domingo, 28 de junho de 2015

PEDAGOGIA DE LUTA



 Martinho Júnior, Luanda

1 – No preciso momento em que se assiste à expansão do terrorismo em todo o mundo, mais ou menos dissimuladamente incrementado pelos Estados Unidos e seus aliados, a África Austral recebe a visita dos cinco combatentes cubanos anti terrorismo!

Nada mais oportuno, pois necessário é hoje balancear a precariedade da situação global, quando a hegemonia unipolar usa as armas mais perversas para obstar à paz e à incessante busca por uma humanidade mais equilibrada, mais solidária, mais progressista e mais socialista.

Assumindo Angola corajosamente a defesa inteligente da paz interna e em África, eles trazem o exemplo duma das mais expressivas experiências vividas por alguém em prol da lógica com sentido de vida em pleno século XXI!
  
2 – Cuba ao longo de mais de cinco décadas, foi transformada num “laboratório”, onde os Estados Unidos aplicaram em doses massivas, suas mais odientas experiências de desestabilização, na contínua tentativa de sabotar a revolução e quebrar sua intrínseca identidade com seu povo.

Nada do que está a ser aplicado pelos Estados Unidos no afã de fazer prevalecer o domínio dos 1% sobre o resto, expansão do terrorismo incluída, deixou antes de ser experimentado em Cuba!

Desde a implantação dos bandidos em Escambray, às sabotagens terroristas de grupúsculos ligados à CIA, até à invasão de Praia Girón, à disseminação de pragas sobre a agricultura, às“demonstrações” com “damas de branco”, aos “blogueiros” de conveniência e ao bloqueio, tudo foi experimentado em Cuba, em maior, ou menor grau!

A existência do bloqueio é aliás sinónimo do isolamento propositadamente criado para providenciar as condições objectivas de instalação do “laboratório” pelo que, a acção heróica dos cinco combatentes cubanos anti terroristas, contribuiu como uma “pedra de toque” para o desencadear do processo contraditório, que fortalecia a capacidade inteligente da denúncia e ao mesmo tempo as mais esclarecidas e esclarecedoras capacidades de luta!
  
3 – Na África Austral lembrar-se o colonialismo, o “apartheid” e suas muitas sequelas, lembrar-se a história comum de África a sul do Equador, é também lembrar as sevícias terroristas que foram sendo aplicadas por quem tinha, a partir da retaguarda propiciada pela hegemonia unipolar, seu percurso ideológico-político e suas sangrentas quão desestabilizadoras opções.

Combater o terrorismo foi (e é) também uma experiência comum na África Austral, pelo que a visita dos cinco combatentes cubanos anti terroristas, é algo que toca à identidade de África e sobretudo àqueles que se foram identificando com (e assumindo) o Movimento de Libertação!

A visita ocorre no ano em que se perfizeram, a 2 de Janeiro de 2015, precisamente 50 anos que Che Guevara, também em visita a África, se encontrou em Brazzaville com a Direcção do MPLA, numa altura em que em África se lutava abnegadamente, em várias frentes, contra o colonialismo!

Ocorre ainda quando Angola celebra os seus 40 anos a 11 de Novembro e a ajuda internacionalista e solidária cubana chegava numa operação incomum com o nome duma escrava-combatente, que havia pago com sua vida a ousadia do seu afã libertador: a Operação Carlota!...

O rumo de Angola não é um acaso e a Revolução Cubana tem-no sabido interpretar em uníssono com os mais dignos filhos do povo angolano: Angola sabe os imensos resgates que há que desencadear, desde as trevas da escravatura, do colonialismo e do “apartheid”!...
  
4 – Se em África há tanto que celebrar em função da história, há hoje muito que conscientemente evocar no âmbito da luta que não terminou, da luta contra o subdesenvolvimento que dá sequência à epopeia da libertação, que só se poderá levar a cabo numa atmosfera de paz, de harmonia, de busca constante por equilíbrio, por justiça social e do aprofundamento da democracia!

Nessa evocação percebe-se que há uma panóplia de obstáculos, de desafios e de riscos a vencer, entre eles os riscos que se prendem à disseminação do terrorismo no espaço geo político e geo estratégico africano, emoldurado ou não com a perversidade que tem sido utilizada nos “modelos”das “revoluções coloridas” ou das “primaveras árabes”, verdadeiros alfobres de neo nazismo e neo fascismo, ainda que sob a capa dos mais distintas “motivações”!

A heróica luta levada a cabo pelos cinco combatentes cubanos, indica também o caminho da defesa da paz em África, cada vez mais face a face à artificiosa disseminação do terrorismo instrumentalizado pelas potências que compõem a corrente da hegemonia unipolar, ao ponto de com isso se preencherem as mais diversas maneiras de propagar a “doutrina” do recurso à instalação de suas próprias “parcerias”, ou mesmo ocupações militares, via NATO / AFRICOM, numa “moderna” versão, “dissuasora” versão, do emprego do cacete e da cenoura!

Indica também que África não se pode deixar convencer pelo “canto das sereias” que é feito por via da instrumentalização daqueles que se aprestam às “revoluções” de ocasião, que a todo o custo pretendem impedir os rumos que a paz propicia no seguimento dos esforços protagonizados pelo Movimento de Libertação!...
  
5 - De entre os combatentes cubanos que estiveram em Angola dando sua generosa contribuição solidária e internacionalista, estão 3 dos 5 combatentes anti terroristas:
  
René Gonzalez Sewherert, que cumpriu missão internacionalista entre 1977 e 1979 como condutor de tanques T-34;
  
Fernando Gonzalez Llort, que cumpriu sua missão em Angola numa Brigada de tanques, entre 1987 e 1989;

Gerardo Hernández Nordelo, que esteve também integrado numa Brigada de tanques, cumprindo 54 missões operativas, tendo sido condecorado com as medalhas Combatente Internacionalista e pela Amizade Cuba – República Popular de Angola.

Os outros dois combatentes anti terroristas, Antonio Guerrero Rodiguez e Ramón Labañino Salazar não estiveram em Angola em missão internacionalista, mas suas vidas foram bem preenchidas noutras missões, entre elas as que realizaram em prol da liberdade de Cuba e os levou à ignominiosa prisão nos Estados Unidos.
  
Eles são o expoente da exemplar matriz de luta de todo o povo cubano, que se manifesta por outro lado tão pujante, nas esferas da educação e da saúde, um pouco por todo o mundo!
  
Cuba, uma pequena ilha a poucos quilómetros de distância duma nação tão poderosa e nefasta nos seus relacionamentos internos e externos como os Estados Unidos, contrasta com as políticas cultivadas pelo monstro desde a IIª Guerra Mundial, políticas que em África têm tido um sinal historicamente tão retrógrado! 

Enquanto os cinco heróis tiveram de enfrentar, como Nelson Mandela um dia, uma prisão tão longa quão injusta, Cuba disseminou ajuda ali onde mais era (é) preciso: desde quando foi necessário responder perante os efeitos de terríveis terremotos (do Haiti, ao Paquistão e ao Nepal), desde quando é necessário enfrentar as mais mortais epidemias (como o enfrentamento ao ébola na Libéria, na Serra Leoa e na Guiné Conacry), até quando é necessário acabar com o analfabetismo (da Venezuela a Timor Leste, passando por Angola), ou estar ali onde muito poucos médicos nacionais ousam estar (como acontece no Brasil), nas comunidades mais pobres, mais remotas e difíceis de alcançar da América, lutando por uma qualidade de vida melhor!
  
Os cinco combatentes cubanos trazem consigo uma “marca registada”: a pedagogia da luta capaz de assumir o rumo que comporta a lógica com sentido de vida, algo que é uma lição para África e para o mundo!

Saibamos assim, todos os africanos e por tabela os angolanos, conforme a esses exemplos, defender com sabedoria e pedagogia a construção da paz tão essencial a todos os povos do continente-berço da humanidade! 

*Foto de Raul de Castro com os cinco heróicos combatentes anti terroristas: o Granma mostrou que era possível navegar sobre as águas mais turbulentas!

COLAPSO: GRÉCIA



Charles Hugh-Smith

O tema desta semana é colapso. É um tópico grande e complexo porque há tantos tipos de colapso quanto há de sistemas. Alguns sistemas parecem estáveis à superfície mas subitamente entram em colapso; outros entram em decadência visível durante décadas antes de finalmente deslizarem para trás das ondas da história; e alguns atravessam várias etapas de colapso.

A taxonomia do colapso é vasta e cada sistema insustentável (isto é, um sistema que fracassará apesar de afirmações em contrário) tem suas características únicas.

O que nos traz à Grécia.

Tenho escrito amplamente acerca da Grécia e do condenado arranjo financeiro conhecido como Euro ao longo de muitos anos. Por exemplo: 


Com a bancarrota da Grécia agora inegável, alcançámos finalmente o fim do jogo do Modelo Neocolonial-Financiarização. Não há mais mercados na Grécia a explorar pela financiarização e o facto de que as montanhas de dívida são impagáveis já não pode ser mascarado.

A aristocracia financeira da Europa tem um problema insolúvel: cancelar dívida incumprida também cancela activos e fluxos de rendimento, pois toda dívida é o activo e o fluxo de rendimento de alguém. Quando todos aqueles activos fantasmas são reconhecidos como sem valor, o colateral desvanece-se e o sistema implode. 

As nações periféricas da UE são efectivamente devedores neocoloniais do centro e os contribuintes dos países do centro são agora servos feudais cujo trabalho é destinado a tornar bons quaisquer empréstimos à periferia que se tornem maus (ver gráfico dos devedores da Grécia).

As elites financeiras/políticas da Grécia conseguiram a entrada na UE por tudo o que era ali valioso, destruindo efectivamente a economia grega no seu saqueio sem limites.

Greece's financial/political Elites milked the entry into the EU for all it was worth, effectively destroying the Greek economy in their limitless looting: Misrule of the Few: How the Oligarchs Ruined Greece .

O que já entrou em colapso é a fé em que as instituições dentro da Grécia e da União Europeia possam efectivamente administrar o inevitável incumprimento grego. Como se observou no ensaio linkado acima, a estrutura de poder da Grécia está concebida para fazer só uma coisa: proteger interesses estabelecidos e diluir responsabilidades.

O mesmo pode ser dito do Banco Central Europeu (BCE) e da União Europeia (UE). Ambos foram vendidos como magia financeira abstracta: as estruturas de poder elitistas de cada país da união – a derradeira fonte da podridão que agora emite o imundo fedor do colapso – seriam deixadas intactas enquanto as economias de todos os países membros magicamente produziriam mais bens e serviços com base na dívida sempre em expansão e na alavancagem.

Isto leva-nos à questão crítica do momento: quem está a salvar quem? Estão os desesperados bailouts a salvar o povo grego e a integridade da sua nação, ou estão eles simplesmente a salvar Elites político/financeiras que se beneficiaram da condição de membro da UE e da expansão sistémica de dívida?

Aqui está outra questão chave: quem está a ser punido pela política da Troika do "ninguém incumpre safa-se ileso"? Claramente, o povo grego está a ser punido – mas para quem fim? E a punição das Elites políticas/financeiras que beneficiaram da entrada da Grécia na UE e as Elites bancárias que lucraram com a irresponsável expansão de empréstimos à Grécia?

Se a Grécia houvesse incumprido quatro anos quando o incumprimento já era visivelmente inevitável , a cidadania grega já teria trabalhado através da crise penosa de ajustamento à escassez de credito externo e talvez uma nova divisa, e pode ser que tivesse lançado ao mar suas Elites corruptas e egoístas, limpando o caminho para o crescimento sustentável e a boa governação.

Ao invés disso, o povo grego sofreu por nada. O incumprimento ainda é inevitável, como é a resultante da vasta crise da política e da dívisa da UE.

Quando sistemas estão falidos, o colapso é o único caminho. Só o colapso rompe o domínio dos interesses estabelecidos e abre o processo político à participação da não Elite. Ao atrasar o incumprimento/colapso durante quatro longos anos, a Elites grega puniram seus cidadãos absolutamente para nada no seu imenso sofrimento. A Grécia não pode mais escapar ao buraco negro do incumprimento que podia ter sido há quatro anos atrás.

A mágica da banca central e privada fracassou. A ideia de que Elites corruptas e egoístas magicamente criariam prosperidade generalizada pela contracção de empréstimos de moeda que nunca poderiam ser reembolsados entrou em colapso, embora a Elites do Poder da Troika agarrem-se a esta louca fantasia porque elas não têm outra escolha se quiserem reter o poder.

A única fé que resta na Elite da UE é a crença na deusa TINA – there is no alternative. Mas há sempre uma outra alternativa: o colapso do status quo e a montagem de um arranjo alternativo que não concentre poder nas mãos de uns poucos a expensas dos muitos.

[*] Escritor, estado-unidense.

O original encontra-se em charleshughsmith.blogspot.pt/2015/06/collapse-part-1-greece.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

CHANTAGISTAS DA UE-EUROGRUPO MOSTRAM A SUA “RAÇA”. UNIÃO EUROPEIA?




A União Europeia já não é União Europeia mas sim a representante e serviçal em defesa dos grandes grupos económicos, dos especuladores, dos agiotas, dos esclavagistas, que fazem do capitalismo selvagem a sua doutrina, contando com a fidelidade de um magote de economistas e outros “doutores”, não eleitos em sufrágio universal pelos europeus, que na  UE cumprem a função de destruir o projeto de uma Europa Unida, Democrática, Solidária, Equitativa e Justa.

Esta não é a União Europeia que se projetou e que deu alguns frutos positivos no avanço de democracia, dos direitos e das liberdades dos cidadãos europeus. Esta é uma união de servidores do grande capital que visam destruir o projeto europeu como já o estão a fazer há cerca de uma década ou mais, invadindo os poderes da UE com um exército de funcionários obedientes aos que eufemisticamente chamam “credores” mas mais não são que os senhores da Europa e da maior parte do Mundo. É contra aquele bando de malfeitores, que ocupa os poderes da UE, que a Grécia tem vindo a lutar com tenacidade através do governo recém-eleito de Tsipras. É contra o povo grego que o bando no Eurogrupo e demais cadeiras de poder europeu destilam as chantagens e suas hipocrisias com ares de democratas que não são.

A Europa caminha a passos largos para ser dominada totalmente por uma ditadura e guerras que nem nos piores pesadelos cabem na imaginação dos europeus. Contudo, evitar que este desbaratar das conquistas da UE, da democracia, da justiça e de todos os valores positivos conseguidos ao longo de décadas seja estancado ainda está nas mãos do europeus. Urge expulsar da Europa os governos neoliberais (na antecâmara do fascismo) ao serviço de uns quantos para exploração de milhões de europeus. Urge sanear de alto a baixo a nomenclatura pária e parasitária que se apoderou da UE. Essa é a função a cumprir pelos povos europeus. É possível e é urgente!

Se a recusa à luta por este objetivo perdurar podemos dizer adeus ao projeto União Europeia. Mais cedo que tarde voltaremos a ter uma Europa dividida e em guerra.

Salvé slaves!

Redação PG

BCE deve cortar a ajuda à Grécia hoje

O Banco Central Europeu não deve prolongar a ajuda à banca grega. A informação está a ser avançada pela BBC, que adianta que o BCE pode decidir hoje o fim do auxílio de emergência.

Fontes citadas pelo canal britânico consideram que, com o fim do resgate à Grécia, o BCE não tem condições para manter o apoio ao país. Segundo a BBC o fim do financiamento vai acontecer já hoje.

Uma informação que o primeiro-ministro francês não comentou, mas apresentou argumentos que apontam para o sentido contrário. Manuel Valls diz que o BCE deveria manter o apoio aos bancos gregos mesmo que o país não pague a tranche prevista para 30 de junho.

O governante francês lembra contudo que o Banco Central Europeu é "independente" e toma as suas decisões. Se o corte se confirmar, fica em aberto a hipótese de amanhã, segunda-feira, os bancos gregos não abrirem portas por não terem dinheiro.

Na última semana, a instituição injetou dinheiro várias vezes, nos bancos gregos. A confirmar-se, o corte do apoio reforça o cenário de incerteza, depois de o Eurogrupo ter ontem recusado prolongar o resgate, para permitir a realização de um referendo, de hoje a 8 dias.

Ao final da noite, o parlamento de Atenas aprovou por maioria o referendo aos termos do resgate, propostos pelos credores internacionais. O sim à consulta aos gregos foi decidido, com 178 votos a favor. 120 deputados votaram contra.

A aliança no poder - Syriza e Gregos Independentes - deram o acordo ao referendo. O mesmo fizeram os representantes dos extremistas da Aurora Dourada. A restante oposição - que inclui a Nova Democracia, os socialistas do PASOK e os comunistas - disseram não.

TSF – hoje 10:42

2 mil caixas multibanco ficaram sem dinheiro na Grécia

35% das caixas multibanco de toda a Grécia ficaram sem dinheiro este sábado. A informaçao é avançada pela Agência Reuters, que cita três fontes bancárias.

Das 5.500 caixas automaticas, duas mil ficaram vazias depois de se formarem filas para os levantamentos.

As mesmas fontes indicaram que os bancos - em articulação com o Banco Central Grego - fizeram a reposição de dinheiro. Terão sido levantados mais de 500 milhões de euros.

A Reuters conta que no interior do parlamento grego se formou uma fila com cerca de 40 pessoas.

O parlamento está desde manhã a debater a proposta para referendar a questão europeia no próximo domingo.

Em Atenas, está a eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias. Ela já disse à TSF que os gregos passaram o dia atentos às notícias.

TSF – ontem 22:54

Grécia. “A DIGNIDADE DO NOSSO POVO NÃO É UM JOGO” - Tsipras




Por 178 votos contra 120, o parlamento grego aprovou o referendo de 5 de julho às propostas dos credores, que Alexis Tsipras considerou um atentado à dignidade do povo grego. 

Para o primeiro-ministro, se o ’Não’ sair vencedor, isso não significará a vontade da Grécia romper com a Europa ou o euro, mas sim “pôr fim à extorsão e à coerção, práticas que se tornaram comuns na Europa”. E sobretudo servirá para reforçar o poder negocial de Atenas, sublinhou.

Com os votos do Syriza, Gregos Indepedentes e Aurora Dourada, e a oposição de Nova Democracia, KKE, Potami e PASOK, o referendo às propostas dos credores foi aprovado, após aceso e prolongado debate no parlamento da Grécia.

Num discurso em que convocou os exemplos de Konrad Adenauer, Willy Brandt, Enrico Berlinguer e Altiero Spinelli, por oposição aos dos atuais líderes das instituições europeias, Alexis Tsipras disse que este sábado ficará marcado na História “como o dia em que foi recusado o direito a um país soberano a decidir democraticamente o seu futuro”. O primeiro-ministro grego diz que há quem queira tomar decisões à margem das regras e regulamentos da União Europeia, referindo-se à exclusão da Grécia de uma reunião de ministros das Finanças após a reunião do Eurogrupo.

InfoGrécia

Chantagistas na UE - Varoufakis: “Credibilidade do Eurogrupo ficou hoje comprometida"




Veja aqui a conferência de imprensa do  ministro das finanças grego no fim da reunião do Eurogrupo que recusou prolongar o atual acordo por duas semanas, de forma a que os gregos possam votar sem constrangimentos no referendo de 5 de julho.

“A recusa do Eurogrupo em prolongar por duas semanas o atual acordo, para que o povo grego possa votar sobre a proposta – especialmente tendo em conta a alta probabilidade dos gregos poderem não aceitar o nosso ponto de vista e votarem Sim ao acordo – irá comprometer a credibilidade do Eurogrupo enquanto união democrática entre parceiros”, declarou Varoufakis.

Varoufakis comentou as palavras do líder do Eurogrupo, afirmando que o acordo de financiamento acaba no fim de junho e responsabilizando a Grécia por uma suposta rotura das negociações. “Até parece que Djessembloem ficaria feliz se assinássemos uma proposta em que não acreditamos se não tivéssemos o veredito do povo grego, mas se o tivermos já há problema. Se o povo grego quiser assinar o acordo, assinaremos, nem que isso leve a remodelações no governo ou outra reconfiguração ao nível do governo”, prometeu o ministro.

“Fomos eleitos com 36% dos votos e para uma decisão destas consideramos que 50% + 1 é o mínimo necessário”.

“Expliquei aos nossos parceiros as três razões porque não pudemos aceitar a proposta das instituições de há dois dias: as ações recomendadas tinham efeito recessivo e eram redistributivas, mas no sentido em que transferiam os sacrifícios daqueles que podiam e deviam suportá-los para os que não podiam nem deviam; a proposta de financiamento dos cincos meses de extensão do acordo era tecnicamente inadequada e os números não batiam certo; e, mais importante, o que nos propuseram não continha nenhum plano para dar confiança a investidores, consumidores e depositantes que o próximo período de cinco meses seria um período de recuperação e superação da crise”, resumiu Varoufakis.

“Explicámos que não tínhamos um mandato para assinar uma proposta insustentável e inviável nem para rejeitar a proposta sem consultarmos o povo grego, que terá de ser o juíz final da aceitação, ou não, dessa proposta. Expliquei que fomos eleitos com 36% dos votos e para uma decisão destas consideramos que 50% + 1 é o mínimo necessário”, prosseguiu o ministro.

Varoufakis disse que ainda há alguns dias para melhorar a proposta dos credores “para maximizar a hipótese de acordo”, de forma a que o governo possa recomendar ao voto Sim.

Respondendo aos que dizem que este referendo é sobre o euro, Varoufakis explicou que “não há nenhuma regulamentação que preveja a saída de um país do euro, ao contrário da saída da União Europeia, que está no Tratado de Lisboa. Por isso, quem deseja que façamos esse referendo terá de mudar primeiro as regras da UE”.

InfoGrécia

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