domingo, 25 de maio de 2014

Europeias: QUE LEGITIMIDADE TÊM ESTES PARCAMENTE ELEITOS?



Mário Motta, Lisboa

Quem teve oportunidade de passear pelos vários locais de votação em Lisboa constatou o desconsolo dos membros que constituíam as mesas de voto. Estiveram às moscas. Foi uma pasmaceira. O enfado foi o companheiro de muitas horas daqueles cidadãos nomeados para guardiães das urnas de voto. A razão prende-se com a baixa afluência dos eleitores. A maior de sempre, ao que se prevê. Só cerca de um terço dos quase dez milhões de eleitores votou.

Os resultados eleitorais ainda estão por anunciar e confirmar mas já se sabe que a grande vencedora destas europeias é, maioritariamente, a abstenção. Abstenção por protesto. Abstenção por castigo. Em Portugal e no resto da Europa. Aliás, a média europeia de abstenção ronda os 45 por cento. Ainda há os votos nulos por protesto. Um escândalo.

Assim, face à confirmação destes resultados – acrescentem-se os votos em branco e nulos por protesto - que legitimidade têm estes tão parcamente eleitos para se sentarem no Parlamento Europeu fazendo de conta que foram credenciados por maioria dos eleitores? E os outros, aqueles que nem são eleitos pelos povos europeus mas que tomam as decisões que estão a destruir a União Europeia? Que legitimidade têm?

E são aqueles ogres enfunados pelas suas mentes e seus conteúdos hipócritas que desde há poucas horas se pronunciam sobre a democracia na Europa (e em Portugal) com o maior descaramento que possa existir. Sem legitimidade, sem serem realmente eleitos por uma maioria de portugueses (no caso de Portugal), nem pelos restantes europeus. E fazem eles as malas para cair no pote de mel em Bruxelas e noutras arenas do exército dos parasitas, vulgarmente conhecido por antro dos dirigentes e deputados europeus. Que legitimidade têm? Quase nenhuma, por ser tão escassa.

Façam figas, senhores eleitos e não eleitos desta “nova” UE. Porque alguma coisa tem de mudar para que a democracia seja reposta, revigorada, para que corresponda à vontade e interesses dos povos europeus e não aos ditames de vigaristas e aldrabões empenhados no défice democrático, na exploração dos povos e nas ganâncias das lautas mordomias que usufruem - pagos pelos que sistemáticamente enganam.

João Ferreira: "Importa assinalar a pesada derrota eleitoral do Governo"




João Ferreira reagiu há momentos à projeção de resultados eleitorais desta noite que dá como eleitos três deputados comunistas. O cabeça de lista da CDU destacou, no seu discurso, o histórico resultado alcançado neste exercício eleitoral mas sobretudo a pesada derrota da direita e o decréscimo das percentagens combinadas do que o deputado europeu considerou os partidos da troika (PSD, CDS e PS).

"Queríamos dirigir uma saudação a todos os que se juntaram a CDU tornando possível o que terá sido um grande resultado da CDU, um dos maiores de sempre para o Parlamento Europeu", destacou o cabeça de lista comunista ao Parlamento Europeu face às projeções que apontam para um resultado em torno dos 11,4% e 13,9%.

"Importa assinalar a pesada derrota eleitoral dos partidos do Governo. PSD e CDS atingem a menor percentagem de sempre juntos.Os partidos da troika (PSD, CDS e PS) têm também uma redução da sua expressão eleitoral e é neste contexto que o resultado da CDU tem ainda maior expressão", destacou o cabeça de lista da CDU ao Parlamento Europeu, afirmando também que tentará continuar o trabalho realizado até aqui pelos responsáveis europeus do seu partido. "Queria sublinhar e reafirmar o compromisso da CDU no Parlamento Europeu em defesa dos interesses do povo e do país".

Instado a comentar se o seu partido, face aos resultados que agora se perspetivam, iria apresentar uma moção de censura no Parlamento português, João Ferreira foi peremtório: "Este não é o momento para avançarmos para uma moção de censura, é o momento de destacar um grande resultado da CDU e de uma política alternativa e patriótica". 

Notícias ao Minuto

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Europeias: Projeções apontam para abstenção entre os 62,2 e 66,6%




De acordo com uma sondagem à boca das urnas realizada pela Eurosondagem, para a SIC, a abstenção no exercício eleitoral deste domingo deverá situar-se entre os 62,2% e os 66,6%, valor ligeiramente mais elevado do que o registado em 2009, quando este valor se fixou pouco acima dos 63%.

Os mais recentes dados da abstenção nas eleições europeias, avançados pela SIC, indicam que larga maioria dos portugueses se absteve no exercício eleitoral deste domingo, com as projeções a apontarem para um valor neste particular na ordem dos 62% a 66%.

De acordo com a projeção avançada pela RTP, estimada pela Universidade Católica, a abstenção situa-se entre os 61 e os 66 por cento. A estimativa da Eurosondagem para a SIC avança com uma abstenção estimada de 62 a 66 por cento.

Os dados oficiais indicavam uma afluência às urnas de 26,3 por cento às 16:00, semelhante à registada à mesma hora em 2004, 26,8 por cento.

A abstenção nas eleições realizadas a 07 de junho de 2009 foi de 63,22%.

Até hoje, o valor recorde foi registado em 1994, com 64,46 por cento de eleitores a optarem por não votar.

Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, já reagiu a estes números afirmando que “a abstenção prejudica a democracia e todos os partidos”.

“É preocupante que os cidadãos não votem nas eleições, mas as europeias são um caso específico. Os cidadãos sentem-se divorciados da construção europeia, não se sentem envolvidos no processo de decisão. Acham os cidadãos que as decisões da Europa não influenciam a sua a vida, mas isso é um erro. Há uma grande falta de confiança nas instituições democráticas. O próprio clima político tem criado desconfiança, com os políticos a quebrarem as promessas que fazem”, reagiu ainda João Proença, ex-sindicalista e membro do Partido Socialista.

Notícias ao Minuto, com Lusa

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Informação Página Global 

Pelas dificuldades que temos vindo a anunciar não nos é possível publicar no Página Global as postagens ao ritmo e quantidade a que os nossos leitores estavam habituados. Por esse motivo deixamos aqui inseridos os links do Notícias ao Minuto e, eventualmente, de outras publicações para que os possam consultar e assim terem acesso à informação que considerem imprescindível. Pela nossa limitação temporária pedimos desculpa. Contamos regressar à normalidade das postagens no PG no próximo mês de Junho.

Europeias: Pouco mais de 26% de eleitores votaram até às 16:00




Até às 16:00 votaram 26,31% eleitores em Portugal, segundo os dados relativos à afluência às urnas divulgados pela Direção-Geral da Admnistração Interna.

Quanto aos eleitores comunitários não nacionais, à mesma hora a afluência era de 15,82%.

Até às 12:00 tinham votado 12,14% de eleitores em Portugal e quanto aos eleitores comunitários não nacionais, à mesma hora a afluência tinha sido de 2,55%.

Nas últimas eleições europeias, disputadas a 07 de junho de 2009, a afluência às urnas até às 16:00 tinha sido de 26,8%.

A divulgação dos resultados provisórios das eleições de hoje será conhecida a partir das 22:00, depois da hora de fecho das urnas em Itália, uma vez que a abertura do escrutínio decorre simultaneamente em todos os países de eleições da UE.

Perto de 9,7 milhões de eleitores são hoje chamados a eleger os 21 deputados portugueses no Parlamento Europeu, menos um do que há cinco anos.

No total, concorrem 16 listas, mais três do que nas europeias de 2009.

Nas eleições realizadas há cinco anos, o PSD, que agora concorre coligado com o CDS-PP, elegeu oito eurodeputados, enquanto o PS conseguiu conquistar sete lugares no Parlamento Europeu.

O BE foi a terceira força política mais votada, elegendo três eurodeputados, e o CDS-PP elegeu dois, tal como a CDU.

No total, serão eleitos 751 eurodeputados pelos 28 Estados-membros da União Europeia, que representarão cerca de 500 milhões de cidadãos da UE nos próximos cinco anos.

TSF

Angola: Para haver reconciliação tem que haver verdade - Miguel Francisco




"As prisões e mortes do 27 de Maio foram preparadas com antecedência"

Voz da América – Angola Fala Só 

Para haver reconciliação tem que haver verdade, disse no Angola Fala Só, Miguel Francisco "Michel" um dos sobreviventes das prisões e campos de concentração para onde foram enviadas milhares de pessoas após a alegada tentativa de golpe de estado de 27 de Maio de 1977 em Angola.

Para Michel, autor de vários livros sobre esses acontecimentos, a reconciliação não pode ser alcançada com "uma declaração de dois minutos".

"Para haver a verdade tem que haver a verdade, temos todos que assumir as nossas culpas”, disse Michel, que antes de ser preso comandava a 9ª Brigada estacionada em Luanda. Michel disse no programa que não é sua intensão julgar ou condenar aqueles que cometeram atrocidades mas, disse, “tem que haver uma comissão de verdade”.

“Foi assim no Chile, foi assim no Brasil, foi assim na África do Sul e eu não desejo-lhes mal”, disse em referência àqueles que diz terem sido responsáveis pela repressão e mortes.

Para Michel  “o MPLA tem essa obrigação”.

O antigo membro do MPLA e comandante militar disse que ele e outros sobreviventes enviaram uma carta ao Presidente José Eduardo dos Santos propondo uma discussão “interna” da questão “ para depois se vir a público”.

A “magnitude do problema” requer isso, disse Michel para quem “dentro do MPLA há forças que participaram  na repressão e se opõem ao diálogo sobre esta questão”.

“O 27 de Maio deveria ser discutido de forma desapaixonada” defendeu.

Miguel Francisco “ Michel”  disse que “ao contrário do que as pessoas podem pensar” os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 “não tiveram nada a  haver com a ideologia” ou  “com o racismo”.

A ala de Nito Alves queria  discutir quem “do ponto de vista real, quem deveria tratar o futuro de Angola, a minoria ou a maioria?”.

Interrogado sobre se isso não envolve a questão racial, Michel disse que o mesmo acontece em França ou em Portugal onde há minorias e maiorias.

Não havia nenhum fraccionismo

“Não vejo um negro ser eleito presidente da França ou de Portugal”, argumentou.

Michel rejeitou também  a acusação de “fraccionismo” contra Nito Alves e os seus apoiantes.

Fraccionismo, disse, implica dividir e “não existia nenhum fraccionismo”.

“Havia alas e isso é normal, existe em todos os partidos do mundo,” disse.

“Uma ala não é uma fracção,” acrescentou.

Michel disse que o modo como foi levada a cabo a repressão após os confrontos de 27 de Maio, indicam-lhe que as prisões e mortes tinham sido preparadas com antecedência.

O autor descreveu os horrores a que assistiu no campo de concentração para onde foi levado no Moxico, onde presenciou a morte de dezenas de pessoas.

Muitas foram fuziladas,outras morreram devido ao facto do campo não ter condições, morrendo de doenças e das brutalidades a que foram submetidos.

“Eu enterrei mortos,” disse afirmando que houve alturas em que morriam “10 a 12 pessoas por dia”,  pessoas que poderiam agora estar a dar um contributo a Angola.

“Devia discutir-se em público toda esta questão para poder haver reconciliação", apelou.
 

Angola quer refinaria e dois milhões de barris por dia




A construção da refinaria de Lobito e a marca dos dois milhões de barris de petróleo produzidos por dia são objetivos definidos pelo Governo angolano até 2017 para o setor petrolífero, que também pretende continuar a 'angolanizar'.

Os objetivos constam do programa do executivo para o setor dos petróleos no período legislativo 2013/2017 e a sua concretização foi reforçada pelo ministro da tutela, Botelho de Vasconcelos, durante o X conselho consultivo alargado do Ministério dos Petróleos, que terminou na sexta-feira, na cidade de Lobito.

"Estamos no segundo ano da legislatura, assumimos esse compromisso junto do Governo, por isso, temos que fazer, anualmente, este acompanhamento do desempenho do setor até ao fim dessa mesma legislatura com os objetivos atingidos", afirmou o ministrou, citado pela agência de notícias angolana Angop.

A produção de dois milhões de barris de petróleo por dia em 2015, face aos cerca de 1,7 milhões perspetivados para este ano, continua a ser a grande prioridade, apesar de alguns analistas internacionais alertarem para a dificuldade que Angola terá em cumprir essa meta.

Já a construção da refinaria de Lobito, no litoral centro do país, deverá ser concretizada até 2018, numa área de 3.805 hectares, permitindo processar diariamente cerca de 200 mil barris de crude, criando 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos.

O incremento da 'angolanização' do setor petrolífero do país é igualmente uma prioridade apontada pelo executivo, com o ministro Botelho de Vasconcelos, citado hoje pelo Jornal de Angola, a destacar o reconhecimento, que já acontece, de empresas nacionais nos diferentes segmentos bem como a colocação de quadros nacionais em cargos de topo, em todas os operadores da indústria petrolífera angolana.

De acordo com informação do ministro dos Petróleos, no mercado angolano há 118 empresas estrangeiras com contratos de operador e prestador de serviços e 422 nacionais com registo de prestação de serviços e fornecedoras de bens.

Contudo, referiu, faltam ainda planos de desenvolvimento de recursos humanos para o setor.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Celebração da libertação de África: 25 de maio, o Dia de África




Chefes de Estado africanos se reuniram na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, em 25 de maio de 1963, para enfrentar a subordinação que o continente vinha sofrendo há tempos. A tal subordinação chamou-se colonialismo, neocolonialismo ou partilha da África, que até à data da reunião ainda sofriam de apropriação forçada das suas riquezas humanas e naturais.

Na ocasião, fundou-se a Organização da Unidade Africana (OUA), sendo conhecida hoje como União Africana. A ONU, em 1972 reconheceu a importância desse encontro e instituiu o dia 25 de maio como o Dia de África, que simboliza a luta dos povos do continente africano pela sua independência.

Para assinalar a data, o Cine-ONU, promovido pelo Centro Regional de Informação das Nações Unidas, em parceria com a Plataforma Portuguesa das ONGD, organizou a exibição de dois filmes com a temática África.

Em Lisboa, foi exibido ontem no auditório da CPLP, o filme “Sweet Dreams, produzido e realizado por Lisa Fruchtman e Rob Fruchtman. O filme fala-nos de Ingoma Nshya, um grupo composto e aberto a mulheres de ambos os lados do conflito. Para estas mulheres, o grupo tem sido um lugar para começar a viver novamente, para construir novos relacionamentos e curar as feridas do passado. Persiste, no entanto, a luta para sustentar suas famílias. A projeção foi seguida de um debate.

No Porto, será exibido hoje o documentário “Mulheres Africanas – A Rede Invisível”, de Carlos Nascimbeni, no dia 24 de Maio pelas 18h30, na Sala de Reuniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O filme apresenta a trajetória das lutas e conquistas históricas de mulheres africanas em diferentes países do continente.

Esta sessão será antecedida por duas conferências da responsabilidade do CEAUP, também com temáticas sobre a África.

A entrada para o filme é livre, sujeita a inscrição. Basta enviar um e-mail com o título do filme e o seu nome para:   info@plataformaongd.pt.


ÁFRICA, PASTO DAS CONTRADIÇÕES GLOBAIS



Martinho Júnior, Luanda
  
1 – As geo-estratégias e as geo-políticas entre os que perfilham a hegemonia unipolar do império anglo-saxónico e os emergentes que enveredam pelo universo multipolar, reflectem-se dramaticamente em África, um continente onde os factores externos tiram partido do subdesenvolvimento crónico e histórico, pelo que são manifestamente preponderantes.

Em África as condições para a proliferação de tensões, conflitos e guerras delapidadoras e sangrentas, favorecem como em nenhum outro lugar os apetites vorazes da hegemonia unipolar e, aqueles que procuram soluções de paz, mais equilibradas e justas, acabam por ter quantas e quantas vezes, um estreito campo de manobra.

As envolvências sócio-políticas nas conjunturas, cenários e teatros africanos são evidentes e ali onde as potências coloniais “assimilaram” grupos familiares importantes durante a última fase do seu exercício, é fácil e muito lucrativo agenciar os herdeiros, que duma forma ou de outra se vão identificando não só com as culturas, os usos e costumes das “antigas metrópoles”, mas se colocam à mercê duma “democracia representativa” que é fruto do“diktat” da hegemonia unipolar, qualquer que seja o“modelo de exportação” que se puser em prática…

A lógica capitalista pretende tomar conta da mentalidade média dos africanos, sem outros horizontes.

O fenómeno de assimilação é corrente em África, é identificável a olho nu, sob os pontos de vista antropológico, histórico, sociológico e psicológico e dá substância ao neo colonialismo que a hegemonia procura fazer prevalecer.
  
2 – A hegemonia conta assim com um campo de manobra avassalador, mobilizando por um lado as antigas potências coloniais, por outro os instrumentos criados no âmbito de sua aliança com Israel e com as monarquias arábicas, em função dos interesses gerados sobretudo nas coligações em relação ao petróleo e ao gás, a nordeste do Mar Vermelho, desde a década de 20 do século passado.

Ainda durante a chamada “Guerra Fria” os grupos de radicais islâmicos foram instrumentalizados pelo império no Afeganistão, no momento em que a “doutrina de choque” passou a ser aplicada com o neo liberalismo estimulado pelas condutas de Ronald Reagan e de Margareth Thatcher, simultaneamente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, um “ensaio” que teve sequência e desde logo “expressivas consequências” de ordem geo-estratégica e de ordem geo-política.

O império depois do fim da “Guerra Fria”, fez as monarquias arábicas incrementar o fundamentalismo islâmico sunita desde o Mediterrâneo até aos limites geográficos do espaço SADC, preparando-se para na África Austral “dar a estocada final” que acabará por envolver todo o continente.

Quando as redes terroristas estão disseminadas, as frágeis nações africanas com estados fragilizados e quantas vezes impotentes, pedem socorro às “potências ocidentais”subordinadas e instrumentalizadas pelo império via AFRICOM, o braço continental do Pentágono; algumas dessas potências possuem forças armadas que, apesar das“independências” de bandeira, jamais abandonaram um continente “ultramarino”, onde poderosos consórcios saqueiam matérias-primas e se instalaram em conformidade com seus prolongados interesses, conveniências e “ciclos de vida”…

Confundem-se e misturam-se hoje em África, as doutrinas do Pentágono com as da NATO, com conceitos que são transmitidos aos africanos a fim de pôr a funcionar o essencial de suas estruturas militares e de inteligência.

Dessa forma, África corre o risco de, sob a pressão do islamismo fundamentalista, acabar por diluir as fronteiras coloniais herdadas desde a Conferência de Berlim, desagregando as vulneráveis nações africanas, partindo-as em estados étnico-religiosos ainda mais frágeis e vulneráveis, um manancial que a hegemonia unipolar tende a não desperdiçar, pois continua a querer fazer prevalecer a tendência para “dividir e dividir, para melhor reinar”!
  
3 – Essa geo-estratégia e geo-política da hegemonia unipolar acelerou-se com o “êxito” conseguido na Líbia, um dos maiores produtores de crude e de gás baratos de África, na sequência da criação do AFRICOM pela administração republicana de George W. Bush.

A Líbia tende a fraccionar-se em três estados e ao redorinais de desagregação são também evidentes sobretudo no Mali, no seguimento aliás do Sudão!

Desde então, entre a Mauritânia a oeste e a Somália a leste, entre a Nigéria a oeste e o Quénia a leste, África tem sido sacudida pela pressão do fundamentalismo islâmico na sua expressão mais radical e sangrenta.

A Nigéria está assim também a candidatar-se à desagregação!

Por outro lado, com os aliados arábicos da hegemonia unipolar financiando e incrementando os grupos terroristas islâmicos, torna-se muito mais fácil às potências “socorrerem” África, de modo a melhor imporem sua vontade e seus próprios instrumentos perante círculos de poder rentavelmente instalados e assimilados!

As contradições com as redes terroristas islâmicas “de baixo custo”, servem às-mil-maravilhas à hegemonia unipolar de pretexto para a ingerência, a manipulação e o domínio utilizando a força militar e os expedientes de inteligência!

A capacidade militar duma potência como a França, está perfeitamente adaptada para fazer face a esse tipo de contingências, de “ameaças” e riscos, em guerras que implicam movimento, rentabilidade dos meios ligeiros e contensão de despesas.

Desde Sarkozy que a “FrançAfrique” entendeu as contradições instaladas e alinhou com os Estados Unidos de forma a fazer prevalecer a hegemonia unipolar da“civilização ocidental”!

É sobretudo na África do oeste e no imenso Sahel que a“FrançAfrique” mais se faz sentir e até a Nigéria “se rendeu” a essa evidência!
  
4 – Do lado da emergência multipolar há disponibilidade para se realizar aquilo que quer o colonialismo, quer o neo colonialismo do império, têm demonstrado ser incapazes de fazer avançar: criar infra-estruturas e estruturas, dar início à introdução de outros parâmetros de comércio, bem como de relacionamento bilateral e multilateral e de forma a procurar atrair conhecimento científico e tecnológico onde nunca houve.

As emergências mais poderosas, ao constituírem os BRIC vieram a integrar a África do Sul, o país mais estruturado, organizado e industrializado de África, fruto das opções da Revolução Industrial, disponíveis desde os anos de Cecil John Rhodes!

O projecto do Cabo ao Cairo mantém-se vigente e quer os expedientes unipolares, quer os multipolares não perdem essa geo estratégia de vista, quanto mais não seja como referência.

Desse modo tornou possível ao “lobby” dos minerais“jogar simultaneamente nos dois principais tabuleiros”, particularmente no que diz respeito às preciosidades como os diamantes, o ouro e a platina, algo que é muito mais difícil em relação ao “lobby” do petróleo e do gás, filtrado também pelas alianças históricas dos anglo-saxónicos com as monarquias arábicas…

Assim o “lobby” dos minerais, marcando sua capacidade de inteligência elitista, estende a sua influência para norte, pelo miolo do continente e para sul, com um processo científico em curso há mais de 50 anos na Antárctida como no sul do Índico e do Atlântico.

A África do Sul é o único estado africano com itinerância na Antárctida e isso há mais de 50 anos a esta parte

A coabitação entre a corrente hegemónica unipolar e a emergência multipolar pode sofrer todo o tipo de contingências, apesar do “lobby” dos minerais procurar formas de harmonia, sobretudo por via do agenciamento das elites, sujeitas assim a outras fórmulas de assimilação.

De facto, os programas mineiros que ocorrem bem no miolo do continente e para norte, necessitam das infra estruturas e estruturas que fazem a conexão aos portos do Índico e do Atlântico e esse é um factor de relativa estabilização da SADC, salvo a excepção da RDC, em função dum conjunto de factores que se tornam críticos na Região dos Grandes Lagos.

A enorme República Democrática do Congo, situada a ocidente do centro geográfico de África, abrange a maior matriz da água interior do continente e é um dos países com menos infra estruturas e estruturas disponíveis em África, desde que a Conferência de Berlim a tornou propriedade do Rei Leopoldo!

A emergência multipolar pode conseguir por via disso um relacionamento privilegiado com a RDC, todavia em parte por causa dessa mesma possibilidade, em parte por causa da vulnerabilidade histórica da Região que abrange o Congo sobretudo a leste e a norte, todos os projectos infra estruturais (construção de estradas e caminhos de ferro sobretudo), têm sido protelados… eternamente à espera de melhores dias.

É assim que, com um Congo em letargia e incapaz de despertar, grande parte do continente está ancorado ao subdesenvolvimento crónico e à sucessão de episódios plenos de tensões, conflitos e guerras, década após década.

Palco das contradições globais, África tarda em estabelecer nexos de paz e de crescimento, estando ainda muito longe de obter um patamar capaz de conduzir a um desenvolvimento sustentável que venha a beneficiar os seus povos, em especial a norte da SADC!

A assimilação de suas elites por inteligência de factores externos poderosos, é aproveitada em função dos desequilíbrios, das assimetrias e da disfuncionalidade da malha de ocupação político-administrativa, quantas vezes sem o suporte mínimo de vias de comunicação em estado satisfatório!

O neo colonialismo faz tardar a utopia do renascimento, apesar de alguns procurarem a paz pan-africana, vocacionada pela relativa harmonia promovida pelas elites agenciadas pelo “lobby” dos minerais!

Imagem: Mapa das exportações de África, país a país

Europeias: Até ao meio-dia, votaram apenas 12% dos portugueses




Até às 12:00 tinham votado 12,14% de eleitores em Portugal, segundo os primeiros dados relativos à afluência às urnas divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Quanto aos eleitores comunitários não nacionais, à mesma hora a afluência tinha sido de 2,55%.

Nas anteriores eleições para o Parlamento Europeu, realizadas a 07 de junho de 2009, à mesma hora registava-se uma afluência de 11,8%.

Nessas eleições a abstenção foi de 63,22% (mesmo assim abaixo do valor recorde registado em 1994, 64,46%) e a taxa de abstenção dos emigrantes foi de 97,5%.

A divulgação dos resultados provisórios será conhecida a partir das 22:00, depois da hora de fecho das urnas em Itália, uma vez que a abertura do escrutínio decorre simultaneamente em todos os países de eleições da UE.

Perto de 9,7 milhões de eleitores são hoje chamados a eleger os 21 deputados portugueses no Parlamento Europeu, menos um do que há cinco anos.

No total, concorrem 16 listas, mais três do que nas europeias de 2009.

Nas eleições realizadas há cinco anos, o PSD, que agora concorre coligado com o CDS-PP, elegeu oito eurodeputados, enquanto o PS conseguiu conquistar sete lugares no Parlamento Europeu.

O BE foi a terceira força política mais votada, elegendo três eurodeputados, e o CDS-PP elegeu dois, tal como a CDU.

No total, serão eleitos 751 eurodeputados pelos 28 Estados-membros da União Europeia, que representarão cerca de 500 milhões de cidadãos da UE nos próximos cinco anos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Europeias: Descontentamento é sentimento comum e justifica falta às urnas

O descontentamento era o sentimento mais comum entre os que passeavam hoje em Lisboa, junto ao rio Tejo, e a razão pela qual muitos optam por não votar nas europeias, apesar de para outros o voto ser quase sagrado.

A meio da manhã, como habitualmente aos domingos, José Jorge dava toques numa bola no jardim junto à Torre de Belém.

"Durante duas horas estou aqui, é bom para descontrair do dia-a-dia, é uma terapia", afirmou à Lusa o lisboeta de 62 anos, que àquela hora ainda não tinha ido votar e não sabia se haveria de ir.

"Voto sempre, mas este ano o descontentamento é muito e acho que não vou", disse à Lusa.

Questionado sobre se não o preocupava estar a dar a outros a oportunidade de decidir por si, José Jorge concordou, mas reforçou que "o descontentamento é tanto que não merece a pena".

Também para Carlos Salvador, de 56 anos, que garante ter participado em todas as eleições, não ir votar desta vez é "uma forma de protestar".

"O risco é continuarmos a votar sem termos a nossa própria opção. Não há nada que garanta a minha própria opção a não ser o voto nulo e para isso não vou", afirmou, antes de continuar o passeio de bicicleta junto ao rio.

Ainda na mesma geração, também Fátima Lopes, de 57 anos, vai ignorar o apelo do Presidente da República, Cavaco Silva, para que os portugueses exerçam o seu direito de voto.

"Ainda não fui votar e penso que não vou. Acho que não compensa, não acredito em ninguém que lá está, não tenho ilusões, só pensam neles e não pensam nos pobres e nos trabalhadores", justificou, acrescentando que para votar em branco prefere não ir.

Já para Inês Amaral, de 23 anos, e Adolfo Lopo, de 62 anos, o voto é quase sagrado e a 'cruz' será feita no boletim de voto à tarde.

"Há muita gente descontente da forma que isto está, cada vez pior, mas eu vou sempre votar. Vou votar a seguir ao almoço", contou à Lusa o pescador que hoje ainda não tinha apanhado nada do Tejo, que normalmente lhe dá "algorazes, robalos, ou linguados, que ficam bons tanto cozidos como grelhados".

Também a escuteira Inês Amaral, que vendia porta-chaves aos turistas para angariar dinheiro para um acampamento internacional, tinha a intenção de votar, tal como faz sempre desde que completou 18 anos.

"Absterem-se não leva a lado nenhum. Que votem em branco se estão descontentes e não confiam em nenhum" partido, sugeriu.

Os portugueses elegem hoje os 21 deputados portugueses ao Parlamento Europeu, para o mandato de cinco anos, numas eleições a que concorrem 16 listas.

São perto de 9,7 milhões de euros os eleitores aptos a votar, mas há indicações de que mais uma vez a abstenção deverá ser elevada.

Nas últimas eleições, realizadas a 07 de junho de 2009, a abstenção foi de 63,22%, mesmo assim abaixo do valor recorde registado em 1994, de 64,46%.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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(Des)União Europeia vai "destruir a Europa" - José Gil




Em entrevista ao Diário de Notícias o filósofo português José Gil diz não acreditar que a Europa consiga encontrar um rumo que permita a real hegemonia entre os seus membros e defende que a forma como a Alemanha e a França estão a impor a sua supremacia acabará por destruir a Europa.

Pouco crente na existência da União Europeia, devido à falta de unidade dos seus membros, o filósofo José Gil afirma, em entrevista ao Diário de Notícias, que a “União Europeia acabará por destruir a Europa”.

Lembrando que foi “uma série de afinidades entre os países europeus” que levou ao “desejo de formar uma união que desembocaria numa união europeia”, José Gil revela que não se pode chamar ao que se está a passar na Europa de desunião porque esta “não é hostil nem agressiva”, mas que denota uma “supremacia de uns elementos sobre outros e a ausência de uma política internacional comum”.

Assim, defende que a forma como esta Europa se construiu foi errada e afirma não acreditar que possa tomar um rumo diferente. “O rumo vai ser sempre o mesmo: o culminar de um Estado político unitário europeu”.

Um alegado crescimento da extrema-direita e da extrema-esquerda poderia ser uma solução mas “existe pouca reação”. Em Portugal, sobretudo, não existe uma “extrema-direita com expressão”, nem terreno propício para que o popularismo apareça”.

Assim, o filósofo, que condena a forma arrogante como os países do norte olham para os países do sul, asssegura que a Alemanha e a França “convergem para assegurar uma hegemonia que é intolerável e que vai destruir a Europa”.

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