Igor Siletsky – Voz da
Rússia
Neste
momento não existe uma ameaça militar direta à soberania ou à integridade da
Rússia. Mas não cessam as tentativas de desestabilizar a situação dentro do
país. Os russos não irão permitir no seu país uma repetição do cenário usado
pelo Ocidente nos países fracos, diz Vladimir Putin. O presidente fez essa
afirmação na reunião do Conselho de Segurança da Rússia.
Entretanto
Washington ameaça Moscou com o isolamento internacional. Será capaz o Ocidente
de executar suas ameaças numa situação de uma nova realidade mundial?
Moscou
cumpre com rigor as normas do direito internacional e suas obrigações perante
os parceiros. Contudo, relativamente à Rússia, assim como a outros países, cada
vez mais se ouve a linguagem dos ultimatos e das sanções.
O
próprio conceito de soberania nacional está sendo diluído, e os regimes
incômodos, assim como os países que têm uma política independente, ou
simplesmente são obstáculo aos interesses de alguém, são desestabilizados. Para
isso são usadas as chamadas “revoluções coloridas” ou, se chamarmos as coisas
pelos seus nomes, golpes de Estado, afirmou o presidente russo. Esse cenário
não irá funcionar na Rússia, disse Vladimir Putin:
“Se
regressarmos aos cenários desse tipo em geral, isso é completamente inaceitável
e contraproducente. Isso destrói a atual ordem mundial. Sem qualquer dúvida,
esses métodos diretos contra a Rússia não irão funcionar. As receitas que
funcionam contra países fracos, falhados, minados por contradições e conflitos
internos, não funcionarão no nosso país. Os cidadãos da Rússia não o
permitirão.”
As
relações das capitais europeias com Moscou, já de si difíceis devido à crise
ucraniana, ainda se deterioraram mais depois da catástrofe do Boeing malaio.
Kiev, e seguidamente Washington, declararam que o avião tinha sido abatido
pelos milicianos de Donetsk, quase com a ajuda direta de militares russos.
Sobre
a razoabilidade das autoridades de Kiev nem vale a pena falar. Mas neste caso
também o Ocidente se comporta de forma pouco razoável: ele ignora mesmo os
dados do controle objetivo apresentados pela Rússia e, sem qualquer
investigação, designam Moscou como culpada pelo incidente. Na opinião dos
analistas, isso apenas corrobora a versão de a queda do Boeing ter sido uma
provocação planejada pelos estadunidenses. Não é difícil explicar qual é o
interesse dos EUA nessa jogada, considera o diplomata russo Valeri Morozov:
“Se
for possível confirmar, de fato ou no plano informativo, que a culpa é da parte
russa, direta ou indiretamente, pelas mãos dos rebeldes, então os EUA
conseguirão convencer a Europa a aprovar sanções mais duras e setoriais. Ficará
a Rússia isolada? Penso que não.”
Segundo
Morozov, a recente viagem de Vladimir Putin à América Latina demonstrou mais
uma vez que na atual situação é impossível isolar a Rússia. Moscou tem contatos
estreitos e apoio da parte de seus parceiros do BRICS – Brasil, Índia, China e
África do Sul. Portanto, nunca ficaria num isolamento total.
Mas
as sanções, em si mesmas, são uma coisa desagradável, refere o analista
político Vladimir Evseev:
“Os
processos internacionais, a que atualmente assistimos no norte de África e no
Oriente Médio e Próximo, dizem-nos que o período de dominação global dos EUA
está terminando. Nessas condições os EUA não conseguirão isolar a Rússia. Mas
poderão criar muitos problemas à Rússia.”
Moscou
espera que os legítimos interesses nacionais da Rússia serão, mesmo assim,
tidos em conta e que ninguém irá interferir nos seus assuntos internos. No
entanto, a Rússia está preparada para qualquer evolução dos acontecimentos. Vladimir
Putin declarou na reunião do Conselho de Segurança russo que já é tempo de
empreender novos passos para uma redução da dependência da economia nacional e
do seu sistema financeiro da instabilidade dos mercados globais e dos riscos políticos.
Mas
como o Ocidente não só ameaça com sanções, mas faz igualmente demonstrações de
força junto às fronteiras russas, Moscou irá continuar reforçando a capacidade
de defesa do país. A Rússia não é parte de qualquer aliança militar e isso, nas
palavras do presidente, também é de forma significativa uma garantia da sua
soberania, porque qualquer país ao entrar numa aliança cede uma parte da sua
soberania. O que em muitos casos não favorece seus interesses nacionais.
Foto:
RIA Novosti/Ekaterina Shtukina
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