quarta-feira, 3 de setembro de 2014

HÁ PORTUGUESES DISPOSTOS A MORRER PELO ESTADO ISLÂMICO




O jornalista Hugo Franco, que assinou com Raquel Moleiro uma reportagem do Expresso sobre um casal português que combate pelo Estado Islâmico, analisa a história na SIC Notícias. Entre os jihadistas há jovens portugueses que cresceram nos subúrbios de Lisboa e também no sul do país. Estão todos monitorizados pelos serviços de informações e pela Judiciária.

Expresso

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MÉDICO PORTUGUÊS QUE ESTEVE NA SÍRIA ESCAPOU POR POUCO A UM RAPTO




Gustavo Carona teme que decapitações de dois jornalistas norte-americanos sejam apenas o início, pois há muito mais Ocidentais raptados na Síria.

Um médico português que esteve no final de 2013 na Síria, como voluntário nos Médicos Sem Fronteiras, teme que as duas decapitações de jornalistas norte-americanos sejam apenas o princípio.

Gustavo Carona sublinha que «fala-se pouco disso», mas há «muito mais Ocidentais raptados na Síria do que pensamos». Entre outros, jornalistas e representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs) que andaram nos últimos anos por aquele país em guerra do Médio Oriente.

À TSF, o médico anestesista recorda que ele próprio, por muito pouco, não foi raptado. Conta que, «numa feliz coincidência para o meu lado, saí da Síria e três dias depois os amigos que viviam comigo foram raptados. Se lá estivesse, era 100% a probabilidade de também ser».

Gustavo recorda que a Síria foi o sítio mais perigoso onde já esteve em trabalho para os Médicos Sem Fronteiras e que os raptos eram o maior receio, apesar de só se ter apercebido da dimensão do problema quando saiu do país e viu os colegas de casa a serem raptados. Os coelgas foram entretanto libertados, mas passaram momentos muito difíceis com os raptores.

O médico está convencido que os assassínios de Ocidentais na Síria podem piorar, até porque, sublinha, estamos perante pessoas perigosas e «os países do Ocidente não têm dado bons exemplos ao armarem grupos rivais e fazendo bombardeamentos guiados por drones».

Nuno Guedes - TSF

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Ativista: “NÃO PENSO QUE ESTOU A SALVO EM MACAU”




Na semana passada e ao contrário do habitual, Jason Chao não deu a cara nos eventos convocados pelos organizadores do referendo civil. Ontem, o activista explicou porquê. Chao disse que registou “algumas actividades estranhas no exterior” da sua casa e que a Polícia Judiciária (PJ) tentava contactá-lo “de forma muito frequente”.

“Na semana passada comecei a perceber que a operação da PJ e da acusação eram anormais pois o processo corria muito rapidamente. Eu era o alvo – eles queriam obter os dados e estavam a usar todos os meios possíveis para isso”.

O activista disse que saiu pois, apesar de saber que as informações pessoais dos votantes estavam protegidas, queria estar num “local seguro” para supervisionar a sua destruição depois de o referendo acabar – o que aconteceu com sucesso, assegura.

Já quando questionado sobre a sua segurança, mostrou-se apreensivo.

“Não penso que esteja a salvo em Macau. Houve um abuso de poder desenfreado por parte da polícia foi desenfreado durante o referendo civil”.

Ponto Final (mo)

Macau – Referendo Civil: MAIORIA CHUMBA CHUI SAI ON




Mais de 7700 pessoas disseram não confiar no actual chefe do Executivo como a pessoa indicada para governar Macau por mais cinco anos.

Quase 90 por cento dos que participaram no referendo civil não tem confiança em Chui Sai On para chefe do Executivo num segundo mandato. Ao todo, de acordo com a organizaçãp da iniciativa, 7762 pessoas responderam “não” à pergunta “Confia no candidato único Chui Sai On como chefe do Executivo?”.

No entanto, comparando com os resultados da primeira pergunta do referendo – “Concorda no método de sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo em 2019?” – esta questão reuniu menos apoiantes. Ou seja, nem todos os que querem o sufrágio universal condenam a recondução de Chui Sai On.

Na primeira questão, 8259 pessoas pediam sufrágio universal e na segunda 7762 votantes dizia não ter confiança no recém-reconduzido chefe do Executivo – menos seis por cento. Comparando os resultados das duas questões, a resposta que teve um maior aumento de votantes foi “não responde”. Esta opção subiu de 189 pessoas na primeira pergunta, para 528 na segunda.

Jason Chao, que ontem apresentou os resultados do referendo civil, não os quis interpretar, mas quando confrontado pelo facto de o referendo civil ter reunido cerca de 8600 votantes num universo de largas centenas de milhar, reagiu: “Os resultados finais do referendo civil são mais representativos do que as eleições reais para o chefe do Executivo e são muito semelhantes ao número de pessoas que se manifestaram no exterior da Assembleia Legislativa a 27 de Maio.”

Para estes valores contribuíram também as acções do Executivo, apontou Jason Chao.
“O resultado foi significativamente afectado pelo facto de o Governo ter reprimido [a iniciativa] pois não pudemos colocar as urnas de voto nas ruas”, avaliou o activista.

Mas as ameaças não vieram só de Macau. Jason Chao divulgou ontem que durante a semana de votações, houve 26.215 tentativas para retirar informações do site do referendo. A maior parte chegou de endereços de IP da China Continental (8983), seguidas de Hong Kong (7712), Estados Unidos (6435) e Macau (3085). Ao todo, estas tentativas materializaram-se em 306 ameaças distintas.

Ponto Final (mo)

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Ex-líder de Hong Kong apela à ala democrata para não vetar controversa reforma política




Hong Kong, China, 03 set (Lusa) -- O antigo chefe do Executivo de Hong Kong Tung Chee-hwa apelou hoje aos deputados da ala democrata para não avançarem com um veto à controversa reforma política anunciada no domingo por Pequim.

Tung Chee-hwa, o primeiro chefe do Executivo do território após a transferência da soberania em 1997, atualmente um dos vice-presidentes da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês (CPCPC), lançou o apelo a "todo o espectro político" para colocar de lado as suas diferenças para se alcançar o sufrágio universal em 2017 e de modo a que a próxima eleição possa ser a "real e substancial" democracia.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Este domingo, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27 do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

Apesar de afirmar compreender plenamente a raiva e a desilusão do campo democrata, Tung Chee-hwa disse, em declarações citadas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK) que o território alcançou uma "brilhante conquista" rumo à democracia desde os dias em que a Grã-Bretanha costumava mandar os seus governadores e em 1997, quando ele próprio foi escolhido chefe do Executivo por uma elite de 400 elementos.

Tung Chee-hwa também deu conta da sua oposição aos atos de desobediência civil planeados por movimentos da antiga colónia britânica em protesto contra a reforma política anunciada, no passado domingo, pela Assembleia Popular Nacional.

A promessa de levar a cabo uma campanha de desobediência civil foi feita pelo "Occupy Central", que tem estado na linha da frente das manifestações em Hong Kong e ameaçou paralisar o distrito financeiro do território. Porém, Benny Tai, um dos cofundadores, surpreendeu, como escreve hoje o South China Morning Post, ao admitir que o movimento fracassou até ao momento e ao reconhecer que o apoio público à causa do seu movimento se tem vindo a desvanecer.

O anúncio de domingo sobre o método de eleição do chefe do Executivo em 2017 desencadeou nova onda de contestação na antiga colónia britânica, aliás, palco de vários protestos massivos nos últimos meses relacionados com o método de eleição do chefe do Executivo.

Esta terça-feira, num artigo que assina no jornal Financial Times, o último governador de Hong Kong, Chris Patten, defende que Londres tem uma "contínua obrigação moral e política" de garantir que a China respeita os seus compromissos no sentido de garantir o seu modo de vida por 50 anos, contados a partir da data de transferência, em 1997.

Neste sentido, Chris Patten insta o Reino Unido a 'erguer-se' pela democracia na sua antiga colónia.

No mesmo dia, a China acusou o Reino Unido de ingerência nos seus assuntos internos, na sequência de um inquérito parlamentar sobre as reformas políticas em Hong Kong, após informações de que autoridades chinesas escreveram à comissão parlamentar de assuntos estrangeiros britânica para que deixasse cair a investigação.

DM // APN - Lusa

Timor-Leste: 75% DA POPULAÇÃO TEM ACESSO A ENERGIA ELÉTRICA



03 de Setembro de 2014, 16:57

O presidente da comissão E do Parlamento Nacional, Pedro da Costa informou que 75% do território de Timor-Leste tem acesso a eletricidade, segundo publicação do jornal Suara Timor Lorosa’e.

“A Rede de electricidade já entrou em toda as capitais distritais (13 distritos) e os 65 sub-distritos. Embora existam casas de alguns sucos e aldeias que ainda não têm acesso à eletricidade, mas o governo está a ajudar-lhes com a energia solar”, informou o deputado Pedro da Costa.

Lurdes Bessa, deputada da bancada do Partido Democrático (PD) disse que o projecto de instalação elétrica está ainda em processo, isto porque em algumas áreas dos sucos e das aldeias são de difícil  acesso para a instalação, sendo assim o Estado oferece-lhes energia solar.

O deputado António Ximenes, da bancada CNRT, solicitou ao Governo através da Secretaria de Estado da Electricidade para que se faça um esforço de instalar os cabos elétricos até às áreas remotas.

SAPO TL com STL 

JOGOS DA CPLP DARÃO VISIBILIDADE MUNDIAL A CABO VERDE - ministra




Cidade da Praia, 02 set (Lusa) - A ministra da Educação e Desporto cabo-verdiana considera que organizar os Jogos da lusofonia em 2016 será uma "grande oportunidade" de "trazer os olhos do mundo" para o país e fará tudo para que sejam um sucesso.

Em entrevista à agência Lusa, Fernanda Marques disse que o Diretor Geral dos Desportos de Cabo Verde, Gerson Melo, já lhe apresentou um "primeiro rascunho" dos Jogos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e "muito brevemente" será tornado público.

"Estamos a preparar os Jogos da CPLP desde agora porque é assim que se trabalha na educação e é assim que se deve trabalhar no desporto: projetivamente. Não podemos chegar ao ano 2016 e vir preparar tudo", salientou.

"Atividades como estas trazem ao país muitas oportunidades de comparação, de avaliação da qualidade e de competir para perceber o nosso nível. E, sobretudo, trazer os olhos do mundo para o nosso país", reforçou a ministra cabo-verdiana, para quem os Jogos da CPLP são sempre um "observatório" para verificar quais são as estrelas do desporto nas diferentes modalidades.

Recordando que Cabo Verde foi até agora presidente do conselho de ministros da Juventude e Desporto da CPLP, pasta que passou a Moçambique, Fernanda Marques afirmou que o arquipélago introduziu novas regras em relação às modalidades que podem ir a concurso, as obrigatórias e as facultativas.

No caso de Cabo Verde, confirmou, os Jogos de 2016 deverão contar com o concurso dos desportos náuticos, muito praticados no país, e na abertura de mais um ano desporto será apresentado um plano nacional para os desportos náuticos e aquáticos.

Para Fernanda Marques, o Estádio Nacional de Cabo Verde, inaugurado no dia 23 de agosto, será "uma mais valia" para os Jogos da CPLP e um "marco" na mudança de paradigma de gestão do desporto cabo-verdiano.

"Temos forçosamente que avançar. Sair de um desporto assistencialista para um desporto promotor de riquezas e que possa trazer ao país mais valias e que sejam absorvidas no próprio desenvolvimento do país, mais concretamente nas indústrias desportivas", mostrou.

Na entrevista à agência Lusa, a ministra da Educação e Desporto cabo-verdiano confirmou que os Jogos da CPLP serão organizados em três ilhas - Santiago, São Vicente e Sal - como forma de aproveitar e potenciar as infraestruturas já existentes.

Por isso, garantiu que serão avaliados os custos e benefícios e certamente não serão construídas mais infraestruturas desportivas até ao evento.

Os Jogos da CPLP foram realizados este ano em Angola, competições que fizeram deslocar à capital angolana 590 atletas de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, Brasil e Timor-Leste. Guiné-Bissau foi o único ausente.

Os Jogos, realizados desde 1992, quatro anos antes da institucionalização da Comunidade, em 1996, envolvem atletas até aos 16 anos, exceto o atletismo para pessoas com deficiência, que pode ser disputado por atletas até aos 20 anos.

RYPE // APN - Lusa

Brasil – Eleições: Programa de TV de Dilma inicia o desmonte da farsa Marina




Mostrando o preparo e a segurança da candidata à reeleição Dilma Rousseff no debate ocorrido na segunda-feira (1º), o programa de TV desta terça-feira (2) deu início ao desmonte da farsa eleitoral chamada Marina Silva reafirmando quem de fato tem preparo, realizações e sabe governar.

A primeira farsa desmontada foi a promessa de investimentos de Marina para a saúde, educação e outras áreas, que somadas chegam a R$ 140 bilhões. “Quem governa tem que responder como vai fazer, não basta se comprometer”, desmascarou Dilma, apontando que o montante citado no plano de governo de Marina é quase tudo que se gasta hoje com saúde e educação, sendo que “triplicamos o orçamento da educação e duplicamos o da saúde, apesar de não ter mais a CPMF”. Marina não conseguiu responder.

No debate, Dilma questionou Marina (que dedicou apenas uma linha das 242 páginas do seu plano de governo ao pré-sal), a falar sobre a sua posição que reduz a importância do pré-sal para o Brasil e ainda diz que é “uma aposta errada” do governo federal.

O programa mostrou, de forma didática e ilustrativa, que o erro é de Marina, pois o pré-sal é a maior camada de petróleo inexplorada do mundo e que graças ao governo de Lula e Dilma, as riquezas resultantes dessa descoberta foram garantidas ao povo brasileiro por meio do sistema de partilha.

Mostrou também que em 2013 o pré-sal rendeu R$ 15 bilhões com o leilão do Campo de Libra e este ano, com mais quatro campos do pré-sal explorados pela Petrobras, serão gerados pelo menos 26 bilhões de barris de petróleo, transformando o Brasil num dos maiores produtores do mundo.

Pré-sal e o compromisso com o futuro

O programa ressaltou que Dilma tem compromisso com o Brasil - e não com o capital internacional como Marina -, quando determina que 60% dos serviços e equipamentos usados na exploração do pré-sal sejam brasileiros, garantindo a geração de empregos e dinamizando a economia.

Também salientou que, diferentemente de Marina, a presidenta sabe de onde virão os recursos para a saúde e a educação em seu governo, pois determinou por meio de lei o investimento de R$ 1,3 trilhão nessas áreas. “Por isso tudo, ser contra o pré-sal é ser contra o futuro do Brasil”, enfatizou o programa de Dilma.

Derrota dos pessimistas

O discurso de “recessão” papagueado por Marina e Aécio também foi desmontado pelo programa, que lembrou que em junho de 2009, a mídia fazia o mesmo discurso pessimista e o Brasil superou com crescimento e geração de empregos. “De novo, a imprensa volta a dizer que o país está em recessão. Como em 2009, os pessimistas serão desmentidos pelo tempo. Mais uma vez, o nosso país vai provar que números momentâneos não representam a real capacidade da nossa economia”.


Governo do “eu sozinho” de Marina

O ponto derradeiro do desmonte do programa desta terça foi dado ao tratar do apoio político. Dilma no debate enfatizou que não se pode garantir a governabilidade sem apoio político e com firmeza mostrou que tem conhecimento dos problemas, sabe como construir as soluções e tem força política para realizar os seus projetos, justamente porque não governa sozinha.

De forma didática, o programa mostrou que a base política de Marina tem 33 deputados e questionou: “Sabe de quantos ela precisa para aprovar um simples projeto de lei? No mínimo 129. E uma Emenda Constitucional? No mínimo 308. Como você acha que ela vai conseguir esse apoio sem fazer acordos? Será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?”.

O programa finalizou destacando que em dois momentos da nossa história o Brasil elegeu chefes do “partido do eu sozinho”, referindo-se aos governos de Jânio Quadros e Collor de Melo. “Sonhar é bom. Mas eleição é hora de botar o pé no chão e voltar à realidade”, arrematou.
 

Portal Vermelho, Dayane Santos (VER VÍDEO)

O SEU MEDO MATA: COMO ACABAR COM A VIOLÊNCIA NO BRASIL



Fred Di Giacomo, do Glück Projectem Revista Fórum, 27 agosto 2014

2005, eu era um jovem universitário em Bauru.

Naquela noite, estava voltando para o meu apartamento sozinho e parei rapidamente na frente da casa de uma “ex” para ver se ela estava. Luzes apagadas, um carro diferente estacionado. “Putz, me dei mal!” Desanimado, segui em frente pensando se deveria cozinhar Miojo, cachorro-quente ou ir dormir porque tinha aula no dia seguinte. Sorrateiramente, uma viatura de polícia apareceu atrás, ligou a sirene e me mandou encostar na parede aos berros. Botaram uma arma na minha cabeça, me revistaram e pediram meus documentos. Naquela hora, tenso, achei que podia morrer. “E se essa arma dispara? O cara tá nervoso… É o policial puxar o gatilho por engano que eu danço. Não tem uma testemunha, nada.” Tive uma sensação que muita gente deve ter vivenciado quando é assaltado. Por sorte, nada aconteceu. O PM ainda disse “se a gente tivesse achado alguma ferramenta, alguma coisa, a história seria diferente”. A história seria diferente… E a grande suspeita deles era eu ter parado cinco segundos para olhar o carro estacionado na rua. Justo eu que nem sabia dirigir.

Já havia sido abordado pela polícia antes, na minha cidade natal, duas vezes. Não haviam sido tão agressivos. O problema naquela época eram as camisetas de bandas punk, as calças rasgadas e os bairros (pobres) onde morávamos ou circulávamos. Que bom que éramos nerds o suficiente para sermos abordados em situações como “jogar RPG na praça” ou “jogar rosas nas casas de meninas bonitas”. Coincidência ou não, quando eu comecei a trabalhar na editora Abril, passei a só andar em bairros de elite/classe média e mudei meu visual – trocando as camisetas do Ratos de Porão e Pavilhão 9  pelo blazer da Zara – eu nunca mais fui abordado pela polícia. Mesmo que antes eu fosse tão inocente e honesto como sempre. (Aliás, quando eu morava em Penápolis, nem beber eu bebia.)

Mas é esquisito e triste imaginar que eu podia não estar aqui escrevendo esse texto hoje. Que eu podia nunca ter casado com a Karin, não ter publicado um livro ou visto os filhos dos meus amigos nascerem.

Era só o PM ter puxado o gatilho. Mesmo que acidentalmente.

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Brasil, 2013 – 2014

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Em geral, as vítimas de violência policial são muito mais pobres do que eu fui e tem a pele mais escura do que a minha pode ser. O que no Brasil só aumenta as estatísticas de você ser assassinado. Somos um dos 35 países com mais assassinatos do mundo. 21 a cada 100 mil habitantes. Morei um ano na Alemanha, onde matam 0,8 pessoas a cada 100 mil habitantes. Mas você, meu amigo do Facebook, que assim como eu é branco de classe média, não precisa ficar preocupado. 70% dos assassinados no Brasil são negros. Isso mesmo. SETENTA POR CENTO. A gente reclama, pede Rota, pede bala nos delinquentes, pede mais segurança e o que estamos conseguindo é matar os pobres, os negros e os pardos. Isso é dado estatístico do Ipea. Não foi inventado por nenhum comunista maluco, tá?

“Em termos absolutos, os 50 mil casos de homicídios por ano correspondem a um nada honroso segundo lugar mundial. Temos a terceira maior população carcerária do mundo (e a que  mais cresce), com aproximadamente 540 mil presos; e, ao mesmo tempo, elevada impunidade (com uma  média de 8% dos homicídios dolosos investigados com êxito).”, diz a PEC que pede a desmilitarização da PM.

Precisamos entender a violência no Brasil antes de pedirmos para a polícia matar em nosso nome. Sim, por que a polícia age em defesa de quem? Você acha que não é responsável pela violência policial? Que a polícia é um órgão autônomo que não representa a mentalidade de grande parte população brasileira? O ex-delegado da polícia civil  fluminense Hélio Luz já lançou a  pertinente pergunta: “há interesse na sociedade em ter uma polícia que não seja corrupta?”

Como o ex-delegado bem explica, uma polícia que não é corrupta não serve para reprimir e espancar pobres. Ela deve agir dentro da lei e não fazer diferença entre uns e outros. Isso quer dizer que para termos uma polícia eficiente teremos que parar de subornar guardas de trânsito,aceitar que nossos filhos mimados sejam presos por atropelar e matar ciclistas, fazer teste de bafômetro quando dirigirmos bêbados, etc. Existe interesse numa polícia efetiva ou é mais cômodo que ela aja ad infinitum como capitã-do-mato? Quando pedimos uma “polícia de primeiro mundo”, pedimos para que ela proteja toda população ou para que proteja apenas nossos interesses?

Aí, você vai me dizer: “Ih, lá vem mais um petralha comunista defensor de Direitos Humanos querer acabar com a polícia. E sem a polícia, amigo, quem vai nos defender? O Batman?”

Bom, primeiro que quem duvida que os comunistas gostem de forças militares e policiais pode estudar um pouco de história. Comunismo não significa necessariamente pacifismo ou movimentos liberais. Segundo, eu não estou aqui propondo nenhuma revolução estrutural. Não estou pedindo agora o fim da polícia – hoje, não existe nenhuma proposta executável no Brasil de estado sem qualquer força de segurança. Mas sejamos razoáveis: nós precisamos, no mínimo, de uma polícia que funcione. No mínimo de uma polícia bem treinada, bem paga e sem licença para matar, que aja  defendendo a sociedade – toda a sociedade. É provável que isso passe pela desmilitarização. Afinal, existem até muitos PMs que defendem a desmilitarização como forma de acabar com o violento assédio moral que eles sofrem de oficiais; e o mais comum no mundo todo (Estados Unidos, inclusive, que todo mundo usa como exemplo de “dureza policial”) é que as polícias sejam civis.

No entanto, meus amigos, existe uma mudança de mentalidade urgente que precisa acontecer pelo bem da própria PM e sua credibilidade junto à população. (Vale lembrar que o número de policiais mortos no Brasil também é alto) A polícia precisa se recordar que seu objetivo é proteger a população e cumprir a lei. Só isso. Polícia não julga bandido, nem executa pena. Aliás, pena de morte no Brasil não existe.  A polícia não foi criada para lutar numa guerra; para isso foi criado o exército.  Com a fala, mais uma vez o ex-delegado Hélio Luz: “Essa guerra contra o tráfico não existe, porque não há um inimigo. A polícia não tem que matar o cara, tem que punir de forma efetiva, com uma cadeia dura.” E o policial aposentado resume bem: “Polícia deve proteger a sociedade e não o estado ou a elite”. Quem inventou que nós estamos numa guerra do bem contra o mal em que o inimigo tem que ser exterminado? Bandido tem que ser preso.  A quem interessa que a população brasileira viva com medo? A quem interessa que entreguemos o máximo poder a um grupo, caso contrário seremos “mortos por marginais amanhã”? E quem é “inimigo de quem” quando repetidas vezes são tornados públicos acertos entre policiais e bandidos ou até mesmopoliciais e ex-PMs liderando o tráfico através de milícias? O grande problema do Brasil não é a corrupção da polícia, mas um dos problemas da polícia é a corrupção do Brasil. Nossa polícia é um reflexo da nossa sociedade e da sociedade que queremos.

Ciência no combate à violência

Vale abrir um pequeno parênteses aqui para analisar um pouco os dados de violência do Brasil e as medidas que funcionaram no combate aos crimes ao redor do mundo. Nosso país tem números altíssimos de violência, mas engana-se quem pensa que nossas mortes são cometidas todas por ladrões. Grande parte dos assassinatos que ocorrem no Brasil são cometidos em brigas, em questões de honra, em conflitos familiares. Por exemplo o número de homicídios dolosos no Brasil em 2012 foi de 47.094. Alto, né? Sabe quantas dessas mortes foram cometidas em assaltos (latrocínio)? Só 1.803. Algo como 3,8%, ou seja, mesmo que todos os bandidos que roubam e depois matam fossem presos, nós ainda teríamos 96,2% dos assassinatos ocorrendo no Brasil. E sabe quanto as polícias civis e militares mataram em 2012? Usando os dados do Fórum de Segurança (onde vários estados nem notificaram esse número), nós chegamos a assustadores 1.354 pessoas. Fora 46 pessoas mortas por policiais fora de serviço. E os policiais mortos? Segundo os dados oficiais foram 75 assassinados em serviço e 235 mortos fora de serviço. Mesmo sendo um número alto e somando os dois, é bastante desproporcional ver que a polícia tenha matado 1400 pessoas, enquanto morreram 310 policiais – a grande maioria fora de serviço. (Entram aí policiais assassinados quando estavam de folga, mas também muitos que morrem em bicos de segurança, etc). Mas o que mais chama a atenção são as mortes causadas por impulso e motivos fúteis (brigas, ciúmes, conflitos entre vizinhos, desavenças, discussões, violências domésticas, desentendimentos no trânsito). 100% dos assassinatos do Acre* foram causados por brigas e violência domésticas,  83% dos assassinatos em São Paulo82% dos de Santa Catarina. Os estados com menores índices foram Rio Grande do Sul: 43% e Rio de Janeiro: 
27%. Agora você entendeu por que as feministas vivem dizendo que o machismo mata? Por que nós repetimos aqui que existe uma cultura da violência no Brasil? Mata-se por ciúme, mata-se por batidas no trânsito, mata-se por briga de marido e mulher, por traições, etc.

Então, por que o foco do combate à violência está tão voltado para a falida guerra às drogas? Por que tantos policiais perdem suas vidas subindo o morro e atirando para matar, levando a vida de muitos inocentes nessas ações?

O psicólogo e cientista americano Steven Pinker passou 15 anos estudando a violência no mundo e escreveu o genial livro “Os anjos bons da nossa natureza”. Nesse livro Pinker prova que a violência vem caindo no mundo, apesar de estamos constantemente achando que “nunca vivemos em meio a tanta barbárie”. Essa queda no número de assassinatos é puxada pela Europa, EUA e parte da Ásia, mas são muito interessantes as descobertas de Pinker. Ele também fala bastante sobre as mortes por motivos fúteis e crimes ligados à honra e ao machismo.. Em sua pesquisa, o psicólogo levanta 5 causas que atribui para o declínio desses assassinatos:

1) Estado eficiente

Idealizado por Rousseau, Locke e Hobbes (de quem Pinker toma diversas ideias emprestadas, especialmente do livro “O Leviatã”), um estado eficiente é uma forma voluntária dos cidadãos viverem em sociedade, abrindo mão da vingança e do olho por olho primitivos e confiando que a punição aos criminosos ficará nas mãos da justiça do Estado. Para Pinker e Hobbes, sem poder confiar no estado, os homens vivem numa situação de guerra constante e numa sucessão de viganças violentas que nunca acaba. Por isso, quando a polícia e a justiça perdem a credibilidade com a população, se cria um estado caótico perfeito para justiceiros e linchadores. E, por isso também, os policiais devem lembrar que são representantes do Estado e tem a obrigação de agir dentro da lei, não podendo se comparar em crueldade ou número de mortos com os criminosos.

2) Feminização

Pinker destaca a importância da maior participação das mulheres na sociedade e nos governos para a redução da violência, a criação de uma cultura de paz e também um menor culto à honra e à virilidade que são responsáveis tanto por guerras e grandes conflitos, como por mortes cotidianas em brigas entre gangues ou jovens embriagados. O empoderamento das mulheres e a liberdade para que elas possam escolher seus parceiros e decidirem se querem ou não terem filhos, também tende a diminuir o conflito entre os homens. Muitos países, como Índia e China, ainda têm uma cultura de assassinar bebês do sexo feminino, o que faz com que existam nessas locais uma massa de homens jovens e solteiros, mais propensa à violência.

3) Comércio Gentil

Pinker defende fortemente que quando as nações passaram a fazer comércio e não mais resolver seus problemas através de guerras, conquistas e imperialismo, o mundo se tornou mais pacífico. O mesmo serve para os indivíduos. Quando o outro país ou outro ser humano pode produzir algo de meu interesse, eu penso duas vezes antes de atacá-lo e destruí-lo.

4) Círculo Expandido (de simpatia)

Historicamente nosso primeiro círculo de simpatia e cuidado foi a família. Inicialmente, só nossas famílias importavam e o resto do mundo era composto de inimigos em potencial. Depois essa empatia se expandiu para a tribo, para o grupo religioso, a nação… A criação da imprensa fez com que ideias fossem compartilhados ao redor do mundo através de livros e jornais. Quando um homem branco lê um livro sobre a tragédia de uma mulher africana, ele passa a entender o que se passa na cabeça da mulher, passa a se colocar em seu lugar e passa a reconhecê-la como um ser humano. Alfabetização, televisão e internet aceleraram esse processo rumo à uma “aldeia global” onde a compaixão faz com que enxerguemos  toda a humanidade como uma família.

5) A escada rolante da razão

Esse fator apontado por Pinker está ligado ao Círculo Expandido. Ele destaca que sociedades que abraçaram o humanismo, o iluminismo e o raciocínio lógico tornaram-se menos violentas. A educação e a divulgação de informações é fundamental para um mundo mais pacífico e menos apegado a dogmas, misticismos e tabus que levam a comportamentos violentos, guerras religiosas e conflitos ideológicos que não fazem o menor sentido.

Em resumo, a redução da violência não depende apenas de uma polícia que “extermine todos os bandidos do mundo”. Esqueça os filmes do Robocop e de Charles Bronson. A solução da violência não estará nas mãos do Capitão Nascimento ou do Chuck Norris. Heróis do mundo real são os que constroem um país mais racional e menos movido pelo ódio e o sentimentalismo; um país onde as pessoas se enxerguem como seres humanos semelhantes e não como “outros” ou inimigos; um país onde as mulheres tenham voz e onde não se mate por honra e por orgulho; e – principalmente – um país onde as pessoas confiem nas instituições, na justiça e em uma polícia honesta e eficiente que proteja sua população e não apenas uma pequena parcela dela. Ou, então, continuaremos como dizia o já citado Hélio Luz sendo um país onde “Todos são iguais perante a lei dependendo de quanto cada um ganha”.


Na foto: Imagem do projeto 100 vezes Cláudia produzida para o site Think Olga pelo Pedro Magalhães

MINISTRO DA SAÚDE É O DOUTOR MORTE. TODOS OS OUTROS SÃO DOUTORES ASSASSINOS?


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

O título é explícito. Chamam a Paulo Macedo "Doutor Morte". Através dele é fácil depreender que andam a matar por aí pessoas. Concretamente portugueses. Mais exatamente, neste caso abordado em baixo, em Évora. Mas não faltam em Portugal casos semelhantes ou associados aos “cortes” orçamentais que são causa direta ou indireta da morte de muitos mais portugueses por falta de assistência médica e/ou medicamentosa.

Todas as culpas parece que são empurradas para um ministro, o da Saúde, Paulo Macedo, mas com o tempo a passar e as mortes a sucederem-se é tempo de também apurar responsabilidades a todo o governo, aos que têm aprovado os “cortes” que matam. Se for caso disso até ao manhoso presidente da República corporizado no nefasto Cavaco Silva, que assina de cruz as políticas impostas pelo governo, pela falsa maioria de deputados que há muito tempo não representam a vontade dos seus eleitores porque foram eleitos com base numa chusma de mentiras. Se Paulo Macedo, o cangalheiro ministro, é o Doutor Morte, não será que os restantes pares do governo Cavaco-Passos-Portas e seus deputados são os doutores assassinos?

Os que vão morrer que decidam a resposta. Como a vida é uma roleta qualquer mortal  da populaça deste país está sujeito a perder a vida por consequências similares aos casos de Évora e de outras regiões. Os “cortes” estão a encurtar e a cortar-nos a vida. A impunidade senta-se em Belém e em São Bento mas disso nem se fala, quanto mais agir-se para combatê-la. A morte anda à solta e de mãos dadas com os políticos que se sentam nos poderes.

Segue-se a narração do DN de mais um anúncio de morte, demonstrando que este governo, com as políticas impostas, mata que se farta.

Homem morre em Évora após falha de VMER

Um doente morreu na terça-feira em Évora sem ter acesso a resposta da VMER de Évora, que estava inoperacional nesse dia falta de recursos humanos. A viatura foi chamada a socorrer um doente em paragem cardiorrespiratória, que acabou por morrer, confirmou hoje o hospital. É o terceiro caso de morte sem assistência em Évora.

Fonte do gabinete de comunicação do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) disse à agência Lusa que a VMER não esteve operacional no turno entre as 08:00 e as 16:00, por falta de recursos humanos.

Este é o terceiro caso conhecido, envolvendo vítimas mortais, em que a VMER de Évora está indisponível quando é solicitada para uma situação de emergência, depois de, em abril deste ano, não ter participado no socorro a dois homens que sofreram um acidente, perto de Reguengos de Monsaraz, e que acabaram por morrer.

Também no dia 25 de dezembro de 2013, a VMER estava inoperacional quando um acidente na Estrada Nacional (EN) 114, entre Évora e Montemor-o-Novo, que envolveu dois automóveis e um cavalo, provocou quatro mortos e quatro feridos graves.

No caso de terça-feira, a fonte hospitalar indicou que "não tendo sido possível garantir a operacionalidade" da VMER, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi informado para que pudesse ativar os outros meios disponíveis na área".

A mesma fonte garantiu que a unidade hospitalar "tem feito, até à data, todos os esforços" para "completar todos os turnos e garantir a maior operacionalidade possível da VMER".

João Caraça, adjunto do comando dos Bombeiros de Évora, explicou à Lusa que a corporação foi solicitada, na terça-feira de manhã, para "uma paragem cardiorrespiratória, num bairro limítrofe da cidade".

"Ao chegarmos ao local, verificámos que era de facto uma paragem cardiorrespiratória e pedimos apoio diferenciado, mas o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) informou-nos que iniciássemos manobras e que transportássemos a vítima para o hospital", referiu.

O responsável adiantou que elementos da corporação transportaram o homem de 64 anos em paragem cardiorrespiratória "até ao hospital em manobras" e que, passado algum tempo, foram "informados que a vítima tinha falecido".

Também em declarações à Lusa, a porta-voz do Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) do distrito de Évora, Lina Maltez, lamentou a inoperacionalidade da VMER, uma situação que considerou "recorrente".

"Infelizmente, as pessoas não podem escolher a hora a que a VMER está operacional para terem acidente ou um problema de saúde grave", afirmou, realçando que o movimento já alertou várias vezes para esta situação, mas, "aparentemente, nada continua a ser feito".

Considerando que a inoperacionalidade da VMER resulta "certamente do corte de verbas", a porta-voz do MUSP do distrito de Évora alegou que "o Governo corta no setor da saúde e, depois, não há dinheiro para contratar os médicos que possam prestar o serviço na viatura".

Lusa, em Diário de Notícias

Portugal - PT. Gestores ganharam 112 milhões desde 2004. Empresa desvalorizou-se 80%



Filipe Paiva Cardoso – jornal i

PT desvalorizou 80% desde 2004 mas salários e prémios da administração ficaram iguais. Maior prémio aos gestores desde 2006 foi pago agora, quando perderam 900 milhõesno GES

Este ano a Portugal Telecom expatriou todos os seus activos para o Brasil e viu desaparecer quase 900 milhões de euros que os seus gestores decidiram emprestar ao Grupo Espírito Santo. As perdas foram impostas aos accionistas da PT, que ficaram com a fatia na Oi reduzida por culpa desta aposta, tornando a absorção da operadora portuguesa pela empresa brasileira um negócio ainda mais penoso. Resultado? A administração recebeu salários e bónus como não se viam desde 2006, totalizando mais de 12,1 milhões de euros este ano.

Desde 2004, os diferentes conselhos de administração da Portugal Telecom e suas ramificações - conselho geral ou conselho fiscal, por exemplo -, cus- taram à empresa 117 milhões de euros. Limitando a análise a administradores executivos e não executivos, a remuneração destes totalizou 112,74 milhões de euros no mesmo período, mais de 10 milhões de euros anuais, a grande maioria dos quais em remuneração variável. É que, independentemente dos resultados, esta "variável" é sempre paga, nunca tendo caído abaixo dos 2,2 milhões desde 2004 e superando os 3 milhões anuais em oito dos 11 anos em questão, incluindo 2014. Variável ma non troppo , portanto. Basta ver que no período analisado a PT desvalorizou 80%, mas nada disso se nota no nível de remuneração fixa ou variável dos seus administradores. Cortes só mesmo nos salários dos colaboradores.

Nos anos analisados, com mais ajuda da componente fixa ou mais ajuda da variável, a administração executiva e não executiva da PT ganhou sempre entre o mínimo de 6,9 milhões e o máximo de 21 milhões de euros de remuneração anual - desde 2009 que não ganham menos de 7 milhões.

Sensivelmente no mesmo período, a ex-empresa portuguesa passou de um custo médio anual por colaborador em Portugal de 38,5 mil euros para 30,4 mil euros, uma redução de 21% entre 2005 e 2013, anos durante os quais a PT reduziu mais de 1300 o número dos colaboradores dos seus quadros portugueses. Eram mais de 8800 em 2005 e em 2013 nem chegavam a 7600 - a análise foi fechada aos colaboradores que trabalham em Portugal na rede móvel e na rede fixa sem contar com a PT Multimédia, para estabelecer uma base comparável para todo o período.

As duas realidades salariais da PT, entre administração e custo médio por colaborador, evidenciam assim a disparidade salarial entre gestores executivos e o colaborador médio da empresa: um trabalhador com um salário médio da PT precisa de 30 anos para ganhar o que um administrador ganha num ano - o administrador executivo levou para casa em média 735 mil euros de remuneração em 2013 e o colaborador médio pouco menos de 25 mil euros em remunerações. Pondo a questão de outra forma: entre 2014 e 2044 este colaborador vai receber quase 725 mil euros em salários, valor mesmo assim aquém do que o seu executivo ganhou só no ano passado.

Se as remunerações variáveis para a administração vão oscilando entre altas e mais altas, os variáveis recebidos pelos colaboradores têm vindo a cair. "Os custos com pessoal diminuíram 8,2% face a 2010, para 252 milhões, em resultado do enfoque na redução de custos, incluindo menores remunerações variáveis e horas extra", lê-se nas contas de 2011 da PT. No ano seguinte o mesmo: os custos com pessoal diminuíram em parte devido "a um menor nível de remunerações variáveis".

PT DESAPARECEU DESDE 2004 

Além da forte desvalorização bolsista desde 2004, sem reflexo nos ganhos dos administradores, é de salientar que neste período a PT foi sendo desvalorizada por iniciativa dos seus gestores. Primeiro quando combateram a OPA de Paulo Azevedo e da então Sonaecom a qualquer custo - incluindo dividendos anuais recorde e a cedência da PT Multimédia aos accionistas -, e depois ao vender a Vivo, distribuindo quase tudo pelos accionistas. Por fim, Zeinal Bava negociou a cedência dos activos da PT à brasileira Oi a troco de um quarto das acções daquela operadora e da sua ida para CEO da Oi. Resultado: uma acção que valia 10,2 euros no início de 2004 vale hoje 2,16 euros. Mas os salários e os prémios para a gestão permanecem ao mesmo nível.

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Portugal: DEMOCRATAS TIRAM COELHOS DA CARTOLA




O Manifesto “Por uma Democracia de Qualidade” é o mais requentado argumentário que procura subverter o actual sistema eleitoral baseado no método de Hondt que, apesar das suas limitações, é o que garante a mais próxima realidade entre o número de deputados e o número de votos conquistados por cada partido. Isto apesar de cada deputado dos partidos mais pequenos exigir maior número de votos, o que poderia ser corrigido por um círculo nacional onde fossem contados os votos sobrantes de cada partido, os votos que não tinham eleito ninguém.

Claro que os subscritores do tal manifesto não querem saber da representação democrática, embora se afirmem preocupados com a degradação da democracia. Lendo-se o manifesto percebe-se que isso nada lhes interessa. Demagógicamente acenam com a bandeira da aproximação dos eleitores aos eleitos o que, segundo eles, se conseguiria com a possibilidade da apresentação de candidaturas independentes. Independentes dos partidos mas completamente dependentes do sistema. É abrir caminho ao populismo, ao caciquismo, Ao serviço de quê e de quem? Financiados por quem? Registe-se que os signatários muito se preocupam com o financiamento dos partidos e nada dizem sobre as contas desses candidatos cândida e puramente detergentados dos vícios dos partidos.

O que está subjacente neste manifesto é o que a direita e uma parte do PS, procura há muito tempo: perpertuar-se no poder reduzindo o jogo democrático à bipolarização.  O CDS conhecedor dos seus limites de crescimento, por mais feiras que o Paulinho percorra, por mais botas e bonés com que se mascare a defender a lavoura, por mais benesses que a comunicação social lhe conceda, veja-se a benevolência com que o  trataram quando faltou à palavra dada na crise que montou no ano passado e como lhe atribuem, esteja ele no Palácio das Necessidades, em Caracas, Nova Iorque, Sidney,  Hong-Kong, Cascais ou no Pólo Norte, o não aumento de impostos apesar e contra ele meter os pés pelas mãos quando são, directa ou indirectamente aumentados. Apesar de todos esses favores, como os votos não andam nem demandam, olha com extrema desconfiança essa revisão do sistema eleitoral.

O que é extraordinário nestes muito democráticos e bolorentos manifestantes é centrarem no sistema eleitoral a causa da decadência da democracia. Não verem, por miopia congénita ou propósitos menos claros, que o que corrói o sistema democrático representativo, qualquer que seja o sistema eleitoral que o sustente, é a crescente indiferenciação ideológica. É porque a democracia representativa deixou de ser o lugar da luta de classes por via pacífica, como os revisionistas sociais-democratas desejavam e proclamaram.  É porque os partidos tornaram-se prolongamentos e representantes de determinados interesses económicos (muito bem representados entre os 30 signatários deste manifesto) que lhes dão apoio variável, sabendo que esses partidos são uma finalidade em-si que são uma extensão do aparelho de estado, pelo lhes interessa manter e aprofundar, se possível, a bipolarização para a luta política ter uma fachada democrática e confinar as lutas sociais aos momentos eleitorais.

A lista de subscritores deste manifesto não é inócua. É a marca de água de quem se entrincheira num palavreado oco e enganador que em vez de propugnar um aprofundamento da democracia o que quer é subverte-la, procurando perpetuar um sistema partidário semelhante ao norte-americanos, em que a indiferenciação entre esquerda e direita é uma questão de pormenor. Aliás analisando os sufrágios nos EUA, consegue-se totobolar, com margem de erro mínima, qual o partido vencedor conhecendo-se quais os seus financiadores e os quantitativos angariados. Também é conhecida a exaltação democrática que atravessa os EUA em cada votação, basta contar o número de votos expressos e comparar com o número de habitantes com capacidade eleitoral. Uma imagem assustadora da democracia, da capacidade mobilizadora da democracia.

Por cá, a comunicação social estipendiada ao serviço de grupos económicos,  mimetizando nos melhores casos uma independência que não têm, abraça com entusiasmo os signatários desse manifesto,  chegando a clamar que propõem uma revolução do sistema.

Revolucionários de pacotilha de fachada democrática,  que tiram das cartolas coelhos com mixamatose prontos a contaminar a democracia e a liberdade.

Manuel Augusto Araújo - Praça do Bocage


OS PLANOS DE HITLER PARA ÁFRICA




Há 75 anos, a 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polónia e começou a II Guerra Mundial. Adolf Hitler queria conquistar a Europa, mas há muito tempo que a Alemanha planeava criar um império colonial em África.

Quando Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, a Alemanha já não tinha colónias. Depois de derrotar a Alemanha na I Guerra Mundial, o Reino Unido, a França e a Bélgica dividiram entre si as colónias alemãs. A África do Sul passou a governar a Namíbia, que então se chamava Sudoeste Africano Alemão.

Perder as colónias foi um osso duro de roer para muitos contemporâneos de Adolf Hitler. Mas o ditador alemão só pensava em conquistar a Europa. Hitler queria expandir o “império alemão” para França e para a União Soviética.

Andreas Eckert, historiador alemão, afirma que “África não fazia necessariamente parte da visão de Hitler de dominar o mundo”. Segundo Eckert, Hitler “olhava muito mais para outras regiões”, mas “não foi contra os interesses dos que o rodeavam relativamente a África.”

A megalomania nazi no continente africano

Um ano depois de Hitler chegar ao poder, os nazis estabelecem o seu próprio departamento de política colonial – o Kolonialpolitisches Amt. Mais tarde, Hitler pediu publicamente a restituição das colónias alemãs, sob pressão de grandes actores económicos na época, interessados nos lucros que podiam fazer em África – um novo mercado, com muitas matérias-primas à disposição.

Ao sonho dos empresários alemães juntava-se o desejo de muitos alemães que ficaram em África de voltar aos tempos coloniais, nos Camarões, na Tanzânia ou na Namíbia.

Andreas Eckert explica que “em todas estas regiões havia delegações locais do partido nazi” e, nas antigas colónias, “havia um pequeno grupo de pessoas decidido a colocar estes territórios novamente sob domínio alemão.” No final dos anos 30, os planos para um novo território colonial já eram mais concretos. “Nos primeiros anos de guerra houve várias conquistas militares, que reforçaram a megalomania nazi”, afirma Eckert.

Império colonial nunca concretizado

Uma série de vitórias contra a França e contra a Bélgica deram à Alemanha a sensação de estar muito perto de conseguir voltar a ter colónias em África. O departamento de política colonial nazi ambicionava um “império colonial” no Golfo da Guiné, que se estenderia desde o que hoje é o Gana até aos Camarões – um território com matérias-primas em abundância, que poderia cobrir as necessidades do Grande Reich Alemão.

Os nazis pensaram também em conquistar vários territórios ao longo de uma faixa que se estendia até ao Oceano Índico. Com excepção da África do Sul – vista na altura como um possível parceiro.

Mas estes planos ficaram no papel. No início de 1943, a Alemanha teve de concentrar as suas forças para responder à ofensiva da União Soviética. Em Fevereiro de 1943, o departamento de política colonial foi extinto. Foi nessa altura que os russos venceram a batalha de Estalinegrado, um ponto de viragem que preparou o caminho para a derrota alemã e para o fim da II Guerra Mundial, dois anos mais tarde.

Deutsche Welle - Autoria Philipp Sandner / Guilherme Correia da Silva

Moçambique: OBSERVADORES INTERNACIONAIS VÃO MONITORAR O PROCESSO DE PAZ




Diálogo político: observadores do Zimbabwe, Itália, Portugal e dos EUA oficialmente convidados pelo Governo e Renamo

As delegações do Governo e da Renamo anunciaram esta terça-feira (02) que já foram enviados, formalmente, os convites aos observadores internacionais para virem a Moçambique monitorar o processo de cessação das hostilidades militares, cuja missão é monitorar a implementação de todas as garantias alcançadas na mesa do diálogo político entre as partes, visando a restauração da paz que falta aos moçambicanos há sensivelmente dois anos.

De acordo com o subchefe da delegação governamental, Gabriel Muthisse, neste momento, as duas delegações estão a frequentemente a articular com os observadores militares internacionais para a fixação de datas de sua chegada ao país com vista a dar andamento ao processo em causa.

“Temos a expectativa de que tão cedo quanto possível eles cheguem ao país para monitorar este processo de estabilização de Moçambique”, disse Muthisse, à margem da 76ª ronda do diálogo político.

Não existe ainda data para a chegada dos observadores internacional - que virão do Zimbabwe, da Itália, de Portugal e dos Estados Unidos da América -, o que deixa antever que as eleições de 15 de Outubro vão acontecer com os guerrilheiros do partido Renamo nas matas e com as suas armas, apesar da assinatura do cessar fogo e da entrada em vigor da Lei da Amnistia.

Embora o líder da perdiz tenha afirmado recentemente que "quem ganhar as próximas eleições será saudado e receberá parabéns" não está garantida a continuidade da paz num cenário de nova derrota eleitoral para si e para o seu partido.

Guebuza vs Dhlakama

Na mesma ronda, as duas delegações discutiram questões relacionadas com o protocolo da próxima sexta-feira (05), data prevista para o encontro entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

Dhlakama deverá aterrar no Aeroporto Internacional de Mavalane, em Maputo, as 13h00 de quinta-feira (04).

Diversas personalidades da “Perdiz”, do Governo, da Assembleia da República (AR), da sociedade civil e das confissões religiosas deverão estar presentes no acto, diga-se, aguardado com bastante expectativa devido à sua importância para a Nação. Refira-se, porém, que o encontro ora propalado tem sido marcado por volta-faces por parte do líder da Renamo.

Verdade (mz)

*Título PG

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