quinta-feira, 6 de junho de 2013

Angola: "É preciso encontrar um sucessor para o MPLA", diz José Eduardo dos Santos



Cristina Peres - Expresso

O Presidente de Angola deu à SIC a sua primeira entrevista dos últimos 22 anos

O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, quebrou o silêncio e deu uma entrevista à SIC ao fim de 22 anos. Nela aborda os grandes temas e desafios para o país que mantém um crescimento ao ano de 7%.

Relativamente à comunidade de cerca de 200 mil portugueses que atualmente vive e trabalha em Angola o Presidente diz que são "bem vindos", como todos os quadros qualificados que possam contribuir para o desenvolvimento de Angola.

Democracia de caráter social 

"Somos uma democracia, um regime baseado no pluralismo partidário. O programa do partido que apoia o Governo, o MPLA, tem uma estratégia de desenvolvimento a longo prazo que projeta uma sociedade que é uma democracia de caráter social. Queremos uma sociedade que garanta a igualdade e promova a distribuição equilibrada da riqueza", disse José Eduardo dos Santos à SIC.

Quanto aos investimentos de Angola em Portugal, o Presidente angolano disse: "Não temos ainda muita experiência, a Sonangol tem dado alguns passos, alguns bem sucedidos, outros não", mas, sublinhou, "o importante é caminhar".´

Um bom patriota 

Como político dos últimos anos que admira, Eduardo dos Santos referiu o ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva, "pelo seu dinamismo e fidelidade ao modelo de uma sociedade de progresso social e inclusão".

Eduardo dos Santos diz que quer ficar nos livros de história como "um bom patriota", mas ainda não pensou no que fará quando deixar de ser Presidente de Angola. Para já, a questão da sucessão coloca-se ao nível da liderança do MPLA, "é preciso encontrar um sucessor", diz. 

TIMOR-LESTE COM AVALIAÇÃO POSITIVA NA GESTÃO DE PETRÓLEO E GÁS



MSE – APN - Lusa

Díli, 06 jun (Lusa) - O governo de Timor-Leste recebeu uma classificação positiva no Índice de Administração dos Recursos do Revenue Watch Institude, ocupando a 13ª posição entre 58 países, mas obteve avaliação baixa na Proteção do Ambiente.

Segundo o relatório, divulgado segunda-feira, Timor-Leste ficou classificado no 13º lugar, entre 58 países, com avaliações satisfatórias no quadro institucional e jurídico (oitavo lugar), nas práticas de elaboração de relatórios (quarto lugar) e na garantia e controle de qualidade (11º lugar).

"É fundamental fazer uma mudança significativa na forma como fazemos negócio, para garantir uma nova era de transparência, equidade, justiça e responsabilidade para todos os intervenientes no setor dos recursos, especialmente para as empresas que exploram e promovem, e para os governos que devem proteger e promover esses recursos para o bem do seu povo", afirmou hoje em comunicado o porta-voz do governo timorense, Agio Pereira.

Na avaliação à proteção do ambiente, Timor-Leste ficou colocado em 28º lugar, com uma nota baixa.

"Com pouco mais de uma década de existência enquanto país, a qualificação relativamente à Proteção do Ambiente foi baixa, por ser um país jovem e devido ao grande desafio que constitui construir uma economia a partir do zero", acrescentou em comunicado.

O Índice de Administração dos Recursos mede a qualidade de gestão dos setores gás, petróleo e mineiro de 58 países.

Segundo o relatório, aqueles 58 países produzem 85 por cento do petróleo, 90 por cento dos diamantes e 80 por cento do cobre no mundo, gerando triliões de dólares em receitas anuais.

"O futuro destes países depende da forma como gerem o seu petróleo, gás e minerais", refere o relatório, acrescentando que dos 58 países apenas 11, menos de 20 por cento, teve avaliação positiva nos setores da transparência e contabilidade.

"Até países com um 'standard' satisfatório têm fraquezas em algumas dimensões . Há um grande défice na administração dos recursos naturais em todo o mundo e o défice é maior no países dependentes daqueles recursos, onde cerca de um bilião de pessoas vive na pobreza. Felizmente, alguns países, incluindo várias economias emergentes, mostram que é possível um desempenho satisfatório na gestão de recursos", refere o relatório.

Os dez primeiros lugares do Índice são ocupados pela Noruega, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Brasil, México, Canadá, Chile, Colômbia, Trinidad e Tobago.

O Peru e a Índia, ocupam, respetivamente, a 11ª e 12ª posição.

Leia mais sobre aquela região do mundo, Macau e Timor-Leste em TIMOR LOROSAE NAÇÃO

Governo moçambicano rejeitou pedido de médicos grevistas para alterar equipa negocial



LAS – MLL - Lusa

Maputo, 06 jun (Lusa) - O Governo moçambicano rejeitou o pedido da Associação dos Médicos de Moçambique (AAM) para mudar a composição da equipa que está a negociar o fim da greve que afeta o setor da saúde desde 20 de maio.

Face ao impasse negocial, a AAM anunciou que não voltaria a negociar se não fosse alterada a composição da equipa governamental, liderada pelo secretário permanente do Ministério da Saúde, Marcelino Lucas.

Numa resposta, em carta enviada à AAM, o primeiro-ministro, Alberto Vaquina, referiu que a equipa é uma comissão interministerial, que tem mandato e plenos poderes para negociar.

"A equipa tem um mandato, em nome do Governo, para manter um diálogo com a AAM sobre a atual greve", esclareceu Vaquina.

A greve dos médicos e de profissionais da saúde entrou hoje no 18.º dia, mantendo-se a exigência de um aumento salarial de 100%, o que o Governo diz não poder cumprir.

Angola: Petição classifica acusações contra Rafael Marques de "politicamente motivadas"



EL – MLL - Lusa

Luanda, 06 jun (Lusa) - Representantes de 16 organizações de defesa dos direitos humanos, angolanas e estrangeiras, enviaram hoje ao Procurador Geral da República de Angola uma petição em que classificam como "politicamente motivados" os ataques e acusações feitos ao ativista angolano Rafael Marques.

No texto da petição, a que a Lusa teve acesso, os representantes de 16 organizações não-governamentais (ONG) manifestam-se "preocupados" com as recentes ações judiciais intentadas contra Rafael Marques, na sequência da publicação do seu livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola", publicado em Portugal, em 2011.

No livro, Rafael Marques acusou de "crimes contra a humanidade" os generais Hélder Vieira Dias, mais conhecido como "Kopelipa", ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano; Carlos Vaal da Silva, inspetor-geral do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA); Armando Neto, governador de Benguela e ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA; Adriano Makevela, chefe da Direção Principal de Preparação de Tropas e Ensino das FAA.

João de Matos, ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA; Luís Faceira, ex-chefe do Estado-Maior do Exército das FAA; António Faceira, ex-chefe da Divisão de Comandos; António dos Santos França "Ndalu", ex-Chefe do Estado Maior-General das FAA, e Paulo Lara são outros nomes apontados pelo ativista angolano.

Publicado em Portugal em setembro de 2011, o livro resultou de uma investigação iniciada em 2004 e documenta casos de homicídio e tortura contra os habitantes na região diamantífera das Lundas.

No documento, os signatários instam o PGR angolano, general João Maria de Sousa, a garantir que Angola respeite os "compromissos internacionais assumidos sobre os direitos humanos e o combate à corrupção, arquivando as acusações e pondo termo ao processo" contra Rafael Marques.

O ativista angolano foi alvo de queixas-crime por difamação, quer em Portugal quer em Angola, e na petição conclui-se que tais ações "parecem ser parte de um padrão de criminalização do jornalismo de investigação em Angola", conforme observou recentemente a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, durante a sua recente visita a Angola, destacam os subscritores do documento.

Além de apelarem ao arquivamento das acusações, os signatários pedem ao general João Maria de Sousa que "instaure uma investigação completa sobre as graves acusações de abusos de direitos humanos nas áreas diamantíferas das Lundas".

A petição é assinada pelos representantes da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e Associação Mãos Livres e OMUNGA, de Angola.

São ainda subscritores a Article 19, Comité para a Proteção dos Jornalistas, Corruption Watch UK, EG Justice, Freedom House, Global Witness, Media Legal Defence Initiative, National Endowment for Democracy, Fédération internationale des Ligues des Droits de l'Homme (FIDH) & Organisation Mondiale Contre la Torture (OMCT), Rencontre pour la paix et les droits de l'homme (RPDH), Sherpa, Transparência Internacional e World Movement for Democracy.

Apoios à Guiné-Bissau só com governo inclusivo e eleições - diz Ramos-Horta



FP – APN - Lusa

Bissau, 06 jun (Lusa) - O representante da ONU na Guiné-Bissau alertou hoje que a comunidade internacional só apoiará o país quando houver um governo inclusivo e um calendário eleitoral que leve a eleições em novembro.

Esses compromissos, além da eleição dos representantes da Comissão Nacional de Eleições, "são essenciais para as prioridades de garantir o apoio da comunidade internacional e da restauração da ordem constitucional", disse José Ramos-Horta.

Nesta matéria "a comunidade internacional está alinhada", disse, acrescentando: "todos os parceiros o exigem e não poderá haver dúvidas sobre o rigor destas exigências da comunidade internacional".

Falando numa sessão de apresentação do Relatório de Desenvolvimento Humano deste ano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Ramos-Horta disse que a apresentação de um governo inclusivo, que está a ser discutido desde abril, seria "um grande passo para a estabilização da situação política" na Guiné-Bissau.

O primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, está a preparar um novo governo, que a comunidade internacional pretende que seja mais inclusivo. Hoje também esteve presente na sessão mas nada disse sobre o assunto, ainda que o Presidente da República já tenha dito que o novo governo seria apresentado esta semana.

Aos jornalistas o representante do secretário-geral da ONU disse entender as dificuldades em formar um novo governo, acrescentando que quando isso acontecer as Nações Unidas vão procurar que sejam levantadas as sanções contra o país, impostas após o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado.

Ramos-Horta, que na sexta-feira parte para Angola ("um parceiro importante na União Africana e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa" e que "pode contribuir para o bem estar da Guiné-Bissau"), disse esperar que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) participe no novo governo.

Os dois principais partidos, PAIGC e Partido da Renovação Social (PRS), recusaram num primeiro momento participar no governo mas o PRS já disse que viabilizava a proposta de Rui de Barros. O PAIGC foi inconclusivo.

"Seria lamentável que depois de tanto esforço do Presidente da República, do primeiro-ministro e da comunidade internacional que o PAIGC se declarasse fora deste baralho", mas acredito que haverá "inteligência e sentido de Estado" por parte do partido, disse Ramos-Horta quando questionado pela Lusa.

No discurso que fez durante a cerimónia do PNUD lembrou ainda que é necessário um "largo consenso" para um governo de unidade nacional após as eleições, que só assim terá apoio da comunidade internacional.

E disse que já propôs a criação de uma comissão, envolvendo o Presidente, o governo e representantes da comunidade internacional, destinada a definir prioridades até final do ano e para o próximo ano e para organizar uma conferência de parceiros para depois das eleições.

Ramos-Horta lembrou que a situação económica e social que se vive "é preocupante", com greves, não pagamento de salários e "fortes possibilidades" de a segurança alimentar estar em risco.

No relatório do PNUD a Guiné-Bissau aparece em 176.º lugar numa lista de 186 países. Gana Fofang, representante especial adjunto do secretário-geral da ONU e responsável do PNUD, lembrou-o no seu discurso.

Mas disse também que o PNUD "continuará a ser um parceiro de desenvolvimento da Guiné-Bissau singularmente posicionado para uma cooperação duradoura".

São Tomé e Príncipe deve aliar-se à comunidade internacional para combater pirataria



MYB – MLL - Lusa

São Tomé, 06 jun (Lusa) - O capitão-de-mar-e-guerra português Henrique Eduardo Gouveia e Melo disse hoje que São Tomé e Príncipe tem que se aliar à comunidade internacional para fazer face à pirataria marítima, que "já é um problema no Golfo da Guiné".

"As autoridades devem juntar-se à comunidade internacional, participarem nos esforços da comunidade internacional na contenção deste problema, que é um problema comum, e com o apoio da comunidade internacional não terão problemas", disse o militar português.

Numa palestra sobre "conhecimento institucional marítimo", proferida para militares e forças de segurança, Henrique Gouveia e Melo lembrou que "já tem havido problemas nas águas jurisdicionais de São Tomé e Príncipe".

A palestra decorreu no Centro de Instrução Militar e as mensagens tinham como destinatários mais diretos os militares, polícia, guarda costeira e serviço de migração e fronteira.

No encontro, onde também estiveram presentes o ministro são-tomense da Defesa e Ordem Interna, Óscar Sousa, e a embaixadora de Portugal em São Tomé e Príncipe, Paula Silva, que o capitão-de-mar-e-guerra português alertou que o Golfo da Guiné "é uma zona problemática" e que São Tomé e Príncipe tem que fazer uma opção.

Henrique Gouveia e Melo frisou que a pirataria está a tomar conta do Golfo da Guiné, que também está a transformar-se em "rota para a passagem de drogas, como o ópio, a cocaína e a heroína".

São Tomé e Príncipe, apesar de estar situado nessa região, tem ainda a possibilidade de travar a utilização do seu espaço marítimo a estes movimentos desde que as autoridades sejam expeditas na tomada de decisão, adiantou.

"Podem surgir situações menos agradáveis, mas a mim parece-me que há tempo ainda para reagirem. Portanto, não é um problema iminente. É um problema que requer a atenção, mas não é um problema iminente", disse.

Com uma experiência de 22 anos de mar e navegação, e apesar de não se considerar perito nesta matéria de pirataria, Henrique Gouveia e Melo disse acreditar que, se a pirataria estabilizar nesta região, "haverá graves problemas para a região e para o mundo". Entretanto, por estar situado no Golfo da Guiné, São Tomé e Príncipe pode tirar proveito desse facto.

"Como há muitos problemas no Golfo da Guiné, e como é uma região extremamente rica em recursos energéticos e outros recursos, ter uma ilha no meio do Golfo da Guiné pode servir de apoio a uma data de países internacionais que pretendem explorar esta área para se poder rentabilizar os recursos económicos da área", afirmou.

"E sendo uma ilha localizada estrategicamente nesta área pode gozar desse esforço da comunidade internacional", acrescentou.

Segundo o capitão-de-mar-e-guerra português, em 2012 os piratas estenderam as suas ações até 1.500 milhas da sua base. Por isso, é necessário que haja o cruzamento de informações entre o país e a comunidade internacional.

Cabo Verde ganha três pontos na secretaria e volta a sonhar com o Mundial2014



JSD – NF - Lusa

Cidade da Praia, 06 jun (Lusa) - A FIFA deu razão a Cabo Verde no protesto apresentado no jogo contra a Guiné Equatorial, por utilização irregular de um jogador na terceira jornada do Grupo B de qualificação africana para o Mundial2014.

Ao penalizar os equato-guineenses com uma derrota por 3-0 e a consequente perda dos três pontos num jogo em que a Guiné Equatorial ganhou aos "Tubarões Azuis" por 4-3, Cabo Verde vê-se relançado na corrida à presença no Brasil, embora as autoridades desportivas de Malabo tenham já indicado que vão recorrer da decisão.

Disputado a 24 de março, em Malabo, o jogo acabou protestado por Cabo Verde que - além de inúmeras queixas em relação à equipa de arbitragem do Mali - alegou que a Guiné Equatorial teria utilizado um jogador de forma ilegal, uma vez que teria sido naturalizado "à pressa", sem respeitar as regras da FIFA.

A FIFA - o protesto foi também remetido à Confederação Africana de Futebol (CAF) - deu razão a Cabo Verde, mas não indicou qual o jogador em causa.

A decisão foi anunciada quarta-feira, três dias antes de Cabo Verde receber, na Cidade da Praia, justamente a Guiné Equatorial, em jogo referente à quarta jornada do Grupo B, cujo estágio de preparação já decorre na capital cabo-verdiana.

Com a decisão, Cabo Verde conquista, por via da secretaria, os primeiros três pontos no grupo, já que perdeu nas duas jornadas anteriores, ambas por 2-1, na Serra Leoa e na receção à Tunísia.

Desta forma, se os guineenses perderem o recurso, a Guiné Equatorial troca de lugar com Cabo Verde e passa a ocupar o último lugar, com apenas um ponto, atrás do "Tubarões Azuis", com três.

A Tunísia, com nove pontos, fruto de três vitórias em outros tantos jogos, lidera o grupo, à frente da Serra Leoa, com quatro.

Os "Tubarões Azuis" têm, assim, relançada a luta pelo apuramento, pois disputa os próximos dois jogos no Estádio da Várzea, na Cidade da Praia, recebendo sábado a Guiné Equatorial e, uma semana depois, a Serra Leoa, partidas que terá obrigatoriamente de vencer, de forma a poder, na última jornada, discutir a qualificação em Tunes.

As contas revelam-se, porém, complicadas, pois Cabo Verde terá de esperar que a Tunísia perca pontos nos próximos dois jogos, primeiro contra a Serra Leoa e, depois, com a Guiné Equatorial.

Nesse caso, os "Tubarões Azuis" teriam de vencer a Tunísia por mais de um golo de diferença e esperar que os tunisinos, agora com nove pontos, não façam mais do que 12.

Se ficar em primeiro no Grupo B, e para se apurar ao Mundial 2014, Cabo Verde terá ainda de disputar uma eliminatória, a duas mãos, contra um dos nove primeiros dos outros tantos grupos que disputam a qualificação para o Mundial2014.

Água e eletricidade em Cabo Verde das mais caras do mundo - Agência de regulação



JSD – VM - Lusa

Mindelo, Cabo Verde, 06 jun (Lusa) - O presidente da Agência de Regulação Económica (ARE) cabo-verdiana criticou os preços de água e eletricidade praticados em Cabo Verde, afirmando que são dos mais elevados a nível mundial.

Renato Lima falava na quarta-feira para estudantes do curso de Economia do Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresarias (ISCEE), no Mindelo (ilha de São Vicente), e mostrou-se crítico em relação aos preços que os cabo-verdianos pagam pelos dois bens essenciais, ironizando que este fator coloca o país no "topo de alguma coisa".

O economista, citado pela Inforpress, referiu que, só na Cidade da Praia, as perdas de água por causa do mau estado da rede situam-se à volta dos 50%.

Renato Lima foi a São Vicente a convite do ISCEE, onde já foi professor, explicar aos estudantes de economia os meandros da regulação económica, tendo considerado que, na prática, "não existe regulação financeira" em Cabo Verde.

O especialista deu como exemplo as taxas que os bancos comerciais cobram de forma "arbitrária" para uma transferência de crédito, a rondar os 4%.

O presidente da ARE sugeriu a criação em Cabo Verde de uma instituição de avaliação do impacto de decisões regulatórias.

A ARE e o ISCEE assinaram um protocolo de colaboração estabelecendo que a primeira instituição atribui um prémio anual no valor de 250 mil escudos (2.300 euros) aos alunos do primeiro ao quarto anos que apresentem o melhor trabalho de fim do curso.

Portugal: CONTRA A DEMAGOGIA DE NUNO CRATO

 

David Rodrigues – Público, opinião
 
Em Portugal há um provérbio popular que diz que “um mal nunca vem só”. Portugal encontra-se numa situação financeira e económica muito difícil e as receitas da “austeridade a todo o preço” conduziram o país a um maior déficit e mais desemprego do que tinha antes da crise se instalar.
 
Mas “um mal nunca vem só” e, junto com esta crise, florescem as ideias conservadoras. Para muitos políticos a solução está em olhar para trás, em adotar políticas conservadoras, enfim, o regresso “aos bons velhos tempos”. É este o caso da entrevista ao ministro da Educação e Ciência, publicada na revista Veja de 5 de Junho passado.

Nuno Crato, nesta entrevista, omite que Portugal fez nas últimas décadas decisivos avanços em todos os setores da Educação como é demonstrado por estudos transnacionais como o PISA.

Ignora que Portugal conseguiu desenvolver, com a competência e dedicação dos professores, uma escola pública de qualidade e a tempo integral, áreas de enriquecimento curricular, com projetos estimulantes e decisivos avanços na equidade e no apoio à aprendizagem.

Em lugar de explicar porque é que o sistema educativo português conseguiu no espaço de uma geração tão significativos resultados, Nuno Crato vem acusar a educação de “construtivismo ingénuo” (será uma teoria da sua autoria?), opõe as neurociências a Jean Piaget (um pouquinho de estudo seria útil…), diz que o “treino tem que ser exaustivo: tem que se ler muito mesmo sem gostar” (afinal a leitura pode ser uma punição…) e diz que “um mestre tem o dever de transmitir aos seus alunos os conteúdos nos quais se graduou” (esta frase é candidata ao óscar do conservadorismo…).

O ministro da Educação de Portugal apresenta-se como um opositor do sistema educativo que as organizações internacionais consideram um caso de sucesso (e de que ele ironicamente é o herdeiro).

Não é pois de estranhar que exista uma inusitada unanimidade de discórdia com esta política por parte dos especialistas em Educação em Portugal. Nuno Crato dirige a Educação olhando para o retrovisor e todos nós gostaríamos que ele conduzisse a olhar o para-brisas. Mas enfim, a crise há-de passar e este ministro também... É que em Portugal nós acreditamos que “um bem nunca vem só”.

O autor é professor universitário e presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial. Escreve segundo o Acordo Ortográfico.
 

Portugal: FNE MANTÉM GREVE DE PROFESSORES APESAR DE RECUO DO GOVERNO

 

 
Ministério da Educação puxou do último trunfo e garantiu aos sindicatos que não haveria professores em mobilidade antes de 2015. Para a FNE, contudo, isso não chega.
 
O líder da Federação Nacional da Educação, João Dias da Silva, revelou nesta quinta-feira, no final do processo de negociações sobre a mobilidade especial, que o Ministério da Educação e Ciência se mostrou disponível para criar “condições especiais” de aplicação deste regime aos docentes, nomeadamente a garantia de que pelo menos até 2015 nenhum deles entrará em mobilidade.
 
A FNE considerou, contudo, que tal não é suficiente, porque o mesmo não se aplica aos restantes funcionários públicos. Por isso, manterá o calendário de greves já anunciado e que se inicia já amanhã com o primeiro dia de greve às avaliações internas dos alunos que farão exames nacionais.
 
Dias da Silva reconheceu que esta posição, face ao recuo do MEC, poderá “defraudar as expectativas dos professores”, mas insistiu que o mesmo aconteceria se a federação a que preside aceitasse uma lei que permite despedimentos na função pública.
 
A posição da FNE foi conhecida no final de uma longa maratona negocial iniciada às primeiras horas da manhã desta quinta-feira e que termina, assim, sem um acordo entre Governo e sindicatos que permitiria evitar as greves às avaliações e aos exames nacionais marcadas para este mês.
 
Não se conhece ainda a posição final da Federação Nacional de Professores (Fenprof), o sindicato mais representativo do sector, mas o seu secretário-geral, Mário Nogueira, em declarações proferidas a meio da tarde, já deu a entender que as propostas hoje apresentadas pelo Governo não chegam para desmobilizar os protestos.
 

Portugal: REAPRENDER A DIZER LIBERDADE

 

José Neves – Jornali, opinião
 
Sei bem que existem vários liberalismos e até diferentes neoliberalismos e que é demasiado gratuito acusar simplesmente o liberalismo do mal que vivemos
 
São por estes dias muitos os que à esquerda manifestam simpatia por José Pacheco Pereira. Também partilho dessa simpatia. Dito isto, há um problema nos comentários de JPP em torno da crise. Se por um lado desmonta - e por vezes de fio a pavio - o argumentário apresentado pelo governo, por outro tende a querer salvaguardar os fundamentos liberais que participam desse mesmo argumentário.
 
Não me custa aceitar que por razões tácticas e até emocionais JPP argumente não ser ele que está em processo de esquerdização mas sim o governo que está a direitizar o PSD. Mas este argumento contém uma ilusão, a de que a solução passa por simplesmente acabar com "este" PSD e "este" liberalismo para regressar à "essência" social-democrata e à pureza da "ideia" liberal. Trata-se de uma ilusão porque, se este governo se tem desviado da política de anteriores governos portugueses, tais desvios não configuram qualquer espécie de "traição". E, na verdade, quando olhamos para a cultura política que tem inspirado as políticas económicas seguidas na Europa como em Portugal nas últimas décadas, só em parte este governo pode ser considerado uma anomalia.
 
Entendam-me bem, por favor: congratulo-me por JPP, olhando-se ao espelho e nele encontrando reflectida a imagem deste governo, não gostar da imagem que lhe é dada a ver e, mais ainda, como já aqui sublinhei uma vez, a sua crítica ao governo é um exemplo de coerência em relação ao qual muito devem figuras como António Costa e António José Seguro - JPP não esperou confortavelmente o timing certo e, com um sentido de urgência à altura dos tempos que correm, criou esse próprio timing; e, no entanto, a crise actual é demasiado profunda para que um liberal possa simplesmente criticar os "excessos" do liberalismo e assim evitar - voluntariamente ou não - uma reflexão de fundo em torno da própria ideia liberal.
 
Sei bem que existem vários liberalismos e até diferentes neoliberalismos e que portanto é demasiado gratuito acusar simplesmente o liberalismo do mal que vivemos. Mas, diferenças à parte, nas últimas décadas, dirigentes políticos tão diversos como Sá Carneiro, Mário Soares, Cavaco Silva, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas convergiram no dogma segundo o qual o liberalismo é um programa integral que contempla uma parte política, traduzida em liberdades civis e políticas, e uma parte económica, traduzida na defesa da propriedade privada e no livre comércio, esta afirmando-se como condição daquela. E se existem diferenças significativas entre a esquerda liberal de que JPP se reclamava no início dos anos 80 e o nacional-liberalismo de um projecto como "O Independente", não são só diferenças que existem e não são apenas elas que são significativas.
 
Não estou a pedir, sublinhe-se, que um liberal de hoje simplesmente renegue o liberalismo, que deite fora o menino junto com a água do banho e passe a considerar o liberalismo uma espécie de mal da juventude, um delírio próprio dos anos 80 ou do tempo da Guerra Fria. Mas, se piruetas deste género não são recomendáveis, é já preciso algo mais do que simplesmente bater forte e feio em Coelho e Gaspar.
 
Talvez a história recente da esquerda chamada radical possa ajudar ao debate. Da queda do Muro de Berlim em diante, uma boa parte dessa esquerda renegou simplesmente às ideias socialistas e comunistas e à tradição revolucionária, mas outra parte procurou reinventar essas mesmas ideias e essa mesma tradição. Fê-lo repudiando certos elementos do seu passado e revalorizando outros. Por exemplo, repudiou a propensão centralista e hierárquica da sua organização política, manifesta tanto na forma do partido de vanguarda como na forma do Estado socialista; e se este repúdio foi em alguns casos o primeiro passo para aderir a uma concepção insuportavelmente individualista da política, noutros casos levou a que se insistisse na valorização de uma marca libertária do passado das esquerdas, marca esta entendida em termos sociais e colectivos e não apenas nos termos individualistas que dessa marca são também próprios. Destas novas esquerdas (que se pode dizer serem tão velhas como o 68 italiano ou a Comuna de Paris) chega-nos hoje a proposta para que digamos a liberdade em comum e não em concorrência. É, suponho, um desígnio de que poderá aproximar-se um liberal preocupado seja com os "excessos" seja com a "essência" individualista do liberalismo.
 
Historiador - Escreve quinzenalmente à quinta-feira
 

Portugal: Passos foi "desilusão absoluta" e balanço é "péssimo" - Mário Soares

 


ATF – SMA – Lusa – foto ETIENNE LAURENT / POOL/EPA POOL
 
O ex-Presidente da República Mário Soares disse hoje que Passos Coelho se revelou "uma desilusão absoluta" como primeiro-ministro, considerando que os dois primeiros anos de Governo PSD/CDS foram "péssimos para Portugal" e "a melhor inversão era irem-se embora".
 
"Acho que foram dois anos péssimos para Portugal", começou por afirmar o antigo chefe de Estado, em declarações à Lusa e à rádio Antena 1 na sua fundação, à margem de uma sessão de apresentação do livro "Memória de Tortura e Resistência", de Joaquim Monteiro Matias.
 
Para o fundador do PS, o balanço destes dois anos de mandato é absolutamente negativo: "Todas as coisas pioraram, indiscutivelmente, como todo o país sabe".
 
Questionado sobre os elogios que teceu a Pedro Passos Coelho, no início do mandato, Mário Soares disse ter-se enganado.
 
"Pois é, fiz elogios pessoais, efetivamente, porque estava convencido de que ele era uma outra pessoa que realmente não foi, eu conhecia-o desde jovem, julguei que era outra pessoa. Enfim, enganei-me, como toda a gente se engana", disse.
 
Na opinião do histórico socialista e também antigo primeiro-ministro, o desempenho do executivo e de quem o lidera foi "uma desilusão absoluta".
 
"Eu não tive muitas ilusões nunca, mas de qualquer maneira tive ilusões em relação ao primeiro-ministro, Passos Coelho, e estava convencido de que ele era outra pessoa", reforçou.
 
Interrogado sobre se ainda pode haver uma inversão, Mário Soares ripostou que "a melhor inversão" que o Governo pode dar era "ir-se embora": "É o que eu tenho dito várias vezes".
 
Já sobre a ausência do secretário-geral do PS, António José Seguro, do encontro das esquerdas na Aula Magna, que Soares promoveu, o socialista desvalorizou.
 
"Eu já sabia que ele não ia, a primeira pessoa a quem eu falei foi ao António José Seguro, ele disse-me que não ia, que mandava uma pessoa e eu fiquei convencido, foi aquela que lá viu", declarou.
 

Perto de uma centena de reformados e pensionistas protestam contra Governo em Lisboa

 


SMS - MSF – Lusa – foto Miguel A. Lopes
 
Perto de uma centena de reformados e pensionistas estão hoje concentrados junto ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em Lisboa, em protesto contra as políticas de austeridade aplicadas pelo Governo.
 
"Demissão", "Governo é passado, nós somos o futuro" e "Governo ladrão, não tem perdão" são algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes.
 
O protesto foi promovido pelo movimento cívico Apre - Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados.
 
Entretanto, fonte do Ministério tutelado por Pedro Mota Soares revelou à Lusa que alguns elementos do Apre estão reunidos com o chefe de gabinete do governante, um encontro que poderá prolongar-se "durante toda a tarde".
 

Passos diz não ter medo do resultado das autárquicas nem das europeias - com opinião

 

Lusa – Foto Miguel A. Lopes
 
O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje não ter medo do resultado das eleições autárquicas, nem das europeias, dos portugueses, nem do seu julgamento.
 
Numa intervenção na sessão de apresentação do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP à Câmara Municipal da Amadora, Carlos Silva, no dia em que passam dois anos desde as últimas eleições legislativas, o primeiro-ministro declarou-se orgulhoso do trabalho feito pelo Governo.
 
À entrada e à saída do auditório dos Recreios da Amadora, onde se realizou esta iniciativa, Passos Coelho foi apupado por cerca de uma dúzia de pessoas que estavam no passeio em frente ao edifício, ao mesmo tempo que outros o aplaudiram.
 
Junto ao local encontravam-se perto de duas dezenas de polícias, alguns dos quais cercaram as pessoas que gritaram palavras de protesto dirigidas ao primeiro-ministro, quando a sessão terminou.
 
MENTIROSO COMPULSIVO ATÉ SE JULGA E SE DIZ VALENTÃO - opinião
 
Passos quer ser o mentiroso sem medo, já que o General Sem Medo, Humberto Delgado, foi assassinado pela PIDE de Salazar. Deste mentiroso compulsivo para o General vai uma diferença abissal quando Passos diz que não tem medo de nada. Até porque o General era patriota e perseguia a justiça, a liberdade e a democracia, ao contrário de Passos e do seu Bando.
 
Sobre as basófias de Passos na Amadora recomende-se escutar os Sinais, de Fernando Alves, na TSF. Um audio intitulado A Noite do Karaoke.
 
Passos, mentiroso compulsivo, diz-se sem medo mas não é aquilo que vimos quando se faz rodear de dispositivos de segurança nunca antes vistos em Portugal. Aliás, nesse mesmo dia em que se deslocou à Amadora para se exibir destemido, ontem, a rua do edificio em que fez as declarações “sem medo” teve a circulação fechada. Uma rua que leva à estação dos comboios e ao comércio da Amadora que pela proibição de nela se transitar causou imensos incómodos aos que dela habitualmente se utilizam diáriamente.
 
Um estorvo na Amadora foi aquilo que Passos significou para os seus habitantes e passantes. Um estorvo é aquilo que Passos representa por ele e pelo seu governo, pelo seu regime de empobrecimento e desemprego, de miséria. Passos nem é um estorvo sem medo mas de tal mentiroso compulsivo já todas as basófias são de esperar. (Romano Prates – Redação PG)
 

PSD QUER IMPÔR EM PORTUGAL A TRANSPARÊNCIA AOS MISERÁVEIS, NÃO A DOS SEUS

 


Como comprova a notícia retirada do Jornal i o governo de Passos Coelho-Gaspar-Portas-Cavaco Silva insiste em humilhar ainda mais os portugueses carenciados, os miseráveis que somam cerca de três milhões em Portugal (apesar de nem todos terem apoios do Estado). Como o quer fazer? Como arquiteta mais esta humilhação? Quer divulgar publicamente as famílias, as pessoas, que recebem esses apoios sociais. Este querer do governo já não são lascivias neoliberalistas mas sim fascistas. O governo teima em abrir as portas ao salazarismo com que Cavaco tão bem se identificou, assim como todos os seus correligionários pendurados na democracia reposta em 25 de abril de 1974. Tudo indica que também Passos é um saudosista desses tempos fascistas que quase não vivenciou por não ter idade mas que teima em manter na agenda do revivalismo.
 
A notícia do Jornal i refere que “PSD insiste em publicar nomes de quem recebe apoios sociais” – como fazemos constar mais em baixo. O PSD esquece os seus espelhos e aquilo que decerto reflete como muito mais grave e provavelmente lesivo da transparência e da justiça que devia existir em Portugal. O PSD esquece os cambalachos em que gente sua de nomeada tem andado metida. O PSD quer esquecer que o seu militante Cavaco Silva nunca conseguiu explicar de modo a que se entendesse o caso da sisa no negócio da Vivenda Mariani e “palácio” na Aldeia da Coelha, nem o caso do BPN está transparente para os portugueses comuns (será que é transparente para alguém?)
 
Por agravo, e ainda contemplando Cavaco Silva, militante de gabarito no PSD, há o negócio das ações oferecidas com oportunidade dourada e lucrativa por Oliveira e Costa a Cavaco Silva e a sua filha. Ações que num ápice lhes proporcionou um lucro enorme apesar de Oliveira e Costa ficar “prejudicado” por voltar a adquirir essas ações com prejuizo próprio. Diz-se pelo país que é estranho, muito estranho. Que não entendem. Que se Oliveira e Costa está incriminado em falcatruas no caso BPN o prejuizo que teve nas ações do negócio com Cavaco e filha era dinheiro produto de ilegalidades e que se um cidadão qualquer (excepto os políticos e os da sua roda) comprar um artigo roubado pode ser incriminado ou, pelo menos, tem de o devolver ao seu legitimo proprietário. Ora, tudo demonstra, que o legitimo proprietário dos valores “negociados" por Oliveira e Costa são dos contribuintes portugueses, porque têm sido eles a suportar os prejuizos e falcatruas no Caso BPN-Oliveira e Costa e outros. É que Dias Loureiro, outro “ilustre” do PSD, também andava ou anda emaranhado nos cambalachos BPN. Ou não? Ou não será nada disto e a maldecência do povo lança atoardas por pura ignorância?
 
Transparência no caso dos apoios sociais? E a transparência nestes casos? E a transparência nos lobbies e corrupções entre deputados, referidas por Paulo Morais e nunca contestadas? Transparência, não é?
 
A teima do PSD em tornar público quem recebe apoios sociais do Estado destina-se também a demover os mais envergonhados a não recorrer a esses apoios por não quererem ver seu nome na lista dos miseráveis (e passarem muito mais fome). É a chamada e tão bem conhecida “pobreza envergonhada”. Só mentes sujas como a de certos ministros, deputados e outros políticos seriam capazes de “inventar” este processo fascizante e de humilhação aos portugueses que cairam na miséria à custa de uns quantos roubarem e enriquecerem como não se sabe nem se percebe como. Transparência? O PSD só poderá falar de transparência quando for transparente sobre os seus militantes e figurões “ilustres”. Não só o PSD. O CDS e o PS também têm os seus “rabos de palha”. Por isso, em conluio tácito, se calam e até se aquietam quando se fala de corrupção e de cambalachos por explicar. Transparência seria o que evitaria que vivessemos na eterna suspeição e a lembrar o adágio: “quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem.” (Carlos Tadeu – Redação PG)
 
PSD insiste em publicar nomes de quem recebe apoios sociais
 
Liliana Valente – Jornal i
 
Partidos da maioria dispostos a alterar proposta que obriga à divulgação de dados de quem recebe dinheiros públicos. Mas por razões diferentes
 
O PSD e o CDS não estão de acordo quanto à publicação dos nomes de quem recebe apoios do Estado, sejam benefícios fiscais, sejam apoios de fundos comunitários ou apoios sociais, como habitação social. Ambos admitem alterações na discussão em detalhe da proposta, mas divergem no essencial: o PSD insiste em tornar públicos os nomes, o CDS não abre mão de deixar cair essa publicidade.
 
O governo apresentou uma proposta de lei no parlamento que alarga o leque de entidades da administração pública obrigadas a publicar a lista dos apoios que concedem a particulares e alarga também os apoios abrangidos. O CDS defendeu que a proposta tem de ser modificada. Ao i, o deputado Hélder Amaral diz que os centristas não vão deixar passar a divulgação pública dos nomes de pessoas que, por exemplo, recebem apoio para habitação: "É bom que haja rigor e transparência, mas é preciso adoptar uma forma de proteger a confidencialidade. Não abrimos mão disso", disse.
 
A posição dos centristas vai esbarrar na vontade do PSD que não desiste, apesar das críticas, de tornar estes dados públicos. O coordenador da Comissão de Orçamento e Finanças do PSD, Duarte Pacheco, é peremptório: "Nós queremos mesmo dar publicidade. Há muitas instituições que dão apoios, desde bolsas de estudo, apoios a investigação, apoios a agentes culturais. É bom que se saiba o que as pessoas recebem do Estado".
 
Os sociais-democratas admitem mudar a proposta do governo na comissão parlamentar que vai debater na especialidade (artigo a artigo) o documento, porque, diz Duarte Pacheco, "é preciso acautelar que não há voyeurismo indesejável, mas também é preciso transparência". Ou seja, tentar ao mesmo tempo o objectivo da moralização dos apoios e por outro "proteger dados pessoais".
 
Uma das formas de o conseguir pode ser, por exemplo, a de mexer no leque de apoios concedidos que estão abrangidos pela obrigatoriedade de publicitação dos dados. Retirar alguns apoios sociais, mais sensíveis para as pessoas, para não criar discriminação, diz ao i fonte da direcção da bancada do PSD.
 
A ideia de mexer na lei nasceu depois do censo às fundações, esclarece o preâmbulo da proposta que saiu do Ministério das Finanças. A legislação actual já obriga a que seja divulgada uma lista por algumas entidades, mas a intenção do governo é ir mais longe e incluir a publicitação quer de apoios sociais como de apoios comunitários. E integrar entidades que estariam fora da legislação anterior, casos de organismos que recebem apoios do Estado e que depois recanalizam esse mesmo apoio.
 
A medida conheceu logo a crítica da Comissão Nacional de Protecção de Dados que, num parecer anexo à proposta, alerta para o risco de esta legislação poder abrir caminho ao "tratamento de dados de alto poder discriminatório" e que isso pode assim ultrapassar o "objectivo de transparência e de acesso público à informação".
 

De Istambul para Lisboa. O protesto turco chegou ao sexto dia e não vai ficar por aqui

 

Diogo Pombo – Jornal i
 
Cartazes, bandeiras e gritos, envoltos nos sons de batuques de tambor. Era este o reflexo que a embaixada da Turquia, em Lisboa, enfrentou ontem durante várias horas, ao final da tarde. Cerca de uma centena de manifestantes, entre portugueses, turcos, argentinos ou espanhóis, juntaram-se numa faixa de passeio sob a mesma mensagem: “Somos todos Turquia”, ou “Hepimiz Türküs”, na versão original. Ao sexto dia, alastrou a Portugal o protesto germinado em Istambul, contra a demolição de um espaço verde em prol da construção de mais um centro comercial. Um protesto que virou um “grito contra a tirania” e não vai ficar por aqui, avisam os manifestantes.
 
Ridvan Sevinc, 28 anos
O protesto aponta à embaixada, não contra ela. “É um símbolo do governo turco”, explica Ridvan, com três anos já passados a trabalhar em Portugal. “Estamos orgulhosos dos portugueses, que nos apoiam”, confessa. Gesto importante, diz, pois “o fascismo está hoje na Turquia”, com o “ditador Erdogan”, mas amanhã pode estar em Portugal”. A sua preocupação está com os “familiares e amigos”. Nas ruas “a polícia ataca sem olhar a quem”.
 
Leyla Timuroglu, 25 anos
Envolta num vestido vermelho, em tudo igual a uma bandeira turca, Leyla dá nas vistas. Está à beira da estrada, a instigar os condutores que vão passando. “Apitem por Istambul”, lê-se no seu cartaz. “A minha família é turca, por isso há essa afinidade, mas estaria aqui na mesma caso não houvesse essa ligação”, conta, lamentando que “o maior problema da Turquia é conseguir que a informação saia”.
 
Marcos FarÍas, 36 anos
“Turcos não estão sozinhos, estamos cá convosco, ao vosso lado”. A mensagem que Marcos carrega no cartaz é comum a todos. Em Portugal há 12 anos, o argentino e professor de espanhol na Universidade Nova ficou chocado quando viu “as imagens da violência policial”. Sinais, explica, de que “tudo isto já não é a defesa do parque” de Gezi, no bairro de Taksim. “É a defesa da democracia e do direito das pessoas se manifestarem”.
 
Sezen Tonguz, 31 anos
Segue “o facebook e os blogues de amigos” para acompanhar o que se passa no seu país. “Os jornais não estão em todo o lado, apenas mostram Ankara ou Istambul”, lamenta, ao lembrar que os protestos “já estão em mais de 80 cidades da Turquia”. Sezen tem amigos nas ruas, e deles recebe notícias de “união” e uma mensagem “sem grupos ou partidos políticos” envolvidos. “São apenas milhões de pessoas unidas, a resistir contra um abuso”, defende.
 
Beste Ozcan, 31 anos
A sua camisola denuncia-a. O amarelo e grená do Galatasaray, um dos clubes de Istambul, é o símbolo que Beste, estudante de intercâmbio em Lisboa, escolheu para a representar. “Estou a apoiar o nosso país, o nosso povo e mostrar ao mundo que estamos sempre contra a violência policial e actos contra a democracia”, explica, à medida que acaba de pintar o cartaz que, minutos depois, levanta com orgulho.
 
Marcos Ramalho, 24 anos
Foi a amizade a puxar o estudante para o protesto de Belém. “E por solidariedade também”, acrescenta, antes de lembrar a recente viagem feita a Istambul e “os vários amigos turcos”. É a eles que recorre para obter informação, pois “sem dúvida” que os jornais portugueses “dão pouca atenção” ao que “se está a passar na Turquia”, que retrata como um ataque contra a democracia”. “Nós temos que nos preocupar”.
 
David Santos, 30 anos
O representante da Plataforma 15 de Outubro, que convocou o protesto insistiu na “solidariedade com os manifestantes turcos, que saem à rua contra um governo autoritário”. David elogiou a atitude dos turcos que, “apesar da terrível repressão policial, continuam a lutar contra a tirania” de um “Reccip Químico”, alcunha que deu a Erdogan, ao tocar na forma como o primeiro-ministro turco lida com “a discordância dos seus cidadãos”.
 
Hande Ayanoglu, 29 anos
Ao pedido de um gesto para simbolizar o que sentia com este protesto, Hande responde à câmara com um sorriso. “Estou com a bandeira do meu país”, justifica. “Não podemos apoiar lá, por isso apoiamos aqui hoje”, resume, alargando o manifesto “cidadãos de todo o mundo”. Porquê? A resposta sai rápida. “Todos temos que proteger o nosso futuro”. E ainda deixou um apelo: “Aos media internacionais, que falem mais na Turquia”.
 

TURQUIA. GREVISTAS JUNTAM-SE A MANIFESTANTES NOS PROTESTOS

 

Diogo Vaz Pinto – Jornal i
 
Dois dos principais sindicatos turcos convocaram dois dias de greve em solidariedade com os manifestantes
 
Os protestos tomaram conta das ruas por toda a Turquia pela quinta noite consecutiva, apesar de horas antes o vice-primeiro-ministro, Bulent Arinc, ter pedido desculpa pelo uso de "violência excessiva" por parte da polícia. A atmosfera na noite de terça tornou-se festiva, com barracas de distribuição de comida gratuita, bebidas e até medicamentos, além de uma clínica improvisada montada no terraço de um café Starbucks encerrado.
 
Ontem, dois dos principais movimentos sindicais turcos convocaram dois dias de greve em solidariedade com os manifestantes. Assim, professores, médicos, bancários e outras classes profissionais coloriram com as bandeiras amarelas e vermelhas as ruas da capital, Ancara, e de Istambul, convergindo na Praça Taksim, que se mantém há quase uma semana o palco de confrontos violentos com as forças de segurança.
 
Na noite de terça-feira, a polícia recorreu novamente ao gás lacrimogéneo e aos canhões de água para reprimir os protestos, que se iniciaram na sexta-feira contra o abate de árvores no Parque Gezi, na Praça Taksim (Istambul), para libertar o terreno para a construção de um centro comercial. Face à violenta resposta das autoridades, os protestos deram lugar a uma série de manifestações antigovernamentais.
 
"A violência excessiva, que foi usada num momento inicial contra aqueles que defendiam o meio ambiente, é errada e injusta", disse Arinc durante uma conferência de imprensa em Ancara, na tarde de terça-feira. "Os nossos cidadãos reagiram de forma legítima, lógica e justa no Parque Gezi. A eles peço desculpa. Mas não me parece que devamos um pedido de desculpas àqueles que causaram danos nas ruas e tentaram violar a liberdade das pessoas."
 
Ontem, o vice-primeiro-ministro confirmou que uma segunda pessoa tinha morrido durante os protestos. Abdullah Comert, de 22 anos, um membro da juventude do Partido Republicano do Povo (oposição), ficou "seriamente ferido na sequência de disparos feitos por uma pessoa não identificada", na província de Hatay, no Sul do país. A outra vítima mortal, Mehmet Ayvalitas, de 20 anos, morreu no fim-de-semana, depois de ter sido atropelada por um carro em Istambul. Há grandes discrepâncias nos relatos sobre a forma como os dois jovens morreram.
 
O número de feridos varia também consoante os relatos. Arinc disse que 244 agentes da polícia e 64 manifestantes ficaram feridos, enquanto a Associação Médica da Turquia garantiu que, só no fim-de-semana, pelo menos 3195 pessoas tinham ficado feridas nas manifestações, adiantando que destas 26 estavam em estado grave ou crítico.
 
Entretanto, os membros de um grupo que se auto-apelida Plataforma de Solidariedade por Taksim (PST), não só rejeitaram o pedido de desculpas como durante uma reunião com Arinc, ontem, entregaram uma lista de exigências, entre as quais a demissão dos chefes da polícia em Istambul, Ancara e outras cidades onde tiveram lugar as respostas mais violentas aos protestos. Os activistas reclamam ainda a proibição do uso de gás lacrimogéneo, a libertação dos manifestantes detidos, a demissão do governador de Istambul e que sejam rasgados os planos para a remodelação do Parque Gezi. "As medidas que o governo assumir vão moldar os eventos futuros", avisou o PST no final da reunião.
 
O pedido de desculpa do vice-primeiro-ministro surgiu em forte contraste com a posição assumida pelo primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, que, na segunda-feira, deixou o país para realizar uma série de visitas oficiais a vários países do Norte de África. Erdogan tinha descrito os manifestantes como "extremistas" e "saqueadores", afirmando que estes não espelhavam os sentimentos da população turca.
 
Por sua vez, as declarações de Arinc foram feitas no final de uma reunião com o presidente turco, Abdullah Gul, que havia já defendido o direito dos cidadãos a manifestarem-se. Gul, que tal como Arinc é um membro destacado do Partido AK (no poder desde 2002), lembrou já esta semana que "a democracia não é apenas o momento de ir às urnas". Os analistas interpretaram estas palavras como uma reacção aos comentários de Erdogan sobre os protestos, em que este não se cansou de frisar as várias eleições que venceu e a maioria do seu partido no parlamento.
 
Várias vozes críticas do actual governo têm argumentado que Erdogan se tem servido do seu mandato para impor um conjunto de medidas autoritárias sem consultar a população ou os partidos da oposição.
 
Entre as críticas que têm chegado dos manifestantes, algumas acusam também o primeiro-ministro de seguir uma agenda islamita, procurando minar as bases seculares da república fundada há 90 anos por Mustafa Kemal Ataturk.
 
Um exemplo disto é a controversa legislação que foi aprovada num processo apressado pelo parlamento turco na semana passada, e que, se for promulgada pelo presidente, representará um duro golpe na venda de álcool. A lei quer proibir as lojas de venderem bebidas alcoólicas entre as 10 da noite e as 6 da manhã, além de proibir todo o tipo de publicidade ou promoções que envolvam este tipo de bebidas. Adicionalmente, a lei obriga qualquer novo bar que venha a ser aberto a respeitar uma distância mínima de 100 metros a qualquer escola ou mesquita.
 

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