segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ramos-Horta andou a gozar à grande com a esquelética e faminta chipala dos portugas!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Embora a ideia já tivesse sido manifestada a 14 de Janeiro do ano passado, Ramos-Horta reiterou em Março desse ano que Timor-Leste queria ajudar Portugal, não o fazendo por filantropia mas numa perspectiva de um bom negócio.

O então presidente dever ter-se esquecido de dar continuidade ao assunto. Agora, o sucessor de Ramos-Horta, Taur Matan Ruak, esclareceu que o assunto nunca foi discutido. Chatice.

Ninguém se lembrou de perguntar a Ramos-Horta se tinha estado a gozar com a chipala dos portugueses. Aliás, nem isso era importante. Desde 2005 o dinheiro do petróleo já fez entrar mais de dez mil milhões de dólares nos cofres do Estado timorense. Já que não dão de comer a quem em Timor-Leste tem fome (e são muitos milhares) bem poderiam dar uma mãozinha aos irmãos portugueses que também estão de barriga vazia.

Ao contrário do que se dizia há cerca de um ano, Timor-Leste pode, mas pelos vistos não quer, ajudar a resolver grande parte das necessidades de financiamento de Portugal. Até mesmo a sacerdotal ideia de Ramos-Horta de ser criada uma aliança com Angola e o Brasil para compra de dívida soberana portuguesa, a juros mais baixos, teve seguidores.

A proposta de Ramos-Horta era, aliás, muito simples: uma venda directa da dívida portuguesa ao Brasil, Angola e Timor, com taxas de juro abaixo das que têm estado a ser praticadas. Na altura manifestei o meu cepticismo quanto ao interesse do Brasil, mas acreditei que dentro da sua estratégia de compra de Portugal, a retalho ou por atacado, Angola estaria disponível para pôr alguma coisa na mão dos portugueses que andam de cócoras e de mão estendida.

No caso de Angola não se poderá falar das instituições financeiras mas, é claro, do clã Eduardo dos Santos. Mas, do ponto de vista português, o que importa não é quem é o dono do dinheiro mas, isso sim, o dinheiro.

“O que eu proponho seria uma medida conjunta, mas a novidade aqui é que nós compraríamos abaixo o juro que os mercados impõem a Portugal. Poderíamos dizer: estamos a ajudar Portugal, mas estamos a ajudar-nos a nós próprios e estamos a moralizar e a impor um pouco de controlo nos meios financeiros do mercado,” afirmou Ramos-Horta, mostrando – dizia ele - como é possível ganhar... ajudando.

Para Timor pode ser, como continua a ser, um bom negócio, seja por diversificar o mercado, seja por conseguir melhores dividendos do que os que são pagos pelos fundos norte-americanos, onde os timorenses têm 90% do seu fundo do petróleo investido.

“Mau negócio é o nosso investimento no juro americano que é menos de 3%: mais inflação e mais depreciação do dólar. Estávamos a perder dinheiro”, explicava em Janeiro de 2011 Ramos-Horta.

Mas já nessa altura, apesar da boa intenção de Timor, não se tinha a certeza se a medicação chegaria a tempo de salvar o doente (Portugal). É que a actual lei sobre o fundo petrolífero obrigava a que pelo menos 90% dos proveitos do petróleo sejam investidos em títulos do tesouro norte-americanos.

Seja como for, quando Taur Matan Ruak for substituído na Presidência, o seu sucessor voltará a dizer que o assunto nunca foi discutido.

Portugal também continuará pouco preocupado com isso. É que não será Cavaco Silva, nem os seus actuais vassalos de Passos Coelho, a pagar a factura. Essa terá de ser paga por aqueles que nada tiveram a ver com a dívida e que, se calhar, serão os últimos a fechar a porta (se ainda existir porta) e a apagar a luz (se não tiver sido cortada).

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: A ERC DE MIGUEL RELVAS

Brasil: Dilma diz que país está "300% preparado" para enfrentar crise



Jornal de Londrina – Agência Estado

Presidente reforçou que o Brasil tem um bom grau de proteção para evitar o contágio e não precisará "encostar nenhum tostão do orçamento para expandir o crédito"

A presidente Dilma Rousseff aproveitou uma cerimônia pública em Santa Catarina nesta segunda-feira (21)para lembrar que a crise internacional mostrou sinais de recrudescimento nos últimos dias, principalmente, na Europa. Mas garantiu que o país está "300 por cento" preparado para enfrentar a atual crise financeira internacional.

"Estamos ainda mais fortes do que estávamos em 2008, 2009. Agora, para ter uma ideia, temos cerca de US$ 370 bilhões de reservas (internacionais). Naquela época, nós tínhamos US$ 205 bilhões, e isso é uma garantia, porque você ter US$ 370 bilhões é uma proteção contra o que quer que aconteça no sistema financeiro internacional", disse a presidente.

Dilma disse que, antes, "o mundo espirrava lá fora e pegávamos pneumonia". "Hoje não pegamos pneumonia. Na crise de 2008, 2009, fomos atingidos pelas suas consequências, mas durou muito pouco".

Diante da crise atual, a presidente afirmou que o Brasil "fica muito bem" e foi bastante aplaudida pelos presentes à cerimônia de assinatura da ordem de serviço das obras de construção da ponte sobre a Lagoa de Imaruí (BR 101).

A presidente ressaltou que o Brasil é diferente da Europa, lembrando que os europeus estão enfrentando a crise, sem buscar o crescimento, mas produzindo uma das "maiores recessões que se tem notícia, a ponto de alguns países terem taxa de desemprego que sequer concebemos". Para Dilma, tamanho enxugamento do mercado de trabalho na Europa é um "absurdo", penalizando principalmente os mais jovens. "Metade da população jovem não tem emprego, uma coisa que é um absurdo".

Ela reforçou que o Brasil tem um bom grau de proteção para evitar o contágio. "Nós no Brasil não precisamos encostar nenhum tostão do orçamento para expandir o crédito. Temos no Banco Central em torno de R$ 400 bilhões a título de depósito (compulsório) que os bancos são obrigados a colocar no BC como garantia do sistema financeiro, público e privado. Portanto, nós temos R$ 400 bilhões para enfrentar qualquer emergência de crédito", garantiu.

Ainda sobre a crise na Europa, Dilma foi enfática: "Posso assegurar para vocês que estamos 100% preparados, 200% preparados, 300% preparados".

Timor-Leste: 10 anos depois famílias pedem justiça desde a independência




Díli - Uma década depois de o país ter conquistado a independência, a maioria dos autores dos crimes contra a humanidade durante a ocupação estão agora a viver livremente na Indonésia, enquanto as famílias das vítimas aguardam por justiça.

A família Lemos, no distrito de Ermera, pediu a responsabilização dos responsáveis pelos crimes cometidos durante a ocupação indonésia.

Ana Lemos, de 34 anos, foi secretária da Organização das Mulheres durante a resistência, e trabalhou para a UNAMET, na constituição do referendo que conduziu à independência, a 30 de Agosto de 1999.

Nas semanas após o referendo, foi capturada em sua casa, por uma milícia indonésia liderada por Bola Guling, e sexualmente agredida na frente de sua mãe e filhas, antes de ser morta.

Inês Conceição Lemos, mãe de Ana Lemos, guardou sempre as cicatrizes emocionais.

«Eu não procuro vingança mas sinto a falta das minhas filhas. Duas morreram de doença e a terceira foi assassinada. É triste porque o autor da sua morte ainda anda livremente na Indonésia», referiu Inês Conceição Lemos.

O Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, participou nas comemorações marcando o 10 º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, este Domingo, 20 de Maio.

Inês Lemos disse que a reconciliação entre Timor-Leste e a Indonésia foi importante mas, como vítima, queria que os dois Governos processassem a pessoa que matou a sua filha, há cerca de 12 anos.

«Devia haver justiça para a minha filha. Por que é que a milícia indonésia a matou?», referiu

A mãe, ainda de luto, disse que iria vestir-se de preto e comemorar a restauração da Independência, no distrito de Ermera, com sentimentos misturados: felicidade por causa da liberdade da sua nação e tristeza porque não houve justiça para a morte da sua filha.

Inês Lemos pediu aos líderes de Timor-Leste para procurarem uma maneira de trazerem à justiça aqueles que cometeram crimes no passado.

A jovem de 34 anos que foi capturada pela milícia a 13 de Setembro de 1999, tinha três filhos: Fidelita Diana Lemos, Ximenes Rebelina Gouveia Lemos e Frederico Ximenes Soares Lemos.

As filhas são estudantes universitárias na Indonésia e o filho, que ainda chora a morte da mãe, só pôde terminar a escola secundária porque a avó não conseguia pagar mais estudos.

A Independência de Timor-Leste foi duramente conquistada. Muitas pessoas morreram entre 1975 e 1999, sob a brutal ocupação indonésia.

Alguns dizem que a perda da vida é uma consequência da guerra e que a reconciliação é o caminho a seguir. Outros dizem que a justiça deve ser entregue aos tribunais.

Os líderes de Timor-Leste têm tendência a favorecer a reconciliação.

O Presidente eleito Taur Matan Ruak, disse, durante a campanha, que a evolução da relação entre Timor-Leste e a Indonésia foi muito importante.

O Chefe de Estado indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, é um dos  convidados internacionais que o Governo do Primeiro-ministro Xanana Gusmão convidou, para participar no 10 º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste.

Funcionários da embaixada da Indonésia em Díli disseram esperar que a visita do Presidente Susilo Bambang Yudhoyono viesse reforçar as relações de amizade e cooperação bilateral entre a Indonésia e Timor-Leste.

Na sequência de um referendo em 1999, A zona Este de Timor-Leste foi separada da Indonésia e e ficou sob a supervisão das Nações Unidas  antes de o Estado timorense ter sido proclamado a 20 de Maio de 2002.

Timor vai escolher de novo um Primeiro-ministro nas Eleições gerais de 7 de Julho e, no final do ano, vai finalmente dizer adeus às forças da ONU estacionadas desde 1999.

A acção do Coordenador Nacional de Timor-Leste e Indonésia Network (ETAN) disse que a independência de Timor foi impedida por quase 25 anos, pelo apoio dos Governos dos EUA e de outros países à ocupação ilegal Indonésia.

No entanto, nenhum alto funcionário de qualquer destes países foi sido responsabilizados pelas violações dos direitos humanos e crimes de guerra que tiveram lugar, referiu o responsável da ETAN.

«Os EUA, outros países e as Nações Unidas devem comprometer-se a dar justiça às vítimas e suas famílias», referiu o coordenador, num artigo de opinião, acrescentando que a ETAN não vai descansar.

O Coordenador Nacional disse que violadores de direitos humanos de outros locais são processados muitas vezes passado muito tempo de cometerem os crimes mas, no caso da Indonésia, continuam sem responsabilizar aqueles que ajudaram e praticaram crimes durante a ocupação.

(c) PNN Portuguese News Network

CEDEAO REAFIRMA O SEU APOIO AO PROCESSO DE TRANSIÇÃO NA GUINÉ-BISSAU


Mapa e Países da CEDEAO

… Mas decide manter as sanções impostas à Guiné-Bissau até uma futura revisão


Abidjan – Num relatório apresentado durante este fim-de-semana, os ministros da Mediação e do Conselho de Segurança da CEDEAO decidiram apoiar o processo de transição em curso na Guiné-Bissau. Mas, a cúpula exige o estabelecimento dos demais órgãos da transição, incluindo a formação de um Governo de base alargada de Unidade Nacional, e definir as tarefas urgentes e os prazos para a sua execução durante a transição de doze meses.

Na sessão extraordinária de mediação e do conselho de segurança da CEDEAO, o Presidente da organização exige o reatamento imediato das actividades da Assembleia Nacional Popular para estender o seu mandato e eleger um novo presidente.

Kadré Désiré Ouedraogo fez um relatório detalhado sobre a crise política guineense, onde também pediu uma assistência financeira imediata à Guiné-Bissau para atender algumas contingências, incluindo o pagamento de salários.

A CEDEAO também recomenda a revitalização do “Grupo Internacional de Contacto” sobre o país para ajudar encontrar soluções para os problemas que assolam a Guiné-Bissau depois do golpe militar de 12 de Abril.

A seguir é o relatório apresentado na sua íntegra pelo Presidente da Comissão da CEDEAO, Kadré Désiré Ouedraogo:

CEDEAO – Relatório Sobre a Situações Política e de Segurança na Guiné-Bissau

1. GUINÉ-BISSAU – RESUMO DOS ACONTECIMENTOS

Recorde-se que os militares na Guiné-Bissau derrubaram o Governo em 12 de Abril de 2012, no mesmo dia em que o Conselho da CEDEAO estava a realizar a sua última sessão extraordinária. Recordemos que o Comando Militar deteve o Sr. Raimundo Pereira, o presidente interino, e o Sr. Carlos Gomes Jr.., o primeiro-ministro, e interrompeu o processo eleitoral em curso para escolher um Presidente para o país.

Desde então, a CEDEAO contactou as partes interessadas, particularmente o Comando Militar, com vista à rápida restauração da ordem constitucional no país. Os contactos foram realizados através de visitas e consultas para aplicar as decisões da autoridade da CEDEAO sobre a situação. Os principais desenvolvimentos desde o golpe de Estado no país são narrados como se segue:

Após intensas discussão com uma delegação conjunta da CEDEAO-UA-ONU enviada para Bissau pelo Presidente da Autoridade em 16 de Abril de 2012, o Comando Militar deu um compromisso escrito de aceitar a restauração da ordem constitucional com base em modalidades a serem trabalhadas com a ajuda da CEDEAO.

Apesar do compromisso, o Comando Militar passou à frente para assinar um acordo com alguns partidos políticos em 17 de Abril, que cria o chamado “Conselho Nacional de Transição”. CEDEAO rapidamente rejeitou o referido.

Na Cimeira Extraordinária da CEDEAO em Dakar em 17 de Abril, a organização nomeou Alpha Conde, Presidente da Guiné, como mediador da crise.

A Cimeira Extraordinária de 26 de Abril exigiu a criação de uma transição de doze meses com a facilitação da CEDEAO que levaria à restauração da ordem constitucional através de uma eleição presidencial, sob à pena de amplas sanções serem impostas sobre a Junta e sobre o país no prazo de 72 horas; A cimeira decidiu apoiar a recomendação do Conselho da CEDEAO para enviar uma Força de estabilização; nomeou um “Grupo de Contacto” regional composto pelos Chefes de Estado de sete Estados-membros e presidido pela Nigéria para acompanhar as decisões.

Em 27 de Abril de 2012, a CEDEAO garantiu a libertação do primeiro-ministro e presidente interino, que, desde então, partiram para Portugal.

No dia 29 de Abril, o “Grupo de Contacto Regional” reuniu-se em Banjul, a nível ministerial com todas as principais partes interessadas para lhes transmitir as decisões da Autoridade. Depois de mais de 12 horas de consultas, as partes não conseguiram chegar a um acordo. Como resultado, as sanções específicas e diplomáticas, económicas e financeiras entraram em vigor.

A Cimeira Extraordinária de 3 de Maio de 2012 em Dakar definiu as modalidades para a transição de 12 meses no âmbito da Constituição da Guiné-Bissau.

Em 4 de Maio, o Presidente do “Grupo de Contacto Regional” reuniu-se novamente com as principais partes interessadas com vista à implementação das decisões da Cimeira sobre a transição.

No dia 7 de Maio, a Comissão da CEDEAO apresentou a posição da Região sobre a Guiné-Bissau no Conselho de Segurança da ONU.

2. SITUAÇÃO ACTUAL NA GUINÉ-BISSAU

Após as intensas negociações de 04 de Maio de 2012, outra missão do “Grupo de Contacto Regional”, liderada pela Nigéria e com as participações das autoridades políticas e militares da Nigéria e da Costa de Marfim, visitou Bissau entre 10 e 11 de Maio, para continuar com as consultas. E não tendo conseguido obter o acordo de todas as partes interessadas, a delegação decidiu o seguinte:

I. Reconhecer o Sr. Manuel Serifo Nhamadjo, o Presidente actual da Assembleia Nacional Popular, como Presidente Interino, nos termos do artigo 71 da Constituição da Guiné-Bissau.

II. Dar poderes ao novo presidente provisório de realizar amplas consultas para nomear um novo primeiro-ministro consensual.

Após dois dias de intensas negociações entre as partes interessadas em Bissau entre os dias 15 e 16 de Maio de 2012, as partes aceitaram as decisões da CEDEAO confirmando o Sr. Nhamadjo como presidente interino e também o Sr. Rui Duarte de Barros, o actual Comissário UEMOA na área da Administração e de Finanças, como o novo primeiro-ministro consensual.

Deve-se admitir, no entanto, que o maior partido político, o PAIGC, boicotou as consultas e também rejeitou o acordo. O partido insiste na reintegração do Governo derrubado e a conclusão do processo eleitoral.

A posição do PAIGC é apoiada por Portugal, Angola, e pela CPLP, que estao actualmente envolvidos em numa intensa actividade diplomática no Conselho de Segurança da ONU para restabelecer o governo deposto e assegurar uma resolução para a implantação de uma “força da estabilização internacional”. Este grupo também está pedindo a criação de um órgão de coordenação internacional sob à liderança do Representante Especial das Nações Unidas na Guiné-Bissau.

A União Africana emitiu um comunicado apoiando plenamente a mediação da CEDEAO.

Enquanto isso, em consonância com as decisões da Autoridade [da CEDEAO], as chefias militares da CEDEAO mantiveram contatos com os militares em Bissau para o envio da força da organização. Tendo obtido um pedido formal das novas autoridades do país, o primeiro contingente de Unidades da Polícia de Burkina Faso chegáram à Bissau no dia 17 de Maio de 2012. Espera-se para breve a chegada de contingentes da Nigéria, Senegal e  do Togo.

3. RECOMENDAÇÕES SOBRE OS PRÓXIMOS PASSOS URGENTES

De acordo com o exposto, a Comissão gostaria de apresentar as seguintes recomendações para a consideração:

I. Aprovar o processo de transição em curso, exigir o imediato reatamento da Assembleia Nacional e renovar seu mandato através do voto e eleger uma nova liderança;

II. Exigir o estabelecimento dos demais órgãos da transição, incluindo um Governo de base alargada de Unidade Nacional, e definir as tarefas urgentes e os prazos para a sua execução durante a transição de doze meses.

III. Instar os Estados-membros para contribuir urgentemente com tropas para completar uma “força mista” da CEDEAO composta por 629 elementos para assegurar a saída da MISSANG e realizar outros aspectos do seu mandato.

IV. Solicitar assistência financeira imediata à Guiné-Bissau para atender algumas contingências, incluindo o pagamento de salários.

V. Recomendar a Comissão para intensificar a sua cooperação com a União Africana, as Nações Unidas e outros parceiros, com a finalidade de apoiar a transição.

VI. Para este fim, a CEDEAO recomenda o reatamento do “Grupo Internacional de Contacto” sobre a Guiné-Bissau.

VII. Decidir manter as sanções impostas à Guiné-Bissau, e a considerar a sua suspensão, depois de uma futura revisão.

* IMPEDIR MAIS TIROS E SANGUE, E GANHAR A PAZ VERDADEIRA E DURADOURA NA E PARA A GUINÉ-BISSAU - A. Keita - GBissau.com

Maiores partidos guineenses sem acordo quanto a debate sobre golpe de Estado



MB - Lusa

Bissau, 21 mai (Lusa) - Os dois principais partidos da Guiné-Bissau discordaram hoje no Parlamento sobre a pertinência de um debate sobre o golpe de Estado de 12 de abril, o que levou à paralisação dos trabalhos, sem qualquer consenso.

Após mais de cinco horas de discussões, o presidente em exercício do Parlamento guineense, Ibraima Sory Djaló, deu por encerrada a sessão anunciando aos deputados que os trabalhos devem prosseguir na terça-feira.

A divergência de opinião ficou a dever-se à exigência do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, no poder até ao golpe de Estado), que pretende ver constado na ordem do dia uma "ampla discussão sobre a situação atual do país", decorrente do golpe militar ocorrido no dia 12 de abril passado.

"Seria politicamente incorreto da nossa parte, perante os nossos eleitores e os cidadãos da Guiné-Bissau, que não falemos da situação prevalecente no país desde o golpe", observou Rui Diã de Sousa, líder parlamentar do PAIGC.

Para isso, acrescentou Diã de Sousa, o PAIGC pediu ao presidente em exercício da Assembleia Nacional Popular que faça constar no projeto de ordem dos trabalhos a analise à situação do país, mas essa pretensão foi rejeitada pelo Partido da Renovação Social (principal força da oposição parlamentar) alegando procedimentos do regimento do parlamento.

"Se o PAIGC quiser, que faça um requerimento para um debate de urgência e aí sim estaremos disponíveis para um debate sério sobre o que se passa no país. Agora fazer constar isso como ordem dos trabalhos isso é que o PRS não vai aceitar", disse Florentino Mendes Pereira, numa posição que também é defendida pelo presidente em exercício do Parlamento.

Sory Djaló, presidente em exercício do Parlamento guineense e dirigente do PRS, disse que "não haverá qualquer problema em agendar um debate de urgência" para o qual, precisou, vai convidar os "autores do golpe de Estado, neste caso os militares" para que expliquem ao PAIGC o que se passou.

Perante estas trocas de argumentações, o deputado do PRS Baltasar Cardoso lembrou ao PAIGC que "as regras mudaram no país" com o golpe de Estado, pelo que, assinalou, "o PAIGC devia aceitar os factos e ajudar a desbloquear o país".

Cardoso lembrou que no passado o PRS quis fazer o mesmo e a bancada da maioria (PAIGC) não aceitou.

O líder da bancada parlamentar do PAIGC, Rui Diã de Sousa, replicou, dizendo que o seu partido não está interessado em bloquear o funcionamento do país, dando como exemplo o facto de os deputados da sua bancada terem regressado hoje aos trabalhos parlamentares.

"Se o PAIGC estivesse interessado em bloquear o país tínhamos simplesmente ficado em casa, isto é, não tínhamos vindo tomar parte nesta sessão", observou Diã de Sousa.

A sessão plenária do Parlamento decorre desde o dia 14, mas sem a presença dos deputados do PAIGC, pelo que, sem quórum, os trabalhos eram abertos e encerrados logo a seguir.

A presente sessão parlamentar termina no próximo dia 29.

DIA DE ÁFRICA



Martinho Júnior, Luanda

1 – No próximo dia 25 de Maio comemorar-se-á o Dia de África e isso deveria ser motivo para que, à escala global, todas as questões relativamente ao continente-berço do homem fossem lembradas, discutidas, debatidas, pois a tarefa de lutar contra o subdesenvolvimento crónico que subsiste 50 anos depois das independências de bandeira, não pode ser apenas um objectivo africano, é-o de toda a humanidade.

Para isso, há barreiras que têm de ser banidas e obstáculos que têm de ser vencidos, por que essa longa batalha contra o subdesenvolvimento crónico, implica sabedoria e consciência em relação à situação real, sabedoria e consciência fundamentalmente suportadas pelas ciências humanísticas, como pela via das aproximações históricas e sócio-culturais.

A luta contra o subdesenvolvimento crónico que grassa em África, é talvez o maior desafio para a construção da paz para toda a humanidade, pelo que a sensibilidade dos outros povos fora do continente, das nações de todo o mundo e dos seus respectivos estados é não só um acto de solidariedade, mas sobretudo um acto de respeito, responsabilidade e amor pela “casa comum” que é o próprio planeta, uma prova indispensável para garantir o futuro das novas gerações.

2 – São sobretudo as regiões que se esvaíram oprimidas no tráfego negreiro que engrossam hoje as nações que se situam na cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano, conforme se pode observar nos Relatórios do PNUD desde o início do milénio.

No Relatório Anual do PNUD relativo a 2011 (http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3880&lay=pde), há dados estatístico referentes a 187 estados de todo o Mundo; dos 46 estados classificados com Índice de Desenvolvimento Baixo, o último da escala, 36 são de África, 9 pertencem à Ásia e arquipélagos do Oriente e 1 à América (o Haiti – 158º lugar da escala); 5 desses estados têm como oficial a língua portuguesa (4 em África e 1, Timor, na Oceânia, neste caso 10 anos após a independência).

A especulação financeira em África faz-se sentir sobretudo sobre bens essenciais para a vida, como os alimentos e as nações africanas vêem-se sem meios para fazer face às conjunturas neo liberais que abriram espaços enormes também à especulação alimentar, que agrava o estado de torpor próprio do subdesenvolvimento crónico (“Fome e especulação” – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/03/fome-e-especulacao.html).

A necessidade de segurança alimentar em África assume aspectos extremos: sem alimentação adequada, as novas gerações sofrem a subnutrição e Não corresponderão perante as necessidades que se colocarão n seu futuro (“Africa Human Development Report 2012: Towards a Food Secure Future” – http://www.undp.org/content/undp/en/home/librarypage/hdr/africa-human-development-report-2012/).

3 – Será que isso não é motivo para que afinal devamo-nos manter preocupados sobre o que em pleno século XXI afecta as nações modernas, particularmente aquelas saídas da rota Atlântica dos escravos há largos séculos atrás?

O que faz com que as injustiças tivessem persistido século após século até aos nossos dias?

O que obsta a vencer tantas e tão atávicas barreiras e condicionamentos?

4 – Os povos tocados historicamente pela escravatura deverão ser os primeiros a descobrirem, descobrirem-se, redescobrindo seu passado e culturas, de forma a não só perceber muitos dos fenómenos de opressão que se reflectem até hoje, mas acima de tudo buscarem sua própria personalidade e identidade, vencendo os traumas acumulados, apesar das afrontas, dos enormes sacrifícios impostos, da miséria e da morte ao longo dos séculos.

É precisamente nessa conjuntura que o sentido de vida se deve assumir, sem fronteiras, solidariamente e vencendo todas as barreiras, pelo que os intercâmbios humanos devem ser incrementados, relembrando a história, aprendendo com ela, reconhecendo o que nos une em África, na América, por que a identidade sócio cultural africana se espalhou sobretudo nas duas margens do Atlântico.

5 – Também nesse aspecto Cuba se implica com sensibilidade e profundas convicções, dando o exemplo; a uma semana de 25 de Maio:

“Em Cuba Colóquio Internacional sobre África

O colóquio terá lugar na capital regional Pinar del Rio, localizada 165 quilómetros a oeste de Havana, com o tema África em nós, ontem, hoje e amanhã e será com a presença de especialistas cubanos e cerca de 150 estudantes de várias nações do continente.

Os participantes irão apresentar mais de 20 investigações, dentre estas algumas das culturas culinárias de Cuba e Angola, e objectivos comuns em sua origem e evolução.

A Universidade de Pinar del Rio no ocidente de Cuba, congratula-se hoje aos participantes no Colóquio Internacional sobre África que terá lugar quarta-feira e quinta-feira.

Este é o VI Simpósio Internacional dedicado ao amplo conhecimento do continente africano, de perspectivas políticas e ambientais.

Também haverá apresentações sobre as origens da África como um continente e o sentido dessa região durante o meio século de independência, em um mundo globalizado.

O fórum, organizado pela União de Estudantes africanos (UEA), faz parte das actividades programadas em Pinar del Rio por ocasião do 25 de Maio, Dia da África” (http://tudoparaminhacuba.hazblog.com/Primeiro-blog-b1/Em-Cuba-Coloquio-Internacional-sobre-Africa-b1-p55.htm).

6 – A cultura da paz deve marcar os relacionamentos entre os povos e deve ser vocação intrínseca para todos os estados.

A paz não se poderá fazer com capitalismo neo liberal e especulação financeira, por que os alicerces humanos de existência são profundamente tocados pelos factores nocivos afectos à essência desses artificiosos fenómenos inerentes à arquitectura do poder global das aristocracias financeiras, das oligarquias e das elites.

É em paz que melhor nos podemos conhecer e será em paz que os povos oprimidos de todo o mundo poderão vencer as sequelas que se arrastam do passado, por que é com a paz que melhor poderão lutar contra o subdesenvolvimento crónico em que têm sido obrigados a (sub)viver e evitar as artificiosas manipulações étnicas, religiosas e sócio-políticas que quantas vezes têm sido estimuladas pelos poderosos.

7 – Numa hora tão difícil para África e seus descendentes espalhados pelo mundo, numa hora tão difícil para a Guiné Bissau, relembro Amílcar Cabral (http://www.didinho.org/partirdarealidadedanossater.html):

“Partir da realidade da nossa terra. Ser realistas.

Intervenção de: Amilcar Cabral

A REALIDADE

Outro problema que podemos passar a discutir é o seguinte princípio do nosso Partido: Nós avançamos para a nossa luta seguros da realidade da nossa terra (com os pés fincados na terra).

Quer dizer, em nosso entender não é possível fazer uma luta nas nossas condições, não é possível lutar de facto pela independência de um povo, não é possível estabelecer de facto uma luta armada como a que tivemos que estabelecer na nossa terra, sem conhecermos a sério a nossa realidade e sem partirmos a sério dessa realidade para fazer a luta.

Qual é a nossa realidade?

A nossa realidade, como todas as outras realidades, tem aspectos positivos e aspectos negativos, tem forças e tem fraquezas.

Qualquer que seja o lugar onde tenhamos a nossa cabeça, os nossos pés estão fincados no chão da nossa terra, na Guiné e Cabo Verde, na realidade concreta da nossa terra, que é o facto principal que pode orientar o trabalho do nosso Partido.

Há gente no mundo que pensa que a realidade depende da maneira como o homem a interpreta. A realidade, coisas que se vêem, que se tocam, que se sentem, o mundo que está á volta de cada ser humano, para essa gente é o resultado daquilo que o homem tem na cabeça. Há outras pessoas que pensam que a realidade existe e o homem faz parte da realidade. Não é o que ele tem na cabeça que vai determinar a realidade, mas é a própria realidade que determina o homem. O homem é parte da realidade, o homem está dentro da realidade e não é aquilo que se tem na cabeça que determina a realidade. Pelo contrário, a própria realidade em que o homem vive é que determina as coisas que o homem tem na sua cabeça.

Os camaradas podem perguntar: Qual é a nossa posição, do PAIGC, em relação a essas duas opiniões? A nossa opinião é a seguinte: O homem é parte da realidade, a realidade existe independentemente da vontade do homem, e o homem, na medida em que adquire consciência da realidade, na medida em que a realidade influencia a sua consciência, cria a sua consciência, ele pode adquirir a possibilidade de transformar a realidade a pouco e pouco. Esta é que é a nossa opinião, digamos, o princípio do nosso Partido, sobre as relações entre o homem e a realidade.

Uma coisa muito importante numa luta de libertação nacional é que aqueles que dirigem a luta nunca devem confundir aquilo que têm na cabeça com a realidade. Pelo contrário, quem dirige uma luta de libertação nacional deve ter muitas coisas na cabeça, cada dia mais, tanto a partir da própria realidade da sua terra, como da realidade doutras terras, mas ele deve medir, fazer planos, respeitando a realidade e não aquilo que tem na cabeça. Isso é muito importante, e o facto de não o respeitar tem criado muitos problemas na luta de libertação dos povos, principalmente em África.

Eu posso ter a minha opinião sobre vários assuntos, sobre a forma de organizar a luta, de organizar um Partido, opinião que aprendi, por exemplo, na Europa, na Ásia, até mesmo talvez noutros países de África, nos livros, em documentos que li, com alguém que me influenciou. Mas não posso pretender organizar um Partido, organizar uma luta de acordo com aquilo que tenho na cabeça. Tem que ser de acordo com a realidade concreta da terra”…

PAZ SIM, NATO NÃO!

CUBA PARA A CPLP!

Foto: Uma praça em Luanda que é também um testemunho duma identidade trans-Atlântica: a todos os povos importa avaliar a realidade para ser possível construir a paz, com ética, equilíbrio, justiça social, cidadania, participação, amor e aprofundamento da democracia, nesta minúscula “casa comum” que é a Terra.


Moçambique: Polícia recupera 50 toneladas de arroz desviadas do porto da Beira



AYAC - Lusa

Chimoio, Moçambique, 21 mai (Lusa) - A polícia de Manica, centro de Moçambique, apreendeu hoje 50 toneladas de arroz, desviadas do porto da Beira e deteve quatro homens que pretendiam contrabandear o produto, disse à Lusa fonte policial.

Belmiro Mutadiua, porta-voz da polícia em Manica, disse que o grupo foi detido quando transferia o arroz, num estaleiro, para ser colocado no mercado paralelo.

"Apreendemos dois contentores com 50 toneladas de arroz, contido em sacos de 25 quilogramas, roubados no porto da Beira (Sofala, centro), na passada quinta-feira. O grupo já tinha encetado contactos para a venda do produto e ainda estamos a trabalhar para a detenção de outros integrantes, que trasfegam e contrabandeiam produtos", disse à Lusa Belmiro Mutadiua.

O grupo foi detido, depois de um dos seus membros ter contactado o comerciante lesado, cujos contentores haviam desaparecido do porto, para a respetiva venda, tendo o empresário denunciado a situação à polícia. As alfândegas e a polícia estão a trabalhar para a "devolução da mercadoria".

Em declarações à Lusa, António Daniel, tido pela polícia como o líder da rede, disse que o arroz foi transferido no seu estaleiro para consertar a viatura que transportava o produto que, afirmou, se destinava a apoiar crianças órfãs e doentes de SIDA, através da organização não-governamental JAM.

"Eu sou mecânico e os contentores vieram ao meu estaleiro para mudar a pneumática da viatura, que já não suportava o peso, para seguir e descarregar naquela organização", disse António Daniel, que foi desmentido pela polícia, que alega que a mercadoria não pertence à JAM.

António Daniel esteve anteriormente preso pelo seu envolvimento num caso bastante mediático de roubo de uma ambulância hospitalar em Machaze, a sul da província de Manica.

Moçambique: Vice-Presidente cubano em visita para reforçar "históricas" relações bilaterais



MMT - Lusa

Maputo, 21 mai (Lusa) - O vice-presidente do Conselho de Estado da República de Cuba, Esteban Lazo Hernández, iniciou hoje uma visita de quatro dias a Moçambique, visando reforçar a "histórica" cooperação bilateral.

Durante os quatro dias de visita ao país, Esteban Lazo Hernández será recebido em audiência pelo chefe do Estado moçambicano, Armando Guebuza, e manterá encontros com a presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, e o primeiro-ministro, Aires Ali, que o recebeu hoje à chegada no Aeroporto Internacional de Maputo.

Falando a jornalistas momentos após a chegada do governante cubano, o vice-ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Henrique Banze, disse que esta visita pretende "passar em revista a cooperação bilateral".

"Vamos passar em revista a cooperação bilateral e, sem dúvidas, iremos falar de outras questões que possam interessar os dois países e povos", disse Henrique Banze.

O governante moçambicano considerou "históricas" as relações entre os dois países, lembrando que Cuba tem vindo a apoiar Moçambique, principalmente nas áreas da educação e saúde.

"Vamos focalizar fundamentalmente duas áreas de trabalho. Cuba tem vindo a apoiar Moçambique tanto na formação de professores e médicos como em pessoal médico", afirmou o diplomata.

De acordo com Henrique Banze, as autoridades moçambicanas e cubanas vão tratar de questões de interesse comum, particularmente no âmbito das Nações Unidas.

"Nós temos estado a potenciar não só o relacionamento político diplomático, mas também sempre que possível elevarmos esse relacionamento ao nível de cooperação empresarial. É verdade que a Cuba tem um sistema e forma de trabalhar próprias, mas iremos, com base nisso, decidirmos o que fazer", disse Henrique Banze.

Cabo Verde: PM alerta para necessidade de intensificar cooperação no combate ao crime



CLI - Lusa

Cidade da Praia, 21 mai (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano alertou hoje para a necessidade de se reforçar a cooperação para segurança no mar no âmbito da luta contra o terrorismo, na abertura de uma conferência internacional na ilha do Sal.

José Maria Neves explicou que uma visão de futuro para a cooperação implica, necessariamente, uma maior otimização do espaço marítimo de Cabo Verde, resultante da condição e vocação nas rotas interatlânticas.

"O direito dos mares e dos ares, nesta região atlântica, não pode ser do pirata, do traficante e do terrorista, e para que instauremos uma ordem democrática transnacional temos de nos empenhar, em ativa e intensa cooperação, para o real combate contra essa criminalidade de grande magnitude", disse na conferência internacional sobre terrorismo, organizada pela Polícia Judiciária de Cabo Verde em cooperação com a FBINAA (FBI Academy Associates).

Para o chefe do governo cabo-verdiano, a conferência é uma oportunidade para debater alguns dos problemas coletivos e avaliar quais as áreas em que a cooperação poderá constituir "um valor acrescido" relativamente aos esforços de cada um dos Estados.

Em relação a Cabo Verde, José Maria Neves defendeu que o arquipélago "tem feito jus ao bom nome" e tem sido um país útil na promoção da paz e da estabilidade "fatores cruciais da liberdade e da prosperidade".

"Nunca, como agora, se fizeram tantas apreensões de cocaína, tantas prisões preventivas e efetivas, tantas confiscações de bens bancários e de propriedades. Nunca, como agora, o criminoso e aquele que põe em causa a segurança pública e a segurança nacional tiveram um campo de manobra tão reduzido e estiveram em tão apertado controlo das autoridades", sustentou.

José Maria Neves assegurou que a intensificação da atuação das redes terroristas, nos países próximos das fronteiras de Cabo Verde, é encarada pelo governo com "muita atenção".

"Preocupa-nos a eventualidade de alguns dos nossos vizinhos se tornarem reféns dos cartéis da droga e dos grupos terroristas em conluio com forças corruptas no governo ou militares, num caminho vertiginoso para uma situação de Estado falhado", alertou.

Para o chefe do governo cabo-verdiano, a África Ocidental e Central está a ganhar crescente importância para o crime organizado e para as organizações criminais transnacionais.

"As redes de crime organizado transnacional têm procurado bases objetivas para realizarem as suas operações ilícitas, principalmente tráfico de estupafacientes e de seres humanos, produtos pirateados, imigração ilegal e recursos naturais", alertou.

Na conferência, em Santa Maria, na ilha do Sal, participam 150 agentes da polícia de diferentes países.

A conferência "Luta contra o terrorismo, problemas e oportunidades na África e Médio Oriente" é organizada pela polícia judiciária cabo-verdiana em parceria com a FBINAA (FBI Academy Associates), "uma associação sem fins lucrativos, cujos membros são agentes que frequentaram a Academia do FBI em Quantico, Virgínia (EUA), de acordo com o Ministério da Justiça cabo-verdiano.

Escritor barsileiro vencedor do Prémio Camões "é ilustre desconhecido" em Cabo Verde



CLI - Lusa

Cidade da Praia, 21 mai (Lusa) - O escritor Dalton Trevisan, distinguido hoje com o prémio Camões, é um "ilustre desconhecido" nos meios literários cabo-verdianos, sendo poucos os escritores que afirmam ter algum conhecimento da sua obra.

Os escritores cabo-verdianos ouvidos hoje pela agência Lusa afirmam não conhecer a obra do autor, sendo que alguns disseram ser a primeira vez que ouviam o nome dele.

A escritora Ondina Ferreira, assim como o linguista Manuel Veiga, ambos antigos ministros da Cultura do país, afirmaram à Lusa não conhecer o autor de "O Vampiro de Curitiba".

"É a primeira vez que ouço falar dele, mas acredito que a falha seja minha; por isso não posso comentar a atribuição do prémio", disse Ondina Ferreira.

Também o escritor Germano Almeida disse que Trevisan é, para ele, "é um ilustre desconhecido".

"Nunca ouvi falar dele. Mas isso não quer dizer que ele não seja conhecido lá fora, ou que não seja um grande escritor. Hoje em dia, em Cabo Verde, conhecemos mal os escritores brasileiros", garantiu.

Germano Almeida atribui este "desconhecimento" ao facto de haver pouca circulação da literatura brasileira em Cabo Verde.

"Antigamente havia um contacto mais direto com a cultura brasileira. Atualmente os livros brasileiros que chegam ao país são aqueles que são publicados em Portugal", ressaltou.

Sobre o Prémio Camões em si, Germano Almeida afirmou que gira mais em torno de Brasil e Portugal.

"De vez em quando o prémio é atribuído a um escritor dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], mas a maior parte dos vencedores são brasileiros e portugueses. Acredito que mesmo o júri do prémio Camões conhece mal os escritores dos países africanos de língua portuguesa e, por isso, é natural que atribua o prémio àqueles que conhece melhor", concluiu.

Dos entrevistados, o único que afirmou conhecer o escritor é o jornalista e escritor José Vicente Lopes que explicou ser um dos seus escritores brasileiros preferidos.

"Conheci a obra dele desde dos meus tempos de estudante no Brasil. Para mim ele e Rubem Fonseca são os inovadores da literatura brasileira", garantiu.

Explicando que Trevisan é "um mestre do conto", José Vicente Lopes considerou que, através dos seus "contos curtíssimos", mostra ser um grande cultor da língua portuguesa, já que "só faz literatura enxuta quem domina muito bem a língua".

"É um grande escritor sem dúvida. O prémio foi bem entregue", garantiu.

Sobre o facto de o escritor brasileiro não ser conhecido em Cabo Verde, José Vicente Lopes afirmou que, ser de Curitiba, "portanto fora do eixo Rio-São Paulo-Bahia, tem alguma influência", mas garantiu que a principal razão é a falta de circulação de produtos culturais dos países que falam português em Cabo Verde.

"A verdade é que há anos perdemos o contacto com a literatura brasileira e temos também, atualmente, pouco contacto com a literatura dos PALOP. Há uma deficiente circulação de produtos culturais entre os países que falam português", argumentou.

A agência Lusa tentou ouvir o ministro da Cultura cabo-verdiano, a propósito do prémio, mas Mário Lúcio Sousa fez saber, através da sua assessoria de imprensa, que não estava disponível para falar sobre este assunto.

GREGOS CORREM AOS BANCOS PARA TENTAR SALVAR SEUS EUROS




A crise faz os gregos sacarem cada vez mais dinheiro de suas contas e cria o temor de uma corrida aos bancos, o que poderia resultar num colapso do sistema bancário.

Há quatro anos, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o então ministro das Finanças, Peer Steinbrück, afirmaram diante das câmeras de televisão que a “poupança dos alemães está segura”. A frase garantiu a paz na população do país diante da crise iminente. Tal voto de confiança da população é algo com que o presidente grego, Karolos Papoulias, nem sonha. Ele bem que poderia aparecer da mesma forma diante das câmeras de TV, mas, na situação atual, nenhum cidadão grego acreditaria em suas palavras.

Desde o começo da semana, os gregos vêm sacando suas economias dos bancos. Ainda não ocorreram tumultos na frente das grandes instituições de crédito, mas, segundo estimativas, até 900 milhões de euros estão sendo sacados diariamente. "Se consideramos o orçamento total dos bancos gregos, isso pode ser considerado dramático", diz o economista Dirk Schiereck, da Universidade Técnica de Darmstadt. Nos últimos dois anos, os gregos já haviam sacado cerca de 45 bilhões de euros dos bancos. "Esta tendência aumentou ainda mais nas últimas semanas ", observa Schiereck.

Falta de transparência

Se a situação piorar, o sistema bancário poderá entrar em colapso dentro de alguns dias. Pois a lógica dos bancos requer que apenas uma pequena parte das economias esteja disponíveis para saque. O resto é aplicado ou repassado para os clientes na forma de empréstimos, para que o dinheiro esteja sempre circulando. "Se o povo retirar seus depósitos, surge um buraco de financiamento, que tem que ser coberto pelos bancos", explica Schiereck. Normalmente, os bancos poderiam obter empréstimos do Estado. Mas o Estado grego não tem dinheiro e, por isso, "existe um grande perigo de que os bancos se tornem insolventes e entrem em colapso", conclui Schiereck.

Ninguém sabe ao certo quanto dinheiro os bancos gregos ainda podem pagar a seus clientes. "Esta informação é mantida em segredo, aparentemente de propósito", especula Hans-Peter Burghof, especialista em economia bancária da Universidade de Hohenheim. Fato é que as economias da população grega são muito maiores que as verbas que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) destinou ao setor bancário grego. Os 18 bilhões de euros do FEEF não são nada se comparados aos estimados 140 bilhões de euros guardados nos bancos gregos.

Burghof considera normal que os gregos saquem suas economias bancárias diante do intenso debate sobre o possível retorno à dracma. Mas uma verdadeira corrida aos bancos pode ocorrer a qualquer hora e depender de pequenos detalhes. "Este é um processo que pode acontecer muito rapidamente", diz o economista. “Às vezes, basta uma declaração infeliz de um político”, completa.

Moratória

Se isso ocorrer de fato, só resta a chamada moratória. "Isso significa que, como medida inicial, ninguém mais pode retirar seu dinheiro", explica Burghof. Então, os bancos passam a liberar semanalmente um montante fixo a seus clientes. "Mas apenas insinuar tal moratória pode ser devastador para a credibilidade da Grécia”, adverte o analista.

Esse tipo de corridas a bancos individuais desacreditados já ocorreu diversas vezes, como no caso do banco irlandês Northern Rock ou o do austríaco Bawag. Mas, na maioria dos casos, uma estatização das instituições conseguiu salvar os clientes da perda total de suas economias. No caso de uma corrida aos bancos de todo o país, como é possível ocorrer na Grécia, existem poucos casos comparáveis. Uma delas foi a crise financeira da Argentina e outra, a grande depressão de 1929. Em ambos os casos, os depositantes perderam quase todo o dinheiro.

“Uma falência do sistema bancário grego também pode custar caro para a Alemanha”, alerta Burghof. Já Schiereck afirma que, mesmo sem o apoio europeu, os maiores países da UE terão que arcar com significativos gastos adicionais. "Muitos bancos europeus possuem títulos de bancos gregos", observa. Ele lembra que sobretudo os bancos franceses estão nervosos, porque se envolveram muito com a Grécia. "No caso de um colapso dos bancos gregos, não podemos descartar que ocorra um efeito dominó", prevê Schiereck.

Autor: Nicolas Martin (md) - Revisão: Soraia Vilela

DE CAMP DAVID A FRANKFURT: UMA MOEDA, MUITAS FACES




Flávio Aguiar – Carta Maior, em Debate Aberto

Cada vez mais economistas de gabarito, de todos os campos, ressaltam que a adoção do euro vitimou o poder de barganha dos países periféricos da Europa, e catapultou o das economias centrais, França e Alemanha. E agora, parece, só o da Alemanha.

Não é verdade que uma moeda tenha apenas duas faces, a cara e a coroa. Ela tem várias. Depende do ângulo em que se a vê.

Veja-se o euro. Aparentemente, ele simbolizava a redenção da Europa. Esse continente, com sua trágica história de guerras e genocídios – dentro e fora de seus limites geográficos, graças ao colonialismo e ao imperialismo – teria encontrado a fórmula da convivência pacífica, e o ícone sagrado disso era o sacrossanto euro.

Era tão sacrossanto que nenhum governante, nenhum altofinancista, tempos atrás, admitia a possibilidade de que algum país pudesse sequer pensar em de sua zona sair.

Pois agora o euro se transformou. Para uns virou uma maldição; para outros, um inquisidor. Ainda para terceiros, um ralo. Há ainda quem acredite que ele seja um salva-vidas.

Comecemos pelo ralo. Em Camp David, residência de campo dos presidentes norte-americanos, realizou-se no fim de semana mais um encontro dos membros do G-8. Antes esses barões e baronesas assinalados reuniam-se para ditar normas ao mundo. Hoje se reúnem para ver se conseguem concertar algo entre si.

Para o presidente Barack Obama, o euro tornou-se um ralo, por onde pode escorrer sua esperança de reeleição. Se a crise da moeda européia se agravar em direção a uma recessão profunda, as chances de reeleição de Obama estarão seriamente comprometidas. Obama fez muita pressão sobre Angela Merkel para que ela “suavize” sua posição ortodoxa sobre a moeda e os planos de “austeridade” que a acompanham. Teve companhia nisso: Japão, Canadá, até mesmo David Cameron do Reino Unido e, mais discretamente, Mario Monti, o tecnocrata que desembarcou na Itália para “por ordem” na antiga casa de Berlusconi. Sem falar em François Hollande.

Na Grécia, o euro virou maldição. Cada vez mais economistas de gabarito, de todos os campos, ressaltam que a adoção do euro vitimou o poder de barganha dos países periféricos da Europa, e catapultou o das economias centrais, França e Alemanha. E agora, parece, só o da Alemanha. A remoção das moedas nacionais tirou soberania dos estados, não em nome de um melhor entendimento, mas sim em nome de um esvaziamento de suas exportações, engolidas pela supercompetitiva Alemanha.

Neste país, ainda há quem acredite (cada vez menos, mas ainda em grande número) que sua competitividade venha de suas lições de austeridade, contenção de salários, diminuição de pensões, aumento das horas trabalhadas, rotatividade nos empregos precários, etc. E não da facilidade de obtenção de créditos a baixo custo para renovar os títulos de sua dívida pública, diante do alto preço pago pelos demais, ou da explosão das importações chinesas.

Entre os que não mais acreditam nisso que o economista prêmio Nobel chama de “a ilusão germânica”, estão os 25 mil manifestantes que se reuniram no sábado, 19 de maio, em Frankfurt (sede do Banco Central Europeu), no movimento “Blockuppy Frankfurt”. Para eles o euro não é propriamente uma maldição, mas está se transformando numa parede. Seu protesto era de solidariedade aos gregos, portugueses, italianos, irlandeses, espanhóis, que hoje comem o pão que o Banco Central Europeu amassou. Mas não era só isso: era também um protesto diante da crescente precarização dos empregos, sobretudo para jovens, em seu próprio país (v. nesta CM, “François Hollande e o milagre alemão”), da diminuição da renda do trabalho, do futuro de aposentadorias mais distantes e menos rentáveis, em troca de nenhuma melhora. Sim, porque hoje os políticos do euro e de sua “austeridade” não prometem mais “melhoras”: a grande melhora é ficar tudo como está, ou só piorar um pouco.

Mas do outro lado das barreiras dos policiais de choque (felizmente não houve confrontos dessa vez, apesar de 150 prisões de manifestantes na sexta-feira), o grande inquisidor Jens Weidmann (presidente do Bundesbank – Banco Central Alemão, e membro do Conselho do B.C.E. – sendo que aquele é o principal acionista deste, com 18% de seu capital de base, 1,4 bi de 5,2 bi de euros) lançou a consigna: os bancos devem evitar se comprometer mais com a Grécia, pelo menos antes das eleições de 17 de junho.

É o sinal dos novos tempos: agora não se estranha mais a possibilidade da Grécia sair do euro. Ao contrário, isso virou ameaça, expulsão para o inferno, como os antigos bodes expiatórios eram mandados embora dos muros das cidades, para o deserto, onde seriam devorados por feras e demônios. Um exemplo.

Mas mesmo nesse campo das altas finanças continua a haver gente que vê no euro um salva-vidas. Por exemplo, os bancos credores da dívida grega.

Estimativas conservadoras dizem que uma saída da Grécia da zona da moeda representaria um prejuízo imediato de mais de 250 bi de euros para seus credores, em particular os bancos franceses e alemães.

Porque o não pagamento da dívida seria inevitável.

Pode não ser uma má idéia. A Grécia e os gregos sofreriam? Sem dúvida. Mas sairiam desse estado de prostração em que se encontram, sendo sangrados continuamente pelas décadas das décadas amém.

*Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim.

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