sábado, 25 de novembro de 2023

Hamas confirma libertação de novos reféns israelitas ainda este sábado

Depois do anúncio do Qatar, o Hamas veio confirmar a libertação de novos reféns israelitas ainda este sábado.

Em comunicado, o Hamas disse que respondeu "positivamente aos esforços egípcios e catarianos que duraram o dia todo" e especificou que obteve de Israel um "compromisso", principalmente sobre a entrega de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza e sobre a libertação de prisioneiros palestinianos.

O Qatar anunciou que o acordo vai ser retomado e o Hamas vai libertar 13 reféns israelitas e sete estrangeiros na Faixa de Gaza ainda "esta noite".

Este país, juntamente com o Egito, esteve em negociações com o Hamas e Israel depois de o Hamas ter anunciado que ia adiar a libertação de reféns.

Do lado israelita serão libertados 39 palestinianos. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar afirma que "os obstáculos foram ultrapassados através da mediação Qatar-Egito" e que a troca de prisioneiros deverá ter lugar este sábado à noite.

Cátia Carmo | TSF

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As Crianças Senhor Sofrem Assim -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Hoje começou a troca de reféns entre Israel e o HAMAS. O mundo confirmou. Os nazis de Telavive prendem crianças palestinas, que ficam a apodrecer nas prisões sem processo, sem acusação, sem julgamento. Entram nas masmorras meninas e meninos. Continuam prisioneiros na idade adulta. Antes a morte que tal sorte. 

Um país que tem leis racistas só existe porque o estado terrorista mais perigoso do mundo lhe dá força para promover o racismo. Um país cujos governantes impõem um regime de apartheid a quem não é judeu, não pode fazer parte da comunidade internacional. Mas faz porque essa é a política do ocidente alargado. Israel é uma espécie de polícia de arma apontada à liberdade e à honra da Humanidade. Quem se portar mal leva com os nazis de Telavive.

Um país que prende crianças e as mantém a apodrecer nas prisões até à idade adulta sem culpa formada, sem julgamento, apenas porque pode, quer e manda, não pode existir. Vou repetir: O país que se rege pela Lei do Estado Nação, Lei de Cidadania, Lei de Retorno, Lei de Terras de Israel e a Lei da Nakba não pode existir. Porque se rege pelos princípios do nazismo. E a Humanidade disse nunca mais ao Holocausto.

Os israelitas é que escolhem quem os governa. Os cidadãos de Israel é que elegem os deputados que legislaram e aprovaram os fundamentos do apartheid. Do racismo como política de Estado. Da discriminação. Só eles podem acabar com o nazismo, Só a eles compete matar a serpente do apartheid. Se nada fizerem, arriscam ser considerados párias como o regime nazi instalado em Telavive.

Um regime democrático não prende crianças nem as deixa apodrecendo na cadeia. Um Estado de Direito não pode conviver com leis racistas e xenófobas. Se os políticos da coligação hoje no poder em Telavive têm saudades de Hitler e dos campos de concentração, sempre podem ir para o deserto do Negev. Ali só fazem mal a eles próprios, às serpentes e aos lacraus.

Advogados turcos submetem provas de crimes de guerra de Israel ao TPI

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Especialistas jurídicos turcos entraram com uma ação no Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, instando o tribunal a investigar Israel por crimes de guerra no seu ataque à sitiada Faixa de Gaza.

Uma delegação da Ordem dos Advogados de Istambul apresentou na quinta-feira um arquivo de provas ao tribunal internacional que incluía fotos e vídeos da Agência Anadolu (AA) de Turkiye, supostamente provando os crimes de guerra de Israel em Gaza.

“Nenhuma consciência pode permanecer calada sobre isto… estamos diante de uma atrocidade indescritível”, disse Cüneyt Yüksel, presidente da Comissão de Justiça do Parlamento Turco , que fazia parte da delegação, informou a agência de notícias Anadolu.

Palestine Chronicle - PC, AJA | # Traduzido em português do Brasil

Imagem: Anas al-Sharif, via mídia social

Pausa? Não serão libertados mais cativos até que Israel respeite o acordo – Al-Qassam

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As Brigadas Al-Qassam afirmaram num comunicado que não serão libertados mais prisioneiros israelitas até que Israel respeite o acordo de cessar-fogo. 

“As Brigadas Al-Qassam decidiram adiar a libertação do segundo lote de prisioneiros até que a ocupação cumpra os termos do acordo”, dizia o comunicado, cuja cópia foi lida pelo The Palestine Chronicle.

Segundo o comunicado, os termos que Israel violou estão “relacionados com a permissão de camiões de ajuda humanitária na parte norte da Faixa de Gaza, bem como com o incumprimento dos critérios acordados para a libertação de prisioneiros”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar, Majed al-Ansari, anunciou na quinta-feira que a trégua na Faixa de Gaza começaria na sexta-feira, 24 de novembro, na sequência de um acordo entre a Resistência Palestiniana e o governo israelita. 

De acordo com o acordo de trégua de quatro dias, “três prisioneiros palestinianos, incluindo mulheres e crianças, serão libertados por cada prisioneiro israelita”.

Além disso, “200 camiões de ajuda humanitária e suprimentos médicos serão transportados diariamente para todas as áreas da Faixa de Gaza”, de acordo com os termos do acordo. 

Na sexta-feira, a troca de prisioneiros começou por etapas, com a libertação de 13 reféns israelitas e 39 prisioneiros palestinianos. 

Segundo a Al-Jazeera, as negociações ainda estão em curso através de mediadores entre a Resistência Palestiniana e Israel relativamente ao segundo grupo de prisioneiros.

Palestine Chronicle - PC, AJA | # Traduzido em português do Brasil

Imagem: Os combatentes das Brigadas Al-Qassam libertam o primeiro grupo de prisioneiros israelenses. (Foto: captura de vídeo)

Israel – Palestina | ISRAEL NÃO CUMPRE ACORDO. HAMAS NÃO LIBERTA REFÉNS

O Hamas adia a libertação de reféns até que Israel permita a entrada de ajuda em Gaza, no segundo dia de uma trégua de quatro dias entre o Hamas e Israel.

Farah Najjar,  Usaid Siddiqui  e  Mersiha Gadzo | Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil -- em atualização

O Hamas aponta para mais violações da trégua que resultaram no atraso na libertação dos cativos: correspondente da AJ

Hani Mahmoud da Al Jazeera, reportando de Khan Younis, diz que o Hamas apontou outras violações cometidas por Israel no acordo de trégua que resultou no atraso da libertação dos cativos.

O braço armado do Hamas disse anteriormente que Israel deveria permitir a entrada de camiões de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza. Mahmoud disse que funcionários da ONU alertaram sobre “fome iminente” no norte de Gaza.

Há uma “extrema escassez de tudo… que possa sustentar a vida humana”, incluindo alimentos e água”, disse ele.

Outras violações mencionadas pelo Hamas, disse Mahmoud, incluem ataques a evacuados do sul de Gaza que tentaram regressar às suas casas no norte.

Eles foram detidos na chamada “linha de cessar-fogo”, onde as forças israelenses “dispararam contra pessoas” e usaram gás lacrimogêneo e munição real, disse Mahmoud. 

Outra violação foram os drones espiões de vigilância israelenses sobrevoando partes de Gaza. Eles foram vistos hoje voando em uma “altitude muito elevada”.

Manifestantes israelenses pedem a remoção de Netanyahu

Os manifestantes em Jerusalém pedem a destituição imediata do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, do cargo.

Os manifestantes se reuniram em frente a uma de suas residências particulares na cidade.

As famílias deslocadas expressam choque com a escala dos danos à medida que mais prisioneiros e cativos palestinianos em Gaza preparam-se para serem libertados. 

Mais prisioneiros e cativos serão libertados no segundo dia da trégua de quatro dias entre o Hamas e Israel, à medida que camiões de ajuda humanitária chegam ao norte de Gaza.

Os palestinianos deslocados aproveitaram uma breve pausa nos combates para regressarem às suas casas, apenas para encontrarem destruição total.

Trinta e nove palestinos e 13 israelenses foram recebidos em casa na sexta-feira, após serem libertados das prisões israelenses e do cativeiro em Gaza, respectivamente. Dez tailandeses e um filipino também foram libertados de Gaza.

Mais de 14.800 palestinos, incluindo 6.150 crianças, foram mortos em Gaza desde 7 de outubro. Em Israel, o número oficial de mortos no ataque do Hamas é de 1.200.

Outro palestino ferido pelas forças israelenses fora da prisão

O Crescente Vermelho disse que um palestino de 17 anos foi ferido por munição real quando soldados israelenses atiraram contra pessoas que esperavam do lado de fora da prisão de Ofer pela libertação da segunda rodada de detidos.

Hamas diz que adiará libertação de segunda rodada de prisioneiros

O braço armado do Hamas afirma que irá atrasar a libertação do segundo lote de prisioneiros, acusando Israel de não cumprir os termos do acordo de trégua.

Numa declaração na aplicação de mensagens Telegram, as Brigadas Qassam disseram que Israel deveria permitir a entrada de camiões de ajuda no norte da Faixa de Gaza e aderir aos “critérios” acordados – nomeadamente a antiguidade – para libertar os prisioneiros palestinianos.

Cruz Vermelha diz que necessidades médicas em Gaza são imensas

A Cruz Vermelha afirma ter conseguido entregar alguns equipamentos e suprimentos médicos necessários ao Hospital al-Nasser em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.

Um médico do complexo disse ter recebido anestesia e analgésicos, que estão sendo usados “para realizar cirurgias em doentes e feridos, chegando em grande número”.

UNIFIL diz que tiros israelenses atingem patrulha no sul do Líbano

A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) afirma que uma das suas patrulhas foi atingida por tiros israelitas nas proximidades de Aytaroun, no sul do Líbano.

A UNIFIL condenou o ataque às suas forças de manutenção da paz, chamando-o de “profundamente preocupante” numa publicação no X, acrescentando que um veículo foi danificado, mas não houve vítimas.

“Lembramos veementemente às partes as suas obrigações de proteger as forças de manutenção da paz e evitar colocar em risco os homens e mulheres que trabalham para restaurar a estabilidade”, afirmou.

Forças israelenses ferem palestinos fora da prisão de Ofer: Crescente Vermelho

Um homem palestino ficou ferido depois que soldados israelenses dispararam contra pessoas do lado de fora da prisão militar perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, disse o Crescente Vermelho Palestino.

O incidente ocorreu enquanto centenas de pessoas esperavam que o segundo lote de detidos palestinos fosse libertado como parte do acordo de trégua.

O fogo real israelense também feriu palestinos em Beit Ummar, perto de Hebron, e Burqa, perto de Nablus, acrescentou o Crescente Vermelho.

Atraso na libertação de prisioneiros israelenses, prisioneiros palestinos um ‘pesadelo logístico’

Mohammed Jamjoom - Reportagem da Jerusalém Oriental ocupada

Isto é, em certo sentido, um pesadelo logístico tentar realizar tudo isso de acordo com os prazos estabelecidos.

Estamos ouvindo coisas diferentes, fomos diretamente a um alto funcionário do governo do gabinete do primeiro-ministro [israelense] para perguntar o que estava acontecendo e se havia algum problema, se havia algum problema que pudesse sinalizar que talvez essa transferência fosse não vai acontecer hoje, por causa do atraso que estamos vendo agora.

Este funcionário disse-nos, estamos a observar o que vocês estão a ver, e essencialmente disse que não temos qualquer razão para nos preocuparmos com isto e que assim que tiverem detalhes e confirmação de que... os prisioneiros israelitas detidos em Gaza serão divulgado, que transmitirão isso à mídia e ao público israelense.

Também estamos começando a ver alguns relatos surgirem no cenário da mídia em Israel, de que talvez haja dificuldades logísticas no terreno que levaram a isso, mas também há um funcionário israelense que é citado [como dizendo]... que isso é por causa de um atraso no envio de camiões de ajuda para partes de Gaza.

Portugal | O 25 de Novembro e os herdeiros da contra-revolução

Quem hoje clama pela celebração do 25 de Novembro são os «herdeiros» das acções contra-revolucionárias – golpe Palma Carlos, 28 de Setembro e 11 de Março, que procuram apagar as comemorações dos 50 anos de Abril e reclamam a subversão da Constituição.

AbrilAbril | editorial

Os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975 são o corolário de um longo período de instabilidade e de várias tentativas golpistas de estancar a Revolução de Abril e as suas conquistas, e inviabilizar a aprovação e promulgação da Constituição da República.

O 25 de Novembro de 1975 surge na sequência do chamado «verão quente», da queda do V Governo Provisório e do afastamento do general Vasco Gonçalves, objectivo que há muito era perseguido pelas forças de direita, da social-democracia e de sectores esquerdistas, embora o objectivo fosse muito para além da demissão do então primeiro-ministro.

No período que antecedeu o 25 de Novembro, a violência e o terrorismo foram uma imagem de marca das forças reaccionárias no combate aos democratas e às forças mais consequentes na defesa do 25 de Abril e das suas conquistas, com particular destaque para o PCP, cujos centros de trabalho e militantes se tornaram no alvo principal.

Um retrato muito elucidativo dessa violência foi deixado pelo historiador José Freire Antunes, que foi deputado e dirigente do PPD/PSD, no seu livro O Segredo do 25 de Novembro: «A violência assenta arraiais no Minho. Nos primeiros dias de Agosto, só num raio de vinte quilómetros, e em três dias, foram destruídas sete sedes partidárias, incendiados e pilhados quatro escritórios, mortas duas pessoas e feridas dezenas. […] Em certas localidades, em dias de assalto, ouve-se falar espanhol e brasileiro. Vêem-se também camionetas com forasteiros de ar profissional. São mercenários do ódio, pagos pelos ricos.

Os sinos tocam a rebate em muitas aldeias. Nos dias de feira, ou depois da missa, activistas calcorreiam as ruas.

"Morte aos comunistas que nos querem roubar os filhos."

[…] Há mãos clandestinas a atear esta fogueira.

Nas águas turvas do descontentamento pescam o MDLP e o ELP. Frotas de exilados, com estímulos da direita europeia, fazem a sua "cruzada branca" contra a "opressão vermelha".

Ensinam a fabricar coktails molotov nos seus panfletos. [...] Ateiam incêndios, põem bombas, matam comunistas, conspiram nos seminários e nas sacristias. Pagam a marginais e antigos quadros do Exército.

O CDS e o PPD são a capa legal desses núcleos. [...] É certamente para brindar a essa vitória que Frank Carlucci, o dinâmico embaixador dos Estados Unidos, vai fazer a volta dos bispos. De 3 a 6 de Novembro, encontra-se com os bispos de Viseu, Vila Real, Braga».

Em contraponto, Avelãs Nunes, no seu livro O Novembro que Abril não merecia, fala-nos da justiça dos vencedores que «acabou por ditar a absolvição de todos os criminosos responsáveis pelos crimes do terrorismo de extrema-direita, com cumplicidades ao mais alto nível. Iniciado o julgamento dos bombistas em 16/11/1997, os acusados foram quase todos absolvidos (nem sequer foram condenados pelo crime de posse de armas e explosivos proibidos). Só três foram condenados, a penas que não chegaram a cumprir. Ramiro Moreira, "o mais violento dos três condenados", fugiu para Espanha (mas vinha a Portugal sempre que queria), conseguiu um emprego bem remunerado em Madrid, na Petrogal (empresa do estado português!) e acabou por ser indultado por Mário Soares (Dezembro de 1991)».

O 25 de Novembro, ao contrário de afirmações e insinuações de alguns dos seus protagonistas, não foi um golpe promovido pelo PCP, pela Esquerda Militar ou pela chamada «ala gonçalvista» do MFA, mas sim um golpe militar contra-revolucionário, fruto de uma cuidada e longa preparação, no quadro de um tumultuoso processo de rearrumação de forças no plano político e militar. Um processo que contou com envolvimento dos EUA, em particular do então embaixador em Portugal, Frank Carlucci.

No seu livro, A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril, Álvaro Cunhal revela uma conversa telefónica, na noite de 24 para 25 de Novembro, «entre o Presidente da República Costa Gomes e o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, em que este, tendo tomado a iniciativa do contacto, nos termos habituais da ligação institucional com a Presidência da República, comunicou ao Presidente, desmentindo especulações em curso, que o PCP não estava envolvido em qualquer iniciativa de confronto militar e insistia em apontar a necessidade de uma solução política».

Na preparação política do 25 de Novembro, Mário Soares e o PS desempenharam também uma acção importante. Aliás, foi pela mão dos socialistas, através da formação do primeiro governo constitucional, que foi institucionalizado o processo contra-revolucionário.

No fundo, os que hoje nos pretendem impingir as comemorações do 25 de Novembro são os herdeiros do golpismo que não conseguiu, por completo, liquidar as conquistas da Revolução, o regime democrático e a Constituição da República.

São os mesmos que, entre outras malfeitorias, tentaram acabar com os subsídios de férias e Natal, e que procuram estrangular direitos laborais, sociais e políticos.

São os mesmos que, em nome de um liberalismo que já conhecemos, querem acabar com o direito à saúde e à educação.

São os mesmos que, com mais ou menos gritaria contra o «sistema», representam o pior do sistema capitalista e são herdeiros saudosistas das concepções e objectivos a que a revolução de Abril pôs termo em 1974.

A FALSA BARRELA À POLÍTICA

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Os resultados das eleições presidenciais na Argentina e parlamentares nos Países Baixos são duas vitórias da extrema-direita na sua perigosa cavalgada. A situação política, económica, social e cultural, bem como as localizações geográficas dos dois países, é distinta. E, enquanto nos Países Baixos o vencedor deitou mão do racismo puro e duro e da fobia ao imigrante como elementos centrais do discurso, na Argentina imperou a demagogia sem limites face a uma população muito empobrecida e descrente.

Contudo, as principais ideias inculcadas nas pessoas pelas forças vencedoras foram idênticas: i) a necessidade de “alterar o estado das coisas”; ii) a ideia de que é precisa “uma barrela política” para afastar os atores políticos que têm estado no exercício de funções (menos eles), restringindo o problema da corrupção ao campo da política; iii) a apresentação da extrema-direita como representante de um povo pretensamente puro, que afronta as elites políticas corrompidas e o povo impuro, cavando divisões e ódios.

No plano nacional e no quadro da preparação das eleições do próximo dia 10 de março, o Chega e, em parte, a direção da Iniciativa Liberal (IL) adotam aquelas argumentações e as mesmas formas de atuar. Os portugueses também acumulam fatores de descrédito perante programas políticos e políticas concretas que, em várias áreas, não resolvem os seus problemas. Isso torna-os permeáveis a tais narrativas.

Os sacripantas da nossa extrema-direita conduzem, há muito tempo, um processo de manipulação de informações e de factos políticos, de calúnias, de julgamentos de diverso tipo na praça pública, ou até no seio da Assembleia da República. Falam-nos dos “portugueses de bem” que pretensamente representam, repetem a necessidade de “limpeza” da política (o resto, mesmo que esteja sujo, não é preciso limpar) e sempre acharam, falsamente, que a democracia só nos trouxe atrasos. E, tal como noutros países onde políticos execráveis ascendem ao poder, tentam manobrar na judicialização da política.

O que se passa com o processo que levou ao pedido de demissão do primeiro-ministro é exemplar. O Chega, partido inimigo da Constituição da República, apresenta-se perante a sociedade como grande defensor do Ministério Público (MP). Agora também começou a “defender” o presidente da República. A importância do MP, do seu enquadramento constitucional, das suas funções e, desde logo, da sua independência, impõe aos próprios, mas também a todas as instituições e democratas uma reflexão autocrítica.

Infelizmente, há quem, de forma leviana, alimente a ação da extrema-direita. Carlos Moedas, ao protagonizar a evocação do 25 de novembro de 1975 como data de grande significado na democracia portuguesa, inclusive contra a opinião dos principais atores militares, políticos e civis envolvidos no processo, desencadeia divisões e ódios e, objetivamente, enfraquece o 25 de Abril. O que pretende? Fatiar as comemorações entre os que são a favor do 28 de setembro de 1974, os que preferem o 11 de março de 1975, ou os que optam pelo 25 de novembro?

O 25 de Abril foi único, foi o dia primeiro, “inteiro e limpo”, da esperança partilhada de mais justiça, igualdade e desenvolvimento que se expressou no dia 1. de Maio de 1974.

E as duas datas que confirmam o caminho da democracia são o dia das eleições para a Assembleia Constituinte e a entrada em vigor da Constituição da República.

Precisamos de exercício pleno da democracia, não de barrelas manipuladas pelos seus inimigos.

*Investigador e professor universitário

TRÉGUAS


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Israel - Palestina | Tréguas continuam, libertação de prisioneiros também


Serão libertados mais 14 reféns e 42 prisioneiros este sábado

Ao segundo dia de trégua em Gaza, espera-se que o Hamas liberte um novo grupo de reféns em troca da libertação de palestinianos detidos em Israel. Acompanhe aqui os principais desenvolvimentos do 50.º dia do conflito.

Os 24 reféns libertados na sexta-feira (13 israelitas, entre eles uma luso-israelita, dez tailandeses e um filipino) chegaram a Israel via Egito. Israel, por seu lado, libertou 39 palestinianos detidos nas suas prisões.

134 palestinianos retidos no Egito regressaram a Gaza

"Um grupo de palestinianos retidos no Egito [desde o início do conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas] regressou à Faixa de Gaza, de acordo com a sua vontade, e o seu número atingiu os 134 palestinianos", indicou o diretor do Serviço de Informação do Estado, Diaa Rashwan, em comunicado.

Jornal de Notícias

Ler/Ver em JN:

Entraram em Gaza 200 camiões com ajuda humanitária

Perda do território palestino, 1946-1999: quem são os terroristas, afinal?

139 PAÍSES RECONHECEM A PALESTINA COMO ESTADO

A Palestina é reconhecida como Estado por 139 dos 193 membros das Nações Unidas. Portugal é um dos que não lhe atribuíram esse reconhecimento, a par de vários países europeus. “Enquanto houver países que não reconhecem o Estado da Palestina continuará a haver guerra”, defende a académica Maria João Tomás

Telavive boicota reunião de países da UE e mais 15 do Mediterrâneo em Barcelona

Israel lamenta "a mudança de agenda original" do fórum da UpM, que deveria ser "uma plataforma prática para fomentar a cooperação entre diferentes países em benefício de todos os povos do Mediterrâneo".

Os chefes da diplomacia dos 27 membros da União Europeia, de outros 15 países mediterrânicos e da Comissão Europeia debatem na segunda-feira em Barcelona a situação no Médio Oriente, com a presença da Autoridade Palestiniana, mas sem Israel.

Trata-se do oitavo Fórum Regional da União pelo Mediterrâneo, um encontro dos países que integram esta organização intergovernamental ao nível de ministros dos Negócios Estrangeiros, incluindo o chefe da diplomacia portuguesa João Gomes Cravinho.

Israel e a Autoridade Palestiniana fazem parte da União pelo Mediterrâneo (UpM), mas Telavive cancelou na sexta-feira a presença em Barcelona.

A UpM revelou na quinta-feira, num comunicado, que apesar de a agenda inicial do fórum ter como foco o 15.º aniversário da organização "e as reformas em curso", os ministros vão afinal "debater a situação crítica em Israel e em Gaza-Palestina, assim como as consequências na região".

"O fórum é a oportunidade para um intercâmbio entre todos os membros sobre a situação dramática no terreno e o caminho a seguir", defendeu a UpM.

Poucas horas depois, fontes do Governo israelita disseram a meios de comunicação espanhóis que Israel não vai ao encontro anual de ministros da UpM em Barcelona. Em paralelo, a Autoridade Palestiniana confirmou que vai estar presente.

Israel lamentou "a mudança de agenda original" do fórum da UpM, que deveria ser "uma plataforma prática para fomentar a cooperação entre diferentes países em benefício de todos os povos do Mediterrâneo".

As mudanças "prejudicam o propósito da UpM e correm o risco de a transformar noutro fórum internacional em que os países árabes criticam Israel", disseram as fontes de Telavive, citadas pela agência Europa Press.

O boicote de Telavive frusta o objetivo do Governo espanhol de fazer da UpM e do encontro de segunda-feira uma plataforma de diálogo e de aproximação entre Israel e os países árabes, incluindo a autoridades palestiniana.

Em 17 de outubro, dias depois do início da guerra em Gaza na sequência do ataque do grupo islamita radical Hamas a Israel, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, propôs ao Conselho Europeu fazer da UpM essa plataforma de diálogo entre várias partes, com o argumento de que israelitas, palestinianos e outros países europeus e árabes têm assento neste fórum em igualdade de condições.

"Tanto os europeus como os árabes se sentam em volta da mesa. É, no nosso entender, uma boa oportunidade para ser aproveitada", disse Sánchez.

A decisão de Israel não estar em Barcelona coincidiu também com a visita de Sánchez, em conjunto com o homólogo da Bélgica, Alexander de Croo, na quinta e na sexta-feira, ao Médio Oriente, durante a qual ambos fizeram declarações que o Governo de Telavive considerou de "apoio ao terrorismo" do Hamas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, segundo um comunicado do Governo de Telavive, "condenou energicamente" as declarações de Sánchez e de Croo, por considerar que não atribuíram ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza, "toda a responsabilidade pelos crimes contra a humanidade que perpetuou: massacrar cidadãos israelitas e usar os palestinianos como escudos humanos".

Numa conferência de imprensa na sexta-feira em Rafah, no Egito, na fronteira com Gaza, Sánchez e de Croo pediram a libertação dos reféns israelitas por parte do Hamas, mas voltaram a criticar, e repetidamente, Israel pelo desrespeito pelo direito internacional e a morte de "demasiados civis" palestinianos, incluindo milhares de crianças, na operação militar israelita das últimas semanas naquele território.

"Penso firmemente que temos de fazer um apelo a Israel para que cumpra com as suas obrigações em matéria de direito internacional", disse Pedro Sánchez, que usou expressões como "matança indiscriminada de civis inocentes" em Gaza.

O primeiro-ministro belga, por seu turno, disse que foi à região com Sánchez com uma "mensagem de solidariedade e de humanidade", afirmou que do outro lado da fronteira onde se encontravam, no território palestiniano, "perderam a vida demasiados civis" e considerou que "a destruição de Gaza é inaceitável".

Tanto Sánchez como De Croo realçaram que condenam o ataque do Hamas de 7 de outubro e que Israel tem o legítimo direito de se defender no quadro das leis internacionais.

Fazem parte da UpM 43 países - os 27 da UE e mais 17 estados mediterrânicos da Europa, do Norte de África e do Médio Oriente, incluindo a Palestina, não reconhecido oficialmente como estado por todos os restantes.

O Fórum Regional da UpM, um encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE), realiza-se anualmente em Barcelona e é co-presidido pelo chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, e pelo ministro da Jordânia Ayman Safadi.

A UpM foi criada em 2008 e é herdeira da Conferência Euro-mediterrânica, fundada em 2015 e conhecida como "processo de Barcelona", tendo como objetivo fomentar a cooperação na região euro-mediterrânica.

TSF | Lusa

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União Europeia e Canadá insistem na criação de Estado Palestiniano

Ambos os lados criticaram "qualquer saída forçada" de palestinianos da Faixa de Gaza.

Os países-membros da União Europeia (UE) e o Canadá manifestaram esta sexta-feira intenção de "contribuir para reacender" as negociações de paz no Médio Oriente e avançar com a criação de um Estado Palestiniano "independente, democrático e soberano".

Em comunicado, no final da XIX cimeira bilateral entre a UE e o Canadá, em San Juan de Terranova, os dois lados criticaram "qualquer saída forçada" de palestinianos da Faixa de Gaza.

Na cimeira participaram os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel, juntamente com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau

Correio da Manhã | Lusa 

Diplomacia espanhola convoca embaixadora israelita após críticas a Pedro Sánchez

Bélgica também declarou que planeia reconhecer o estado da Palestina. E a União Europeia? Pedro Sánchez, sobre a situação na Faixa de Gaza, quando condenou a morte de civis por parte do exército israelita, o que foi secundado pelo homólogo belga, Alexander de Croo. (PG)

Israel acusou primeiro-ministro espanhol de apoiar o terrorismo por defender a possibilidade de reconhecimento unilateral do Estado palestiniano.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol convocou esta sexta-feira a embaixadora israelita em Espanha, na sequência das acusações de Israel de que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, apoia o terrorismo ao defender a possibilidade de reconhecimento unilateral do Estado palestiniano.

A convocação da embaixadora de Israel em Espanha, Rodrica Radian-Gordon, confirmada à agência Efe por fontes diplomáticas, ocorre em resposta ao Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita que, ao início da tarde chamou os embaixadores de Espanha e Bélgica, devido às declarações no Egito do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e do primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, que considerou "apoio ao terrorismo".

O ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, respondeu que estas acusações são "totalmente falsas e inaceitáveis" e garantiu que Espanha daria uma resposta cabal.

Para Albares, as acusações do Governo israelita "são especialmente graves" porque são dirigidas contra o atual presidente da União Europeia (UE) e o primeiro-ministro do país que ocupará a presidência da UE a partir de 01 de janeiro.

O ministro lembrou que, desde 07 de outubro, o líder do Governo, Pedro Sánchez "não hesitou em condenar o ataque terrorista do Hamas e deixar bem claro que não representa o povo palestiniano e é apenas uma organização terrorista".

PAÍSES BAIXOS (Holanda): TINHA DE ACONTECER

Juan Torres López [*]

A recente vitória da extrema-direita nas eleições legislativas holandesas só pode ser uma surpresa para aqueles que não acompanharam o que se passou nos Países Baixos nos últimos treze anos.

Desde então a direita liberal, liderada por Mark Rutte, tem estado no poder e não cessou de implementar reduções de impostos para os mais ricos, privatizações e cortes nas despesas e benefícios sociais.

Os Países Baixos, por exemplo, têm um dos sistemas fiscais mais regressivos da Europa:   a percentagem do rendimento gasto em impostos na maioria dos grupos de rendimento é de cerca de 40%, mas apenas 20% para o 1% mais rico da população.

Os sucessivos governos liberais seguiram uma política de habitação orientada para o mercado que aumentou as dificuldades de acesso para as classes médias, sem melhorar para as classes com rendimentos mais baixos, e conduziu a um grande aumento dos preços.

Mark Rutte disse, no início do seu mandato, que tinha de acabar com a ideia que, segundo ele, os seus compatriotas tinham do Estado:   "uma pequena máquina de felicidade". Para o conseguir, cortou nos investimentos e nas despesas, o que levou a uma degradação dos serviços públicos de saúde, transportes, educação e assistência (em 2015, a assistência a idosos e dependentes passou a ser uma "obrigação" familiar). O diretor da UNICEF nos Países Baixos denunciou em 2018 a negligência dos direitos dos grupos vulneráveis de crianças nesse próspero país.

Nos últimos treze anos, os sucessivos governos liberais levaram a cabo uma verdadeira espoliação dos rendimentos e dos direitos das classes média e baixa, ao mesmo tempo que transformaram o seu país no paraíso fiscal mais agressivo da Europa, concedendo todo o tipo de favores fiscais e financeiros ao grande capital [NR].

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