia de que as autoridades tinham transferido para parte incerta o jovem Nito Alves detido há pouco mais de três semanas por alegada difamação do presidente Eduardo dos Santos.

“Prenderam uma criança,” disse Danda. “Nito Alves nem sequer é maior”.

O chefe da bancada parlamentar da UNITA exortou as autoridades a “respeitarem os cidadãos e a respeitarem a lei”.

Advogados do jovem activista Nito Alves disseram Sexta-feira desconhecer o seu paradeiro e estar preocupados com o seu estado de saúde.

Nito Alves esteve detido na Direcção Provincial de Investigação Criminal de Luanda onde esteve até esta Quinta-feira.

Uma fonte na DPIC disse à Voz da América que Alves tinha sido transferido para a Comarca central de Luanda.

O advogado Salvador Freire disse não ter sido informado da sua transferência.

Freire disse que “infelizmente” não teve sucesso em obter informações quanto ao paradeiro do seu cliente.

“Temos conhecimento que ele está adoentado, mas não sabemos o que é que se passa concretamente, mas isso preocupa-nos,” disse.

Raúl Danda insurgiu-se também contra as recentes prisões de manifestantes recordando que as manifestações estão previstas e são protegidas pela constituição.
 
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Vinte e um anos de paz em Moçambique: "É preciso fazer uma reflexão adulta"

 

Deutsche Welle
 
Há precisamente 21 anos, era assinado em Roma o acordo que pôs fim à guerra em Moçambique. A RENAMO, a maior força da oposição, comemora a data com encontros de reflexão e relembra que é "um partido que aspira ao poder".
 
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição em Moçambique, comemora esta sexta-feira (04.10) o vigésimo primeiro aniversário do Acordo Geral de Paz.
 
Assinado a 4 de outubro de 1992, na capital italiana, Roma, entre o Governo da Frelimo e a RENAMO, então movimento rebelde, o acordo pôs termo a 16 anos de guerra civil, que causou cerca de um milhão de mortos e forçou milhares de moçambicanos a refugiarem-se nos países vizinhos.
 
Para assinalar a data, a RENAMO promove encontros de reflexão à escala nacional sobre a situação sociopolítica em Moçambique, um ano depois do líder do partido, Afonso Dhlakama, se ter instalado na Serra da Gorongosa, no centro do país.

Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO, acrescentou detalhes sobre a iniciativa em entrevista à DW África.
 
DW África: O que pretende o maior partido da oposição moçambicana com estes encontros?
 
Fernando Mazanga (FM): A estrutura do Acordo Geral de Paz completa 21 anos. Se fosse uma pessoa, estaria a completar a maioridade e, por isso, é preciso que façamos uma reflexão adulta. Nós conseguimos aguentar 20 anos, suportar sofrimento, humilhações e tudo aquilo que nos era feito pelo partido no poder [FRELIMO].
 
Desde 17 de outubro do ano passado, o presidente Afonso Dhlakama passou a viver em Satundjira, na primeira base fixa da guerrilha em 1980. E agora, para uma exigência pacífica daquilo que são os anseios dos moçambicanos, Afonso Dhlakama aceitou o sacrifício de fazer um retiro, sujeito a todas a intempéries, para mostrar e persuadir o Governo da FRELIMO a levar em conta aquilo que são as preocupações dos moçambicanos.
 
É esta a reflexão que tem que ser feita para se conseguir fazer um balanço da estadia do presidente Afonso Dlhakama durante todo este ano .
 
DW África: E 21 anos depois do Acordo Geral de Paz, quais são as atuais reivindicações da RENAMO?
 
FM: Estamos a reivindicar a democracia, muito precária, a transparência dos processos eleitorais, a transparência na gestão da coisa pública e que os moçambicanos sejam considerados pelo facto de serem moçambicanos e não por pertencerem a determinados partidos.
 
DW África: Já houve mais de 20 encontros entre o Governo e a RENAMO. Porque é que as negociações com o Governo não avançam?
 
FM: As negociações não avançam porque o Governo não está interessado em que elas avancem. Em primeiro lugar, estamos a reunir apenas uma vez por semana, às segundas-feiras.
 
Achamos que estes devem ser os dias de folga do chefe da comitiva do Governo. Porque não faz sentido, sendo este um tema de interesse nacional, que os encontros não se possam realizar consecutivamente para se debaterem os temas.
 
Em segundo lugar, o Governo não está interessado em que se ultrapasse o primeiro ponto, relativo às questões eleitorais. A primeira base de tudo é a democracia. Onde há democracia há segurança e desenvolvimento. Temos que garantir a democracia através de uma lei que seja transparente e que possa efetivamente representar os anseios dos concorrentes. Por isso falamos da paridade.
 
Não faz sentido que o partido FRELIMO tenha maioria nos órgãos de direção eleitoral e que a RENAMO e outros partidos estejam em minoria. É por isto também que nós estamos a avançar. Não nos queremos preocupar com outras questões, antes de verificarmos que a democracia está garantida. Se a democracia não estiver consolidada, a qualquer momento pode resvalar.
 
DW África: E isso implica que poderá haver novos confrontos entre as forças de defesa e segurança moçambicanas e homens armados da RENAMO?
 
FM: Infelizmente houve três situações dessa natureza. Foram uma resposta aos ataques feitos pelas tropas governamentais.
 
A RENAMO assinou o Acordo Geral de Paz porque os moçambicanos disseram que era altura de pararmos com as hostilidades militares e começarmos com a democracia multi-partidária.
 
DW África: Em relação às autárquicas está anunciado um boicote da RENAMO. Vai ser um boicote ativo ou passivo?
 
FM: Nós gostariamos de continuar a dialogar e encontrar uma solução para este assunto, de modo a que nós possamos também concorrer às eleições autárquicas. Nós não somos uma organização não-governamental (ONG), somos um partido político que aspira ao poder. E para podermos alcançar o poder temos que concorrer a eleições.
 
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Autoridades da Guiné-Bissau falam em "relativa diminuição" do narcotráfico

 

Deutsche Welle
 
Embora admitam algumas dificuldades, autoridades guineenses dizem que o país está menos permeável à entrada de drogas, sobretudo da América Latina. Dados que contrariam a informação avançada no último relatório da ONU.
 
Segundo as autoridades judiciais da Guiné-Bissau, a chegada de droga ao país proveniente da América Latina e com destino à Europa e à América Central tem diminuído bastante nos últimos anos.
 
Os dados avançados pelas autoridades contrastam com os números publicados no último relatório do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. De acordo com o documento, o tráfico de droga e o crime organizado aumentou substancialmente na Guiné-Bissau desde o o golpe militar de 2012.
 
Apesar de reconhecer algumas dificuldades no combate ao narcotráfico devido aos bloqueios internos, o Procurador-Geral da República, Abdú Mané, admite também que houve uma redução dessa atividade no território guineense.
 
"Relativa diminuição" do narcotráfico
 
"A Guiné-Bissau está a cumprir aquilo que acordou com a comunidade internacional: o combate ao narcotráfico", declara Abdú Mané. Diz que é visível uma "relativa diminuição" do tráfico de droga em território nacional e acrescenta que "estão empenhados a continuar este combate" apesar dos meios serem "escassos".
 
O Procurador-Geral da República afirma que vão existir sempre bloqueios, mas que "em nome da honra do país tem que se avançar com estes processos".
 
Esta semana foram destruídos 4,4 quilos de cocaína apreendida pela Polícia Judiciária guineense, entre os dias 30 de março e 28 de agosto, no Aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau. Uma cidadã cabo-verdiana, um maliano, dois cidadãos da Nigéria e diversos oriundos da Serra-Leoa foram os traficantes identificados na introdução desta remessa de cocaína no país.
 
Daí que Armando Na Montche, diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau, declare tolerância zero contra criminosos nos próximos meses.
 
"Desde tráfico de droga, a outros crimes internacionais ou crimes comuns", nada será tolerado, afirma. Juntamente com outras forças de defesa, diz o diretor da PJ que têm que trabalhar para que "os cidadãos possam sentir-se tranquilos".
 
Criminosos têm mais meios que a polícia
 
Sabendo que qualquer solução para a instabilidade crónica na Guiné-Bissau deve incluir ações concretas para combater a impunidade, Abdú Mané aponta a falta de meios como principal entrave.
 
"Não podemos estar a pedir meios aos criminosos para poder combater os criminosos!", exclama. Diz que é o Governo que tem que garantir esses recursos, mas assume que em muito dos casos, "é uma luta desigual", pois "os criminosos têm meios altamente sofisticados que a polícia não tem", reitera.
 
Exemplificando como a criminalidade tem assumido dimensões alarmantes no país, Mané sublinha que a PJ e a Guarda Nacional detiveram 13 militares e membros daquela guarda, suspeitos de envolvimento na morte de um cidadão chinês, baleado a 25 de setembro, depois de alegadamente ter sido abordado por um grupo de desconhecidos no leste do país.
 
"Três elementos da Guarda Nacional e militares estão a ser ouvidos em Gábu", conta Abdú Mané, com o objetivo claro de combater a "criminalidade complexa e altamente organizada".
 
Segundo fontes citadas em Bissau, o cidadão chinês fazia parte de um grupo de madeireiros que atua na região de Bafatá, no extremo leste do país.
 
Na foto: Cocaína apreendida no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau
 
Autoria: Braima Darame (Bissau) – Edição: Francisca Bicho / Madalena Sampaio
 
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COMISSÃO EUROPEIA NÃO TOMOU MEDIDAS PERANTE A ESPIONAGEM DOS EUA

 


A Comissão Europeia não tomou medidas especiais em negociações nem suspendeu acordos ditos “de segurança” com os Estados Unidos apesar das denúncias de espionagem norte-americana sobre instituições europeias, admitiu a comissária Viviane Reding em resposta às eurodeputadas do Bloco de Esquerda, de Portugal. Além disso, disse que as negociações comerciais entre os EUA e a UE não foram afetadas pela espionagem.
 
Esquerda.net – Carta Maior
 
Lisboa - A comissária Viviane Reding disse às eurodeputadas do Bloco que a UE continua a negociar acordos de investimento e comércio com os EUA, apesar de estar sob espionagem norte-americana.

A confissão de Reding, vice-presidente da Comissão e comissária para a Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania foi feita em resposta a perguntas apresentadas pelas eurodeputadas Alda Sousa e Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, na sequência das denúncias do técnico informático Edward Snowden sobre a espionagem norte-americana contra instituições e responsáveis europeus.

As eurodeputadas do BE, inseridas no Grupo da Esquerda Unitária (GUE/NGL), pretendiam saber se, na sequência das denúncias, a União Europeia teria tomado precauções especiais nas negociações, especialmente do estratégico Tratado de Comércio Livre (TTIP), ou mesmo suspendido acordos que permitem a devassa em Washington de dados privados de cidadãos europeus.

Na resposta a Alda Sousa e Marisa Matias, Viviane Reding explica que as negociações para o Tratado de Comércio Livre “já foram iniciadas e estão a decorrer”, não dando nota de quaisquer precauções assumidas tendo em conta o conhecimento de que existe espionagem do outro lado.

Quanto aos acordos PNR e SWIFT (ou TFTP), já em vigor, tudo decorre como se não houvesse espionagem, revela a vice-presidente da Comissão. Em relação ao PNR, que permite a transmissão automática das listas de passageiros de aviões à CIA e outras agências, a “revisão foi iniciada recentemente”, anuncia Reding. Quanto ao SWIFT, que coloca os dados bancários dos europeus à disposição de Washington, foram efectuadas duas revisões periódicas sobre o tratamento de dados, “tendo as medidas adotadas sido consideradas adequadas”. A vice-presidente de Barroso considera inclusivamente que tais acordos “protegem os interesses comuns de segurança da União Europeia e os direitos fundamentais dos seus cidadãos”.

A resposta de Reding separa em absoluto a questão da espionagem dos processos de negociação, como se uma nada tivesse a ver com outros. Informa que, a propósito das questões de espionagem, “a Comissão e a Alta Representante exprimiram as suas mais sérias preocupações e procuraram obter esclarecimentos pormenorizados e imediatos junto dos EUA sobre a alegada vigilância das instalações das instituições da UE e suas delegações no estrangeiro”.

O assunto terá sido mesmo conversado entre a Alta Representante Ashton e o secretário de Estado norte-americano John Kerry, sem que os cidadãos europeus tenham sido informados do teor do diálogo a propósito de assuntos que lhes dizem pessoalmente respeito. Perante as evidências da espionagem norte-americana, a Srªa Reding considera apenas “óbvio” que “as negociações com os EUA, designadamente sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) só poderão ser bem sucedidas se existir confiança, transparência e clareza entre os parceiros”.

Perguntas de Alda Sousa e Marisa Matias

Na sequência das revelações de Edward Snowden sobre a espionagem realizada pelo governo dos Estados Unidos, em comunicações e tráfego de informações através do programa de vigilância PRISM dos Estados Unidos, vários Estados-Membros sugeriram a suspensão das negociações do Acordo de Livre Comércio (TTIP) entre a União Europeia e os Estados Unidos da América. Em resposta, a Comissão Europeia anunciou que iria manter negociações em paralelo.

Neste contexto, gostaríamos que a Comissão informasse:

1. Quais os resultados destas negociações paralelas?

2. Como pensa a Comissão negociar estando a ser alvo de espionagem?

3. Por que negociar de uma forma que não é transparente para os cidadãos europeus, quando até a contraparte já tem acesso a todos os documentos da negociação através do PRISM?

4. Os acordos PNR e Swift serão suspensos?

Resposta da comissária Viviane Reding

Resposta conjunta aos pontos 1 e 4.

As negociações UE-EUA sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) já foram iniciadas e estão a decorrer. Para examinar as revelações feitas pelos meios de comunicação social sobre os programas de informação americanos, foi criado um grupo de trabalho de alto nível para a proteção de dados. Com base nas informações recolhidas, a Comissão apresentará em outubro um relatório ao Parlamento Europeu e ao Conselho.

Resposta conjunta aos pontos 2 e 3.

No que diz respeito às alegações de espionagem sobre as instituição e representações da UE divulgadas pelos meios de comunicação social, a Comissão e a Alta Representante exprimiram as suas mais sérias preocupações e procuraram obter esclarecimentos pormenorizados e imediatos junto dos EUA sobre a alegada vigilância das instalações das instituições da UE e suas delegações no estrangeiro. A questão foi especificamente debatida pela Vice-Presidente Catherine Ashton diretamente com o Secretário de Estado John Kerry. É óbvio que as negociações com os EUA, designadamente sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) só poderão ser bem sucedidas se existir confiança, transparência e clareza entre os parceiros.

Os acordos PNR e TFTP com os EUA promovem e protegem os interesses comuns de segurança da União Europeia e os direitos fundamentais dos seus cidadãos. A revisão do acordo PNR foi iniciada recentemente e o seu relatório será apresentado ao Parlamento Europeu em tempo oportuno. Duas revisões periódicas conjuntas do Acordo TFTP UE-EUA em 2011 e 2012 avaliaram a situação da aplicação das garantias ao tratamento de dados fornecidos, tendo as medidas adotadas sido consideradas adequadas. O relatório conjunto que deve ser elaborado em conformidade com o artigo 6.º, n.° 2, do Acordo, está em fase de preparação. A Comissão solicitou a realização de consultas ao abrigo do artigo 19.° do Acordo TFTP.
 
Leia mais em Carta Maior
 

Imigração - UE: “LAMPEDUSA É O FRACASSO DA EUROPA”

 


Corriere della Sera, Der Spiegel, El País & 4 outros – Presseurop – imagem Mauro Biani
 
O último naufrágio ao largo da ilha italiana, em 3 de outubro, de um barco que transportava migrantes africanos – dos quais pelo menos 127 morreram e quase 300 estão desaparecidos – suscitou uma vaga de comoção na Europa e relançou o debate sobre a política de imigração da UE e dos seus Estados-membros, sublinha a imprensa europeia.
 
“Massacre de imigrantes, a Itália está de luto”, diz a manchete do Corriere della Sera. No artigo principal deste diário de Milão, Gian Antonio Stella recorda o grande número de pessoas que se afogaram, desde 1988, a tentar atravessar o Mediterrâneo: pelo menos 19 142, segundo o blogue Fortress Europe. Stella salienta ainda que, pouco antes desta tragédia, o Conselho da Europa acusara a Itália de ser um polo de atração para a imigração, por os seus sistemas de dissuasão serem inadequados, apesar de outras instituições europeias criticarem frequentemente as políticas “de dissuasão”.
 
A mesma Europa, que, todos os dias, quer imiscuir-se nas nossas decisões porque estas dizem respeito a toda a gente, não se mostra ansiosa por partilhar connosco o fardo das fronteiras do Sul. […] As exigências xenófobas da Itália não têm fundamento. Em cada 1000 migrantes, nove refugiam-se na Suécia, sete na Alemanha, 4,5 na Holanda e apenas um em Itália. Contudo, estas vagas humanas não podem ser só um problema italiano. São um problema de todos. […] Bruxelas devia vir a Lampedusa e contar os mortos. Também são os seus mortos.
 
Para o *Spiegel Online, o naufrágio de Lampedusa é “o fracasso da Europa”:
 
Houve sem dúvida cenas atrozes: 500 pessoas a cair de um barco em chamas e muitas delas não sabiam nadar. O que aconteceu em 4 de outubro, ao largo da ilha mediterrânica de Lampedusa faz tremer toda a Europa. […] A pequena ilha sente-se só e não é esta a primeira vez. Foi ali que, desde 1999, desembarcaram mais de 200 mil pessoas provenientes de África e da Ásia, que fugiam à guerra, à fome e à miséria. Calcula-se que entre 10 mil e 20 mil tenham morrido durante a travessia. Desde janeiro de 2013, chegaram a Lampedusa 22 mil refugiados. Esta ilha é um símbolo. Um símbolo da política de imigração europeia.
 
O diário espanhol El País refere que a maioria dos passageiros do barco afundado era oriunda da Somália e da Eritreia e tinha fugido por causa da fome e da guerra. Alguns sobreviventes afirmam que, apesar dos pedidos de socorro, viram passar três embarcações que não alteraram a rota para os ajudar. Para El País, “a crise das pessoas deslocadas abala a Europa”:
 
Mas só quando se verifica um grande naufrágio – e este é um dos maiores de que temos notícia – os olhos se voltam para uma ilha que tem apenas 5000 habitantes e cuja presidente da Câmara [Giusi Nicolini], farta da surdez das autoridades italianas e europeias, enviou em fevereiro uma carta à União Europeia, na qual perguntava: “Que tamanho deverá ter o cemitério da minha ilha?”
 
Sob o título “Lampedusa afunda-se”, o Gazeta Wyborcza salienta que o “estreito da Sicília se tornou o túmulo de africanos que sonhavam com o paraíso europeu”. Este diário polaco propõe uma solução para aliviar a pressão sobre a Itália e a Grécia, também inundada por imigrantes: encaminhá-los rapidamente para centros de outros países da UE, onde os seus pedidos poderiam ser analisados. Contudo, quando uma proposta desse tipo foi recentemente apresentada em Bruxelas, os países não mediterrânicos, entre os quais a Polónia, “não quiseram sequer ouvir falar no assunto”. O Gazeta conclui que nós, europeus, não fazemos o suficiente para impedir estas tragédias. […] Nem os italianos, nem os outros europeus querem imigrantes ilegais, sem educação e pobres. Tornar mais eficiente o sistema de vigilância do Mediterrâneo, supervisionado por Bruxelas, para evitar que se afoguem pessoas é uma tarefa árdua.
 
No Volkskrant, a cronista Sheila Sitalsing mostra-se indignada com a hipocrisia que reina na Europa. Sheila Sitalsing lamenta que a política de imigração da UE se limite a discutir, desculpabilizar e olhar para o outro lado. Há anos que os países do Sul da Europa se esforçam arduamente para que os seus enormes problemas de imigração sejam incluídos na agenda de Bruxelas, advertindo: “Não podemos continuar a acolhê-los, mas também não podemos deixá-los morrer, nem podemos devolvê-los. Portanto, ajudem-nos”. E os países do Norte respondem: “É preciso repeli-los, seja de que forma for”. Sem dúvida que consideramos abominável a guerra na Síria, que achamos desagradáveis alguns dos acontecimentos que se verificam no continente africano e que apoiamos a primavera árabe. Mas, sobretudo, não queremos que isso seja interpretado como um convite a que as pessoas venham instalar-se em massa em Amesterdão, Paris ou Berlim.
 
“Mais de 100 mortos em tragédia naval ‘às portas da Europa’”, diz a manchete do Guardian. Condenando o facto de, “nos tempos que correm, ser preciso uma tragédia espetacular para os barcos de imigrantes chegarem às primeiras páginas dos jornais”, o jornalista Jack Shenker afirma que existem fortes divisões entre aqueles que pensam que a principal prioridade da Europa deveria ser salvar as vidas dos candidatos à imigração e aqueles que consideram que a prioridade deveria ser o reforço dos controlos de fronteiras.
 
Falta ainda a vontade política, quando se trata de garantir que os imigrantes vulneráveis não caiam entre as fissuras de um conjunto intrincado de políticas de fronteiras e de salvamento e entre jurisdições legais de regiões que se sobrepõem.
 
No seu editorial, o diário português Público tem por título “Lampedusa e a vergonha da Europa”. E prossegue:
 
O Mediterrâneo, mar de civilizações e encontros desde a Antiguidade, tornou-se igual a um campo de extermínio. Nas suas margens, como também em tempos disse o Papa, passou a haver apenas indiferença. Indiferença perante a morte e perante as tragédias que se sucedem. “Não há solução milagrosa”, dizia a ministra dos Estrangeiros italiana, Emma Bonino. Não há milagre. Mas a Europa em crise e com medo que se fecha ao outro deixará de ser a Europa se não entender que a morte no Mediterrâneo é a sua própria morte.
 
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Portugal: O GOVERNO JÁ SÓ ESBRACEJA

 

Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião
 
No argumentário expandido pelo Governo foi insistentemente dito que o regresso aos mercados aconteceria a 23 de setembro de 2013, que as eleições alemãs iriam modificar as políticas europeias e, mais recentemente, tentam convencer-nos da sustentabilidade dos sinais de inversão de ciclo económico. Tudo isto não passa de tábuas imaginárias a que estes nadadores em apuros se tentam agarrar. O Governo esbraceja mas já não nada.
 
O que vamos sabendo, do receituário da troika, é que não há flexibilidade na aplicação do seu programa e que, a existir, essa flexibilidade poderia não significar menos sofrimento para os portugueses. Dos "mercados" não vem alívio, antes pelo contrário, espremer-nos-ão o mais que puderem, inclusive em nome da falta de estabilidade política. Da Alemanha não sopra bom vento e muito menos há sinais de justiça e de solidariedade para com os povos que aquele país tem explorado. Um segundo resgate, ou o que lhe queiram chamar, parece vir a caminho.
 
Neste contexto, qual o significado daquela outra formulação, "o período pós-troika"? Que período será esse em termos de políticas que quererão impor aos portugueses?
 
O chamado novo fôlego do Governo durou pouco. Não é por trocar Gaspar por cópias em material swap que passou a ser possível fazer o que Gaspar acabou por perceber não poder ser feito: resolver com mais pobreza um endividamento galopante.
 
O endividamento crescente, uma estrutura produtiva cada vez mais débil e o empobrecimento tornam claro que a dívida portuguesa é impagável. Esta constatação aprisiona-nos a elevadas taxas de juro dos títulos da dívida.
 
O primeiro-ministro, ao atacar o Tribunal Constitucional e afirmar ser provável a necessidade de um segundo resgate tem objetivos muito concretos: desresponsabilizar-se face à crise económica e social que estamos a viver; justificar as privatizações, os cortes nos serviços públicos e nas prestações sociais que surgirão na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2014; tentar consolidar a ideia de inevitabilidade da continuação da atual estratégia de governação.
 
Estamos às portas de se voltar ao ponto em que estávamos antes do verão, quando o Governo esteve de saída. A evolução da situação do país e das condições de vida dos portugueses, as trapalhadas em que o Governo se envolveu, confirmam quão importante teria sido a demissão deste Governo no fim da primavera.
 
Aí perdeu-se uma oportunidade de convocar os portugueses para decidirem em eleições o rumo e o programa político a adotar. Os defensores das inevitabilidades e da não existência de alternativas querem negar a força do querer de um povo. É preciso abrir de novo essa oportunidade. Precisamos de um governo que faça frente à chantagem dos "mercados" e dos instalados no poder, e gere sinais de esperança no futuro.
 
A abertura de uma oportunidade de mudança tem de ser feita contra a descrença, contra o isolamento e a solidão. Há que lançar mão do diálogo e da convergência entre quem quer contribuir para a mudança, aprofundar propostas políticas alternativas, utilizar o voto e o direito de manifestação. E fazer da discussão do OE um tempo de forte combate político.
 
Amanhã as eleições são autárquicas, mas nem por isso menos consequentes no plano nacional. É preciso votar. Não ceder à tentação da abstenção ou da anulação do voto que acaba por eleger tanto como o voto expresso.
 
Estão convocadas manifestações, pela CGTP-IN, para o dia 19 e pelo movimento Que se Lixe a Troika para o dia 26 de outubro. É necessário vencer o desânimo, participar e mobilizar para a participação. Fazer grandes as manifestações e transformá-las num autêntico referendo que condene a brutal austeridade e empobrecimento que nos destroem como povo e como país soberano.
 
Temos de arredar do poder um Governo escandalosamente subserviente, um Governo que destrói emprego, o valor do trabalho, os sistemas de educação e saúde, que nos faz regredir da cidadania social para a caridadezinha. Temos de dizer não à ocupação permanente de Portugal.
 

Portugal: PCP diz que "só por masoquismo" se pode considerar a dívida sustentável

 

Jornal de Notícias
 
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou, esta sexta-feira, que "só por masoquismo" é que se pode considerar sustentável a dívida pública portuguesa, e acusou o Governo de estar ao serviço dos banqueiros.
 
"Parafraseando o presidente da República, só por masoquismo é que se pode considerar sustentável uma dívida desta natureza, uma dívida e um serviço da dívida que estão a 130% do PIB", afirmou Jerónimo de Sousa, no debate quinzenal no Parlamento. O presidente da República questionou, na quarta-feira, a razão por que analistas e políticos dizem que a dívida portuguesa não é sustentável, considerando que essa atitude é "masoquismo".
 
Jerónimo de Sousa frisou que um dos objetivos do programa de assistência financeira era baixar a dívida pública, considerando que não foi atingido, e disse que "só os banqueiros" é que avaliaram como "um sucesso" a 8ª e 9ª avaliação do programa.
 
"Acabou por dizer que o povo português vai ter que empobrecer. Quando discutimos a opção entre um banqueiro e um pequeno empresário da restauração, o governo põe-se do lado dos mais fortes", afirmou.
 
O secretário-geral comunista acrescentou que, ao optar pela prioridade à "estabilidade do sistema financeiro", não vai "sobrar nada" para a economia.
 
Na resposta, Passos Coelho defendeu que se achasse que a dívida pública não era sustentável solicitaria uma reestruturação.
 
Dizendo também citar o presidente da República, Passos questionou por que é que "se os credores acham que a dívida é sustentável" não haverá o governo de pensar que será assim também.
 
Passos Coelho rejeitou que a dívida esteja a 130% do PIB, afirmando que "a verdade é que o rácio líquido da dívida é inferior a 120%".
 
"E irá decrescer a partir de 2014 se nós cumprirmos os nossos objetivos", sustentou.
 
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Portugal – Cavaco: O CHARLATÃO MORA EM BELÉM

 

Introdução às cavacadas
 
É prática de qualquer charlatão que se preze dizer e desdizer sobre isto e aquilo ou aqueloutro. Mentir conforme o que considera conveniente para si próprio, para o momento, para o interesse do seu umbigo. Sem que constitua novidade recordamos que sujeito assim mora em Belém. Cavaco Silva de seu baptismo. Dizem que é Presidente da República. Se virmos com a devida atenção toda esta matéria que se segue relativa à dívida de Portugal e as declarações de Cavaco, se a isso juntarmos a prosa de opinião de Fernanda Câncio no Diário de Notícias (onde Cavaco se contradiz), que publicamos em título a seguir, facilmente ficamos a saber que o charlatão Cavaco Silva mora em Belém em acrescento aos charlatães do governo Passos-Portas que Cavaco apadrinha e protege com todas as suas forças e fé na senhora de Fátima dos banqueiros, todos em conluio com os interesses do grande capital, não de Portugal. Vide. (Redação PG –AV)
 
Cavaco Silva afirma que é “masoquismo” dizer que a dívida não é sustentável
 
Público – Lusa, em 02 outubro 2013
 
O Presidente da República questionou nesta quarta-feira a razão por que analistas e políticos dizem que a dívida portuguesa não é sustentável, considerando que essa atitude é "masoquismo".
 
"Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida pública não é sustentável", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas durante uma visita de Estado que está a realizar desde terça-feira à Suécia.
 
Sublinhando que os próprios credores, a Comissão, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Europeu dizem que "é sustentável", Cavaco Silva questionou por que são os próprios portugueses, que são os "devedores", que dizem que não é sustentável. "Só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo", disse.
 
Depois de na terça-feira ter manifestado a sua convicção de que Portugal não precisará de um segundo resgate, Cavaco Silva disse agora ter a ideia de que os parceiros dos portugueses preferem que, se o país "se comportar bem", o problema “seja resolvido no quadro do mecanismo europeu de estabilidade, porque os resgates têm sempre de ir aos parlamentos nacionais, discussões que não são fáceis".
 
Contudo, acrescentou, é necessário chegar ao fim do programa de ajustamento com "um cumprimento que mereça uma classificação positiva".
 
Quanto à oitava e nova avaliações da troika, que estão a decorrer, o chefe de Estado recusou especular sobre o resultado, argumentando que também não conhece qual será o "desenho" do próximo Orçamento do Estado.
 
"Devemos esperar para ver como é que vai ser percorrido um caminho que não será fácil até à aprovação do Orçamento e depois até ao mês de Junho de 2014", disse.
 
Nas declarações que fez aos jornalistas na quarta-feira à noite, Cavaco Silva recuperou ainda a ideia transmitida segunda-feira numa entrevista a um diário sueco de não existir "nenhuma razão histórica" para as obrigações do Estado português atingirem taxas de juro de sete por cento.
 
Salientando que proferiu essa afirmação de alguma forma inspirado pelo que consta no relatório da Standard & Poor’s e na declaração feita pelo ministro das Finanças da Alemanha de que os mercados são às vezes irracionais, o Presidente da República disse que se limitou a repetir a afirmação do governante alemão.
 
"De facto, não vejo nenhuma razão para que as taxas de juro das obrigações do Tesouro português a dez anos se situem ao nível em que se encontram neste momento, apesar de nos últimos dias terem descido", reiterou.
 
Contudo, acrescentou, não é possível saber se a descida da taxa de juro irá continuar.
 
A este propósito, o chefe de Estado voltou a deixar o alerta de que os mercados prestam atenção ao Orçamento do Estado, o documento em que o Governo apresenta a política económica e financeira que vai executar no ano em que termina o programa de ajustamento.
 
Ainda a propósito da situação do país, Cavaco Silva revelou que um dos pontos que insistiu nos contactos durante esta sua visita à Suécia foi a diferença que existe na fixação das metas do défice para Portugal e para a Irlanda.
 
"A meta fixada para Portugal neste ano de 2013 de défice é 5,5%, para a Irlanda é 7,5 por cento. Ou seja, o último ano de execução do programa irlandês. Para o próximo ano, a meta que está a ser sugerida é 4%, a meta fixada para a Irlanda é 5,1%", referiu.
 
Por isso, defendeu, é importante que a ‘troika', assim como a imprensa e os analistas internacionais vejam que a Irlanda "tem um nível de dívida pública que não é inferior a Portugal, que conseguiu um bom resultado em matéria das promissórias bancárias e que tem metas de défice que são superiores a Portugal, apesar de estar no último ano de execução do programa".
 
"Com certeza que existem razões para essa situação, a competitividade das empresas irlandesas, mas não se pode negar é o esforço que Portugal tem vindo a fazer, principalmente em termos estruturais para a redução do défice", acrescentou.
 
Economistas discordam de Cavaco sobre a sustentabilidade da dívida
 
Nuno Ribeiro – Público – 04 outubro 2013
 
Se as palavras do Presidente foram para influenciar a troika para o prolongamento dos prazos e para a redução dos juros, são bem-vindas para os especialistas. Mas a realidade da economia portuguesa é outra.
 
"Só há uma palavra para definir esta atitude, masoquismo", disse na quarta-feira, em Estocolmo, o Presidente da República, referindo-se aos analistas e políticos que afirmam que a dívida portuguesa é insustentável. Os economistas ouvidos pelo PÚBLICO discordam desta visão.
 
Num encontro com os jornalistas que o acompanharam na viagem de três dias à Suécia, o Presidente afirmou: "Surpreende-me que em Portugal existam analistas e até políticos que digam que a dívida pública não é sustentável." Cavaco Silva referiu que os credores - o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia - proclamam que a dívida portuguesa é sustentável. Pelo que Cavaco criticou que os devedores - os portugueses - afirmem o contrário. "Só há uma palavra para definir esta atitude: masoquismo", disse.
 
"É compreensível que o Presidente faça desta declaração, mas falar de masoquismo é completamente despropositado", comentou ao PÚBLICO Paulo Trigo Pereira, catedrático do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). "Afirmar que a dívida portuguesa é sustentável, tal como está neste momento, é um erro", acentuou, por seu lado, o economista Pedro Lains, investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
 
"A sustentabilidade da dívida depende de três variáveis - taxa de crescimento nominal da economia, taxas de juro a que nos financiamos e do saldo orçamental", explica Trigo Pereira. Os cálculos do especialista são claros: "Para se alcançar um rácio da dívida no Produto Interno Bruto razoável (abaixo dos 60%) e estável a partir de 2043, seria preciso que, passados cinco anos de redução do défice, a economia crescesse nos 25 anos seguintes em média 3,6% e que houvesse excedente primário de cerca de 5,5 pontos, assumindo juros a 4,5%." Um cenário que choca com a realidade e com o passado recente: nas últimas duas décadas, o défice primário de Portugal foi de 2,38%, ao arrepio do quadro de qualquer bonança.
 
"As palavras do Presidente são uma declaração política para acalmar os mercados que, no entanto, são indiferentes às declarações, quer sejam do Presidente da República ou dos comentadores", refere o catedrático do ISEG. "Os mercados analisam dados, os estados de alma só afectam marginalmente os mercados", conclui Paulo Trigo Pereira.
 
Compartindo a análise técnica - "formalmente, olhando para os números, um economista tem de dizer que a dívida não é sustentável" -, Pedro Lains encara as palavras de Cavaco Silva como uma intencionada declaração política. "O que tem de ser feito não deve ser chamado de reestruturação da dívida nem o é no sentido de que os credores ficam a perder", disse. "Se as palavras do Presidente são para influenciar junto da troika para o prolongamento dos prazose a redução dos juros, são bem-vindas", sublinha.
 
Aliás, em três discursos de Ano Novo (ver caixa), Cavaco Silva referiu-se à progressão da dívida. Em 2009, na época do Governo de José Sócrates, referiu-se, mesmo, ao "crescimento explosivo da dívida externa".
 

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