Depois do anúncio do Qatar, o
Hamas veio confirmar a libertação de novos reféns israelitas ainda este sábado.
Em comunicado, o Hamas disse que
respondeu "positivamente aos esforços egípcios e catarianos que duraram o
dia todo" e especificou que obteve de Israel um "compromisso",
principalmente sobre a entrega de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza e
sobre a libertação de prisioneiros palestinianos.
O Qatar anunciou que o acordo vai
ser retomado e o Hamas vai libertar 13 reféns israelitas e sete estrangeiros na
Faixa de Gaza ainda "esta noite".
Este país, juntamente com o
Egito, esteve em negociações com o Hamas e Israel depois de o Hamas ter
anunciado que ia adiar a libertação de reféns.
Do lado israelita serão
libertados 39 palestinianos. O porta-voz do Ministério dos Negócios
Estrangeiros do Qatar afirma que "os obstáculos foram ultrapassados
através da mediação Qatar-Egito" e que a troca de prisioneiros deverá ter
lugar este sábado à noite.
Hoje começou a troca de reféns
entre Israel e o HAMAS. O mundo confirmou. Os nazis de Telavive prendem
crianças palestinas, que ficam a apodrecer nas prisões sem processo, sem
acusação, sem julgamento. Entram nas masmorras meninas e meninos. Continuam
prisioneiros na idade adulta. Antes a morte que tal sorte.
Um país que tem leis racistas só
existe porque o estado terrorista mais perigoso do mundo lhe dá força para
promover o racismo. Um país cujos governantes impõem um regime de apartheid a
quem não é judeu, não pode fazer parte da comunidade internacional. Mas faz
porque essa é a política do ocidente alargado. Israel é uma espécie de polícia
de arma apontada à liberdade e à honra da Humanidade. Quem se portar mal leva
com os nazis de Telavive.
Um país que prende crianças e as
mantém a apodrecer nas prisões até à idade adulta sem culpa formada, sem
julgamento, apenas porque pode, quer e manda, não pode existir. Vou repetir: O
país que se rege pela Lei do Estado Nação, Lei de Cidadania, Lei de Retorno,
Lei de Terras de Israel e a Lei da Nakba não pode existir. Porque se rege pelos
princípios do nazismo. E a Humanidade disse nunca mais ao Holocausto.
Os israelitas é que escolhem quem
os governa. Os cidadãos de Israel é que elegem os deputados que legislaram e
aprovaram os fundamentos do apartheid. Do racismo como política de Estado. Da
discriminação. Só eles podem acabar com o nazismo, Só a eles compete matar a
serpente do apartheid. Se nada fizerem, arriscam ser considerados párias como o
regime nazi instalado em Telavive.
Um regime democrático não prende
crianças nem as deixa apodrecendo na cadeia. Um Estado de Direito não pode
conviver com leis racistas e xenófobas. Se os políticos da coligação hoje no
poder em Telavive têm saudades de Hitler e dos campos de concentração, sempre
podem ir para o deserto do Negev. Ali só fazem mal a eles próprios, às
serpentes e aos lacraus.
Especialistas jurídicos turcos
entraram com uma ação no Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, instando o
tribunal a investigar Israel por crimes de guerra no seu ataque à sitiada Faixa
de Gaza.
Uma delegação da Ordem dos
Advogados de Istambul apresentou na quinta-feira um arquivo de provas ao
tribunal internacional que incluía fotos e vídeos da Agência Anadolu (AA) de
Turkiye, supostamente provando os crimes de guerra de Israel em Gaza.
“Nenhuma consciência pode
permanecer calada sobre isto… estamos diante de uma atrocidade indescritível”,
disse Cüneyt Yüksel, presidente da Comissão de Justiça do Parlamento Turco ,
que fazia parte da delegação, informou a agência de notícias Anadolu.
As Brigadas Al-Qassam afirmaram
num comunicado que não serão libertados mais prisioneiros israelitas até que
Israel respeite o acordo de cessar-fogo.
“As Brigadas Al-Qassam decidiram
adiar a libertação do segundo lote de prisioneiros até que a ocupação cumpra os
termos do acordo”, dizia o comunicado, cuja cópia foi lida pelo The Palestine
Chronicle.
Segundo o comunicado, os termos
que Israel violou estão “relacionados com a permissão de camiões de ajuda
humanitária na parte norte da Faixa de Gaza, bem como com o incumprimento dos
critérios acordados para a libertação de prisioneiros”.
O porta-voz do Ministério dos
Negócios Estrangeiros do Catar, Majed al-Ansari, anunciou na quinta-feira que a
trégua na Faixa de Gaza começaria na sexta-feira, 24 de novembro, na sequência
de um acordo entre a Resistência Palestiniana e o governo israelita.
De acordo com o acordo de trégua
de quatro dias, “três prisioneiros palestinianos, incluindo mulheres e
crianças, serão libertados por cada prisioneiro israelita”.
Além disso, “200 camiões de ajuda
humanitária e suprimentos médicos serão transportados diariamente para todas as
áreas da Faixa de Gaza”, de acordo com os termos do acordo.
Na sexta-feira, a troca de
prisioneiros começou por etapas, com a libertação de 13 reféns israelitas e 39
prisioneiros palestinianos.
Segundo a Al-Jazeera, as
negociações ainda estão em curso através de mediadores entre a Resistência
Palestiniana e Israel relativamente ao segundo grupo de prisioneiros.
O Hamas adia a libertação de
reféns até que Israel permita a entrada de ajuda em Gaza, no segundo
dia de uma trégua de quatro dias entre o Hamas e Israel.
O Hamas aponta para mais
violações da trégua que resultaram no atraso na libertação dos cativos:
correspondente da AJ
Hani Mahmoud da Al Jazeera,
reportando de Khan Younis, diz que o Hamas apontou outras violações cometidas
por Israel no acordo de trégua que resultou no atraso da libertação dos
cativos.
O braço armado do Hamas disse
anteriormente que Israel deveria permitir a entrada de camiões de ajuda
humanitária no norte da Faixa de Gaza. Mahmoud disse que funcionários da ONU
alertaram sobre “fome iminente” no norte de Gaza.
Há uma “extrema escassez de tudo…
que possa sustentar a vida humana”, incluindo alimentos e água”, disse ele.
Outras violações mencionadas pelo
Hamas, disse Mahmoud, incluem ataques a evacuados do sul de Gaza que tentaram
regressar às suas casas no norte.
Eles foram detidos na chamada
“linha de cessar-fogo”, onde as forças israelenses “dispararam contra pessoas”
e usaram gás lacrimogêneo e munição real, disse Mahmoud.
Outra violação foram os drones
espiões de vigilância israelenses sobrevoando partes de Gaza. Eles foram vistos
hoje voando em uma “altitude muito elevada”.
Manifestantes israelenses pedem a
remoção de Netanyahu
Os manifestantes em Jerusalém
pedem a destituição imediata do primeiro-ministro israelita, Benjamin
Netanyahu, do cargo.
Os manifestantes se reuniram em
frente a uma de suas residências particulares na cidade.
As famílias deslocadas expressam
choque com a escala dos danos à medida que mais prisioneiros e cativos
palestinianos em Gaza preparam-se para serem libertados.
Mais prisioneiros e cativos serão
libertados no segundo
dia da trégua de quatro dias entre o Hamas e Israel, à medida que
camiões de ajuda humanitária chegam ao norte de Gaza.
Os palestinianos deslocados
aproveitaram uma
breve pausa nos combates para regressarem às suas casas, apenas para
encontrarem destruição total.
Trinta e nove palestinos e 13
israelenses foram recebidos em casa na sexta-feira, após serem
libertados das prisões israelenses e do cativeiro em Gaza,
respectivamente. Dez tailandeses e um filipino também
foram libertados de Gaza.
Mais de 14.800 palestinos,
incluindo 6.150 crianças, foram mortos em Gaza desde 7 de outubro. Em Israel, o
número oficial de mortos no ataque do Hamas é de 1.200.
Outro palestino ferido pelas
forças israelenses fora da prisão
O Crescente Vermelho disse que um
palestino de 17 anos foi ferido por munição real quando soldados israelenses
atiraram contra pessoas que esperavam do lado de fora da prisão de Ofer pela
libertação da segunda rodada de detidos.
Hamas diz que adiará libertação
de segunda rodada de prisioneiros
O braço armado do Hamas afirma
que irá atrasar a libertação do segundo lote de prisioneiros, acusando Israel
de não cumprir os termos do acordo de trégua.
Numa declaração na aplicação de mensagens
Telegram, as Brigadas Qassam disseram que Israel deveria permitir a entrada de
camiões de ajuda no norte da Faixa de Gaza e aderir aos “critérios” acordados –
nomeadamente a antiguidade – para libertar os prisioneiros palestinianos.
Cruz Vermelha diz que
necessidades médicas em Gaza são imensas
A Cruz Vermelha afirma ter
conseguido entregar alguns equipamentos e suprimentos médicos necessários ao
Hospital al-Nasser em Khan
Younis, no sul da Faixa de Gaza.
Um médico do complexo disse ter
recebido anestesia e analgésicos, que estão sendo usados “para realizar
cirurgias em doentes e feridos, chegando em grande número”.
UNIFIL diz que tiros israelenses
atingem patrulha no sul do Líbano
A Força Interina das Nações
Unidas no Líbano (UNIFIL) afirma que uma das suas patrulhas foi atingida por
tiros israelitas nas proximidades de Aytaroun, no sul do Líbano.
A UNIFIL condenou o ataque às
suas forças de manutenção da paz, chamando-o de “profundamente preocupante”
numa publicação no X, acrescentando que um veículo foi danificado, mas não
houve vítimas.
“Lembramos veementemente às
partes as suas obrigações de proteger as forças de manutenção da paz e evitar
colocar em risco os homens e mulheres que trabalham para restaurar a
estabilidade”, afirmou.
Forças israelenses ferem
palestinos fora da prisão de Ofer: Crescente Vermelho
Um homem palestino ficou ferido
depois que soldados israelenses dispararam contra pessoas do lado de fora da
prisão militar perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, disse o Crescente
Vermelho Palestino.
O incidente ocorreu enquanto
centenas de pessoas esperavam que o segundo lote de detidos palestinos fosse
libertado como parte do acordo de trégua.
O fogo real israelense também
feriu palestinos em Beit
Ummar, perto de Hebron, e Burqa, perto de Nablus, acrescentou
o Crescente Vermelho.
Atraso na libertação de
prisioneiros israelenses, prisioneiros palestinos um ‘pesadelo logístico’
Mohammed Jamjoom - Reportagem da
Jerusalém Oriental ocupada
Isto é, em certo sentido, um
pesadelo logístico tentar realizar tudo isso de acordo com os prazos
estabelecidos.
Estamos ouvindo coisas
diferentes, fomos diretamente a um alto funcionário do governo do gabinete do
primeiro-ministro [israelense] para perguntar o que estava acontecendo e se
havia algum problema, se havia algum problema que pudesse sinalizar que talvez
essa transferência fosse não vai acontecer hoje, por causa do atraso que
estamos vendo agora.
Este funcionário disse-nos,
estamos a observar o que vocês estão a ver, e essencialmente disse que não
temos qualquer razão para nos preocuparmos com isto e que assim que tiverem
detalhes e confirmação de que... os prisioneiros israelitas detidos em Gaza
serão divulgado, que transmitirão isso à mídia e ao público israelense.
Também estamos começando a ver
alguns relatos surgirem no cenário da mídia em Israel, de que talvez haja
dificuldades logísticas no terreno que levaram a isso, mas também há um
funcionário israelense que é citado [como dizendo]... que isso é por causa de um
atraso no envio de camiões de ajuda para partes de Gaza.
Quem hoje clama pela celebração
do 25 de Novembro são os «herdeiros» das acções contra-revolucionárias –
golpe Palma Carlos, 28 de Setembro e 11 de Março, que procuram apagar as
comemorações dos 50 anos de Abril e reclamam a subversão da Constituição.
Os acontecimentos do 25 de
Novembro de 1975 são o corolário de um longo período de instabilidade e de
várias tentativas golpistas de estancar a Revolução de Abril e as suas
conquistas, e inviabilizar a aprovação e promulgação da Constituição da
República.
O 25 de Novembro de 1975 surge na
sequência do chamado «verão quente», da queda do V Governo Provisório e do
afastamento do general Vasco Gonçalves, objectivo que há muito era
perseguido pelas forças de direita, da social-democracia e de sectores esquerdistas,
embora o objectivo fosse muito para além da demissão do então primeiro-ministro.
No período que antecedeu o 25 de
Novembro, a violência e o terrorismo foram uma imagem de marca das forças
reaccionárias no combate aos democratas e às forças mais consequentes na defesa
do 25 de Abril e das suas conquistas, com particular destaque para o PCP, cujos
centros de trabalho e militantes se tornaram no alvo principal.
Um retrato muito elucidativo
dessa violência foi deixado pelo historiador José Freire Antunes, que foi
deputado e dirigente do PPD/PSD, no seu livro O Segredo do 25 de Novembro:
«A violência assenta arraiais no Minho. Nos primeiros dias de Agosto, só num
raio de vinte quilómetros, e em três dias, foram destruídas sete sedes
partidárias, incendiados e pilhados quatro escritórios, mortas duas pessoas e
feridas dezenas. […] Em certas localidades, em dias de assalto, ouve-se
falar espanhol e brasileiro. Vêem-se também camionetas com forasteiros de ar
profissional. São mercenários do ódio, pagos pelos ricos.
Os sinos tocam a rebate em muitas
aldeias. Nos dias de feira, ou depois da missa, activistas calcorreiam as ruas.
"Morte aos comunistas que
nos querem roubar os filhos."
[…] Há mãos clandestinas a
atear esta fogueira.
Nas águas turvas do
descontentamento pescam o MDLP e o ELP. Frotas de exilados, com estímulos da
direita europeia, fazem a sua "cruzada branca" contra a
"opressão vermelha".
Ensinam a fabricar coktails
molotov nos seus panfletos. [...] Ateiam incêndios, põem bombas,
matam comunistas, conspiram nos seminários e nas sacristias. Pagam a marginais
e antigos quadros do Exército.
O CDS e o PPD são a capa legal
desses núcleos. [...] É certamente para brindar a essa vitória que Frank
Carlucci, o dinâmico embaixador dos Estados Unidos, vai fazer a volta dos
bispos. De 3 a
6 de Novembro, encontra-se com os bispos de Viseu, Vila Real, Braga».
Em contraponto, Avelãs Nunes, no
seu livro O Novembro que Abril não merecia, fala-nos da justiça dos
vencedores que «acabou por ditar a absolvição de todos os criminosos
responsáveis pelos crimes do terrorismo de extrema-direita, com cumplicidades
ao mais alto nível. Iniciado o julgamento dos bombistas em 16/11/1997, os
acusados foram quase todos absolvidos (nem sequer foram condenados pelo crime
de posse de armas e explosivos proibidos). Só três foram condenados, a penas
que não chegaram a cumprir. Ramiro Moreira, "o mais violento dos três
condenados", fugiu para Espanha (mas vinha a Portugal sempre que queria),
conseguiu um emprego bem remunerado em Madrid, na Petrogal (empresa do estado
português!) e acabou por ser indultado por Mário Soares (Dezembro de 1991)».
O 25 de Novembro, ao contrário de
afirmações e insinuações de alguns dos seus protagonistas, não foi um golpe
promovido pelo PCP, pela Esquerda Militar ou pela chamada «ala
gonçalvista» do MFA, mas sim um golpe militar contra-revolucionário, fruto
de uma cuidada e longa preparação, no quadro de um tumultuoso processo de
rearrumação de forças no plano político e militar. Um processo que contou com
envolvimento dos EUA, em particular do então embaixador em Portugal, Frank
Carlucci.
No seu livro, A Verdade e a
Mentira na Revolução de Abril, Álvaro Cunhal revela uma conversa telefónica, na
noite de 24 para 25 de Novembro, «entre o Presidente da República Costa Gomes e
o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, em que este, tendo tomado a
iniciativa do contacto, nos termos habituais da ligação institucional com a
Presidência da República, comunicou ao Presidente, desmentindo especulações em
curso, que o PCP não estava envolvido em qualquer iniciativa de confronto
militar e insistia em apontar a necessidade de uma solução política».
Na preparação política do 25 de
Novembro, Mário Soares e o PS desempenharam também uma acção importante. Aliás,
foi pela mão dos socialistas, através da formação do primeiro governo
constitucional, que foi institucionalizado o processo contra-revolucionário.
No fundo, os que hoje nos
pretendem impingir as comemorações do 25 de Novembro são os herdeiros do
golpismo que não conseguiu, por completo, liquidar as conquistas da Revolução,
o regime democrático e a Constituição da República.
São os mesmos que, entre outras
malfeitorias, tentaram acabar com os subsídios de férias e Natal, e que
procuram estrangular direitos laborais, sociais e políticos.
São os mesmos que, em nome de um
liberalismo que já conhecemos, querem acabar com o direito à saúde e à
educação.
São os mesmos que, com mais ou
menos gritaria contra o «sistema», representam o pior do sistema capitalista e
são herdeiros saudosistas das concepções e objectivos a que a revolução de
Abril pôs termo em 1974.
Os resultados das eleições
presidenciais na Argentina e parlamentares nos Países Baixos são duas vitórias
da extrema-direita na sua perigosa cavalgada. A situação política, económica,
social e cultural, bem como as localizações geográficas dos dois países, é
distinta. E, enquanto nos Países Baixos o vencedor deitou mão do racismo puro e
duro e da fobia ao imigrante como elementos centrais do discurso, na Argentina
imperou a demagogia sem limites face a uma população muito empobrecida e
descrente.
Contudo, as principais ideias
inculcadas nas pessoas pelas forças vencedoras foram idênticas: i) a
necessidade de “alterar o estado das coisas”; ii) a ideia de que é precisa “uma
barrela política” para afastar os atores políticos que têm estado no exercício
de funções (menos eles), restringindo o problema da corrupção ao campo da
política; iii) a apresentação da extrema-direita como representante de um povo
pretensamente puro, que afronta as elites políticas corrompidas e o povo
impuro, cavando divisões e ódios.
No plano nacional e no quadro da
preparação das eleições do próximo dia 10 de março, o Chega e, em parte, a
direção da Iniciativa Liberal (IL) adotam aquelas argumentações e as mesmas
formas de atuar. Os portugueses também acumulam fatores de descrédito perante
programas políticos e políticas concretas que, em várias áreas, não resolvem os
seus problemas. Isso torna-os permeáveis a tais narrativas.
Os sacripantas da nossa
extrema-direita conduzem, há muito tempo, um processo de manipulação de
informações e de factos políticos, de calúnias, de julgamentos de diverso tipo
na praça pública, ou até no seio da Assembleia da República. Falam-nos dos
“portugueses de bem” que pretensamente representam, repetem a necessidade de
“limpeza” da política (o resto, mesmo que esteja sujo, não é preciso limpar) e
sempre acharam, falsamente, que a democracia só nos trouxe atrasos. E, tal como
noutros países onde políticos execráveis ascendem ao poder, tentam manobrar na
judicialização da política.
O que se passa com o processo que
levou ao pedido de demissão do primeiro-ministro é exemplar. O Chega, partido
inimigo da Constituição da República, apresenta-se perante a sociedade como
grande defensor do Ministério Público (MP). Agora também começou a “defender” o
presidente da República. A importância do MP, do seu enquadramento
constitucional, das suas funções e, desde logo, da sua independência, impõe aos
próprios, mas também a todas as instituições e democratas uma reflexão
autocrítica.
Infelizmente, há quem, de forma
leviana, alimente a ação da extrema-direita. Carlos Moedas, ao protagonizar a
evocação do 25 de novembro de 1975 como data de grande significado na
democracia portuguesa, inclusive contra a opinião dos principais atores
militares, políticos e civis envolvidos no processo, desencadeia divisões e
ódios e, objetivamente, enfraquece o 25 de Abril. O que pretende? Fatiar as
comemorações entre os que são a favor do 28 de setembro de 1974, os que
preferem o 11 de março de 1975, ou os que optam pelo 25 de novembro?
O 25 de Abril foi único, foi o
dia primeiro, “inteiro e limpo”, da esperança partilhada de mais justiça,
igualdade e desenvolvimento que se expressou no dia 1. de Maio de 1974.
E as duas datas que confirmam o
caminho da democracia são o dia das eleições para a Assembleia Constituinte e a
entrada em vigor da Constituição da República.
Precisamos de exercício pleno da
democracia, não de barrelas manipuladas pelos seus inimigos.
Serão libertados mais 14 reféns e
42 prisioneiros este sábado
Ao segundo dia de trégua em Gaza,
espera-se que o Hamas liberte um novo grupo de reféns em troca da libertação de
palestinianos detidos em
Israel. Acompanhe aqui os principais desenvolvimentos do 50.º
dia do conflito.
Os 24 reféns libertados na
sexta-feira (13 israelitas, entre eles uma luso-israelita, dez tailandeses e um
filipino) chegaram a Israel via Egito. Israel, por seu lado, libertou 39
palestinianos detidos nas suas prisões.
134 palestinianos retidos no
Egito regressaram a Gaza
"Um grupo de palestinianos
retidos no Egito [desde o início do conflito entre Israel e o movimento
islamita Hamas] regressou à Faixa de Gaza, de acordo com a sua vontade, e o seu
número atingiu os 134 palestinianos", indicou o diretor do Serviço de
Informação do Estado, Diaa Rashwan, em comunicado.
A Palestina é reconhecida como
Estado por 139 dos 193 membros das Nações Unidas. Portugal é um dos que não lhe
atribuíram esse reconhecimento, a par de vários países europeus. “Enquanto
houver países que não reconhecem o Estado da Palestina continuará a haver
guerra”, defende a académica Maria João Tomás
Israel lamenta "a mudança de
agenda original" do fórum da UpM, que deveria ser "uma plataforma
prática para fomentar a cooperação entre diferentes países em benefício de
todos os povos do Mediterrâneo".
Os chefes da diplomacia dos 27
membros da União Europeia, de outros 15 países mediterrânicos e da Comissão
Europeia debatem na segunda-feira em Barcelona a situação no Médio Oriente, com
a presença da Autoridade Palestiniana, mas sem Israel.
Trata-se do oitavo Fórum Regional
da União pelo Mediterrâneo, um encontro dos países que integram esta
organização intergovernamental ao nível de ministros dos Negócios Estrangeiros,
incluindo o chefe da diplomacia portuguesa João Gomes Cravinho.
Israel e a Autoridade
Palestiniana fazem parte da União pelo Mediterrâneo (UpM), mas Telavive
cancelou na sexta-feira a presença em Barcelona.
A UpM revelou na quinta-feira,
num comunicado, que apesar de a agenda inicial do fórum ter como foco o 15.º
aniversário da organização "e as reformas em curso", os ministros vão
afinal "debater a situação crítica em Israel e em Gaza-Palestina, assim
como as consequências na região".
"O fórum é a oportunidade
para um intercâmbio entre todos os membros sobre a situação dramática no
terreno e o caminho a seguir", defendeu a UpM.
Poucas horas depois, fontes do
Governo israelita disseram a meios de comunicação espanhóis que Israel não vai
ao encontro anual de ministros da UpM em Barcelona. Em
paralelo, a Autoridade Palestiniana confirmou que vai estar presente.
Israel lamentou "a mudança
de agenda original" do fórum da UpM, que deveria ser "uma plataforma
prática para fomentar a cooperação entre diferentes países em benefício de
todos os povos do Mediterrâneo".
As mudanças "prejudicam o
propósito da UpM e correm o risco de a transformar noutro fórum internacional
em que os países árabes criticam Israel", disseram as fontes de Telavive,
citadas pela agência Europa Press.
O boicote de Telavive frusta o
objetivo do Governo espanhol de fazer da UpM e do encontro de segunda-feira uma
plataforma de diálogo e de aproximação entre Israel e os países árabes,
incluindo a autoridades palestiniana.
Em 17 de outubro, dias depois do
início da guerra em Gaza na sequência do ataque do grupo islamita radical Hamas
a Israel, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, propôs ao Conselho
Europeu fazer da UpM essa plataforma de diálogo entre várias partes, com o
argumento de que israelitas, palestinianos e outros países europeus e árabes
têm assento neste fórum em igualdade de condições.
"Tanto os europeus como os
árabes se sentam em volta da mesa. É, no nosso entender, uma boa oportunidade
para ser aproveitada", disse Sánchez.
A decisão de Israel não estar em
Barcelona coincidiu também com a visita de Sánchez, em conjunto com o homólogo
da Bélgica, Alexander de Croo, na quinta e na sexta-feira, ao Médio Oriente,
durante a qual ambos fizeram declarações que o Governo de Telavive considerou de
"apoio ao terrorismo" do Hamas.
O primeiro-ministro israelita,
Benjamin Netanyahu, segundo um comunicado do Governo de Telavive,
"condenou energicamente" as declarações de Sánchez e de Croo, por
considerar que não atribuíram ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza,
"toda a responsabilidade pelos crimes contra a humanidade que perpetuou:
massacrar cidadãos israelitas e usar os palestinianos como escudos
humanos".
Numa conferência de imprensa na
sexta-feira em Rafah, no Egito, na fronteira com Gaza, Sánchez e de Croo
pediram a libertação dos reféns israelitas por parte do Hamas, mas voltaram a
criticar, e repetidamente, Israel pelo desrespeito pelo direito internacional e
a morte de "demasiados civis" palestinianos, incluindo milhares de
crianças, na operação militar israelita das últimas semanas naquele território.
"Penso firmemente que temos
de fazer um apelo a Israel para que cumpra com as suas obrigações em matéria de
direito internacional", disse Pedro Sánchez, que usou expressões como
"matança indiscriminada de civis inocentes" em Gaza.
O primeiro-ministro belga, por
seu turno, disse que foi à região com Sánchez com uma "mensagem de
solidariedade e de humanidade", afirmou que do outro lado da fronteira
onde se encontravam, no território palestiniano, "perderam a vida
demasiados civis" e considerou que "a destruição de Gaza é
inaceitável".
Tanto Sánchez como De Croo
realçaram que condenam o ataque do Hamas de 7 de outubro e que Israel tem o
legítimo direito de se defender no quadro das leis internacionais.
Fazem parte da UpM 43 países - os
27 da UE e mais 17 estados mediterrânicos da Europa, do Norte de África e do
Médio Oriente, incluindo a Palestina, não reconhecido oficialmente como estado
por todos os restantes.
O Fórum Regional da UpM, um
encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE), realiza-se anualmente em
Barcelona e é co-presidido pelo chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep
Borrell, e pelo ministro da Jordânia Ayman Safadi.
A UpM foi criada em 2008 e é
herdeira da Conferência Euro-mediterrânica, fundada em 2015 e conhecida como
"processo de Barcelona", tendo como objetivo fomentar a cooperação na
região euro-mediterrânica.
Ambos os lados criticaram
"qualquer saída forçada" de palestinianos da Faixa de Gaza.
Os países-membros da União
Europeia (UE) e o Canadá manifestaram esta sexta-feira intenção de
"contribuir para reacender" as negociações de paz no Médio Oriente e
avançar com a criação de um Estado Palestiniano "independente, democrático
e soberano".
Em comunicado, no final da XIX
cimeira bilateral entre a UE e o Canadá, em San Juan de Terranova, os dois lados criticaram
"qualquer saída forçada" de palestinianos da Faixa de Gaza.
Na cimeira participaram os
presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu,
Charles Michel, juntamente com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau
Bélgica também declarou que planeia reconhecer o estado da Palestina. E a União Europeia? Pedro Sánchez, sobre a
situação na Faixa de Gaza, quando condenou a morte de civis por parte do exército
israelita, o que foi secundado pelo homólogo belga, Alexander de Croo.(PG)
Israel acusou primeiro-ministro
espanhol de apoiar o terrorismo por defender a possibilidade de reconhecimento
unilateral do Estado palestiniano.
O Ministério dos Negócios
Estrangeiros espanhol convocou esta sexta-feira a embaixadora israelita em
Espanha, na sequência das acusações de Israel de que o primeiro-ministro, Pedro
Sánchez, apoia o terrorismo ao defender a possibilidade de reconhecimento
unilateral do Estado palestiniano.
A convocação da embaixadora de
Israel em Espanha, Rodrica Radian-Gordon, confirmada à agência Efe por fontes
diplomáticas, ocorre em resposta ao Ministério dos Negócios Estrangeiros
israelita que, ao início da tarde chamou os embaixadores de Espanha e Bélgica,
devido às declarações no Egito do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e
do primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, que considerou "apoio ao
terrorismo".
O ministro dos Negócios
Estrangeiros, José Manuel Albares, respondeu que estas acusações são
"totalmente falsas e inaceitáveis" e garantiu que Espanha daria uma
resposta cabal.
Para Albares, as acusações do
Governo israelita "são especialmente graves" porque são dirigidas
contra o atual presidente da União Europeia (UE) e o primeiro-ministro do país
que ocupará a presidência da UE a partir de 01 de janeiro.
O ministro lembrou que, desde 07
de outubro, o líder do Governo, Pedro Sánchez "não hesitou em condenar o
ataque terrorista do Hamas e deixar bem claro que não representa o povo
palestiniano e é apenas uma organização terrorista".
A recente vitória da
extrema-direita nas eleições legislativas holandesas só pode ser uma surpresa
para aqueles que não acompanharam o que se passou nos Países Baixos nos últimos
treze anos.
Desde então a direita liberal,
liderada por Mark Rutte, tem estado no poder e não cessou de implementar
reduções de impostos para os mais ricos, privatizações e cortes nas despesas e
benefícios sociais.
Os Países Baixos, por exemplo,
têm um dos sistemas fiscais mais regressivos da Europa: a percentagem do
rendimento gasto em impostos na maioria dos grupos de rendimento é de cerca de
40%, mas apenas 20% para o 1% mais rico da população.
Os sucessivos governos liberais
seguiram uma política de habitação orientada para o mercado que aumentou as
dificuldades de acesso para as classes médias, sem melhorar para as classes com
rendimentos mais baixos, e conduziu a um grande aumento dos preços.
Mark Rutte disse, no início do
seu mandato, que tinha de acabar com a ideia que, segundo ele, os seus
compatriotas tinham do Estado: "uma pequena máquina de
felicidade". Para o conseguir, cortou nos investimentos e nas despesas, o
que levou a uma degradação dos serviços públicos de saúde, transportes,
educação e assistência (em 2015,
a assistência a idosos e dependentes passou a ser uma
"obrigação" familiar). O diretor da UNICEF nos Países Baixos
denunciou em 2018 a
negligência dos direitos dos grupos vulneráveis de crianças nesse próspero
país.
Nos últimos treze anos, os
sucessivos governos liberais levaram a cabo uma verdadeira espoliação dos
rendimentos e dos direitos das classes média e baixa, ao mesmo tempo que
transformaram o seu país no paraíso fiscal mais agressivo da Europa, concedendo
todo o tipo de favores fiscais e financeiros ao grande capital [NR].