terça-feira, 6 de dezembro de 2011

RAMOS HORTA CRITICA GOVERNO NO DIA INTERNACIONAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA



JORNAL DIGITAL

Díli – O Presidente José Ramos-Horta criticou o Governo, este Domingo, 4 de Dezembro, por não prestar uma atenção especializada às necessidades dos cidadãos timorenses com deficiências físicas e mentais.

José Ramos-Horta disse que, durante quatro anos, o Governo não teve um plano apropriado para conferir condições de vida dignas aos cidadãos com necessidades especiais.

«Na realidade, o Governo não criou nenhuma política para resolver esta problemática», referiu o Presidente no seu discurso do Dia Internacional de Pessoas com Deficiência, no Jardim 5 de Maio, em Díli.

José Ramos-Horta disse que muitos estudos sobre pessoas com deficiência foram realizados pelo Governo, ONG´s e agências da ONU, mas não obtiveram quaisquer resultados.

O Presidente timorense visitou um grupo de pessoas com deficiência, em Pantai Kelapa, e verificou a dificuldade que estes cidadãos têm em receber assistência do Governo mas, segundo o Chefe de Estado, agências internacionais ajudaram pessoas nestas circunstâncias em Aileu e Dili.

O Presidente pediu ao Secretário de Estado responsável para não falar tanto sobre o fornecimento de assistência e também pediu às pessoas com deficiência para não depositarem as suas esperanças no actual Governo, dado que as eleições serão realizadas já em 2012.

O responsável da pasta dos Desastres Naturais e Assistência Social, Jacinto Rigoberto, disse que o seu gabinete preparou um plano que visa ajudar as pessoas com necessidades especiais mas que este ainda não tinha sido apresentado ao Parlamento nacional para debate e aprovação.

(c) PNN Portuguese News Network

Guiné-Bissau: FMI dá apoio orçamental de 2,8 ME após avaliação positiva à economia



FP - LUSA

Bissau, 06 dez (Lusa) - O FMI vai disponibilizar de imediato 3,8 milhões de dólares (2,8 milhões de euros) para apoio orçamental à Guiné-Bissau, na sequência da avaliação positiva à economia do país, que teve um "crescimento forte" em 2011.

O anúncio foi feito hoje em Bissau pelo representante residente do FMI, Alfredo Torres, depois de na passada sexta-feira o Conselho de Administração da entidade ter aprovado em Washington a terceira avaliação do desempenho económico da Guiné-Bissau (no âmbito do programa Facilidade de Crédito Ampliado).

Falando numa conferência de imprensa em Bissau, Alfredo Torres salientou o "crescimento robusto e forte" da economia guineense, especialmente nos setores da castanha do caju, construção, energia e serviços, levando o crescimento do PIB, este ano, para os 5,3 por cento.

A Guiné-Bissau também melhorou a nível das exportações e as perspetivas para 2012 "são, de forma geral, positivas", apesar das vulnerabilidades.

Alfredo Torres disse que a Guiné-Bissau deverá manter um crescimento acima dos 4,5 por cento nos próximos anos mas que será fundamental que tome medidas tendentes a reforçar as receitas, como "a diminuição dos subsídios implícitos, a modernização da administração fiscal, o alargamento da base tributária e o melhoramento dos controlos aduaneiros".

O responsável reconheceu que o país cresceu este ano acima das expetativas (5,3 por cento), mas considerou que em 2012 não "estarão presentes" alguns fatores de crescimento deste ano, além de haver possíveis fatores externos.

"Até ao momento não é possível identificar um efeito da crise da Europa sobre o sistema financeiro da Guiné-Bissau" e em toda a África subsaariana "mas pode haver efeitos indiretos", pelo que "achamos que um crescimento de 4 a 4,5 por cento é adequado", disse.

Mais otimista está o ministro das Finanças da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, que acredita ser possível chegar em 2012 a uma taxa de crescimento acima dos 5 por cento, embora aprecie a prudência do FMI.

O ministro disse mesmo que em 2012 poderá até haver um orçamento retificativo, "porque estão em curso alguns projetos ligados à produção de arroz, que vão potenciar ainda mais o crescimento económico".

Em 2012, a Comissão da UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana) vai financiar mil hectares de produção de arroz, o BOAD (Banco Oeste Africano de Desenvolvimento) vai financiar dois mil hectares, e o BADEA (Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África) vai financiar cinco mil hectares.

O governo também está a contar com a transformação da castanha do caju, através de um fundo de oito mil milhões de francos CFA (12 milhões de euros), que já existe.

A estratégia do país para 2012, disse José Mário Vaz, será a de "atacar" o défice da balança comercial e assumir "uma política rigorosa na substituição de importações". A Guiné, explicou, deve apostar na transformação do caju e na exportação de peixe e produzir mais arroz, evitando as importações anuais de 90 mil toneladas (que custam 53 milhões de dólares, 39,5 milhões de euros).

Estado do Rio de Janeiro entrará com ação por danos ambientais contra a Chevron



FYRO - LUSA

Rio de Janeiro, 06 dez (Lusa) - O Estado do Rio de Janeiro anunciou hoje que entrará com um pedido de indemnização por danos ambientais, no valor de 150 milhões de reais (62,4 milhões de euros), contra a norte-americana Chevron, pelo derrame de petróleo na Bacia de Campos.

A ação civil pública, a interpor pela Procuradoria-Geral do Estado, baseia-se na perícia feita por técnicos do Instituto Brasileiro de Protecção ao Meio Ambiente (Ibama), segundo informações da imprensa local.

O relatório do Ibama considerou o acidente, que começou no dia 8 de novembro num poço de petróleo na Bacia de Campos, como um "dano ambiental grave".

O derrame aconteceu no campo de Frade, na Bacia de Campos, a 120 quilómetros da costa do Rio de Janeiro, numa plataforma operada pela Chevron.

De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, serão utilizados ainda dados sobre espécies marinhas e micro-organismos que constam no próprio relatório da Chevron, formulado para obter a licença ambiental de operação.

O estado do Rio de Janeiro também exigiu à empresa que contrate uma firma de auditoria internacional independente para fiscalizar a sua capacidade de executar o plano de emergência apresentado à agência reguladora.

No mês passado, a Chevron recebeu três multas, cada uma no valor de 50 milhões de reais (cerca de 20,5 milhões de euros).

A empresa foi penalizada pelos danos ambientais provocados pelo derrame e também pela falta de informação prestada sobre o acidente, além das deficiências apresentadas no plano de emergência executado.

EUROPA PASSA POR DIAS DECISIVOS PARA O FUTURO DO EURO




DEUTSCHE WELLE

Um fracasso na cúpula deste final de semana em Bruxelas pode significar o fim da moeda comum europeia: uma situação que só se criou porque os europeus nunca respeitaram as regras por eles mesmos definidas.

Quem ainda não entendeu a crise existencial em que a Europa se encontra já faz um ano e meio precisa apenas dar uma olhada no número de encontros de cúpula realizados nesse período, formais e informais. Ninguém usa a palavra pânico, mas os fatos, por si só, contam uma história bem diferente: a Europa está olhando para o fundo do abismo.

Os mercados financeiros, muitas vezes criticados, estão apenas forçando a Europa a cumprir regras por ela mesma definidas: quem quiser ser um membro do exclusivo clube da zona do euro não pode ultrapassar um certo limite de endividamento (60% do PIB) e só pode fazer novas dívidas dentro de um limite estritamente determinado (3% do PIB).

Essas regras já existem e fazem parte do Tratado de Maastricht. O problema é que elas nunca foram respeitadas, nem mesmo pela Alemanha.

Agora, quando os mercados estão retirando sua confiança na zona do euro, a Europa começa a se recordar de suas próprias regras básicas. No fundo, o que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, definiram nesta segunda-feira (05/12) em Paris e irão propor na cúpula da UE neste final desta semana não é muito diferente daquilo que já existe.

Abrir mão da soberania

A ideia dos dois líderes é incorporar aos tratados europeus limites juridicamente vinculativos para o endividamento dos países-membros. E, sobretudo, estipular sanções automáticas, que não possam ser simplesmente contornadas pelos parlamentos nacionais.

Orçamentos nacionais deverão ser previamente submetidos à inspeção da Comissão Europeia, que pode pedir que estes sejam revistos caso não atendam certos requisitos. Os Estados nacionais terão que sacrificar parte de sua soberania caso queiram manter o euro.

Para o economista alemão Michael Hüther, diretor do instituto de economia IW, tal "união fiscal" pode ser o caminho certo. "Uma política monetária comum pressupõe uma política financeira comum, voltada para a estabilidade e feita para evitar deficits", opinou, em entrevista à Deutsche Welle.

Os eurobonds estão a caminho

No entanto, ainda é um ponto controverso como deve ser um futuro catálogo de sanções aos deficitários. Uma ideia é que os países que quebrarem as regras percam o direito de receber ajuda financeira de Bruxelas. Outra ideia é retirar os direitos de voto em instituições europeias. E um país que se recusar obstinadamente a fazer um saneamento orçamentário pode ser processado perante a Corte Europeia de Justiça.

Mas essas são ideias para os próximos meses. O que está em questão agora é recuperar rapidamente a confiança dos mercados financeiros.

E isso só irá funcionar por meio de dois instrumentos. Um deles são os títulos comuns da dívida na Europa, os chamados eurobonds; o outro é a compra ilimitada de títulos de países em crise pelo Banco Central Europeu. Os alemães são veementemente contra ambas as soluções, mas só porque eles precisam delas como último recurso para pressionar pelas mudanças dos tratados europeus.

Ajuda do FMI

E o Fundo Monetário Internacional também está nos planos dos europeus. De acordo com uma matéria publicada nesta segunda-feira pelo jornal alemão Die Welt, governos europeus pensam em fortalecer maciçamente o FMI, para tentar acabar com a crise.

Como escreve o jornal, os bancos centrais dos países do euro devem depositar uma quantia bilionária, da ordem de três dígitos, num fundo especial no FMI, com o qual a instituição financiaria programas de auxílio a países em crise.

A ideia não é nova, ela já havia sido discutida no início de novembro, à margem da cúpula do G20, em Cannes. Porém, o FMI a rejeitara com veemência. Mas agora a situação é ainda mais grave.

O Federal Reserve, o banco central norte-americano, também deverá ser envolvido. Um indício para tal pode ser a repentina viagem à Europa do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner. Ele encontrará seus colegas europeus desta terça-feira até a quinta-feira. As esperanças, de qualquer maneira, estão mais uma vez depositadas numa cúpula da UE. Esta começa nesta sexta-feira.

Autor: Henrik Böhme (md) - Revisão: Alexandre Schossler

ENCERRAMENTO DE CONTAS NOS BANCOS IRRESPONSÁVEIS




AMY GOODMAN – DEMOCRACY NOW - DIÁRIO LIBERDADE

Menos de um mês após o início do Occupy Wall Street, um grupo de pessoas reuniu-se no histórico Washington Square Park, em Nova York

Tratava-se de um momento de ascensão do movimento, com cada vez mais participação de milhares de estudantes que vão às universidades da zona da Baixa Manhattan. Tomou-se a decisão de marchar em direção às filiais locais de dois dos bancos "grande demais para cair" com o objetivo de que alguns ativistas encerrassem as suas contas e os demais realizassem ali uma assembleia para falar sobre os problemas que estas instituições irresponsáveis geraram.

Segundo uma ação federal apresentada esta semana em Nova York, Heather Carpenter é uma jovem que estuda para obter o seu diploma de auxiliar de enfermagem e trabalha como assistente terapêutica de pessoas com deficiências mentais numa casa comunitária em Long Island para poder pagar os seus estudos. O seu namorado, Julio José Jiménez-Artunduaga, é um imigrante colombiano em busca do sonho americano, que trabalha como empregado de mesa. Ambos marcharam de Washington Square Park até à filial mais próxima do Citibank. Ao chegar ao banco, Heather dirigiu-se ao caixa para encerrar a sua conta após explicar sua deceção com a nova tarifa mensal de 17 dólares que o Citibank cobra às contas com saldos inferiores a seis mil dólares.

Como descreve a ação, a assembleia começou com os "participantes anunciando o montante das suas dívidas. Falaram também das suas experiências com empréstimos estudantis e enumeraram estatísticas vinculadas à dívida dos estudantes qie pediram empréstimo para estudar". Quando o banco chamou a polícia, Julio saiu para evitar qualquer tipo de confusão. Heather encerrou a sua conta e também saiu. Nesse momento, apareceu um grande número de oficiais do Departamento de Polícia de Nova York, entre eles o Chefe de Departamento, Joseph J. Esposito, que, assim como outros polícias, estava vestido à civil. A polícia entrou no banco, trancou as portas e começou a prender quem estava a participar na assembleia.

Apesar de Heather já estar do lado de fora, um oficial vestido à civil identificou-a como manifestante e disse-lhe para voltar ao banco. Ela falou que era uma cliente e mostrou o seu recibo. Para seu espanto, como documentam as câmaras de vídeo, o oficial agarrou-a por trás e empurrou-a para obrigá-la a voltar ao local. A estudante começou a gritar e, em questão de segundos, foi cercada por uma dúzia de polícias, algemada à força e presa. Julio também foi tratado com brutalidade e preso. Tudo isto por encerrar uma conta no Citibank.

O casal ficou durante mais de 30 horas em custódia policial e foi acusado de resistir à prisão e de invadir propriedade privada. Um mês depois, o escritório da Promotoria do Distrito de Nova York afirmou que vai retirar as acusações quando Heather e Julio comparecerem ao julgamento. De qualquer modo, os dois querem ver no tribunal o Chefe Esposito e os demais oficiais que os prenderam para exigir-lhes uma explicação pelo uso excessivo de força exercido pelos polícias, além da prisão ilegal.

Semanas depois da sua prisão, que ocorreu no dia 05 de novembro, milhares de pessoas de todo o país participaram do chamado "Dia da Transferência Bancária". Kristen Christian estava furiosa com o anúncio de que o Bank of America iria cobrar uma comissão mensal de cinco dólares pelo uso do cartão de débito. Criou um evento no Facebook e compartilhou-o com os seus amigos. Em pouco tempo, o Dia da Transferência Bancária contava com 85 mil seguidores na Internet.

Kristen informou que nesse dia foram criadas novas 40 mil contas em cooperativas de poupança e crédito sem fins lucrativos em todo o país. Afirmou que a cota de cinco dólares, que o Bank of America tinha eliminado até então, "mostra o pouco contacto que os executivos dos grandes bancos possuem com as pessoas... No caso do Bank of America, a cota só se aplicava a titulares que tinham menos de 20 mil dólares depositados na soma de todas as suas contas. Não podia apoiar uma empresa que tem como alvo direto dos seus lucros os mais pobres e a classe trabalhadora".

Pouco depois da crise financeira de 2008, ativistas do estado de Oregon começaram a defender a criação de um banco público na região, tomando por modelo o único banco estatal dos Estados Unidos, o de Dakota do Norte. Atualmente, as cidades de Portland e Seattle consideram sacar as suas grandes contas municipais dos bancos de Wall Street. De acordo com um relatório, o Bank of America poderia perder 185 mil milhões de dólares clientes que encerrassem as suas contas.

Em janeiro de 2010, foi criado o Move Your Money Project, um projeto que estimula as pessoas a passarem as suas economias para bancos locais sem fins lucrativos a fim de acabar com o financiamento dos megabancos de Wall Street. Os seus criadores publicaram um vídeo inspirado no filme de 1946 "Que belo é viver!" (It's a wonderful life), no qual o protagonista, George Bailey, luta para proteger os consumidores do mesquinho presidente do banco, o senhor Potter. Como Bailey diz na película: "Esta cidade necessita desta miserável e insignificante instituição ainda que seja tão somente para que as pessoas venham a este lugar sem ter de cair de joelhos ante Potter". O vídeo do Move Your Money acaba com a seguinte mensagem: "Se deixa o seu dinheiro nos grandes bancos, eles vão usá-lo para pagar aos lóbistas e assim evitar que o Congresso modifique o sistema... Não assista apenas a 'Que belo é viver!'... Saque o seu dinheiro do banco".

*Artigo publicado em "Democracy Now" em 22 de Novembro de 2011. Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna. Texto em inglês traduzido por Mercedes Camps para espanhol. Texto em espanhol traduzido para o português por Estratégia & Análise. Revisto para português de Portugal por Carlos Santos.

NEGOCIAÇÕES CLIMÁTICAS EM DURBAN NÃO MOSTRAM AVANÇOS SIGNIFICATIVOS





Os representantes de 194 nações entram na semana final das negociações em Durban falando em "progressos", mas não há sinais claros de que será fechado um acordo para a renovação do Protocolo de Kyoto.

O balanço parcial da Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, iniciada em Durban em 28 de novembro último, é marcado pela cautela. Os 194 países e os mais de 15.500 participantes do encontro continuam exercitando suas habilidades na diplomacia e na limitação de danos. Na linguagem diplomática, as negociações são definidas como "construtivas e produtivas", mas ninguém diz que progressos estariam sendo feitos.

Nas reuniões de ministros, o assunto principal é a prorrogação do Protocolo de Kyoto, o único acordo compulsório estabelecido até hoje para o controle das emissões de poluentes no mundo. Antes mesmo do início da cúpula, o protocolo já havia sido declarado morto por muita gente.

Uma postura prematura, afirma Christiana Figueres, secretária-executiva das Nações Unidas para questões climáticas. "O presidente do grupo de trabalho do Protocolo de Kyoto disse publicamente que os países estão debatendo sobre como seria um segundo período de metas do Protocolo – e não se haverá um segundo protocolo."

UE procura parceiros

Neste segundo período de metas, a União Europeia (UE) estaria disposta a reduzir suas emissões de CO2 em até 30%, em vez dos 20% que vigoram hoje. Isso implica, porém, que outros países também assumam obrigações, diz Connie Hedegaard, comissária europeia do Clima.

Ela salienta que a UE não apenas aderiu ao primeiro período de vigência das obrigações como também ultrapassou as suas metas de redução das emissões. No entanto, a UE é responsável apenas por 11% das emissões globais, e só vai se submeter ao cumprimento de uma redução de 30% caso outros "grandes emissores" também se comprometam a reduzir suas taxas, diz Hedegaard.

China e Índia como possíveis parceiros

A China é um desses parceiros. Nos últimos anos, o país investiu muito em energias renováveis e tecnologias para baixar emissões – e definiu metas, incluidas no seu mais recente plano quinquenal. Mas tanto a China como a Índia descartam assumir metas de redução de emissões.

No Protocolo de Kyoto, de 1997, somente os países industrializados se comprometeram a reduzir suas emissões de CO2 – os grandes emergentes não têm essa obrigação. Em Durban, China e Índia deram sinais de que poderiam assumir metas de proteção climática a partir de 2020, ainda que muitos negociadores não vejam nenhuma alteração substancial na posição chinesa.

Mas 2020 poderá ser tarde demais para isso, alerta Dirk Messner, diretor do Instituto Alemão de Política de Desenvolvimento e vice-presidente do conselho científico do governo alemão. Quanto mais se espera, tanto menor é a probabilidade de que o aquecimento global possa ser limitado a 2ºC em relação ao período pré-industrial. Esta foi a meta estabelecida pelas cúpulas anteriores do clima.

"Os EUA não estão, no momento, em condições, do ponto de vista político, de fazer qualquer coisa no sentido de proteção climática", afirma Messner. "Ou seja, precisamos do apoio de outro grande emissor, como a China ou a Índia. Caso contrário, uma política climática séria não será mais viável", completa.

Solução em processo paralelo?

Isso não precisa, necessariamente, acontecer no âmbito das negociações climáticas das Nações Unidas, nas quais 194 países têm que chegar a um acordo. Esse processo multilateral é muito lento, observa Messner. "Se estivéssemos em condições de mover a Europa, a China, a Índia, o Vietnã e a África do Sul nesse sentido, daríamos sinais de que boa parte da economia mundial está se movimentando. Isso aceleraria todo o processo na ONU", conclui.

Pois tanto o setor privado como os políticos sabem que as cartas para um futuro verde, de proteção do clima, estão sendo dadas agora. Quem não participar do jogo por inovações e investimentos, não sairá ganhando. Se essa realidade vai de fato dar origem a metas compulsórias nas negociações dos ministros em Durban, vai se saber nesta sexta-feira (9/12), quando a conferência de Durban chegar ao fim.

Autora: Helle Jeppesen, de Durban (sv) - Revisão: Roselaine Wandscheer

EM TEMPO DE CRIMES IMPRESCRITIVEIS




MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND* - DIRETO DA REDAÇÃO

No mesmo dia em que as agências internacionais divulgavam a informação segundo a qual o serviço secreto alemão (BND, na sigla em alemão) destruiu, em 2007, centenas de atas relacionadas com o passado nazista de alguns de seus agentes, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo) decidia livrar a cara de militares brasileiros acusados de torturar presos políticos na Oban (Operação Bandeirante) durante a ditadura. Motivo alegado: os crimes já prescreveram.

Alguém pode estar perguntando, mas o que tem a ver uma coisa com a outra? Tem sim. Ambas as informações remetem à questão relacionada com crimes contra a humanidade, como os cometidos por agentes nazistas e os da ditadura brasileira. E crimes contra a humanidade são imprescritíveis. Não é à toa que até hoje, mais de 60 anos depois do fim da II Guerra Mundial, criminosos nazistas descobertos são submetidos a julgamento, alguns deles com idades superiores a 90 anos.

Para atenuar, há quem diga que a destruição dos documentos se deveu ao fato de terem sido considerados irrelevantes. Claro, há desculpas para tudo.

No caso do serviço secreto alemão não é de hoje que se informa que agentes nazistas que ocupavam altos postos na etapa nazista foram absorvidos pelo regime instalado depois da II Guerra na então Alemanha Ocidental. O motivo alegado para o aproveitamento desses criminosos foi de que seriam de grande utilidade no combate ao comunismo. Era o tempo da Guerra Fria.

Aqui no Brasil, também em plena Guerra Fria, o regime implantado depois de 1964 escolheu seus agentes para torturar e matar quem não rezava pela cartilha do poder. Boa parte foi escolhida a dedo e fazia parte da engrenagem de manutenção do regime ditatorial. Tudo ficou por isso mesmo. E agora, quando houve possibilidades de se tentar ações na Justiça, o Tribunal de São Paulo alegou que os crimes estavam prescritos, ignorando convenções internacionais que dispõem sobre a matéria, ou seja, de que crimes contra a humanidade são imprescritíveis.

O Tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, apontado como torturador pela presidenta Dilma Rousseff, em depoimento à Justiça Militar, em 1970, vibrou com a decisão e acabou demonstrando, em entrevista no jornal Folha de S. Paulo, que não mudou nada ao longo do tempo. O militar agora na Reserva continua a usar uma linguagem de ódio da Guerra Fria.

A Procuradoria Regional da República recorreu ao TRF contra a decisão que livrou os acusados.

Tais fatos estão na ordem do dia, sobretudo agora quando se aguarda o início dos trabalhos da Comissão da Verdade. Ainda falta a Presidenta Dilma Rousseff indicar os sete nomes que investigarão as violações dos direitos humanos, cometidas entre 1946 e 1988. Mas o foco que importa mesmo é o posterior a 1964.

Não há dúvida que o simples fato de se criar uma Comissão da Verdade, mesmo com atraso, é um avanço. Mas será completo esse avanço se realmente os brasileiros conhecerem a verdade. Nada de meias verdades ou mesmo mentiras, como querem alguns setores.

Mas para evitar que isso aconteça é necessário que a sociedade brasileira acompanhe o desenrolar dos acontecimentos e se for o caso pressionar no sentido de a Comissão da Verdade se tornar verdadeiramente um marco na história deste país.

Enquanto isso, na área internacional um fato estranho aconteceu no Irã: a invasão da embaixada do Reino Unido em Teerã por jovens islâmicos. O fato está servindo de pretexto para que os países ocidentais aumentem as pressões sobre o regime dos aiatolás.

Nesse sentido, a invasão pode ser analisada sob vários aspectos, até mesmo se o episódio não teria sido estimulado por agentes secretos de países interessados em iniciar alguma ação armada contra o Irã. Ou uma luta interna no interior do governo iraniano.

De qualquer forma, a ocorrência não exime de responsabilidade o próprio governo. Mesmo sendo os britânicos inimigos dos iranianos, e o são, as convenções internacionais dispõem sobre garantias às sedes das representações diplomáticas. Já que existe uma embaixada e o Irã e Reino Unido têm relações, pelo menos até a invasão da embaixada, o governo de Teerã teria de cuidar para evitar agressões dessa natureza.

O episódio remete ao final do governo Jimmy Carter, lá por 1979, quando a embaixada estadunidense foi ocupada também por jovens que protestavam contra a potência hegemônica. Os EUA enviaram soldados para uma operação de retirada dos reféns, mas deu tudo errado. O vexame influiu na eleição presidencial. Carter perdeu a reeleição para Ronald Reagan, um republicano de direita extremada que antecedeu Bush pai e assim sucessivamente. Em suma: deu no que deu.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

“DECLARAÇÕES DE HILLARY SOBRE ELEIÇÕES SÃO INACEITÁVEIS”, diz Moscovo




FILIPE MAURO – OPERA MUNDI

Observadores internacionais relatam fraude na apuração dos votos que reelegeram Putin e Medvedev

A Rússia definiu nesta terça-feira (6/12) como inaceitáveis as declarações da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que disse que as eleições parlamentares russas de domingo não foram "livres e justas".
"Tais conclusões (sobre fraude eleitoral) não constam em qualquer relatório elaborado pelos observadores internacionais", declarou Konstantin Kosachov, chefe do comitê das Relações Exteriores da Duma.

Kosachov acrescentou que "esta é uma das páginas mais obscuras da história das relações russo-americana” após o fim da bipolaridade da guerra fria. Nikolay Konkin, secretário da Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia, usou da ironia, por sua vez, para responder a Hillary: "melhor que Hillary se centre em suas eleições".

Ao contrário do que colocou Kosachov, a missão de observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) denunciou na segunda-feira irregularidades na apuração das eleições parlamentares de domingo na Rússia.

O relatório dos observadores internacionais apontou que "a qualidade do processo eleitoral se deteriorou consideravelmente durante a apuração, que foi caracterizada por frequentes violações de procedimentos e casos de aparente manipulação, incluído indícios graves de introdução em massa de cédulas nas urnas".

Na opinião de Hillary, que participou hoje de uma reunião da OSCE na Lituânia, "as eleições que não são nem livres nem justas" menosprezam a confiança da cidadania em suas instituições.

Aliados

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, felicitou seu par russo, Dmitri Medvedev, e o premier do país, Vladimir Putin, pela "contundente" vitória nas eleições do último domingo (4/12).

Em nota emitida pela Chancelaria, Chávez afirmou que, dessa forma, "a Assembleia Nacional aprofundará o projeto político que tem feito ressurgir a Rússia no século XXI".

O mandatário venezuelano também felicitou o povo e o governo do país pelo processo eleitoral, que contou com "uma alta participação popular" e no qual o Partido Rússia Unida obteve 49% dos votos.

O texto destacou que o pleito converterá a Rússia "em uma potência fundamental para a construção de um mundo multipolar, democrático e pacífico que nossos povos aspiram".

A nota enfatizou que "a vitória serve de impulso para fortalecer ainda mais os vínculos políticos e a ampla cooperação que existe com a Federação da Rússia, produto de uma aliança estratégica que tem facilitado a execução de projetos em áreas vitais para o desenvolvimento como moradia, energia e financiamento agrícola e industrial".

Nos próximos dias 7 e 8 de dezembro, ambos os países realizarão a VIII Reunião da Comissão Intergovernamental de Alto Nível, com sede em Moscou.

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ESPANHA RETIRARÁ TROPAS DO AFEGANISTÃO EM JANEIRO




FILIPE MAURO – OPERA MUNDI

Segundo ministra, atentado de hoje a mesquita xiita não adiará retorno das tropas

A ministra interina da Defesa da Espanha, Carme Chacón, confirmou nesta terça-feira (6/12) que a retirada das tropas espanholas do Afeganistão começará em janeiro. A decisão foi tomada com base na decisão do presidente afegão, Hamid Karzai, de transferência de autoridade ao país.

Chacón fez estas declarações em um congresso de Deputados em Madri para celebrar o Dia da Constituição. Quando questionada sobre uma possível modificação do calendário de retirada das tropas por conta dos atentados de hoje, que mataram pelo menos 54 em um ritual xiita, ela manteve seus planos para janeiro.

A ministra interina disse que a transferência de autoridade ao Afeganistão estipulada por Karzai é uma boa notícia para a Espanha. Ela também assinalou que é preciso esperar as decisões sobre o Afeganistão que serão tomadas na Conferência de Bonn.

Em 2009, os gastos militares espanhóis na missão afegã da Otan equivaliam a mais de 350 milhões de euros. Os desempregados no país somam hoje mais de 20% da população e abarcam principalmente os mais jovens. O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) perdeu as últimas eleições e entregará o poder em breve ao conservador PP (Partido Popular), de Mariano Rajoy.

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KABILA LIDERA RESULTADOS DE PRESIDENCIAIS NA RD CONGO



ÁFRICA 21, com agência

Enquanto se espera pela publicação dos resultados definitivos, nesta terça-feira (6), a tensão sobe com os partidos da oposição a contestar os resultados provisórios.

Kinshasa – O Presidente cessante, Joseph Kabila, lidera os resultados parciais das eleições presidenciais congolesas com mais de quatro milhões e 800 mil votos diante do líder da União para a Democracia e Progresso Social (UDPS), Etienne Tshisekedi, que totaliza mais de três milhões e 400 mil votos.

Vital Kamhere, antigo colaborador de Joseph Kabila ocupa a terceira posição com mais de 700 mil votos, seguido pelo presidente cessante do Senado, Léon wa Dondo, que obteve mais de 400 mil votos.

Enquanto se espera pela publicação dos resultados definitivos, nesta terça-feira (6), a tensão sobe com os partidos da oposição a contestar os resultados provisórios. As informações são da Panapress.

Somália: VIOLENTOS COMBATES ENTRE SHEBABS E EXÉRCITO SOMALI




ÁFRICA 21, com agências

Nairobi - Violentos combates entre rebeldes islamistas somalís shebab e soldados do governo de Mogadíscio causaram mais de 50 mortos nesse fim-de-semana no sul da Somália, informou terça-feira o Exército queniano, citado pela AFP.

Aviões de combate quenianos bombardearam segunda-feira os campos dos shebab no sul da cidade de Afmadow, "causando a morte a um certo número de combatentes" islamistas, segundo o comunicado militar queniano.

O porta-voz das forças armadas do Quénia, comandante Emmanuel Chirchi, acrescentou que mais 40 rebeldes shebab e 11 soldados do governo somalí foram mortos nos combates de sábado na região de Hayo, igualmente no sul da Somália.

O exército queniano entrou no sul da Somália em Outubro de 2011 para combater os shebab, mas não esteve implicado nos confrontos, acrescentou.

Segundo o comandante Chirchir, 54 soldados somalís ficaram feridos na batalha, 25 dos quais foram evacuados para o Quénia para tratamento médico.

No entanto, o governo queniano confirmou hoje que os seus soldados presentes na Somália se juntaram aos pelo menos 10.000 homens da missão da União Africana (Amison).

Em Novembro de 2011, o Quénia tinha anunciado a sua intenção de fornecer tropas à Amisom, no termo de um encontro em Nairobi entre os presidentes queniano Mwai Kibaki, somalí Sharif Cheikh Ahmed e ugandês Yoweri Museveni

O ENIGMA DA CRISE EUROPEIA E O SÓCIO-METABOLISMO DA BARBÁRIE




Giovanni Alves - Blog da BoitempoCarta Maior

A crise das dívidas soberanas tornou-se o “cavalo de Tróia” capaz de destruir efetivamente o Estado social no núcleo orgânico do pólo desenvolvido do capitalismo global. Os mercados financeiros impõem o ajuste neoliberal na União Européia. O Estado de Bem-estar social deve se transformar em Estado de Austeridade Social sob direção da disciplina fiscal a serviço dos interesses do capital financeiro globalizado. O artigo é de Giovanni Alves.

A crise financeira de 2008 e seus desdobramentos nas crises das dívidas soberanas dos EUA e União Européia em 2011, tornaram-se meio privilegiado de afirmação daquilo que István Meszáros denominou a “grave tendência socioeconômica da equalização descendente da taxa de exploração diferencial”. Na verdade, a crise das dívidas soberanas tornou-se o “cavalo de Tróia” capaz de destruir efetivamente o Estado social no núcleo orgânico do pólo desenvolvido do capitalismo global. Os mercados financeiros impõem o ajuste neoliberal na União Européia. O Estado de Bem-estar social deve se transformar em Estado de Austeridade Social sob direção da disciplina fiscal a serviço dos interesses do capital financeiro globalizado.

Na verdade, sob pressão da concorrência internacional, principalmente com a entrada da China no mercado mundial, e da massa de capital concentrado liberalizado pelas políticas de desregulamentação financeira, operou-se o movimento de redução dos direitos dos trabalhadores assalariados conquistados na era de ouro do capitalismo.

A tendência geral de equalização descendente da taxa de exploração diferencial é um dos traços estruturais da nova dinâmica da economia global nas condições da crise estrutural do capital. As políticas neoliberais, conduzidas tanto por governos da esquerda social-democrata, quanto governos da direita neoliberal no começo da década de 1980, contribuíram para a dominância do capital financeiro no centro orgânico do sistema mundial do capital nos últimos trinta anos – os “trinta anos perversos” em contraposição aos “trinta gloriosos” do pós-guerra.

Ao desmontarem as estruturas sociais e políticas do anti-valor, construídas no pós-guerra sob o nome de Welfare State, o neoliberalismo ativou a lei do valor no plano do mercado mundial. A dominância do capital financeiro e seus espasmos especulativos tornou-se o veículo propício para a afirmação da tendência geral de equalização descendente da taxa de exploração diferencial, impulsionando, deste modo, com vigor, a precarização estrutural do trabalho sob o mito da flexibilidade.

As crises financeiras que ocorrem, principalmente a partir de 1990, por conta da financeirizaçõa da riqueza capitalista e da hegemonia do capital financeiro no processo de acumulação de riqueza fictícia, e as políticas de austeridade neoliberal baseadas na flexibilização do estatuto salarial e desmonte do Estado social, tornaram-se meios privilegiados para afirmar, no plano do mercado mundial, a grave tendência de equalização descendente da taxa de exploração diferencial. É a vigência desta tendência estrutural que explica, portanto, a ampliação do desemprego de massa e a precariedade laboral nos EUA e na União Européia, pelo menos nos últimos trinta anos.

Como tendência estrutural do sistema global do capital, a equalização descendente das taxas de exploração diferencial impulsiona a corrosão irremediável, lenta e persistente, dos pilares sociais do capitalismo europeu, principalmente nos países da Europa mediterrânea, com posição em desvantagem no plano da concorrência mundial. Ela tende a acelerar, por exemplo, o débâcle do Estado social europeu que inspirou no pós-guerra, as forças políticas e sociais que cultivam o ideal da social-democracia baseada na crença de conciliação entre capitalismo e bem-estar social.

O débâcle do capitalismo social-democrata com a crença ilusória do capitalismo ético ou capitalismo social capaz de realizar as promessas civilizatórias, tornou-se cada vez mais explícito na medida em que o movimento do capital sob hegemonia financeira corroeu as bases materiais que sustentaram a ilusão social-democrata e corrompeu os próprios partidos socialistas e sociais-democratas e sua intelectualidade orgânica, inseridos na defesa intransigente da ordem burguesa liberal-democrática.

Podemos discriminar como pilares do modelo social europeu construído na etapa de ascensão histórica do capital (1) a disseminação do consumo de massa; (2) a presença do sistema de seguridade social e (3) a democracia representativa como sistema (e ideologia) de legitimidade política da ordem burguesa.

O tripé do capitalismo social se constituiu na Europa Ocidental no período imediato do pós-guerra nas condições de ascensão histórica do capital sob a vigência de um determinado “equilíbrio de força entre as classes”, baseado, por um lado, na presença de sindicatos de massa e partidos social-democratas e comunistas com base operária e de “classe média” assalariada, legitimando as “regras do jogo” democrático liberal; e, por outro lado, a conjuntura geopolítica singular da “guerra fria” entre EUA e URSS com ameaça perene do comunismo soviético.

Deste modo, a ordem burguesa hegemônica na Europa Ocidental do pós-guerra se constituiu como Estado do bem-estar social no interior do “círculo virtuoso” da acumulação de capital baseado no compromisso fordista-keynesiano, com a presença de organizações sindicais e políticas da esquerda social-democrata e comunista organizadas na defesa do consumo de massa e do sistema de seguridade social, aceitando as regras do jogo democrático representativo sob o contra-peso da ordem internacional bipolar sob ameaça do poder soviético.

Este “equilíbrio de forças de classe” consolidou na Europa Ocidental, de 1946 a 1976, os pilares da ilusão social-democrata baseado na crença da sustentabilidade civilizatória do capitalismo. Ao mesmo tempo, contribuiu para a ascensão da social-democracia como força política hegemônica baseada numa perspectiva de “classe média” assalariada. Na verdade, o projeto de construção social europeu paralisou-se na perspectiva do em-si da classe, seduzida pelo consumo de massa e fetichismo da mercadoria.

O modelo social europeu tornou-se modelo político da ideologia da concertação social disseminada nos países do capitalismo em desenvolvimento. A elevação do padrão de vida social europeu no pós-guerra sob os auspícios do capitalismo social-democrata tornou-se a prova irrefutável da possibilidade histórica de conciliar capitalismo e bem-estar social, levando, deste modo, a maior parte da intelectualidade europeia de “classe média” a renunciar à perspectiva crítica do capitalismo e a necessidade histórica da luta de classes.

Entretanto, na medida em que as contradições internas da acumulação fordista-keynesiana conduziram à crise estrutural do capital em meados da década de 1970, e ocorreu o desenvolvimento da mundialização do capital predominantemente financeirizada, ocorreu, no plano da objetividade do capital, um processo de corrosão paulatina dos pilares da ordem burguesa social-democrata europeia (consumo, seguridade social e democracia).

Com a crise estrutural do capital em 1973, emerge a mundialização do capital sob dominância financeira. De 1973 a 1980 temos um período de intensa luta de classe no centro orgânico do sistema mundial do capital. A década de 1970 caracteriza-se pela ruptura do equilíbrio de forças entre as classes no interior dos países capitalistas que garantiram o compromisso social-democrata. Intensifica-se a ofensiva do capital na produção visando destruir as bases sindicais operárias e a vitória das forças políticas conservadoras, primeiro na Inglaterra (com Margareth Thatcher) e depois nos EUA (com Ronald Reagan), impulsionam a adoção de políticas neoliberais que iriam se consolidar no decorrer da década de 1980.

A hegemonia neoliberal na década de 1980 produziu irremediavelmente a corrupção e declínio da social-democracia europeia, lastro político do capitalismo social. Ele iria se intensificar a partir de 1990 com o débâcle do arco geopolítico constituído no pós-guerra imediato: a queda do Muro de Berlim em 1989 e a implosão da URSS em 1991 aprofundariam os impasses estruturais da ordem burguesa europeia constituída sob o Estado social.

Se, de 1946 a 1973, com a etapa de ascensão histórica do capital, presenciamos a metamorfose da social-democracia, transformando-se numa força política de preservação da ordem burguesa imperial com hegemonia na “classe média” assalariada, a partir de 1980, na etapa de crise estrutural do capital, assistimos à corrupção e declínio ideológico dos partidos social-democratas que, nas condições da acumulação fordista exerciam o contrapeso à voracidade do capital no pólo europeu mais desenvolvido. Por outro lado, os partidos comunistas vêem a corrosão das bases operárias e da identidade de classe por conta da ofensiva do capital na produção e o poder da ideologia com a vigência do capitalismo manipulatário.

Deste modo, presenciamos com vigor, principalmente a partir de 1980, a intensificação e amplitude, na Europa Ocidental, da ofensiva do capital nas várias instâncias da economia (financeirização), política (neoliberalismo) e ideologia (pós-modernismo e neopositivismo), conduzindo a corrosão das bases sociais e políticas de defesa dos interesses da classe operária em-si.

A corrupção ideológica (e política) dos partidos socialistas e social-democratas inseridos na ordem burguesa sob crise estrutural foi tão-somente um dos elementos compositivos do processo mais amplo de reestruturação capitalista conservadora que ocorreu a partir de 1980. Por exemplo, no plano social, a ideologia do consumo de massa com o fetichismo da mercadoria, sedimentado na expansão capitalista do pós-guerra, contribuiu para a cegueira ideológica dos “estratos médios” do proletariado organizado – a “classe média” assalariada – e seus intelectuais orgânicos comprometidos com os ideais social-democratas.

Na medida em que se opera, no plano do pensamento, a disseminação da ideologia do pós-modernismo e do neopositivismo, assiste-se, no pólo intelectual mais desenvolvido do Ocidente, a perda da capacidade crítica de amplos estratos da intelectualidade europeia, que incorporam como horizonte estratégico único, a defesa da ordem burguesa europeia baseada nos pilares de consumo de massa, seguridade social e democracia representativa de cariz liberal.

Finalmente, com a queda do Muro de Berlim em 1989 e a implosão da URSS em 1991, assistimos à derrocada do arco geopolítico que propiciou, como contrapeso à voracidade do capital no plano das relações internacionais, a construção do Estado social social europeu. Alterou-se efetivamente o equilíbrio de forças de classe que garantiu o compromisso fordista do pós-guerra na Europa Ocidental e a construção do capitalismo social-democrata. Eliminou-se o contrapeso ideológico que operava como legitimador geopolítico do Estado social europeu. Por outro lado, impulsionou-se, para um novo patamar – com a unificação alemã – a construção da União Europeia sob hegemonia neoliberal.

Portanto, a partir de 1990, com o fim da Guerra fria, surgem novas oportunidades para a absorção do capital monetário excedentário. Por conta da queda da lucratividade das corporações industriais, acirra-se, naquele momento, a concorrência no plano mundial. Ao mesmo tempo, aumenta a instabilidade sistêmica da economia global em virtude da financeirização da riqueza capitalista. A mundialização financeira origina-se do crescimento da liquidez excedentária no centro capitalista onde se constata uma massa monetária cada vez maior a procura de algo lucrativo em que investir.

A tendência para a financeirização, que se põe com vigor na década de 1980, expõe de forma candente, o problema da absorção de excedentes de capital como o problema crucial do capitalismo global (como salientou David Harvey no seu livro O enigma do capital, que a Boitempo acaba de lançar no Brasil). A aceleração histórica da integração europeia sob dominância neoliberal na década de 1990, com a vigência da União Européia com uma moeda única (o Euro), ocorre no interior do capitalismo global com dominância financeira, visando reconfigurar territórios de investimentos sob hegemonia do capital franco-alemão. Na verdade, a aceleração histórica das políticas de integração regional a partir de 1990 – União Européia, Nafta, MERCOSUL etc. – visam criar escoadouros lucrativos para a operação das massas monetária excedentária do capital financeiro global.

No caso da União Européia ela tornou-se projeto do protagonismo da burguesia financeira europeia sob hegemonia franco-alemã num cenário de reconfiguração radical da concorrência intercapitalista global com a entrada da China no mercado mundial. Na verdade, a ascensão do China no cenário da concorrência capitalista promoveu alterações tectônicas da concorrência capitalista global com impactos na divisão internacional do trabalho. Ela alterou o mapa da atividade produtiva e da acumulação de riqueza mundial.

Deste modo, de 1991 a 2011, em virtude da reconfiguração do capitalismo global sob dominância neoliberal, assistimos no núcleo orgânico do sistema mundial do capital, uma nova escalada de ofensiva do capital que – no plano do capitalismo europeu – conduziu a corrosão irremediável dos pilares do modelo social europeu construídos no período de ascensão histórica do capital.

A mundialização do capital sob dominância financeira e o novo cenário geopolítico a partir do débâcle do sistema soviético, corroeu irremediavlemente a materialidade do anti-valor, com a social-democracia, por exemplo, aproximando-se cada vez mais do centro conservador neoliberal, visando disputar com ele, o eleitorado de “classe média” assalariada “capturado” pelos valores-fetiches e expectativas de mercado da ordem burguesa hipertardia.

Na medida em que alterou-se, a favor do capital, o equilíbrio de forças entre as classes, tanto no plano nacional, quanto no plano internacional, opera-se com vigor a tendência de equalização descendente das taxas de exploração diferencial. De 1991 a 2011, mesmo nos breves períodos de crescimento das economias capitalistas europeias, conduzido pela indústria do endividamento público, torna-se perceptível a persistência da mancha de precarização do trabalho, não apenas com taxas inerciais de desemprego total, mas com o surgimento da nova precariedade salarial.

A introdução da moeda única (o Euro) sob a dominância neoliberal contribuiu para acelerar a derrocada do modelo social europeu, principalmente nos países da Europa mediterrânea com economias frágeis no cenário de competitividade interna da União Europeia. A crise financeira de 2008 que se origina dos EUA – o pólo mais desenvolvido do capitalismo neoliberal e seu desdobramento com a crise das dividas soberanas europeias, cumpre a função histórica de realizar por meio da austeridade neoliberal imposta pela troika – FMI, BCE e Comissão Européia – a necessária equalização descendente das taxas de exploração diferencial no plano do mercado mundial, preservando, deste modo, o projeto da União Européia como construção hegemônica da grande burguesia financeira franco-alemã.

Eis portanto, o desvelamento do enigma da crise europeia: a crise financeira da Zona do Euro e as medidas de austeridade neoliberal impostas pela troika (BCE, CE e FMI) na borda periférica da União Europeia possuem como função histórica, a reprodução da ordem burguesa europeia sob dominância financeira no plano mundial, sepultando de vez as promessas civilizatórias oriundas da fase de ascensão histórica do capital.

Na crise financeira de 2008, tanto nos EUA, quanto na União Europeia, os governos conservadores ou socialistas, correram para socorrer os bancos, mesmo que isso significasse comprometer o fundo público. Na verdade, ocorreu, neste momento, uma das mais impressionantes transferências de riquezas do fundo público para o capital financeiro. O colapso do mercado de crédito expôs a derrocada dos fundos públicos nos países capitalistas europeus mais frágeis no plano da competitividade internacional. A crise da dívida soberana sob a gestão das agências de rating, acelerou na borda periférica da União Europeia, o programa de desmonte irremediável do Estado social por meio da austeridade neoliberal.

A derrocada do consumo de massa atingiu, nesses países, o amplo contingente de desempregados e trabalhadores assalariados precários, conjunto social que cresceu nos últimos vinte anos, e principalmente amplos contingentes da “classe média” assalariada vinculada a função pública sob ameaça da programática neoliberal; a corrosão da seguridade social em virtude da restrição orçamentária a título de pagamento da impagável dívida pública expõe a ampla parcela de trabalhadores assalariados desempregados – e precários – a nova pobreza urbana; e a desmistificação da democracia representativa como ditadura do capital.

É no contexto de crise social e crise de legitimidade política da democracia liberal representativa, com altos índices de abstenções nas eleições parlamentares, que surgem movimentos sociais de “indignados” que contestam a nova ordem burguesa hipertardia. Deste modo, as políticas de austeridade neoliberal é o canto de cisne dos pilares do modelo social europeu, com a derrocada do tripé consumo de massa, seguridade social e democracia representativa.

Eis o cenário da barbárie social que caracteriza o capitalismo histórico em sua fase de crise estrutural do capital. A barbárie social caracteriza-se pela vigência candente das contradições sociais do sistema mundial do capital com a intensificação e ampliação do estranhamento social, isto é, a contradição insana entre o desenvolvimento das forças produtivas e, portanto, o desenvolvimento da capacidade humana, e o desenvolvimento da personalidade humana.

Na época da barbárie social, o desenvolvimento da capacidade humana que se manifesta no desenvolvimento espetacular das forças produtivas do trabalho social, tende a potencializar tão-somente capacidades singulares, desfigurando, aviltando etc. a personalidade do homem-que-trabalha.

A restrição do consumo, com a crise da “classe média” assalariada, o corte da seguridade social e crise da democracia representativa apontam para limites estruturais da ordem social-democrata europeia. A crise de credibilidade da democracia política burguesa aprofunda-se na medida em que não força alternativas ao esvaziamento do projeto reformista.

(*) Giovanni Alves é doutor em ciências sociais pela Unicamp, livre-docente em sociologia e professor da Unesp, campus de Marília. É pesquisador do CNPq com bolsa-produtividade em pesquisa e coordenador da Rede de Estudos do Trabalho (RET) e do Projeto Tela Crítica. É autor de vários livros e artigos sobre o tema trabalho e sociabilidade, entre os quais O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo (Boitempo Editorial, 2000) e Trabalho e subjetividade: O espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório (Boitempo Editorial, 2011). Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às segundas.

Ilustração: "Ocell de foc", de Max Ernst - Fotos: "Ocell de foc", de Max Ernst

POLÍCIA RUSSA VOLTA A FAZER DETENÇÕES DE MANIFESTANTES DA OPOSIÇÃO



JM - LUSA

Moscovo, 06 dez (Lusa) - Centenas de pessoas, fundamentalmente jovens, voltaram hoje a juntar-se no centro da capital russa, em protesto contra a "falsificação de eleições" e a exigir a "demissão de Putin".

A polícia de choque, que tinha cercado a zona antes do início da manifestação, começou a bloquear e a deter militantes da oposição russa quando começaram a gritar: "Rússia sem Putin!", "Vergonha!" e "É uma vergonha ser bófia!".

Os agentes arrancaram manifestantes do meio da multidão e puxaram-nos para camionetas estacionadas no local. Algumas delas já abandonaram a praça rumo a esquadras situadas em vários bairros de Moscovo.

Entre os numerosos detidos encontra-se Boris Nemtsov, antigo ministro do governo do Presidente Boris Ieltsin e um dos atuais dirigentes da organização Solidariedade.

Desta vez, os militantes da oposição foram recebidos por centenas de apoiantes da organização juvenil Nossos, criada pelo Kremlin, que tocam tambores e gritam "Rússia!", "Putin!".

A poucos quilómetros deste local, cerca de dez mil pessoas manifestaram apoio ao primeiro-ministro e Presidente russos, Vladimir Putin e Dmitri Medvedev, respetivamente.

"Não cederemos nem um palmo das nossas ruas! Porque somos uma equipa! Porque fazemos tudo corretamente!", declarou um dos oradores, Andrei Voroviov, dirigente da Rússia Unida.

"Temos inimigos, não são os partidos políticos que disputaram as eleições connosco, mas os que querem pôr em causa a opção do povo, destruir a paz e a concórdia na sociedade", afirmou Andrei Morozov, vice-presidente da actual câmara baixa do parlamento russo.

A oposição ao Kremlin está a realizar manifestações de protesto também em São Petersburgo.

Na segunda-feira, depois de uma das maiores manifestações da oposição sem representação parlamentar em Moscovo, a polícia deteve mais de 300 militantes, muitos dos quais continuam na prisão.

*Foto em Lusa

Activistas: MOÇAMBIQUE “INDIFERENTE” AO TRÁFICO DE SERES HUMANOS




FAIZAL IBRAMUGY, Nampula – VOA News

As autoridades moçambicanas foram acusadas de indiferença perante o fenómeno do tráfico de pessoas.

Num seminário realizado na cidade de Nampula sobre o tráfico de seres humanos a activista de luta contra o tráfico de menores nesta cidade, a Irmã Maria de Cármen, da congregação Madre Dei, disse intervindo no referido seminário ter denunciado mais de dez casos de tráfico de menores ocorridos nas cidades de Nampula e Nacala-Porto, entre os anos 2004 e 2006, mas que não tiveram nenhum tratamento judicial, embora tivessem apresentado provas das vítimas, autores e até algumas residências onde supostamente eram usados como centros de trânsito.

Segundo a Irmão Maria de Cármen, na maior parte dos casos as vítimas eram menores de idade.

A activista religiosa disse que os casos de tráfico de seres humanos envolvem regularmente raptos,extracção de órgãos genitais e submissão a trabalhos forçados .

O Pastor Victor da Igreja EVANJAFRICA em Nampula, proprietário de um orfanato, considerou o tráfico de seres humanos como uma doença moral internacional.

O pastor pediu um esclarecimento em relação ao trabalho que os órgãos da justiça estão a realizar em prol de uma sociedade livre de tráfico de seres humanos.

Não conseguimos ouvir o ministério publico sobre as acusações apresentadas naquele seminário, mas o jornal O Nacalense na sua edição de Quarta-feira, escreve que que apesar de reconhecer a gravidade da situação, a Procuradora chefe provincial de Nampula, Emília Chirinza, diz que na sua instituição não existe nenhum processo-crime relacionado com delitos de género.

Chirinza teria afirmado existerem registos de casos relacionados com migrações ilegais e outros processos de natureza administrativa, referentes a exploração de trabalho infantil.

Importa referir que a polícia em Nampula, deteve Terça-feira um individuo de 42 anos de idade por tentativa de tráfico 30 pessoas.

Fez saber o porta-voz da polícia Inácio João Dina que a neutralização do individuo foi efectuada graças a uma intervenção popular que ultimamente se encontra atento a situações iguais.

Moçambique - Quelimane: Polícia de intervenção sai à rua na véspera das eleições


Blindado da Força de Intervenção Rápida circulando nas ruas da cidade de Quelimane, em vésperas das eleições - Foto: António Zefanias, "Diário da Zambézia"

FILIPE VIEIRA, Washington – VOA News

A polícia alega que está a proteger o MDM.O MDM considera a presença da polícia de choque como um acto de intimidação

A capital da Zambézia acordou com a presença de uma unidade da Força de Intervenção Rápida,apoiada por uma viatura blindada. Elementos desta polícia de intervenção estão junto a uma edifício onde funciona a sede da campanha eleitoral do MDM, o partido da oposição que disputa com a Frelimo a presidência da Câmara Municipal de Quelimane nas eleições que se realizam amanhã.

A polícia alega que está a proteger o MDM. Por seu lado, o MDM considera a presença da polícia de choque como um acto de intimidação para os eleitores.António Zefanias é o director do “Diário da Zambézia” e diz à VOA que a cidade de Quelimane "não acordou bem", nas vésperas destas eleições municipais intercalares.

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