sexta-feira, 11 de novembro de 2011

20 ANOS APÓS O MASSACRE DE SANTA CRUZ, EM DÍLI, TIMOR-LESTE…




ANTÓNIO VERÍSSIMO

HOMENAGEM AOS QUE CAÍRAM E QUE SÃO A GÉNESE ANÓNIMA DA PÁTRIA TIMORENSE

12 de Novembro de 1991. Já lá vão 20 anos. Como o tempo passa depressa. E como a impunidade é oferta de uns quantos aos assassinos de massacres por esse mundo. Quantos milhões já pereceram em África, na América Latina e na Ásia, sem que castigo algum tenha recaído sobre centenas desses criminosos? E na Europa aconteceu e acontece também. Muitos que foram fieis apoiantes e assassinos ao serviço do nazismo hitleriano sobreviveram e até gozaram de vidas repimpadas e impunes noutros países, incluindo na dita democracia norte-americana, que teve o cuidado de tomar para si cérebros criminosos protegendo-os.

O mesmo se passa com os assassinos do exército e da polícia indonésia que ocupava Timor-Leste há 20 anos. Foram assassinados centenas de timorenses no cemitério de Santa Cruz mas desses nem um foi incriminado, vivendo atualmente na impunidade a coberto do governo indonésio, dito democrático, com a concordância dos dirigentes timorenses.

A essas centenas é dia de lhes prestarmos homenagem. Revoltados pela falta de justiça com que encaram aquele enorme massacre mas testemunhando que as suas terríveis mortes não aconteceram em vão e que a sua Pátria é finalmente livre e independente. Antes e depois deles, daquelas vítimas de Santa Cruz, muitos outros timorenses viram suas vidas devoradas pelo carrasco Suharto e seus algozes militares, policiais e civis, incluindo timorenses traidores que se aliaram ao ditador assassino. A soma atinge quase 300 mil, imensa maioria desaparecida. Uns sufocados em enormes valas comuns que estão por localizar, outros lançados ao mar ao largo da ilha de Timor para repasto dos tubarões e de outros habitantes daquelas águas cálidas.

Foram quase 300 mil timorenses que pereceram numa luta incessante pela independência, pela liberdade, pela democracia e pela justiça… Justiça que tarda em ser efetiva no país. Restam alguns assassinos no novo país mas abundam os ladrões, os vis corruptores e os corruptos. Muitos deles instalados nos poderes que traçam os destinos de Timor-Leste. Falha ainda a justiça e muitas outras disciplinas da democracia e da liberdade. Há, ainda, nos dias de hoje, muitos timorenses que padecem de fome, de inexistência de cuidados de saúde, de imensas carências que já não se justificam após 10 anos de independência. Há estrangeiros oportunistas que sugam o que pertence aos timorenses mascarando-se de amigos solidários, de humanistas, etc. Mas há também os estrangeiros que se sentem timorenses, que quase veneram o país e o povo simples, e esses estão e sempre estarão solidários com os mais carenciados, com os timorenses injustiçados. Talvez essa seja a melhor homenagem a prestar aos heróis ainda vivos e às centenas de milhares que foram assassinados, incluindo os do Massacre de Santa Cruz em 12 de Novembro de 1991.

Em memória daqueles que lutaram e pereceram em defesa da Pátria timorense compete aos que escaparam nesses tempos e aos jovens de hoje lutar pela justiça que falha. Será a homenagem que merecem as vítimas de tantos massacres naquele pequeno país.

Vivam os timorenses! Viva Timor-Leste!

*Também publicado em Página Lusófona, blogue do autor

A RAZÃO NÃO ENCHE BARRIGA…




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

Angola comemora amanhã mais um aniversário da sua independência. “Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”.

Em Angola, para além dos milhões que legitimamente só se preocupam em encontrar alguma coisa para matar a fome, uma minoria privilegiada só se preocupa em ter mais e mais, custe o que custar.

Quando alguém diz isto, e são cada vez menos a dizê-lo mais cada vez mais a pensá-lo, corre o sério risco de que os donos do poder o mandem calar, se possível definitivamente.

Mas. como dizia Frei João Domingos, "não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida".

E são muitos os que já morreram por isso. Se mesmo os que não vivem no reino de José Eduardo dos Santos estão na linha de fogo, o que dizer dos que lá sobrevivem?

O presidente que há 32 anos domina, sem nunca ter sido eleito, Angola, continua, mesmo fora do seu país, a dar ordens para calar os que teimam em dizer a verdade ou, pelo menos, o que pensam ser a verdade.

Citando de novo, e tantas vezes quantas forem preciso, Frei João Domingos, em Angola "muitos governantes têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão podres por dentro".

Mas esses, apesar de podres por dentro, continuam a viver à grande e à MPLA, enquanto o Povo morre de fome.

Convém não esquecer que, por exemplo, o dirigente e ministro do MPLA, Kundi Paihama, afirmou em tempos recentes: “Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”.

Esta é, aliás, a filosofia basilar do MPLA, partido que continua a pensar que Angola é o MPLA e que o MPLA é Angola. O que sobra não vai para os pobres, vai para os coitados dos cães.

E por que não vai para os pobres?, perguntam vocês, eu também, tal como os milhões que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães…

Continuemos com a tese de Kundi Paihama: “Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”.

Quanto aos angolanos, aos outros angolanos, citando de novo Kundi Paihama, que comam farelo porque “os porcos também comem e não morrem”.

Embora seja um exercício suicida, importa aos vivos não se calarem, continuando a denunciar as injustiças, para que Angola possa um dia ser diferente, ser de todos os angolanos.

“O Povo sofre e passa fome. Os países valem pelas pessoas e não pelos diamantes, petróleo e outras riquezas”, disse Frei João Domingos, numa pregação certamente só ouvida pelos peixes ou pelas welwitschia mirabilis.

Mas, como diria o camarada Eduardo dos Santos, a luta continua. Tem de continuar.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: OS DIFERENTES CONCEITOS DE ESCRAVIDÃO

Angola: O MANIFESTO LUNDA E A FUNDAÇÃO ANTÓNIO AGOSTINHO NETO




REFLEXÃO SOBRE O MANIFESTO REBELIÃO PACIFICA DA RECUPERAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DA LUNDA, CARTA DA FUNDAÇÃO DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO DIRIGIDA A CMJSPLT

No dia 31 de Março de 2009, Of.67/FAAN/2009, a Fundação Dr. António Agostinho Neto, dirigiu a Comissão do Manifesto Jurídico Sociológico do Protectorado da Lunda Tchokwe a carta cujo teor passamos a transcrever.

A Fundação Dr. António Agostinho Neto apresenta os seus melhores cumprimentos.

Tomamos boa nota do dossier sobre o Manifesto Rebelião Pacifica da Recuperação da Independência da Lunda-Tchokwe e sobre o assunto somos a exprimir o seguinte:

Quando se fundou a Organização de Unidade Africana – O U A, elaborou-se um documento onde constava que as fronteiras deixadas pelo colonizador ficariam inalteráveis. De outra maneira, teríamos guerras infindáveis. Temos assistido a algumas, ainda bem presentes na nossa memória recente.

Aconselhamos pugnarem pela unidade da pátria, sendo de “Cabinda ao Kunene, um só povo uma só nação”. Recordemos o nosso primeiro Presidente, o Dr António Agostinho Neto.

Sugerimos que as reivindicações sociais, ou outras, sejam dirigidas ao Estado e ao partido (MPLA), pois em nosso entender são os órgãos vocacionados para a solução de questões do género. Construamos todos juntos esta grande pátria e honremos os nossos heróis!
Mais não nos resta acrescentar, senão, apelar para que o bom senso e o desejo da maioria prevaleçam, de acordo com os indicadores democráticos, que assistem as grandes realizações do Mundo Moderno.
        
Para um futuro sem guerra, sem distorções sociais acentuadas e mais promissor para toda a Humanidade.

Aproveito a oportunidade para reiterar, prezados Senhores, os protestos da nossa elevada consideração.

Maria Eugénia Neto

Presidente do Conselho de Fundadores

OBSERVAÇÃO:

1.-O Titulo Recuperação da Independência da Lunda-Tchokwe, é da Fundação António Agostinho Neto, consciente de que a Lunda é um Estado Independente que terá perdido sua dignidade como estado livre, anexada a Angola como sua colónia, finalmente as instituições do MPLA/Governo Angolano sabe disso?

2.-Apresentamos depois a Fundação António Agostinho Neto, todo dossier sobre o carácter independente da Lunda, consubstanciado nos tratados de protectorado e, ou acordos Leis celebrados com Portugal entre 1885 – 1894 e a Lei 8904/1955 e cartas da OUA sobre a Lunda Tchokwe.

3.-O Bom senso sem distorções sociais acentuadas e mais promissor para toda humanidade  de acordo com os indicadores democráticos, que assistem as grandes realizações do Mundo Moderno, que a Fundação António Agostinho Neto, se refere na sua Carta para a CMJSPLT, não se faz com a colonização de outros povos. As causas principais de todos os tipos de conflitos, são as ocupações ilegais dos povos ou colonização e as injustiças. As injustiças quando incidirem sobre os direitos reais ou de propriedade década sócio do pacto e, aos direitos de desenvolvimento de personalidade, produzem conflitos, pacíficos ou de guerras.

4.-As fronteiras de que se refere a Fundação António Agostinho Neto, estão consagradas nos seguintes documentos e dadas:

AUTORES MORAIS DO PROTECTORADO DA LUNDA

1)  PORTUGAL

2)  BÉLGICA

3)  FRANÇA

4)  ALEMANHA

5)  INGLATERRA

6)  VATICANO

ACONTECIMENTOS

ü  1885 -1894 Tratados de Protectorados Portugal-Lundas

ü  1885 - Convenção de 14 de Fevereiro

ü  1890 – Conflito Portugal – Bélgica

ü  1891 – Convenção de Lisboa Sobre a questão da Lunda

ü  1893 – Ractificação da acta das fronteiras na Lunda

ü  1894 – Ractificação do Tratado das Fronteiras da Lunda

ü  1894 – Troca das Assinaturas do Tratado das fronteiras Lunda

ü  1895 – Primeiro Governo Independente da Lunda

ü  1951 – Fundação do ATCAR

ü  1955 – Lei n.º 8904 de 19 de Fevereiro

ü  1975 – Acordo de Alvor em Portugal, não definiu a situação Jurídica da Lunda, (vide tb o artigo 3.º do acordo).

ü  1975 – Independência de Angola

ü  2007 – Manifesto Reivindicativo de Autonomia Administrativa e financeira efectiva da Lunda.

ü  Artigo 7º da resolução 1514 (XV) de 14 de Dezembro de1960, da ONU ao abrigo do Protocolo Facultativo do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, que entraram em vigor a 23 de Março de 1976.

ü  Convenção de Viena sobre tratados Internacionais 1960, antes da criação da OUA em 1963, a actual União Africana.

DO DIREITO DO POVO LUNDA

Direito de sucessão. O direito de sucessão consiste em, uma pessoa ou mais descendentes de receberem todo ou uma parte de bens incluindo direitos e obrigações, que pertenciam a outra pessoa, por ter falecido e, que não deve extinguir-se por morte deste.

Quem substitui uma propriedade dos seus pais ou avós, chama-se herdeiro.
        
Somos herdeiros deste direito de sucessão do território e Estado Lunda Tchokwe, que os nossos ancestrais construíram ao longo dos séculos, e colocaram sob protecção da Soberania Portuguesa nos termos dos tratados de Amizade e Comercio assinados nos anos de 1885-1894.

Direito subjectivo. O direito subjectivo, é o poder atribuído pela ordem jurídica a alguém, para este ou estes exigirem de outrem ou ao Estado uma coisa ou um facto (acontecimento por existir a lei que os conferiu o tal direito), o nosso direito não é subjectivo, é natural, é de DEUS, esta consagrado no principio de comunidade de sangue, de terra, de bens e de destino entre si, possuímos vínculos históricos, culturais e linguísticos e abertos ao mundo.

Quando se fala do direito, estamos diante de um interesse material que satisfaz as necessidades ou direitos reais. De maneira que, quando a Lei confere o direito a alguém, o consumo e o exercício do referido direito ou interesse, depende do sujeito ou do próprio indivíduo. É você próprio, que tem que o exigir, porque a liberdade não se dá de favor, e precisa ser conservada continuamente.

 Direito subjectivo, ou direito que depende do sujeito. No nosso caso, como os acordos ou tratados de protecção, amizade e comerciais foram assinados com o Estado Português e, o actual Governo de Angola os conhece e os ignora, o Povo Herdeiro Lunda Tchokwe é que devem exigir de Angola e da Comunidade Internacional, incluindo Portugal (por ex vi legais, ou que, por força da Lei nº 8904 de 19 de Fevereiro de1955, artigo 44 e Letra G, que queremos X coisa ou X acontecimento).

A NOSSA RAZÃO É A NOSSA ARMA MAIS PODEROSA.

O Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Internacional de Justiça da Haia, existem para a resolução pacífica deste tipo de conflitos diante de provas objectivas e autenticas com testemunhas oculares bem presentes como é o nosso caso “A QUESTÃO DA LUNDA”.


O PAPEL GENOCIDA DA NATO (Quinta parte)





A 9 de março do ano em curso sob o título “A NATO, a guerra, a mentira e os negócios” publiquei uma nova Reflexão sobre o papel dessa organização bélica.

Seleciono os parágrafos fundamentais daquela Reflexão:

“Como alguns sabem, em setembro de 1969, Moamar al-Khaddhafi, um militar árabe beduíno de peculiar caráter e inspirado nas idéias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser, promoveu no seio das Forças Armadas um movimento que derrocou o Rei Idris I da Líbia, um país desértico quase na sua totalidade e de escassa população, situado ao norte da África, entre a Tunísia e o Egito.”

“Nascido no seio de uma família da tribo beduína de pastores nômades do deserto, na região de Trípoli, Khaddhafi era profundamente anticolonialista”

“…os adversários de Khaddhafi garantem que se destacou por sua inteligência como estudante; foi expulso do liceu por suas atividades antimonárquicas. Conseguiu matricular em outro liceu e depois se formar em leis na Universidade de Bengasi aos 21 anos. Ingressa depois no Colégio Militar de Bengasi onde criou o que foi chamado de Movimento Secreto Unionista de Oficiais Livres, concluindo posteriormente seus estudos numa academia militar britânica.”

“Iniciara sua vida política com fatos indubitavelmente revolucionários.

“Em março de 1970, após manifestações maciças nacionalistas, conseguiu a evacuação dos soldados britânicos do país e, em junho, os Estados Unidos desalojaram a grande base aérea perto de Trípoli, entregada a instrutores militares egípcios, país aliado à Líbia.

“Em 1970, várias companhias petroleiras ocidentais e sociedades bancárias com participação de capitais estrangeiros foram afetadas pela Revolução. Nos finais de 1971, a famosa British Petroleum correu a mesma sorte. Na área agropecuária todos os bens italianos foram confiscados, os colonos e seus descendentes foram expulsos da Líbia.”

“O líder líbio se dedicou às teorias extremistas que se opunham tanto ao comunismo quanto ao capitalismo. Foi uma etapa em que Khaddhafi se dedicou à teorização, que não faz sentido incluir nesta análise, embora sim se deva assinalar que no artigo 1º da Proclama Constitucional de 1969 ficava estabelecido o caráter “Socialista” da Jamaíria Árabe Líbia Popular.

“O que desejo frisar é que aos Estados Unidos e aos seus aliados da NATO nunca lhes interessaram os direitos humanos.

“O bololô que se deu no Conselho de Segurança, na reunião do Conselho de Direitos Humanos com sede na Genebra, e na Assembléia Geral da ONU em Nova Iorque, foi puro teatro.”

“O império pretende agora […] intervir militarmente na Líbia e açoitar a onda revolucionária desatada no mundo árabe.”

“Promovida a latente rebeldia líbia pelos órgãos de inteligência ianque, ou pelos erros do próprio Khaddhafi, é importante que os povos não se deixem enganar, visto que logo a opinião mundial terá suficientes elementos para saber ao quê se ater.”

“A Líbia, igual do que muitos países do Terceiro Mundo, é membro do Movimento de Países Não Alinhados, do Grupo dos 77 e de outras organizações internacionais, através das quais se estabelecem relações independentemente do sistema econômico e social de cada Estado.

“A traços largos: a Revolução em Cuba, inspirada em princípios Marxistas-Leninistas e Martianos, tinha triunfado em 1959 a 90 milhas dos Estados Unidos, que nos impôs a Emenda Platt e era proprietário da economia do nosso país.

“Quase de imediato, o império promoveu contra nosso povo a guerra suja, os bandos contra-revolucionários, o criminoso bloqueio econômico, e a invasão mercenária de Girón, custodiada por um porta-aviões e sua infantaria de marinha pronta para desembarcar se a força mercenária atingisse determinados objetivos.”

“Todos os países latino-americanos, com a exceção do México, participaram do criminoso bloqueio que ainda perdura, sem que nosso país jamais se rendesse.”

“Em janeiro de 1986, esgrimindo a idéia de que a Líbia estava por trás do chamado terrorismo revolucionário, Reagan ordenou romper relações econômicas e comerciais com aquele país.

“Em março, uma força de porta-aviões no Golfo de Sirte, dentro de águas consideradas por Líbia nacionais, desatou ataques que ocasionaram a destruição de várias unidades navais munidas de lança-mísseis e de sistemas de radares de costa que esse país tinha adquirido na URSS.

“Em 5 de abril, uma discoteca em Berlim Ocidental, freqüentada por soldados dos Estados Unidos, foi vítima de explosivos plásticos, onde três pessoas morreram, duas delas militares norte-americanos e muitos resultaram feridos.

“Reagan acusou Khaddhafi e ordenou à Força Aérea que desse uma resposta. Três esquadrões descolaram dos porta-aviões da VI Frota e bases no Reino Unido, atacaram com mísseis e bombas sete objetivos militares em Trípoli e Bengasi. Ao redor de 40 pessoas morreram, 15 delas civis. Advertido do avanço dos bombardeiros, Khaddhafi reuniu a família e estava abandonando sua residência localizada no complexo militar de Bab Al Aziziya, ao sul da capital. Não tinha concluído a evacuação quando um míssil impactou diretamente na residência; sua filha Hanna morreu e outros dois filhos foram feridos. O fato recebeu uma ampla rejeição; a Assembléia Geral da ONU aprovou uma resolução de condenação por violação da Carta da ONU e do Direito Internacional. A mesma coisa fez em termos enérgicos o Movimento de Países Não Alinhados, a Liga Árabe e a OUA.

“A 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da companhia Pan Am que voava de Londres a Nova Iorque se desintegrou em pleno vôo pela explosão de uma bomba …”

“As investigações, segundo os ianques, implicavam dois agentes da inteligência líbia.”

“Uma lenda tenebrosa foi fabricada contra ele com a participação de Reagan e Bush pai.”

“O Conselho de Segurança impusera-lhe sanções a Líbia que começaram a serem ultrapassadas quando Khaddhafi aceitou submeter a julgamento, com determinadas condições, os dois acusados por causa do avião que explodiu sobre a Escócia.

“Delegações líbias começaram a ser convidadas a reuniões intereuropéias. Em julho de 1999 Londres iniciou o restabelecimento de relações diplomáticas plenas com a Líbia, após algumas concessões adicionais.”

“A 2 de dezembro, Massimo D’Alema, primeiro-ministro italiano, realizou a primeira visita de um chefe de governo europeu à Líbia.

“Desaparecidos a URSS e o campo socialista da Europa, Khaddhafi decidiu aceitar as demandas dos Estados Unidos e da NATO.”

“Nos começos de 2002, o Departamento de Estado informou que estavam em andamento conversações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Líbia.”

“Ao começar o ano 2003, em virtude do acordo econômico sobre indemnizações celebrado entre a Líbia e os países demandantes, o Reino Unido e a França, o Conselho de Segurança da ONU levantou as sanções de 1992 contra a Líbia.

“Antes de findar 2003, Bush e Tony Blair informaram de um acordo com a Líbia, país que tinha entregado a peritos de inteligência do Reino Unido e de Washington documentação dos programas não convencionais de armas, bem como de mísseis balísticos com um alcance superior a 300 quilômetros. […] Era o fruto de muitos meses de conversações entre Trípoli e Washington, como revelou o próprio Bush.

“Khaddhafi cumpriu suas promessas de desarme. Em poucos meses a Líbia entregou as cinco unidades de mísseis Scud-C com um alcance de 800 quilômetros e as centenas de Scud-B, cujo alcance ultrapassava os 300 quilômetros em mísseis defensivos de curto alcance.

“A partir de outubro de 2002 se iniciou a maratona de visitas a Trípoli: Berlusconi, em outubro de 2002; José Maria Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Blair, em março de 2004; o alemão Schröeder, em outubro desse ano; Jacques Chirac, em novembro de 2004.”

“Khaddhafi percorreu triunfalmente a Europa. Foi recebido em Bruxelas em abril de 2004 por Romano Prodi, presidente da Comissão Européia; em agosto desse ano o líder líbio convidou Bush para visitar seu país; Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips ultimavam o reinício da extração de petróleo através de joint ventures.

“Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram a retirada da Líbia da lista de países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.

“Em 2006 e 2007, a França e os Estados Unidos subscreveram acordos de cooperação nuclear com fins pacíficos; em maio de 2007, Blair voltou visitar o Khaddhafi em Sirte. British Petroleum assinou um contrato “enormemente importante” segundo foi declarado, para a exploração de jazigos de gás.

“Em dezembro de 2007, Khaddhafi realizou duas visitas à França e assinou contratos de equipamentos militares e civis no valor de 10 000 milhões de euros; e a Espanha, onde se entrevistou com o presidente do Governo José Luis Rodríguez Zapatero. Contratos milionários foram subscritos com importantes países da NATO.

“O quê agora originou a retirada precipitada das embaixadas dos Estados Unidos e dos demais membros da NATO? “Tudo resulta sumamente esquisito.

“George W. Bush, o pai da estúpida guerra antiterrorista, declarou a 20 de setembro de 2001 aos cadetes de West Point “Nossa Segurança requererá […] a força militar que vocês dirigirão, uma força que deve estar pronta para atacar imediatamente em qualquer escuro canto do mundo. E nossa segurança requererá que fiquemos prontos para o ataque preventivo quando for necessário defender nossa liberdade…’.”

“Devemos descobrir células terroristas em 60 países ou mais […] Junto dos nossos amigos e aliados, devemos nos opor à proliferação e encarar os regimes que patrocinam o terrorismo, conforme o requerer cada caso.”

Acrescento hoje que o Afeganistão, um país tradicionalmente rebelde, foi invadido; as tribos nacionalistas outrora aliadas dos Estados Unidos em sua luta contra a URSS, foram bombardeadas e massacradas. A guerra suja se espalhou pelo mundo. O Iraque foi invadido com pretextos que resultaram falsos, seus abundantes recursos petroleiros passaram a mãos de empresas ianques, milhões de pessoas perderam seus empregos e foram obrigadas a se deslocarem dentro ou foram do país; seus museus foram pilhados e incontáveis cidadãos perderam a vida ou foram massacrados pelos invasores.

Voltando à Reflexão, assinalei:

“Um telex da AFP procedente de Cabul, datado hoje 9 de março, revela que: “O ano transato foi o mais letal para os civis em nove anos de guerra entre os talibãs e as forças internacionais no Afeganistão, com quase 2 800 mortos, 15% mais do que em 2009, indicou na quarta-feira um relatório da ONU, que sublinha o custo humano do conflito para a população’.”

“Com 2 777 exatamente, o número de civis mortos em 2010 aumentou em 15% relativamente a 2009, indica o relatório anual conjunto da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão ….”

“O presidente Barack Obama expressou a 3 de março seu “profundo pesar” ao povo afegão pelas nove crianças mortas, e também o fizeram o general estadunidense David Petraeus, comandante-em-chefe da ISAF, e o Secretário de Defesa, Robert Gates.”

“…o relatório da UNAMA salienta que o número de civis mortos em 2010 é quatro vezes superior aos soldados das forças internacionais mortos em combate nesse mesmo ano.”

No relativo à Líbia, apontei:

“Durante 10 dias, em Genebra e nas Nações Unidas, foram pronunciados mais de 150 discursos sobre violações dos direitos humanos que foram repetidos milhões de vezes pela televisão, pela rádio, pela Internet e pela imprensa escrita.

“O Ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em sua intervenção do passado 1 de março de 2011 perante os Ministros de Relações Exteriores reunidos em Genebra, expressou:

“A consciência humana rejeita a morte de pessoas inocentes em qualquer circunstância e lugar. Cuba partilha plenamente a preocupação mundial pelas perdas de vidas de civis na Líbia e deseja que seu povo alcance uma solução pacífica e soberana à guerra civil que ali acontece, sem nenhuma ingerência estrangeira, e que garanta a integridade dessa nação.”

“Se o direito humano essencial é o direito à vida, estará prestes o Conselho para suspender o caráter de membro dos Estados que desatarem uma guerra?

“Suspenderá os Estados que financiem e forneçam ajuda militar empregada pelo Estado receptor em violações maciças, flagrantes e sistemáticas dos direitos humanos e em ataques contra a população civil, como as que ocorrem na Palestina?

“Aplicará essa medida contra países poderosos que realizem execuções extrajudiciárias em território de outros Estados com o emprego da alta tecnologia, como munições inteligentes e aviões não tripulados?

“O quê acontecerá com Estados que aceitem em seus territórios cárceres ilegais secretos, facilitem o trânsito de vôos secretos com pessoas seqüestradas ou participem de atos de tortura?”

“Somos contra a guerra interna na Líbia, a favor da paz imediata e do respeito pleno à vida e aos direitos de todos os cidadãos, sem intervenção estrangeira, que só serviria ao prolongamento do conflito e aos interesses da NATO.”

Ontem 31 de outubro aconteceu um fato que, como tantos outros, é testemunho da falta total de ética na política ianque.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, acabava de adotar uma decisão valente: outorgar ao povo heróico da Palestina o direito a participar como membro ativo na UNESCO; 107 estados votaram a favor, 14 em contra, 52 se abstiveram de votar. Todos conhecemos perfeitamente porquê.

A representante dos Estados Unidos nessa instituição, seguindo instruções do prêmio Nobel da Paz, declarou logo que a partir desse instante seu país suspendia toda ajuda econômica à organização, destinada pela ONU à educação, à ciência e à cultura.

O acento dramático com que a dama anunciou a decisão era totalmente desnecessário. Ninguém se surpreendeu com a esperada e cínica decisão.

Porém, se ainda fosse pouco, bastaria o telex da AFP datado em Washington na tarde de hoje, às 16h05:

“‘Após a Reunião de Cúpula do G20 (…) o presidente (Obama) e o presidente Sarkozy participarão em uma cerimônia em Cannes para celebrar a aliança entre os Estados Unidos e a França’, indicou s presidência estadunidense, precisando que os dirigentes se encontrarão também com ‘soldados estadunidenses e franceses que têm participado juntos na operação’ na Líbia.”

Continuará proximamente.

Fidel Castro Ruz

1 de novembro de 2011 - 16h32

Ucrânia: YANUKOVYCH, PRESIDENTE PLAGIADOR





Após a publicação pela agência Associated Press da história sobre o plágio do Yanukovych, a imprensa dos EUA e da Canadá dedicou imensa atenção ao ex-presidiário que por um mau acaso se tornou o presidente da Ucrânia.

Desde a condenação da ex-primeira – ministra ucraniana, Yulia Tymoshenko, Ucrânia chamou sobre si a atenção da imprensa internacional, desta maneira, a imagem real do Yanukovych interessou sobremaneira vários editores ocidentais. O figurino que amordaça a democracia também é um plagiador. Um pacote completo das “qualidades” para entreter opúblico ocidental. Por isso não é de estranhar que várias redacções publicaram o artigo sobre plágio do Yanukovych na página do “Entretenimento”. Desferindo mais um rude golpe contra a imagem da Ucrânia no exterior.

Como informa Associated Press, ninguém da administração presidencial quis comentar a história do plágio, ou seja, se recusando a desempenhar as suas funções profissionais, deixando, assim, Yanukovych sozinho com o seu livro, que nem foi escrito por ele.

Eis a lista incompleta das edições que publicaram a história do plágio:

Washington Post, Blogue do The NewYork Times, The Christian Science Monitor, Miami Herald, San Francisco Cronicle, The Star (Toronto), The Atlantic Wire, Austin360 (Austin –Texas), Melville House(Nova Iorque), Salon.com, Brandon Sun(Canadá), Access Atlanta,

Deseret News (EUA), Ledger-Enquirer(EUA), Charlotte Observer(Carolina do Norte),
Times Union (estadoda Nova Iorque), 14 news (EUA), Boston.com, Examiner.com, Am1280thepatriot.com, Red Bluff DailyNews (Califórnia)...

Bónus

Só para recordar, o livro do Yanukovych, chamado “Opportunity Ukraine” foi editado em inglês na Áustria e é uma colectânea dos textos plagiados (copiados sem citar as fontes), amealhados das mais diversas publicações: artigos dos seus assessores, jornais pró – Yanukovych, um jornal sul – coreano em língua russa, textos de pelo menos dois políticos ucranianos(um socialista que neste momento está na cadeia por desvio dos fundos públicos e o líder dos comunistas ucranianos) e até o trabalho de investigação da estudante russa chamada Galia, que colocou em consulta pública o seu trabalho estudantil sobre o partido russo “Rússia Unida”.


MERKOSY E A ÚLTIMA ESTOCADA NA EUROPA




DANIEL OLIVEIRAEXPRESSO, opinião, em Blogues

Recusando mudar o papel do BCE e insistindo em manter viva esta aberração de ter uma moeda sem emitir títulos de divida, Angela Merkel prepara-se para a estocada final na Europa. A sua ideia de coesão económica é ser a Alemanha a decidir como serão os orçamentos dos Estados europeus. Temos uma moeda única com um banco central com muito menos poderes do que o seu congénere americano e queremos ter um governo único, sem união política, com muito mais poderes sobre os Estados do que tem Washington. É o que dá ter analfabetos políticos à frente de países poderosos.

Mas a estocada final é outra. Depois de todos os disparates e erros desse monstro nascido do acasalamento político entre Merkel e Sarkozy, a crise chegou, como se sabia que ia chegar, a Itália. Já se sabe que os portugueses são indisciplinados, os gregos mandriões, os italianos corruptos. O próximo será outra coisa qualquer. Por isso, franceses e alemães querem uma moeda só sua, em que eles decidem quem fica e quem sai. Debaterão o assunto entre si, como se a Europa fosse o seu campo de golfe.

Aquilo que estes pigmeus políticos se esquecem é que o crescimento da França e da Alemanha, a qualidade de vida dos seus cidadãos e até a paz em que têm vivido depende da integração económica europeia. E que em política, como na vida, não há ação sem reação. Os mercados europeus para onde exportam os seus produtos, que por ordem sua abriram fronteiras e desmantelaram a sua indústria, abandonados à sua sorte, vão ter de se defender e optar por medidas protecionistas para tentar reerguer as suas economias. Vai regressar tudo ao princípio.

Quanto tempo durará o eixo franco-alemão? Até a crise lhes chegar a casa? Sem o enorme mercado único europeu (sim, esta escolha será um ponto final na União Europeia), como julgam que vão competir com a Ásia e a América Latina? Quando a União Europeia acabar, os povos destas duas potências descobrirão que o dinheiro que julgam gastar com os outros os estava, na realidade, a defender a eles. Pode até ser pedagógico.

EUROPA ESTÁ À BEIRA DE UMA RECESSÃO, ALERTA COMISSÃO EUROPEIA




DEUTSCHE WELLE

Prognósticos econômicos da Comissão Europeia alertam para o risco de recessão no continente. As três maiores economias do bloco europeu estão em queda e as perspectivas são sombrias.

O crescimento econômico na Europa está estagnado. "Existe o risco de uma nova recessão", alertou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, nesta quinta-feira (10/11), em Bruxelas.

A economia italiana enfrenta cada vez mais problemas. Em setembro útlimo, a produção industrial do país altamente endividado caiu 4,8% em relação ao mês anterior. Essa foi a maior queda desde dezembro de 2008, informou o instituto italiano de estatísticas (Istat) nesta quinta-feira.

Com um decréscimo de 1,7% em sua produção industrial, também a França registrou surpreendentemente números negativos em setembro. Na Alemanha, essa queda foi de 2,7%, a maior desde o início de 2009. As dificuldades nas três maiores economias da zona do euro são um sinal de que o espaço da moeda comum tem tempos difíceis pela frente, disse o comissário europeu.

O Produto Interno Bruto (PIB) irá "estagnar durante grande parte de 2012" em toda a União Europeia (UE), e no restante do ano, ele deverá crescer somente 0,6%, acrescentou Rehn. Em 2011, a Comissão Europeia prevê um crescimento médio do PIB de 1,6% para o bloco europeu. Nos 17 países da zona do euro, esse crescimento será um pouco menor: 1,5% em 2011 e 0,5% em 2012.

Na Alemanha, a Comissão prevê um aumento de 0,8% em 2012. Para a Grécia, as previsões de Bruxelas são sombrias: um retrocesso de 5,5% no PIB neste ano e de 2,8% no ano que vem. Em 2013, todavia, Atenas deverá vivenciar um minicrescimento, prevê a Comissão.

Também no mercado de trabalho, a Comissão Europeia não antevê "nenhuma melhora real", explicou Rehn. A taxa média de desemprego de 9,7% na UE deverá subir para 9,8% em 2012. Na Alemanha, no entanto, o desemprego deverá diminuir de 6,1%, em 2011, para 5,9% no próximo ano. A taxa de desemprego de 20,9% da Espanha – líder europeia nesse quesito – deverá se manter.

Alerta a Grécia e Itália

A montanha de dívidas dos orçamentos públicos também deverá continuar a crescer. Segundo os prognósticos, caso as medidas de ajuda à Grécia não surtam efeito, o endividamento público do país poderá subir para quase 200% de seu PIB, em 2012 e 2013. Para toda a UE, no próximo ano, essa média deve ser de 84,9%. No ano que vem, o nível de endividamento da Itália deverá continuar em 120,5% do PIB.

O endividamento permitido pela União Europeia aos países-membros deve perfazer no máximo de 60% do PIB desses países. Por isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia alertaram a Grécia e a Itália para que atinjam rapidamente a estabilidade política.

Após vários dias de disputas, a procura de um novo governo parece ter avançado em ambos os países. Em Atenas, socialistas e conservadores chegaram ao consenso em torno do nome de Lucas Papademos, antigo vice-presidente do Banco Central Europeu, para assumir a chefia do governo de transição. Na Itália, aumentam as chances de que o ex-comissário europeu Mario Monti se torne o sucessor de Silvio Berlusconi.

Volatilidade dos mercados

Em Bruxelas, o comissário Rehn enviou um recado claro a Roma: "A principal tarefa da Itália é restabelecer a estabilidade política". Também a diretora-gerente do FMI, a francesa Christine Lagarde, exigiu durante uma visita à China "clareza política" em Roma.

Segundo Lagarde, as incertezas na crise de governo em torno do primeiro-ministro Silvio Berlusconi contribuem sobretudo para a volatilidade dos mercados financeiros.

Todavia, a situação no mercado de títulos italianos melhorou consideravelmente. Depois de os juros cobrados sobre os títulos públicos italianos terem superado a marca dos 7% esta semana, eles caíram bem abaixo dessa marca nesta quinta-feira. Segundo os investidores, as notícias positivas por parte da política italiana foram uma das razões para a melhora.

Perspectivas sombrias

Tendo em vista a iminente piora conjuntural, o Banco Central Europeu (BCE) alertou os governos do continente para que realizem profundas reformas. O Conselho do BCE exige de "todos os governos do bloco europeu para que acelerem a implantação de reformas estruturais substanciais e abrangentes", escreveu o BCE em seu relatório de novembro divulgado nesta quinta-feira.

Segundo uma pesquisa entre especialistas do BCE, as perspectivas são cada vez mais sombrias. As expectativas para o desenvolvimento econômico no bloco europeu são cada vez mais pessimistas tanto para este ano quanto para 2012 e 2013.

CA/rtr/dpa/afp - Revisão: Roselaine Wandscheer

Grécia: PAPADEMOS TRAZ ESTILO SERENO E TECNOCRATA AO GOVERNO EM ATENAS





Sem nunca ter exercido um cargo político, Lucas Papademos foi nomeado chefe do governo de transição na Grécia. Sua principal tarefa será convencer os gregos a aceitarem as duras medidas de austeridade econômica.

Lucas Papademos, designado para a chefia do governo de transição em Atenas, pode vir a ser o homem certo para atenuar a crise na Grécia. O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), de 64 anos, não tem nenhuma ilusão quanto à tarefa hercúlea que tem pela frente. "A Grécia está numa encruzilhada", disse Papademos pouco depois de sua nomeação, nesta quinta-feira (10/11) em Atenas.

Na pior crise por que passa a Grécia desde que entrou na zona do euro, justamente aquele considerado o arquiteto da admissão da Grécia na união monetária europeia assume agora a chefia do governo grego.

Papademos nunca exerceu algum cargo político. Durante muitos anos, ele chefiou o Banco Central da Grécia e representou o país como vice-presidente do BCE por oito anos, até 2010, quando se tornou conselheiro do demissionário primeiro-ministro George Papandreou.

Sereno e tecnocrata

Como economista, Papademos goza de reconhecimento internacional. Para muitos analistas, ele era considerado a força motriz por trás da política do Banco Central Europeu. Muitos veem no estilo sereno e "tecnocrata" de Papademos um bom pré-requisito para acabar com a disputa de meses entre os partidos em Atenas e para conduzir a Grécia até as eleições antecipadas.

Dele, os gregos esperam principalmente uma coisa: que ele ajude a economia grega a reconquistar a confiança da Europa e que assegure a permanência do país na zona do euro. Para Constantinos Michalos, presidente da Câmara de Comércio de Atenas, não existe pessoa mais apropriada para essa difícil tarefa.

"Papademos é um tecnocrata que conhece muito bem o setor financeiro não somente na Grécia, mas também em outros países da Europa", disse Michalos.

Esperança ateniense

Nascido em Atenas, ele estudou física e economia, doutorando-se nos Estados Unidos, onde ensinou na Universidade de Harvard. Em meados dos anos 1980, ele retornou à Grécia, fazendo carreira no Banco Central do país e assumindo a presidência do banco em 1994. Juntamente com o governo socialista, ele preparou a admissão da Grécia na união monetária europeia em 2001.

Papademos é considerado um europeu convicto. Enquanto presidente do Banco Central da Grécia, ele contribuiu consideravelmente para que os gregos dessem adeus à dracma e fossem admitidos na zona do euro.

Por tal, ele granjeou grande respeito em seu país. Posteriormente, veio a público que a Grécia, durante anos, enviou números falsos sobre seu desenvolvimento econômico a Bruxelas.

Em 2002, Papademos assumiu a vice-presidência do BCE em Frankfurt. Sua experiência como representante de um país pobre da zona do euro deveria ajudar os novos países da Europa Oriental admitidos na UE a se prepararem para a introdução da nova moeda.

Tarefa difícil

Após oito anos, Papademos deixou a vice-presidência do BCE em 2010. Há alguns meses, o demissionário Papandreou o convidou para ser seu ministro das Finanças. Após Papademos ter recusado o convite, em junho último, o cargo foi assumido por Evangelos Venizelos.

A pergunta agora é se Papademos conseguirá quebrar a espiral de austeridade econômica forçada e recessão. Apesar de ele ter se mostrado algumas vezes flexível e ter dado a entender que não seria, necessariamente, contra o crescimento através da demanda interna, ou seja, salários mais altos, ele terá primeiro de convencer os gregos a aceitar as duras medidas de economia.

Isso não será tarefa fácil, avalia Angelos Stangos, analista do jornal ateniense Kathimerini. Segundo Stangos, a principal vantagem do novo chefe de governo grego é falar a mesma língua dos parceiros europeus da Grécia. Por outro lado, os partidos gregos foram praticamente obrigados a aceitar seu nome, diz o analista. "Esse foi o motivo da longa demora e da luta de poder antes de sua nomeação".

Autores: Iannis Papadimitriou / Carlos Albuquerque - Revisão: Roselaine Wandscheer

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