quarta-feira, 5 de junho de 2013

Sousa Tavares: “Não tenho especial consideração por Cavaco Silva mas tenho pelo seu cargo”

 

Marta Cerqueira – Jornal i
 
O escritor garante que cometeu um deslize em relação ao chefe de Estado
 
Miguel Sousa Tavares esclareceu ontem que cometeu “um deslize” ao deixar-se levar por uma pergunta na entrevista na qual chamou “palhaço” a Cavaco Silva.
 
“Não tenho especial consideração por Aníbal Cavaco Silva, mas tenho pelo seu cargo. Cometi um deslize em relação ao chefe de Estado”, disse o escritor em entrevista à RTP.
 
Sousa Tavares garante ainda que não vai pedir desculpa, mesmo no caso de ser decisivo para a evolução do caso. “Acho normal que o Presidente da República tenha apresentado queixa, se me condenarem paciência”, acrescentou.
 
Fazendo uma análise da situação política e económica de Portugal, Miguel Sousa Tavares não considera que “a classe política portuguesa seja pior que o país”. No entanto, o antigo jornalista apresenta dúvidas sobre a qualidade da classe política portuguesa: “O primeiro-ministro é o exemplo de impreparação, não tem passado profissional, subiu dentro das juventudes partidárias”.
 
Sousa Tavares reafirmou que “não governaria este país por nada” e que “governar Portugal deve ser dos piores empregos que se pode ter”.
 

Portugal: O PRIMEIRO ERRO DO GOVERNO

 

Ricardo Costa – Expresso, opinião - ontem
 
Amanhã passam dois anos sobre as eleições legislativas de 2011. Serão poucos a comemorar e serão, seguramente, muitos a dizer o que correu mal, porque correu mal, a recordar os principais erros, promessas falsas, erros de previsões, etc. Estarão certos nalgumas coisas, embora o presente espírito de claque dificulte as análises sérias e distanciadas.
 
Como é tempo de fazer balanços, vou apontar aquele que foi o primeiro erro do Governo e que deu origem a uma chuva de problemas: a orgânica do Executivo, com ministérios a menos e mal desenhados. O erro nasceu muitos meses antes das eleições, quando o PSD e o CDS resolveram ver quem conseguia desenhar o Governo mais "enxuto". O PSD descobriu (?) que o Governo ideal teria 10 ministérios, o CDS concluiu (?) que deviam ser 12.
 
Parece que estudaram o tema Europa fora, apoiados em paleio de consultores. Esqueceram-se é que viviam no país europeu com maior oscilação de políticas públicas, com uma administração pública sem estabilidade e a braços com um resgate financeiro. Esqueceram-se ainda que a nossa política ia passar por uma articulação permanente com Bruxelas e precisava de uma estratégia de comunicação e de uma coordenação política muito sólida.
 
A diminuição do Governo saiu cara. Desenhou ministérios monstruosos e baralhou toda a administração pública. Fez perder capacidade de resposta e enredou os ministros em pequenas guerras de poder que ainda hoje perduram. Fez desaparecer áreas importantes como a Ciência e a Cultura e desqualificar sectores como os Transportes ou, pasme-se, o Emprego. E fez o caos governamental projetar-se à nossa frente.
 
É por isso que confirmo agora aquilo que já dizia antes das eleições: quando ouvirem algum candidato a dizer que vai mexer muito na orgânica do Executivo, desconfiem, ele não faz a mínima ideia do que está a falar.
 

Portugal - Sondagem: GOVERNO DEIXOU O PAÍS PIOR

 

Martim Silva - Expresso
 
Estudo da Eurosondagem para o Expresso e a SIC mostra que dois anos depois, os portugueses não estão contentes com o Governo que têm.

Dois anos depois da saida de José Sócrates e da vitória eleitoral que levou Pedro Passos Coelho ao poder, os portugueses entendem que o País está pior.

A sondagem da Eurosondagem mostra que 75,1% dos inquiridos entendem que a situação de Portugal é agora mais sombria do que em 2011, contra apenas 4,8% que entendem que as coisas estão melhor.
 
Por outro lado, e quando a Legislatura chega a meio, uma maioria (51 por cento) não acredita que o Executivo de Passos, Portas e Gaspar tenha capacidade para sobreviver até 2015.
 
Contra isso, 33 por cento entendem que o Governo conseguirá cumprir a Legislatura até ao final.
 
 

Angola: Líder da UNITA diz que existem "motivações políticas" em recentes assassínios

 

EL – APN - Lusa
 
Luanda, 05 jun (Lusa) - O presidente do maior partido da oposição em Angola acusou hoje os autores dos recentes assassínios de dirigentes da UNITA ocorridos em Luanda de terem "motivação política".
 
Isaías Samakuva, que falava à imprensa no final de um encontro com o embaixador dos Estados Unidos em Luanda, reafirmou que o seu partido possui provas quando afirma que agentes da polícia foram os "autores materiais" do assassínio de dois dirigentes seus na noite de sábado para domingo no município do Cacuaco.
 
Instado a dizer se acreditava que a exoneração, pelo Presidente da República, da comandante provincial da Polícia em Luanda se devia aos factos ocorridos no fim de semana, Isaías Samakuva escusou-se a entrar em "especulações", mas manifestou-se "espantado" e "preocupado".
 
"Não posso especular se é uma exoneração que já estava decidida, se tem a ver com aquilo que se passou. Mas a verdade é que tanto a própria polícia como as autoridades administrativas, como até as autoridades políticas não estão a falar absolutamente nada sobre o assunto", disse.
 
Samakuva disse estar "espantado" com o que designou como "onda de mortes que está a subir" e "preocupado porque ela é claramente motivada por questões políticas".
 
Em causa está a alegada execução de dois dirigentes locais da UNITA, que alega estar na posse de provas e testemunhos que comprovam terem sido agentes da polícia a levar a cabo aqueles assassínios.
 
A morte dos dois dirigentes do partido ocorreu cerca de 24 horas depois de desconhecidos terem disparado sobre três agentes da polícia, no mesmo município do Cacuaco, ferindo-os mortalmente.
 
Isaías Samakuva considerou que "de um lado estamos a falar do processo democrático, mas do outro as pessoas desaparecem por exprimirem ideias contrárias às daquelas que estão no poder".
 
"Tudo o que nos chega, todos os dados que nós temos, com nomes, com matrículas das viaturas, com tudo o que se passou, nós não estamos a acusar a polícia como mentora. Nós estamos a dizer que a polícia é autora. Os dados que temos dizem que são agentes da polícia que o fizeram", frisou.
 
Na sequência das alegações da UNITA, o ministro do Interior, Ângelo Tavares, apelou hoje em Luanda à prudência de responsáveis de partidos políticos da oposição e cidadãos comuns nas declarações sobre os "acontecimentos criminosos que têm estado a ocorrer", para se evitarem reações mais iradas da população, segundo escreveu a agência Angop.
 
O apelo do ministro foi feito depois de ter participado no velório dos três agentes assassinados por desconhecidos na noite de sexta-feira para sábado.
 
Segundo o governante, escreve ainda a Angop, "as acusações feitas pela UNITA são levianas e irresponsáveis".
 
Ângelo Tavares reconheceu que se têm registado alguns crimes violentos, facto que obrigou ao reforço visível do patrulhamento, com recurso a efetivos da Polícia de Intervenção Rápida.
 
Instado a comentar as declarações do ministro, o líder da UNITA lamentou que tenha tirado conclusões sem antes investigar o que se passou.
 
"Mas a única coisa que posso adiantar desde já é que essas mortes revelam a incompetência das autoridades em garantir a segurança dos cidadãos", concluiu.
 
O encontro do embaixador dos Estados Unidos, Christopher McMullen, com Isaías Samakuva serviu para o diplomata apresentar cumprimentos de despedida, após cerca de três anos na representação diplomática em Luanda.
 

PRS DÁ AVAL A NOVO GOVERNO NA GUINÉ-BISSAU, PAIGC NÃO ACEITA NEM RECUSA

 

FP – APN - Lusa
 
Bissau, 05 jun (Lusa) - Os dois maiores partidos da Guiné-Bissau pronunciaram-se hoje sobre a formação de um novo governo, com o PRS a aceitar a proposta do primeiro-ministro e o PAIGC sem explicar o que fará.
 
Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo governo de transição, mais inclusivo do que o atual (também de transição), uma das exigências da comunidade internacional.
 
Os dois maiores partidos (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, e Partido da Renovação Social, PRS) assinaram um memorando de entendimento no mês passado e no final do mês recusaram a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro de transição, Rui de Barros.
 
A posição dos dois partidos foi criticada no passado domingo pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, que os acusou de estarem a bloquear a constituição de um novo governo por quererem as "melhores pastas" do novo executivo.
 
A proposta inicial de Rui de Barros dava ao PAIGC quatro ministérios e três ao PRS. Entre terça-feira e hoje os dois partidos voltaram a pronunciar-se com o PRS a dizer que em nome dos interesses do país dá o aval à proposta de governo (que se desconhece se é a mesma).
 
O PRS "espera ter dado provas de maturidade política ao pôr os interesses do país acima dos interesses partidários", diz o comunicado, que fala ainda da disponibilidade para a busca de soluções que conduzam à saída da crise em que a Guiné-Bissau se encontra.
 
O PAIGC foi menos claro no comunicado, afirmando que o partido, "tendo sempre como objetivo defender os interesses do país e os seus próprios interesses legítimos, reserva-se o direito de adotar as posições mais consentâneas com a realidade atual".
 
No entanto foi também crítico quanto às observações de Serifo Nhamadjo, afirmando que o PAIGC apesar de ser o partido mais votado fez "cedências importantes" e que depois do golpe de Estado de abril do ano passado os militares entregaram o poder à Assembleia, onde os dois partidos têm 95 por cento dos deputados.
 
Serifo Nhamadjo, diz o PAIGC, considerou um exagero que os dois maiores partidos queiram ter 20 pastas de um total de 32 (Ministérios e Secretarias de Estado), ou seja 60 por cento. "Cabe perguntar qual é a representatividade dos partidos que pretendem um número maior de pastas ou se há outras forças políticas envolvidas na formação do governo", acrescenta.
 
Na semana passada, o Fórum dos Partidos, que representa essencialmente pequenos partidos, já tinha acusado o PAIGC e o PRS de não privilegiarem os interesses nacionais, afirmando também em comunicado que é o primeiro-ministro quem tem "plenos poderes" para a formação de um novo governo.
 
O Fórum diz no comunicado que na proposta de novo governo perde quatro pastas e que ainda assim aceita-a, ao contrário dos dois grandes partidos que "oferecem um espetáculo triste de partilha descarada do bolo em público, de forma esfomeada e gananciosa".
 
De acordo com o Fórum, a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro compreende cinco Ministérios e três secretarias de Estado para o PAIGC, quatro Ministérios e três secretarias de Estado para o PRS, e dois Ministérios e três secretarias de Estado para o Fórum (que representa 28 partidos).
 
O primeiro-ministro nomearia quatro ministros e três secretários de Estado, os militares dois ministros e um secretário de Estado e o Presidente dois ministros e um secretário de Estado.
 
Esta distribuição de pastas referida pelo Fórum é diferente da que o PAIGC e o PRS tinham anunciado na semana passada e que recusaram.
 
Nos últimos dias têm-se sucedido as reuniões políticas sobre esta matéria. O Presidente já disse que possivelmente o novo governo ainda seria conhecido esta semana.
 

Movimento Democrático de Moçambique denuncia "sabotagem do recenseamento" eleitoral

 

PMA – MLL - Lusa
 
Maputo, 05 jun (Lusa) - O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido moçambicano, acusou hoje o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de "sabotagem deliberada" do recenseamento eleitoral para favorecer o partido no poder, Frelimo.
 
As queixas do MDM sobre o curso do recenseamento para as eleições municipais de novembro próximo seguem-se ao reconhecimento na semana passada pelo STAE de falhas no processo, devido "a incompatibilidades" no equipamento importado para a operação.
 
Em declarações à Lusa em Maputo, o porta-voz do gabinete eleitoral do MDM, José de Sousa, disse que o STAE está apostado em desencorajar o eleitorado das áreas favoráveis à oposição de se recensear e assegurar o sucesso do processo nas zonas aparentemente pró-Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique).
 
"Estas supostas falhas são uma sabotagem deliberada, porque as eleições foram pensadas, faltando muito tempo e o STAE teve tempo para se preparar", afirmou José de Sousa.
 
O MDM afirma estar na posse de informações que indicam haver instruções para que nos postos de recenseamento montados nas zonas com maior número de simpatizantes da oposição não sejam recenseadas mais de 20 eleitores por dia.
 
"Com esse ritmo de recenseamento, resulta claro que muitos eleitores serão impedidos de exercer o seu direito de voto", assinalou o porta-voz do gabinete eleitoral do MDM.
 
O dirigente repudiou o facto de os agentes de recenseamento eleitoral recusarem a inscrição de eleitores desprovidos de Bilhete de Identidade, mas com outros documentos de identificação, contrariando a lei.
 
"Se a lei eleitoral se contenta com apenas duas testemunhas, não se compreende a recusa dos agentes de recenseamento de aceitar a inscrição de eleitores que tenham documentos de identificação que não sejam o Bilhete de Identidade", afirmou José de Sousa.
 
Ouvido pela Lusa sobre as alegações do MDM, o porta-voz da Frelimo, Damião José, qualificou as acusações "descabidas e falaciosas", porque "a Frelimo quer o crescimento do processo democrático" moçambicano.
 
"Os problemas que podem estar a acontecer com o recenseamento eleitoral não podem ser imputados à Frelimo, porque a gestão do processo é feito por um órgão próprio e independente da Frelimo. No início do processo, os agentes do recenseamento podem ter enfrentado dificuldades, o que é humano, mas estão já a familiarizar-se com o processo", disse Damião José.
 
O porta-voz da Frelimo afirmou que o seu partido está interessado na realização de eleições livres, justas e transparentes, porque está comprometido com a consolidação do processo democrático moçambicano.
 
A Renamo, maior partido da oposição, não participa no processo e anunciou que vai boicotar o ciclo eleitoral que se inicia a 20 de novembro, com as autárquicas, por discordar da nova lei que regula as eleições e a composição dos órgãos eleitorais.
 

Parceiros querem explicações sobre alegados casos de corrupção em Moçambique

 

PMA – VM - Lusa
 
Maputo, 05 jun (Lusa) - Os 19 principais países e organizações internacionais no apoio ao Orçamento do Estado moçambicano exigem esclarecimentos sobre o alegado envolvimento do ministro da Agricultura no contrabando de madeira e de um caso de corrupção no Ministério da Educação.
 
O ministro da Agricultura moçambicano, José Pacheco, é referenciado numa investigação da Organização Não Governamental (ONG) inglesa Agência de Investigação Ambiental (EIA) como tendo recebido dinheiro de empresários chineses do setor da madeira chinesa para facilitar exportações ilegais de madeira para a China.
 
Por seu turno, o Ministério da Educação de Moçambique revelou recentemente o desvio de avultadas somas de dinheiro por quadros da instituição, drenadas através de pagamentos indevidos de salários a funcionários e pessoas estranhas à entidade.
 
Em entrevista ao semanário Canal de Moçambique, o embaixador de França em Moçambique, Serge Segura, cujo país integra o chamado "G-19", grupo dos principais parceiros internacionais do Orçamento do Estado moçambicano, afirmou que o organismo quer esclarecimentos sobre os dois casos.
 
"Quando casos deste tipo se tornam públicos, há certamente reação por parte do G-19 e discussões aprofundadas com as autoridades e vamos procurar informações sobre esses casos", assinalou Serge Segura.
 
O embaixador adiantou que os parceiros internacionais, entre os quais está Portugal, querem saber das autoridades moçambicanas que ações serão desencadeadas para que casos do género não se repitam.
 
Serge Segura considerou "preocupantes" os relatórios nacionais e internacionais sobre a corrupção em Moçambique, defendendo o diálogo com as autoridades para a identificação de formas de combate à prática.
 
"A posição de Moçambique nos diferentes 'rankings' internacionais é preocupante e só podemos esperar que essa posição melhore nos meses que vêm. E, mais uma vez, vamos manter o espírito de diálogo entre o G-19 e o Governo moçambicano. Um diálogo real", frisou o diplomata.
 

“CORRUPÇÃO” NO TRIBUNAL COMUNITÁRIO DE MOÇAMBIQUE AFASTA POPULAÇÃO

 

AYAC – APN - Lusa
 
Chimoio, Moçambique, 05 jun (Lusa) - A alegada corrupção no tribunal comunitário de Mave, interior de Mossurize, Manica, centro de Moçambique, "desacredita a justiça" e leva pessoas a recorrer a "sábios" da região ou a curandeiros, acusaram populares ouvidos pela Agência Lusa.
 
"A população está a dispensar os tribunais comunitários, porque nestes tribunais a pessoa pode pagar três vezes a multa do mesmo problema, o que nos inquieta. As pessoas recorrem ao régulo ou a curandeiros para resolver problemas", disse à Lusa David Simango, residente em Mossurize.
 
Num comício popular naquela localidade, Simango leu uma carta dirigida à governadora de Manica, Ana Comoane, que se encontrava presente.
 
Segundo disse, algumas vezes os juízes comunitários não se guiam pela lei, hábitos e costumes da população, abrindo espaço para "atos de corrupção", o que inibe os habitantes de recorrerem à justiça informal.
 
No ano passado, o governo de Manica reforçou a capacitação sobre direitos humanos agentes da justiça informal, que absorvem mais de 50 por cento de casos processuais nas comunidades.
 
A iniciativa ocorreu depois que, em 2011 um coletivo de juízes do tribunal de Chirere, sudeste de Mossurize, ter sentenciado um cidadão acusado de roubo a açoites, amarrado a uma árvore, após adivinhação dum curandeiro.
 
A vítima viria a morrer devido a uma fratura da coluna e dois juízes foram julgados.
 
"As pessoas recorrem aos régulos porque garantem que os problemas terão fim e solução", precisou David Simango, arrancando aplausos durante um comício popular.
 
Em declarações à Lusa, Josefa Ferreira, diretora provincial da justiça em Manica, disse que o "desconforto" da população de Mave surge na sequência de "conflitos de poderes" entre os juízes dos tribunais e os régulos, estes últimos, agora com poderes reduzidos.
 
"As atribuições das liderança comunitárias são claras, de acordo com a legislação, e quem detém o poder no tribunal comunitário são os juízes comunitários (...), mas, nalguns casos, no terreno constatamos conflitos de interesse do lado dos líderes comunitários que têm sido normalmente resistência a mudança", disse Josefa Ferreira.
 
Manica conta, atualmente, com 225 tribunais comunitários espalhados pelos 10 distritos da província e geridos por 1800 juízes, dos quais 643 mulheres.
 

PAPA FRANCISCO I IRÁ VISITAR BREVEMENTE TIMOR-LESTE

 

05 de Junho de 2013, 11:48
 
O Papa Francisco I irá visitar Timor-Leste em breve, para "abrir uma nova porta", para dar a conhecer os timorenses ao mundo, disse Constâncio Pinto, vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros, no Palácio do Presidente, Aitarak Laran, Díli.
 
Constâncio Pinto salientou que a visita do Papa Francisco I, foi referida no encontro entre o Núncio Apostólico de Timor-Leste e o Presidente da República, Taur Matan Ruak, na cerimónia de entrega da credencial.
 
O Núncio Apostólico e o Presidente da República falaram sobre a possibilidade do Santo Padre, Papa Francisco I, fazer em breve uma visita a Timor-Leste.
 
"Primeiramente tivémos uma visita do Papa João Paulo II que abriu muitas portas na nossa entrada na Comunidade internacional, agora estamos à espera da visita do Papa Francisco I para abrir uma nova porta, que irá dar a conhecer Timor-Leste a todo o Mundo", disse Constâncio Pinto.
 
Sapo TL com STL

Leia mais sobre aquela região do mundo, Macau e Timor-Leste em TIMOR LOROSAE NAÇÃO
 

GREVE NO ENSINO SUPERIOR À VISTA EM ANGOLA

 

Teodoro Albano – Voz da América
 
Os docentes universitários exigem a actualização dos salários
 
LUBANGO — O silêncio do governo perante o caderno reivindicativo apresentado pelo sindicato dos professores do ensino superior pode resultar em greve nas universidades públicas do país no segundo semestre do ano lectivo em curso.

Avançou no Lubango o professor universitário Carlinhos Zassala e membro do sindicato dos professores do ensino superior à margem da primeira reunião daquela organização sindical.

Os docentes universitários exigem a actualização dos salários e o pagamento imediato de vários subsídios em atraso.

“Neste momento não é segredo, os docentes com licenciatura a nível do ensino secundário ganham mais que os professores que estão neste momento na universidade. O segundo relaciona-se com o atraso no pagamento dos subsídios quase em todas as universidades públicas temos quase a maioria dos docentes cujos subsídios foram cortados alguns parcialmente outros na totalidade a mais de dois anos”.

A reposição da democracia na universidade pública suspensa a dois anos pela anterior titular da pasta do ensino superior é outra exigência dos docentes universitários, agora na gestão de Adão do Nascimento.

Para Carlinhos Zassala a ausência de democracia na universidade está a travar a actividade sindical.

“Nós vamos exigir a reposição imediata da democracia, porque estamos a constatar que com a ausência da democracia, os que fazem parte da entidade gestora, já que a entidade patronal é o governo, os reitores, decanos e outros que fazem parte da entidade gestora estão a dificultar as actividades do sindicato contrariando as orientações do nosso chefe de estado a quando da tomada de posse quando disse que: “As instituições públicas devem trabalhar com os sindicatos recorrendo ao diálogo como forma de poder resolver os problemas”.

O primeiro semestre do ensino superior em Angola encerra na segunda quinzena do presente mês de Junho. O segundo semestre arranca em finais do próximo mês do Julho.

A primeira reunião do conselho nacional do sindicato dos professores do ensino superior realizado no Lubango no fim de-semana juntou os coordenadores regionais sindicais de quatro das sete regiões académicas do ensino universitário do país.
 

Angola: PROFESSORES EM GREVE NA LUNDA-NORTE

 

 
Perto de 5,000 professores em serviço na província da Lunda-Norte, estão em greve desde 27 de Maio. O Sindicato Nacional de Professores (SINPROF) considera haver uma aderência de cerca de 90 porcento do total de docentes do ensino primário e do 1º Ciclo. A paralisação afecta mais de 156,000 estudantes.
 
A 21 de Novembro passado, o governo provincial havia estabelecido um acordo com o SINPROF para a resolução do caderno reivindicativo apresentado pelos docentes.
 
Para o efeito, o governador provincial da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, criou uma comissão mista e incumbiu-a de implementar o acordo. O governador designou oito membros do seu executivo para a referida comissão, enquanto ao SINPROF coube indicar três representantes.
 
Do caderno reivindicativo, a que o Maka Angola teve acesso, constam reivindicações de pagamentos em atraso, incluindo o subsídio de férias de 2011, equivalente a um salário mensal para cada professor, e os subsídios de coordenação de turnos e disciplinas, por pagar desde 2010.
 
Além disso, os professores da Lunda-Norte denunciam também a proliferação de diferentes tabelas salariais para os professores, denominadas Folha ADPP, Folha 67, Folha de Regimento de Contrato, e mais duas que o líder sindical não especifica. “A multiplicação de diferentes folhas salariais facilita a existência de ‘professores fantasmas’, que ganham por todas essas folhas e só os membros do governo provincial sabem quem realmente fica com o dinheiro”, explica Cazanga Muacavula.
 
A inclusão de trabalhadores falsos ou inexistentes nas folhas salariais é uma prática fraudulenta e regular na administração pública, que permite a certos gestores públicos desviar, mensalmente, os fundos pagos aos chamados “fantasmas”.
 
Ao problema dos ‘professores fantasmas’, o SINPROF da Lunda-Norte acresce o duplo vínculo ostentado por membros do governo provincial, que também recebem um segundo salário do Estado, como professores, mas não exercem qualquer actividade docente. Há ainda o caso dos funcionários da delegação provincial da Cultura, na Lunda-Norte, que continuam anexados como funcionários da educação, auferindo os salários correspondentes, após o desmembramento do Ministério da Educação e Cultura há mais de 10 anos.
 
Por outro lado, os grevistas exigem também maior apoio aos professores que estão a ser enviados para as zonas de difícil acesso da província. “Há o caso do professor que foi enviado do Dundo ao município de Caungula, para uma zona com falta de docentes. As autoridades não o apoiaram nem sequer lhe deram subsídio de viagem ou de instalação. Passou 16 dias a comer arroz branco, sem mais nada. E desistiu”, revela o responsável do SINPROF provincial. Vários professores, enviados no âmbito do programa de extensão do ensino na província, estão a retornar às suas áreas de origem devido à fome.
 
Há o caso de professores a auferir 16,000 kwanzas mensais, na faixa do salário mínimo, como são os casos de José Neto Miranda e José Fernando , que leccionam na Escola do Ensino Primário do Ritenda, no Dundo. No ano passado, em declarações à imprensa, o ministro da Educação referiu que o salário mínimo no sistema de educação é de US $250 (25,000 kwanzas).
 
Sobre a decisão de realizar a greve, passados seis meses desde a assinatura do acordo com o governo provincial, Cazanga Muacavulo manifestou-se filosófico. “Nós [sindicalistas] somos humanistas. Não nos precipitámos. Concedemos três meses à comissão para implementar o que havia sido acordado”.
 
“Em Março, tivemos uma audiência com a vice-governadora Néné Curita, sobre o facto da comissão nos ter ignorado. Os representantes do sindicato foram excluídos e os oito membros do governo provincial não fizeram nada”, afirma.
 
O secretário provincial do SINPROF denunciou, como acto de corrupção, o destino dado aos dois milhões de kwanzas entregues por Ernesto Muangala à comissão de negociações, na altura coordenada pelo seu diretor do gabinete, o Sr. Hespanhol. “O SINPROF nem sequer viu um kwanza. A comissão pura e simplesmente ignorou-nos”, protesta.
 
As autoridades são também alertadas para o incumprimento do processo de reforma educativa na Lunda-Norte e dos limites máximos de números de alunos. “O Ministério da Educação proíbe a existência de mais de 45 alunos por turma. Aqui, em quase todas as escolas temos turmas com 100 ou mais alunos. Solicitámos a construção de mais escolas”. Na Escola Serra Van-Dúnem, no Bairro Sul, há apenas uma turma da 8a Classe por cada um dos três turnos, nos períodos da manhã, tarde e noite. “Nessas turmas os alunos são ensardinhados até 100 ou mais”, lastima o interlocutor.
 
Maka Angola insistiu, sem sucesso, em ouvir a versão oficial do governo provincial.
 

Novo Governo na Guiné-Bissau deve avançar ainda esta semana, diz Presidente Interino

 

FP – ARA - Lusa
 
Bissau, 04 jun (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, anunciou hoje que ainda esta semana deverá ser constituído um novo Governo e acrescentou ter informações de que "estão a aproximar-se as partes que estavam desavindas".
 
Serifo Nhamadjo falava aos jornalistas à chegada a Bissau, após uma ausência de 48 horas, para tratamento médico na Nigéria.
 
No último domingo, quando deixou Bissau, o Presidente de transição acusou as duas principais forças políticas do país de estarem a bloquear a constituição de um novo Governo, mais inclusivo, por estarem a reclamar as "melhores pastas".
 
Hoje, no regresso ao país, mostrou-se aparentemente mais otimista, afirmando que "esta semana é para valer" e que o primeiro-ministro de transição já enviou hoje uma carta "para a indigitação dos nomes" dos próximos ministros.
 
"Os partidos terão de fazer um esforço, um exercício democrático interno, porque não vai ser fácil indigitar alguém dentro de um horizonte de muitos candidatos", disse Serifo Nhamadjo, acrescentando que compreende as dificuldades, mas que o país precisa de um novo Governo para "sair do impasse".
 
É preciso, disse também, virar a página e "pensar nas eleições", porque havendo um Governo é possível pensar "em outras coisas".
 
Serifo Nhamadjo lembrou que há um Governo em funções, mas acrescentou também que "a remodelação é imperativa, para que haja a inclusão que se pretende".
 
Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo Governo de transição, mais inclusivo, uma das exigências da comunidade internacional, a par de eleições ainda este ano.
 
"Espero que desta vez as pessoas compreendam que o país está muito parado por causa dessas incertezas", sublinhou Serifo Nhamadjo.
 
Quanto à saúde, o Presidente disse ter havido progressos na sua saúde e que os problemas de diabetes estão controlados, faltando agora baixar mais o colesterol.
 
A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição na sequência de um golpe de Estado que em abril de 2012 derrubou os governantes eleitos. A transição deveria ser de um ano, mas foi prorrogada até final de 2013, com a comunidade internacional a exigir um Governo mais abrangente e eleições ainda este ano.
 

GREVE NO SETOR DA SAÚDE DA GUINÉ-BISSAU PARA HOSPITAIS DURANTE SETE DIAS

 

MB – JMR - Lusa
 
Bissau, 05 jun (Lusa) - O setor da Saúde Pública da Guiné-Bissau iniciou hoje uma greve geral de sete dias decretada por três sindicatos, que reclamam o pagamento de salários em atraso e mudança de categoria nas folhas do pagamento da administração pública.
 
De acordo com Domingos Sami, presidente do sindicato dos técnicos de saúde (STS), a greve é "para pressionar o Governo a honrar compromissos antigos", designadamente o pagamento de sete meses de salário aos chamados novos ingressos, pagamento de subsídios, pagamento de salário ao pessoal contratado e ainda mudança de escalões de vencimento.
 
O sindicalista afirmou que os novos quadros do sistema de saúde guineense não recebem salário há mais de sete meses.
 
"São quase 400 pessoas. É lamentável que estejam a trabalhar esse tempo todo sem receber", notou Domingos Sami, frisando ainda que cerca de 350 novos licenciados estão prontos para ser colocados nas regiões.
 
O porta-voz da comissão negocial da greve, Garcia Baticã Sampaio, afirmou que 75 por cento do pessoal afeto aos serviços da saúde pública guineense aderiu à greve, que está a afetar o normal funcionamento do Hospital Simão Mendes a unidade de saúde de referência na Guiné-Bissau.
 
A Agência Lusa visitou o Hospital Simão Mendes tendo constatado a presença de dezenas de doentes nos serviços de urgência a aguardar por atendimento. Nos serviços de pediatria a Lusa pode constatar crianças e mães em desespero por falta de assistência, que é garantida por um médico, uma enfermeira e uma assistente de limpeza.
 
O diretor do hospital, Lassana N'Tchassó, lamentou, em declarações à Lusa, que a greve esteja a afetar os doentes, sobretudo as crianças.
 
"O pessoal que os sindicatos disponibilizaram para assegurar os serviços mínimos não chega. Por exemplo, nos serviços da urgência apenas está lá um médico para atender casos ligados à cirurgia, medicina e ortopedia", lamentou Lassana N'Tchasso.
 

Cabo Verde - ICCA: Sal regista casos “dramáticos” de crianças vítimas de agressão

 

 
ICCA: Sal regista casos “dramáticos” de crianças vítimas de agressão A ilha do Sal regista “situações dramáticas” de agressão nas crianças, sendo espancamento e queimaduras, os episódios mais frequentes, considerou hoje a responsável do programa de emergência infantil, do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), local.
 
Queila Soares, fez estas considerações, a propósito do Dia Internacional das Crianças Vítimas Inocentes da Violência e Agressão, que se assinala hoje, 04 de Junho.

Segundo a psicóloga, para quem a situação de crianças vítimas da violência e agressão, na ilha é "preocupante, mas não alarmante", disse, entretanto, que há registos “dramáticos”, onde, por exemplo, em 2012, um caso de negligência e maus tratos por parte dos pais levou a morte da criança.

"Mas temos outras situações graves que carecem de intervenção da procuradoria. Casos de maus tratos e agressão a vários níveis deixa-nos preocupados. Através dos vários programas que o ICCA tem levado a cabo, nomeadamente escola de família, que está a ser lançado agora, continuamos nessa luta, chamando à razão, com vista a garantir os direitos da criança e minimizar essa problemática", acentuou Queila Soares.

Estatísticas do programa de emergência infantil e serviço social local apontam que em 2012, cerca de 357 crianças foram vítimas de violência e agressão, desta cifra 40 por cento são situações de emergência infantil e 28 por cento constituem maus tratos e negligência.

De Janeiro a Abril deste ano já foram identificados 105 casos de emergência infantil, 13 dos quais constituem maus tratos físicos e oito casos de abuso sexual, sendo a restante cifra, outras formas de maus tratos.

Indicando que espancamento com fios de luz, pancada na cabeça, queimaduras, abuso sexual, são os episódios mais frequentes, Queila Soares denota que a palavra deve ser a melhor forma de educar.

"A agressão prejudica o desenvolvimento afectivo e psicológico da criança. No Sal, temos constatado que crianças com problemas comportamentais, de aprendizagem, revolta, fuga de casa, entre outras situações, são consequências das agressões que vêm se evidenciar na adolescência", referiu.

Queila Soares conclui apelando aos pais a amar os seus filhos incondicionalmente, a protegê-los, a fazer valer os seus direitos, evitar a agressão física já que esse método não é a melhor forma de educar.
 
Fonte: Inforpress
 

Brasil: EMIGRANTES TOMAM O LUGAR DOS ÍNDIOS

 

Rui Martins, de Genebra – Correio do Brasil
 
Ainda há alguns anos, quando fazia meu curso de Direito na USP, os índios eram considerados juridicamente incapazes e necessitavam de tutores, como os deficientes mentais e os velhos desmemoriados.
 
Me parece terem sido promovidos a pessoas na sua integridade. Mas o lugar ficou vago e passou a ser ocupado pelos emigrantes, hoje mais numerosos que os indígenas, dizimados pelos colonizadores e atuais grileiros juridicamente capazes.
 
É, portanto, de tanga e de penas, cocar, arco e flecha que proponho aos emigrantes, selecionados para a IV Conferência Brasileiros no Mundo, irem no fim deste ano ao Itamaraty, assumindo consciente e claramente sua condição de cidadãos juridicamente incapazes de cuidarem de si próprios e à mercê da tutela dos diplomatas do Itamaraty, senhores bem nascidos, instruídos, juridicamente mais que capazes, bem formados no Instituto Rio Branco, mesmo porque nunca se poderia imaginar um Instituto Rio Negro.
 
Nas minhas andanças em Brasília, mesmo de joelho luxado me obrigando a ver estrelas a cada passo, decobri algo de dar desconsolo nos mais impedernidos militantes – o governo Dilma (que ajudamos a eleger e no qual continuamos a apostar) pisou na bola ao renovar o mandato do Itamaraty como tutor dos emigrantes.
 
Há nessa decisão um rescaldo de velhos preconceitos pelos quais se considera os emigrantes, na grande maioria trabalhadores sem qualificação, como ignorantes e os periféricos do Exterior. Quem teria sido o inspirador do argumento aceito pelo governo de que a população emigrante brasileira deve ser regida pelos engravatados do Itamaraty ?
 
Qual a identidade existente entre um trabalhador emigrante e um diplomata brasileiro, expatriado para representar o país ou gerir os cartórios de ofício e de paz do exterior, chamados de consulados ? Não têm os mesmos genes, o mesmo ADN, a natureza de ambos é gritantemente diversa.
 
Mas, infelizmente, não faltarão caciques emigrantes contentes e felizes por receberem do homem do rio branco alguns objetos inúteis mas próprios da civilização. E se sentirão honrados, como os proconsules romanos e os representantes locais dos colonizadores, por poderem sentar à mesma mesa de seus tutores e fidalgos senhores.
 
Que importará se na IV Conferência Brasileiros no Mundo nada poderão decidir mas apenas sugerir, se receberão, em troca de sua fidelidade canina aos diplomatas, um cartão de visita com o brasão da República, uma viagem a Brasília e a ilusão de pertencerem também à mesma estirpe dos senhores do engenho do Itamaraty ?
 
Os conselhos de cidadania, dirigidos ou presididos pelos cônsules locais, são uma pantomima, uma encenação como foi o CRBE, eleitos por meia-dúzia de gatos pingados, empafiados com a pretensão de representarem os emigrantes, na verdade ausentes da cena e obrigados a utilizarem a terceirização dos serviços consulares.
 
O novo CRBE, cujo novo regulamento subsituiu as obrigações anuais por reuniões periódicas, será tão enganoso e inútil como o precedente. Sem verba para funcionar, criará só a impressão de ser estar fazendo alguma coisa pelos emigrantes. Ridículo, rizível.
 
Está na hora dos emigrantes gritarem Basta e o II Forum Internacional dos Emigrantes, em 23 e 24 de agosto, em Londres, discutirá as estratégias e mobilizações políticas para se chegar à emancipação e representação política dos emigrantes, com uma nova política brasileira de emigração.
 
As bases foram lançadas no I Forum em Berna, o caminho está traçado. Por certo alguns políticos e parlamentares nos ajudarão na conquista da nossa independência e da nossa capacidade jurídica plena como cidadãos brasileiros no exterior, sem necessidade de tutores.

(Publicado originalmente no site Direto da Redação)
 
Rui Martins jornalista, escritor, líder emigrante, correspondente em Genebra
 

CAMPANHA MUNDIAL DENUNCIA TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL

 

 
Uma campanha mundial para denunciar a continuidade da escravidão de crianças e trabalhadores do Brasil está sendo iniciada na Suíça, com a participação da Comissão Pastoral da Terra, um dos órgãos ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Mais de 40 mil brasileiros, entre os quais muitas crianças, estão condenadas atualmente a uma situação de “escravidão modera”. Por Dermi Azevedo.
 
Dermi Azevedo - Carta Maior
 
Uma campanha mundial para denunciar a continuidade da escravidão de crianças e trabalhadores do Brasil está sendo iniciada na Suíça, com a participação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), um dos órgãos ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Os documentos básicos da campanha afirmam que, apesar da abolição da escravatura, em 1888, o Brasil continua a registrar novas formas de escravidão em que seres humanos trabalham em condições desumanas, em fazendas, minerações e fábricas clandestinas.

Mais de 40 mil brasileiros, entre os quais muitas crianças, estão condenadas atualmente a uma situação de “escravidão modera”. É grande o contingente de crianças trabalhadoras: para cada 10 crianças brasileiras, uma trabalha; são 866 mil crianças de 7 a 14 anos alistadas como trabalhadoras no Brasil. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho – OIT, esse número inclui apenas as crianças empregadas nas piores modalidades de trabalho infantil, tais como o trabalho escravo forçado, a venda e o tráfico de pessoas, as atividades ilícitas, tais como a produção e trafico de drogas, os trabalhos perigosos a saúde infantil (como o corte de cana e a fabricação de tijolos) entre outras atividades.

As estatísticas oficiais omitem, por exemplo, as prostitutas mirins e as milhares de crianças, geralmente meninas, que fazem trabalhos domésticos no Brasil. De acordo com o padre Xavier Plassat, um sacerdote dominicano que trabalha no Brasil há 22 anos – e que coordena a campanha internacional contra o trabalho escravo –, empregar crianças no trabalho doméstico, muitas vezes em idade bastante precoce, é uma prática muito comum e bem aceita no país. Apesar de prejudicar profundamente crianças e adolescentes, a carga de trabalho é muito pesada e a maioria das crianças não consegue frequentar a escola. Por outra parte, essa atividade acontece de forma escondida, tornando-se difícil vigiar e normatizar esse tipo de exploração da força de trabalho infanto-juvenil.

Saúde mental

Existem hoje, no Brasil, cerca de cem mil crianças de sete a dezoito anos abandonadas nas ruas das cidades médias e grandes; são obrigadas, pelas circunstâncias da vida, a ficar distantes do convívio familiar; sua rotina é a violência e a privação do acesso a condições dignas de vida. Pesquisa sobre a saúde mental de crianças e adolescentes, criadas em instituições sérias e respeitadas, verificou, em 2012, que essas crianças apresentavam um risco de transtornos psiquiátricos seis vezes maior em relação àquelas que viviam com suas famílias. A campanha mundial, cujo lema é “vigiar para evitar a escravidão”, tem apoio da ONG Brücke Le Pont.

Propostas

Além de fazer essas denúncias, a campanha apresenta diversas propostas para o enfrentamento desse problema. Em primeiro lugar, a realização de um estudo detalhado e multidimensional das situações que envolvem a infância e a adolescência, seja no Brasil, seja nos outros países do mundo, para efeito comparativo. Os coordenadores da campanha, Xavier Plassat e Marie-Leila Coussa, partem do pressuposto de que as crianças e os adolescentes submetidos ao trabalho escravo “não devem ser considerados apenas como vitimas passivas e beneficiarias de medidas voltadas para ajudá-las. Essa postura, além de ser pouco eficiente ao longo do tempo, tende a ser preconceituosa, mantendo os jovens como perpétuos marginalizados e perdedores; “crianças e adolescente estão em grave risco, mas a palavra risco guarda em seu significado a noção de ganho”.

GÁS LACRIMOGÊNEO GRASILEIRO É USADO CONTRA MANIFESTANTES TURCOS, DIZ ONG

 

Ana Carolina Marques, São Paulo – Opera Mundi
 
Única fornecedora brasileira defendeu que uso treinado do gás em protestos reduz riscos de morte
 
A Anistia Internacional confirmou nesta terça-feira (04/06) que gás lacrimogênio produzido no Brasil e em outros países tem sido usado pela polícia turca para dispersar manifestantes nos protestos dos últimos dias. A organização condenou o uso do gás contra os manifestantes.
 
“Canhões de água e gás lacrimogênio não deveriam ser usados contra manifestantes pacíficos. Estamos particularmente preocupados com o uso de gás lacrimogênio em ambientes confinados, que representa um grande risco para a saúde”, disse o diretor da Anistia Internacional para Europa e Ásia Central, John Dalhuisen, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (03/06).

(à esquerda, cápsula de gás lacrimogêneo com selo "made in Brazil" encontrada durante protestos no 1° de maio deste ano)

A empresa Condor Tecnologias Não Letais, sediada na Baixada Fluminense, confirmou que fornece gás lacrimogênio para a polícia turca e que é a única fornecedora brasileira desse tipo de armamento para a Turquia.
 
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, há uma recomendação das ONU para que polícias de todo mundo usem equipamentos desse tipo, já que armas não letais reduzem as possibilidades de morte em confrontos. Ainda de acordo com a empresa, os compradores são treinados e orientados a usar corretamente o equipamento.
 
No final de 2011, ativistas já haviam relatado que gás lacrimogênio brasileiro estava sendo usado contra manifestantes no Bahrein, provocando inclusive vítimas fatais. A Condor negou que vendesse o produto ao país, apesar de “fornecer produtos para mais de 35 países, inclusive países árabes”. No entanto, “por obrigações contratuais de confidencialidade, a empresa não pode informar detalhes de seus fornecimentos”. De acordo com a empresa, naquela ocasião, o equipamento foi provavelmente usado por tropas de outros países árabes que são clientes da empresa brasileira e ajudaram o governo baremita.

"A Turquia não tem uma produção local de gás lacrimogêneo, apesar de algumas tentativas frustradas, e importa tanto o gás quanto spray de pimenta para uso das forças de segurança", explica Özgür Korkmaz, editor do jornal turco Hürriyet Daily News, a Opera Mundi.
Ele mesmo encontrou cápsulas do gás com escritos em turco durante os protestos no Dia do Trabalho deste ano que mostram a procedência do Brasil, EUA e Coreia do Sul, e também cápsulas com a marca Condor. "Até mesmo o RedHack, grupo de hackers esquerdista turcos, derrubou o site da empresa no fim de semana por algumas horas", adiciona.
 
Korkmaz cita os últimos números oficiais de junho, exigidos por um parlamentar da oposição ao ministro de Alfândega Hayati Yazıcı: o país importou 628 toneladas de gás de pimenta e gás lacrimogêneos nos últimos 12 anos, que totalizam US$21,3 milhões, principalmente dos EUA e do Brasil. A fonte dessas importações, porém, não foi revelada pelo ministro, por ser "informação comercial confidencial".

A atuação da polícia turca contra manifestantes foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu nesta terça-feira às autoridades daquele país que investiguem abusos cometidos pelos agentes.

"O que fez com que as coisas saíssem de controle foi a utilização de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança, por uma ou outra razão, contra pessoas que tinham inicialmente exigências legítimas", disse o vice-premiê Bülent Arinç em uma entrevista coletiva após uma reunião com o presidente Abdullah Gül. Arinç pediu desculpas nesta terça-feira "aos que sofreram a violência por serem sensíveis às questões ambientais", mas "não acredito que devamos pedir desculpas aos que provocaram danos nas ruas e tentaram bloquear a liberdade das pessoas", pedindo também o fim imediato das manifestações.

Desde o início dos protestos, Gül e Arinç, ambos do partido AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) do preimê Tayyip Erdogan, se mostraram mais conciliadores que o chefe de governo.Erdogan prosseguia nesta terça-feira em uma viagem pelo norte da África. No Marrocos, afirmou que a situação "estava se acalmando" no país, apesar da convocação de greve pela influente Kesk (Confederação de Sindicatos do Setor Público).

"A princípio, os problemas com as árvores [que seriam derrubadas para a construção de um centro comercial na praça Gezi, em Istambul) provocaram alguns protestos. Mas depois os manifestantes foram controlados por pessoas que não ganharam as eleições", disse. Dois ativistas morreram desde o início dos protestos, nesta sexta-feira (31/05).

* Com informações de Agência Brasil e AFP – Foto Özgür Korkmaz
 

QUINTA NOITE DE PROTESTOS NA TURQUIA, UTILIZADORES TWITTER DETIDOS

 

Público
 
Em Istambul e Ancara voltou a haver protestos. Em Esmirna 25 pessoas foram detidas por difundirem "informação errada" no Twitter.
 
A contestação voltou à rua na Turquia, na noite de terça para quarta-feira, horas depois de o vice-primeiro-ministro, Bulent Arinc, ter pedido desculpa aos manifestantes feridos nos protestos contra as políticas islamizadoras do Governo.
 
Em Istambul e Ancara, a polícia usou gás lacrimogéneo e canhões de água para tentar dispersar centenas de manifestantes que, em ambas as cidades, ignorando ordens para dispersar, procuraram, segundo a AFP, chegar às instalações onde funcionam os gabinetes do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.
 
Em Esmirna, a intervenção policial foi de outra natureza: 25 detenções por difusão de “informação errada” na rede social Twitter, noticiou a agência Anatólia. No domingo, Erdogan tinha considerado o site de microblogging uma “ameaça” que estava a ser usada para espalhar “mentiras”.
 
Um dirigente do Partido Republicado do Povo (CHP), Ali Engin, disse que os detidos estavam a “apelar às pessoas para protestarem”.
 
Em Istambul, antes da intervenção policial, milhares de pessoas tinham-se concentrado na Praça Taksim, centro simbólico das manifestações em Istambul, num ambiente descrito pela BBC como de quase festa, devido ao discurso em que Arinc considerou os protestos “justos e legítimos” e lamentou o “excessivo uso da força” – embora tenha acrescentado que as manifestações foram entretanto tomadas “por elementos terroristas” e apelado ao seu fim.
 
Na que foi a quinta noite de protestos, houve também confrontos na cidade de Hatay, no Sudeste. A televisão privada NTV noticiou que dois polícias e três manifestantes ficaram feridos. Em Esmirna, onde ocorreram as detenções de utilizadores do Twitter, o ambiente foi de festa e a polícia manteve-se à margem, apesar de alguns jovens terem, segundo um repórter da BBC, destruído câmaras e arremessado tijolos.
 
A confederação sindical Disk anunciou entretanto a adesão, esta quarta-feira, a uma greve de dois dias de apoio aos manifestantes iniciada na terça-feira pela central sindical Kesk, que representa cerca de 240 mil trabalhadores do sector público.
 
Os protestos contra as políticas islamizadoras, o autoritarismo e a repressão já causaram dois mortos – um jovem de 22 anos morreu devido a ferimentos sofridos numa manifestação antigovernamental, em Antakya, de disparos de um atirador não identificado, e um manifestante foi atropelado, na segunda-feira, em Istambul.
 
A associação turca de direitos humanos calcula em mais de 2800 o número de manifestante feridos, muitos com gravidade, e 791 detenções. “Cerca de 500” detidos foram posteriormente libertados. Fontes oficiais quantificam em 300 o número de feridos que dizem serem maioritariamente elementos das forças de segurança.
 
Em Marrocos, em visita oficial, o primeiro-ministro disse que quando regressar “os problemas estarão resolvidos”.
 
Foto: AFP PHOTO / ARIS MESSINIS
 

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