domingo, 10 de agosto de 2014

JUDAÍSMO NÃO É SIONISMO



Breno Altman, São Paulo – Opera Mundi

Governos sionistas fizeram Israel ocupar territórios que não lhe pertencem, impedindo a soberania de outro povo, o palestino

O presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg, publicou na Folha um artigo instigante. O título embute uma premissa fundamental: "Antissionismo é antissemitismo". Trata-se de conveniente cláusula para interdição do debate: não seria possível confrontar as ideias de Theodore Herzl sem se confundir com os que levaram seis milhões de judeus ao extermínio.

Tal escudo moral, amparado na vitimização, resvala para o cinismo. Sucessivos governos sionistas, afinal, transformaram Israel em país ocupante de territórios alheios, impedindo a soberania de outro povo, o palestino. Os requintes de brutalidade para manter essa dominação colonial, nos últimos anos, ofendem a comunidade internacional. O álibi do Holocausto, nessas circunstâncias, constitui insulto à humanidade e à memória judaica.

Lottenberg nem sequer se refere ao massacre de Gaza, mesmo diante dos corpos de mulheres e crianças. Prefere apresentar versão edulcorada do sionismo, que seria "a expressão moderna da autodeterminação nacional judaica". Não faz qualquer questão de se diferenciar dos bandos mais reacionários, como o Likud de Benjamin Netanyahu.

O autor vai ainda mais longe. Para ele, os judeus "definem-se por uma religião (o judaísmo), uma língua (o hebraico) e uma terra (Israel)". De uma penada, expurgou, por exemplo, os judeus que são ateus, aqueles cuja língua é a do país no qual vivem e os que não consideram primordial a existência de Israel.

Atualmente hegemônico entre os judeus, o sionismo é apenas uma corrente de opinião, que se caracteriza por abordagem nacionalista. Não equivale a eventual código histórico-cultural dos povos judeus. Trata-se tão somente de uma orientação político-ideológica fundida à religião e ao Estado.

O epicentro de seu discurso sempre foi a criação de uma "pátria judaica". Vários dos fundadores do sionismo eram agnósticos, mas selaram aliança com chefes religiosos para reforçar seu poderio, ainda que às custas de construir o Estado de Israel como entidade confessional.

Ao contrário da autodeterminação dos negros na África do Sul pós-Mandela, forjando uma república laica e não racial, o nacionalismo sionista pressupõe supremacia judaica e religião estatal. Essa concepção levou a uma nação com tripla personalidade: democracia para judeus, cidadania de segunda classe para árabes-israelenses e regime de apartheid para palestinos dos territórios ocupados.

Nem todos os sionistas, é verdade, são defensores do colonialismo. Muitos, como o próprio Lottenberg, são partidários da solução dos dois Estados e da retirada para as fronteiras anteriores a 1967. Constitui manobra repulsiva, porém, afirmar que seja antissemitismo a contraposição ao sionismo. Essa é a lógica que dirigentes sionistas sempre quiseram impor aos críticos da política belicista e expansionista de Israel.

Não é ser antissemita negar aos grupos dominantes do sionismo o direito de cometer crimes de limpeza étnica, discriminação e agressão armada contra o povo palestino.

Não são definitivamente antissemitas os judeus que, honrando longa história de participação nas lutas pela emancipação dos povos e pela paz, se apresentam para combater a doutrina supremacista que rege o Estado de Israel.

* Breno Altman é jornalista e diretor do site Opera Mundi

** Artigo publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira (08/08)

Na foto: Netanyahu afirmou que a incursão militar de Israel em Gaza é “justificada” e “proporcional” – Agência EFE

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Guerra Financeira: O FMI EMPURRA A UCRÂNIA PARA UM “SUICÍDIO VOLUNTÁRIO”



Michael Hudson

O apoio do Ocidente permitirá mais empréstimos do FMI e da Europa para sustentar a divisa ucraniana para que os oligarcas ucranianos possam movimentar o seu dinheiro com segurança para os bancos britânicos e americanos, afirmou o economista e escritor Michael Hudson.

RT: Pode resumir-nos os passos tentados e testados que vão fazer com que os empréstimos do FMI aos melhores ativos da Ucrânia acabem nas mãos privadas do Ocidente – o papel 'knee-breaker' do FMI como o descreveu de forma magistral?

Michael Hudson: O princípio básico a ter em consideração é que a finança hoje é uma guerra, sem meios militares [NR] . O objetivo de endividar um país é obter os seus excedentes económicos, acabar com o seu património. A principal propriedade a obter é a que possa ser exportada e possa gerar divisas estrangeiras. Para a Ucrânia, isso significa sobretudo as manufaturas de leste e as empresas mineiras, que atualmente estão nas mãos dos oligarcas. Para os investidores estrangeiros, o problema é como transferir esses ativos e as suas receitas para mãos estrangeiras – numa economia em que os pagamentos internacionais estão em défice crónico em consequência da reestruturação falhada pós-1991. É aí que entra o FMI.

O FMI não foi criado para financiar défices orçamentais internos de governos. Os seus empréstimos destinam-se a pagar a credores externos, sobretudo para manter uma taxa de câmbio de um país. O efeito, normalmente, é subsidiar a fuga de capitais do país – a uma taxa alta de câmbio em vez de os depositantes e credores receberem menos dólares ou euros. No caso da Ucrânia, os credores externos incluirão a Gazprom, que já tem recebido algum pagamento. O FMI transfere um crédito para a sua " conta da Ucrânia ", que depois paga aos credores externos. Na verdade, o dinheiro nunca chega à Ucrânia ou aos outros países a quem o FMI faz empréstimos. É pago às contas dos estrangeiros, incluindo governos credores estrangeiros, como acontece com os empréstimos do FMI à Grécia. Esses empréstimos são acompanhados de " condicionalismos " que impõem a austeridade. Por sua vez, isso empurra a economia ainda mais para o endividamento – forçando o governo a apertar ainda mais o orçamento, a gerir défices orçamentais cada vez mais apertados e a vender ativos públicos.

RT: A Ucrânia poderá esperar o chamado "efeito FMI" da emigração de 1 em cada 5 pessoas da população empobrecida para trabalhar no estrangeiro? Que consequências é que isso pode ter num país que perde os seus cérebros mais brilhantes?

MH: A Ucrânia já obtém em remessas de emigrantes no estrangeiro cerca de 4% do seu PIB (cerca de 10 mil milhões de dólares por ano). A maior parte deste dinheiro provém da Rússia, o restante da Europa Ocidental. O efeito dos planos de austeridade do FMI é fazer com que mais ucranianos emigrem à procura de trabalho. Estes enviam parte dos seus ganhos para as famílias, fortalecendo a divisa ucraniana vis-à-vis o rublo e o euro.

RT: Como é que os instrumentos do FMI são de facto "armas de destruição maciça", como lhes chamou?

MH : Os défices orçamentais mais baixos provocam uma austeridade e um desemprego ainda mais profundos. O resultado é uma espiral económica descendente. Receitas mais baixas significam receitas fiscais mais baixas. Por isso exige-se que os governos equilibrem os seus orçamentos vendendo ativos públicos – principalmente os monopólios naturais cujos compradores podem fazer subir os preços para extraírem rendas económicas. O efeito é transformar a economia numa "economia de portagens" rentável. Até aqui as vias públicas livres têm sido transformadas em vias com portagens, e outros sistemas de transporte, de abastecimento de água e de saneamento também têm sido privatizados. Isso faz subir o custo de vida, e portanto o custo do trabalho – enquanto os níveis gerais de salários são comprimidos pela austeridade financeira que encolhe os mercados e faz aumentar o desemprego.

RT: O FMI talvez seja também uma arma de destruição maciça num sentido mais literal. A organização ameaçou e chantageou publicamente a Ucrânia que "redesenhará" o seu pacote de ajuda se Kiev não entrar em guerra com os ucranianos de leste do país e não os impedir de protestarem. Isto não o torna num cúmplice verdadeiramente criminoso ou num instigador da guerra e do assassínio?

MH : O "condicionalismo" do FMI é que "pacifica" o leste. A pacificação pode ocorrer violentamente na retórica orwelliana de hoje. A única forma de se poder alcançar atualmente a paz política e económica é através da federalização livre da Ucrânia, tornar todas as regiões independentes dos cleptocratas de Kiev, que são nomeados principalmente pelo Ocidente.

Quanto às acusações de criminalidade, isso depende sempre de quem é o acusador e de qual é o tribunal! Ainda nenhum país processou o FMI. A única coisa que os eleitores podem fazer é rejeitar governos que se submetam aos condicionalismos do FMI. Muitos eleitores que possam, vão " votar com os pés " e pura e simplesmente abandonarão a economia a afundar-se. Portanto, a defesa do FMI é que a Ucrânia e outros clientes seus estão a suicidar-se voluntariamente em vez de estarem a ser assassinados. A austeridade acaba por ser uma política – ninguém está a apontar uma pistola à cabeça deles, exceto quando os líderes políticos são assassinados, como no Chile em 1974, com o governo dos EUA por trás de Pinochet. Neste sentido, a Ucrânia hoje é uma repetição do Chile de há quarenta anos.

RT: Todos conhecem os efeitos da austeridade na Grécia e noutros locais; as sondagens mostram que a maioria dos ucranianos não a quer; até o próprio FMI reconhece agora que a austeridade não funciona. Porque é que os líderes da Ucrânia permitem que ela ocorra, têm a garantia de um emprego confortável no Ocidente quando forem corridos, ou qualquer coisa semelhante?

MH : Os líderes da Ucrânia são sobretudo cleptocratas. O seu objetivo não é ajudar o país, mas ajudar a consolidar o seu poder. George Soros escreveu que a melhor forma de fazer isso é arranjar parceiros ocidentais. Isso permitirá que os EUA e a Europa ajudem os cleptocratas a reforçar o seu poder sobre a economia. O apoio ocidental proporcionará mais empréstimos do FMI e da Europa para apoiar a divisa a fim de que os oligarcas ucranianos possam movimentar o seu dinheiro com segurança para o Ocidente, para os bancos britânicos e americanos.

RT: Acha que a UE não é suficientemente estúpida para fazer da Ucrânia um membro de pleno direito e portanto, ao abrigo do acordo de associação unilateral, os estados membros vão apenas apoderar-se dos melhores ativos do país e utilizar os seus trabalhadores quase como trabalho escravo, com salários mínimos de 91 cêntimos de dólar por hora na Ucrânia?

MH: A UE dificilmente pode aceitar a Ucrânia como membro. Uma das razões é que uma política fundamental subjacente à criação francesa e alemã do Mercado Comum inicial em 1957 foi a Política Agrícola Comum (PAC). A Ucrânia tem terras ricas no ocidente e essa parte do país ainda é profundamente rural. Os investidores estrangeiros gostariam de as comprar e " re-feudalizá-las ", criando grandes explorações agrícolas industriais. Mas a UE dificilmente fornecerá os subsídios para financiamento da mecanização e investimento de capital na agricultura europeia ocidental.

A UE não precisa de integrar formalmente a Ucrânia para beneficiar da sua força de trabalho barata. Basta destroçar a economia ao estilo grego ou ao estilo irlandês ou ao estilo letão, para enviar os seus trabalhadores para o Ocidente. E os mais móveis, habitualmente, são os jovens mais bem preparados por volta dos 20 anos, capazes de falar línguas estrangeiras e com aptidões necessárias no Ocidente.

RT: Assinalou que a Ucrânia "devia ter perguntado primeiro aos EUA" antes de ter feito ir pelos ares aquele gasoduto. Acha que a NATO apoiará tudo, até o terrorismo, para tornar o gás russo menos fiável, principalmente quando os gigantes americanos estão atualmente a travar uma enorme campanha de propaganda na Europa?

MH: Os EUA pressionaram a Europa para tornarem a sua economia muito mais custosa e confiarem nas exportações de gás americanas a fim de privar a Rússia de divisas estrangeiras. A lógica da NATO é essencialmente aquela que o primeiro-ministro Aeseniy Yatsenyuk publicou no "Tweeter" no da 16 de junho: a Ucrânia "não vai continuar a subsidiar a Gazprom [em cerca de] 5 mil milhões de dólares por ano, para que a Rússia possa armar-se contra nós [com esse dinheiro) ".

A posição dos EUA hoje é a mesma que em 1991: Sem manufaturas, a Rússia não pode ser uma verdadeira potência militar para se defender. E sem comprar tecnologia estrangeira e sem grandes subsídios estatais – enquanto os EU e os governos europeus apoiam as suas economias – a Rússia não pode criar uma economia de manufaturas. Portanto, a NATO está a tentar impedir a Rússia de ganhar dinheiro suficiente para modernizar a sua economia, sob o princípio de que qualquer potência industrial é potencialmente militar, e qualquer potência militar pode ser usada para conseguir a independência política da esfera dos EUA.

RT: Mais alguma coisa que queira acrescentar?

MH: O que está em causa é se as economias pelo mundo afora deixarão que a alavancagem financeira desmantele o poder de governos eleitos, e portanto a democracia. Os governos são soberanos. Nenhum governo precisa de pagar dívidas externas ou submeter-se a políticas que neguem as três definições de um estado: criar a sua própria moeda, lançar impostos e declarar guerra.

Em causa está quem vai dominar o mundo: o 1% emergente enquanto oligarquia financeira, ou os governos eleitos. Os dois conjuntos de objetivos são contraditórios: aumentar o nível de vida e a independência nacional, ou uma economia de lucro, de austeridade e de dependência internacional. 

[NR] Esta entrevista é anterior à grande provocação do derrube do avião malaio, cometida pelos nazis do regime de Kiev, a qual ameaça transformar a guerra financeira numa guerra total.

Ver também: 
Ukraine’s economy contracts 4 times faster in Q2 losing 4.7% (Economia da Ucrânia contraiu-se quatro vezes mais depressa no 2º trimestre, reduzindo-se 4,7% em relação ao mesmo período de 2013) 

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de: Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
 

MARINES DO AFRICOM DE MORÓN A TRIPOLI*




A agressão militar da NATO, que levou ao derrube do regime liderado por Muhamar Kadhafi e ao seu assassinato, instalou o caos na Líbia. A economia daquele que ainda há pouco era um dos países mais ricos e desenvolvidos de África afunda-se, num quadro de guerra civil e de desagregação do Estado. O imperialismo procura resguardar e pilhar as zonas de exploração de petróleo e os portos por onde é exportado. Quanto ao resto – a destruição de um país e a condenação do seu povo à miséria e à barbárie – é apenas um dano colateral.

Os Estados Unidos reforçaram a unidade de intervenção rápida estacionada na base de Morón de la Frontera (Sevilha), em Espanha. A pretexto do agravamento da situação na Líbia, o Africom – comando militar norte-americano para África – aumentou de 500 para 850 os soldados do seu contingente na Andaluzia.

A 27 de Julho, 200 marines do dispositivo de Morón, transportados previamente para a base aeronaval de Sigonella, na Sicília, e dali para Trípoli, deram cobertura à evacuação, por estrada, para Tunes, de 150 diplomatas e funcionários da embaixada dos EUA na capital líbia. O comboio foi protegido, do ar, por caças-bombardeiros F-16 e aeronaves MV-22 Osprey (uma mescla de avião e helicóptero), pertencentes à força de reacção rápida do Africom.

Esta unidade especial foi criada pouco depois de, em Setembro de 2012, milicianos islâmicos terem invadido o consulado norte-americano em Bengasi e abatido o embaixador norte-americano, Christopher Stevens, e três agentes de segurança.

Segundo o jornal El Mundo, de Madrid, a acção da força de intervenção rápida do Africom, na Líbia, em Julho, foi a quinta realizada no continente africano no último ano e meio. Duas delas, das mais importantes, ocorreram na República Centro-Africana e no Sudão do Sul.

O exemplo da retirada do pessoal diplomático norte-americano da Líbia, fugindo dos combates em Trípoli e Bengasi, foi seguido por outras representações ocidentais, que têm reduzido ao mínimo o corpo diplomático e aconselhado os respectivos cidadãos a deixar o país. As Nações Unidas diminuíram igualmente a sua presença, assim como as Filipinas e a Índia, que dispunham de milhares de médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar a trabalhar em hospitais. Grandes companhias petrolíferas, como a francesa Total, a italiana ENI e a espanhola Repsol, evacuaram também os seus técnicos.

Além de diplomatas e especialistas estrangeiros, milhares de cidadãos líbios e de expatriados estão a tentar chegar por estrada à vizinha Tunísia. Em Ras el-Jdir, o principal posto fronteiriço entre os dois países norte-africanos, havia no início desta semana cerca de 10 mil pessoas à espera de atravessar a fronteira.

Estratégia de dominação

Nas últimas semanas, a situação na Líbia deteriorou-se nos planos militar, político e económico. Generalizou-se a violência incontrolada, perante a impotência das «autoridades» que já não controlam a maior parte do território do Estado em desagregação. No Sul, transformado num paiol a céu aberto, bandos de «jihadistas» – em geral criados e financiados por serviços secretos ocidentais – utilizam o território para provocar e desestabilizar países da região como a Argélia e o Mali.

Em Trípoli e na segunda cidade, Bengasi, no Leste, prosseguem combates entre facções inimigas, com recurso a armas pesadas. Desde meados de Julho, contabilizam-se centenas de mortos e feridos. Em resultado de um obus «perdido» nos confrontos entre milícias rivais pela conquista do aeroporto internacional da capital – cujas infra-estruturas estão quase totalmente destruídas –, lavra sem fim à vista um gigantesco incêndio numa área de reservatórios de petróleo e gás. Os prejuízos materiais são incalculáveis.

O novo parlamento líbio, saído das eleições de 25 de Junho, reuniu-se pela primeira vez, em Tobruk, a mais de mil quilómetros de Trípoli, junto à fronteira com o Egipto. Apesar dos apelos à unidade, ficou patente a divisão entre deputados «nacionalistas», agora em maioria, e «islamistas», que aliás boicotaram a sessão e convocaram uma outra reunião para a capital…

Neste quadro de guerra civil, afunda-se a economia daquele que ainda há pouco era um dos países mais ricos e desenvolvidos de África.

Antes da agressão militar da NATO, em 2011, que levou ao derrube do regime liderado por Muhamar Kadhafi e ao seu assassinato, a Líbia produzia um milhão e meio de barris de petróleo diários para exportação – era o primeiro exportador africano. Nestes três anos, a produção chegou a baixar para menos de 150 mil barris por dia, embora agora, depois dos acordos com as milícias que bloqueavam os principais portos, ela tenha duplicado e esteja a crescer.

O actual caos líbio não é fruto do acaso. É antes consequência da permanente ingerência belicista do imperialismo norte-americano visando a exploração dos trabalhadores, a submissão dos povos, a pilhagem das suas riquezas.

Estratégia de dominação imperial que, é evidente, não se limita à África, como o confirmam, nestes dias – do Afeganistão ao Iraque, da Síria à Palestina mártir – as bárbaras agressões dos Estados Unidos e seus aliados, ameaçando uma vez mais a paz mundial.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2123, 7.08.2014


Angola: TRÁFICO DE PESSOAS, UM PROBLEMA CRESCENTE




Empresas chinesas de construção civil que operam no país são acusadas de praticar tráfico humano, sobretudo de menores

Arão Ndipa – Voz da América

As autoridades angolanas continuam a desconhecer os números exactos relativos ao tráfico de seres humanos.

Por outro lado, Luanda ainda não ratificou o protocolo internacional de Palermo sobre este problema mundial.

Enquanto isso as empresas chinesas de construção civil que operam no país são acusadas de praticar tráfico humano, sobretudo de menores.

Para nos falar sobre o assunto ouvimos o representante da Organização Internacional das Migrações, Salvatore Sortino, e o secretário-geral  do PRS, Joaquim Nafoia.

Áudio: Tráfico de seres humanos - Descarregue

Angola - Elias Isaac: “NÃO EXISTE VONTADE POLÍTICA PARA INVESTIGAR A CORRUPÇÃO”




Director da Open Society em Angola foi o convidado do programa da VOA Angola Fala Só de 8 de Agosto

Voz da América, em Angola Fala

“É uma grande tristeza o que se passa em Angola”, disse no programa Angola Fala Só, Elias Isaac da Fundação Open Society, Angola.

Num programa em que foram abordados os mais diversos temas sobre a situação dos direitos humanos em Angola, Isaac lamentou o que disse ser a falata de existência de “um espirito de diálogo”.

“Não existe um diálogo com aqueles que são diferentes, que pensam de forma diferente,” disse Isaac para quem esse tipo de diálogo tem que existir numa sociedade democrática.

Para o director da Open Society, Angola continua a ser uma sociedade “baseada na prepotência e na exclusão por aqueles que pensam que sabem tudo”. Para ele, uma sociedade democrática “não se faz só com partidos políticos, faz-se com a sociedade civil”.

A intolerância que existe, disse, reflecte-se na inexistência de meios de informação livres porque “há um grande medo dos meios de informação”.

“Os governantes têm medo dos media e têm medo de largar esse espaço”, justificou.

Ao abordar a questão da corrupção a alto nível, Elias Isaac disse nunca ter havido investigações a casos flagrantes no exterior, como o recente caso da venda de material policial pela Espanha,  BESA e outros.

“Não existe vontade política dos governantes de abordarem a questão da corrupção”, disse, criticando também o sistema judicial por não levar a cabo as suas funções neste aspecto.

Isso, disse, é o reflexo do facto de que “não se respeita a independência das instituições”.

Elias Isaac afirmou que não se pode considerar Angola um país rico “porque o seu povo é pobre”. Angola, disse, "é um país de riquezas que beneficiam as multinacionais e minorias”, e onde “os pobreas são cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos”.

Como é que se explica que num país com um orçamento de 74 biliões de dólares não se consegue dar água e luz à população?”, interrogou o director da Open Society.


Angola: AS CRIANÇAS DA REGIÃO



José Ribeiro - Jornal de Angola, em A Palavra ao Diretor

Angola tem estado no centro das atenções em África e no mundo pelos mais diversos motivos 

Entre eles avultam o crescimento económico, o contributo à paz e à segurança no continente africano e as suas políticas sociais.

Os avanços de Angola no campo económico, as suas realizações de grande impacto social e os esforços da diplomacia angolana para a formulação de soluções para os conflitos armados em África levam muitos países africanos a encetar contactos com os dirigentes angolanos para partilharem conhecimento do que melhor se faz no nosso país no sentido da resolução de muitos problemas que são comuns a outros Estados.

O longo conflito armado gerou em Angola inúmeros problemas que os nossos governantes têm vindo a resolver com medidas perspicazes destinadas a assegurar uma vida digna a todos os cidadãos, em especial às crianças. Constitui exemplo disso o trabalho que feito para a máxima protecção das crianças. O Estado adopta políticas que permitem que elas tenham tudo o que merecem.  

Estas políticas traduzem-se, entre outras coisas, na criação de condições para que a criança não seja vítima de abusos por parte de adultos e para que seja inserida, o mais adequadamente possível, no sistema de educação. O futuro da cidadania angolana depende da boa formação e das aptidões que damos às crianças de hoje.

A criação do Instituto Nacional da Criança (INAC), uma instituição com provas dadas na protecção da criança em Angola, enquadra-se nos esforços do Governo virados para o combate às situações em que as crianças são vítimas de trabalho escravo ou abandonadas e discriminadas. 

O Estado, através dos organismos nacionais competentes, deve estar atento a quaisquer formas  de abusos da criança, existindo já instrumentos que salvaguardam os interesses  da criança em qualquer região do país. 

A Constituição da República é clara quanto à defesa e protecção da criança: “As políticas públicas no domínio da família, educação e saúde devem salvaguardar o princípio do superior interesse da criança, como forma de garantir o seu pleno desenvolvimento físico, psíquico e cultural.”

O que se faz em prol da criança em Angola suscitou o interesse das autoridades da Zâmbia, que manifestaram o desejo de conhecer a experiência angolana nesta matéria para dar solução a problemas que afectam a criança zambiana. 

Os dirigentes zambianos entendem que os angolanos registaram  progressos significativos em relação à protecção da infância e optaram pela adopção no seu país de modelos concebidos por Angola para  a salvaguarda  dos direitos das crianças.  

A ministra do Género e do Desenvolvimento da Criança da Zâmbia,  Inongue Wina, esteve em Luanda e partilhou a sua avaliação do que se faz em Angola: “Vamos levar a experiência angolana para a Zâmbia, para podermos dar solução aos mais variados problemas que afectam as nossas crianças”.  

Angola e Zâmbia são dois países vizinhos, com problemas comuns e faz todo o sentido que estejam a estabelecer uma cooperação destinada a  defender as crianças da região no interesse do bem-estar das populações. Para os angolanos é mais um motivo de orgulho que as políticas públicas de Angola inspirem um outro Estado a resolver os problemas sociais ligadas à dignidade da pessoa humana. 

A ministra Inongue Wina refutou a ideia de que Angola tem, necessariamente, que viver mais problemas do que a Zâmbia porque viveu um conflito recente. Isso não é assim. 
Apesar de não ter passado por uma guerra, a Zâmbia viveu um grave problema de sida que degenerou em “grande número de crianças órfãs” – porque os pais delas morreram – e isso deu lugar a um aumento do fenómeno das crianças de rua, até à data desconhecido do país. Por aqui se conclui que o fim da guerra não representa nunca o fim de todos os problemas.

A defesa da dignidade da pessoa humana é um dos grandes desígnios nacionais. Mas Angola sabe que as realidades da região da África Austral são comuns. E por isso deseja partilhar com os outros países a solução dos problemas relacionados com a protecção de uma camada tão vulnerável como são as crianças. 

A Zâmbia prepara legislação para a protecção da criança e os dois países devem cooperar na defesa dos direitos da criança e para que elas não sofram práticas que põem em perigo a sua integridade física e comprometem o futuro.


DESBRAVANDO A LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA! – I



Martinho Júnior, Luanda 

1 – O movimento de libertação em África acabou por ser uma universidade aberta em que se foram formando gerações e gerações de africanos, que procuraram interpretar a situação dos povos do continente-berço particularmente desde meados do século XX.

Essa procura incessante tinha uma chama com um objectivo essencial: era necessário resgatar os povos de África do subdesenvolvimento crónico a que tinham sido histórica e antropologicamente votados e isso obrigava a caminhos de luta árdua, persistente e paciente, por um lado removendo os obstáculos do colonialismo, do “apartheid” e das suas sequelas, por outro, gerando uma plataforma de paz que desse possibilidade a, assumindo poderes de estado, trazer efectivamente mais vida a todos os africanos, duma forma coerente, equilibrada, harmoniosa, integrando benefícios que jamais haviam sido antes conseguidos, nem experimentados.
  
2 – O MPLA em Angola, nesse sentido, estabeleceu ainda em tempos de luta contra o colonialismo português, uma projecção em relação ao futuro em duas longas etapas, que consistia:

- Num Programa Mínimo, que visava alcançar a independência de forma a tornar exequível o direito e o exercício de soberania por parte do povo angolano;

- Num Programa Maior que, tirando partido duma ampla plataforma de paz, garantiria implementar capacidades modernas de desenvolvimento sustentável para Angola, para África e em benefício de toda a Humanidade.

O símbolo do MPLA, “alto facho levado aceso”, sintetiza esse caminho e por isso os esforços de hoje reflectem toda a vocação histórica do movimento de libertação em África, plenamente identificada e amadurecida com as mais legítimas aspirações dos povos africanos.

Essa trilha, permitia também evidenciar a vontade e os propósitos do movimento de libertação acima das conjunturas que afectassem África, pelo que essa determinação, essa inteligência, tendeu mesmo e sempre a superar os antagonismos entre as potências, próprios duma Guerra Fria que influencia e impacta em todos os tabuleiros sócio-políticos da nossa “casa comum”, a Terra.

3 – Com tão elevadas preocupações, muitos foram portanto os obstáculos na luta pela independência e para alcançar o direito de exercício de soberania, mas a 11 de Novembro de 1975 o MPLA cumpria com seu Programa Mínimo e, com a República Popular de Angola, vencido o colonialismo português, ao mesmo tempo que passou a encetar a busca incessante em prol duma paz ampla com sentido de vida, assumiu a luta contra o “apartheid”, de forma a abrir oportunidade à democracia de um homem um voto em toda a África Austral, numa justa perspectiva de integração, equilíbrio, harmonia e desenvolvimento sustentável.

Nessa trilha repleta de escolhos, duas figuras assumiram um papel de líder, abrindo caminho em direcção ao futuro, em reforço da independência, soberania e democracia, como também abrindo espaço ao povo angolano e aos povos africanos para inter-relacionamentos saudáveis, progressistas e capazes de trazer benefícios para o homem e para o planeta, apesar dos riscos duma globalização repleta de interesses nada solidários e por isso quantas vezes carregados de desequilíbrios, divisões, ameaças e riscos e, nos casos mais extremos, até de subversão.

São esses líderes: António Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos.
  
4 – A luta contra o colonialismo, o “apartheid” e suas sequelas, é uma saga sobejamente conhecida nas suas linhas gerais, garantida com a completa identidade do MPLA com o povo angolano, “heróico e generoso”, capaz de enfrentar enormes obstáculos, ainda que à custa de imensos sacrifícios!

Muitos povos, a partir de plataformas socialistas uns, a partir dum Não Alinhamento activo e lúcido outros, compreenderam essa luta e deram a sua contribuição decidida, solidária e inequivocamente internacionalista, ao ponto da revolução cubana, entre muitos, se destacar por assim se decidir “a pagar a sua quota parte de dívida” para com os povos do continente-berço.

O Presidente do MPLA António Agostinho Neto, ainda que poucos anos à frente dos destinos de Angola, deu passos consequentes nessa luta aberta à lógica com sentido de vida e em direcção à paz, pois avaliava como poucos que, ultrapassado o obstáculo do “apartheid”, havia que encetar a longa luta contra o subdesenvolvimento.

Os seus poemas reflectem essas sagas e a vontade progressista que se abria e abre ao futuro.

(Continua) 

Foto: Chegada a Luanda do Presidente Agostinho Neto a 4 de Fevereiro de 1975

Portugal: CRIME, DIZEMOS TODOS



João Marcelino – Diário de Notícias, opinião

1. No final da linha do escândalo BES tem de haver gente presa. Não é possível que dezenas de milhares de pequenos acionistas estejam condenados a perder a quase totalidade das suas poupanças e tudo tenha acontecido sem que haja responsáveis, apenas por meras circunstâncias de mercado ou pela terrível complexidade da gestão financeira associada ao dia-a- -dia dos bancos. Não pode ser! Aqui houve gestão danosa, destruição de valor numa escala telúrica para um país da dimensão de Portugal e os seus responsáveis têm de pagar por isso. A Justiça não pode servir apenas para prender Donas Brancas. Quando se lê qualquer notícia sobre o BES na imprensa internacional, agora que passou o tempo suficiente para se perceber o que está em causa, é essa perplexidade que surge: como é que ainda não há responsáveis detidos?

2. O crime também esteve associado aos últimos momentos da vida do velho BES. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) já desconfia de algo que fora do circuito oficial ninguém pode ter dúvidas: houve fugas de informação criminosas que permitiram a algumas pessoas e instituições safarem-se - o termo é este - da original intervenção de que o banco foi alvo. Se no dia (sexta, 1 de agosto) em que as ações foram suspensas, 83 milhões delas foram transacionadas em 42 minutos (mais de duas vezes a média diária!, até se chegar aos 12 cêntimos por ação!), se agora se sabe que a Goldman Sachs conseguiu vender tudo o que tinha em carteira e até, por aqueles dias, a Portugal Telecom decidiu fechar a sua conta no banco dos acionistas!), a conclusão só pode ser uma: soube-se! Os amigos, como aqueles a quem Ricardo Salgado mandou recomprar papel comercial nos últimos três meses, inflacionando o prejuízo do banco em sentido contrário às instruções recebidas do regulador, o Banco de Portugal, conseguiram minorar as perdas. Os indícios são mais que muitos e prová-los deve ser uma missão das instituições que regulam o setor, em associação com a Justiça.

3. É verdade: a solução encontrada para o BES parece ter sido a melhor. Pelo menos, foi bastante elogiada na União Europeia, além de ter sido tão bem recebida pelos mercados quanto o foi a inevitável demissão de Henrique Granadeiro na PT depois do caso dos 900 milhões de euros "investidos" em papel da Rioforte. No entanto, a regulação e a supervisão voltam a sair muito fragilizadas do caso BES. Repete-se, com outros contornos, o caso BPN-Vítor Constâncio. E o argumento é sempre o mesmo: não havia informação, houve factos novos. Pois, mas a verdade é que, mesmo com razoável intenção e notórias desculpas, Carlos Costa, Passos Coelho e Cavaco Silva - pessoas que representam o Estado português! - induziram em erro o País e causaram graves prejuízos aos investidores. Afinal, o BES não estava saudável. Esteve em grave risco. Já estava abaixo da linha vermelha aquando do último aumento de capital a que concorreram os crentes aforradores que agora vão perder as suas poupanças. E este novo episódio não contribui para a imagem de todas as instituições envolvidas.

4. Outra das dimensões do escândalo do BES tem que ver com a solidez dos produtos financeiros que são colocados no mercado. O caso das últimas obrigações da Rioforte é um excelente exemplo de algo que nunca deveria ter passado no crivo da CMVM. Em termos concretos, a empresa não tinha valor, ativos, que justificassem o empréstimo obrigacionista que colocou cá fora e que Ricardo Salgado venderia depois nos balcões do banco aos incautos depositantes e cá fora às empresas onde pontificavam amigos. Carlos Tavares mostrou o seu incómodo no Parlamento, mas não chega. Há que ser mais exigente com estes "produtos financeiros" porque tudo isto tem que ver com a confiança no sistema financeiro e a vida concreta das pessoas que investem as suas poupanças.

A insustentável leveza da gestão de Ricardo Salgado parece ter apanhado de surpresa até os acionistas do Crédit Agricole francês, o grande apoio internacional da família Espírito Santo, e que tinha até assento no conselho de administração do BES. Há coisas que, mesmo ouvidas, são difíceis de acreditar...

ISTO ESTÁ MAU



RUI CARDOSO MARTINS – Público, Revista 2

Isto está mau é para os ricos, que os pobres já não tinham nada. O governador do Banco de Portugal diz que há esquemas “muito difíceis de detectar antes de entrarem em ruptura”. Mas um banqueiro maléfico tem um plano para uma conta malvada de um banco mau.

 Já tiraram o retrato completo a um tal Ricardo Salgado (nascido em Cascais, 25 de Junho 1944, meio morto na Comporta, Agosto 2014). Quase dez milhões de portugueses percebem, de repente, que ele sempre teve sobrancelhas de aldrabão, pestanas de trapaceiro, nariz de mentiroso, boca de traidor, olhos de embusteiro, orelhas de impostor, mãos de pantomineiro, cabelo de vigarista e, pior do que tudo, alma de pato-bravo. Reparem lá bem se não tem. É claro que tem, eu sempre disse, confessam os ex-admiradores do herói nacional da banca internacional Ricardo Salgado.

Mas de facto está na cara dele. Já aqui se escreveu na biografia, há semanas: em 1920 (cinco anos depois da morte de José Maria), surgia o Banco Espírito Santo SR.L. Em 2014, esperam-se novidades do Banco Espírito Santo SSRS (Sociedade de Sarilhos de Ricardo Salgado).* E esta era a biografia boa, ainda não tínhamos chegado à biografia má.

As novidades não param e, se inventaram um banco bom e um banco mau, as notícias são todas más. Incluindo as “boas”: um dia acordaremos deste BESadelo (mau, começam os chistes) e quem pagou os prejuízos do banco “bom” foram os bons dos contribuintes, outra vez. A única coisa boa que agora todos pedem, ministros e governadores, gestores e analistas neutrais (fora Marcelo Rebelo de Sousa e Miguel Sousa Tavares, que lá sabem da complexidade da vida), mais os países Aliados e os do Eixo, é má para Ricardo Salgado: prendam o homem ou ainda nos dá uma coisinha má.

Pelo menos não falta assunto diário aos grupos de amigos barrigudos nas praias do Algarve que, de mãos na anca de investimentos, molham os pés na água fria do mar Salgado. O BES e o seu produto associado, os trocadilhos com o BES. E as graçolas com o Espírito Santo e o diabo a quatro. E a crise de Jesus e do Benfica. Espera, é tudo a mesma coisa: a liquidação geral da equipa do Benfica em hasta pública é um derivado tóxico da queda do BES.

Mas a melhor síntese do magno problema “Portugal, Agosto de 2014”, deu-a um mendigo. Antes de almoçar, mas não antes de beber meio pacote de carrascão, um filósofo que dorme na rua trocou isto por um euro: “Isto está mau é para os ricos, que os pobres já não tinham nada.”

Um euro por sabedoria, ainda há coisas baratas. Vale a pena investir em Portugal. A propósito, compare-se este mendigo com o nível de abstracção filosófica atingido por um “investidor de décadas” que perdeu “muitos milhares de euros” na última recapitalização do Banco Espírito Santo. Chamava-se Sousa Figueira, ou Sousa Pereira, ou Oliveira e Sousa, ou Sousa Oliveira, um desses indubitáveis nomes de pequeno-médio accionista ligado ao universo do direito administrativo e fiscal, ou coisa que o valha. Pelo menos tinha uns livros muito grossos, forrados de marroquim, atrás das costas. Tudo o que ele investiu se derreteu no NBM (Novo Banco Mau), fundado pelo governador de Portugal, e queixava-se à RTP: “Nós vivemos no princípio da confiança bancária, e quando alguém se atravessa a dizer que tudo está bem, nomeadamente o primeiro-ministro, nomeadamente a ministra das Finanças, nomeadamente o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que a solidez do banco nunca esteve em causa, que existe uma almofada [financeira] suficiente para resolver todos os problemas, logicamente que o meu dia-a-dia continuou a ser normal, sem qualquer tipo de preocupação.”

Parágrafo de espanto: !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Homem, cidadão Figueira Oliveira, acorde: um pedinte que no dia-a-dia tem que dormir na rua percebe mais de almofadas do que o senhor. A primeira frase é da maior ironia ou da mais fina alienação. Não só viveremos no princípio da confiança bancária (desde quando?) como ainda acredita quando o primeiro-ministro diz que está tudo bem.

Isto é, ele investe dinheiro pela palavra dada por Passos Coelho, que não mente (desde quando?) e depois continua a viver sem preocupação. Agora percebemos ao que isto chegou, obrigado, dr. Oliveira Figueira, continue a fazer negócios, mas fale primeiro com a sua empregada.

Mas porque a confiança bancária é o sistema em que vivemos, há esperança para Ricardo Salgado. Três milhões de euros de fiança puseram-lhe três milhões de neurónios a pensar. O seu cérebro único de Caixa Multibanco magica agora o salvamento das contas confiscadas no BES a si, e aos três milhões de primos da família Espírito Santo. Aliás, os primos que se danem, já foram enganados tanta vez, e já enganaram tantas outras, que bem podem acabar na ruína.

O último plano de Ricardo é audacioso: a fuga solitária de uma das sua continhas (alguns milhões de euros). É uma filha querida do banqueiro e vive triste e ofendida por a terem encerrado no BES Mau, a comer porcarias. Salgado quer libertá-la de Portugal e fazê-la viajar e conhecer as irmãs que vivem, sob anonimato, com nome fictício, pela Europa e Estados Unidos, Angola e América do Sul, pelas off-shores do belo planeta verde do BES. O plano é simples: disfarçada de papel comercial “bom” assinado por algum supervisor comprado com uma prenda de 16 milhões (escusa de os declarar), a conta fictícia “DDT” sai da caixa forte do banco de manhã cedo, passa uma portagem da Ascendi, segue para o Dubai na agência de viagens espanhola Space, salta pela falida ESCOM angolana para comer um snack, visita o escritório brasileiro da imobiliária Guaraiuva, regressa para um café na PT com Granadeiro e uma radiografia falsa no Hospital da Luz, voa ao Luxemburgo para ver se a polícia ainda está à porta, visita a Madeira através de Moçambique. Depois de passar por 400 empresas falidas, ao fim da noite já cá está outra vez, limpa, fresca e livre como uma nota de 500, a jantar lagosta com Salgado na Comporta.

*Ver “Do Natural e do Desnaturado”, Revista 2 de 8 de Junho de 2014

Portugal: PIRÓMANOS



Fernanda Mestrinho – jornal i, opinião

Ricardo Salgado, Oliveira Costa & C. são os pirómanos da banca portuguesa. Deitaram fogo às finanças dos cidadãos, incendiaram empresas. Os governos não actuaram preventivamente, a corporação de bombeiros (Banco de Portugal) chegou só para o rescaldo. 

A história repete-se. Na década de 90, na TVI da Igreja, chefiando os telejornais de fim-de--semana, com Pedro Pedroso, e com acesso a um documento do Banco de Portugal, demos as primeiras notícias da Caixa Açoreana. Os jornalistas Fernanda Neto e José Mussuali formavam essa equipa. 

Com pouca audiência, nem os fiéis viam a TVI, nada acontecia. Foi então que Helena Sanches Osório, já falecida, da direcção do “Independente” me telefonou a perguntar se lhe cedia os papéis. Claro que os enviei… 

Publicou no “Independente” e a Caixa Açoreana explodiu. Fiquei contente ainda que sem os louros. Milhões e milhões do Fundo Social Europeu evaporaram--se numa rede de corrupção. Muita gente prejudicada. Alguns processos, tudo embrulhado, mas nada de mais…. 

Com o BPN e o BES, tal como então, os cidadãos não acreditam na penalização severa dos responsáveis. E quem garante, com mais pirómanos à solta, que não haverá mais fogos? 

PS: Afinal Mota Pinto não será chairman do Novo Banco. Nem é preciso. Gostei. E já agora também não podem acabar com isso dos administradores não- executivos ou membros dos conselhos de estratégia. Estou a lembrar-me de Catroga ou Celeste Cardona da EDP. Seria uma boa limpeza das matas partidárias…

Jornalista/advogada - Escreve ao sábado

Portugal: PSI-20 BES 'matou' num mês um ano de recuperação da Bolsa




Adianta o jornal i que bastou um mês para o caso em torno do BES ter levado à destruição do valor que a Bolsa tinha recuperado, desde os mínimos de 2013, atingidos na sequência da saída “irrevogável” de Paulo Portas.

A Bolsa demorou um ano a recuperar o seu valor depois do episódio “irrevogável” de Paulo Portas, que se afastou do Governo para voltar pouco depois, já como vice-primeiro-ministro. Conta o i que o caso BES desfez num mês a recuperação que demorou um ano.

Recorda o mesmo jornal que em julho do ano passado o PSI-20 chegou a cair até aos 5364 pontos, o seu valor mais baixo desde a primavera de 2012 (altura em que valia cerca de 4400 pontos). A Bolsa foi recuperando o seu valor desde o verão do ano passado, valendo a 1 de abril deste ano 7700 pontos – o seu valor mais alto neste período – acabando por se nivelar nos meses seguintes na casa dos 6800.

Em julho, o caso em torno do Grupo Espírito Santo (GES), que acabou por afetar irremediavelmente o banco privado, deu início a nova ‘derrocada’. Desde 5 de julho que a Bolsa terá desvalorizado cerca de 21%, um impacto que nunca foi tão grande em alturas em que o Tribunal Constitucional chumbou medidas do Executivo, recorda ainda o i.

Notícias ao Minuto


A SEMANA QUE INTRODUZIU A NOVA GUERRA-FRIA




O anúncio de Obama de que conseguiu um acordo com os parceiros europeus sobre “medidas coordenadas de sanções sobre a Rússia” sugere sem dúvida que a era pós-guerra fria está a findar. O presidente cuja incompetência o tem levado de desastre em desastre meteu-se em novo e ainda maior beco. Assustado com o crescente desafio à supremacia do dólar americano, Obama envereda por uma guerra de guerrilha. A questão é que, sem a liberdade tão simples de imprimir notas de dólar, a economia americana está condenada.

Se os futuros historiadores tiverem que marcar a transição do pós-guerra fria para a nova Guerra Fria, serão levados a considerar de perto a semana que passou. O governo de Barack Obama encontra-se num estado de espírito triunfalista depois de ter conseguido, finalmente, juntar os mais importantes aliados europeus dos EUA (Reino Unido, França, Alemanha e Itália) na sua estratégia concertada para isolar a Rússia da Europa e impor sanções provocativas contra ela.

Obama podia ter feito esta semana um discurso de agitação tipo Cortina de Ferro, não tivesse acontecido a confusão na Líbia, no Iraque, na Síria, no Afeganistão, etc., e o horrível massacre em Gaza que manchou a sua própria reputação, não esquecendo além disso que um Nobel não é suposto dar gritos de guerra.

De qualquer modo, o vídeo da teleconferência de Obama com os parceiros europeus significando o acordo sobre “medidas coordenadas de sanções sobre a Rússia” sugere sem dúvida que a era pós-guerra fria está a findar.

Dentro das próximas “12 a 48 horas”, Bruxelas estará a anunciar novas sanções contra Moscovo com base no plano dos EUA que envolve um largo pacote de medidas destinadas a pôr a economia russa de joelhos. Washington anunciará então as suas sanções próprias contra a Rússia.

Estas chamadas sanções da Terceira Fase são supostas atingir as instituições financeiras da Rússia, o negócio das armas e a tecnologia de exploração da energia. Os bancos russos ficarão impedidos de subscrever emissões de obrigações ou fundos próprios nas bolsas europeias e haverá um bloqueio da transferência de tecnologias sensíveis possíveis de serem usadas na prospeção marítima de profundidade, na exploração ártica e na extração de óleo de xisto. Espera-se que o embargo inclua também uma proibição de futuros negócios de armas com a Rússia.

Moscovo pôde antecipar as chamadas sanções da Terceira Fase e começou a “colocar os vagões em círculo”. Na passada terça-feira, o presidente Vladimir Putin teve no Kremlin um encontro do Conselho de Segurança da Rússia, o mais alto organismo de decisão política sobre questões de política externa e segurança. Putin fez um importante discurso na reunião, cuja agenda foi inquestionavelmente a discussão das opções estratégicas da Rússia no clima da nova Guerra Fria em todas as áreas da política nacional – política interna, política externa, poder militar e até a “guerra da informação”.

Afirmou Putin: “As nossas forças armadas mantêm-se a mais importante garantia da soberania e integridade territorial da Rússia. Reagiremos apropriada e proporcionalmente à aproximação da infraestrutura militar da NATO às nossas fronteiras e não deixaremos de notar a expansão dos sistemas globais de mísseis de defesa e os aumentos das reservas de armas estratégicas não-nucleares de precisão … podemos ver claramente o que atualmente acontece: grupos de tropas da NATO estão claramente a ser reforçados nos países da Europa de leste, incluindo os mares Negro e Báltico. E a escala e intensidade dos exercícios operacionais e de combate aumentam. É imperativo aplicar total e programadamente todas as medidas planeadas para o reforço da nossa capacidade de defesa do país. 1992.” (Kremlin website).

Os acontecimentos desta semana desmentem plenamente qualquer esperança residual de um entendimento entre Washington e Moscovo. Do mesmo modo, o papel mediador da Europa, em particular da França e da Alemanha, está também a esgotar-se. A avaliação dos EUA é a de que se encontra numa situação ganhadora, porque, como o académico de Carnegie Dmitry Trenin observou esta semana, “Mesmo que nenhum dirigente pró-ocidental substitua Putin no Kremlin… a Rússia sucumbirá a um outro período de agitação, obrigando-se a virar sobre si própria, em vez de criar problemas a Washington.”

Trenin apresenta o cenário cruamente: “Já não se trata da luta pela Ucrânia, mas da batalha pela Rússia. Se Vladimir Putin conseguir manter o povo russo do seu lado, vence-a. Se não, pode seguir-se outra catástrofe geopolítica.”

Claro que Trenin exagera. A popularidade de Putin é duas vezes a de Obama. O povo russo admira Putin como um patriota e um líder forte, enquanto os americanos veem cada vez mais Obama como um incompetente seja qual for o assunto em que pegue.

Mas, o perigo real está noutra coisa, designadamente no facto de a comunidade internacional ter de pagar um preço elevado pela incompetência de Obama num quadro de uma nova Guerra Fria. Quando o Irão não pôde ser intimidado com sanções, o que leva Obama e os seus colegas europeus a estarem tão confiantes que tal possa acontecer a um país muito mais poderoso como a Rússia?

Será o poder combinado dos EUA e seus aliados europeus suficiente para alterar a ordem mundial e isolar a Rússia, a qual por acaso até é, contrariamente à antiga União Soviética, ávida de globalização?

Se a Europa não comprar petróleo russo e se virar para outro lado, o que acontece ao mercado do petróleo que também fornece o resto do mundo? O que acontece de facto à própria recuperação económica da Europa se o preço do petróleo disparar?

Evidentemente que, quando a Rússia vê a NATO e a instalação dos ABM (mísseis antibalísticos – N.T.) como uma ameaça existencial, como pode alguma vez reconciliar-se com o estabelecimento de bases militares EUA-NATO no Afeganistão? E ainda, se a Rússia é um adversário, porque teria que cooperar mais com os EUA (e o Ocidente) sobre o Irão, a Síria e o Iraque?

Em que ponto vai tudo isto deixar os outros países importantes do lado não-ocidental do mundo, a Índia, o Brasil ou a China? Esperará o Ocidente que estes países cumpram o regime de sanções da Fase Três? E se não o fizerem?

Não, sr. Trenin, está enganado. Não se trata realmente do regime da Rússia, trata-se da ordem mundial. Trata-se do sistema Bretton Woods e da ameaça que lhe é feita da qual Putin é a ponta de lança, como foi evidente na cimeira dos BRICS em Fortaleza.

Estamos em presença do contra-ataque de Obama numa guerra de guerrilha, assustado com o crescente desafio à supremacia do dólar americano. A questão é que, sem a liberdade tão simples de imprimir notas de dólar, a economia americana está condenada.

O resto do mundo percebe perfeitamente bem sobre o que é a nova Guerra Fria. Mesmo os europeus não são burros, também eles entendem o que se passa, conforme a sua grande relutância em isolar a Rússia testemunhou durante todas estas semanas e meses.

Com a maior das certezas, não há qualquer ideologia metida nisto. Não é uma guerra sobre o socialismo ou sobre o terrorismo, nem é intrinsecamente uma guerra sobre a Ucrânia ou a Rússia. Em termos claros, a nova Guerra Fria é sobre a perpetuação do domínio global dos EUA.

Sem o sistema de Bretton Woods, sem a NATO, sem superioridade nuclear sobre a Rússia, os EUA enfrentam a perspetiva de se tornarem uma potência imensamente diminuída com o tempo. Sem a liderança transatlântica, fica reduzida ao que era antes da I Grande Guerra, há cem anos: uma potência regional com influência no hemisfério ocidental.

*O embaixador M K Bhadrakhumar serviu durante mais de 29 anos na carreira diplomática no Ministério dos Estrangeiros indiano, ocupando nomeadamente os postos de embaixador da Índia no Uzbequistão (1995-1998) e na Turquia (1998-2001).

Tradução: Jorge Vasconcelos – em O Diário.info

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PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA É UM ESPIÃO NORTE-AMERICANO



Thierry Meyssan

Por trás da nomeação do presidente da Comissão encontra-se o dedo dos Estados Unidos, que esperam assim fazer avançar a sua agenda: limitação da soberania dos Estados aliados e criação de um vasto mercado transatlântico. Deste ponto de vista, a personalidade de Jean-Claude Juncker é a ideal. Ele foi, com efeito, forçado a renunciar no seu próprio país, o Luxemburgo, quando se demonstrou que era um agente operacional dos Serviços Secretos da NATO [1] . Assim, não só os chefes de Estado e de Governo afundam a sua própria autoridade, como colocam acima de si próprios um agente da Gládio.

Foi para um verdadeiro naufrágio que os governos europeus se encaminharam, sexta-feira, 27 de Junho de 2014: o Conselho de chefes de Estado e de governo ratificou a nomeação de Jean-Claude Juncker na presidência da Comissão Europeia, alegando que o seu partido (o Partido Popular Europeu) venceu as eleições para o Parlamento Europeu.

Consequentemente, o próximo presidente da Comissão será a única personalidade eleita pelo conjunto dos cidadãos da União, mesmo que o tenha sido por apenas 45% deles. Portanto, em caso de conflito entre ele e o Conselho, ser-lhe-á fácil remeter (politicamente, NT) a chanceler alemã e o presidente francês para as suas pequenas "regiões eleitorais", que são as Republicas alemã e francesa.

Alguns salientam que não designar o presidente da Comissão desta forma, quando tal "lhe" havia sido prometido, não poderá deixar de aparecer como uma negação da democracia e desencorajará os eleitores.

Ora, o modo de designação do presidente da Comissão jamais foi discutido antes da eleição do Parlamento. Ninguém sabe quem introduziu esta ideia que não figura nos Tratados, os quais prevêem que ele seja eleito por uma maioria qualificada de chefes de Estado e de Governo. Eì uma tremenda afronta que os apoiantes da NATO apresentem esta inovação como um "avanço democrático", confundindo um escrutínio eleitoral desprovido de eleitores com a democracia. Ora, a democracia, a única, a verdadeira é: "O governo do Povo, para o Povo e pelo Povo", segundo a fórmula de Abraham Lincoln.

Deve lembrar-se, por exemplo, que na República Checa a taxa de participação às urnas foi de apenas 13%! E é com uma tal taxa de participação que contam impor aos checos uma personalidade acima do seu governo.

Somente os antigos parlamentares eurocépticos da Aliança dos conservadores e reformistas Europeus, e os nacionalistas da Aliança Europeia para a Liberdade, contestaram este processo durante a campanha eleitoral. Os governos envolvidos só compreenderam a armadilha tarde demais. Angela Merkel tomou a cabeça da fronda, mas abandonou-a quando comparou os seus próprios resultados com os de Jean-Claude Juncker, sem se preocupar com a situação dos outros chefes de governo da União, nem do que acontecerá à Alemanha depois dela. Apenas o húngaro Viktor Orban e o britânico David Cameron se mantêm firmemente opostos a este precedente, mas por razões diferentes: o presidente Orban pensa na posição do seu pequeno país no seio da Grande União, enquanto o Primeiro-ministro britânico se dirige para uma retirada do seu país para fora da União, para regressar ao conceito europeu de Winston Churchill.

Por trás da nomeação do presidente da Comissão encontra-se o dedo dos Estados Unidos, que esperam assim fazer avançar a sua agenda: limitação da soberania dos Estados aliados e criação de um vasto mercado transatlântico. Deste ponto de vista, a personalidade de Jean-Claude Juncker é a ideal. Ele foi, com efeito, forçado a renunciar no seu próprio país, o Luxemburgo, quando se demonstrou que era um agente operacional dos Serviços Secretos da NATO [1] . Assim, não só os chefes de Estado e de Governo afundam a sua própria autoridade, como colocam acima de si próprios um agente da Gládio.

As consequências desta nomeação não se farão sentir de imediato, mas o verme já está no fruto. Elas se manifestarão quando surgir uma crise entre os diferentes protagonistas. Será, então, tarde demais.

[1] "Gladio en Luxemburgo: Juncker obligado a dimitir" ("Gládio no Luxemburgo: Juncker forçado a demitir-se"), Red Voltaire, 16/Julho/2013. 

Leia mais em Resistir.info 

O original encontra-se em www.voltairenet.org/article184485.html . Tradução de Alva (efectuadas pequenas alterações).

Este artigo encontra-se em 
http://resistir.info/ 

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