quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Timor-Leste: Presidente pede eficiência aos ministros na posse do novo Governo



FPA (MSE) - Lusa

Díli, 08 ago (Lusa) - O presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, deu hoje posse ao novo governo do país pedindo aos ministros que trabalhem com eficiência e sem repetir os erros do passado.

"O que vos peço a todos, os novos ministros, é que trabalhem eficientemente. Quero também pedir-vos que não repitam os erros cometidos por ministros anteriores", disse o presidente, depois de acusações de corrupção terem marcado o executivo anterior.

Chefiado por Xanana Gusmão, o novo executivo tem 55 membros, 11 dos quais mulheres, e inclui um primeiro-ministro, um vice-primeiro-ministro, 15 ministros, 12 vice-ministros e 26 secretários de Estado.

O novo governo foi constituído na sequência de uma coligação governamental entre o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do primeiro-ministro Xanana Gusmão, vencedor sem maioria absoluta das legislativas de 07 de julho, e o Partido Democrático (PD) e a Frente Mudança.

Fernando "Lasama" de Araújo, presidente do PD, será vice-primeiro-ministro e José Luís Guterres, da Frente Mudança, será ministro dos Negócios Estrangeiros.

A dimensão do governo, com mais três ministérios do que o anterior, motivou críticas da oposição, nomeadamente da Fretilin, que ficou em segundo lugar nas legislativas de julho.

Para o partido, a criação de três novos ministérios é um desperdício num país com apenas 1,1 milhões de pessoas, metade das quais vivem abaixo do limiar da pobreza.

"Isto vai aumentar os gastos com ministros e vice-ministros e é completamente desnecessário num país tão pequeno", disse o vice-presidente da Fretilin, Arsénio Babo, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

"A única explicação é a criação de empregos para os amigos para satisfazer interesses individuais e da coligação", acrescentou.

AGÊNCIA LUSA SEM VERGONHA? - opinião

A Lusa serve-se da AFP para noticiar sobre Timor-Leste? Mas não tem em Díli uma delegação que custa “os olhos da cara”, como dizem, aos contribuintes portugueses? Tenha ou não tenha a delegação, esbanje mais ou menos, o que se pergunta é se Timor-Leste não tem direito a ter o mesmo trato no mister de informação que Angola e outros países lusófonos. Ainda para mais porque sem isso, em português, em Timor-Leste não existem órgãos de comunicação social, apesar de ser dito que TL é um país da lusofonia e da CPLP. Quando é que a Lusa tem vergonha sobre o que não faz mas devia fazer em Timor-Leste? (PG)

LEILÃO PARA O CARGO DE MINISTRO DO INTERIOR



Alfredo Muvuma – Maka Angola

Um antigo membro do governo, agora na Assembleia Nacional a cumprir mandato de deputado pelo MPLA, estará na disposição de pagar até US $4 milhões a quem convencer o Presidente José Eduardo dos Santos a nomeá-lo como ministro do Interior no executivo a ser constituído depois das eleições de 31 de Agosto.

A compra e venda de cargos no comité central do MPLA e no governo é uma prática antiga no partido que governa Angola desde 1975.

No último fim de semana, o Novo Jornal, geralmente muito bem informado sobre a alta política angolana, revelou que o secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, está na iminência de perder o cargo em virtude de ter leiloado cargos no comité central do partido.

Suspeita-se que o leilão de postos envolveria, igualmente, assessores do Presidente José Eduardo dos Santos.

No entanto, segundo fontes do Maka Angola, o quase consumado afastamento de Dino Matross dar-se-á mais por causa de uma renhida luta interna no seio do MPLA e menos pela repulsa que a prática do secretário-geral tenha suscitado no partido.

Enquanto Dino Matross está em vias de ser castigado, para facilitar a ascensão de uma outra ala do regime na administração do MPLA, o leilão de cargos públicos continua.

Antigo governador provincial e ministro, o deputado que agora almeja o cargo de ministro do Interior é bem conhecido por ser muito bom em operações de somar e subtrair. “Se o deputado está disposto a pagar 4 milhões pelo cargo é porque está seguro que teria um retorno nunca inferior a 100 milhões de dólares no mínimo”, assevera uma fonte do Maka Angola.

O leilão de cargos é, em parte, responsável pela entrada nos mais altos escalões do MPLA e do governo de pessoas com pouca ou nenhuma preparação académica, técnica ou profissional.

Práticas como as que envolvem o secretário-geral do MPLA e até mesmo assessores do Presidente da República ajudam a perceber melhor a razão pela qual as intenções de combater a corrupção, várias vezes reiteradas pelo próprio líder do MPLA, nunca saíram do papel.

O envolvimento de pesos-pesados do MPLA e da Presidência da República com a alta corrupção explica a feroz resistência que iniciativas como a criação da Alta Autoridade Contra a Corrupção encontram no seio do partido governante.

Angola: PROGRAMA DE GOVERNO É “ALTAMENTE EXEQUÍVEL” - MPLA



NME - Lusa

Luanda, 07 ago (Lusa) - O secretário para a Política Económica e Social do MPLA, Manuel Nunes Júnior, disse hoje em Luanda que o programa de governação do seu partido é "altamente exequível" e se for implementado mudará significativamente a vida dos angolanos.

Manuel Nunes Júnior respondia a questões colocadas por internautas, hoje em conferência de imprensa "online", uma iniciativa que se seguiu a outra realizada em finais de julho pelo secretário para a Informação deste partido, Rui Falcão.

Com 69 visualizações, a maioria dos internautas colocou preocupações ligadas ao desemprego, combate à pobreza e apoio aos jovens.

Segundo Manuel Júnior, o programa do partido no poder é exequível porque é baseado "nas mais profundas aspirações do povo angolano e elaborado com consistência técnica".

"É um programa que está a ser levado por um partido com experiência, um partido que está no Governo há vários anos, que tem cumprido as suas promessas", referiu o político, a quem coube a apresentação do Programa de Governo para o quinquénio 2012/2017 e do Manifesto Eleitoral, no passado dia 17 de julho.

Manuel Nunes Júnior disse, entretanto, que o programa de governo de 2008 teve algumas metas que não foram cumpridas, apresentando como razões "fundamentais" a crise económica, financeira internacional "severa" que afetou também Angola.

"Pelo que o nosso partido tem um programa exequível e que se levado a cabo nos próximos cinco anos vai certamente mudar de maneira significativa as condições dos angolanos", frisou.

O político respondendo às preocupações no tocante ao desemprego e combate à pobreza referiu que esses dois pontos são questões "cruciais" para o MPLA, evocando as várias políticas do programa de governação para o efeito.

"Teremos que trabalhar arduamente para que os níveis de desemprego sejam inferiores a 20 por cento e para que a taxa de ocupação laboral dos jovens não seja inferior a 90 por cento", acentuou.

Esta é a segunda conferência "online" promovida pelo MPLA, desde a última realizada por Rui Falcão, a 27 de Julho passado, acompanhada por 725 internautas, onde respondeu a 39 perguntas sobre políticas para a juventude, habitação, infraestruturas e salários.

Também a UNITA, o maior partido angolano da oposição, comunicou para data a anunciar a disponibilidade do seu líder, Isaías Samakuva, responder também "online" a questões colocadas pela população.

Cabo Verde: STA CATARINA TOLERANTE, CUIDADO COM A ÁGUA, COMBUSTIVEIS "BARATOS"




Presidente da câmara de Santa Catarina promete tentar acordo com PAICV

06 de Agosto de 2012, 20:07

Cidade da Praia, 06 ago (Lusa) - O presidente reeleito no município de Santa Catarina (ilha de Santiago) disse hoje que o Movimento para a Democracia (MpD) vai apresentar ao PAICV "uma proposta de acordo que garanta a governação municipal em estabilidade" nos próximos quatro anos.

Francisco Tavares acrescentou que a proposta de acordo do MpD pretende "viabilizar os instrumentos importantes de governação municipal", nomeadamente planos de atividade e orçamentos, planos urbanísticos, recurso ao crédito bancário e criação da polícia municipal.

O responsável garantiu ainda que o MpD tem toda a disponibilidade para dialogar com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) com vista à "governação em estabilidade" no município de Santa Catarina.

"Estamos disponíveis para dialogar com o PAICV para que assuma vereações a tempo inteiro na câmara municipal e o MpD assuma um dos lugares na mesa da assembleia municipal", declarou.

O candidato do MpD foi reeleito para um segundo mandato, enquanto o PAICV ganhou a assembleia municipal por dois votos a mais, colocando o município numa situação de coabitação, até então inédita no país.

No sábado, num comício em Santa Catarina, Francisco Tavares afirmou que está pronto para eleições antecipadas, caso a Assembleia Municipal bloqueie a ação da câmara.

No comício, o autarca voltou a acusar o PAICV de ter obtido "na secretaria" a assembleia municipal em Santa Catarina.

O PAICV ganhou as eleições para a assembleia municipal depois de o Supremo Tribunal de Justiça ter julgado improcedente o recurso interposto pelo MpD.

O MpD solicitou o cumprimento de um acórdão do tribunal, de 10 de julho, no qual recomendou a repetição do apuramento geral de todas as 73 mesas do concelho para efeito de requalificação dos votos em branco e repetição da votação nas duas mesas de Boa Entrada e Cruz Grande.

Nestas duas mesas, as eleições foram repetidas a 22 de julho.

A repetição das eleições aconteceu na sequência de um pedido de impugnação feito pela candidatura do PAICV em 43 das 73 mesas do concelho, alegando fraude generalizada no sufrágio de 01 de julho.

CLI.

UNESCO apoia o arquipélago na estratégia para boa utilização da água

08 de Agosto de 2012, 13:21

Cidade da Praia, 08 ago (Lusa) - A organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) está a apoiar Cabo Verde na Implementação do Comité Nacional do Programa Hidrológico Internacional (PHI), anunciou hoje o Governo.

O programa visa formar os cidadãos para a boa utilização da água e promover o desenvolvimento de pesquisas sobre o problema dos recursos hídricos.

A ação constitutiva do Comité decorre na cidade da Praia e vai integrar representantes dos organismos públicos que lidam com a problemática da água, instituições que se dedicam à pesquisa e a sociedade civil.

Criado pela UNESCO em 1975, o PHI é um programa intergovernamental de cooperação científica para recursos hídricos, que permite aos Estados-membros melhorar os seus conhecimentos sobre o ciclo da água contribuindo para aumentar as suas capacidades de gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos.

Segundo o ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva, que exerce, também, as funções de presidente da Comissão Nacional da UNESCO, o Comité Nacional do PHI, vai trabalhar várias dimensões da problemática da água com ênfase na questão da educação.

"Temos ainda na nossa sociedade vários segmentos sociais que não têm acesso à água de qualidade e água em quantidade, entendida como quantidade suficiente. Portanto, há aqui uma luta para uma melhor distribuição e para a melhor acessibilidade social", explicou.

A investigação será, segundo António Correia e Silva, outra vertente importante para se conhecer as potencialidades existentes em Cabo Verde em termos de recursos hídricos de forma promover a sua boa utilização.

Neste sentido, o ministro defendeu "um grande choque de conhecimento sobre a problemática da água em Cabo Verde".

"As nossas universidades têm que sinalizar nas suas ofertas formativas a temática da água. Têm que ter projetos de investigação que leva ao melhor conhecimento das nossas águas, melhores técnicas de mobilização e conservação da água", sugeriu.

António Correria e Silva adiantou que o Governo, através do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação, vai financiar aqueles que tenham melhores propostas para pesquisa e a formação avançada no domínio da água.

O Programa Hidrológico Internacional visa criar as bases técnicas e científicas para uma gestão dos recursos hídricos, constituindo o principal mecanismo da UNESCO para busca de soluções para os problemas prioritários dos recursos hídricos e dos ecossistemas relacionados, para o desenvolvimento de ferramentas e estratégias com vista à prevenção dos conflitos, entre e dentro dos Estados-membros.

CLI.

Preços dos combustíveis com redução até 10 por cento

08 de Agosto de 2012, 14:00

Cidade da Praia, 08 ago (Lusa) -- Os preços dos combustíveis em Cabo Verde sofreram hoje uma redução entre 4,56 e 10 por cento, a maior descida dos últimos meses, anunciou a Agência de Regulação Económica (ARE).

O gás butano e a gasolina foram os produtos que tiveram as baixas mais significativas (10% e 5,75% respetivamente).

O gasóleo sofreu uma redução de 4,56% e passa a custar 1,13 euros o litro. O preço da gasolina caiu de 1,73 euros para 1,63 euros. O petróleo normal também sofreu uma redução de 4,96%, custa agora 0,90 euros o litro.

O gás butano registou a baixa mais importante, com a garrafa de gás de 3kg a ser vendida por 3, 8 euros (menos 10,34%), a de 6 kg cai por 7,9 (menos 10,25%), a de 12,5 kg custará 16,5 euros (-10,28%) e a de 55 kg será vendida por 72,8 euros.

Para justificar estas descidas acentuadas, além da baixa dos preços de produtos petrolíferos no mercado internacional, a ARE informou que a cotação do euro em relação ao dólar continua a cair.

Estes fatores conjugados, diz a agência de regulação económica, resultou na redução das médias bimensais de todos os produtos petrolíferos, com maior incidência no gás butano.

CLI.

Moçambique: A FOME, O ASSÉDIO SEXUAL, MELHOR ECONOMIA, MORRER POR CORNOS




Reduzido número de pessoas com apoio alimentar devido a seca extrema

08 de Agosto de 2012, 10:19

Chimoio, Moçambique, 08 ago (Lusa) - Moçambique reduziu para cerca de 300 mil o número de pessoas que têm que ser alimentadas ciclicamente, por viverem em zonas de seca extrema, com a introdução de diversas tecnologias nas regiões áridas e semiáridas.

Falando, hoje, à Lusa, João Ribeiro, diretor geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), disse que a falta de chuva e as condições climatéricas das regiões afetadas colocam a população numa situação de fome aguda, o que força o Governo a dar apoio com mantimentos, de forma cíclica.

"Neste momento assistimos uma média de 300 mil pessoas. Vínhamos com 1,2 milhões de pessoas que ciclicamente tínhamos que alimentar, mas introduzimos programas no sentido de ver que ações de rendimento as comunidades das zonas áridas podiam realizar para minimizar a situação", explicou João Ribeiro.

Desde de 2006, disse, o INGC tem vindo a introduzir tecnologias apropriadas para comunidades que vivem nas zonas áridas e semiáridas, para diminuir o sofrimento da população, que geralmente vive com uma escassez acentuada de água e comida.

As tecnologias, de baixo custo, incluem a construção de cisternas e caleiras, para o depósito e conserva de água, para irrigação e/ou consumo, a agricultura de conservação, que evita evaporação da pouca água no solo, e artesanato para a gerar rendimento nas comunidades.

"Estamos a potenciar o que existe nas zonas áridas, como frutos silvestres para fabrico de compotas e licores e, mesmo, para alimentos. Estamos a domesticar espécies nativas (nutritivas), que podem ser usadas durante o período sem seca, e com valor comercial", indicou João Ribeiro.

A iniciativa está a ser implementada nas regiões sul, nos distritos de Massangena e Chigubo (Gaza), Mabote e Funhalouro (Inhambane) e centro, nos distritos de Machaze (Manica) e Mutarara (Tete). O projeto deverá ser expandido para mais zonas afetadas.

AYAC.

Secretárias preocupadas com assédio sexual nos locais de trabalho

08 de Agosto de 2012, 11:13

Chimoio, Moçambique, 08 ago (Lusa) - A presidente da Associação das Secretárias moçambicanas manifestou hoje uma "profunda preocupação" com o índice de assédio, sobretudo sexual, protagonizado pelos dirigentes nas suas instituições de trabalho, e a ocultação dos casos pelas vítimas.

Em declarações à Lusa, Julita Juma, presidente da Associação das Secretárias e Secretários de Moçambique (Assemo), disse, em Chimoio, centro de Moçambique, que muitas vítimas se recusam a reportar os casos à organização, receando a retaliação dos seus protagonistas, geralmente seus superiores hierárquicos.

"A secretária tem de ser capaz de mostrar o que ela é, e o que vale. Sempre que há casos de assédio, geralmente reportados pela imprensa, nós tentamos aproximarmo-nos da vítima, mas muitas se fecham" precisou Julita Juma.

"A secretária, como mulher, tem sido conotada como sempre estar ao dispor dos chefes, mas o nosso desafio é mostrar à sociedade que não é isso", disse a responsável, apelando aos membros da organização para serem mais ativos na participação de casos.

Desde a sua criação, em 1994, a Assemo tem vindo a trabalhar em defesa das secretárias e secretários, nomeadamente na conduta ética, deontologia profissional, sigilo, além de os informar sobre a legislação da função pública, para responder às exigências dos seus gabinetes.

A organização reuniu mais de 400 secretárias e secretários no distrito de Gondola, centro de Moçambique, numa conferência nacional, para discutir sobre a "era de globalização" vincando a necessidade da valorização da carreira e profissão.

"Temos o desafio de ser proativos. Vemos uma valorização das secretárias a nível provincial, mas a nível dos distritos encontramos secretárias que ainda não sabem o que é um computador" concluiu Juma.

AYAC.

Economia cresceu 7,3 por cento no primeiro semestre - Governo

08 de Agosto de 2012, 11:33

Maputo, 08 ago (Lusa) - A economia moçambicana cresceu 7,3 por cento no primeiro semestre deste ano, o que a coloca a 1,2 pontos percentuais da previsão anual, que é de 8,5 por cento, disse o ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique.

Falando na terça-feira, no final da sessão do Conselho de Ministros, Aiuba Cuereneia disse que o Estado moçambicano arrecadou em receitas 1,6 mil milhões de dólares, o que representa 45,6 por cento da meta anual calculada em 3,4 mil milhões de dólares.

"Os indicadores do desempenho da economia ao longo do primeiro semestre deste ano são bastante encorajadores. A produção global registou crescimento de 7,3 por cento, a inflação média está no bom caminho. Até junho tínhamos alcançado um nível de 6,18 por cento, contra a meta anual de 7,2 por cento", disse o ministro.

O crescimento económico nos primeiros seis meses do ano leva o executivo moçambicano a manifestar otimismo em relação às metas previstas e à manutenção do "bom desempenho" da economia em 2012.

Segundo o responsável pelo pelouro da Planificação e Desenvolvimento, este resultado deveu-se ao desempenho dos setores de construção, indústria extrativa, transportes e comunicações, agricultura e indústria de manufaturação.

O setor de construção contribuiu para o crescimento da produção global, na sequência do volume de investimentos na edificação e reabilitação de infraestruturas públicas e privadas, acrescentou o governante, citando dados do Balanço do Plano Económico e Social (PES) referente ao primeiro semestre, analisado e aprovado pelo Conselho de Ministros.

A indústria extrativa também teve um grande impacto na economia resultado da contribuição das areias pesadas de Moma e do início da produção de carvão mineral em Moatize e Benga, empreendimentos localizados na província de Tete, que são explorados pelas mineradoras brasileira Vale e anglo-australiana Rio Tinto, apontou Aiuba Cuereneia.

"Com estes dados, prevemos que podemos alcançar os indicadores e as metas planificados para este ano. As perspetivas de crescimento da nossa economia são boas e isso significa também que os fatores externos existentes e que afetam a nossa economia estão a ser bem combatidas, sobretudo no que refere à crise da Zona Euro", sublinhou.

O balanço do PES deverá ser submetido à Assembleia da República, até 15 de agosto, para ser debatido e aprovado na próxima sessão, que começa em outubro.

MMT.

"Dezenas de moçambicanos mortos" no Kruger Park por caça ilegal de rinocerontes -Jornal

08 de Agosto de 2012, 16:37

Maputo, 08 ago (Lusa) - Dezenas de moçambicanos foram alvejados mortalmente desde novembro no Kruger Park, na África do Sul, por caça ilegal de rinocerontes, notícia hoje o jornal O País, de Maputo, que descreve que se vive "um cenário de guerra" naquela área.

"Há relatos de dezenas de moçambicanos mortos, de novembro passado a julho deste ano" no interior do Kruger Park, escreve a publicação em reportagem intitulada "Negócio de luxo" de caça de rinocerontes para extração do corno.

O País identifica quatro mortos, um dos quais agente da Guarda Fronteira, e refere que uma arma, Mauser 375, usada pelos caçadores furtivos "foi retirada três vezes do comando distrital" da Polícia da República de Moçambique, "num espaço de três anos".

De acordo com jornal, desde 2007, mais de mil rinocerontes foram abatidos por grupos armados, que integram moçambicanos, um "negócio que, aliás, envolve membros da Polícia da República de Moçambique, da Guarda Fronteiras e figuras ligadas ao tráfico de viaturas".

"A procuradoria distrital de Massingir está, neste momento, com vários processos-crime que envolvem agentes da guarda fronteira e civis envolvidos na caça furtiva, incluindo altas patentes da polícia. Todas as ações são planeadas a partir do Chokwé, Chibuto e Maputo", denuncia o diário, assinalando que "na verdade, o que se vive no Kruger Park é um cenário de guerra".

O Parque Nacional Kruger, a maior área de conservação de fauna bravia da África do Sul, cobrindo cerca de 20 mil quilómetros quadrados, foi alargado para o interior de Moçambique com a criação de um parque transfronteiriço que inclui a reserva do Limpopo.

MMT.

Crise da zona euro - Os novos senhores da Europa são jovens e irrequietos





Com um mero clique, os jovens negociantes da City podem derrubar governos ou ameaçar a sobrevivência do euro. Mas, como os próprios admitem, têm dificuldade em interpretar os sinais equívocos dos líderes europeus. Agem com cautela, num círculo vicioso que alimenta a crise da dívida.


James Konrad, de 27 anos, apreciador de livros e bem-educado, costumava ganhar a vida numa empresa de apostas desportivas, avaliando as probabilidades de o terreno lamacento afetar as capacidades físicas dos cavalos nas corridas. Agora, aceita apostas sobre o terreno lamacento da política europeia.

James Konrad negoceia obrigações da zona euro, no valor de até 3 mil milhões de libras [cerca de 3,77 mil milhões de euros] por dia em nome do Royal Bank of Scotland. As probabilidades são quase igualmente duvidosas nas duas áreas, mas aos montantes que movimenta no seu emprego atual, e que parecem deixá-lo atordoado, são incomparavelmente maiores. "Como é que faz alguém perceber que negociou obrigações no valor de mil milhões?" "Mil milhões. É fácil perdermo-nos nos zeros."

O mercado obrigacionista revelou-se um protagonista de peso na crise económica na Europa, representando uma deslocação decisiva de poder dos políticos para os investidores e para uma obscura legião de banqueiros. As suas decisões coletivas de rotina podem agora fazer cair governos e detêm a chave da sobrevivência do euro.

Esse mercado parece um enorme Golias para quem está de fora, mas, em entrevistas, os próprios operadores financeiros que negoceiam em obrigações têm confessado que têm medo e se sentem confusos. Presentemente, estes operadores gerem níveis espantosos de risco e riqueza em nome dos investidores –cerca de 6,7 biliões de euros em dívida pública da zona euro, segundo o Banco Central Europeu.

'Até ao enésimo grau'

As preocupações económicas de fundo são que alguns países europeus devam demasiado dinheiro e que o mercado reaja fortemente a esse facto. Muitos investidores temem que deter dívida pública europeia envolva riscos a médio e longo prazo e tomaram a decisão, que consideram racional, de reduzir as suas carteiras ou mesmo de as resgatar. E, apesar de os dirigentes europeus defenderem que a moeda única sobreviverá à crise, nem todos os economistas têm tantas certezas.

Alguns operadores financeiros preocupam-se abertamente com o facto de muitos dos seus colegas não terem as competências necessárias para decifrar sinais contraditórios dos dirigentes europeus, num setor cada vez mais dependente da perceção e dedução política. Admitem que as flutuações a curto prazo das taxas das obrigações nem sempre refletem acuradamente o valor e o risco. No entanto, os operadores financeiros são tidos em conta pelos políticos em todo o leque de políticas governamentais –e são muitas vezes mal interpretados.

Os operadores financeiros são os primeiros a admitir que o resultado das suas decisões não é necessariamente coerente ou racional –ou mesmo claro, na mensagem que envia. Contudo, raramente tiveram tanto poder nas suas mãos.

"Costumávamos ser capazes de medir tudo até ao enésimo grau", disse Tim Skeet, gestor de títulos de rendimento fixo do Royal Bank of Scotland. "Presentemente, nada é mensurável. Tem menos a ver com manipular números e mais com o oráculo de Delfos."

Os economistas tendem a tratar o mercado obrigacionista como um interveniente racional, que impõe disciplina orçamental aos políticos. Os políticos acusam os "bond vigilantes" de porem em causa a recuperação da Europa e o seu prezado Estado-providência. A realidade é menos a preto e branco.

Pagar para emprestar dinheiro a Berlim

O medo existente entre os operadores financeiros e os seus nervosos investidores ajuda a explicar o motivo pelo qual as taxas para países com problemas, como a Itália e a Espanha, aumentaram fortemente e o motivo pelo qual as taxas de juro das mais fiáveis obrigações alemãs flutuaram em terreno quase negativo: os investidores estão tão aterrorizados que pagam efetivamente a Berlim pelo privilégio de lhe emprestar dinheiro.

Mas, no risco, também há lucro –muito lucro –bem como perda. Os montantes agora em jogo no mercado obrigacionista tornaram-no mais vulnerável aos tipos de especulação, volatilidade e rendimentos mais associados ao mercado de ações. Depois de a dívida pública na União Europeia ter atingido os 88% do produto interno bruto, e muito mais em certos países, segundo o Eurostat, alguns fundos de dívida soberana deram aos investidores rendimentos anuais de 9%. Claro que os investidores que detinham obrigações gregas sofreram perdas abruptas.

Dada a grande influência detida pelo mercado obrigacionista, as decisões por este tomadas podem ter o poder de uma profecia –ou seja, podem conduzir à sua própria concretização, influenciando os acontecimentos, mesmo quando os operadores financeiros as avaliam em bolsa.
Se considerarem que as obrigações espanholas são de risco, por o Governo de Madrid poder vir a entrar em incumprimento, os investidores e os operadores financeiros podem ajudar a que a Espanha entre de facto em incumprimento, aumentando os custos dos empréstimos. Claro que o facto de, durante meses, o Governo espanhol ter negado ou distorcido a dimensão dos seus problemas bancários não ajudou. Nem o facto de, antes de a Espanha ter começado a ter problemas, os detentores de dívida grega terem já sofrido enormes perdas. E, devido à profundidade dos problemas económicos de Espanha, alguns acreditam que poderá ser necessário um resgate.

A valsa e o frenesi

Os operadores financeiros queixam-se frequentemente de que os políticos esperavam que o mercado obrigacionista falasse a uma só voz e acrescentam que seria bom que os políticos fizessem isso mesmo. Na verdade, em muitos aspetos a crise europeia tornou-se uma corrida entre as exigências frenéticas dos operadores financeiros e a valsa dos dirigentes europeus em luta pela criação de instituições que protejam a união monetária. É uma contenda enervante.

Olivier de Larouzière recorda ter convocado uma reunião de emergência, nas instalações da [empresa francesa de gestão de ativos] Natixis Asset Management, na Margem Esquerda, em Paris, num momento crucial, em junho. Nesse dia, Larouzière, que, como chefe da secção de títulos de rendimento fixo em euros da Natixis, gere dívida no valor de 18 mil milhões de euros, esteve atento à subida do rendimento das obrigações espanholas a 10 anos acima dos 7%, enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, e os seus pares europeus tentavam convencer os mercados de que não seria necessário o resgate da Espanha.

A opinião negativa sobre a dívida soberana da UE –suscitada, pelo menos em parte, por preocupações legítimas quanto à possibilidade de os dirigentes europeus não chegarem a acordo sobre o que fazer –pode ter um efeito de contágio, em especial quando acompanhada por dados económicos reais que se tornaram cada vez mais alarmantes.

Dar espaço à intuição

Presentemente, Olivier de Larouzière diz que "os rendimentos das obrigações italianas não deveriam estar onde estão", o que quer dizer que pensa que os progressos do país em matéria de reformas políticas são maiores do que os reconhecidos. Ainda assim, Larouzière continua a vender dívida italiana, por receio de que o pessimismo coletivo torne mais difícil para Roma obter os 100 mil milhões de euros de que precisa este ano.

"Isto tem menos que ver com economia de base e mais com emoções humanas básicas…tem que ver com medo", disse. Claro que os céticos argumentam que, apesar de todos os progressos políticos realizados pela Itália, os preços das suas obrigações refletem a preocupação pelo facto de seu grau de endividamento se manter desconfortavelmente elevado.

Para muitos operadores que chegaram à idade adulta quando a maior parte da Europa tinha a notação AAA, estas preocupações são novidade. O quadro mudou tão rapidamente que, apesar de ainda não ter 30 anos, James Konrad passou pelas duas eras. Neste momento, a sua licenciatura em História tornou-se útil. Para chegar às mais de 600 cotações de preços diárias que faz para as obrigações que gere – cerca de uma por minuto – a avaliação de Konrad sobre os resultados eleitorais de um país é, em muitos aspetos, tão importante como o relatório do PIB desse país.

O seu colega Tim Skeet, que estudou literatura alemã e francesa, receia que os mercados modernos não estejam preparados para este novo mundo. "Algumas pessoas estão demasiado dependentes de modelos, sem fazerem perguntas", disse. "Deveríamos passar de uma abordagem altamente técnica, baseada em dados e moldada pelos dados para uma abordagem mais intuitiva e qualitativa." Konrad é a única pessoa do seu balcão com uma licenciatura em ciências humanas. Os outros quatro são licenciados em matemática ou em ciências, como boa parte dos operadores financeiros.

Enquanto James Konrad passa parte do seu tempo a tentar avaliar as mudanças de correntes políticas, os seus colegas com espíritos mais matemáticos modelam os seus pensamentos para fins de negociação [de títulos]. Konrad admite que os resultados nem sempre são coerentes. "Há alguma irracionalidade no mercado", disse.

O BOSQUE EM FLOR



Rui Peralta
I

Em 2010 o Partido Comunista da India (Maoista) – PCI (M) - nomeou Cherukuri Rajkumar, cujo pseudónimo era Azad, como seu principal negociador nas conversações de paz com o governo. Azad era membro do Politburo do PCI (M), um guerrilheiro experiente e um homem considerado capaz mesmo pelos seus adversários políticos, que lhe temiam a inteligência. Na madrugada do dia 2 de Julho desse ano, nos bosques de Adilabad, no estado do Andhra Pradesh, Azad foi vítima de uma operação da polícia estatal, quando ia caminho de uma reunião com representantes das forças armadas da India e do Ministério do Interior, morrendo com um tiro no peito. Azad era acompanhado por um jovem jornalista, Hem Chandra Pandey, que também faleceu, vítima de um tiro na cabeça. As autoridades lamentaram o ocorrido e iniciaram um inquérito.

Azad era uma figura demasiado respeitada, mesmo pelos militares governamentais, para que tal facto fosse ignorado sem nada ser feito. As culpas acabaram por recair sobre a polícia estatal de Andhra Pradesh, embora ninguém fosse julgado ou suspenso das suas funções. “Um erro lamentável das forças policiais” referiu um porta-voz militar num tom lacónico. E a paz foi adiada, uma vez mais, naquela que a propaganda considera ser a mais populosa democracia do mundo.

II

Existe em Nova Deli um antigo observatório astronómico, Jantar Mantar, construído no século XVIII e uma maravilha científica na época, que é hoje uma atracçäo turística, transformado em sala de exposições e de conferências. Como em Deli só são permitidas manifestações convocadas pelos partidos políticos com assento parlamentar ou organizações religiosas, estando proibidas quaisquer manifestações fora desse âmbito, Jantar Mantar é o único local onde as pessoas se podem manifestar e protestar livremente, embora cuidadosamente vigiadas pela policia. Gente de todas as partes da India convergem para esta local para aí fazerem-se ouvir. Uns vêm de comboio, outros a pé (como o fizeram os sobreviventes da fuga de gás no Bhopal), todos convergindo em Jantar Mantar. Aqui acampavam e faziam as suas declarações, proclamavam as suas revindicações e realizavam manifestações de protesto.

Durante os Jogos da Commonwealth de 2010 em Nova Deli as autoridades decidiram alterar esta situação excepcional de democracia, apenas durante o período de realização do evento. O Jantar Mantar funcionaria com horários, das 9h às 17h, para não afectar o normal funcionamento dos Jogos. Só que os Jogos terminaram e a restrição manteve-se até hoje. Terminaram os acampamentos. Protestos e reclamações só a partira das 9h e às 17h, em ponto, termina a democracia. Se as coisas ficarem fora do controlo, os canhões de água e as cargas policiais repõem a situação.

Não foi só o Jantar Mantar que mudou durante os jogos. Foi a própria cidade. Cerca de 400 mil pessoas viram as suas casas destruídas e foram expulsas da cidade, para acampamentos distantes, aguardando por uma decisão, se não tiverem dinheiro para pagar uma renda. Mais de 100 mil vendedores ambulantes viram os seus locais de venda desaparecerem da cidade e foram empurrados para os subúrbios, por ordem do Supremo Tribunal, distantes dos centros comerciais, para assim não afectarem os negócios destes. Dezenas de milhares de mendigos foram expulsos da cidade e mais de 100 mil prisioneiros foram utilizados na construção das habitações para os atletas, túneis, piscinas e estádios.

A nova India do capitalismo Brics não gosta de falar das 60 milhões de pessoas que vagueiam sem destino pela ruas das cidades, fugindo da miséria rural, da fome, da seca e das inundações, expulsas das suas terras pelas minas, fábricas de aço, fundições de alumínio e pelas Zonas Económicas Especiais, para além das autoestradas e dos grandes diques e barragens. Estes 60 milhões são parte dos 830 milhões que vivem com menos de 20 rupias (cerca de 20 cêntimos de euro) por dia e que morrem de fome enquanto milhares de toneladas de cereais são comidos pelos ratos ou queimados em grandes quantidades, para manter os “preços do mercado a um nível atractivo”. E para completar este quadro da Nova India do progresso irreversível, faltam as dezenas de milhões de crianças subnutridas e os 2 milhões de crianças com menos de 5 anos que morrem anualmente.

É essa multidão obscura que, por toda a India, travam batalhas sem fim: contra as grandes represas no vale de Narmada, em Polavaram e Arunachal Pradesh; contra as minas em Orissa, Chhattisgarh e Jharkland; contra a apropriação de terras para as industrias e Zonas Económicas Especiais. Com tenacidade, com sabedoria e coragem, pela sua dignidade, pelo direito a viver como seres humanos. Sabem que vivem num país que apesar de ter a segunda taxa mundial mais alta de crescimento do PIB, tem mais pobres em 8 dos seus estados que os 26 países mais pobres de África juntos. Sabem que 650 milhões deles dedicam-se e vivem da agricultura, são agricultores, camponeses e trabalhadores agrícolas, mas o seu esforço de trabalho não representa mais de 18% do PIB e que não podem competir com o sector das tecnologias industriais, que empregam apenas 0,2% da população activa e representa mais de 5% do PIB. Procuram soluções para resolverem essas assimetrias do crescimento de forma a terem uma vida melhor e que também eles possam usufruir do desenvolvimento económico. Têm perfeita consciência de habitarem num país em que 60% da força de trabalho está por sua conta e risco e que 90% dos seus trabalhadores são não-especializados. E que as estatísticas de desemprego apregoadas pelos sucessivos governos da Nova India do mercado e do progresso, esquecem-se tecnicamente do subemprego e dos chamados empregos temporários.

Esta multidão sabe, também, que a sua luta é pela apropriação. Da India.

III

Os 100 indianos mais ricos representam ¼ do PIB. São venerados pelo governo e assumidos valores morais da nação, considerados exemplos para todos os outros, estabelecendo-se á sua volta uma impressionante cadeia propagandística. Os pobres têm de ver neles exemplos de conduta. Se trabalharem muito saem da pobreza e trabalhar muito significa trabalhar para os 100 senhores. Só que esta centena de oligarcas do capitalismo BRICS indiano não emprega adivasis nem pobres malcheirosos e indolentes (a indolência da fome). Então o governo dos 100 Senhores criou um programa, não de combate ou erradicação á pobreza, mas de eliminação dos miseráveis. Eliminação física. Assim o exército e a polícia, a Força Central de Reserva da Policia, a Força de Segurança Fronteiriça, a Força Central de Segurança Industrial, a Policia da Fronteira Indo-Tibetana, a Força de Fuzileiros da Fronteira Ocidental, as Forças Especiais (os Escorpiões, os Galgos e os Cobras), todos mobilizados para esmagarem as insurreições dos mais pobres de entre os pobres, na cintura mineira – que é também a cintura florestal – em Nagaland, Manipur e mesmo em Cachemira. Neste Estado, onde mais de meio milhão de soldados espalham a “democracia indiana” e garantem a unidade territorial, ir a uma manifestação é demasiado arriscado, pois os manifestantes são considerados separatistas, ou militantes do Lashkar-e-Toiba (uma organização separatista islâmica) e como tal agentes dos serviços secretos paquistaneses. Nem que seja uma simples manifestação de protesto contra o desemprego, conforme aprenderam 60 jovens indianos de Cachemira que perderam a vida numa campanha contra o desemprego, cujas manifestações foram brutalmente reprimidas pelas forças de segurança.

O programa do governo é simples: Privatizar. E este conceito no progressista capitalismo BRICS indiano é entregar a água, a electricidade, os minerais, a agricultura, a terra, as telecomunicações, a educação, a saúde – e o mais que houver – às Corporações Oligárquicas dos 100 Senhores. Claro que de quando em vez satisfaz-se as demandas populares, até para manter a capa da democracia e do poder do Estado Democrático de Direito, aplacando a ira dos pobres e distribuindo umas migalhas pelos trabalhadores. Foi assim que o governo cancelou as licenças de exploração de bauxite em Niyamgiri, exploradas pela VEDANTA, uma multinacional indiana, depois de uma batalha judicial travada por uma coligação entre a tribo dos Dongria-Kondh e activistas sindicais e ambientais, durante anos.

Este corrupto programa de privatizações comporta uma divisão de funções nas elites políticas, de forma a não caírem no descrédito das massas e manterem os seus feudos e influencias políticas. É assim que as castas dominantes mantêm a fachada democrática. Os ministros estão dispensados de ganhar as eleições. Esse papel cabe aos partidos políticos, cujas cúpulas estão afastadas do executivo e mantêm um discurso misto, de apoio às medidas do governo e simultaneamente de algumas críticas vagas, cujo pano de fundo é o “sacrifício por uma vida melhor”. Este sistema permite duas coisas: implementar as políticas de privatização e aniquilação do sector público, permitindo aos ministros (que sabem ser curta a sua carreira) correm atrás das chorudas comissões atribuídas pelas corporações nacionais. Mesmo que nas eleições, políticos de vários partidos teçam criticas e ataques pessoais uns aos outros (inclusive aos seus próprios companheiros de partido) a única rivalidade de facto existente é a rivalidade comercial entre as empresas da oligarquia.

Mas as comissões chorudas das multinacionais indianas e o seu peso nos media indianos e internacionais também fazem-se sentir nos “fazedores de opinião”, “vigilantes dos direitos humanos” que têm uma língua aguçada em relação a África, aos elevados níveis de corrupção e pobreza no continente, mas que ficam mudos em relação á realidade indiana ou então apontam-na como um exemplo de democracia nas economias do sul. Como se o capitalismo canceroso que mina as novas ideologias desenvolvimentistas africanas e que representa a queda da máscara das independências africanas, revelando o que elas de facto representavam no processo de globalização da nova fase pós-industrial do capitalismo (que necessita das riquezas que percorrem as veias do continente africano, mas que necessita também de custos de investimento mais baixos, partilhando esses custos com as elites dominantes africanas nascidas no período pós-independência, que mais não foi do que um período de acumulação de capital), não fosse o mesmo cancro que mina a India.

A taxa de crescimento do PIB indiano, que passou de 6,9% em 2001, para os 9,4% em 2007 e atingiu os dois dígitos em 2009, os seus recurso minerais que incluem a quarta maior reserva mundial de carvão, o ferro, o manganésio, a bauxite, o titânio, o cromo, diamantes, gás natural e petróleo, a legislação completamente aberta às forças de mercado, nacionais e externas (o que em muitos casos mistura-se pois a burguesia indiana e as riquezas da oligarquia tradicional volatilizaram-se facilmente nos mercados externos, onde são fortes associadas de multinacionais estrangeiras, obtendo assim uma atmosfera óptima para a internacionalização das suas corporações), o facto de ser uma potencia nuclear regional e de se fazer representar com influencia nos fóruns mundiais, constituem um atractivo para os investidores internacionais, que conseguem obter e apropriar-se das riquezas (sobras) que a repleta burguesia nacional indiana já não tem interesse em deitar a mão.

No fundo o capitalismo BRICS na India é uma imensa operação de marketing e propaganda, uma realidade virtualizada, cujo objectivo é atrair investimento e tornar atractivo o investimento indiano no exterior, uma lição cujo sumário é: Como transformar um elefante de pés-de – barro (ou um tigre de papel se quisermos parafrasear Mao) numa sólida e apetecível ilusão.

IV

As lutas que têm lugar na India são lutas que, para além da sua componente de guerra de classes, tem como pano de fundo o respeito dos direitos constitucionais. Só que as elites dominantes da India já não têm necessidade de respeitar a Constituição. Para o governo representativo da oligarquia o preambulo constitucional que proclama: “Nós, o Povo da India, solenemente resolvemos constituir a India numa soberana e secular Republica Democrática Socialista (…) ”, é um contrassenso, que deveria ser substituído e rezar assim: “Nós, as castas e as classes superiores da India, depois de resolvermos, em segredo, constituir a India num estado satélite das empresas (…) ”.

A insurreição na cintura florestal e mineral indiana é um desafio radical da resistência. Coloca em duvida as ideias pré-concebidas de desenvolvimento e a ética alienante que caracteriza os valores morais do capitalismo. Mas também é um teste para a eficácia das estratégias de resistência que deve analisar em pormenor as vitórias alcançadas, como por exemplo no vale de Narmada, onde as populações constituíram um movimento forte e coeso contra o desalojamento imposto pelo governo e pelas mineiras. A resposta governamental foi a repressão e a aceleração do despejo, a típica falte de respeito, de foro patológico, que a oligarquia demonstra sobre o povo. A ira da “gente comum” como as casta denominam os pobres, foi incontrolável e as autoridades governamentais ficaram a braços com uma situação em que foram forçadas á negociação para não perderem o controlo sobre o vale. O governo retrocedeu e suspendeu o contrato com as empresas mineiras que operavam no vale de Narmada. Hoje as pessoas mais pobres do mundo podem proclamar a sua vitoria sobre as mais ricas corporações mundiais, no seu vale.

Os que ousam levantar-se são conscientes de que a India vive num estado de emergência e que os cidadãos foram despojados de direitos civis pela legislação de emergência, como a Lei da Segurança Pública instaurada em Cachemira, Manipur, Nagaland, Assam e Chhattisgarh, que penaliza todo o tipo de dissidência pela palavra, obra e intenção. Sabem que a Constituição não permite este tipo de legislação, mas conhecem bem o poder e a logica do capital que consegue paralisar todas as instituições públicas, comprando políticos, juízes e funcionários. Num passado recente, durante os governos de Indira Gandhi, a comunicação social indiana publicava editoriais em branco para protestar contra a censura. Hoje a comunicação social é propriedade da oligarquia e nem uma linha é escrita ou uma palavra é dita nos media sobre as lutas na India. É esta a mais populosa “democracia” do mundo dominada pela oligarquia.

O Che um ano antes da sua morte escreveu: "Cuando las fuerzas opresivas se mantienen en el poder contra las leyes que se establecieron, la paz debe considerarse ya rota”. De facto…

Fontes
Arundhati Roy; Walking with the comrades; http://www.zcommunications.org

“APOCALIPSE NOW”! – II



Martinho Júnior, Luanda

“Cessem os egoísmos, cessem as hegemonias, cessem a insensibilidade, a irresponsabilidade e o engano. Amanhã será tarde demais para fazer aquilo que devimos ter feito há muito tempo”… - Discurso de Fidel Castro na Conferência da ONU para Meio Ambiente – ECO-92, há 20 anos!

3 – O beco sem saída está a atingir as sociedades e as instituições das próprias potências capitalistas que têm conduzido todo o processo de desastre conforme à “globalização” (à constituição dum império), começando por minar as suas periferias, mas contaminando pouco a pouco os fulcros mais decisivos: a ditadura do capital torna-se num pesado fardo para os povos e os riscos de colapso, com todas as consequências imprevisíveis, avolumam-se no horizonte, ano após ano.

O reconhecido analista James Petras, em “A inexorável crise económica global: uma visão apocalíptica para 2012” (http://resistir.info/petras/petras_25dez11.html) considerava no Natal de 2011:

“A perspectiva económica, política e social para 2012 é profundamente negativa. O consenso quase universal, mesmo entre economistas ortodoxos da corrente dominante, é pessimista em relação à economia mundial. Embora, mesmo aqui, as suas previsões subestimem o âmbito e profundidade das crises, há razões poderosas para acreditar que no princípio de 2012 marchamos rumo a um declínio mais pronunciado do que foi experimentado durante a Grande Recessão de 2008-2009. Com menos recursos, maior dívida e crescente resistência popular em arcar com o fardo de salvar o sistema capitalista, os governos não podem salvar o sistema.

Muitas das maiores instituições e relações económicas que foram causa e consequência da expansão capitalista mundial e regional ao longo das últimas três décadas estão em processo de desintegração e confusão. Os novos centros de crescimento, China, Índia, Brasil, Rússia, que durante uma década curta proporcionaram um novo ímpeto para o crescimento mundial cumpriram o seu curso e agora estão a desacelerar rapidamente e continuarão assim ao longo do novo ano”…

4 – As tensões da hegemonia degradada e seus aliados, com os emergentes tendo a Rússia, a China e a Índia na principal “linha da frente”, estão-se a agudizar, provocando o desregramento da competição com base nos interesses, desde os energéticos, até aos das explorações dos minerais raros que se vão intensificando com as novas tecnologias.

As geo estratégias alucinantes de uns e de outros arquitectam a confrontação tanto na imensidão continental da Euro-Ásia, contaminando outros continentes, quanto nos oceanos e mares (no Pacífico, no Índico Norte, no Golfo Pérsico, no Mar Vermelho, no Mar Negro e por fim no Mediterrâneo Oriental)…

Até no Árctico, acompanhando a tendência para o degelo da calote à volta do Pólo Norte, as geo estratégias não conseguem suster a tendência para a concorrência, antecâmara da confrontação.

Em “El petróleo que llega del frio”, Humberto Marquez (http://www.rebelion.org/noticia.php?id=142173) destaca:

“Desde las ardientes arenas de Arabia, el tórrido delta del Níger o las calurosas llanuras del Orinoco, los productores de petróleo del cinturón tropical del planeta han impulsado, al disfrutar de altos precios, a sus rivales que vienen del frío.

El grupo angloholandés Shell recibió luz verde de la agencia ambiental de Estados Unidos para perforar en busca de petróleo fuera de las costas del norte de Alaska a partir de julio de 2012, un proyecto en el que ha empeñado 3.500 millones de dólares.

Por su parte, el gigante consorcio estadounidense Exxon firmó con el ruso Rosneft un acuerdo para invertir 3.200 millones de dólares en la búsqueda de hidrocarburos bajo el mar de Kara, en el noroeste de Rusia. Lame sus heridas, al haber perdido esa opción, la alianza entre otra corporación rusa, TNK, y British Petroleum.

Es que bajo el océano Ártico, las reservas de crudo se estiman en 100.000 millones de barriles (de 159 litros), tanto como las de Iraq o Kuwait, más 44.000 millones de barriles de líquidos de gas natural y 80 billones de pies cúbicos (TCF en nomenclatura inglesa) de gas, recordó a IPS el experto en Geopolítica y Asuntos Petroleros, Kenneth Ramírez, de la Universidad Central de Venezuela. También la isla danesa de Groenlandia ha convocado a licitaciones previas para prospección fuera de sus costas, y las compañías Exxon y su connacional Chevron han sido las primeras en anotarse”.

Outro analista, Stephen Leahy, confirma a propósito no IPS (http://ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=89705):

“A medida que las emisiones de gases invernadero destruyen los ecosistemas del Ártico, países como Canadá gastan millones pero no para detener el proceso, sino para aprovecharlo.

A fines de agosto, Canadá anunció un programa de prospección que demandará 93,7 millones de dólares para explorar los recursos energéticos y minerales de la región.

El primer ministro canadiense Stephen Harper señaló que existen otros e innumerables preciosos recursos enterrados bajo la tundra y el hielo marino. Se estima que el sector privado invertirá unos 469 millones de dólares para su exploración y explotación.

Se cree que una cuarta parte del gas y petróleo aún no descubiertos en el mundo se encuentra bajo el Ártico, agregó Harper”.

Os políticos, os geo estrategas, os membros dos “think tanks”, os militares e uma grande parte do “grande público” que tem sido “bombardeado” pelos conceitos que interessa difundir pelos mais decisivos poderes, escondem ou fazem letra morta dos avisos que vêm chegando da comunidade científica e dos observadores mais diversos da natureza.

Em “Aquecimento global e os perigos do Árctico”, a reflexão de António Martins é mais que uma advertência, um alarme (http://rede.outraspalavras.net/pontodecultura/2011/09/19/aquecimento-global-e-os-perigos-do-artico/)... um alarme que parece já em nada contribuir para se poder modificar a tendência e o rumo dos acontecimentos…

“Investigadores alemães da Universidade de Bremen revelaram no início do mês que, segundo seus cálculos, o ritmo de derretimento do Oceano Glacial Ártico acaba de superar o de 2007 — recorde histórico registrado até o momento. Se confirmados, os dados significarão que soou o sinal de alarme para um fenômeno há muito temido pelos cientistas: o derretimento do permafrost – uma camada de gelo que recobre 13 milhões de quilômetros quadrados (1,5 vezes a superfície do Brasil) no Alasca, Canadá e Sibéria. Sob esta área está armazenado um volume de gás metano que, segundo se acredita, pode contribuir duas vezes mais, para a geração do efeito-estufa, que todo o gás carbônico presente na superfície do planeta. Se liberado, ainda que parcialmente, este gigantesco depósito poderá multiplicar a velocidade do aquecimento global”…

5 – Pelo poder das tão “civilizadas” democracias representativas foram desfilando gerações de políticos, que no fundo se vão revezando para que cada vez mais se confirme a estupidez crônica que nos afronta desde o surgimento da Revolução Industrial, atirando-nos na verdade para uma Idade Média de filosofias, de conceitos e de práticas envenenadas por uma lógica que se evidencia comprovadamente oposta ao sentido da vida.

Os seus discursos, comportamentos e atitudes espelham sua mesquinhez e impotência enquanto actores e timoneiros desta nave de loucos criada à sua imagem e semelhança, sob sua tão persistente quão insensata direcção.

À medida em que se vão avolumando as contradições e as crises, as vozes dos “vendilhões do templo” transmitem por si uma inusitada sensação de vazio, como se um vírus há muito detectado e instalado procurasse de forma persistente e obstinada inebriar o patrimônio comum de inteligência histórica.

As vozes, os comportamentos e as práticas contrastantes, estimuladas para a paz, a solidariedade, a justiça e o sentido da vida, fundamentadas no conhecimento histórico e experimentadas na busca de alternativas saudáveis, são escassas entre os estadistas, mas por isso mesmo as excepções merecem nossa atenção e respeito: elas fazem parte da nossa comum esperança e são uma vanguarda de oxigênio para uma atmosfera em que o azotado tédio deu há muito lugar a cada mais nuvens de magnéticas tempestades.

Há vinte anos, antevendo o percurso “promovido” pelo capitalismo, houve um estadista lúcido e preocupado com o homem e com o planeta, um estadista livre das amarras da lógica do capital, que com toda a responsabilidade e propriedade sintetizava:

“Uma importante espécie biológica está em perigo de desaparecer devido à rápida, progressiva liquidação de suas condições naturais de vida: o homem. Agora estamos cientes deste problema, quando quase é tarde para impedi-lo.

É preciso salientar que as sociedades de consumo são as principais responsáveis pela atroz destruição do meio ambiente. Elas nasceram das antigas metrópoles coloniais e de políticas imperiais que, pela sua vez, engendraram o atraso e a pobreza que hoje açoitam a imensa maioria da humanidade. Com apenas 20% da população mundial, elas consomem as duas terceiras partes dos metais e as três quartas partes da energia que é produzida no mundo. Envenenaram mares e rios, contaminaram o ar, enfraqueceram e perfuraram a camada de ozônio, saturaram a atmosfera de gases que alteram as condições climáticas com efeitos catastróficos que já começamos a padecer.

As florestas desaparecem, os desertos estendem-se, bilhões de toneladas de terra fértil vão parar ao mar cada ano. Numerosas espécies se extinguem. A pressão populacional e a pobreza conduzem a esforços desesperados para ainda sobreviver à custa da natureza. É impossível culpar disto os países do Terceiro Mundo, colônias ontem, nações exploradas e saqueadas hoje, por uma ordem econômica mundial injusta.

A solução não pode ser impedir o desenvolvimento aos que mais o necessitam. O real é que todo o que contribua atualmente para o subdesenvolvimento e a pobreza constitui uma violação flagrante da ecologia. Dezenas de milhões de homens, mulheres e crianças morrem todos os anos no Terceiro Mundo a conseqüência disto, mais do que em cada uma das duas guerras mundiais. O intercâmbio desigual, o protecionismo e a dívida externa agridem a ecologia e propiciam a destruição do meio ambiente.

Se quisermos salvar a humanidade dessa autodestruição, teremos que fazer uma melhor distribuição das riquezas e das tecnologias disponíveis no planeta. Menos luxo e menos esbanjamento nuns poucos países para que haja menos pobreza e menos fome em grande parte da Terra. Não mais transferências ao Terceiro Mundo de estilos de vida e de hábitos de consumo que arruínam o meio ambiente. Faça-se mais racional a vida humana. Aplique-se uma ordem econômica internacional justa. Utilize-se toda a ciência necessária para um desenvolvimento sustentável sem contaminação. Pague-se a dívida ecológica e não a dívida externa. Desapareça a fome e não o homem.

Quando as supostas ameaças do comunismo têm desaparecido e já não há pretextos para guerras frias, corridas armamentistas e gastos
militares, o que é o que impede dedicar de imediato esses recursos na promoção do desenvolvimento do Terceiro Mundo e combater a ameaça de destruição ecológica do planeta?

Cessem os egoísmos, cessem as hegemonias, cessem a insensibilidade, a irresponsabilidade e o engano. Amanhã será tarde demais para fazer aquilo que devimos ter feito há muito tempo”…

Gravura: Mundo Acopalíptico – criado por Vladimir Manyhuin.


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