segunda-feira, 26 de outubro de 2015

É SÓ COISA PARA ANGOLA?



 Rui Peralta*, Luanda

1º Exemplo

Mais de 25 Estados europeus cooperaram com o programa de tortura e de prisão em segredo e facilitaram essa violação aos direitos humanos. É uma história sórdida, que deixa a Europa mergulhada na vergonha. Os raptados – era de rapto que se tratava - eram detidos em prisões secretas na Polónia, Albânia, Roménia e Lituânia e aí eram torturados.

Em 2012 o Tribunal Europeu para os Direitos do Homem ouviu o cidadão alemão Khalid El-Masri, raptado pela CIA na Macedónia em 2003, quando visitava familiares, que descreveu a forma como foi enviado para uma prisão no Afeganistão, onde permaneceu durante meses, sendo depois transferido para um centro de detenção na Albânia. Khalid foi torturado no Afeganistão (onde terá sido sodomizado por diversas vezes) e na Albânia. O Tribunal condenou o governo da Macedónia por ter entregado Khalid á CIA.

Casos similares passaram-se com centenas de inocentes, vítimas de erro de identificação por parte do Centro de Luta Contra o Terrorismo da CIA, todos com participação de autoridades da União Europeia e que estão a ser analisados pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Onde estão os protestos e as campanhas contra estes atentados aos Direitos Humanos? Onde estão as resoluções do Parlamento Europeu? Por onde anda a “indignação” da Amnistia Internacional e os avisos do Alto-Comissário e respectivos Relatores Especiais da ONU para os Direitos do Homem?

2º Exemplo

A violência na Síria, Iraque, Afeganistão e em alguns países africanos como a Líbia, a Republica Centro-Africana, Somália, Sudão do Sul, Eritreia e outros, geraram uma vaga de milhões de refugiados que procuram refúgio na Europa. Nessa viagem os refugiados são sujeitos a situações degradantes. A Agência das Nações Unidas para os Refugiados denuncia um número crescente de casos de crianças que são submetidas a práticas sexuais para pagarem a viagem. Mais recentemente a República Checa foi acusada de violações sistemáticas dos direitos humanos devido ao tratamento a que submete os refugiados que cruzam as suas fronteiras.

Os refugiados são detidos e permanecem em instalações sem o mínimo de condições, por tempo superior a 40 dias sendo submetidos a tratamento a degradante, mesmo em frente das crianças. Existem muitas denúncias de casos em que as crianças são retiradas aos pais, permanecendo separadas durantes semanas. São comuns casos de furto perpetrados por agentes da “eventual autoridade.”

Mas…e as Resoluções, as Campanhas, os Avisos e os Protestos?

3º Exemplo
        
A tragédia dos refugiados atinge proporções dantescas se levarmos em linha de conta as rupturas de muitos sistemas nacionais para asilados e refugiados, como a Grécia, cujo sistema humanitário entrou em colapso ou a Itália que atingiu o seu ponto de ruptura (e estes são dois países fundamentais na área do Mediterrâneo, a de maior fluxo). Mas e os USA?

Enquanto a Arménia, um pequeno e pobre país esforça-se por receber 10 mil refugiados sírios, enquanto diversos países europeus albergam centenas de milhares de refugiados sírios, os USA anunciam ao som de estridentes trompetas que albergam centenas de sírios. Eis a preocupação humanitária dos USA, os super-defensores dos direitos humanos, os patrocinadores de “activistas” que destruturam nações africanas: centenas de refugiados sírios, num universo de milhões.

De quem é a responsabilidade destes refugiados percorrerem a Síria, a Jordânia, o Líbano, a Turquia e tentarem a sorte na Europa? Quem é o criador da situação que levou milhões de pessoas a iniciarem esta trágica vaga de desgraças? Quem foi o responsável pelos bombardeamentos que impedem os sírios de habitar no seu país, devido á destruição das bombas da NATO e dos bandos financiados pelos Estados do Golfo e treinados pela CIA? Centenas de refugiados sírios?

E onde estão as marchas, os protestos, os avisos, as recomendações, as resoluções, a Amnistia Internacional? É só coisa para Angola?

*Rui Fernando Peralta Reis / Evy Eden Batista Martins

Angola. SERVIÇOS PRISIONAIS LIMITAM VISITAS A LUATY BEIRÃO



A mulher não notou alterações visíveis no estado do activista angolano, nas visitas que lhe fez esta segunda-feria. “Está igual, não há nada de novo.”

Os serviços prisionais angolanos limitaram à mãe, à mulher e ao “irmão espiritual” – o também músico Pedro Coquenão – as visitas a Luaty Beirão, o activista angolano que esta segunda-feira cumpriu o trigésimo-sexto dia de greve de fome.

 “É uma coisa um bocado estranha, não consigo perceber”, disse ao PÚBLICO, por telefone, a mulher. Mónica Almeida não compreende que Luaty Beirão não possa sequer ser visitado pelos “irmãos de sangue”.

A indicação de que as visitas passavam a ser restringidas foi dada “pelas pessoas da clínica” onde o activista luso-angolano está internado, mas foi uma decisão dos serviços prisionais – afirmou. Não foi possível obter explicações dos serviços prisionais.

A restrição começou no domingo e, pelo menos até esta segunda-feira à noite, não havia indicações de que pudesse terminar. Já anteriormente tinha havido uma instrução para as visitas serem limitadas, mas a situação foi corrigida e interpretada pelos mais próximos como um mal-entendido.

Nos últimos dias, para além de familiares e amigos, Luaty Beirão, detido desde 20 de Junho e em greve de fome desde 21 de Setembro, foi visitado por muita gente – do advogados a activistas como o jornalista Rafael Marques e representantes diplomáticos em Luanda, entre eles o embaixador de Portugal.

Nas visitas que lhe fez esta segunda-feira, Mónica Almeida não notou alterações visíveis no estado do marido, que reclama para ele e para os outros 14 detidos o direito a esperarem o julgamento em liberdade. “Está igual, não há nada de novo”, afirmou. “Fizeram-lhe exames mas ainda não nos deram os resultados.”

Os 15 detidos, e duas activistas que não estão presas, são acusados de rebelião e tentativa de assassinar o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Têm julgamento marcado para dia 16 de Novembro.

A tese de insurreição foi reafirmada pelo vice-procurador-geral, Hélder Pita Grós, em declarações à Televisão Pública de Angola reproduzidas esta segunda-feira pelo Jornal de Angola. “Eles queriam alterar o quadro actual, quer o Presidente da República, a Assembleia Nacional e, portanto, houve de facto a necessidade de intervenção para não permitir que houvesse uma insurreição.”

“As consequências de uma eventual rebelião seriam incalculáveis. Isso teria um efeito de bola de neve. Inicialmente, podia parecer que nada acontecesse, mas na verdade tudo podia acontecer e, como se diz, mais vale prevenir do que remediar e, às tantas, não teríamos como remediar.”

No mesmo texto, de que fez manchete, com o título “Poder judicial é soberano”, o Jornal de Angola publica declarações do número dois do MPLA, o partido governamental, em Luanda, Jesuíno Silva, que qualifica os apelos à libertação dos detidos como pressões para que José Eduardo dos Santos interfira no trabalho dos tribunais.

“Curiosamente, são os mesmos que volta e meia questionam sem razão a independência dos tribunais angolanos, mas hoje, porque lhes convém, já acham normal que o Titular do Poder Executivo interfira no Judicial”, afirma num texto que tem como subtítulo: "Dirigente do MPLA responde aos ataques vindos de Portugal”.

 “Em Angola, tal como em Portugal ou em qualquer outro país europeu, o Presidente da República não manda nos tribunais. Isso seria violar a Constituição e os princípios republicanos”, diz também.

No domingo, em editorial, o jornal classificou a visita do embaixador português a Luaty Beirão como “um precedente grave” e falou em “ingerência desabrida”.

A situação dos detidos angolanos levou um grupo de académicos e artistas cabo-verdianos a divulgarem uma “carta aberta” a José Eduardo dos Santos, na qual, invocando a “relação histórica entre Cabo Verde e Angola”, exigem libertação a “libertação imediata”.

Os signatários, entre os quais Tchalé Figueira, artista plástico, Hélio Batalha,rapper, ou Abel Djassi Amado, professor universitário, recordam que na sequência dos levantamentos de 4 de Fevereiro de 1961, que marcaram o início da guerra pela independência de Angola, foram encarcerados no campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, jovens angolanos anti-colonialistas.

Outra petição, lançada em Portugal por um grupo de intelectuais, artistas e políticos, portugueses e de outras nacionalidades, entregue na sexta-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros, teve entretanto a adesão do músico e escritor brasileiro Chico Buarque. A iniciativa, em que é pedido ao Governo de Lisboa que tome uma posição pública sobre o caso, partiu de um grupo de que fazem parte, entre outros, o filósofo José Gil e o escultor Rui Chafes, e já recolheu mais de dez mil assinaturas. Também o deputado socialista português João Soares fez esta segunda-feira, na sua página do Facebook, um apelo directo a José Eduardo dos Santos para que liberte Luaty.

João Manuel Rocha – Público – Na foto Manifestação em apoio ao activista no Porto / Paulo Pimenta

JOÃO SOARES PEDE A EDUARDO DOS SANTOS QUE LIBERTE LUATY BEIRÃO



Na carta aberta que escreve ao Presidente angolano, o deputado socialista diz a José Eduardo dos Santos que, se libertar o ativista que está em greve de fome, vai ganhar "prestígio e respeito, nacional e internacional de que bem precisa".

João Soares espera que o pedido seja atendido, mesmo partindo de um crítico do presidente angolano: "É sabido que não tenho nenhuma simpatia pessoal pela forma autocrática pela forma como em Angola as coisas têm sido conduzidas desde há 40 anos. Sou insuspeito de cumplicidades com o regime e aquilo que peço ao Presidente José Eduardo dos Santos, que aliás tive oportunidade de conhecer e com quem já estive por mais de uma vez, que faça aquilo que é elementar em qualquer país é dar a liberdade a quem está em greve de fome, por uma questão de respeito pelos mais elementares direitos humanos".

Na carta que publicou no Facebook, João Soares diz que a morte de Luaty pode agora acontecer a qualquer momento, o que será um "desastre irreversível para o regime angolano". O deputado socialista diz que é a vida do ativista a única coisa que o move.

"Eu não quero fazer nenhuma espécie de considerações sobre as acusações que foram feitas, que me parecem absurdas, mas isso é secundário. O que é importante é que se possa dar um contributo para que uma vida que está em risco muito sério se possa salvar. Quem conhece Angola sabe que essa decisão só pode ser tomada por uma pessoa que é. É ele pode dizer 'ponham-no em liberdade ou ponham-no num avião para Portugal devidamente assistido para que recupere e depois eventualmente vir a ser julgado em Angola, se se entender que deve ser julgado", sublinha.

Barbara Baldaia com Artur Carvalho - TSF

Angola. INDEPENDÊNCIA



 Martinho Júnior, Luanda

1 – A “Associação Tchiweca de Documentação” e a “Geração 80” anunciaram o fim de sua empolgante iniciativa sobre os caboucos da história do Movimento de Libertação em África, com o fulcro da atenção em Angola.

O trabalho foi abrangente e reuniu depoimentos de entidades, a nível nacional e a nível internacional, cujas vidas estiveram ligadas ao MPLA, à FNLA e à UNITA, algo inédito que merece da parte de todos os angolanos especial relevo.

2 – Para além dos impactos múltiplos desta iniciativa, que merece continuidade por razões antropológicas, históricas e sociológicas, há um destaque muito especial para o seguinte facto:

O trabalho é realizado com a participação de várias gerações, desde os velhos camponeses-guerrilheiros angolanos, aos antigos e históricos dirigentes, até aos jovens que compuseram a equipa dirigida pelo camarada general Paulo Lara, uma representativa terceira geração de entusiastas pela Independência e Soberania angolana, bem como entusiastas na construção da identidade nacional e da angolanidade.

É sobre os jovens que se empenharam neste trabalho que deve recair toda a nossa especial atenção:

Eles não foram só exemplares no esforço de compreender aquele passado meio-misterioso, meio-adormecido, dos caboucos da Luta de Libertação em África, mas sobretudo exemplares naquilo que se pode oferecer à juventude angolana que cultiva com patriotismo o amor à causa de África, um continente vilipendiado sobre o qual recai o desafio de imensos resgates a realizar!

O respeito pela história do Movimento de Libertação em África, o respeito pelas nações e estados que surgiram vencedores do colonialismo, do “apartheid” e de tantas das suas sequelas, o respeito por Angola, suas instituições e suas amplas iniciativas no sentido da paz e da construção dum estado democrático e de direito, é-nos dado pela equipa que integrou maioritariamente jovens!

Seu mérito vai ao ponto de serem os camponeses angolanos, aqueles que tão pouca voz têm tido, mas foram o manancial humano mais decisivo nas primeiras horas da Luta, que maioritariamente depuseram no documentário da INDEPENDÊNCIA!

Nesse aspecto há muitas lições a retirar, pois em Angola tem-se estado a travar uma longa Luta, com uma cultura de identidade nacional capaz de vencer etno-nacionalismos (algo que inibiu por exemplo a primeira coluna do Che no Congo há precisamente 50 anos), num amplo processo que pode e deve ser estendido a outros povos continente a fora.

3 – Se o Che foi inibido na sua primeira coluna, junto ao Lago Tanganika, há 50 anos, sua segunda coluna, que envolveu notáveis revolucionários cubanos, entre eles Jorge Risquet, recentemente falecido, foi um aliado incondicional e, em relação ao MPLA, numa altura em que “VITÓRIA OU MORTE” se decidia fisicamente, em relação a cada um dos seus membros, no simples passo de atravessar o Congo fugindo de Kinshasa e dos esbirros do fantoche Mobutu, para o abrigo vital de Brazzaville, possibilitou o fortalecimento do Movimento de Libertação na primeira plataforma de onde derivaram as primeiras acções da guerrilha do MPLA!

A aliança da revolução Cubana com o Movimento de Libertação em África teve o fecundo mérito de dar início a uma Luta que estava adormecida, em prol dos direitos humanos que as potências sempre tinham negado até então em relação a África, mergulhada nas trevas de colonialismo, de“apartheid” e de tantas ds sus sequelas.

Tudo isso flui neste documentário que terá estreia nacional a 8 de Novembro, comemorando os 40 nos da nossa República!

Esta “solução” encontrada conjuntamente pela “ATD” e a “Geração 80” demarca-se por excelência de “soluções” que os mentores das pseudo-“revoluções coloridas” e pseudo-“primaveras árabes”estão a promover de fora para dentro de Angola, mobilizando para o efeito uma pequena parte de nossa juventude, “queimando-a” na venenosa tentativa de abrir espaço à instalação de seus fantoches e das trevas do neo colonialismo!

Os mentores dessa pseudo-revolução, estão a esquecer a história de África, estão a esquecer os caboucos do Movimento de Libertação, estão a esquecer a história de Angola e das razões profundas das aspirações que conduziram ao surgimento do estado angolano, independente, soberano, democrático e de direito.
  
Construir o futuro, é uma cultura do presente, que em consciência corresponde aos sacrificados e heróicos trilhos da INDEPENDÊNCIA dando-lhes sequência vital, algo que interessa a todos os angolanos ávidos de angolanidade e de africanidade!
  
Aqueles que alinharem com as “revoluções coloridas” ou as “primaveras árabes” à latitude de Angola, estão a ser despojados da riqueza da memória histórica e como “zombies”, como“autómatos” acondicionados com maquiavelismo a objectivos que vulnerabilizam e prejudicam ainda mais África, face aos múltiplos fenómenos duma globalização que desde o fim da Guerra Fria tem sido tão nociva, como criminosamente desencadeada contra muitos povos e estados da Europa (lembre-se a Jugoslávia e a Ucrânia), do Médio Oriente (lembre-se a Geórgia, o Afeganistão, o Iraque e a Síria), de África (lembre-se a Tunísia, o Egipto, o Sudão, a Somália, a Líbia e o alastramento do “jihadismo” terrorista) e da América Latina (constate-se o que está a acontecer com o Brasil, com a Argentina e sobretudo com cada um dos componentes da ALBA, da CELAC e da UNASUR).
  
Novo Jornal - Revista Mutamba

"Depois de 6 anos de trabalho do projecto “Angola - Nos Trilhos da Independência”, a Associação Tchiweka de Documentação apresentará, a partir de 8 de Novembro, o documentário “INDEPENDÊNCIA”.

Este documentário é uma produção da Associação Tchiweka de Documentação e da Geração 80, cuja apresentação trazemos com possível resumo”.apresentará, a partir de 8 de Novembro, o documentário “INDEPENDÊNCIA”. Este documentário é uma produção da Associação Tchiweka de Documentação e da Geração 80, cuja apesentação trazemos com o possível resumo."o apresentará, a partir de 8 de Novembro, o documentário “INDEPENDÊNCIA”. Este documentário é uma produção da Associação Tchiweka de Documentação e da Geração 80, cuja apresentação trazemos com o possível resumo."

Foto: Artigo do Novo Jornal sobre a estreia do INDEPENDÊNCIA

A consultar:

Ministros da CPLP criam novas comissões de polícia e proteção civil, encontro em Díli



Os ministros da Administração Interna da CPLP acordaram hoje em Díli a criação de duas novas comissões conjuntas de polícia e de proteção civil e a realização de um encontro em 2016 sobre migrações e mobilidade.

Durante o encontro de hoje de representantes dos nove Estados membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), foram ainda criadas novas plataformas de partilhas de conhecimento e experiência em vários setores, nomeadamente proteção civil e policiamento.

As decisões fazem parte da Declaração de Díli aprovada durante a IV reunião dos Ministros da Administração Interna e do Interior da CPLP, que decorreu em Díli com delegações dos nove Estados membros e depois de vários dias de encontros técnicos e setoriais.

O Brasil, representado em Díli pelo seu embaixador em Timor-Leste, solicitou 30 dias para o documento ser analisado em Brasília antes de o assinar.

A Guiné Equatorial que se estreou nestes encontros ofereceu-se para acolher a próxima reunião das comissões de policia, migrações e proteção civil, prevista para 2016.

Essa reunião deverá decorrer depois de um encontro, previsivelmente em Lisboa, com responsáveis da Administração Interna e Interior e dos Negócios Estrangeiros dos nove que pretende avançar no tema das migrações e mobilidade.

A reunião de hoje exorta os Governos a adotarem, até ao final do primeiro semestre de 2016, o acordo de 2007 sobre isenção de vistos para estudantes da CPLP, que já foi ratificado por Timor-Leste, Portugal e Cabo Verde.

Este é um dos temas que tem suscitado mais debate no seio da CPLP, sendo uma questão que coloca grandes desafios ao espaço lusófono devido a questões como a integração, por alguns dos Estados, de espaços regionais como a União Europeia.

A reunião da Administração Interna é uma das maiores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com cada país representado por quatro delegações - ministerial, polícia, migrações, estrangeiros e fronteiras e proteção civil - o que totaliza quase 100 participantes.

Todos os países exceto Portugal e o Brasil estão representados a nível governamental, com ministros, vice-ministros ou secretários de Estado.

Angola esteve representada na reunião pelo secretário de Estado do Interior, Eugénio César Laborinho, Cabo Verde pela ministra da Administração Interna, Marisa Morais, e a Guiné-Bissau pelo secretário de Estado de Ordem Pública, Luis Manuel Cabral.

A Guiné Equatorial, que se estreia neste encontro, foi representada pelo ministro delegado do Interior e Corporações Locais, Marcelino Okomo, Moçambique pelo vice-ministro do Interior José dos Santos Coimbra e São Tomé e Príncipe pelo ministro da Administração Interna, Arlindo Ramos.

Longuinhos Monteiro, ministro do Interior, representou os anfitriões, Timor-Leste, enquanto Portugal e o Brasil estiveram representados pelos seus embaixadores em Díli.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Brasil. DILMA FALA SOBRE AMEAÇA À DEMOCRACIA EM ENTREVISTA À CNN



Em entrevista concedida à emissora norte-americana CNN, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que as tentativas da oposição de abertura de um processo de impeachment representam uma ameaça à democracia brasileira.

Dilma lamentou que a polarização política das eleições de 2014 tenha continuado com a mesma intensidade após sua vitória, indicando falta de maturidade nas relações da oposição com o governo.

– Temos que ter muito cuidado com isso porque ainda temos uma democracia, eu diria, adolescente – disse a presidenta na entrevista que foi exibida neste domingo pela emissora norte-americana e gravada no final de setembro, durante a passagem da presidenta por Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.

A entrevista ressaltou a história de luta da presidenta contra a ditadura e os anos em que foi presa e torturada. Dilma salientou que se considera parte da trajetória do Brasil da ditadura à democracia, enfatizando que o importante foi sair de experiências duras como a tortura “sem ódio”.

Sobre a economia, Dilma enfatizou que o “maior valor que nós conquistamos nesse período foi transformar o Brasil numa economia de classe média com um grande mercado consumidor”. Ela salientou que na última década 36 milhões de brasileiros saíram da pobreza e 40 milhões ascenderam à classe média.

Dilma voltou a afirmar que a crise econômica que passa o país é uma travessia que embora seja uma “experiência dolorosa”, a crise deve ser usada para avançar nas reformas que serão decisivas para o crescimento.

Durante viagem oficial à Finlândia, neste mês, a presidenta Dilma Rousseff disse que o seu governo não está envolvido em esquema de corrupção e evitou comentar declaração feita na segunda-feira pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de que o governo brasileiro está envolvido no maior escândalo de corrupção no mundo.

– Primeiro, não vou comentar palavras do presidente da Câmara. Segundo, meu governo não está envolvido em nenhum escândalo de corrupção. Não é o meu governo que está sendo acusado atualmente – disse em entrevista coletiva na Finlândia.

Ao ser questionada se a Petrobras é uma empresa de seu governo, a presidenta respondeu que “não é a empresa Petrobras que está envolvida no escândalo. São pessoas que praticaram corrupção e elas estão presas”.

Para ela, o objetivo da oposição é inviabilizar a ação do governo, mas essa ação não será inviabilizada “faça ela quantos pedidos de impeachment fizer”.

Correio do Brasil com Vermelho – de Brasília

Domenico Losurdo: 'Se repudiamos nosso passado de esquerda, desistimos do nosso futuro'



O mesmo sistema de pensamento e práxis que gerou a crise está encarregado de explicá-la, graças a essa 'ausência' da esquerda.

Marcelo Justo - Carta Maior

Autor de uma dúzia de livros essenciais, entre eles “A esquerda ausente – crise, sociedade do espetáculo, guerra”, recém apresentado em Barcelona, Domenico Losurdo é uma referência da esquerda italiana e europeia, capaz de questionar não só as limitações analíticas de um marxismo vulgar como também o eurocentrismo que domina com frequência a reflexão europeia. Em diálogo com a Carta Maior, o filósofo italiano vinculou seu último livro com um dos grandes mistérios da história dos nossos dias: o impacto político do colapso financeiro de 2007-2008.

A quebra do banco Lehman Brothers e a crise do sistema financeiro internacional gerou um debate sobre o capitalismo como não se via desde a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética. Na cúpula do G20 de abril de 2009, em Londres, o então presidente estadunidense Barack Obama criticou os excessos de Wall Street, enquanto seu colega francês Nicolas Sarkozy falou da necessidade de refundar o capitalismo e acabar com a era dos paraísos fiscais.

Hoje, esse discurso parece uma alucinação de uma memória com febre. A recuperação liderada pela China, com o gigantesco investimento estatal que ativou sua economia e insuflou a demanda mundial, criou a ilusão de um capitalismo capaz de ressurgir eternamente das cinzas. A esquerda, que ainda não havia se recuperado da desorientação deixada pela queda do muro de Berlim, não pode ou não soube aproveitar aquele momento. “Mas a crise não acabou. Não é questão de pensar em paralelos simples, mas recordemos que a de 29 só terminou com a segunda guerra mundial. Hoje, vemos também que a crise não é só econômica, mas também política, como se vê com a União Europeia. Além disso, há um estado de guerra, como vemos na Síria e na Líbia, que tem levado muitos observadores a pensar que existe um grande perigo bélico. A esquerda tem que lidar com todas essas situações ao mesmo tempo: a econômica e social, a política e a bélica”, comentou Losurdo à Carta Maior.

Por quê a esquerda está “ausente”?

O grande problema é que, como diz Losurdo já no título do seu último livro, a esquerda está “ausente”, ou seja, que fugiu do debate público, deixando em seu lugar “o pensamento único neoliberal e neocolonialista”. Em outras palavras, o mesmo sistema de pensamento e práxis que gerou a crise está encarregado de explicá-la, graças a essa “ausência” da esquerda.

Losurdo reconhece que, nos últimos anos, essa esquerda “ausente” começou a despertar na Europa. O Syriza na Grécia, o Podemos na Espanha e Jeremy Corbyn no Reino Unido são expressões desse primeiro despertar. “Mas acho que, em todos os casos, ainda não compreenderam a fortaleza do ataque contra o Estado de bem-estar. É um ataque furibundo, que requer uma resposta coordenada”, afirmou ele.

Em sua análise, o bem-estar se tornou o equivalente a um bastão essencial numa guerra, a praça que não pode se render, porque levaria à queda de todas as outras. “É paradoxal, porque o bem-estar surgiu como resultado de uma situação nacional e internacional, como uma tentativa de frear as forças de esquerda. No final da Segunda Guerra Mundial, tínhamos uma União Soviética muito prestigiada e forças de esquerda com muito poder em diversos países europeus. O Estado de bem-estar foi a resposta capitalista a esses dois fenômenos. A situação atual é outra. Não existe União Soviética, a esquerda está ausente e a burguesia não tem nenhuma razão para manter esta instituição, por isso a está desmantelando”.

Diferente de outros pensadores da esquerda europeia, Losurdo é muito consciente do problema neocolonial. Em seus textos, qualificou a luta anticolonial como uma “luta de classes” e reclamou do fato de a própria esquerda não prestar a devida atenção ao tema. “Necessitamos um novo bloco histórico que lute contra o neocolonialismo que vemos nas guerras que estão acontecendo no Oriente Médio. Uma união de forças, da classe trabalhadora e de países emergentes como China, Brasil, Rússia e outras nações que devem se unir para combater o projeto capitalista-imperialista”, analisou Losurdo.

América Latina e a sociedade do espetáculo

Com relação à América Latina, que tem estado na vanguarda deste questionamento do pensamento único neoliberal no Século XXI, Losurdo vê luzes e sombras. “Há uma ofensiva imperialista na América Latina. Os Estados Unidos não quer abandonar a Doutrina Monroe, da América para os americanos. O golpe na Venezuela, em 2002, é um exemplo. Mas a esquerda latina também cometeu erros. O caso que conheço melhor é o mesmo caso venezuelano. Creio que Chávez fez algo muito importante, ao acreditar num Estado de bem-estar com o dinheiro do petróleo que antes era administrado pela oligarquia venezuelana, mas o seu limite foi ter se centrado na redistribuição, sem mudar o modelo de produção de riqueza. Nisso, a América Latina deveria olhar melhor o exemplo chinês”, afirma.

O livro de Losurdo tem como subtítulo “crise, sociedade do espetáculo, guerra”. O conceito de “sociedade do espetáculo” vem de um pensador francês, Guy Debord – que, em 1967, captou o surgimento de um fenômeno que nasceu com a televisão e o consumo, que começava a transformar a realidade na representação-espetáculo. Debord não sabia da internet e mal podia suspeitar do predomínio brutal que o mundo da imagem alcançaria sobre o da palavra décadas mais tarde. “É um obstáculo que a esquerda tem que superar para manter a solidariedade e o Estado de bem-estar. É algo que analiso em meu livro. A classe dominante conquistou não só o monopólio da riqueza e das ideias, mas também o das emoções. Nesse aspecto, creio que esta sociedade do espetáculo é ao mesmo tempo a sociedade da guerra em que se manipula a opinião pública. A situação do Oriente Médio deve ser entendida neste sentido”.

Na longa conversa telefônica com a Carta Maior, fica claro, porém, que o centro da reflexão de Losurdo é esta misteriosa “ausência” da esquerda, capaz de convertê-la num “fantasma” que, longe de percorrer a Europa para mudá-la como na frase inicial do “Manifesto Comunista” de Marx e Engels, busca se acomodar no interior da União Europeia neoliberal para não ficar de fora. Segundo o intelectual italiano, esse é o grande desafio.
 “Um dos problemas do Podemos na Espanha é quando se colocam como algo além da esquerda e da direita. Não dizem algo novo. Mas dizem algo perigoso. Se repudiamos nosso passado de esquerda, desistimos do nosso futuro. Quando o pensamento dominante busca que a esquerda tenha a mesma visão do Século XX que eles, essa esquerda deve perceber que isso se trata de uma grave capitulação histórica e ideológica, que prepara uma capitulação política para a transformação do presente”, disse ele à Carta Maior.

Tradução: Victor Farinelli - Créditos da foto: Wikimedia Commons

Portugal. O VELHO DE BELÉM



Rui Sá – Jornal de Notícias, opinião

O episódio do "Velho do Restelo" é conhecido, dado que define uma caraterística de muitos portugueses que Camões imortalizou n"Os Lusíadas. E que se traduz num atavismo, numa aversão à inovação, numa defesa dos interesses instalados.

Lembrei-me deste episódio quando ouvi Cavaco no dia 22. É que, nos últimos tempos, uma das palavras mais utilizadas pela Direita, é "tradição". Mais propriamente, aquilo a que chamam a "tradição do nosso regime democrático" um conceito que, na opinião destes "velhos", se sobrepõe à democracia, ou seja, a "tradição" é mais importante do que a vontade da maioria. Por isso é o desespero que faz os líderes das bancadas do PSD/CDS falarem de "tradição" quando (finalmente!) perceberam que das eleições resultou uma nova correlação de forças na Assembleia da República (AR), pelo que, num exercício democrático, a maioria deles preferiu Ferro Rodrigues a Negrão para seu presidente.

A questão não se coloca quanto à legitimidade de o "velho de Belém" indigitar Passos para formar Governo. Pode fazê-lo, embora nunca mais possa invocar que a situação grave do país exige celeridade nos processos. Porque, como é sabido, o Governo vai ser rejeitado e, de acordo com a Constituição, será demitido.

A questão que se coloca é que esta indigitação de Passos não visa cumprir a tradição. Faz parte, isso sim, de um plano que visa que a Direita se mantenha no Governo em funções de gestão por quase um ano - o que é pouco compaginável com o que Cavaco foi repetindo relativamente à necessidade de um Governo estável e atuante.

Perante este verdadeiro "golpe de Estado" (perpetuação de um Governo sem legitimidade política e eleitoral e inviabilização de um Governo com apoio maioritário na AR - num instante em que povo não se pode pronunciar em novas eleições), a Esquerda deve forçar a governação do país a partir da AR, dinamizando a sua iniciativa legislativa e unir esforços para eleger um presidente da República que claramente assuma que, quando tomar posse, nomeará um Governo com apoio maioritário na Assembleia. E esta deve ser uma das questões a dominar o debate das presidenciais: o que fará cada candidato se o "velho de Belém" se despedir com Passos à frente de um Governo de gestão? Novo governo ou eleições antecipadas?

Quanto ao anátema que Cavaco lançou sobre o BE e a CDU é típico do velho, mas de Santa Comba... Uma coisa é certa: um Governo apoiado por estes partidos reporá a reforma de Cavaco, permitindo-lhe ultrapassar as "dificuldades" que tanto lhe têm toldado o pensamento...

*Engenheiro

Portugal. Carlos César considera incompreensível "demora" de Passos e silêncio de Cavaco



O presidente do PS considerou hoje incompreensível "a demora" do primeiro-ministro em anunciar a composição do Governo e em apressar a apresentação do respetivo programa, assim como o silêncio do chefe de Estado face a esta situação

Estas críticas de Carlos César a Pedro Passos Coelho e a Aníbal Cavaco Silva constam de uma nota enviada à agência Lusa, na qual também se acusa o executivo cessante de pretender "concluir uns quantos negócios à pressa" e fazer "à socapa centenas de nomeações".

"Não se compreende a demora do primeiro-ministro indigitado em apresentar a composição do Governo para tomar posse e apressar a apreciação do programa do governo. Temos que passar adiante", afirma Carlos César, que, na quarta-feira, deverá suceder a Ferro Rodrigues nas funções de líder parlamentar do PS.

Para Carlos César, na atual conjuntura, "Portugal não pode perder tanto tempo e não deve ficar com um Governo que não governa e que só quer concluir uns quantos negócios à pressa, e consolidar por toda a parte e à socapa centenas de nomeações para controlo partidário futuro da administração".

Depois, o presidente do PS refere-se especificamente a Cavaco Silva: "Nem se compreende que o Presidente da República o permita".

"Para uns efeitos o Presidente da República fala a mais e para outros a menos. Assim não", acrescenta o ex-presidente do Governo Regional dos Açores, entre 1996 e 2012.

Lusa, em Notícias ao Minuto

A POBREZA EM PORTUGAL



O INE acaba de divulgar os resultados definitivos do "Inquérito às Condições de Vida e Rendimento", realizado em 2014 com dados de 2013.   Vale a pena examinar o documento síntese do inquérito.

Ele confirma o agravamento tanto da Taxa de Risco de Pobreza; como da Taxa de Intensidade de Pobreza; da Privação Material Severa e da Desigualdade do Rendimento.

As consequências das imposições da troika – a que o governo PSD-CDS se submeteu com entusiasmo – já são mensuráveis ao nível estatístico.   Mesmo assim o PR e o resto da direita querem prolongar indefinidamente a pauperização do povo português. 


Portugal. A GOVERNAÇÃO PSD-CDS LOUVADA POR CAVACO





A governação PSD-CDS louvada por Cavaco deu nisto:   o rácio dívida/PIB de Portugal era de 96,2% em 2010. 

Mas depois da pauperização do país imposta a partir de 2011 pela Troika e aplicada com diligência pelo governo PSD-CDS, em 2014 o rácio tornou-se ainda pior: saltou para os 130,2%.

Os sacrifícios do povo português foram inúteis e a dita "recuperação económica" com que eles acenaram antes das eleições é uma miragem. 

Portugal. ESCAVACAR



Carvalho da Silva* - Jornal de Notícias, opinião

O presidente da República (PR) fez, na quinta-feira, um discurso de grossa malandrice, posicionando-se na perspetiva de poder vir a violar princípios e regras democráticas e constitucionais fundamentais. Será que ouvimos mesmo o presidente dizer que prefere manter em gestão um Governo sem legitimidade parlamentar, a indigitar um primeiro-ministro que disponha de uma maioria na Assembleia da República (AR)? Será que se arrogou o direito de ignorar os resultados eleitorais, só porque não lhe agradam?

Como não há qualquer solução democrática para a formação de um Governo sem o apoio da maioria dos deputados na AR, pode dizer-se que Cavaco Silva ensaiou um caminho que prefigura um golpe de Estado. O PR esconjurou o Estado de direito democrático e os partidos políticos que detêm a maioria dos deputados na AR, procurando anular o voto de todos os que não escolheram a coligação de Direita. Cavaco Silva nem por uma vez citou a Constituição da República para identificar os direitos e interesses dos portugueses, que devem ser defendidos. A baixeza de apelar, quase abertamente, a deputados do Partido Socialista para se colocarem ao serviço da Direita, contribuindo para a sua golpada, é qualquer coisa de repugnante. Cavaco não é mais do que o líder da Direita, entendida como seita predestinada para o exercício do poder. Cavaco Silva não se importa de escavacar o país, se escavaca-lo for preciso para evitar que governe quem na opinião dele não deve governar.

Com violência inusitada, o PR evocou múltiplos fatores de instabilidade e medos que podem afetar gravemente a convivência democrática. Esta via é perigosíssima, ainda mais num contexto em que são profundas a pobreza, as dependências e as desigualdades, e muito desequilibradas as relações de poder na sociedade em geral e no mundo do trabalho. Não poucas vezes o atrofiamento e morte da democracia entram por estas portas.

O PR conjurou todos os demónios à solta no plano nacional, europeu e mundial. Para o ajudarem a impedir um Governo democrático, convocou os mercados, insinuando-lhes que criem problemas a Portugal, a moeda única com os aprisionamentos que a estruturam, o BCE com o seu poder não democrático, o Tratado Orçamental e os seus condicionalismos, a União Europeia neoliberal, dicotómica e antissolidária.

Cavaco Silva não fez um mero exercício de identificação de compromissos e espartilhos a que o país se encontra submetido e que qualquer Governo (de Direita ou de Esquerda) tem de reconhecer. Ele conjurou tudo o que possam ser retaliações vindas daí, para instabilizar o país e desacreditá-lo no plano externo.

Esta semana o professor de Direito e constitucionalista Jorge Reis Novais dizia (1*), com a-propósito e adequada fundamentação, que estamos num tempo em que os poderes dominantes chegaram ao desplante de nos quererem obrigar não só a reconhecer a validade inquestionável das instituições antidemocráticas e das regras que nos impõem, mas também a obrigatoriedade de declarar-lhes, oralmente e por escrito, amor e servidão. Cavaco Silva prossegue o ensaio da subjugação absoluta do país.

A pequena minoria que detém o poder financeiro, económico e político acredita-se ungida pelos deuses. Dizem-se democratas mas só enquanto a democracia, condicionada pelos meios de comunicação de que são proprietários, produzir resultados compatíveis com a salvaguarda dos seus privilégios. Logo que isso não acontece puxam da pistola.

É preciso uma serena e firme defesa dos valores democráticos, uma unidade ampla de todos os que se reconhecem na Constituição da República. Essa maioria - esse arco constitucional - hoje tem por base os partidos que estão em diálogo para a construção de uma alternativa democrática de governação, mas inclui ou deve incluir também todos os democratas, mesmo os que apoiaram no passado partidos que integram a atual coligação de Direita. A plataforma de entendimento é simples: não permitir que escavaquem o nosso país e a Constituição da República, pilar da nossa democracia.

(1*) Seminário organizado pelo CIDEEFF/FDUL e pelo Observatório sobre Crises e Alternativas/CES sob o tema "O Estado Social de Direito e a Crise da Política Democrática".

*Investigador e professor universitário

Portugal. "País não aguentaria governo de gestão e seria inconstitucional"



Jorge Miranda considera que “é cedo para nos estarmos a precipitar em falar de uma crise institucional”. Ainda assim há riscos e erros que já foram cometidos.

O constitucionalista Jorge Miranda é claro: “se o Governo de Passos Coelho não passar [no parlamento], logicamente deve ser chamado a formar governo o dirigente do segundo partido mais votado”.

Em entrevista ao Diário Económico, afirma o homem que é tratado como um dos ‘pais’ da Constituição que Portugal “não aguentaria um governo de gestão e esse seria inconstitucional”, razão pela qual não vê como Cavaco Silva possa optar por manter o país vários meses a ser governado por um executivo de gestão.

Um governo de gestão, salienta, “está confinado às decisões absolutamente necessárias para a correta gestão”, não podendo tomar iniciativa política. “Em última análise, poderia haver um governo de iniciativa presidencial”, diz ainda o docente universitário. Mas com Cavaco já em final de mandato, tal medida só poderia funcionar por algum tempo, até serem marcadas novas eleições.

Sobre a possibilidade de novas eleições, prevê ainda Jorge Miranda que tal se poderá verificar mesmo, “dentro de um ano ou até mesmo”.

Sobre o discurso de Cavaco Silva na passada quinta-feira, em que indigitou Passos Coelho por entre palavras duras dirigidas à Esquerda, diz o constitucionalista que Cavaco Silva fez uma escolha “acertada” em começar por indigitar Passos Coelho. Mas “as considerações que fez eram escusadas”.

Na perspetiva de Jorge Miranda, “não cabe ao Presidente da República entrar na apreciação dos programas dos partidos”, crítica, questionando ainda sobre o que é mais importante: "a Constituição ou obrigações internacionais ligadas à Europa?”.

Notícias ao Minuto

Portugal. “CAVACO NÃO SE COMPORTA COMO UM PRESIDENTE”



Discurso da passada quinta-feira de Cavaco Silva continua a ser alvo de críticas.

O socialista João Galamba considera que o Presidente da República tomou uma decisão “inteiramente legítima” ao indigitar Passos Coelho. Mas tudo o que se seguiu o no seu discurso da passada quinta mostra que “Cavaco Silva é a negação de um institucionalista e não se comporta como um Presidente”.

Na perspetiva de João Galamba, Cavaco Silva “decidiu comportar-se como líder de fação”, sendo que “ao Parlamento cabe apenas escolher o modo como o governo que já escolheu deve governar”.

“Se for isto que tem na cabeça, então estamos perante uma chantagem inaceitável sobre o Parlamento”, escreve o socialista no artigo que assina esta segunda-feira no Diário Económico, onde Cavaco Silva é acusado de, com o seu discurso, afastar partidos das decisões com base nas suas preferências.

“Se a participação do Bloco, PCP e PEV subverte a democracia, então resta à democracia ilegalizar esses partidos”, ironiza João Galamba, acrescentando que o que não se pode é “fingir que esses partidos são legítimos e, depois, na prática, agir como se se passasse o oposto”.

Escreve ainda João Galamba que não há compromissos internacionais em acordo e que, caso Cavaco Silva se insistir em não perceber isto”, recusando liminarmente uma solução governativa à Esquerda, “ficará na história como o primeiro Presidente da República Portuguesa que se pôs à margem da lei”.

Notícias ao Minuto

Portugal. Cavaco tratou governo "como uma dona de casa alimenta galinhas"



Jurista considera que Cavaco empossou Passos Coelho num gesto de "ressentimento e vingança" contra o PS.

Na sua crónica desta segunda-feira no Público, António Correia Campos acusa Cavaco Silva de ter olhado para a formação do governo como se de uma dona de casa se tratasse.

“Tratou este assunto como uma dona de casa alimenta galinhas: dá milho às que considera poedeiras e farelo às restantes. Assim nunca terá ovos das segundas”, afirma, considerando que foi um erro não ouvir a Esquerda e dizer que “não conta com os partidos à esquerda do PS para as funções normais da vida política”.

Ao fazê-lo tornou-se no “grande aglutinador e o principal ator do processo político de união das esquerdas”, que só perceberam o poder que tinham juntas após a vitória de Ferro Rodrigues na Assembleia da República.

Por tudo isto, o chefe de Estado é, segundo o jurista, o responsável pela instabilidade no país e lembra que um governo de gestão deixará o país “sem rumo” e “sem comando interno”.

“A democracia é o governo das maiorias”, ressalva, acrescentando que será a esquerda a assumir um poder “que quase ignorava”.

Notícias ao Minuto

Bom dia Angola. Bom dia Portugal. Bom dia mundo e todos os explorados e oprimidos



Bom dia Angola. Bom dia Portugal. Bom dia mundo e todos os explorados e oprimidos que nos seus países sofrem as agruras disto a que chamam neoliberalismo mas que mais se assemelha a um fascismo mascarado de democrata. O sol quando nasce deve ser para todos.

Angola está na berra. O Expresso Curto de hoje também contempla o país da menina dos olhos do capitalismo selvagem que já lá está em força. No PG pode ler mais em baixo o que é referido no texto de João Vieira Pereira, o servidor deste Expresso, sob o título Angola. DE PORTUGAL NADA SE ESPERA, o diretor do Jornal de Angola zurze em Portugal, ou melhor: naqueles que ou andam a dormir ou andam distraídos, ou andam conscientemente ao serviço dos abutres que querem sugar as riquezas de Angola ainda mais do que já sugam… e de borla. Concretamente os EUA e a União Europeia.

Também no Página Global pode ler em exclusivo Martinho Júnior, que de Luanda é integrante deste coletivo PG e diz das boas. Ainda outro integrante deste coletivo PG desde a primeira hora aborda incisivamente e sem muitas palavras, somente as necessárias, o que está a acontecer em Angola segundo a sua perspetiva: Rui Peralta. Comece por ler o que publicámos ontem à noite: METAMORFOSEANDO OS DIREITOS HUMANOS. Mas tem mais. Clique nos nomes destes autores.

Muito há a dizer sobre Angola mas não será para aqui, agora, neste Expresso Curto. Acrescente-se apenas que existe na realidade um ataque declarado a Angola para fazer do país uma Líbia sem rei nem roque e onde será mais fácil os regimes “democratas” do ocidente roubarem, como está a acontecer na Líbia, por exemplo. Porém, tal evidência não deixa de ter também por responsável facilitador o regime angolano vigente, por se ter posto a jeito por via da corrupção, da opressão, da repressão, de uma evidência revoltante que são as carências de populações angolanas quando a filha de Eduardo dos Santos (e outros) está a apodrecer em riquezas, usando a própria por metáfora estapafúrdia o seu empreendedorismo quando começou em criança a vender ovos (!). Por favor, nem o mais afetado cerebralmente “papa” tretas deste género. É que eles sempre têm algum “esperto nos cabeço”! 

É indubitável, há muitos anos que existem roubos das riquezas de Angola que pertencem a todos os angolanos e que vão para os alforges de uns quantos relacionados com os poderes (desde o colonialismo). Também há atropelos aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos – aos Direitos Humanos tal como estão inscritos na Declaração dos Direitos Humanos. Ora isso, essas violações, de roubo, de corrupção, de opacidade, de “pular” princípios constantes na referida declaração ratificada por Angola na ONU, facilitam que penetrem na desejada soberania e estabilidade do país… Tanto que havia a dizer. Mas, só mais uma: há quem não se reveja num governo de esquerda assim, com tais políticas. Há quem deseja uma esquerda impoluta com uma única política: governar para o povo. Essa é que é a esquerda. O resto são tergiversões de cacaracá. A honestidade e o exemplar desempenho de funções dos governantes (de esquerda) com uma política de primeiro o povo é a melhor tranca de segurança na porta de qualquer país, assegurando a sua soberania, unidade e independência. Os desonestos nos poderes em Angola são os principais responsáveis pelas intromissões dos devassos neoliberais-fascistas dos EUA e da União Europeia.

Outros assuntos são abordados neste Expresso Curto que, pela nossa parte, já vai longo. Tem de ser.

O Benfica levou uma abada do Sporting, na Luz. Grandes cabeçudos que de lá saíram, quase 50 mil. Jesus é grande. Luís Filipe Vieira está com a pata na poça e se assim continuar vai “sangrar”.

Sobre Luaty Beirão… Já falámos de Angola. Não se compreende que cidadãos sejam feitos presos políticos só por discutirem sobre um livro… Ou há mais nas acusações? Fazer perigar o PR? E o regime? Mas com que armas letais? Foram apreendidas? Que se saiba não. Só papel e canetas. Ou não? Esperamos sentados para ver o desenrolar do drama. Porque é um drama, olhando para a força e razão de Luaty. Não é um qualquer que tem aquela força sem razão. O regime angolano até parece que tem no poder uma mandante com o adn de Margaret Thatcher. Mas não, é Eduardo dos Santos! (de esquerda?) Basta de Angola, aqui, por hoje. 

Portugal continua com um fascista mascarado de democrata, Cavaco Silva. Elegeram-no e agora não existe modo de nos livrarmos dele. Mesmo depois de terminar o mandato vai continuar a procurar tramar os portugueses em benefício de uns quantos da sua laia. E os portugueses até lhe vão continuar a pagar para ele fazer esse serviço bastardo. Há povos que mais parecem gelatina e em Portugal isso é evidente. Basta, senhor Cavaco, você é a vergonha da República.

Vamos lá ao Expresso Curto.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o Expresso Curto

João Vieira Pereira - Expresso

Cruzada anti angolana? É preciso ter lata

Bom dia,

Não começo com o derby lisboeta ou com as várias façanhas desportivas portuguesas deste fim-de-semana (já lá vamos). Começo por Angola. Se não leu o editorial do Jornal de Angola, por favor não o perca.

Já sabemos que aquele jornal é um instrumento de propaganda do governo angolano, mas isso só torna o seu conteúdo mais grave. As palavras usadas são muito duras e desenham uma imagem de Portugal como um país sem rei nem roque, mas onde existe, supostamente, uma “cruzada anti-angolana”.

O motivo? As notícias sobre a greve de fome de Luaty Beirão e a visita que lhe fez o embaixador português em Luanda, visita esta considerada uma personificação da alegada maquinação portuguesa contra o regime angolano. E para compor o ramalhete, oembaixador angolano em Portugal resolveu afirmar que “o problema do cidadão Luaty Beirão apenas é um pretexto para fazer ressurgir aquilo que em Portugal sempre se pretendeu: diabolizar Angola”.

O que o Jornal de Angola esquece é que Luaty Beirão é também um cidadão português. A visita do embaixador português só peca por tardia. Depois de mais de 30 dias em greve de fome o que mais assusta é o tema não ser mais falado ou que não exista maior contestação em Portugal pelo que se está a passar.

40 anos depois da independência, Angola, um país que podia ser uma potência económica de África, enfrenta um momento económico e político, no mínimo, complicado. Mas em Portugal os cidadãos angolanos continuam a ser recebidos de braços abertos em todas as esferas da sociedade. E quem não vê isso ou é míope ou não é sério. Se existe algum problema entre Portugal e Angola esse é provocado pelo país africano e incentivado pela atitude passiva e temerosa dos governos portugueses.

A situação de Luaty Beirão começa a ultrapassar as fronteiras de Angola e de Portugal. Chico Buarque, o cantor brasileiro, tomou a iniciativa de assinar a petição “Pela Intervenção do Governo Português na Libertação de Luaty Beirão".

Por cá continuam as apostas sobre os vários cenários políticos.Marco António Costa, vice presidente do PSD parece apostado em retomar o diálogo com o Partido Socialista. “Acreditamos que o PS tem sempre a oportunidade para corrigir a trajectória errada que está a fazer relativamente à história, porque a sua história não é no sentido desta trajectória. Estamos a um mês do 25 de novembro e recordamos a importância que o PS teve para ajudar a cimentar valores de democracia que nós perfilhamos”.

Contudo, para quem parece procurar consensos, Marco António Costa deixa muito a desejar ao atacar violentamente o outroAntónio Costa: “Julgo que toda a gente já percebeu que o simulacro que tivemos até aqui com o PS é porque efetivamente há uma ambição pessoal de alguém que quer sobrepor a sua ambição aos interesses nacionais”.

O DN faz manchete hoje com as negociações entre o PS, Bloco e PCP. Os socialistas estão a fazer as contas para tentar acomodar mais três propostas consideradas essenciais pelos partidos mais à esquerda: depois de já terem acordo com o fim do congelamento das pensões e dos cortes dos salários da função pública, agora querem o fim da sobretaxa de IRS, a subida do salário mínimo nacional para os 600 euros e a descida do IVA sobre electricidade e gás. À mesa das negociações que recomeçam esta semana, e que os partidos querem que estejam prontas para apresentar ao Presidente da República logo após a votação da moção de rejeição do governo, está também o regresso das 35 horas semanais de trabalho. Eis pois a receita da esquerda para eliminar a crise: menos impostos, maiores salários e menos trabalho. Não sei se comece a rir ou a chorar.

A bom porto chegaram mais uma fase das negociações sobre a crise dos refugiados depois de uma cimeira europeia convocada por Jean-Claude Juncker. A UE decidiu aceitar receber mais 100 mil migrantes sendo que a maior parte deles será acolhido pela Grécia. Os líderes europeus comprometeram-se a reforçar a capacidade de acolhimento de refugiados num movimento que o presidente da Comissão Europeia considerou ser um “imperativo imediato”.

OUTRAS NOTÍCIAS

Agora vamos ao futebol. Então foi assim: Jesus regressou e fez ‘Pum Pum Pum’. Três. Como eu percebo (e gosto) pouco de futebol, aconselho a crónica de Pedro Marta Candeias. Está lá tudo o que precisa saber sobre a novela Benfica-Sporting. E sobre o jogo também. Quem escorregou foi o FC Porto que não foi além de um empate a zero o que coloca a equipa liderada por Jesus isolada no comando do campeonato. E pronto já chega de futebol.

Nos últimos dias a minha atenção tem estado mais virada para orugby. Ontem jogou-se a segunda meia final do campeonato do mundo com a Austrália a bater a Argentina. Se gosta de um desporto onde a arbitragem deixou de ser parte do jogo e onde ganha sempre o melhor não perca no próximo sábado a final entre Nova Zelândia e Austrália.

E já que estamos a falar de desporto aqui ficam três boas notícias para o desporto nacional. Começamos pela vitória de Miguel Oliveira no grande prémio da Malásia de Moto3. Um triunfo que adia a decisão do título mundial para a próxima prova que decorre em Espanha.

Mas a grande surpresa do fim de semana veio do frio das águas de Peniche. A jogarem em casa Frederico Morais e Vasco Ribeiroeliminaram o número um e número dois do ranking mundial. Um feito inédito que coloca o surf português de novo na boca do mundo. Se gosta de surf não perca esta e mais esta fotogaleria.

E finalmente uma última nota para o golf nacional. A nova esperança portuguesa terminou a penúltima prova da segunda divisão europeia que decorrer na china em 3º lugar. O que permitiu a Ricardo Melo Gouveia reconquistar o primeiro lugar do Challenge Tour.

A última nota de desporto vai para a Fórmula 1 que viu ontem, Lewis Hamilton sagrar-se campeão do mundo pela terceira vez numa corrida emocionante. Se não viu não perca este trabalho do The Telegraph.

A Polónia virou à direita. Muito à direita. O partido Lei e Justiça (PiS) ganhou as eleições legislativas obtendo maioria absoluta, algo totalmente inédito na história da Polónia pós-comunista. O PiS fez uma campanha apoiada num discurso xenófobo onde ataca os refugiados e a Rússia e apoia a militarização do país. Mas há mais. São eurocépticos, defendem que a despesa do Estado social deve ser baseada na família, e são contra o aborto e a fertilização in vitro.

Jerónimo Martins e BCP, que têm importantes negócios na Polónia, devem estar já a fazer contas. É que o PiS defende um aumento de impostos sobre o negócio da distribuição e sobre a banca. E quer também que os bancos assumam as perdas elevadas dos contratos de crédito à habitação que estavam indexados ao franco suíço. As acções das duas empresas abriram em queda acentuada na bolsa esta manhã.

Daniel Scioli, o candidato apoiado por Cristina Kirchner ganhou a primeira volta das eleições presidenciais na Argentina naquela que foi uma das eleições mais disputadas de sempre. Mas Scioli que obteve 36,68% dos votos vai ter agora de disputar a segunda volta dia 22 de Novembro contra candidato Mauricio Macri que reuniu 34,5% dos votos.

Mas houve mais eleições no mundo Latino. Na Guatemala, um conhecido ator cómico Jimmy Morales, venceu as eleições presidenciais com praticamente 70% dos votos. E na Colômbia, ao fim de mais de uma década, a capital, Bogotá, muda de alcaide, após as eleições regionais que decorreram ontem e que, em princípio, terão sido as últimas a decorrerem em clima de guerra com as FARC.

No final da semana passada soldados americanos entraram pela primeira vez em operações no terreno contra o autodenominado Estado Islâmico numa operação conjunta com as forças curdas com o objectivo de libertar reféns. Na operação acabaria por morrer um soldado das forças especiais norte americanas. Ontem foi divulgado um vídeo da operação de salvamento.

Folio, “a grande festa da literatura, do livro e da ideia”, assim descrita por Agualusa, decorreu em Óbidos e custou 600 mil euros mas “não desiludiu”. A organização estima que tenham passado pelo evento 25 mil pessoas.

Uma última nota, triste, para recordar Ricardo Mealha, um designer português reconhecido internacionalmente, que faleceu ontem depois de perder a luta contra um tumor cerebral.

O QUE DIZEM OS NÚMEROS

693,7 milhões de euros é o valor arrecadado pelo Estado em taxas, multas e outras penalidades até setembro. Mais 21,4% do que em igual período ano passado.

100 mil é o número de passageiros que deverão ser afectados por mês pela suspensão dos voos entre Kiev e Moscovo. A decisão é mais uma etapa no conflito aberto entre a Ucrânia e Rússia.

68 mil euros por ano é o salário considerado ideal para se alcançar a felicidade. As contas são feitas pelo Nobel da Economia Angus Deaton num estudo que realizou em 2010.

99 coisas para fazer Portugal. É o título de uma série de 13 programas de televisão que o canal de televisão canadiano, Evasion, começa hoje a gravar no norte do nosso país.

FRASES

“Peço desculpa por alguns erros no planeamento e por certos erros na nossa compreensão sobre o que iria acontecer depois de removermos o regime” – Tony Blair em entrevista à CNN sobre a intervenção no Iraque contra Saddam Hussein.

“O Presidente vai indigitar António Costa para formar Governo” -Marques Mendes entra no concurso de apostas durante o seu habitual comentário de domingo na SIC.

O QUE EU ANDO A LER

Sabe quem é Kweku Adoboli? E se eu disser que ele foi responsável por provocar perdas de 2,3 mil milhões de dólares no UBS? E que por isso foi condenado a sete anos de prisão dos quais cumpriu quase quatro? E que foi banido de trabalhar na City em Londres? E que enfrenta a ameaça de deportação para o seu país natal?

Adoboli, nascido no Gana, foi condenado a prisão por ter criado um sistema paralelo no UBS para esconder perdas dos seus investimentos. Desde então manteve-se em contacto permanente com a jornalista Lindsay Fortado. Agora e quase um ano depois de ser libertado começa a contar a sua versão da história. Apesar de ter confessado, continua a afirmar que só o fez para que o banco em que trabalhava continuasse a ganhar dinheiro e que tudo o que fazia era de conhecimento superior. Acusações obviamente refutadas pela banco suíço.

Mas mais curioso é que Adoboli, que não voltou a trabalhar como financeiro, (aliás foi recentemente banido de trabalhar em qualquer função financeira na City de Londres pela FCA, o regulador britânico),está agora a dar seminários e formação a empresas sobre… compliance. Ou seja sobre como se devem comportar as organizações e os seus colaboradores de modo a respeitarem as regras e leis da regulação. Nada como contratar quem o sabe fazer para impedir que o façam. Depois da decisão de impedimento de trabalhar outra vez na área financeira Adoboli afirmou que “a ordem de proibição marca o encerramento de um capítulo difícil para mim. Eu reconheço totalmente as razões para a minha proibição e agradeço à FCA a restrição. A minha esperança agora é seguir em frente de uma maneira positiva de modo a ajudar outros a aprenderem com os erros que fiz”.

A história deste pequeno génio das finanças é contada pelo Financial Times. Se é assinante não perca, é uma história que vale a pena ler.

Hoje fico por aqui. Resta-me desejar-lhe uma boa semana. Amanhã o Curto volta com o sotaque e a ponderação do Norte pelos dedos de Bernardo Ferrão.

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