sábado, 13 de setembro de 2014

Portugal: ESCOLHER SAIR DO PÂNTANO



Tiago Mota Saraiva – jornal i, opinião

Em qualquer sociedade com eleições livres, sempre que a corrupção se instala, a avaliação de honestidade passa a ser um valor que se sobrepõe e tende a desvalorizar o debate político – vital para qualquer regime democrático. Contudo, rejeitar a denúncia e abdicar de fazer esse combate público reservando o problema para a esfera dos tribunais permite que o contra-ataque democrático fique circunscrito e reservado a um sector fácil de controlar.

Estando generalizada a ideia de que a corrupção se instalou nas mais altas esferas do regime português – seja pelo julgamento de Vara e afins, seja pelo lento caminho para a prescrição do caso dos submarinos (com corruptores na Alemanha e sem corrompidos em Portugal), a honestidade e a decência devem estar, cada vez mais, instaladas no território do debate político.

Esse enraizamento não é falso nem artificial. É uma resposta ao que as pessoas identificam, justamente, como um problema grave. Evitar fazer esse debate pode ter como consequência a valorização de populismos higienistas de raiz fascizantes ou a generalização de que são todos iguais ilibando o voto naquele que “roubou mas fez” ou permitindo a eleição de quem apenas declara generalidades sobre a matéria.

Não responder, não disputar este território, é um erro político com perigos evidentes. A corrupção é um factor corrosivo da democracia.

A construção de um governo decente composto por cidadãos que passados poucos anos não estejam envoltos em crimes de colarinho branco, que não saltitem entre governo e empresas privadas que tutelam ou que estejam comprometidos com um criterioso estatuto de incompatibilidades e transparência é uma tarefa que os partidos do arco da governação – PS, PSD e CDS –, em mais de 38  anos de governação, têm dado provas de não conseguir fazer.

Escreve ao sábado  

Portugal – BES - Novo Banco: Nova administração conhecida nas próximas horas




A nova administração do Novo Banco deverá ser conhecida no decorrer deste fim de semana, avança o Expresso.

No dia em que o Expresso faz manchete com a saída da administração do Novo Banco, a mesma publicação revela que o Banco de Portugal já escolheu a equipa que vai substituir Vítor Bento, Moreira Rato e José Honório.

De acordo com o noticiado esta manhã pelo Expresso, na sua edição online, o governador do Banco de Portugal já escolheu a próxima equipa que vai liderar o Novo Banco.

E a revelação dos novos nomes deverá ser feita nas próximas horas.

Segundo a mesma fonte, Vítor Bento e a sua equipa 'atiraram a toalha ao chão' por divergências sobre aquele que será o futuro do Novo Banco. A atual administraçaõ queria um projeto a médio prazo, queria criar valor no banco para só depois ser vendido. No entanto, as pressões políticas dos últimos dias para que o banco 'bom' seja vendido, levou Vítor Bento, Moreira Rato e José Honório a apresentarem a sua demissão.

Notícias ao Minuto

É PORTUGUÊS, É JIHADISTA E EXPLICA PORQUE FOI PARA A SÍRIA




As autoridades portuguesas acreditam que serão mais de dez os portugueses jihadistas que se alistaram no Estado Islâmico. O Expresso encontrou um desses jovens e conseguiu conversar com ele. Com dupla nacionalidade –portuguesa e francesa – o jovem agora atende pelo nome de Omar, vive na Síria e explica que luta no Médio Oriente “por causa das injustiças que existem sobre os muçulmanos”.

A notícia caiu como uma bomba: existem jovens europeus que abandonaram a família e o seu país natal para se juntarem ao Estado Islâmico no Médio Oriente.

O Expresso chegou à fala com um desses jovens que é lusodescendente e que, numa breve conversa, explicou o que o levou até à Síria.

Em 2009, o jovem que tem nacionalidade portuguesa e francesa converteu-se ao Islão, apesar de toda a família ser cristã. Mudou-se para Raqqa há cerca de um ano e agora chama-se Omar.

Quando questionado, via Facebook, porque é que decidiu partir para a Síria, o jovem de 23 anos respondeu sem hesitar: “Por causa das injustiças que existem sobre os muçulmanos”.

Omar partiu para a Síria na companhia de um amigo. Não conheciam ninguém no país muçulmano mas partiram em “aventura”. Um ano e um mês depois já matou pessoas e já foi ferido em combate, embora sem gravidade.

Sobre a família, que nasceu uma aldeia de Trás-os-Montes, teceu poucos comentários. Disse apenas que os familiares “choram” sempre que falam ao telemóvel.

Notícias ao Minuto

RAMONET: POR QUE O ORIENTE MÉDIO ESTÁ EM CHAMAS




Três guerras, um quebra-cabeças. Em declínio, EUA recuam, mas agem por meio de satélites. Irã busca mais espaço. Sauditas apelam para ultra-fundamentalismo.

Ignacio Ramonet – Outras Palavras - Tradução Cauê Seignemartin Ameni

Com Síria, Iraque e os confrontos entre Israel e os palestinos na Faixa de Gaza, há agora três guerras abertas ocorrendo simultaneamente no Oriente Médio. A estas hostilidades militares, é preciso acrescentar as as tensões co o Irã, envolvendo seu programa de energia nuclear, e as rivalidades diplomáticas entre diversas potências regionais, como Arábia Saudita e Egito. Tudo confirma: a região é o “barril de pólvora” do planeta e a “ante-sala da confusão” no mundo.

Uma primeira pergunta vem à mente: porque essa acirramento repentino? As causas locais são múltiplas, devido à própria a diversidade dos atores envolvidos e de seus motivos (religiosos, étnicos, territoriais, políticos, petroleiros, etc). Mas um fato geopolítico parece determinante: a decisão dos Estados Unidos de reduzir seu envolvimento militar no teatro do Oriente Médio e se focar no leste da Ásia. Após os belicosos anos Bush, o governo Obama parece ter chegado a duas conclusões estratégicas: primeiro, um poderoso aparato militar não pode fazer tudo; e o país, atingido pela crise, já não tem os meios para exercer uma hegemonia absoluta.

Resultado: os Estados Unidos estão se retirando do Oriente Médio. Sobretudo, desde que o argumento principal para sua presença na região, o petróleo, vem perdendo a cada dias um pouco mais de importância, na medida em que o gás ou petróleo de xisto, no subsolo americano, substituem gradualmente as importações de hidrocarbonetos do Oriente Médio.

É este o momento geopolítico preciso que a região atravessa: uma potência hegemônica, os EUA, retiram-se progressivamente; e outras potências e outras forças locais confrontam-se para ocupar o espaço político abandonado. Os acontecimentos parecem se acelerar de repente, como se todas as partes envolvidas começassem a pressentir a aproximação de um acontecimento decisivo, onde novas cartas serão colocadas na mesa. Isto dá espaço para os conflitos atuais, num contexto regional sacudido pelo crescimento do conflito entre sunitas e xiitas que incendeiam toda a região do Crescente Fértil, de Gaza ao Golfo Pérsico.

Uma leitura fragmentada – a que os jornais diários oferecem  – não captura o movimento geral, no cenário de operações. Temos o impressão que aquilo que está acontecendo em Gaza não tem nada a ver com os acontecimentos na Síria, e que eles são independentes das hostilidade no Iraque ou as negociações com o Irã. Na realidade, é uma falsa impressão, uma vez que todos os acontecimento são articulados entre si.

Começamos por Gaza. Por que a ofensiva atual de Telaviv? Aparentemente as coisas são simples: tudo começou em 12 de junho, quando três jovens israelense foram sequestrados na Cisjordânia. O governo de Israel acusou imediatamente o Hamas (que governa Gaza) de estar por trás do sequestro e, em seus esforços para tentar os jovens, multiplicou as detenções arbitrárias. O Hamas nega qualquer responsabilidade no sequestro de três jovens. Mas isso não impede que as autoridades israelenses prendam quatrocentos palestinos supostamente próximos do Hamas. Outros são mortos. Casas e apartamentos pertencentes a suspeitos são destruídos. Em retaliação, foguetes são disparados de Gaza contra Israel. Em 30 de junho os corpos dos três jovens desaparecidas são encontrados: foram assassinados perto de Halhoul, na Cisjordânia. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse: “O Hamas é responsável; o Hamas pagará”. Nada, nenhuma prova evidência do envolvimento do Hamas no sequestro e assassinato hediondo dos três jovens israelenses. No entanto, nada impediu, alguns dias depois, a “punição” militar lançada contra Gaza.

Qual é a verdadeira razão? É precismo voltar a 29 de março. Naquele dia, Israel recusou-se a libertar, conforme acordado, um último grupo de prisioneiros palestinos, exigindo uma extensão das negociações de paz para além do prazo previsto de 29 de abril. É preciso dizer que o governo de Netanyahu – o mais a direita na história de Israel – não demonstrou vontade real em negociar com a Autoridade Palestina e abandonar sua política de colonização, conforme demonstrou a iniciativa natimorta do secretário de Estado norte-americano John Kerry, lançada ano passado.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarou-se disposto a prolongar as discussões, com a condição de que Israel libertasse os prisioneiros, congelasse os assentamentos e aceitasse discutir a demarcação das fronteiras do futuro Estado palestino. O governo de Telaviv rejeitou as demandas. E a partir desse momento, as hostilidades entre israelenses e palestinos aumentaram.

Neste contexto, no momento em que o processo de paz encontra-se totalmente atolado, uma sucessão de eventos ocorre: os palestinos assinam, em 23 de abril, um acordo de reconciliação entre o Fatah — que governa a Cisjordânia — e o movimento islâmico Hamas, no poder em Gaza. Juntos, decidem formar um governo de “consenso nacional”. Liderado pelo premiê Rami Hamdallah, e composto por tecnocratas. ele não conta com nenhum membro filiado ao Hamas. Os líderes israelenses ficam furiosos, e acusam o presidente palestino Abbas de ter escolhido “o Hamas, e não a paz”.

Afim de tranquilizar os israelenses e a comunidade internacional, o presidente Abbas prometeu que o novo governo da unidade nacional, rejeitará a violência, reconhecerá Israel e respeitará os compromissos internacionais. Por sua vez, Washington anunciou sua intenção de colaborar com o novo governo palestino e acrescentou que manterá sua ajuda financeira à Autoridade Palestina. A União Europeia também declarou apoio ao novo gabinete palestino.

Mas o primeiro-ministro israelense, Bejamin Netanyahu, afirma: “O Hamas é uma organização terrorista que visa a liquidação de Israel; esta aliança é inaceitável”. Logo após, ocorre o sequestro dos três jovens israelenses. E como os acontecimentos estão ligados, fornecem o pretexto para o governo israelense “destruir o Hamas”.

Na verdade, as coisas são ainda mais complexas. Pois, de fato, o Hamas vem sofrendo as consequências de uma reversão de alianças feitas recentemente. Lembremos de que, sob a influência de dois Estados próximos da Irmandade Muçulmana, Turquia e Qatar, o Hamas – ele mesmo, uma ramificação da Irmandade – mudou sua diplomacia regional no ano passado e fez escolhas geopolíticas que se mostraram desastrosas: afastou-se do presidente sírio, Bashar Al-Assad (e, portanto, do Irã) em plena guerra civil na Síria, pensando em forjar uma nova aliança com a Irmandade Muçulmana no Egito, que poderia ajudar o Hamas em Gaza.

Foi um grande erro: todas as previsões fracassaram. A Irmandade Muçulmana, que a Arábia Saudita também combate, foi derrubada no Egito — onde o general Al-Sissi assumiu o poder e não está, obviamente, ansioso por ajudar o Hamas — ligado à mesma Irmandade Muçulmana que ele persegue sem tréguas em seu solo. Em troca, Cairo tem restaurado a cooperação de segurança com Israel, em prejuízo de Gaza, onde condições de vida estão degradadas e os cidadãos estão culpabilizando os dirigentes islâmicos.

Sem o poder necessário, o Hamas não conseguiu melhorar a vida dos dois milhões de habitantes de Gaza. O movimento islâmico permanece sujeito à escalda local de grupos radicais, como a Jihad Islâmica, responsável pelo disparo contínuo de foguetes contra o território israelense. Assim, em um ano, o Hamas perdeu seus principais aliados — a Síria, o Irã e o Egito. Constrangido, aproximou-se do Fatah e da Autoridade Palestina. Atraindo ainda mais a ira do governo de Israel…

Além disso, Bashar el-Assad continua no poder na Síria, apoiado pela Rússia, Irã e o Hezbollah libanês. Embora a guerra em seu país esteja longe de acabar, está claro que as autoridades em Damasco marcaram pontos e, agora, retomaram a iniciativa na guerra.

É neste contexto regional que se desenvolvem os recentes acontecimentos no Iraque. Em especial a tomada, por um grupo de jihadistas sunitas, da importante região de Mosul — não só rica em petróleo, mas também território que concentra os Curdos. Este acontecimento inesperado ocorre no momento preciso em que as negociações entre o Irã e as potenciais ocidentais, sobre o programa nuclear, estão mais próximas que nunca de levar a um acordo, em que a Arábia Saudita perde sua aposta na Síria.

O reino saudita, ligado a uma vertente radical do islamismo — o wahhabismo — investiu pesadamente na luta para derrubar o presidente Assad. Durante três anos, cerca de 45 mil combatentes estrangeiros, financiados pela Arábia Saudita, foram enviados ao território sírio para lutar contra as autoridades de Damasco. Eles chegaram a oferecer, para engrossar o efetivo dos grupos islâmicos, prisioneiros já condenados à morte, acenando com a possibilidade de se redimir, caso fizessem a guerra santa (jihad) na Síria. O reino não só abriu seus depósitos de armas para a oposição, como teria comprado fábricas de armas na Ucrânia, cuja a produção era enviada diretamente para os combatentes na Síria, através da Jordânia. Apesar desta impressionante manobra, as autoridades de Damasco conseguiram manter o equilíbrio de forças no terreno.

É por isso que a resposta chegou no Iraque. Rejeitados na Síria, os jihadistas sunitas juntaram-se ao grupo islâmico ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante, em inglês) para lançar uma ofensiva-relâmpago em junho, ameaçando Bagdá. Grupos sunitas armados, menos radicais, aderiram ao movimento com o propósito de criar um califato através das fronteiras entre Síria e Iraque.

Os curdos aproveitaram a chance para apoderar-se de outra cidade, Kirkuk, rica em petróleo, cujo controle disputaram, durante vários anos, com o governo de Bagdá. A incompetência do governo central e sua política favorável aos xiitas criaram as condições perfeitas para a insurgência sunita. Em todo caso, o golpe de força dos jihadistas do ISIS coloca em dificuldades o primeiro ministro iraquiano (xiita) Nouri al-Maliki, aliado do Teerã.

Este embaralhamento de cartas deve resultar no retorno da Arábia Saudita às negociações no Iraque. E ao mesmo tempo, esse novo contexto permite, sobretudo, que o Irã volte a ser uma potência regional decisivo. Porque compartilha alguns interesses-chave com os ocidentais, especialmente os Estados Unidos. Os americanos têm em comum com o Irã xiita o mesmo inimigo: o jihadismo sunita, e particularmente seu grupo atual mais ativo, o ISIS, financiado pela Arábia Saudita, oficialmente um aliado de Washington…

Como podemos ver, num Oriente Médio em chamas em plena recomposição, a grande questão estratégica atual é o confronto entre Arábia Saudita e Irã — travado, “por procuração”, por meio de aliados locais destes dois países. O Estado-tampão que constituía o Iraque é agora disputado abertamente por ambos os lados. Com o pano de fundo do conflito na Síria e no Iraque, e a continuação do confronto entre o exército israelense contra o Hamas na Faixa de Gaza, a região vive uma virada geopolitica. A diplomacia parece paralisada, interrompida, o governo norte-americano e os europeus estão cada vez mais convencidos de que a estabilidade no Oriente Médio não pode ser alcançada sem a contribuição do Irã. Este quer ser reconhecido como potência (inclusive, no desenvolvimento de um programa nuclear civil). Não será algo que a Arábia Saudita engolirá com facilidade. E ela ainda não pronunciou sua última palavra.

Leia mais em Outras Palavras
Paul Mason - Como Gaza resistiu ao massacre
Nafeez Ahmed - Pentágono pesquisa o controle social
Felipe Amin Filomeno - A política externa dos presidenciáveis

China desaconselha viagens às Filipinas após rapto e ameaça de ataques




Pequim, 13 set (Lusa) -- A China emitiu um alerta em que desaconselha os seus cidadãos a viajarem para as Filipinas, depois do rapto de uma adolescente chinesa e da detenção de um grupo que alegadamente planeava atacar a embaixada em Manila.

"Atendendo a que a situação de segurança nas Filipinas se está a deteriorar, o serviço consular do Ministério dos Negócios Estrangeiros pede aos seus cidadãos para não viajarem para as Filipinas por enquanto", refere um comunicado oficial emitido na sexta-feira.

A advertência surge depois de, na quinta-feira, Li Peizhi, de 18 anos, ter sido raptada na localidade de Kabasalan, na província filipina de Zamboanga Sibugay, quando trabalhava no estabelecimento gerido pela sua família, por um grupo de homens armados.

A recomendação acontece também após as autoridades filipinas terem detido, no passado dia 01, três homens no aeroporto de Manila que alegadamente estariam a planear fazer explodir várias botijas de gás em diversos locais e "bombardear" a embaixada da China em Manila.

Mais tarde, as forças militares filipinas relativizaram a ameaça considerando não ser "séria".

DM // DM - Lusa

Vice-PM da China destaca turismo como pilar do crescimento económico




Macau, China, 13 set (Lusa) -- A 8.ª Reunião Ministerial do Turismo da Associação de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC) arrancou hoje em Macau, com o vice-primeiro-ministro da China a destacar o turismo como um dos pilares do crescimento económico.

"Perante o cenário da frágil recuperação da economia mundial, a região Ásia-Pacífico deve desenvolver o turismo como motor de crescimento e desenvolvimento, bem como a criação de emprego", disse Wang Yang.

Também a ministra do Turismo e das Indústrias Criativas da Indonésia, Mari Elka Pangestu, sublinhou a dimensão económica do turismo a nível mundial, afirmando que "é importante reconhecer que turismo não é só sol, praia e divertimento".

"O mercado de turismo da Ásia-Pacífico é o maior do mundo e o que cresce mais rápido. A indústria de turismo e viagens é o terceiro maior setor a nível mundial em termos económicos, depois do automóvel e dos serviços financeiros. E também é importante para a criação de emprego: um em cada 11 empregos é gerado pelo turismo, e uma região como Macau percebe isso", observou.

À semelhança de Wang Yang, Mari Elka Pangestu abordou também questões como a facilitação dos vistos e acessibilidade das viagens sem sacrifício dos princípios da segurança: "Não estamos aqui só a falar de cooperação, fomos desafiados a trazer ideias e planos de ação concretos (...) Hoje esperamos discutir, e adotar planos concretos para a criação de um plano estratégico de turismo da APEC".

Por fim, a ministra da Indonésia disse acreditar em números: "Esta é a 8.ª Reunião Ministerial do Turismo da APEC. Temos o objetivo de ter 800 milhões de turistas em 2025. Isso quer dizer que temos de duplicar o número de turistas na região. Na China o número oito é muito auspicioso porque representa a continuidade, por isso acredito que hoje é o início auspicioso para um novo futuro na cooperação e desenvolvimento do turismo na Ásia-Pacífico".

A 8.ª Reunião Ministerial do Turismo da APEC reúne 152 participantes, incluindo ministros de turismo ou representantes das 21 economias membros da Ásia-Pacífico e delegados de organizações internacionais de turismo.

Os temas dos encontros incluem a integração, transformação e crescimento dos mercados de turismo da Ásia-Pacífico, promoção do uso da tecnologia no turismo, intercomunicação e conetividade da indústria de viagens da região, incentivo ao desenvolvimento do turismo com baixo teor de carbono, e cooperação entre os operadores de turismo.

No final da reunião de hoje, será aprovado um memorando designado "Declaração de Macau", no qual deverão constar as tendências e plano de ação na Ásia-Pacífico para os próximos anos.

FV // DM - Lusa

Trabalhadores da S. J. de Macau acusam operadora de impedir folgas em dia de protesto




Macau, China, 13 set (Lusa) - Os trabalhadores da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) voltaram hoje às ruas em protesto e acusaram a operadora de não os deixar tirar folga no dia da manifestação, uma acusação que a empresa rejeita.

"A SJM cancelou todas as folgas de hoje", disse King Chan, supervisor de sala no casino Grand Lisboa e um dos organizadores do protesto de hoje.

"As pessoas que estão aqui, ou foram trabalhar de manhã ou vão à noite", afirmou.

Segundo Pun Weng Kuong, croupier daquele casino, adiantou que "há até pessoas que estavam de folga e tiveram de ir trabalhar hoje. Ligaram-lhes a dizer: 'Desculpe, mas tem de vir trabalhar'".

Os trabalhadores explicaram, no entanto, que não foi emitida nenhuma nota oficial sobre esta matéria, sendo os contactos feitos apenas individualmente.

A operadora de jogo nega as acusações.

"Não é verdade. Podem tirar dias de folga, desde que seja acordado com o supervisor. Se foram chamados a trabalhar e era o seu dia de folga, a empresa vai pagar de acordo com a situação. E se quiserem, podem recusar fazê-lo, de acordo com a lei laboral", explicou à agência Lusa o diretor executivo da SJM, Ambrose So.

Os trabalhadores queixam-se ainda de não conseguirem dialogar com a empresa mas recusam, por agora, partir para a greve - um direito previsto na Lei Básica de Macau mas que nunca foi regulamentado.

"Não queremos perder o nosso emprego, não queremos sair da empresa, mas queremos conversações pacíficas, porque somos trabalhadores normais e queremos falar com os patrões. Vamos continuar a insistir de forma pacífica", afirmou Chan.

Entre os cerca de 700 manifestantes estava também Shirley Sim, de t-shirt preta, o uniforme escolhido para identificar os trabalhadores da SJM. O valor dos salários foi o principal motivo que levou esta supervisora de sala do Grand Lisboa a juntar-se ao protesto.

"Recebemos menos 5.000 patacas (483 euros) que os trabalhadores das outras operadoras", queixou-se.

Atualmente a auferir um salário de 22.000 patacas (2.125 euros), Shirley Sim, de 48 anos, pede também que sejam atribuídos 14 meses de salário e bónus no final de cada ano.

O pedido é secundado pelo croupier Pun Weng Kuong, que reclama, ainda, o aumento dos dias de férias, dos 12 que goza atualmente para os 26 a que alguns trabalhadores de escalões mais elevados têm direito.

Este funcionário, de 34 anos, conta com um salário de 19.000 patacas (1.835 euros) que considera insuficiente, tendo em conta que outras operadoras, diz, oferecem 22.000 patacas (2.125 euros) e a Wynn chega até às 30.000 patacas (2.898 euros), incluindo horas extra.

"Temos de lutar pelos nossos direitos. Não há outra opção, temos de fazer isto", afirmou.

ISG // JLG - Lusa

OÉCUSSI, O ENCLAVE TIMORENSE NA INDONÉSIA. TÃO PERTO E TÃO LONGE DE DÍLI



António Veríssimo, Lisboa

Seguem-se três títulos de despachos da jornalista da Lusa em Timor-Leste, Isabel Marisa Serafim. Um bom trabalho. Melhor ainda seria se tivesse o desenvolvimento e devida complementaridade num artigo de fundo em abordagem merecida sobre o enclave timorense na Indonésia, Oécussi.

O Oécussi sempre esteve a anos-luz de Díli. Mesmo quando ali flamejava a bandeira de Portugal e Timor era colónia portuguesa. Então, o acesso ao enclave era ainda muito mais limitado, duas barcaças da segunda guerra mundial asseguravam a péssima ligação ao que era chamado de “Outro Mundo”. Por via aérea um bimotor ia até lá de vez em quando. Regra geral transportando os malai-botes (estrangeiros importantes) do colonialismo. Esporadicamente. Oécussi estava perto de Díli, mas muito longe. Pelo visto ainda é assim, 12 anos após a independência de Timor-Leste. Melhorias constam no registo que a jornalista da Lusa nos transmite. Melhorias relativas ao tempo de Timor colónia portuguesa. Mas já lá vão 40 anos. E agora, após 12 anos de independência, o atraso, as carências, o abandono de Oécussi ainda é reportado. Caso para perguntar: o que é que os governos timorenses têm andado a fazer pelo país e pelos timorenses?

Milhões e milhões, milhares de milhões de dólares têm escorrido para os cofres timorenses doados pela comunidade internacional. Timor-Leste tem tido à sua disposição outros tantos milhares de milhões inscritos nos seus Orçamentos de Estado… Mesmo assim Oécussi continua tão perto e tão longe de Díli. Na capital os timorenses vêem o fruto desses milhares de milhões em tudo de topo de gama propriedade de alguns. Políticos e amigos que viraram empresários. Uns e outros chegaram a Timor-Leste com “uma mão atrás e outra à frente”. Pelintras, sem nada. Só com a aparente ânsia patriótica de servir Timor-Leste. Foi há 12 anos. Agora estão ricos, mas o povo timorense continua pobre, carenciado. Oécussi continua longe apesar de geograficamente estar perto de Díli. Em muitos casos o interior de Timor-Leste continua longe de Díli. Tão longe quanto os milhares de milhões que não serviram para proveito dos timorenses mas somente de alguns, estrangeiros e timorenses. Esses são, ou foram, os malai-botes da atualidade. Cá por mim chamo-lhes ladrões. Que é o correto no dicionário português ou de outro idioma qualquer. É assim: “Quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado vem.” Um adágio português que serve em todo o mundo para designar os ladrões.

Timor-Leste, os timorenses, a plebe a quem andam a “oferecer uns rebuçados para os contentar”, enquanto dão sumiço às notas verdes, merece muito mais que este simples texto mas o propósito agora deve-se ao trabalho da jornalista da Lusa, que se segue. Noutra oportunidade a abordagem a Timor-Leste, aqui no Página Global, talvez se prenda na “confusão” que existe no setor da cooperação de professores portugueses (e brasileiros) para aquele país destacados. Uma Antonieta qualquer põe e dispõe e usa o despotismo como quem parte cocos. Talvez em breve lá cheguemos. Só é preciso tempo para isso e professores que não se calem, não se verguem, repudiem os amiguimos e as subserviências. Mantenham-se, naturalmente, a usar a coluna vertebral na vertical.

Mas dessa questão… São outras histórias. Que tardam mas que estão a amadurecer. O que é bom, desde que não apodreçam no contágio que possa existir com a seleção e manutenção de professores portugueses cooperantes em Timor-Leste ou para Timor-Leste.

Vamos ao Oécussi e ao despacho da Lusa. Na expetativa de que Mari Alkatiri combata e inverta a "sina" de Oécussi e suas enormes carências com a criação da Zona Especial... Que não aconteça mais do mesmo.

(AV / PG)

Oecússi ainda fica longe de Timor-Leste 12 anos depois da independência

Díli, 13 set (Lusa) - Doze anos depois da restauração da independência de Timor-Leste, viajar para o enclave timorense de Oecússi ainda pode ser bastante complicado para quem tem falta de dinheiro, tempo e paciência.

Alcançar Oecússi a partir de Díli pode tornar-se numa verdadeira aventura de vários dias para conseguir reunir as condições necessárias para chegar ao enclave, quer seja por mar, por terra ou por ar.

Fazer a viagem por ar é a forma mais rápida, mas também a mais cara de chegar.

A viagem demora 45 minutos e é garantida apenas por uma organização australiana de ajuda humanitária, que faz o transporte de pessoas doentes. As autoridades timorenses ainda não garantem a ligação aérea ao enclave.

Por cerca de 1.200 dólares, só a ida, pode-se alugar uma avioneta com seis lugares ou conseguir-se um lugar por 50 dólares num dos percursos se o aparelho já tiver sido fretado.

Por terra, o tempo de viagem aumenta, e é preciso mais paciência e mesmo assim, embora menos, algum dinheiro para ajudar os militares, polícias e serviços de estrangeiros e fronteiras da Indonésia a fazer as coisas tal como previstas na lei.

Os procedimentos também são mais exigentes. Caso se vá em transporte próprio, precisa-se ir à Direção-Geral de Transportes em Díli atestar que o veículo é legal. Depois, conseguir-se o visto e a autorização para o carro circular na Indonésia, na embaixada indonésia em Díli.

Chegar a Oecússi por terra pode demorar cerca de oito horas, mas podem ser bem mais, dependendo do tempo que se passa nas fronteiras, que são duas: uma em Atambua e outra Wini, antes de entrar em Sakato, já no enclave.

Por mar, é a opção mais popular, mais barata e menos complicada, mas também a que é feita em condições mais desumanas.

Viajar no velho Nakroma demora entre 10 a 12 horas, dependendo do estado mar, o mesmo tempo que leva uma viagem de avião entre Singapura e a Europa.

O barco faz a ligação ao enclave duas vezes por semana e conseguir um bilhete (no valor de oito dólares (cerca de seis euros), só ida), que é sempre comprado na véspera da viagem, implica paciência para uma longa fila de espera.

A viagem é feita durante a madrugada e a bordo as condições não são as melhores, podendo ser piores se a lotação estiver mais do que esgotada.

As condições de segurança deixam muito a desejar, bem como as casas-de-banho disponíveis a bordo, mas o velho Nakroma é claramente o transporte mais popular para chegar a Oecússi, também porque implica menos dinheiro e menos burocracia.

MSE // VM - Lusa

Desenvolvimento de Timor-Leste começa em Oecússi, enclave onde nasceu o país

Isabel Marisa Serafim (Texto) e António Amaral (Fotos), da agência Lusa

Díli, 13 set (Lusa) - Os habitantes de Oecússi gostam de lembrar que Timor-Leste nasceu no enclave, situado na metade ocidental da ilha de Timor, e 12 anos depois da independência é naquele local que será iniciado o desenvolvimento do país.

"Foi aqui que nasceu Timor-Leste", diz um cidadão de Oecússi, no monumento de Lifau, que assinala a chegada dos primeiros colonizadores portugueses à ilha, em 18 de agosto de 1515.

O monumento foi construído durante o tempo da ocupação indonésia, que em Oecússi ocorreu a 29 de novembro de 1975, e é um "símbolo da resistência à ocupação", explicou.

"Aqui também é Portugal", é uma das frases inscritas no monumento de Lifau, que no próximo ano voltará a ser o centro de Timor-Leste, quando se assinalarem os 500 anos da chegada dos portugueses, antiga potência colonizadora.

Quase 500 anos depois, um outro monumento, mais pequeno, foi construído em Pante Macassar, a capital de Oecússi, a cerca de seis quilómetros de Lifau.

Uma lápide, iluminada, assinala o desenvolvimento prometido para o berço do país com o lançamento da primeira pedra para o início da implementação do projeto-piloto para a criação da Zona Especial de Economia Social de Mercado, liderado pelo antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri.

"A escolha de Oecússi é um pouco como voltar à história", afirmou à agência Lusa Mari Alkatiri.

"Assim como Timor-Leste começou em Oecússi, o desenvolvimento de Timor-Leste vai começar em Oecússi para se estender ao resto do país", sublinhou o também secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Mas, para que o desenvolvimento seja uma realidade, não há milagres, avisou Mari Alkatiri, salientando que ou há trabalho, participação e compreensão, ou dificilmente as coisas poderão ser feitas.

Em Pante Macassar, a capital de Oecússi, já se sente que alguma coisa vai acontecer.

Há obras. Os pequenos e poucos restaurantes existentes na cidade estão a melhorar as infraestruturas com a construção de quartos para receber os forasteiros e em agosto foi lançada a primeira pedra para a construção de um hotel e assinado um memorando de entendimento para o estabelecimento do Instituto Superior de Oecússi.

O novo porto para receber as duas viagens semanais do Nakroma, barco que faz a ligação com Díli, já foi inaugurado e a construção de novas estradas, mais largas, e do aeroporto vão começar entre este mês e outubro, bem como a reabilitação da marginal da cidade.

Com cerca de 60 mil habitantes, a população de Oecússi pratica essencialmente uma agricultura de subsistência, cria gado e produz tais, os típicos panos timorenses.

A pesca é quase inexistente e a maior parte dos produtos consumidos são provenientes da vizinha indonésia, outros chegam no Nakroma.

Em Oecússi, a vida é barata (uma refeição num restaurante local custa cerca de três dólares) e já há quem tema que a chegada esperada de mais gente à cidade vá inflacionar os preços.

Há também quem duvide se o desenvolvimento falado vai chegar aos habitantes de Oecússi, mas para já ninguém quer dar a cara a contestar o projeto-piloto das autoridades timorenses.

É esperar para ver, dizem os mais céticos, enquanto outros não duvidam que o projeto vai criar postos de trabalho.

"O projeto vai aumentar o trabalho", afirmou Ricardo Sufa, 47 anos, um antigo veterano, pai de sete filhos, que vive essencialmente do que cultiva na horta, dos animais que cria e da produção de tais, bem como da pensão que recebe do Estado timorense.

"É muito bom para a comunidade da região de Oecússi", acrescentou Marcelino Babo, de 50 anos e com oito filhos, apesar de lamentar a falta de luz no local onde vive, mais para as montanhas.

Enquanto se espera pelo futuro, em Oecússi os dias mais agitados continuam a ser os da chegada do Nakroma ou os das festas organizadas pelas autoridades nos feriados nacionais, quando as pessoas se reúnem a ouvir as bandas e ver, no final da noite, o fogo-de-artifício.

MSE // VM - Lusa

Nakroma, a falta de indignação numa viagem com poucas condições de segurança

Isabel Marisa Serafim (Texto) e António Amaral (Fotos), da agência Lusa

Díli, 13 set (Lusa) - A falta de indignação dos passageiros é o que mais surpreende na viagem do barco Nakroma, que liga a capital de Timor-Leste ao enclave do Oecússi, num percurso feito em condições pouco humanas e seguras.

O Nakroma, construído na Indonésia com dinheiro doado pela Alemanha e a navegar em Timor-Leste há cerca de sete anos, é a única ligação que o Estado timorense disponibiliza até ao enclave de Oecússi, um distrito com pouco mais de 60 mil habitantes no lado ocidental da ilha de Timor, e onde vai ser desenvolvido o Projeto de Economia Social de Mercado, liderado pelo antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri.

O trânsito lento, na marginal, e a presença de centenas de pessoas junto ao porto de Díli significam, por norma, dia de Nakroma, o que acontece à segunda e à quinta-feira.

Ao início da tarde, os passageiros começam a juntar-se na porta que dá acesso ao embarque no Nakroma. Homens, mulheres, crianças esperam horas para conseguir entrar no barco.

A carga já foi entregue de manhã e ocupa todo o porão do navio. A entrada de passageiros é lenta e o controlo de bilhetes apertado. Há quem seja impedido de entrar pela falta de título de viagem.

Enquanto se espera que a massa humana que se aglomera no porão desague para o primeiro e segundo convés do barco, desabafam-se impaciências e contam-se histórias, memórias de outros tempos, quando fazer a viagem era pior.

"Antigamente, no outro barco, a viagem era muito pior", recorda uma freira portuguesa, possivelmente a passageira que mais milhas acumula no Nakroma, já que chega a ir e vir no mesmo dia.

Já para Ronaldo, 14 anos, nada importa. Aquele jovem regressa a Oecússi depois da sua primeira visita à capital.

"O que mais gostei foi do centro comercial", disse à agência Lusa Ronaldo, que também visitou o Arquivo e Museu da Resistência e o Cristo Rei e espera completar o ensino secundário para vir para Díli estudar na universidade.

Ao lado de Ronaldo, está Rui, que tem 19 anos e visitou a capital pela segunda vez. Também sonha vir para Díli, mas para ingressar nas forças de defesa.

Enquanto se fala, caminha-se, pé ante pé, devagar até se ficar numa fila, ainda mais lenta, para subir as escadas para o convés.

Depois escolhem-se lugares, ocupam-se cantos, vãos de escada e todos os pequenos espaços disponíveis e que permitam esticar as pernas e o tempo passa e o Nakroma não larga.

"Há passageiros a mais", afirmou um homem sentado no corredor dos camarotes da tripulação.

"Já estão a contar os passageiros", exclamou outro, mais ao fundo.

A tripulação leva mais duas horas a confirmar que todos os passageiros têm bilhete, depois é dada ordem e passados minutos o Nakroma larga as amarras, devagar, já de noite, rumo a Oecússi.

A seguir, a movimentação de passageiros é grande, estendem-se tapetes no chão, montam-se verdadeiros piqueniques, alimentam-se crianças, ajeitam-se cantos improvisados como camas para uma noite de 10 horas de viagem e passadas umas horas reina o silêncio no barco, interrompido apenas por algum toque de telemóvel, por um rádio a debitar uma música qualquer ou por sussurros dos que teimam em não dormir.

Ao início da madrugada, já é quase impossível circular no barco. Os corpos imobilizados, juntos uns aos outros, ocupam todo o chão.

A passagem até ao exterior, já que o calor no interior no navio é insuportável, é feita por entre pernas e braços adormecidos dos corpos, crianças nuas a dormir entre os pais, e os restos, o lixo, dos piqueniques.

"Não há condições. É preciso um barco novo", disse um professor da capital, que se deslocou a Oecússi durante uma semana para um projeto-piloto para introdução de hábitos de leitura nos docentes timorenses.

Ao lado, os restantes passageiros concordam, um mais velho está preocupado: "seja o que Deus quiser".

O Nakroma chegou a Oecússi, naquele dia, mais devagar. Ao todo levava 520 passageiros, apesar da lotação máxima ser 300. À carga dos passageiros juntaram-se 55 toneladas de arroz e 25 toneladas de açúcar.

Todos os passageiros tinham bilhete e segundo alguns passageiros há muitas pessoas no porto de Díli a vendê-los.

Apesar da falta de condições, incluindo de segurança, ninguém reclama, porque, afinal o que é preciso é chegar a Díli ou a Oecússi, enquanto o novo barco, que deverá fazer a ligação em cerca de cinco horas, não chega.

Até lá, "seja o que Deus quiser".

MSE // VM - Lusa

*Título PG

MAF TIMOR-LESTE RECEBE SEGUNDO AVIÃO ATÉ AO FINAL DO ANO



12 de Setembro de 2014, 15:47

A MAF Timor-Leste vai ter um segundo avião, até ao final do ano, que lhe permitirá reforçar a prestação de serviço aéreo e de emergência humanitária iniciada em 2007, no território, em resposta a um pedido do Ministério da Saúde, segundo o newsavia.

A MAF (Mission Aviation Fellowship) que tem uma base em Queensland, Austrália, é uma organização internacional cristã, sem fins lucrativos, que tem por missão prestar serviços e auxílio, através de meios aéreos, a populações pobres, que vivem isoladas em lugares remotos e de difícil acesso, ou servidas por maus acessos. A MAF, cujo slogan é “Flying for life” (Voando pela Vida) está em 25 países e voa para 1.800 destinos.

“As pessoas, para as quais trabalhamos, não vêem o avião como um luxo, mas como uma tábua de salvação”, declarou à Newsavia, Jonathan Lowe, coordenador da MAF – Timor-Leste.

O novo avião previsto para Timor-Leste está a ser equipado e pintado na base de manutenção da organização, em Mareeba, perto de Cairns, no estado australiano de Queensland. Foi adquirido graças a uma campanha de angariação de fundos e vai juntar-se ao GA8 Airvan que entrou ao serviço em 2007, segundo o newsavia.

Desde que começaram a operar em Timor-Leste, as equipas da MAF já contam com 2.700 horas de voo no país. Internacionalmente, e apenas no ano passado, a MAF voou mais de 52.000 horas.

Ao serviço da MAF – Timor-Leste estão dois pilotos australianos, e respectivas famílias, e três funcionários timorenses.

Estes missionários do ar aterram em oito pistas do país: Oecussi, Maliana, Suai, Same, Los Palos, Baucau, Dili e na Ilha de Ataúro (pista reaberta recentemente).

Em Viqueque, está a ser já restaurada a pista, na costa sudeste.

Os voos no país são curtos. Por exemplo, para Ilha de Ataúro leva apenas 13 minutos, a partir da base de Díli, e o destino mais distante, Los Palos, fica a 50 minutos.

A actuar um pouco por todo o mundo, há 60 anos, a MAF já voou sobre selvas, montanhas, pântanos e desertos com o objectivo de acudir às necessidades de milhares de pessoas, proporcionando-lhes apoio material e espiritual

Um trabalho que está a ser feito em parceria com o Ministério da Saúde, com mais de 100 voos de emergência, por ano, entre os lugares mais remotos e o principal hospital do país, na capital, Díli.

Nos voos, vão equipas médicas especializadas que prestam os primeiros cuidados no local.

E porque o dinheiro não é tudo, e a barreira linguística é real, Jonathan Lowe e os outros elementos do MAF Timor-Leste sentem-se também gratificados quando recebem o sorriso ou o aperto de mão das pessoas que ajudam ou a quem prestam o serviço aéreo. O simples facto de poderem evitar deslocações por estradas em más condições, é uma ajuda que muitos timorenses prezam e agradecem à MAF Timor-Leste, segundo o newsavia.

O avião operado pela MAF Timor-Leste (futuramente, os aviões), é o GA8 Airvan, uma aeronave utilitária fabricada na Austrália, de grande performance, pensada para actuar em meios remotos, capaz de aterrar e de descolar em pistas curtas.

SAPO TL com Newsavia - Foto: News Avia

Moçambique – Eleições: Afonso Dhlakama anuncia início da campanha e minimiza rivais




O líder da Renamo e candidato presidencial pelo maior partido da oposição nacional, Afonso Dhlakama, vai iniciar a sua campanha eleitoral na próxima terça-feira, na cidade do Chimoio, província de Manica, anunciou ontem em conferência de imprensa.

Dhlakama escolheu para o arranque oficial da sua caça ao voto a cidade que testemunhou o seu histórico embarque para a capital do país a fim de assinar o acordo de cessar-fogo. Dhlakama parte para a caça ao voto com duas semanas de atraso, facto, entretanto, desvalorizado pelo próprio candidato.

“Vou iniciar com a campanha. Não acredito que vai ser uma campanha complicada. Vou pedir, de facto, voto para mim e para o meu partido, porque sinto que os moçambicanos querem mudanças”, disse Dhlakama em conferência de imprensa na capital do país.

O líder da “perdiz” diz que vai apostar numa campanha com muito “fair-play”, sem ataques pessoais aos seus rivais, nomeadamente, Filipe Nyusi e Daviz Simango. “Não vou perder tempo com os outros partidos e candidatos, vou falar do que eu vou fazer quando for presidente deste país, que conheço do Rovuma ao Maputo. Sei o que toca os corações dos moçambicanos”, disse Dhlakama, apontando as áreas de saúde, educação, o Estado de Direito e, sobretudo, uma atenção especial aos funcionários do Estado como as grandes prioridades.

“Vou prometer, mas do fundo do  coração… a primeira coisa que vou fazer quando for eleito é estabelecer o Estado de Direito, para que os moçambicanos, de facto, sintam que já há um governo que os vai servir, não um governo que vai exigir a um descalço para servir alguém sentado no gabinete”, realçou.

A despartidarização do aparelho do Estado é uma das questões que considera prioritárias e que vai merecer a sua maior atenção. “O meu partido não irá obrigar que todo aquele que seja funcionário do Aparelho do Estado seja membro do partido no poder (a Renamo). Vamos trabalhar para que as pessoas sintam que, independentemente da sua cor partidária, são úteis e podem servir o Estado”, concluiu.

O líder da Renamo, que concorre pela quinta vez à Ponta Vermelha, desafiou os seus rivais para um debate a três sobre as propostas de governação.

“Eu gostaria... arrumar com aquilo, mas não aceitam”, declarou, frisando que desde 1994 que o seu desafio não é aceite.

Refira-se que depois de Chimoio, Dhlakama vai escalar, na quarta-feira a província de Nampula, de onde seguirá para Zambézia.

MDM vs Nyusi

Sobre os seus rivais à Presidência da República, Dhlakama minimiza o MDM, considerando que este não é um rival à sua altura.

“Não quero, de facto, contar o MDM como um adversário para se embater com a Renamo ou com Dhlakama, desculpe, mas não é orgulho”, respondeu.

Quanto a Filipe Nyusi, Dhlakama preferiu avaliá-lo pelo partido que representa, minimizando, contudo, o actual discurso de campanha do candidato da Frelimo à sucessão de Armando Guebuza.

“A Frelimo é um partido tradicionalista, é um partido histórico, e vamos ver. Com o meu amigo Nyusi, vamos encontrar-nos no terreno. Se ele continuar a dizer o que anda a dizer, dizer votar na continuidade, a priori já perdeu”, enfatizou Dhlakama. 

Fundo da paz

O líder da Renamo falou ontem sobre o Fundo da Paz e Estabilidade anunciado recentemente pelo Presidente da república, Armando Guebuza.

Dhlakama disse ter-se reunido com Guebuza, na terça-feira, que o informou sobre a ideia.

Depois da reunião, o líder da “perdiz” disse ter iniciado a sua campanha para a mobilização de valores para o fundo. “Estou em campanha junto de alguns países amigos de Moçambique para que, quem puder, possa contribuir para o fundo”, disse, em contacto com a imprensa.

“Não acredito que o estado possa ter dinheiro suficiente para este fundo, por isso, estou a trabalhar para que possamos ter contribuições de parceiros”, realçou.

Dhlakama considera que a inovadora ideia lançada por Guebuza já devia ter sido criada depois do Acordo Geral de Roma.

As promessas de Dhlakama

“Como se explica que num país como este o governo do dia gaste muito dinheiro em guerras e armamentos, ao invés de gastar na educação e saúde. Qualquer governo, no mundo, que não gaste mais dinheiro na saúde, falhou, este governo falhou”, disse Dhlakama.

“Se o sector da saúde não é prioritário, quer dizer que o povo está condenado à morte. Não digo que vou acabar com a morte, porque quando o dia chegar a pessoa vai morrer. Mas não vai morrer porque o médico pediu dinheiro, porque o médico estava a ler o manifesto do partido no poder, não. Eu vou acabar com isto”, prometeu.

O País (mz)

Moçambique - Eleições: CAMPANHA ELEITORAL MORNA. SÃO SÓ PROMESSAS...



Daviz Simango em Tete

O candidato presidencial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, é esperado hoje, em Tete, onde vai prosseguir a sua campanha eleitoral, para as eleições de 15 de Outubro.

Fonte do partido disse ontem em Tete, que Simango chega por volta das 10 horas, seguindo de imediato para o distrito de Angónia, onde vai permanecer até segunda-feira.

Durante este período, o líder do MDM prevê dirigir comícios eleitorais em Ulónguè, no posto administrativo de Dómuè, e em Calomue. O fim da sua visita a Tete, na terça-feira, será marcado por um comício de campanha na capital provincial, onde Daviz Simango vai pedir votos para si e seu partido.


Nyusi promete criar facilidades em Ngauma

O candidato da Frelimo às eleições de 15 de Outubro terminou ontem a sua campanha de “caça ao voto” na província do Niassa, com a promessa de pôr termo aos desmandos que se registam no distrito de Ngauma, junto à fronteira com o Malawi, onde as pessoas são cobradas ilicitamente quando pretendem atravessar para o país vizinho.

O candidato do partido no poder disse que quando chegar à Ponta Vermelha vai criar facilidades para que a população se desloque para o outro lado da fronteira à busca de produtos para a comercialização, melhorando assim a sua qualidade de vida. Filipe Nyusi prometeu também a asfaltagem da estrada que liga Cuamba e Lichinga, assim que chegar à presidência da República. Hoje, Nyusi é esperado na província de Tete, onde deverá prosseguir com o trabalho de convencer o eleitorado a votar em si.
Notícias (mz)

*Título PG

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