segunda-feira, 24 de outubro de 2011

KADAFI – OS ERROS DE APRECIAÇÃO ESTRATÉGICA PAGAM-SE CARO – I




MARTINHO JÚNIOR, Luanda

Os 42 anos de poder de Kadafi na Líbia devem ser avaliados objectivamente, para que todas as nações e respectivos povos do chamado Terceiro Mundo tenham oportunidade de, com o conhecimento das experiências do passado próximo que ocorreram naquele país, entendam muitos dos factores de desequilíbrio interno e externo correntes, desequilíbrios esses que são fomentados pela lógica capitalista que anima o império e seus aliados-fantoches, em época de globalização.

A Líbia é, de acordo com os últimos relatórios dos Índices de Desenvolvimento Humano, o país que melhor está em África!

Na grelha da classificação a Líbia situa-se entre os países de Desenvolvimento Humano Elevado no 55º posto: é o primeiro país africano e, entre os árabes, só o Kuwait (31º), o Qatar (33º), os Emiratos Árabes Unidos (35º) e o Barheim (39º) estão considerados em melhor posição, isto é, só as pequenas entidades nacionais estão melhor.

A Arábia Saudita está no 59º posto e os países do norte de África com costa para o Mediterrâneo que fazem fronteira com a Líbia vêm pela seguinte ordem: Tunísia (96º), Argélia (104º) e Egipto (123º)!

A que se deve afinal tudo isso?

Os 42 anos do poder de Kadafi na Líbia foram sobretudo “estruturantes”, levados a cabo com uma economia florescente e dinâmica, que levou inclusive a uma enorme acumulação de riqueza, sem paralelo na esmagadora maioria dos outros países do universo!

Quando Kadafi assumiu o poder, encontrou um país de nómadas subjugado aos parâmetros do colonialismo: uma sociedade culturalmente tradicionalista, conservadora, arcaica, fechada sobre si em seu feudalismo com comunidades dispersas e com pouco mais de um milhão de habitantes (uma das mais baixas densidades humanas no globo).

As cidades eram pequenas aldeolas, as estradas praticamente não haviam, a electricidade era um luxo e o subdesenvolvimento estava instalado de forma crónica como em todas as regiões colonizadas.

O rei Idris, instado pelos interesses coloniais, mantinha esse subdesenvolvimento crónico praticamente sem alterações, mas tudo isso se começou a alterar a partir do momento da chegada do Kadafi ao poder.

Kadafi transformou a Líbia num enorme canteiro de obras e atraiu muitos migrantes principalmente dos países limítrofes a sul, como o Chade (175º do IDH), o Mali (178º) e o Níger (182º e último da classificação dos IDH)…

É de realçar que o país mais pobre do mundo, o Níger, é aquele que acolhe precisamente os interesses franceses na exploração do urânio, sendo um dos maiores produtores mundiais, ou seja, onde a submissão neo colonial, aquela que mantém um subdesenvolvimento crónico, tem sido brutal, persistente e sem melhores alternativas.

Essa evidência é tanto mais pertinente quanto se deve sublinhar o papel de primeira grandeza da França, sob os auspícios de Sarkozy, nas estratégias contra Kadafi!

Os pobres migrantes africanos, jovens que constituíram uma parte substancial da mão-de-obra que transformou a Líbia, gente proveniente sobretudo dos países últimos classificados dos Índices de Desenvolvimento Humano, chegaram a ser na Líbia quase 2 milhões em 2010, mais do que a população líbia no último ano do reinado do Rei Idris!

O canteiro de obras na Líbia teve mão-se-obra essencialmente africana, ao contrário dos países situados a sul do Sahara, que estão a beneficiar duma mão-de-obra mais diversificada, de origem africana, asiática (numa percentagem muito elevada) e, numa muito menor expressão, europeia.

Na altura do início dos combates, foram 30.000 os chineses evacuados do solo líbio, enquanto os africanos saíam na casa das centenas de milhar!

Kadafi reconheceu o papel dos migrantes africanos de várias formas: deu ajuda aos países do Sahel, ajudou os tuaregues, contribuiu para o combate à pobreza…

Nesses países africanos a opinião pública é reconhecidamente favorável ao que Kadafi fez em benefício desses países e povos.

Num artigo da Voz da América (“O Coronel Kadafi é bem recebido nos países do Sahel” - http://www.voanews.com/portuguese/news/09_07_2011_gadhafi_sahel_network-129387028.html) esse reconhecimento é evidenciado:

“Apesar de ter sido afastado por rebeldes, o dirigente líbio Moammar Gadhafi continua a manter alguma popularidade da zona africana do Sahel, após anos de investimento líbio e a percepção de que os novos dirigentes de Tripoli estão mais interessados na Europa.

Procurado no país, o coronel Gadhafi é melhor acolhido no sul da Líbia, nos países do Sahel, onde investiu milhões de dólares em projectos públicos e privados.

Uma coluna de viaturas transportando apoiantes de Gadhafi atravessou na passada segunda feira para o Níger, e o Burkina Faso ofereceu asilo ao deposto dirigente líbio, embora um porta voz governamental tenha, posteriormente, retirado a oferta”…

Alguns analistas objectivamente mais atentos destacam o canteiro de obras que Kadafi estimulou na Líbia, a conjuntura que prevalece no quadro duma envenenada globalização e algumas das repercussões para África.

Miguel Urbano Rodrigues, lembra com oportunidade em “Kadafi morreu com dignidade e coerência” (http://resistir.info/mur/libia_20out11.html):

“O jovem oficial que em 1969 derrubou a corrupta monarquia Senussita, inventada pelos ingleses, agiu durante anos como um revolucionário. Transformou uma sociedade tribal paupérrima, onde o analfabetismo superava os 90% e os recursos naturais estavam nas mãos de transnacionais americanas e britânicas, num dos países mais ricos do mundo muçulmano. Mas das monarquias do Golfo se diferenciou por uma politica progressista. Nacionalizou os hidrocarbonetos, erradicou praticamente o analfabetismo, construiu universidades e hospitais; proporcionou habitação condigna aos trabalhadores e camponeses e recuperou para uma agricultura moderna milhões de hectares do deserto graças à captação de águas subterrâneas”.

Em “O assassinato de Kadafi e a crise moral dos europeus e dos EUA” Davis Sena Filho (Correio do Brasil) realça a conjuntura:

… “Mais uma vez, lideranças contrárias aos interesses da globalização (nova forma de colonialismo e pirataria) foram mortas e seus países invadidos e bombardeados em nome da liberdade, da democracia e de um mundo mais seguro.

Enquanto isso, o sistema capitalista excludente e belicoso derrete em Wall Street e nas praças européias importantes como a de Londres, com as populações desses países brancos, cristãos e desenvolvidos a gritar revoltados nas ruas contra a roubalheira do sistema financeiro e da leniência e subserviência de governos que foram e são cúmplices da jogatina praticada por empresas e instituições que, de forma criminosa, levaram à cabo uma crise econômica e financeira sem precedentes, que eliminou milhões de empregos desse povos que deitaram e rolaram durante quase cinco décadas com a opulência e a fartura às custas dos países africanos, asiáticos e principalmente os da América Latina, que sustentaram até a década de 1990 o alto padrão de vida dos europeus, estadunidenses, japoneses e outros países do assim denominado primeiro mundo, como o Canadá e a Austrália.

Como se esperava esses governantes de países desenvolvidos que agem secularmente como piratas e que, apesar de historicamente se odiarem, para roubar e matar se unem, porque precisam dessa vil aliança para movimentar seu parque industrial bélico e civil e assim renovar a circulação do dinheiro, inclusive o ilegal, que é lavado nos paraísos fiscais, grosso modo, porque todo mundo sabe disso, mas ninguém pega um tanque ou um míssil para destruir tais instituições financeiras, que fomentam há séculos a fome, a miséria e a exploração dos povos menos desenvolvidos, no que concerne às suas infraestruturas e ao acesso às tecnologias, à educação de qualidade e ao sistema bancário e industrial que garanta a seus países desenvolvimento econômico e bem-estar social, o que é quase impossível alcançar sem o apoio dos países desenvolvidos, que se recusam a efetivar um marco em que a cooperação e o aprendizado sejam a tônica.

Mais uma vez na história esses países brancos e cristãos e ocidentais que se comportam como aves de rapina ou como cães predadores optam pelo saque das riquezas alheias e o torna crível e cinicamente aceitável perante a população mundial por intermédio do sistema midiático, notadamente a imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?), que porta-voz e ponta-de-lança do sistema de capitais inicia e termina um processo de demonização dos presidentes dos países agredidos e invadidos ao ponto de não se saber, de forma alguma, como pensam, como vivem e o que fazem os povos vítimas de bombas, de mísseis, de todo tipo de armas de grosso calibre, que não têm como se defender contra forças estrangeiras que quase se dizimaram nas duas guerras mundiais iniciadas pelos brancos cristãos e que se consideram, com a maior cara-de-pau possível, civilizados e não selvagens”…

Na “carta aberta aos povos de África e do mundo” que 200 africanos eminentes tornaram pública em Agosto de 2011 (“A Líbia, a África e a Nova Ordem Mundial” – O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/2011/libya270811.html), sublinha-se a desmistificação do papel da ONU e do Conselho de Segurança, uma ONU e um Conselho de Segurança que contribuem para a manutenção do subdesenvolvimento, a submissão de África e a ampliação da crise para dentro do continente.

Do texto evidencio apenas algumas das repercussões que o caso líbio vai acarretar para o próprio país, para o continente e nele, para o norte de África e substancialmente para uma das regiões mais pobres do mundo, o Sahel.

“Ao contrário das disposições da Carta da ONU, o Conselho de Segurança da ONU autorizou e permitiu a destruição e a anarquia na qual desceu o povo líbio.

No fim de tudo isto:

muitos líbios morreram e foram mutilados,

muita infraestrutura terá sido destruído, empobrecendo mais o povo líbio,

a amargura e a animosidade mútua entre o povo líbio terá sido mais fortalecida,

a possibilidade de chegar a um acordo negociado, inclusivo e estável ter-se-á tornado muito mais difícil,

a instabilidade terá sido reforçada entre os países vizinhos da Líbia, especialmente os países do Sahel africano, tais como o Sudão, Chade, Níger, Mali e Mauritânia,

a África herdará um desafio muito mais difícil para tratar com êxito da questão da paz e da estabilidade e, portanto, da tarefa do desenvolvimento sustentado,

aqueles que intervieram para perpetuar a violência e a guerra na Líbia terão a possibilidade de estabelecer os parâmetros dentro dos quais os líbios terão a possibilidade de determinar o seu destino e, mais uma vez portanto, constrangerão o espaço para os africanos exercerem o seu direito à auto-determinação.

Como africanos baseámos o nosso futuro como actores relevantes num sistema equitativo de relações internacionais na expectativa de que as Nações Unidas na verdade serviriam como fundamento da nova ordem mundial"…

As preocupações sobre a Líbia e a vasta região do Sahel tendem a aumentar após o assassinato de Kadafi, pois a Líbia era um elemento forte no combate à pobreza e um factor de equilíbrio para todos os povos da região.

Em Argel realizou-se em Setembro uma Conferência sobre os novos riscos que estão já a ocorrer (“Crise transformou zona do Sahel num paiol - conferência em Argel” ):

“A crise líbia transformou o Sahel num paiol devido à chegada em massa de armas, ao regresso de milhares de trabalhadores migrantes e de mercenários a uma região já refém do terrorismo e do contrabando, advertiram diversos responsáveis internacionais.

A região do Sahel, constituída por cerca de oito milhões de quilómetros quadrados repartidos por Argélia, Mali, Níger e Mauritânia, vai ser alvo de dois dias de debates de 38 delegações internacionais na capital da Argélia, tendo em vista debater uma estratégia de pacificação para o desenvolvimento e a segurança da zona.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros nigerino, Mohamed Bazoum, com a crise líbia a região foi transformada num paiol, quando já era atingida pelo terrorismo, e por tráficos transnacionais proporcionados pela dificuldade de assegurar a segurança e por uma pobreza endémica.

Atualmente, a pobreza é pior porque um dos magros recursos económicos da região, o turismo, desapareceu devido à presença da Al-Qaida do Magreb Islâmico (AQMI), responsável por numerosos raptos de estrangeiros, e de traficantes de droga, de armas e de seres humanos – a imigração clandestina em direção à Europa – neste imenso deserto.

A circulação das armas aumentou, e pequenas armas de pequeno calibre também foram apreendidas em junho no Níger, recordou Bazoum.

Os traficantes de todo o género e terroristas recuperaram centenas de Toyota 4X4 que existem em quantidade nesta imensa região difícil de tornar segura, adiantou.

O homólogo do Mali, Soumeylou Boubeye Maïga, sublinhou também o regresso em massa de migrantes para zonas precárias.

Cerca de 20.000 trabalhadores do Mali já regressaram e agora virá a segunda vaga com aqueles que estavam envolvidos nos combates e que regressam com armas.

Estes trabalhadores serão muito difíceis de integrar ou reintegrar nas zonas pobres, sublinha Bazoum.

Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia, Hamadi Ould, afirmou que o Sahel está ameaçado pelo terrorismo, pela pobreza e pela imigração clandestina e que é importante preservar os jovens da região que podem ser incentivados a juntar-se a grupos terroristas.

Shira Villarosa, a representante norte-americana na conferência, membro do gabinete coordenador anti-terrorista do departamento de Estado, estima que os terroristas da Al-Qaida no Magreb islâmico (AQMI) são atualmente menos de mil.

A ameaça é global e está bem presente, sublinharam diversos participantes, mas os membros do Conselho de Segurança bem como a União Europeia presentes na conferência defenderam que o esforço da luta contra a AQMI deve ser dirigido pelos governos da região.

Entretanto, os argelinos insistem que a luta contra estas ameaças de envergadura apelam necessariamente para a conjugação de esforços e a convergência de todas as boas vontades.

Atualmente, a Argélia enfrenta um recrudescimento dos atentados terroristas, dos quais o que maior número de mortos causou foi a 26 de agosto, do qual resultaram 18 mortos na academia militar de Cherchell perto de Argel.

Os programas de ajuda à região, bilaterais ou multilaterais, são numerosos. A União Europeia fixou a ajuda global para a região em 650 milhões de euros, para programas de desenvolvimento e de formação e em ajuda militar”.
É claro que a guerra na Líbia dará sequência a um crescendo de tensões políticas e sociais em todo o Sahel, em relação às quais os países da região, alguns deles com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano, poucas capacidades disponíveis detêm para fazer face ao que se está a fermentar.

Essas poucas capacidades irão implicar em pedidos de ajuda, mais ingerências e manipulações internacionais, por que a “luta contra o terrorismo” tende a tornar-se num estandarte em todo o Sahel, quer dizer: nunca o terreno esteve tão fértil para o USAFRICOM do que agora.

Os Estados Unidos e os aliados-fantoches da OTAN sabem que a declaração formal do fim das actividades militares da coligação na Líbia a 31 de Outubro corrente, terá garantida sequência “informal” em função do “efeito dominó” (um conceito tão ao gosto dos “think tanks” da hegemonia) que a guerra na Líbia está desde logo a provocar em todo o Sahel, ou seja, num território sete vezes maior que a própria Líbia!

É hoje mais evidente que nunca que o “arco de crise” a que me referi num artigo no princípio deste ano, amplia-se para dentro do continente africano, chegando neste momento não só ao Sahel e à Nigéria, mas também ao coração de África: a região central dos Grandes Lagos.

Foto: panorâmica da esplêndida capital da Líbia, Tripoli.


Cabo Verde: Deputados admitem melhorias mas exigem mais reformas na Justiça




ANGOLA PRESS

Cidade da Praia - A falta de recursos humanos e materiais, a morosidade e o impacte pouco visível nas reformas até agora feitas dominaram hoje o debate parlamentar sobre o Estado da Justiça em Cabo Verde, com os deputados a exigirem mais medidas.

O debate marca o início do novo ano parlamentar cabo-verdiano, numa sessão em que os deputados manifestaram disponibilidade para a obtenção de consensos, sobretudo na instalação quer do Tribunal Constitucional (TC) quer da Provedoria de Justiça (PJ), prevista na Constituição desde 1998.

O parecer da Comissão Especializada de Assuntos Jurídicos, Direitos Humanos e Comunicação Social, respeitante ao conteúdo dos Relatórios dos Conselhos Superiores da Magistratura Judicial e do Ministério Público, alusivos ao Ano Judicial 2010/2011, aponta várias melhorias e também "alguns défices".

Clóvis Isildo, presidente da Comissão, indicou que os dois relatórios apontam para uma melhoria no desempenho dos Tribunais e Procuradorias, mas destacou também a manutenção da ineficiência e a morosidade da Justiça, bem como a necessidade de implementação e avaliação das recentes reformas legislativas do sector.


Os relatórios apontam ainda para a necessidade de um aumento do número de magistrados do Ministério Público e dos funcionários afectos aos seus serviços, a aprovação de uma nova Lei de Inspecção, a redistribuição de oficiais de justiça e a tomada de medidas legislativas e administrativas para libertar os magistrados do desempenho de tarefas de direcção dos estabelecimentos prisionais.

Os 72 deputados - 38 do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001), 32 do Movimento para a Democracia (MpD, oposição) e dois da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) - analisaram também a responsabilidade da sociedade civil no combate à criminalidade.

A este propósito, os ministros cabo-verdianos da Justiça, José Carlos Correia, e da Administração Interna, Marisa Morais, salientaram ser precisa uma responsabilidade partilhada entre Governo, partidos políticos e sociedade civil.

O debate, que deverá terminar terça-feira, vai culminar com a eleição dos novos responsáveis dos conselhos superiores da Magistratura Judicial (CSMJ) e do Ministério Público (CSMP), havendo já a garantia de um consenso entre PAICV e MPD.

Quanto à instalação do TC e da Provedoria, os dois maiores partidos indicaram que as discussões em torno de um avanço na matéria - em causa está o nome de quem vai liderar os dois órgãos judiciais - estão já a decorrer, devendo ser possível obter um consenso em breve.

Além do debate sobre o Estado da Justiça, os deputados cabo-verdianos vão ainda analisar e votar três propostas de Lei do Governo.

Uma daquelas propostas prevê a criação da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social, outra autoriza o executivo a legislar sobre o novo Código do Mercado de Valores Mobiliários e a terceira a que institui 18 de Outubro como Dia Nacional da Cultura e das Comunidades.

O PAPEL GENOCIDA DA OTAN




FIDEL CASTRO - GRANMA

ESSA brutal aliança militar se converteu no mais pérfido instrumento de repressão conhecido pela história da humanidade.

A OTAN assumiu o papel repressivo global, depois que a URSS, que tinha servido aos Estados Unidos de pretexto para criá-la, deixasse de existir. Seu propósito criminal se tornou patente na Sérvia, um país de origem eslava, cujo povo lutou heroicamente contra as tropas nazistas, na Segunda Guerra Mundial.

Quando, em março de 1999, os países dessa nefasta organização, em seus esforços por desintegrarem a Iugoslávia, depois da morte de Josip Broz Tito, enviaram suas tropas em apoio dos secessionistas kosovares, depararam-se com uma forte resistência daquela nação, cujas experientes forças estavam intatas.

A administração ianque, aconselhada pelo governo da direita espanhola de José María Aznar, atacou as emissoras de televisão da Sérvia, as pontes acima do rio Danúbio e Belgrado, a capital desse país. A embaixada da República Popular da China foi destruída pelas bombas ianques, vários dos funcionários morreram, e não podia haver erro possível, como alegaram os autores. Inúmeros patriotas sérvios perderam a vida. O presidente Slobodan Milosevik, abrumado pelo poder dos agressores e pelo desaparecimento da URSS, cedeu às exigências da OTAN e admitiu a presença das tropas dessa aliança em Kosovo, sob mandato da ONU, o que finalmente conduziu a sua derrota política e seu julgamento posterior pelos tribunais nada imparciais de Haia. Morreu raramente na prisão. Caso o líder sérvio tivesse resistido uns dias mais, a OTAN teria entrado numa grave crise, que esteve a ponto de estourar. O império dispôs, assim, de muito mais tempo para impor sua hegemonia entre os cada vez mais subordinados membros dessa organização.

Entre 21 de fevereiro e 27 de abril do presente ano, publiquei no site Cubadebate nove Reflexões sobre o tema, nas quais abordei amplamente o papel da OTAN na Líbia e o que em minha opinião ia acontecer.

Vejo-me na obrigação de fazer uma síntese das ideias que expus, e dos fatos que foram acontecendo, tal qual foram previstos, agora que um personagem central de tal história, Muamar Kadafi foi ferido de gravidade pelos mais modernos caças-bombardeiros da OTAN, os que interceptaram e inutilizaram seu veículo, capturado ainda vivo e assassinado pelos homens armados por essa organização militar.

Seu cadáver foi sequestrado e exibido como trofeu de guerra, uma conduta que viola os princípios mais elementares das normas muçulmanas e de outras crenças religiosas prevalecentes no mundo. Anunciou-se logo que a Líbia será declarada "Estado democrático e defensor dos direitos humanos".

Vejo-me na obrigação de dedicar várias Reflexões a estes importantes e significativos fatos. Prosseguirá proximamente.

Fidel Castro Ruz - 23 de outubro de 2011 - 18h10

CRISE DO EURO - O CALDO ENGROSSA




FLÁVIO AGUIAR – CARTA MAIOR

A cúpula da União Européia sobre a crise da zona do euro deverá ter uma decisão final na próxima quarta-feira (26), após o impasse do último domingo (23). Há uma divergência conceitual entre os dois pesos pesados da região, Alemanha e França, quanto ao Fundo de Emergência para socorrer a moeda, os países e agora, também, as instituições financeiras em dificuldade. Sarkozy quer um fundo com uma política agressiva de salvamento, enquanto Merkel pretende dar a ele o papel de uma seguradora.

Os ingleses têm uma frase esplêndida para o momento em que as coisas se complicam: “the plot thickens”, o que, literalmente, quer dizer “o enredo engrossa”. Mas na nossa língua o que engrossa mesmo é o caldo, e pode embolotar.

É mais ou menos o que está acontecendo com a crise do Euro nesta semana.

Domingo terminou, sem terminar, a reunião da cúpula da União Européia para discutir o assunto. A decisão final ficou adiada para quarta-feira, como já estava previsto, para uma segunda rodada de emergência.

Na verdade a reunião de quarta-feira começou a se desenhar na semana passada quando, num encontro de despedida do presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet, a chanceler Ângela Merkel anunciou, para estupefação (e fúria) geral que nada poderia decidir no domingo e pediu que a reunião fosse adiada. O presidente do Conselho Europeu, Hermann van Rampuy, e o da Comissão Européia, José Manuel Barroso, se opuseram com veemência ao adiamento. Como é do seu estilo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, quase teve um ataque. Então ficou decidido que a reunião se realizaria no domingo, mas nova cúpula já seria chamada para a quarta-feira.

A reunião de domingo deveria, portanto, ser de um “esquentamento”. E de fato o foi: a temperatura subiu, houve vários confrontos e até um bate-boca no final.

Há uma divergência de fundo entre os dois pesos pesados da Zona do Euro, quanto ao Fundo de Emergência para socorrer a moeda, os países e agora também as instituições financeiras em dificuldade. Sarkozy deseja um fundo mais agressivo, capaz de comprar diretamente letras do tesouro dos países com problemas e também emprestar dinheiro a bancos e outras instituições financeiras com risco de descapitalização por causa da crise da dívida publica de Grécia, Irlanda e Portugal e também, potencialmente, da Espanha e da Itália.

Merkel quer que o fundo tenha o papel de uma seguradora, garantindo parcialmente investimentos de outras fontes na compra de letras dos países em dificuldade. Essas fontes iriam, potencialmente, até a China, além do Banco Central Europeu e instituições privadas.

Durante a semana houve uma queda de braço entre ela e Sarkozy. Aparentemente, no domingo, prevaleceu a posição de Merkel, que tinha o apoio da Holanda e da Finlândia, países onde a frente anti-euro e anti-ajuda é forte. Isso poderia explicar, em parte, o bate-boca que encerrou a reunião, entre um Sarkozy furioso e o primeiro ministro britânico, David Cameron.

Cameron está pressionado pelas dificuldades econômicas internas e por uma pressão crescente, inclusive em seu partido, para que a Grã-Bretanha ou renegocie sua posição na U. E. ou saia dela, o que provocaria um novo terremoto do Atlântico ao Oriente Médio. Ficou então cobrando com insistência, com outros países, soluções rápidas e profundas da parte dos países da Zona do Euro.

Lá pelas tantas Sarkozy se enfureceu e gritou que ele (Cameron) tinha perdido uma oportunidade de se calar e que ele, que nunca gostara do euro, deveria parar de se intrometer na moeda com conselhos, sugestões ou o que fosse.
Talvez, quem sabe, tenha sido um modo dele, Sarkozy, descarregar sua frustração diante da aparente (até o momento) vitória de Merkel.

Na verdade, a vitória de Merkel nem tão vitória é, pois corresponde também a dificuldades que ela encontra em sua própria casa, a Alemanha. Uma decisão da Suprema Corte alemã estabeleceu que o Bundestag, o Parlamento alemão, deve ter uma participação mais ativa na solução de crises internacionais, para não comprometer a soberania do país.

Até então o Parlamento se limitava a ratificar ou não decisões tomadas. Agora ele terá de ser ouvido pelo Executivo antes das decisões serem tomadas. E Merkel enfrenta dificuldades também com os inimigos ou simplesmente insatisfeitos diante do euro e da ajuda a países em dificuldades, além de ter de acalmar Josef Ackerman, o diretor-chefe do Deutsche Bank, um dos que será prejudicado por uma moratória ou reestruturação da dívida grega e outras.

Essas dificuldades partem de seu próprio partido, a União Democrata Cristã, e de seus aliados, o FDP (Partido Liberal Democrático, na tradução da Deutsche Welle) e a União Social Cristã, da Baviera. O SPD, Partido Social Democrata, se mostra favorável a ao apoio apenas de instituições bancárias que reformem suas práticas, e há também a oposição dos Verdes e da Linke, sendo este o único partido que, na verdade, tem posições completamente alternativas às “políticas de austeridade” implementadas a partir do “Consenso de Bruxelas” (sede da U. E.), que reavivou o moribundo Consenso de Washington.

De todas as maneiras, Merkel precisa, antes de bater o martelo em qualquer solução para a crise, garantir a sua aprovação no Bundestag. E a dimensão das tarefas não é pequena, para a agenda da quarta: aumentar o Fundo de Emergência, podendo ir até 02 trilhões de euros; aumentar a sua abrangência e alcance; de uma ou de outra forma recapitalizar os bancos e ao mesmo tempo estabelecer o tamanho do corte na divida grega e o quanto disso será repassado para os mesmos bancos. Também será fatal discutir as alternativas para Irlanda, Portugal,e, preventivamente, Espanha e Itália.

Por isso mesmo houve outros confrontos na reunião de domingo. Merkel e Sarkozy pressionaram Berlusconi para que este adote “medidas de austeridade” mais abrangentes e mais rapidamente na Itália. Berlusconi, por sua vez, junto a outros países, lamentou que, enquanto ele e outros ficam “fazendo a lição”, Merkel fica protelando soluções... Enfim, parece uma daquelas situações: casa em que falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão...

Enquanto isso, a Argentina de Cristina Kirchner vai nadando de braçada, exatamente porque não está, ao contrário da Europa, seguindo a cartilha ortodoxa. Ela sim, depois da crise de 2000/2001, não só aprendeu como de fato fez a lição: rompeu com a ortodoxia (que a devastara antes), aumentou investimentos sociais, combateu a desigualdade, favoreceu o poder aquisitivo da população, portanto, a demanda. Enfim, tudo aquilo que os políticos presos na armadilha de Bruxelas não conseguem mais imaginar.

QUEM MATOU KHADAFI?




ELIAKIM ARAÚJO* – DIRETO DA REDAÇÃO

As imagens do assassinato de Muammar Khadafi estão em todas as TVs do mundo. No Youtube há um alerta sobre imagens impróprias, dirigido a pessoas que se impressionam com cenas sangrentas e de horror. O homem foi aprisionado vivo e fuzilado com um tiro na cabeça, à queima-roupa, disparado com uma pistola dourada que, dizem, pertenceu ao próprio Khadafi.

Nos vários vídeos exibidos à exaustão na TV pode-se ver Khadafi, ainda vivo, sendo arrastado pela rua por um bando de pistoleiros, que mais parecem bárbaros da idade da pedra do que rebeldes lutando contra a tirania e em favor da paz e da democracia.

Se nos guiarmos pelas imagens que vimos, a Líbia pouco vai mudar. Vai trocar uma tribo de bárbaros por outra, tão bárbara quanto.

A trajetória de Khadafi, em seus 42 anos de liderança, é curiosa e teve três fases distintas em seu relacionamento com o Ocidente. De odiado terrorista, passou a exótico parceiro, voltando depois ao papel de tirano opressor que deveria ser removido a qualquer custo, vivo ou morto, como pregou Hillary Clinton.

Cabe a pergunta: quem é essa Dona Hillary para dizer o que deve ser feito ou não em outro país?

Dos tempos em que foi considerado um terrorista, pesa contra Khadafi o atentado ao avião da Panam, em dezembro de 1988, que explodiu sobre os céus de Lockerbie, na Escócia, matando todos que estavam a bordo, inclusive 189 norte-americanos, a maioria jovens.

O suposto autor intelectual do atentado, o cidadão líbio Abdelbaset al-Megrahi, foi condenado à prisão perpétua pela Justiça britânica e não mais se falou do assunto, ficou apenas o ódio dos familiares dos mortos.

O tempo passou e, de ovelha negra do mundo árabe, Khadafi passou à figura exótica que o mundo se acostumou a ver, ora em tendas que armava em país estrangeiro, como fez nos EUA, durante Assembleia-Geral da ONU, ora recebendo e visitando chefes de Estado e empresários ocidentais. Visitar Trípoli e posar ao lado de Khadafi virou um “must”.

O prestígio de Khadafi junto aos ocidentais pode ser medido pela negociação bem sucedida que manteve com o governo britânico em prol da libertação de Abdelbaset al-Megrahi, o suposto terrorista do avião da Panam. Em 10 de agosto de 2009, al-Megrahi foi libertado por “compaixão”, pois era doente terminal de câncer de próstata.

Na época foram levantadas suspeitas contra o governo do primeiro-ministro Gordon Brown, que teria negociado a libertação do condenado em troca de generosos contratos comerciais envolvendo o petróleo líbio. Verdade ou não, o fato é que al-Megrahi permanece vivo até hoje, depois de ter sido recebido com festa em seu país.

Falta descobrir o que Khadafi fez de errado nos últimos meses para voltar a ser o vilão que precisava ser derrubado, mesmo que para isso as quatro potências ocidentais se juntassem sob o suspeito patrocínio da Otan, para ajudar os rebeldes que depuseram e assassinaram Khadafi. Entre quem será dividido o butim do que restou da Líbia?
Por enquanto, o que se sabe é que os países que forneceram homens e equipamentos militares para atacar a Líbia mantiveram nos últimos anos estreito contato político e comercial com o dirigente líbio, conforme se pode ver nas fotos abaixo, onde aparecem Hillary com o filho de Khadafi,o ditador com Condoleezza Rice, com Gordon Brown, com Tony Blair, com Sarkozy e com Berlusconi. São os verdadeiros assassinos de Muammar Khadafi.

* Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.


Timor-Leste: UNMIT VAI FOCAR APOIO NA FORMAÇÃO ATÉ AO FINAL DE 2012



MSE – PDF - LUSA

Díli, 24 out (Lusa) - A Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) vai até ao final de 2012 focar o seu apoio na capacitação institucional e de pessoas, segundo o Plano de Transição hoje divulgado à imprensa.

"O enfoque da UNMIT até dezembro de 2012 será o apoio às instituições timorenses para a capacitação institucional e de pessoal em conformidade com os requisitos do Governo, o Pacto de Desenvolvimento de Díli e o Plano de Desenvolvimento Estratégico 2011-2030", refere o documento.

Segundo o Plano de Transição, a UNMIT prevê iniciar uma retirada gradual do país após o período eleitoral de 2012, para quando estão previstas eleições presidenciais e legislativas.

"Em consulta com o Governo, a missão prevê o início de uma retirada gradual para o período imediatamente após as eleições de 2012, com o objetivo de encerrar as operações até ao final daquele ano", refere o documento.

O documento foi distribuído à imprensa durante um briefing com a representante do secretário-geral da ONU no país, Ameerah Haq, que considerou que nos últimos anos Timor-Leste fez muitos progressos na estabilidade e na boa governação.

"As agências e os fundos das Nações Unidas vão continuar a trabalhar para o desenvolvimento sócio-económico de Timor-Leste", explicou Ameerah Haq, sublinhando que o que termina é a missão de paz.

O Plano de Transição está baseado em quatro premissas relacionadas com os acontecimentos previstos para 2012, nomeadamente a continuação da estabilidade, um período eleitoral que decorra de acordo com os padrões internacionais, a tomada de posse de um novo Governo com base nos resultados eleitorais e que a oposição política tenha espaço para atuar de acordo com princípios democráticos internacionais.

O documento, elaborado em conjunto com o governo e presidência timorenses, determina também o plano de transição ao longo de sete áreas consideradas prioritárias e ações que devem ser tomadas até dezembro de 2012.

As áreas abrangidas são a polícia e segurança, Estado de Direito, justiça e direitos humanos, governação democrática, desenvolvimento sócio-económico, apoio à missão e logística, formação e impacto na economia local.

"O Plano de Transição será apresentado conjuntamente com o relatório do secretário-geral da ONU a 22 de novembro no Conselho de Segurança sobre Timor-Leste", disse Ameerah Haq.

No debate de alto nível, agendado para 22 de novembro pela presidência portuguesa, espera-se que saiam orientações políticas do Conselho para o mandato da próxima missão em Timor-Leste.

O Plano Conjunto de Transição define quatro modelos possíveis para depois das eleições de 2012, três dos quais baseados na experiência da ONU noutros países e um sugerido pelo Governo timorense - uma missão política à medida das necessidades específicas do país.

Os restantes modelos são um escritório político chefiado pelo representante do secretário-geral, com uma equipa separada da ONU chefiada por um coordenador residente, um gabinete integrado da ONU chefiado por um representante executivo do secretário-geral que também seria coordenador residente ou apenas um gabinete residente de coordenação das atividades da organização.

Moçambique: PR Armando Guebuza participa na Cimeira da Commonwealth na Austrália




PMA - LUSA

Maputo, 24 out (Lusa) - O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, vai participar na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Commonwealth, de 28 a 30 deste mês, em Perth, Austrália, informou hoje a Presidência da República de Moçambique.

Além de tomar parte na Cimeira da Commonwealth, Armando Guebuza vai manter um encontro com a primeira-ministra australiana, Julia Gilard, para conversações sobre a cooperação bilateral, refere um comunicado de imprensa da Presidência moçambicana.

No âmbito do encontro da organização, que reúne maioritariamente países anglófonos, o Presidente moçambicano vai participar num painel dedicado à "Parceria na Commonwealth para o Desenvolvimento de Recursos Naturais e numa mesa redonda sobre "A Mineração Moçambique-Austrália".

Armando Guebuza estará também presente num jantar dedicado ao tema "Empoderamento da Mulher para a Liderança" e num encontro sobre "Desportos".

A Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Commonwealth terá como tema principal: "Construíndo a Resiliência Nacional, Construindo a Resiliência Global", que será apresentado pelo Painel das Nações Unidas sobre a Sustentabilidade.

A reunião abordará igualmente questões sobre a reforma da Commonwealth.

Na deslocação a Perth, Armando Guebuza será acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, Recursos Minerais, Esperança Bias, e Função Pública, Vitória Diogo.

Moçambique é o único país de língua oficial portuguesa que faz parte da Commonwealth, comunidade das ex-colónias britânicas, à qual aderiu em 1987, primeiro como observador, e depois, como membro efetivo, em 1995.

O Estado moçambicano fundamentou a sua adesão à organização com o facto de estar geograficamente cercado por países de língua oficial inglesa.

CGTP - PORTUGAL VIVE “MAIOR PERIGO DE RETROCESSO SOCIAL” DESDE O 25 DE ABRIL




Económico com Lusa

Carvalho da Silva disse hoje que, depois da "ocupação" de Portugal pela troika, "só falta haver forças militares" estrangeiras no País.

"Estamos perante, julgo que sem sombra de dúvidas, o maior perigo de retrocesso social e civilizacional que o país vive desde a queda da ditadura, não temos no período da democracia nenhuma situação que se compare a esta", afirmou.

O líder sindical falava aos jornalistas no final de uma reunião com o coordenador do BE, Francisco Louçã, na sede daquele partido.

Para Manuel Carvalho da Silva, as medidas previstas no Orçamento do Estado para o próximo ano são "uma catadupa de decisões que estão a afundar o país" e o Governo esconde que está "a desenvolver políticas que levam ao desastre a que hoje se assiste na Grécia".

"Há aqui uma subversão, uma intervenção política de cariz profundamente neoliberal e neoconservadora que não vê outra saída para o país que não seja reduzir o nível de vida dos portugueses e sacrificar o povo e nesse sentido é um processo de negação da transformação, é um processo revolucionário no pior sentido", considerou.

O secretário-geral da CGTP considerou que o acordo assinado com a ´troika' representa "uma ocupação" do país e que "só falta haver forças militares" estrangeiras em Portugal.

"Estamos perante perigos muito grandes, quer em relação as condições de trabalho, quer em relação as condições de vida, designadamente direitos sociais, não há democracia num país sob ocupação e nos estamos, neste momento, sob ocupação, só falta haver forças militares", referiu.

Carvalho da Silva notou ainda que os trabalhadores da administração pública e do sector privado estão a "perder direitos que têm ligação com factores estruturantes da própria democracia e portanto do patamar de desenvolvimento que o país alcançou".

MILITARES PORTUGUESES VÃO MANIFESTAR-SE CONTRA GOVERNO DIA 12 DE NOVEMBRO




Os militares aprovaram, sábado, uma concentração para o mês de Novembro, em Lisboa, para mostrar o descontentamento perantes as medidas de austeridade.

Lisboa - Os militares aprovaram, sábado, durante reunião em Lisboa, a realização de uma concentração no dia 12 de novembro para se manifestarem contra a política de austeridade imposta pelo governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho (PSD).

Na reunião que juntou mais de um milhar de efetivos das Forças Armadas, os militares manifestaram a sua oposição às "duríssimas medidas" que o governo quer aplicar.

A concentração será realizada no Rossio, praça no centro da capital portuguesa, e será seguida de um desfile até ao Terreiro do Paço, onde funcionam vários ministérios.

"É tempo daqueles que falam e usam as Forças Armadas, e bem, no fim das missões internacionais e quando a sua imagem é a melhor do mundo, perceberem que as Forças Armadas não servem só e para isso. As Forças Armadas existem no seu dever de missão de soberania nacional, de serviço ao porvo português, e não podem passar pelo que estão a passar", disse à rádio TSF o sargento Lima Coelho, da Associação Sócio-profissional de Militares

Os militares dizem-se solidários e prontos para fazer parte do esforço nacional que será necessário, mas sublinham que há um desequilíbrio na balança do exigir e receber.

"Entendemos as dificuldades que o país atravessa, aliás há mais de 25/30 anos que os militares têm vindo a ter reduções, congelamentos, etc. Portanto vir dizer que 'agora é que é', é profundamente injusto e não corresponde à nossa realidade de décadas", disse o militar.

"Mas há uma questão que não se pode misturar. Existir a permanente disponibilidade para o serviço, a subordinação a um regime disciplinar completamente diferente, exigir a vida se necessário, mas depois tratar como igual. Há aqui qualquer coisa que está desiquilibrada", contestou. As informações são da TSF.
 
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