quarta-feira, 4 de outubro de 2023

A fadiga da Ucrânia preocupa as elites da OTAN – e deveriam estar

Em ambos os lados do Atlântico, há agora fadiga e raiva perceptíveis entre os cidadãos devido à guerra por procuração da OTAN na Ucrânia contra a Rússia.

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation | Traduzido em português do Brasil

Em ambos os lados do Atlântico, há agora uma fadiga e uma raiva perceptíveis entre os cidadãos relativamente ao poço sem fundo de dinheiro que é a guerra por procuração da NATO na Ucrânia contra a Rússia.

A única surpresa é que tenha demorado tanto para que o público ocidental tomasse conhecimento da fraude.

A vergonhosa adulação de um criminoso de guerra nazi por todo o parlamento canadiano, numa demonstração perversa de solidariedade com a Ucrânia contra a Rússia, ajudou a chamar a atenção do público para a obscenidade da guerra por procuração da NATO.

No total, desde que o conflito induzido pela NATO rebentou em Fevereiro do ano passado, os establishments americano e europeu investiram até 200 mil milhões de euros na Ucrânia para apoiar um odioso regime infestado de nazis.

Toda essa generosidade que é cobrada aos contribuintes dos EUA e da Europa resultou numa carnificina na Europa nunca vista desde a Segunda Guerra Mundial – e num Estado ucraniano falido. E, claro, enormes lucros para o complexo militar-industrial da NATO que financia os políticos de elite.

SÓ TEMOS UM...


Aquecimento global...

Portugal | Duas ativistas arrastadas pelos cabelos em S. Bento. Ver vídeo


O momento das agressões foi registado em vídeo, que pode ser visto na galeria. Alertamos para a agressividade das imagens. 

Duas ativistas do grupo Climáximo foram, esta manhã de quarta-feira, arrastadas pelos cabelos por um condutor que se viu impedido de passar perante o bloqueio em São Bento, Lisboa. 

Em declarações ao Notícias ao Minuto, a porta-voz do grupo, Mariana Rodrigues, diz que no momento das agressões não havia polícia no local e, pese embora a violência das imagens, não pretendem apresentar queixa. 

O Climáximo diz até entender a "frustração" de quem vê a vida paralisada com o protestos, mas frisa a importância dos mesmos. 

Esta situação de violência foi a única a marcar este protesto específico e o grupo frisa que foi abordado por inúmeros transeuntes que mostraram o seu apoio. No momento da agressão, vários civis ajudaram as jovens. 

O protesto aconteceu por volta das 8h00 e durou cerca de 20 minutos, quando os ativistas se sentaram no chão e envergaram um cartaz que dizia: "Estão a destruir tudo o que amas". Durante a manifestação, outros ativistas distribuíram panfletos onde se podia ler: "Sabendo o que sabes sobre a crise climática, o que vais fazer?".

De acordo com o Climáximo, os três ativistas detidos foram levados para a esquadra do Rato e não há feridos a registar. 

O momento das agressões foi registado em vídeo, que pode ser visto na galeria. Alertamos para a agressividade das imagens. 

Marta Amorim | Notícias ao Minuto

************

Nota Página Global: 

QUE RESPONSABILIDADES A PSP/MINISTÉRIO PÚBLICO ATRIBUIU AO AGRESSOR? NENHUMA?

Julgamos saber que é ilegal fazer justiça pelas próprias mãos a não ser em defesa própria. Se assim é a PSP dispõe neste vídeo inserido no Notícias ao Minuto o comprovativo da agressão selvagem, ilegal e gratuita, de um cidadão que desconhece a lei e agride pacifistas que defendem a defesa dos ataques climáticos que prejudicam sobremaneira, irreversivelmente e globalmente, os cidadãos - todos, todos, todos. 

Neste caso compete exclusivamente às autoridades (PSP) proceder ao desimpedimento da via interrompida pelos/as ativistas pacifistas em protesto. Não a qualquer outro cidadão (porque tem pressa?). E esse 'apressado' cidadão motorista (talvez racista) agrediu efetivamente e violentamente os jovens defensores da não-destruição do planeta.

Está a PSP a procurar identificar o agressor? E o Ministério Público? Ou a ilegalidade é só daqueles que interrompem o trânsito viário e não dos agressores que fazem justiça pelas suas próprias mãos talvez impunemente?

Por via da matricula da viatura do agressor é possível identificar o motorista. Já para não referir o visual do mesmo sujeito descerebrado.

As ativistas agredidas disseram que não pretendem apresentar queixa... Mas é um crime público pespegado na comunicação social e também para os que testemunharam in loco... O que irá acontecer?

Estaremos atentos para ver essa coisa chamada justiça a actuar.

Redação PG

Portugal | ALÔ TORRE?


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Mãos ao alto: isto é um Tribunal Arbitral!

Em plena luz do dia, perante milhares de testemunhas, os tribunais arbitrais continuam a «assaltar» o erário público. Desta vez, decidiram oferecer 23,6 milhões de euros de indemnização aos donos dos CTT.

AbrilAbril | editorial

Espantosa foi a forma encontrada pelo Diário de Notícias (3/10/2023) para dar a notícia: «CTT recebem menos de metade da compensação pedida por falhas do Governo», enquanto PS, PSD, IL e CH continuam a permitir que os diferendos entre o Estado e os grandes grupos económicos sejam decididos num Tribunal Arbitral.

Os tribunais arbitrais, que proferem decisões com a mesma força dos tribunais públicos, são compostos não por juízes de carreira, mas por árbitros que as partes escolhem. São três pessoas, uma escolhida pelo privado, outra pelo Estado, uma terceira escolhida pelos outros dois. Todos mais bem pagos se a decisão for sobre milhões.

Este processo dos CTT remonta a 2020/2021. As desculpas para o «assalto» são duas: a pandemia afectou os CTT e, por exemplo, reduziu «em 2021 o tráfego do correio em 16,5%» (palavras de João Bento, director-executivo dos CTT) e porque o Governo prolongou durante uns meses a concessão de forma unilateral.

Nem uma nem outra são razão para dar dinheiro aos accionistas dos CTT. Durante a pandemia os trabalhadores dos CTT revelaram-se verdadeiros heróis, mantendo um serviço público com riscos para a sua saúde. Mas a Administração dos CTT não só não os apoiou devidamente, como não os premiou por esse esforço; nem sequer lhes tem aumentado os salários ao nível da taxa de inflação, como não lhes destinará um cêntimo dos 23,6 milhões que acaba de ir sacar ao Estado. E, se 16,5% de redução do correio é de facto bastante, que dizer da redução de qualidade desde que os CTT foram privatizados, registando uma perda de qualidade muito superior a 50%! Quem nos indemniza a nós, utentes dos CTT?

O Problema da Habitação — uma questão bíblica e um revelador da ideologia dominante

Carlos Matos Gomes [*]

Agência Lusa 29 Jan 2020: O número de pessoas em situação sem-abrigo aumentou nos últimos anos em mais de um terço dos 35 países da Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), incluindo Portugal. De acordo com o relatório, a taxa de sem-abrigo (medida como uma parcela da população total) aumentou na Austrália, no Chile, em Inglaterra, França, Islândia, Irlanda, Letónia, Luxemburgo, Países Baixos, Nova Zelândia, Portugal, Escócia, Estados Unidos e País de Gales.

O problema da Habitação em Portugal é exatamente igual ao problema da Habitação dos outros países europeus. E tem a mesma raiz que o problema da Saúde, o problema da Educação, o problema da Segurança Social, o problema da precariedade do trabalho e da desigualdade salarial. E vai resolver-se com a mesma solução dos Estados Unidos, a potência líder da nossa civilização e modelo político: milhões de sem abrigo, sem domicílio fixo, a viver na rua ou em autocaravanas!

O problema é o capitalismo — um problema que Adam Smith, o seu pai fundador, logo levantara ao alertar para as formas de desumanização que a competição entre os mais fortes e os mais fracos produziria e que apenas seriam resolvidas pela moral. Adam Smith era profundamente religioso e a moral é um valor de ocasião!

O atual problema da Habitação é um revelador da instabilidade estratégica resultante da emergência de novos poderes que obrigam os Estados Unidos a impor o seu modelo civilizacional aos estados vassalos. O Estado Social Europeu é muito caro e os recursos são necessários para os aparelhos militares. Entre os canhões e manteiga a escolha são os canhões e a inflação para os pagar.

O final da II Guerra Mundial gerou a partilha do mundo pelas superpotências vencedoras e uma das medidas tomadas pelos Estados Unidos para manterem as grandes massas em oposição ao socialismo e ao comunismo foi a utilização de partidos sociais, os partidos sociais-democratas e democratas cristãos que receberam parte dos fundos destinados aos sistemas repressivos para serem utilizados em políticas sociais de educação, habitação, de saúde, de segurança social. Os partidos sociais-democratas e democratas cristãos são um produto do capitalismo e da estratégia dos EUA para a Europa Ocidental. Não foi por existir uma política pública de apoio social que os bens sociais deixaram de ser um produto no mercado e no arsenal da guerra fria. O estado de bem-estar é uma mercadoria eleitoral que vale enquanto rende submissão voluntária e ilusão de liberdade.

Entre os bens sociais, a habitação esteve sempre entregue na totalidade ao sistema financeiro, ao coração do capitalismo, à banca, ao longo do seu ciclo de produção — do terreno, ao empréstimo para a empresa construtora, ao empréstimo ao promitente comprador. O europeu médio, satisfeito pelas benesses de uma reforma, de um tratamento da doença tendencialmente gratuito, com férias, com escola grátis, esqueceu-se que para habitar ficava endividado até ao resto dos seus dias, democraticamente dominado pelos banqueiros, votasse em quem votasse, lesse o que lesse, dissesse o que dissesse!

Portugal | Rei aldrabão e absolutista: Costa não comemora implantação da República

O senhor D. Duarte e até D. Afonso Henriques, todos os reis de Portugal (Salazar incluído), devem poder regozijar-se pelas práticas do atual PM António Costa devido aos seus comportamentos absolutos e de muito prometer para ser eleito mas muito pouco ou nada cumprir promessas que desafoguem os apertos de vivência indigna que destina à populaça.

Ainda mais regozijo os deve inundar pelo seu pseudo socialismo, pseudo humanismo e palavras de mentiroso inveterado mas muito bom comunicador na pronunciação de loas incessantes que durante anos iludiram imensos plebeus seus vassalos com mais ou menos fome, perdedores das suas habitações e também sem os cuidados de saúde constitucionais devidos na República implantada em 5 de Outubro de há mais de um século. 

A democracia é palavra vã para António Costa mas pronuncia-a milhentas vezes para ludibriar a populaça sem abrigo e esfomeada, sem salários dignos, sem trabalhos dignos - numa absoluta falta de respeito pelos plebeus, que são todos excepto os da sua corte pseudodemocrática e pseudosocialista.

Um rei absoluto e antidemocrático jamais pode comemorar a República que os antanhos conquistaram. Faz bem Costa em não a comemorar. Se o fizer estará a provocar os realmente republicanos e democráticos que Costa vai atirando para a valeta da lúgubre vivência indigna que lhes reservou.

Avé Costa. Abaixo as mentiras e o desprezo de trato e respeito pelos portugueses!

Abaixo o rei Costa. Estás despedido, FORA!

Redação PG/MM

Portugal | O SOS do SNS

Joana Pereira Bastos, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia,

A recusa cada vez mais generalizada dos médicos em fazer horas extraordinárias além do limite legal já obrigou ao fecho de vários serviços de urgência um pouco por todo o país e está a criar uma situação nunca antes vivida no Serviço Nacional de Saúde.

Se nada for feito para estancar o protesto, cerca de 25 hospitais deixarão de conseguir assegurar, nos próximos meses, o atendimento urgente em áreas tão sensíveis como medicina interna, cirurgia, pediatria, cardiologia, cuidados intensivos e ginecologia/obstetrícia, avisa o bastonário da Ordem dos Médicos, alertando para a “catástrofe” iminente.

Na reunião que esta manhã terá com o ministro, Carlos Cortes vai exigir soluções imediatas para responder à crise e tentar forçar Manuel Pizarro a dar um passo atrás e a regressar às negociações com os sindicatos, a que o Governo pôs fim em setembro.

Há um mês, o ministro da Saúde avançou unilateralmente com alterações ao funcionamento do SNS. A reforma imposta até prevê aumentos substanciais para os médicos – acima de 30% na carreira hospitalar e de 60% nos cuidados primários – mas exige, em contrapartida, muito mais trabalho, fixando, entre outras coisas, um acréscimo brutal das horas extraordinárias de 150 para 250 por ano. Na prática, está a pedir-se aos médicos que possam “trabalhar 50, 60 ou até 80 horas por semana”.

Alegando que já estão exaustos e não conseguem fazer mais, os médicos rejeitaram o ‘presente envenenado’ e avançaram para um protesto que está a paralisar várias urgências. Pizarro não esconde que está preocupado e reconhece a situação “muito penosa” vivida pelos clínicos. Mas já confidenciou que está de ‘mãos atadas’ perante o espartilho das Finanças. Só António Costa poderá obrigar Medina a abrir os cordões à bolsa, permitindo aumentos sem mais trabalho extra.

E o timing certo é agora, quando o Governo está a ultimar o “orçamento mais importante do mandato”. Entre as prioridades está a redução da dívida, área em que o ministro das Finanças tem razões para se gabar: Medina é um dos mais ‘poupados’ da Europa, conseguindo este ano o terceiro défice mais baixo da zona euro. O problema é que “há mais vida para além do défice” – a famosa frase nunca dita por Jorge Sampaio, que se tornou um slogan contra a austeridade. Perante o fecho de urgências hospitalares, é a saúde dos portugueses que está em causa.

Fraccionismo, um aspecto da guerra psicológica da hegemonia unipolar contra Angola

Nota de abertura: Reposição de artigo publicado no PG em 26 de março de 2023 de autoria de Martinho Júnior, autor que colabora com ediçóes do PG e de outros títulos associados há cerca de 18 anos.

Martinho Júnior, Luanda

Os animais que estão fartos de ser governados por um agricultor e têm um estilo de vida de ?classe? inferior ao do agricultor, lideram uma revolta contra este e ganham o controle da quinta. No começo dessa liberdade há esperança e a promessa de igualdade. Os porcos (que são os animais mais inteligentes da quinta) tomam o controle e no princípio a vida é melhor. Contudo, ao longo do tempo, a quinta começa a modificar a vida dos animais, para alguns deteriora e para uns poucos eleitos melhora dramaticamente… 

Esta alegoria assente que nem luva no capitalismo neoliberal e nos ajustamentos sucessivos de guerra psicológica que são elaborados pela hegemonia unipolar contra o Sul Global (neste caso Angola), desde a explosão das bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaqui, em 1945…

GUERRA PSICOLÓGICA CONTRA O SUL GLOBAL

Desde que fizeram explodir as duas bombas atómicas em Hiroxima e em Nagasaki, respectivamente a 6 e 9 de Agosto de 1945, que os Estados Unidos nos moldes de sua hegemonia unipolar, desencadearam uma constante guerra psicológica contra o Sul Global, entrecortada por conflitos localizados que se foram disseminando mundo fora, numa escala e numa escalada sem precedentes em épocas anteriores.

O medo de que alguma vez mais os Estados Unidos recorressem de novo ao lançamento duma bomba atómica onde quer que fosse e contra quem fosse, foi um expediente subjacente que acompanhou a construção de sua hegemonia unipolar, de facto um expediente que tem alimentado todos os conteúdos da IIIª Guerra Mundial não reconhecida como tal, mas expressa em todas as práticas de conspiração, de subversão, de terrorismo, de caos, de violência, de medo inculcado, de desagregação que tentou sempre criar e, à medida que foram surgindo novas tecnologias, recriar!

Angola tem sido como todo o Sul Global, pasto dessas práticas de conspiração alimentadas de guerra psicológica que têm como matriz do medo, Hiroxima e Nagasaki, tanto pior por que muitas dessas práticas de conspiração advêm da profundidade do exercício colonial de séculos todo ele feito na base da opressão e repressão a ponto de, durante séculos, fazer prevalecer a escravatura!

O medo obsta a liberdade, a igualdade e a fraternidade por todo o Sul Global e isso criou e recriou os parâmetros das ingerências, das manipulações incessantes e das motivações expressas em termos de propaganda e contrapropaganda incentivadas pelo exercício dominante da hegemonia unipolar e sujeitas aos seus próprios interesses, conveniências e preceitos de guerra psicológica.

O MPLA, POR TABELA ANGOLA, ALVOS DE GUERRA PSICOLÓGICA DESDE A MATRIZ HISTÓRICA DA LUTA POPULAR DE LIBERTAÇÃO

O fraccionismo do 27 de Maio de 1977 é um produto colonial-fascista nutrido dos termos da “africanização da guerra” e da “a-psic” que semeou Angola de etno-nacionalismos capazes de alimentar divisão, tribalismo, regionalismo e racismo!

Foi possível para o colonial-fascismo fazer gerar um embrião de etno-nacionalismo quimbundo, de 1961 a 1974, procurando subverter os ideais do MPLA, sobretudo nas áreas da Iª Região Político Militar e da luta clandestina dos comités, sobretudo os de Luanda…

Esse esforço passou pelo grau de neutralização da Iª RPM       e o grau de neutralização desses comités, sujeitos a pressão de toda a ordem, sem armas e infiltrados por peritos de inteligência, de propaganda e de contrapropaganda colonial-fascista.

Nas prisões coloniais muitas das ideias de fermentação etno-nacionalista quimbunda se assumiram em termos de divisão: os que lutaram no “interior”, contra os que chegavam da guerrilha “exterior” e o ideólogo terá sido Juca Valentim, ele próprio um golpista do 27 de Maio de 1977.

Depois da proclamação da Independência da República Popular, a fracção nitista alimentou-se dessa “reserva de energias” instigada pelo colonial-fascismo que vinha detrás e é por isso que a tentativa do golpe tem esse tipo de conteúdos humanos, que não eram mesmo assim exclusivos das ideologias de divisão e subversão nitistas, mas também motivações para outros grupos de oportunistas que esperavam a sua hora para tirar proveito da evolução da situação e, paulatinamente, procurar fazer prevalecer a toxidade que tanto trabalhou, através da prática e da psicologia, para a sua formatação e disponibilidade concorrente à tomada do poder.

O golpe do 25 de Novembro de 1975 em Portugal, duas semanas após a Independência de Angola, teve corpo, alma e carácter de “retornado”, com cargas de ódio e de vingança por causa duma descolonização que só os podia hostilizar; essa gente com influência contrarrevolucionária no “arco de governação”, ao ser umbilicalmente favorável aos etno-nacionalismos angolanos, era filtrada por aqueles que haviam nutrido a inteligência colonial-fascista nesse sentido, inclusive os “links” que haviam devassado a Iª RPM, alguns dos comités de luta clandestina e as prisões.

Assim, se o golpe do 27 de Maio de 1977 vingasse, seria o “arco de governação” um dos seus beneficiários “naturais”, mas como não vingou, então tem-se aproveitado do fraccionismo nitista para forjar todo o tipo de manobras e manipulações de propaganda e contrapropaganda, visando em última análise colocar sempre em causa o estado angolano, fosse ou não popular!

Com as campanhas alimentando os vínculos cultivados desde a “a-psic” e a “africanização da guerra” fluindo do colonial-fascismo, essa propaganda e contrapropaganda acabou por se tornar num nicho da guerra psicológica da hegemonia unipolar, até por que o “arco de governação” sempre propiciou a vassalagem incondicional de Portugal cultivada com a União Europeia e a NATO.

Angola | Insultos Racistas Contra os Críticos -- Artur Queiroz


 Artur Queiroz*, Luanda

Vítor Viegas (Martinho Júnior) é um pensador angolano, grande analista da política doméstica e internacional. Como quase todos os jovens da sua geração lutou na II Guerra de Libertação Nacional (25 de Abril 1974 até 11 de Novembro 1975) e depois nas FAPLA quando começou a Guerra pela Soberania e a Integridade Territorial. Também foi oficial da DISA. Mas naquele tempo, antes de tudo, os jovens eram do MPLA. Hoje Viegas é activista do “Círculo 4 F” uma preciosidade que nos ajuda a compreender a geopolítica mundial sempre com amarração a Angola. 

Miguel de Carvalho (Wadijimbi) é jornalista. Foi vice-ministro da comunicação social. Em 1992, quando a UNITA tentou tomar o poder pela força após ser derrotada nas eleições, defendeu de armas na mão a sede da ANGOP, um alvo dos golpistas, tal como a RNA e a TPA. 

Nas instalações da Rádio Nacional de Angola estavam Rui de Carvalho (ministro da comunicação social) César Barbosa (director-geral da RNA), José Guerreiro (direcção da TPA) e Arlindo Macedo que anunciou ante as câmaras da televisão pública a vitória do povo de Luanda sobre os golpistas. Imaginem o seu aspecto depois de três dias e três noites sem dormir, sem tomar banho, sem fazer a barba. És o maior, Macedo! Eu era o ajudante de campo. O meu camarada Wadijimbi (não te ofendas…) também foi primeiro secretário do Comité de Especialidade dos Jornalistas do MPLA. 

Wadijimbi, licenciado em direito, escreveu uma sentença: “O camarada Viegas não é militante do MPLA. Por ser Brigadeiro, depende do Comandante em Chefe e um código de disciplina militar lhe impede de faltar respeito ao Comandante em Chefe. Agora deve deixar de incomodar publicamente os actos do Presidente. Sugere-se como estudou sozinho e sabe tudo, forma Partido, concorra ás Eleições e fica Presidente”.

Esta sentença resulta de uma opinião de Vítor Viegas no seu “Círculo 4 F” sobre a vinda do general assassino Lloyd Austin a Angola e o que pensa dessa visita. Wadijimbi aos costumes disse: “Eu sei porque, veio o Secretário da Defesa dos EUA. Agradeço. Fica calado. Fale de coisas que domina. Você não pode saber tudo. Apenas anda agarrado às patentes e não conhece o MPLA que se arroga de falar. Pare de insultar publicamente o Presidente da República de Angola. Insisto, tens duas nacionalidades, uma Portuguesa ou Angolana. Se as coisas derem torto, embarcas para Portugal. Por isso, insiste em ofender o Presidente Angolano. Ele sabe, o que está a fazer... Informe-se primeiro”.

Isto das duas nacionalidades é racismo. Porque Agostinho Mendes de Carvalho (Wanhenga Xitu) também tinha as duas do Viegas e ninguém o mandou calar quando disse alto e bom som “ponto de ordem camarada presidente José Eduardo”.

Criticar não é insultar, Wadijimbi! O MPLA não é apenas dos acomodados, dos barriguistas, dos carreiristas. Alguns deram o litro pelo partido, pelo Povo Angolano e pela República Popular de Angola. Pagam as suas contas, vivem nas suas casas, andam a pé ou nos carros que compraram com o seu dinheiro, viajam à sua custa e sem ajudas de custo do Estado. O MPLA não é só dos que se submeteram ao “movimento de rectificação” jurando amor e fidelidade ao marxismo-leninismo. Ao MPLA-Partido do Trabalho. De um dia para o outro mostravam-se nas missas da Sagrada Família, casavam pela Igreja, e juravam a pés juntos que nunca foram comunistas.

O MPLA também é do Viegas e de outros camaradas que nunca viveram à custa do Orçamento-Geral do Estado. Também é dos que sabem ler e escrever. E dos que se bateram em todas as guerras e todas as frentes de combate. E todos, todos mesmo, têm o direito de criticar o Presidente João Lourenço. Simplesmente porque ele está a hipotecar o futuro de Angola e do Povo Angolano.

 Em que ponto do programa eleitoral do MPLA (eleições de 2022) está escrito que a política externa de Angola fica submetida aos interesses do estado terrorista mas perigoso do mundo? Em que ponto está escrito que se o MPLA ganhar as eleições (como ganhou) vai promover umas parceria estratégica com os EUA nas áreas da Defesa e Segurança? Todos, mesmo todos, militantes ou não do MPLA têm o direito de criticar aquilo a que eu chamo uma vigarice política.

O estado terrorista mais perigoso do mundo já mandou o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigir aos países africanos desalinhados, políticas de austeridade orçamental e reestruturações da dívida. Isto quer dizer mais miséria e mais fome nos países que estão sob a patorra do ocidente alargado. Angola vai na onda à força toda, pela mão do Presidente João Lourenço. Aproveito para recomendar que não devem aceitar “gasosa” em dólares. O pagamento pan-africano em moeda nacional avança imparavelmente e qualquer dia para comprar um Kwanza, é necessária uma carrada de dólares.

Os “peritos” do FMI, chicote dos EUA, fizeram uma análise sobre a crise da dívida pública na África subsaariana e concluíram: "Nem todos os países enfrentam o mesmo desafio, mas há alguns países que têm necessidades muito grandes de ajustamento, e para esses, é pouco provável que a consolidação orçamental por si só seja suficiente para garantir a sustentabilidade orçamental, sendo talvez necessário complementar essa política com um reperfilamento ou reestruturação da dívida”. Vejam quais são: Níger, República Centro Africana, Mali, Burkina Faso e República Democrática do Congo. 

O Venerando Juiz Jubilado do Tribunal Constitucional, Onofre Martins dos Santos, foi o grande organizador das eleições gerais em 1992. Um feito extraordinário desde o registo eleitoral ao escrutínio dos votos. A UNITA foi derrotada e regressou à guerra. 

Sobre isto, Onofre Martins dos Santos diz: “Os acontecimentos que se seguiram às eleições gerais de 1992 foram uma infelicidade para o povo angolano”. Há pessoas assim. Não são capazes de cobrar dos erros alheios, nem que eles causem uma catástrofe humanitária. Ninguém consegue ser inimigo de cidadãos como Onofre Martins dos Santos, por mais que se esforce. Ele está entre os melhores do Povo Angolano.

Sei que é um tanto abusivo mas imploro ao Dr. Onofre Martins dos Santos que dê uma ajuda ao Presidente João Lourenço na área da diplomacia. Se também pudesse ensiná-lo a respeitar a separação de poderes, era ouro sobre azul.

*Jornalista

Mais lidas da semana