terça-feira, 11 de setembro de 2012

ACORDA E REAGE, PORTUGAL!

 


Tiago Mesquita – Expresso, opinião, em Blogues
 
Não sei se é hoje, amanhã ou depois. Não sei se vai ser no dia 15 deste ou do mês que se segue. Não faço ideia se será desta ou daquela forma. Mas sei, sinto, que é inevitável. Mais, é fundamental e historicamente necessário. Sei que vão ser os portugueses a escolhê-lo, fazer deste dia uma data para sempre. Fartos, exaustos que estão de esperar, confiando, acatando, acreditando e finalmente sendo traídos um sem número de vezes.
 
Mas a verdade é que este dia não chega por si nem é carregado em ombros por quem nos mente descaradamente para conseguir o imediato, continuando depois a mentir para garantir o próprio futuro e do protetorado. O dia, esse dia, somos nós e a nossa revolta. Gosto de pensar que os dias são o que fazemos deles e não o contrário. Será o nosso dia, não deles. O Portugal de sonho de que nos falam ao ouvido e de mansinho, o vosso Portugal de sonho, aquele que nos vendem eleição atrás de eleição, tem sido o nosso pesadelo. É isto que temos. Um país desacreditado, socialmente empobrecido e tecnicamente falido.

No dia em que a sociedade civil tomar conta do país, no dia em que os melhores, mais qualificados, prodigiosos e competentes tenham o atrevimento de se dedicarem de corpo e alma à causa pública sem contrapartidas paranormais, no dia em que deixarmos de alimentar gerações e gerações de 'jotinhas', muitos deles incompetentes, incultos, mal formados, licenciados à pressa e sem vergonha com tão fácil acesso ao poder nesta jovem e inexperiente democracia (transformando-se este pequeno ninho num enorme vespeiro que caracteriza parte da classe política, a que nos suga e que delapida o país sem vergonha ou pesar em beneficio sempre, mas sempre dos mesmos, das mesmas famílias, empresas, bancos e interesses) talvez nesse dia distante e improvável Portugal consiga voltar a sonhar. Voltar a ser um país livre. Até lá estamos nas mãos deles. Gosto de pensar que um dia vão estar eles nas nossas.

"Amigo" Pedro. No meio da ladainha - aquela espécie de mensagem paternalista que decidiu escrever à nação via Facebook - disse uma coisa acertada, que passo a transcrever: "esta história não acaba assim". Estamos de acordo. Agora acredite, não vai ser o senhor a escrever o ponto final nesta história. O senhor é apenas mais uma vírgula errática entre muitas vírgulas tortas de um longo e sinuoso texto. O final vamos nós escrevê-lo, um dia destes.
 

Portugal: MILHARES COMPROMETEM-SE A IR À MANIFESTAÇÃO ANTITROIKA

 

Alexandre Costa - Expresso
 
Mesmo antes do anúncio aguardado para esta tarde de mais medidas de austeridade, mais de 22 mil pessoas já manifestaram no Facebook a intenção de participar nos protestos de sábado.
 
As medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, na sexta-feira, fizeram crescer rapidamente o número de pessoas que manifestaram no Facebook a intenção de participar nos protestos "Que se lixe a troika - Queremos as nossas vidas" marcados para sábado em Lisboa, Porto e outros pontos do país.
 
Ao longo do fim-de-semana as intenções de participação chegaram ao 14 mil e na manhã de terça feira já superam as 22 mil.
 
Mesmo antes das novas medidas de austeridade que devem ser anunciadas que esta tarde pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a adesão ao protesto na sua página do Facebook já é superior à registada antes das manifestações da Geração à Rasca.
 
Organizadas de forma autónoma e independente por quatro jovens que utilizaram o Facebook para uma iniciativa de descontentamento de uma "geração de desempregados, trabalhadores sub-contratados e estagiários", as manifestações de 12 de Março de 2011 juntaram centenas de milhares de pessoas.
 
Manifestações geradas fora das estruturas partidárias
 
Tal como as manifestações da "Geração à Rasca", os protestos do próximo sábado estão a ser gerados fora das estruturas tradicionais como os partidos políticos ou os sindicatos, agora com uma maior consciencialização do potencial do Facebook como plataforma agregadora de iniciativas de activismo político.
 
O protesto antitroika é convocado em nome da mobilização e da união das vozes dos cidadãos contra a "perda de soberania" e o "saque" aplicado dentro de um pacote de "medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e desigualdades sociais".
 
"Este é um apelo de um grupo de cidadãos e cidadãs de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos. Dirigimo-nos a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias que concordem com as bases deste apelo para que se juntem na rua no dia 15 de setembro", refere o manifesto subscrito por diversas personalidades da área da Cultura como o músico António Pinho Vargas, a escritora Margarida Vale de Gato e a atriz São José Lapa.
 
As manifestações antitroika estão marcadas para sábado às 17h. Em Lisboa, a concentração terá lugar na Praça José Fontana e no Porto na Avenida dos Aliados. Braga, Funchal, Guarda, Coimbra, Loulé, Faro, Vila Real, Covilhã e Portimão são outras cidades onde o protesto irá também ter lugar.
 

Portugal: CGTP prepara «grande jornada de luta» contra austeridade

 

TSF, com foto
 
A CGTP anunciou que a central sindical vai preparar uma grande jornada de luta contra a austeridade. O líder da central sindical revelou ainda, a par da UGT, que quer ouvir o Presidente da República
 
O secretário-geral da CGTP admitiu que a convocação de uma greve geral está em cima da mesa e que é uma hipótese que será discutida e apresentada esta quarta-feira, após a reunião extraordinária do Conselho Nacional da CGTP.
 
Arménio Carlos sublinhou que a intersindial está a preparar uma «grande jornada de luta», porque a política do Governo assim o justifica.
 
Questionado sobre a greve geral em conjunto com a UGT, Arménio Carlos preferiu não comentar, referindo, no entanto, que a CGTP conta com todos os que quiserem estar «disponíveis para a luta» e que continua a defender «a unidade na ação».
 
Sobre a conferência de imprensa do Ministro das Finanças, relativa ao ao 5º exame regular do Programa de Assistência Económica e Financeira, o secretário geral da CGTP criticou o anúncio feito por Vitor Gaspar, uma vez que, considerou Arménio Carlos, o Governo continua a «fazer cócegas ao capital» e, ao mesmo tempo, continua a dar «com o pau nas costas dos trabalhadores e pensionistas, assim como nos desempregados», referindo-se ao anúncio da tributação das mais-valias e dividendos.
 
O responsável considerou que as medidas anunciadas nos últimos dias representam «insensibilidade social» e o «reconhecimento implícito do fracasso da poítica de direita».
 
Arménio Carlos já confirmou que vai solicitar reuniões com Cavaco Silva e com os partidos com assento parlamentar, e acrescenta que, caso as medidas apresentadas nos últimos dias façam parte do Orçamento do Estado, o Presidente da República deve opôr-se ao documento.
 

Portugal - Jerónimo de Sousa: GOVERNO FAZ "CÓCEGAS" AO CAPITAL

 

Público – Lusa
 
O secretário-geral comunista alertou hoje que a redução dos escalões do IRS pode vir a “rapar” mais salários e defendeu que as medidas anunciadas para o capital são “cócegas” quando comparadas com as aplicadas aos trabalhadores.
 
“Eu diria que, passo a expressão, faz umas cócegas, aplica uns trocos de tributação ao capital, comparado com aquilo que estão e querem roubar aos trabalhadores, seja da administração pública seja do sector privado”, afirmou à Lusa Jerónimo de Sousa.

O líder comunista reagia às medidas anunciadas pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, considerando que “em relação ao défice há uma pequena flexibilidade de prazos, em relação ao capital, às grandes fortunas, há uma ausência de taxação fundamentalmente dos lucros do capital, aos grandes grupos económicos”.

“Na declaração do ministro, há um elemento fundamental que demonstra e caracteriza bem os objectivos deste Governo, que são as alterações e redução dos escalões do IRS, em termos dos pagamentos médios”, defendeu.

Jerónimo de Sousa disse querer “alertar os portugueses, particularmente os trabalhadores, para esta redução dos escalões”, avançando a hipótese de o Governo poder vir a “rapar mais nos salários, seja dos trabalhadores da administração pública, seja nos trabalhadores do sector privado”.

“A ver vamos, mas há claramente o indício. Não vão ficar por aqui em relação ao que Passos Coelho anunciou e esta questão da alteração dos escalões do IRS vai ser mais um golpe profundo nos salários dos trabalhadores portugueses”, afirmou.
 

Guiné-Bissau: A SAÚDE ANDA DOENTE, ULTRAPASSAR A CRISE, HAJA LUZ

 


Greve na Saúde desconvocada
 
11 de Setembro de 2012, 16:40
 
Bissau, 11 set (Lusa) - A greve no setor da saúde da Guiné-Bissau que decorria há cinco dias foi hoje desconvocada, depois de o governo de transição e os sindicatos terem chegado a acordo, disse à Lusa fonte sindical.
 
Domingos Sami, presidente do Sindicato de Técnicos de Saúde (STS), disse à Lusa que o fim da greve decorreu de uma reunião realizada na manhã de hoje, na qual o governo se comprometeu a pagar as dívidas ao setor.
 
Na segunda-feira o sindicalista já tinha anunciado que, caso o governo não respondesse às reivindicações, os sindicatos iriam apresentar novo pré-aviso de greve, depois de terminado o primeiro período, de sete dias. A greve foi convocada pelo STS e pelo Sindicato dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA).
 
Os sindicatos exigiam o pagamento de uma dívida ao setor de 349 milhões de francos CFA (532 mil euros). Domingos Sami disse à Lusa que desse montante apenas resta pagar 98 milhões e que o Governo se comprometeu a pagar o restante.
 
Governo e sindicatos, acrescentou, assinaram também um memorando para discutir através de uma comissão a revisão de carreiras e subsídios como o de vela, de isolamento (técnicos colocados em localidades recônditas) e de risco, bem como de novos ingressos e pessoal contratado.
 
Em agosto passado os dois sindicatos haviam convocado uma greve de 11 dias, mas volvidos quatro dias da paralisação levantaram-na mediante o compromisso do governo de transição em como as reivindicações dos sindicatos seriam atendidas num calendário acordado entre as duas partes.
 
Com o acordo hoje alcançado, a greve, frisou Domingos Sami, é levantada a partir de hoje, assim que seja divulgado um comunicado nesse sentido.
 
FP.
 
Pequeno partido pede intervenção do Presidente de transição para ultrapassar crise
 
11 de Setembro de 2012, 18:44
 
Bissau, 11 set (Lusa) - A União para a Mudança (UM), pequeno partido da Guiné-Bissau, pediu hoje ao Presidente de transição para que promova um encontro entre as duas maiores forças partidárias para ultrapassar a crise no país.
 
Agnelo Regalla, líder da UM, sem representação parlamentar, disse aos jornalistas após mais de uma hora de audiência com Serifo Nhamadjo que a busca de soluções para o impasse que o país vive "é urgente" e passa por entendimentos, e concessões, entre políticos, sociedade civil e sociedade castrense.
 
"Pensamos que há esforços que têm estado a ser envidados no sentido da busca de melhores soluções", disse Agnelo Regalla, defendendo que o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) deve assinar o Pacto de Transição e o Acordo Político, documentos assinados pelos militares e por partidos que se encontravam na oposição mas não pelo maioritário até ao golpe de Estado de 12 de abril passado.
 
"Penso que isso virá a acontecer", disse o responsável, que defendeu uma negociação entre PAIGC e PRS (Partido da Renovação Social) para que haja eleições para a mesa da Assembleia Nacional Popular e que assim um "parlamento funcional possa legitimar o governo e um novo primeiro-ministro, que pode inclusive ser o atual, e um governo inclusivo, com o PAIGC a fazer parte".
 
No documento hoje entregue ao Presidente de transição e a que a Lusa teve acesso, a UM afirma-se "consciente" de que as eleições não se podem realizar no prazo definido e, que por isso, "na base de um consenso, seja dilatado mais seis meses, isto é, até novembro de 2013".
 
De acordo com o documento, é inegável "a crescente onda de crise que o país atravessa", exemplificada nos resultados da campanha de comercialização de caju (o principal produto do país) e na não exportação, até agora, "de 65 mil toneladas desse produto estratégico".
 
Pelo estado de "asfixia do país", é "urgente agir de forma patriótica e pragmática" para retirar a Guiné-Bissau desta situação, "deixando para mais tarde os jogos político-partidários e os interesses individuais ou de grupo", diz o documento.
 
A Guiné-Bissau atravessa um período de crise na sequência do golpe de Estado de 12 de abril, quando militares afastaram os governantes eleitos.
 
Desde então, PAIGC e PRS não se entenderam quanto ao funcionamento da Assembleia Nacional Popular. O governo de transição entretanto criado não é reconhecido pela maioria da comunidade internacional.
 
FP.
 
Capital terá luz sem interrupções até fim do ano, promete empresa de distribuição
 
11 de Setembro de 2012, 19:17
 
Bissau, 11 set (Lusa) - A direção da EAGB (Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau) prometeu hoje que até ao fim do ano haverá energia elétrica sem interrupções na capital do país, e eletricidade em breve nas vilas vizinhas de Safim e Quinhamel.
 
Serifo Baldé, presidente do Conselho de Administração da empresa, disse que está a ser preparada a entrada em funcionamento de um novo grupo de geradores, movidos a 'fuel', e que a EAGB está a analisar parcerias para concessionar a privados algumas áreas para efeitos de fornecimento de energia elétrica.
 
"Já estamos a receber lamentações das mulheres vendedeiras de gelo, que nos têm dito que os seus produtos já não têm procura, devido ao fornecimento regular da luz por parte da EAGB nos últimos tempos", explicou Serifo Baldé, numa entrevista à Agência de Notícias da Guiné-Bissau (ANGB).
 
Na entrevista, o responsável disse que "todos os trabalhadores da EAGB se uniram num único objetivo de garantir a luz elétrica aos seus clientes" e que a introdução de contadores pré-pagos vai permitir à empresa recuperar custos.
 
"A EAGB tem uma avultada soma em dívida por parte dos seus clientes. As pessoas não têm cultura de pagar a luz mas sim de consumo", lamentou, acrescentando que a direção da empresa pretende baixar os preços da energia.
 
A Guiné-Bissau tem uma falta crónica de fornecimento de energia e mesmo na capital tem sido normal os particulares recorrerem ao uso de geradores.
 
No último mês no entanto a situação melhorou, com a EAGB a fornecer energia quase sem interrupções a particulares na capital, embora continue sem fornecer energia para a iluminação pública nas poucas ruas onde existe.
 
FP.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Cabo Verde: MILHÕES PARA PORTOS, MELHORIAS NO FOGO, DESIGUALDADE DE GÉNEROS

 


Governo investe 226 milhões de euros em portos
 
11 de Setembro de 2012, 19:07
 
Porto Novo, Cabo Verde, 11 set (Lusa) - Os investimentos já realizados e em curso em Cabo Verde no setor portuário ultrapassam os 25 milhões de contos (226 milhões de euros), disse hoje o presidente do Conselho da Administração da Empresa Nacional de Portos (ENAPOR).
 
Citado pela Inforpress, à margem da inauguração da primeira fase das obras de expansão e modernização do porto de Porto Novo, em Santo Antão, Franklin Spencer explicou que os investimentos realizados beneficiaram já sete portos nacionais, estando previstas ainda intervenções nos portos do Tarrafal (São Nicolau) e do Maio.
 
As obras do novo porto do Porto Novo - o velho foi construído em 1960 - ascenderam a quase três milhões de contos (cerca de 27 milhões de euros), permitindo valorizar Santo Antão como ilha turística e como centro de produção agrícola.
 
O novo porto, cujas obras começaram em 2010, consiste em três cais, tendo o primeiro, de longo curso, 136 metros de cumprimento e rampa 'roll on/roll off'. O segundo cais, de 118 metros de cumprimento, é polivalente, dispondo também de rampa 'roll on/roll off', enquanto o terceiro, de 46 metros, vai apoiar a pesca.
 
O porto possui ainda uma moderna gare marítima, com capacidade, segundo Franklin Spencer, para receber empresas que prestam serviços inerentes à cadeia de logística dos transportes marítimos nacionais e internacionais.
 
Trata-se de uma infraestrutura concebida atendendo à procura da ilha como destino turístico, sobretudo no segmento de cruzeiros, disse o presidente da ENAPOR, lembrando que Santo Antão tem sido, nos últimos anos, alvo de "uma procura crescente" de cruzeiros, que deverá crescer ainda mais em 2013.
 
A nova infraestrutura foi elogiada pela presidente da Câmara local, Rosa Rocha, que defendeu, porém, que Santo Antão necessita também de um aeroporto para que as áreas do turismo e do comércio se desenvolvam.
 
"O porto não substitui o aeroporto, que nos permitirá aproximar da capital de Cabo Verde e do mundo", sublinhou Rosa Rocha.
 
O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, assegurou que o Governo está a mobilizar recursos para a construção do aeroporto, salientando que os estudos estão já em curso
 
Já no âmbito da cooperação portuguesa, o desenvolvimento de Santo Antão está a beneficiar ainda de outros projetos, como a barragem de Garça, na Ribeira Grande, que trará grandes benefícios para a agricultura, e os de habitação social, financiados através do Programa Casa para Todos.
 
JSD.
 
Universidade Nova de Lisboa apoia requalificação de povoados no Fogo
 
11 de Setembro de 2012, 19:54
 
São Filipe, Cabo Verde, 11 set (Lusa) - O plano detalhado de requalificação dos povoados de Portela e Bangaeira (Chã das Caldeiras - ilha do Fogo) vai ser elaborado com assistência técnica de uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL).
 
Numa nota à imprensa, o Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território (MAHOT) de Cabo Verde adianta que está desde sábado uma equipa da FCT/UNL a trabalhar, ao longo de uma semana, com dois técnicos dos Gabinetes Técnico e Social do Município de Santa Catarina do Fogo.
 
Os trabalhos surgem na sequência de um protocolo de cooperação assinado em 2011 entre o Ministério cabo-verdiano e a universidade portuguesa, que visa apoiar tecnicamente a elaboração de planos de requalificação de bairros espontâneos e na interligação com programas de requalificação urbana e a consolidação dos núcleos rurais.
 
A experiência piloto, refere-se no documento, inicia-se com a elaboração dos planos detalhados de Chã das Caldeiras (Santa Catarina do Fogo), o planalto onde se situam os dois vulcões da ilha, e do plano de requalificação urbana para João Teves (São Lourenço dos Órgãos, ilha de Santiago).
 
O plano detalhado de Chã das Caldeiras terá em conta que se trata de um núcleo populacional rural com riscos naturais derivados de um vulcão ativo, realça o MAHOT.
 
Além de elaboração do plano detalhado, a equipa portuguesa ministra uma ação de formação teórica e prática de curta duração para os técnicos do município.
 
A elaboração do plano detalhado de requalificação, conjugada com o património natural (o vulcão e a cratera) de Chã das Caldeiras, vai criar "condições ideais" para propor o reconhecimento do Pico do Fogo como património mundial.
 
O plano urbanístico, explicou, vai ainda determinar os sítios onde devem ser feitas construções e como devem ser feitas, além de sensibilizar as pessoas para respeitarem o ambiente para que Chã das Caldeiras continue a atrair turistas sem perder a sua característica agrícola e pecuária.
 
JSD.
 
Estudo indica desvantagem das mulheres apesar da igualdade prevista na lei
 
11 de Setembro de 2012, 20:25
 
Cidade da Praia, 11 set (Lusa) - Um estudo divulgado hoje revela que existem diversas áreas nas quais as mulheres de Cabo Verde estão em situação de desvantagem em comparação com os homens, embora desfrutem de plena igualdade de género perante a lei.
 
O estudo "Quem Beneficia com a Liberalização do Comércio em Cabo Verde? Uma Perspetiva de Género" foi divulgado na Cidade da Praia e elaborado por uma equipa especializada da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), em colaboração com o Governo cabo-verdiano.
 
Apesar dos "avanços significativos" na participação feminina em atividades educacionais e políticas, Cabo Verde enfrenta "desafios derivados de costumes socioculturais arraigados", que se manifestam numa "estrutura de poder desigual entre os sexos", lê-se nas conclusões.
 
A pesquisa concluiu que persistem as disparidades em rendimentos e oportunidades de inclusão económica, salientando que não é dada suficiente atenção às especialidades de género, quer no planeamento político quer nos instrumentos de acompanhamento e avaliação existentes.
 
Nos efeitos distributivos, segundo uma perspetiva de género e de localização, o estudo mostra que as remessas dos emigrantes são mais importantes para os agregados familiares chefiados por mulheres do que para os liderados por homens.
 
Segundo o documento, as conclusões são de "importância capital", pois deixam à mostra os efeitos menos patentes da trajetória ascendente dos preços alimentares dentro da sociedade, e ajudam a melhor definir e sintonizar as políticas para um "desenvolvimento social inclusivo".
 
As conclusões do estudo apontam, igualmente, para a necessidade de preservar e promover a capacidade doméstica na produção de alimentos básicos, de modo a atenuar a exposição de Cabo Verde à acentuada volatilidade dos mercados internacionais.
 
A nível do turismo, o estudo mostrou que a expansão do setor do comércio em maior escala como a dos hotéis e restaurantes teria um efeito positivo nos rendimentos dos agregados familiares chefiados por mulheres.
 
Com este estudo pretende-se "trazer à luz" os efeitos diferenciados das políticas comerciais sobre homens e mulheres em Cabo Verde, sobretudo no que diz respeito às políticas voltadas para a liberalização e facilitação do comércio, explicou a Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Petra Lantz.
 
Este trabalho é parte integrante de uma série de estudos de caso em desenvolvimento, em curso, feitos pela organização em seis países: Angola, Butão, Cabo Verde, Lesoto, Ruanda e Uruguai.
 
JSD.

*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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Portugal: REGRESSO AO PASSADO, O NOME DELE É OLIVEIRA SALAZAR

 


Medidas de austeridade apresentadas há dias por Passos Coelho estão agora mais definidas e quantificadas após as declarações públicas do ministro das finanças Gaspar. Os portugueses vão ter de pagar ainda muito mais os desvarios de políticos corruptos e incompetentes que têm desprezado os interesses de Portugal e da sua população. É disso que trata o compacto de notícias que extraímos da TSF Rádio Notícias e que segue a esta introdução.
 
Julgamos ser pertinente fazer um simples reparo à atitude do péssimo secretário geral do Partido Socialista, António José Seguro, que em vez de primeiro fazer as devidas declarações dirigidas aos portugueses sobre a atual situação política, enquanto líder da oposição, opta por inverter a soberania do povo português que o elege por troca com uma audiência com um presidente da República eleitoralmente pouco representativo e agente de sustenção do atual governo e das suas práticas de miserabilizar o país e os portugueses, tal qual Salazar o fez. Passos Coelho, cada vez mais uma reencarnação de Salazar. (PG)
 
Seguro pede reunião de urgência a Cavaco
 
Publicado hoje às 16:45
 
O secretário-geral do PS pediu uma reunião de urgência ao Presidente da República, Cavaco Silva, na sequência das medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
 
A informação do pedido de audiência de António José Seguro foi avançada por fonte oficial do PS, após a conferência de imprensa do ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar.
 
'Troika' dá mais tempo mas não mais dinheiro
 
Publicado hoje às 15:13
 
O ministro das Finanças acaba de revelar que a 'troika' aceitou adiar para 2014 o limite do défice de 3%. A 'troika' admite défice de 5% no final de 2012, 4,5% em 2013 e 2,5% em 2014.
 
Portugal tem assim mais um ano para fazer o défice ficar abaixo dos 3%.
 
O ministro das Finanças anunciou hoje que o Governo acordou com a 'troika' a revisão das metas para o défice das contas públicas, permitindo o adiamento por um ano do cumprimento do limite de 3 por cento.
 
«Foi acordada a revisão dos limites quantitativos para o défice e dívida", afirmou Vitor Gaspar, sublinhando que, assim, o limite para o défice das contas públicas passa a ser de 5 por cento este ano, 4,5 por cento em 2013 e 2,5 por cento em 2014».
 
O Estado só vai ter de reduzir o défice para menos de três por cento em 2014, após acordar com a 'troika' um adiamento das metas estipuladas, mas esta mudança "não implica qualquer alteração no pacote financeiro do programa».
 
O governante, que apresentava os resultados da quinta avaliação do programa de assistência económica e financeira, garantiu no entanto que esta mudança «não implica qualquer alteração no pacote financeiro do programa».
 
O ministro disse ainda que «o adiamento por um ano do limite do défice de três por cento para o défice público» já estava "previsto no procedimento europeu que visa evitar défices orçamentais excessivos.
 
As metas anteriores acordadas com a 'troika' previam que o défice orçamental este ano não pudesse ser superior a 4,5 por cento do PIB, mas as contas derraparam, e o adiamento chega mesmo ao próximo ano, altura em que Portugal teria de ter um défice limite de 3 por cento.
 
Cortes nas pensões, mudanças no IRS
 
Publicado hoje às 16:52
 
A pensões vão sofrer no próximo ano um corte entre 3,5 e 10 por cento, acima dos 1.500 euros. Já a redução dos escalões de IRS está associada um «aumento das taxas médias efetivas de imposto»
 
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que falava durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados da quinta avaliação do programa da 'troika', adiantou que os pensionistas iriam sofrer um corte, mas não deu detalhes.
 
Luís Morais Sarmento, secretário de Estado do Orçamento, adiantou então que estes cortes serão feitos em semelhança ao que acontece já nos vencimentos dos funcionários públicos, que sofrem cortes salariais sempre que o seu rendimento bruto seja superior a 1.500 euros, que podem atingir os 10 por cento.
 
Esta medida, explicou o governante, estava prevista no memorando inicial mas «não foi aplicada porque se previu nessa altura a redução do décimo terceiro e décimo quarto meses», avançando agora em cumprimento do inicialmente acordado.
 
No entanto, esta medida já havia sido incluída no chamado PEC IV, o último programa de medidas apresentado pelo Governo de José Sócrates, na altura pelo então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
 
O PEC IV foi chumbado no Parlamento, embora de forma não formal mas sim na forma de uma moção de rejeição (já que o documento não tinha de ser votado) por todos os partidos, levando ao pedido de demissão de José Sócrates e consequentes eleições, e pedido de ajuda.
 
O ministro das Finanças anunciou também que à redução dos escalões de IRS está associada um «aumento das taxas médias efetivas de imposto», com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais a adiar detalhes para a apresentação do Orçamento.
 
Mais medidas: rendimentos de capital taxados a 26,5%
 
Publicado hoje às 15:33
 
Uma das «medidas adicionais» anunciadas hoje por Vítor Gaspar é a tributação dos imóveis de luxo. Os rendimentos de capital passam a ser taxados a 26,5%
 
O governo esclareceu que os imóveis com um valor igual ou superior a um milhão de euros serão tributados de forma especial, através do imposto de selo, já em 2012 e também em 2013.
 
Para cumprir o défice de 2013 (4,5% do PIB) vai ser necessário um esforço adicional de 4,9 mil milhões de euros, revelou o ministro das Finanças. Para o garantir, entre outras medidas, o governo promete também reduzir as transferências anuais do Estado para as Fundações, bem como extinguir algumas delas.
 
Os accionistas de empresas também vão conhecer austeridade. O imposto sobre rendimentos de capital vai subir para os 26,5%
 
Ainda para as classes economicamente mais favorecidas, quem tiver carros de luxo, aviões e barcos vai sofrer um agravamento tributário. Também as transferências para os paraísos fiscais vão ser tributadas de forma «mais severa».
 
O ministro confirmou ainda uma «redução significativa» do número de escalões de IRS.
 
«Até ao final do ano iremos proceder a medidas adicionais, nomeadamente o aumento da tributação de imóveis de elevado valor e sobre os rendimentos de capital. Este esforço adicional é necessário para cumprir o limite agora revisto de 5 por centpo do PIB [do défice orçamental] em 2012», anunciou Vítor Gaspar na conferência de apresentação dos resultados da quinta avaliação do programa da 'troika'.
 
«Para além das medidas já previstas no programa foi necessário considerar medidas adicionais para adaptar o processo de consolidação aos acontecimentos recentes», adiantou, lembrando poupanças alcançados com juros da dívida (410 milhões de euros) e as cativações com despesas com pessoal, que nesta altura ainda têm cerca de 235 milhões de euros.
 
TSU dos independentes passa de 29,6% para 31,7%
 
Publicado hoje às 16:28
 
A contribuição dos trabalhadores independentes evoluirá dos 29,6 por cento para os 31,7 por cento, revelou Vítor Gaspar, para quem o aumento da taxa social única para 18% vai criar mais emprego
 
A taxa de contribuição dos trabalhadores independentes evoluirá dos 29,6 por cento para os 31,7 por cento. «Serão todos chamados a contribuir», disse o ministro.
 
Sobre se o aumento da TSU foi moeda de troca negociada com a troika, Gaspar respondeu: «penso que não se pode falar em moeda de troca. É uma medida reversível embora não seja desejável que o seja. Esta é uma medida emblemática de grande importância»
 
O ministro explicou ainda que «Não é uma medida temporária, mas também não é irreversível e poderá ser alterada no futuro. Esta medida tem efeitos favoráveis sobre o emprego, o desemprego, o investimento e as exportações e responde ao problema mais urgente da sociedade portuguesa»
 

Portugal: Futuro líder da UGT defende denuncia do acordo de concertação

 

RRA - Lusa
 
Lisboa, 11 set (Lusa) - O futuro secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considera que a central sindical deve denunciar o acordo de concertação social de janeiro tendo em conta as medidas de austeridade que estão a ser impostas aos trabalhadores.
 
"A UGT deve dizer ao Governo que os acordos de concertação social acabaram e o acordo tripartido assinado em janeiro deve ser renunciado", disse Carlos Silva em entrevista à agência Lusa.
 
O candidato a líder da UGT garantiu que iria defender esta posição na reunião de hoje do Secretariado Nacional da UGT, em que vai ser aprovada a proposta de política de rendimentos para 2013.
 
"A UGT tem autoridade moral para dizer ao Governo que não está disponível para aceitar a imposição de mais sacrifícios aos portugueses porque assinou um acordo, porque tinha consciência que esse acordo era importante para que os credores do país sentissem que havia estabilidade social no país, apesar de saber que implicava perdas para os trabalhadores", disse o sindicalista.
 
Carlos Silva considerou que as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo "são gravosas para os trabalhadores e pensionistas" e "não vão criar mais emprego".
 
"É inadmissível que se vá ao encontro da vontade da Alemanha e da ‘troika’, reduzindo a Taxa Social Única [TSU] para as empresa e aumentando-a para os trabalhadores", disse.
 
"Isto não cabe na cabeça de ninguém, não é aceitável que sejam sempre os trabalhadores a pagar a crise, só falta fazer um peditório nacional aos trabalhadores e dá-lo às empresas", acrescentou.
 
O primeiro-ministro anunciou na sexta-feira que os pensionistas continuarão sem subsídios de Natal e de férias e que os funcionários públicos continuarão com um dos subsídios suspenso enquanto o outro será reposto de forma diluída nos 12 salários, apenas para ser retirado de novo através do aumento da contribuição para a Segurança Social de 11 para 18 por cento.
 
Os trabalhadores do setor privado perderão, na prática, um subsídio através do aumento da contribuição para a Segurança Social, que nas contas do Governo corresponde ao equivalente a um dos subsídios.
 
O futuro líder da UGT, Carlos Silva, tem 50 anos, foi dirigente do Sindicato dos Bancários do sul e Ilhas entre 1997 e 2000 e depois integrou a direção do Sindicato do Centro, tendo sido eleito para seu presidente em 2007. Preside também à UGT/Coimbra e é membro da Comissão Nacional do PS.
 
O próximo congresso da UGT vai realizar-se a 06 e 07 de abril do próximo ano e vai eleger o novo secretário-geral, concretizando a anunciada saída de João Proença da liderança, por uma questão estatutária pois já ultrapassou o número de mandatos possíveis.
 

Brasil: 25 ANOS DO DESASTRE RADIOATIVO DE GOIÂNIA

 

Heitor Scalambrini CostaDebates Culturais
 
O fenômeno da radioatividade descoberto pelo físico francês Henri Becquerel em 1896, mostrou que o núcleo de um átomo muito energético tende a se estabilizar, emitindo o excesso de energia na forma de partículas e ondas. As radiações emitidas por esses núcleos chamadas de partículas, alfa e beta (pouco penetrantes) possuem massa, carga elétrica e velocidade. Os raios gama são os mais perigosos por serem mais penetrantes (energéticos), e de efeitos extremamente nocivos para a vida, são emitidos na forma de ondas eletromagnéticas, não possuem massa, e se propagam com a velocidade de 300.000 km/s.
 
Portanto, quando temos a presença indesejável de um material radioativo em local onde não deveria estar, existe assim a contaminação radioativa que gera irradiações. Para descontaminar um local, retira-se o material contaminante. Sem o contaminante o lugar não apresentará irradiação, nem ficará radioativo, irradiação não contamina, mas contaminação irradia.
 
Feito este preâmbulo, relembremos o ocorrido há 25 anos, naquele 13 de setembro de 1987, no município de Goiânia (GO), considerado o maior acidente radiológico do mundo. Um aparelho de radioterapia contendo o material radioativo césio-137 (produzido em reatores nucleares) encontrava-se abandonado no prédio do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), instituto privado, no centro de Goiânia, desativado há cerca de dois anos (isto mesmo, havia dois anos que o equipamento estava abandonado no local). Dois homens, Roberto e Wagner, à procura de sucata, entraram no prédio do Instituto sem nenhuma dificuldade, pois o mesmo se encontrava em escombros, sem portas e nem janelas, e levaram o aparelho até Devair, dono de um ferro-velho. Durante a desmontagem do aparelho, foram expostos ao ambiente 19 g de cloreto de césio-137 (CsCl), pó semelhante ao sal de cozinha. O encontrado não era exatamente na forma de pó, mais parecia como uma pasta, de cor acinzentada, e virava pó quando friccionado. Mas o que chamava muita atenção é que no escuro, brilhava intensamente com uma coloração azulada. Encantado com o brilho do material, Devair, passou a mostrá-lo e até distribuí-lo a amigos e familiares, inclusive para os irmãos Odesson e Ivo, que levou um pouco de césio para sua filha, Leide (foto no original).
 
Expostas ao material radioativo, às pessoas começaram a desenvolver sintomas da contaminação (tonturas, náuseas, vômitos e diarréia), algumas após horas de exposição e outras após alguns dias, levando-as a procurarem farmácias e hospitais. Foram medicadas como portadoras de uma doença contagiosa. Os sintomas só foram caracterizados como contaminação radioativa em 29 de setembro, depois que esposa do dono do ferro-velho Maria Gabriela, levou parte do aparelho desmontado até a sede da Vigilância Sanitária. No dia 23 de outubro daquele ano morria Maria Gabriela, esposa de Devair e sua sobrinha Leide. Devair, juntamente com outras 15 pessoas, foram encaminhadas para tratamento de descontaminação no Hospital Naval Marcílio Dias no Rio de Janeiro, vindo a falecer em 1994. Nestes 25 anos seis pessoas da mesma família Alves Ferreira vieram a óbito.
 
Para a verdade dos fatos, é necessário deixar registrado que o governo na época não sabia ainda o que estava acontecendo. Até que no dia 29 de setembro, um dia após Maria Gabriela e Geraldo (catador de recicláveis que morava no ferro-velho) terem levado a peça que continha o césio à Vigilância Sanitária. O físico Walter Mendes, de férias na cidade, solicitou um contador Geiger do escritório da Nuclebrás de Goiânia, emprestando-o à Vigilância Sanitária. E ai sim, foi constatado a radioatividade.
 
A propagação do césio-137 para as casas próximas onde o aparelho foi desmontado se deu por diversas formas. Merece destaque o fato do CsCl ser higroscópico, isto é, absorver água da atmosfera. Isso faz com que ele fique úmido e, assim, passe a aderir com facilidade na pele, nas roupas e nos calçados. Levar as mãos ou alimentos contaminados à boca resulta em contaminação interna do organismo, o que aconteceu com Leide de seis anos de idade. Oficialmente, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), quatro pessoas morreram, e além delas, das 112.800 pessoas que foram monitoradas, em 6.500 foram encontradas contaminação discreta, mas apenas 250 apresentaram contaminação corporal interna e externa que mereceram maior atenção e acompanhamento. Destas, 49 foram internadas e 21 exigiram tratamento médico intensivo.
 
Os trabalhos de descontaminação dos locais afetados produziram 6.500 toneladas (somente recentemente reconhecida pela CNEN) de lixo contaminado com apenas 19 g de césio-137. O lixo armazenado em caixas, tambores, containeres eram constituídos de roupas, utensílios domésticos, plantas, solo, animais de estimação, veículos, materiais de construção (algumas casas foram implodidas, sem que pudesse tirar nada de dentro, nem brinquedos, fotografias). Todo este lixo radioativo foi armazenado em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiás, vizinha a Goiânia, onde deverá ficar, pelo menos 180 anos.
 
Quatorze anos depois, o governo de Goiás incluiu mais 600 pessoas na lista de vítimas. O Ministério Público Estadual (MPE) chegou à conclusão que, policiais e funcionários que trabalharam durante o período da tragédia foram contaminados e alguns morreram em conseqüência de doenças provocadas pelo césio. E estas mortes nunca entraram nas estatísticas oficiais.
 
Por outro lado, o Centro de Assistência aos Radioacidentados Leide das Neves Ferreira, criado pelo governo do estado para acompanhar as vítimas, não admitia relacionar ao acidente com o césio, as mortes e as doenças denunciadas pelo MPE. Foi então assinado um acordo entre o Estado e o MPE para que as novas vítimas, seus filhos e netos recebessem assistência médica e indenização.
 
Após vinte e cinco anos do desastre radioativo, as várias pessoas contaminadas pela radioatividade não recebem os medicamentos, que, segundo leis instituídas, deveriam ser distribuídos pelo governo. E muitas pessoas envolvidas diretamente com o ocorrido, ainda vivem nas redondezas da região do acidente, entre as Ruas 57, Avenida Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás, sem oferecer nenhum risco de contaminação.
 
Este desastre deixou marcas profundas nas pessoas mais diretamente afetadas e que sobreviveram, e em todo município. O que caracterizou este episódio, e deixou evidente a sociedade, foi o despreparo, a inoperância, o improviso e o desinteresse demonstrado pelo poder público com a saúde das pessoas, principalmente manipulando informações.
 
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) ficou desnudada diante do grave desastre de Goiânia. Mas não é somente a CNEN, mas todas as atividades nucleares no Brasil continuam surpreendendo negativamente, pois transcorrido 25 anos as atitudes e a postura de hoje são semelhantes a do passado. Pouca coisa mudou, em relação à transparência e a prepotência. E o descrédito a esta autarquia é cada vez mais percebido pela população, quando ela se informa e toma conhecimento das atividades desenvolvidas na área nuclear, onde sobressai a visão miliciana de soberania e defesa nacional, em que tudo é sigiloso, tudo é secreto.
 
O exemplo mais recente que acontece, ou podemos dizer a tragédia anunciada, é o que atinge as populações vizinhas da mina de urânio de Caetité na Bahia. Mas esta é outra estória que devemos estar atentos e evitar que nosso povo morra pela (ir)responsabilidade dos governantes.
 
**Artigo escrito em parceria com Odesson Alves Ferreira da Associação das Vitimas do Césio 137/AVCésio.
 
*Heitor Scalambrini Costa, professor associado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), Mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica (CEA)-França.
 

Brasil: FAVELA OCUPADA, COTAS UNIVERSITÁRIAS E POUCO INVESTIMENTO

 


Polícia Militar ocupa a favela da Chatuba depois de chacina
 
 
Rio de Janeiro – Mais de 250 homens da Polícia Militar do Rio, com apoio de blindados da Marinha, ocuparam na madrugada de hoje (11) a favela da Chatuba, no município de Mesquita, Baixada Fluminense. A ação ocorre um dia depois de os corpos de seis jovens serem encontrados mortos em um canteiro de obras da duplicação da Rodovia Presidente Dutra.
 
Desde o início da ocupação, nove pessoas foram presas. Todas elas por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas. Entre os presos estão Ricardo Sales da Silva, de 25 anos, e Mônica da Silva Francisco, de 20 anos. Com os dois foram encontrados 433 papelotes de cocaína e 41 pedras de crack. Um homem identificado como Beto Gorducho foi preso em casa com 50 gramas de cocaína e R$ 15 mil.
 
A ocupação favela da Chatuba será permanente. Nos últimos três dias pelo menos oito pessoas foram assassinadas, incluindo os seis jovens. A Polícia Civil acredita que um pastor e um policial militar tenham sido mortos por traficantes.
 
As famílias dos rapazes organizaram velório coletivo em um ginásio municipal em Nilópolis e os corpos serão enterrados na tarde de hoje, no Cemitério de Olinda.
 
Edição: Beto Coura
 
Governo terá programa para garantir permanência de estudantes cotistas nas universidades públicas
 
Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) preparam um pacote de medidas para assegurar a permanência de estudantes cotistas que ingressem nas universidades públicas e institutos federais, conforme a Lei de Cotas Sociais (12.711/2012) que destina 50% das vagas para estudantes oriundos de escolas públicas.
 
Os estudantes cotistas, com dificuldades de permanecer na universidade (por necessidade de trabalhar, dificuldade de deslocamento ou falta de recursos para comprar livros e instrumentos para fazer o curso) poderão ser beneficiados com o pagamento de bolsas e auxílios especiais. Os valores ainda não foram estabelecidos.
 
Além disso, o governo quer que as comunidades acadêmicas das universidades e dos institutos (que terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de vagas) estejam preparadas para receber os cotistas. De acordo com a lei, cada instituição deverá preencher as cotas com autodeclarados pretos, pardos e indígenas na mesma proporção populacional de cada estado.
 
Para o caso dos estudantes negros, uma ideia é criar centros de convivência negra (como o implantado na Universidade de Brasília (UnB), uma das primeiras a ter sistema de cotas no país). “Nós estamos trabalhando junto com o Ministério da Educação num grande programa que vai facilitar a permanência do estudante, não só a partir de auxílio permanência, mas também de adaptar a universidade para esse público”, destaca o secretário executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro.
 
O cálculo do governo é que o número de alunos negros cotistas suba dos atuais 8,7 mil para 56 mil estudantes daqui a quatro anos. O crescimento terá grande efeito social, espera o governo. “Se é pela escolaridade que se abrem as portas do emprego, as desigualdades tendem a ser minoradas”, pondera a coordenadora-geral para Educação de Relações Étnica-Raciais do MEC, Ilma Fátima de Jesus.
 
Mário Theodoro espera, além do impacto social, um efeito “simbólico”. “Teremos profissionais negros de nível superior, gabaritados e em quantidade que não temos hoje. Vamos ter uma elite intelectual mais com a cara de todo o povo”, salientou.
 
Segundo o secretário, o governo também vai monitorar o desempenho acadêmico e o ingresso no mercado de trabalho dos cotistas formados. “Estamos verificando em alguns momentos e em situações pontuais estigmas com relação aos cotistas, o que é um absurdo. Nós vamos monitorar para saber se há algum problema no mercado de trabalho”, informou.
 
O MEC e a Seppir participam hoje (11) à noite, em Brasília, da audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para discutir o mandado de segurança de autoria do Instituto de Advocacia Racial (Iara) e do pesquisador de gestão educacional Antônio Gomes da Costa Neto contra o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que liberou a adoção do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato (escrito em 1933), no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE).
 
A posição do governo é contrária à censura ou suspensão do livro. “Não se trata de vetar, mas indicar que precisa ser lido a partir da crítica”, salienta Ilma Fátima de Jesus, do MEC. Segundo ela, o PNBE não deve adotar nenhuma obra que coloque “a pessoa em situação vexatória”.
 
“É importante que essas obras sejam veiculadas porque fazem parte da história e Monteiro Lobato é uma figura importante. Vejo que têm que ser discutidas criticamente. Algumas passagens que hoje em dia ferem muito mais os ouvidos da sociedade brasileira do que feriam alguns anos atrás. Isso tem que ser contextualizado”, concordou Theodoro.
 
O advogado Humberto Adami, do Iara, também defende a contextualização e alerta para riscos de preconceitos. “Não se pode permitir que essas expressões racistas de outro momento entrem impunemente e reproduzam ou reinventem o racismo em sala de aula. Depois não adianta fazer campanha contra bullying na escola.”
 
Edição: Lílian Beraldo
 
Brasil ainda investe pouco em ensino superior, avalia OCDE
 
Renata Giraldi - Repórter da Agência Brasil
 
Brasília – Em um grupo de 29 países, o Brasil ocupa o 23º lugar no ranking de investimentos no ensino superior, segundo pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada hoje (11), em Paris, na França. O estudo mostra que foi investido em média 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nessa etapa de ensino. De acordo com a organização, no entanto, o Brasil registrou o maior aumento de investimentos na área no período de 2000 a 2009.
 
O país está “gradualmente se aproximando” dos integrantes do chamado G20 (grupo das nações mais ricas do mundo). No entanto, o estudo alerta sobre o baixo investimento em educação quando há a comparação com o Produto Interno Bruto (PIB). Segundo os dados, os investimentos brasileiros no ensino em geral atingiram 5,55% do PIB, enquanto a meta para os países da OCDE é 6,23%.
 
A pesquisa analisou 42 países, mas nem todos apresentaram dados sobre os aspectos detalhados pela organização, daí o fato de o número de nações analisadas ser maior ou menor em determinados itens do estudo. Lideram o ranking de países que mais investem em educação a Austrália, a Finlândia, a Irlanda e a Suécia. O estudo mostra que a crise econômica internacional não afetou os investimentos em educação.
 
“Pessoas bem-educadas vivem mais tempo, são mais propensas a votar e têm atitudes mais favoráveis ​​à igualdade de direitos das minorias”, diz o estudo da OCDE, que pode ser consultado na página da organização na internet.
 
Segundo o estudo, o Brasil aumentou os investimentos totais em educação, pois em 2000 as despesas com ensino representavam 10,5% dos recursos públicos do país, enquanto em 2009 subiram para 16,8%. “Uma das taxas mais elevadas” entre os 33 países nos quais esse item foi observado, destaca a OCDE.
 
No período de 2000 a 2009, os investimentos em educação superior registraram redução de 2%. Paralelamente, houve um aumento médio de 67% de alunos nas universidades, de 2005 a 2009.
 
Outro dado da pesquisa é que as taxas de escolarização na infância registram alta, embora ainda abaixo das expectativas da OCDE. Para a organização, no entanto, o fato de 92% das crianças com menos de 6 anos estarem em sala de aula deve ser comemorado, pois em 2005, o percentual era 83%.
 
A organização alerta que mais investimentos em educação geram oportunidades de emprego no mercado de trabalho. Pelos dados da pesquisa, 68,7% dos brasileiros sem o ensino secundário conseguiram emprego. A taxa de ocupação sobe para 77,4% para quem tem o ensino secundário completo e 85,6% para os profissionais com ensino superior.
 
Edição: Juliana Andrade

*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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