quarta-feira, 13 de agosto de 2014

TURISMO NOS PAÍSES DA CPLP ESTÁ EM DISCUSSÃO ESTA SEMANA EM LUANDA




O primeiro workshop sobre turismo na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) realiza-se esta semana em Luanda, numa iniciativa da Associação das Agências de Viagens e Operadores Turísticos de Angola (AVOOTA).


Luanda - O primeiro workshop sobre turismo na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) realiza-se esta semana em Luanda, numa iniciativa da Associação das Agências de Viagens e Operadores Turísticos de Angola (AVOOTA).

O evento, a decorrer até sexta-feira sob o lema "Oportunidades de Negócios no Mercado do Turismo da CPLP", visa a revitalização das estruturas orgânicas da AVOOTA, para que os participantes conheçam melhor o mercado do turismo da CPLP.

"A AVOOTA procura dar provas evidentes de que afinal existe e mantém-se no árduo trabalho de revitalização e dinamização do associativismo privado do sector do turismo em Angola", segundo comunicado da entidade.

Durante a reunião serão abordados temas relacionados às oportunidades de negócios nos diferentes países membros, assim como troca de informações e experiências sobre investimentos nesta área.

Na quinta-feira será realizada uma visita ao Pólo de Desenvolvimento Turístico de Cabo Ledo a Sul de Luanda.

Vão participar no evento profissionais ligados ao turismo, especialistas, consultores, académicos, numa parceria do Ministério da Hotelaria e Turismo e das Relações Exteriores.

Fazem parte da CPLP Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Timor Leste, Portugal e Brasil. (Angop)

ÉBOLA. FECHO DA FRONTEIRA DA GUINÉ-BISSAU É ÚNICO MEIO DE CONTROLO




Para Jaime Nina, esta é uma “medida de desespero de causa”, de um país que “não tem possibilidade de rastrear nem de fazer quarentena”

O infeciologista Jaime Nina considera positiva a decisão da Guiné-Bissau de fechar a fronteiras com a Guiné-Conacri, por ser a única maneira de controlar a entrada do vírus Ébola num país onde o seu aparecimento seria uma “desgraça”.

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau anunciou na terça-feira um Programa de Emergência Sanitária que inclui o encerramento das fronteiras com a Guiné-Conacri e a proibição de aglomerações de pessoas para prevenir a entrada do vírus Ébola no país.

Segundo Jaime Nina, esta medida “não parece assim tão disparatada” para um país que consta da lista dos 20 mais pobres do mundo (o único de língua portuguesa), onde poucas coisas funcionam, não há meios nem especialistas.

“Uma das poucas coisas que funcionam na Guiné-Bissau são os militares. Fechar as fronteiras é pôr os militares dentro do assunto”, afirmou à Lusa, considerando que sempre é uma forma de haver um certo controlo e é uma medida preventiva.

Para Jaime Nina, esta é uma “medida de desespero de causa”, de um país que “não tem possibilidade de rastrear nem de fazer quarentena”.

A título de exemplo, o médico lembrou que recentemente a maternidade esteve três meses sem água, algo “impensável num país europeu” e que diz tudo acerca da falta de meios, e até sanitários, ao nível da saúde.

“Apesar dos riscos [que vão continuar a haver], a única medida possível é fechar a fronteira, porque atualmente não existe qualquer controlo e a circulação de pessoas entre países é completamente fluída”.

O especialista em medicina tropical não tem dúvidas de que se o vírus do ébola entrasse na Guiné-Bissau “seria uma desgraça tão grande como nos outros países”.

No entanto, Jaime Nina salienta que não há casos de Ébola nas zonas da Guiné-Conacri que fazem fronteira com a Guiné-Bissau, o que torna menos premente o isolamento das fronteiras, mas “é uma medida preventiva e dá mais sensação de segurança à população”.

Lusa, em jornal i – foto Reuters

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NOVO BANCO ASSUME CRÉDITO DE 3,3 MIL MILHÕES DO BES ANGOLA




O crédito de 3,3 mil milhões de euros que o BES tinha concedido ao BES Angola passou para o Novo Banco, disse à Lusa fonte oficial do Banco de Portugal, acrescentando que o empréstimo passou totalmente provisionado.

O Económico noticiou em primeira mão que estava a ser ponderada a possibilidade de passar esse financiamento para o Novo Banco.

Fonte oficial do supervisor e regulador bancário foi questionada para saber onde ficou o crédito de 3,3 mil milhões de euros que o BES concedeu à sua filial BES Angola (onde detém cerca de 55% do capital).

Em resposta, o Banco de Portugal explicou que, apesar de a participação do BES no BES Angola ter ficado no 'bad bank' BES, decidiu "transferir os créditos concedidos a esta filial para o Novo Banco, embora totalmente provisionados".

O facto de os créditos terem passado totalmente provisionados (para fazerem face a perdas totais), diz o BdP, não significa que espera incumprimentos.

"A provisão total destes créditos constitui apenas uma medida de prudência e não reflecte, de forma alguma, uma ausência de expectativa de recuperação do crédito concedido", lê-se na resposta enviada à Lusa.

A entidade liderada por Carlos Costa diz ainda que nos últimos tempos antes de ter decidido intervir no BES que houve uma "forte interacção entre as Autoridades de Portugal e de Angola", com o Banco de Portugal a ter assumido a "expectativa de que a situação do BESA seria clarificada no curto prazo e sem impacto material no Banco Espírito Santo, S.A.".

Então, lembra o Banco de Portugal, o BESA tinha uma garantia soberana do Estado Angolano de 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 4 mil milhões de euros) para fazer face a incumprimentos em créditos.

Nos últimos dias, foi noticiado que essa garantia a que se refere o Banco de Portugal foi revogada ao mesmo tempo que o banco central de Angola tomou a decisão de intervir no BESA, impondo medidas de saneamento, pelo que o BES pode vir a ter de assumir perdas com incumprimentos no BESA devido à participação (maioritária) que ali detém.

Lusa, em Económico

Portugal: O FIM DA ÉTICA SOCIAL



Baptista-Bastos – Diário de Notícias, opinião

Todos os indícios no-lo dizem que vamos pagar, de viés ou a direito, o buraco de 5 mil milhões legado pelo BES. O dr. Salgado pagou, de presto, os 3 milhões de euros, caução para não ser engavetado; goza as delícias do verão na sumptuosa villa de Cascais; dizem as notícias que possui 200 milhões de dólares criteriosamente divididos em bancos do Oriente; e que vai envelhecer embalando doces memórias, enquanto os seus advogados delegam para as calendas o que a justiça tardará em dizer.

O parágrafo vai longo, mas como estas minudências dos tribunais, em Portugal, são tardas e longas, a justificação está feita. O primeiro-ministro, entretanto, com voz de tenor fanado, insiste em dizer-nos que não esportularemos um cêntimo pelos desmandos dos "privados". Bom: a impostura não tem pernas para correr. Os cerca de dois mil funcionários ameaçados de despedimento certo; as centenas ou milhares de investidores que vão ficar sem o dinheiro aplicado; a mistificação ultrajante entre o "banco mau" e o "banco bom", que ninguém sabe rigorosamente o que é, nem, sequer, o inteligentíssimo especialista da SIC, sr. Gomes Ferreira - tudo isto, e o mais que se desconhece, terá de ser pago por alguém, e todos sabemos por quem.

As "análises" consagradas à questão são puros exercícios de balbúrdia, que baralham as pessoas. Apenas Nicolau Santos e Pedro Santos Guerreiro não fazem do parlapié uma conduta de espalha-brasas sobre a natureza do problema. O resto é a triste decepção permanente. Onde está o dinheiro, a "pipa de massa", para usar a expressão chula do pacóvio Barroso?

Apesar dos avisos cautelares dos responsáveis pelo descalabro, muitos milhares de portugueses apressaram-se a transferir as suas parcas economias para a CGD. O que fornece a dimensão de credibilidade e de respeito que nutrimos pela casta que trepou aos vários poderes.

Estamos num momento crucial: é preciso ir mais além do que se ouve dos políticos e do que secos e do que se lê nos jornais: insanidades e mistificações. O sentido e a prática da democracia não se esgotam nas formas jurídico-políticas, criadas e estruturadas por um "sistema", o capitalista, bem entendido, cujo significado está cada vez mais vazio, e mais perigoso pela sua vacuidade e objectivos. Já aqui o disse: o Ricardo Salgado não é a causa, é o efeito - deletério e inquietante. Nem por isso deixam de merecer punição adequada, ele e os comparsas desta monstruosa delinquência. Comprou, por três milhões, a prestação para não ser preso. É uma imoralidade absoluta, permitida, aliás, por uma "justiça" criada pelo "sistema" que liquida os seres éticos e as regras de decência previstas pela democracia. Se estes são destruídos - que nos resta?

Portugal: FALÊNCIA DO BES FORÇA GOVERNO A ACELERAR RETIFICATIVO



Margarida Peixoto e Luís Rei Pires - Económico

Empréstimo ao Fundo de Resolução obriga a corrigir rapidamente o Orçamento no Parlamento. Rectificativo vai ter também mais dotação para emprestar às empresas de transportes.

O Governo está a ser forçado a acelerar o Orçamento Rectificativo por causa da falência do BES, apurou o Diário Económico. A solução encontrada para lidar com o problema do banco exige uma alteração contabilística ao Orçamento, mas que tem de passar pelo crivo da Assembleia da República.

É por isso que o Executivo não vai esperar por Outubro para apresentar a alteração à lei, como aconteceu tanto em 2012, como em 2013, nos segundos Rectificativos do ano. O Governo está só à espera da decisão do Tribunal Constitucional sobre o regresso dos cortes salariais que vigoraram entre 2011 e 2013 e sobre a Contribuição de Sustentabilidade, prevista para o final desta semana, para apresentar a correcção à lei. Não vai esperar pela decisão sobre a ADSE, por exemplo, que tem um impacto potencial no Orçamento deste ano de 129 milhões de euros.

O principal motivo da urgência é a necessidade de emprestar 3,9 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução. Tal como a ministra das Finanças explicou, esta verba será financiada com o dinheiro emprestado pela troika e que tem estado reservado para a banca - há ainda 6,4 mil milhões de euros disponíveis.

Contudo, este valor está inscrito numa dotação do Orçamento do Estado restrita à Iniciativa para o Reforço da Estabilidade Financeira (IREF). Ora, o empréstimo não poderá ser feito através desta rubrica, o que exige uma alteração orçamental. O Governo terá de retirar uma parte da verba que está inscrita nesta dotação (pelo menos 2,4 mil milhões de euros) e acrescentá-la à dotação para empréstimos de médio e longo prazo ao Fundo de Resolução - neste momento, esta rubrica só tem 1.500 milhões de euros inscritos, o que não chega.

Na prática, trata-se apenas de uma alteração contabilística, mas que por causa das regras da IREF o Governo não pode fazer sem pedir autorização à Assembleia da República.

Mais dinheiro para emprestar às empresas de transportes

Mas o Rectificativo terá mais novidades. Além das esperadas medidas alternativas para compensar o chumbo do Tribunal Constitucional a quatro normas do Orçamento deste ano (cortes agravados nos salários dos funcionários públicos, taxas sobre os subsídios de desemprego e doença e cortes nas pensões de viuvez) o documento deverá alterar a dotação orçamental para empréstimos às empresas não financeiras.

Em causa estão os empréstimos feitos à CP, STCP e Carris, no âmbito dos processos de reestruturação financeira destas empresas, no valor total de 1,5 mil milhões de euros. A dotação disponível no Orçamento não chega para efectivar este plano (há 59,5 milhões de euros para entidades públicas e 1.227 milhões para as reclassificadas), pelo que o Governo teve de recorrer a uma medida temporária: fez um adiantamento de tesouraria. Este expediente é válido até ao final do ano, mas tem de ser corrigido até lá. A grande diferença é que, neste caso, os empréstimos deverão fazer aumentar o limite total do endividamento autorizado pelo Parlamento.

Por fim, o Governo precisa também de resolver o problema de vários organismos públicos no que toca às verbas para pagamento de salários. Ao que o Económico apurou, há organismos de diferentes ministérios que garantem não ter dinheiro suficientes para pagar salários a partir de Outubro. Há pelo menos um caso no Ministério das Finanças e o caso das universidades. Também a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) teve de adiantar dinheiro do orçamento dos próximos meses aos hospitais para que os salários e subsídios de férias fossem pagos aos funcionários, tal como já noticiou o Económico.

Caso o Rectificativo não avançasse já, os funcionários continuariam a receber o salário - as Finanças poderiam, por exemplo, reforçar as verbas destes organismos com a dotação provisional, ou libertando reservas orçamentais. Mas com o Rectificativo o problema pode ser ajustado canalizando dinheiro de outras dotações que possam ter alguma folga e mantendo a dotação provisional e a reserva orçamental para novos imprevistos.

O Económico contactou o Ministério das Finanças, mas não obteve esclarecimentos até ao fecho desta edição.

Portugal: BES/GES, UM CASO CADA VEZ MAIS OPACO



Eduardo Oliveira Silva - jornal i, editorial

É urgente e essencial para se saber o mínimo indispensável convocar uma comissão de inquérito parlamentar

Cada dia que passa são mais perturbadoras as notícias sobre o futuro de tudo o que envolve o ex-império Espírito Santo, começando até pelo sucedâneo chamado Novo Banco, ontem mesmo já considerado lixo pela influente Moody's.

Relativamente à parte GES, ou seja, a teia empresarial montada em holdings e unidades de toda a espécie, a situação é clara. Parte das empresas quando analisadas individualmente estão falidas ou em graves dificuldades financeiras. Não sobreviverão aquelas, e não são poucas, que operavam frequentemente em circuito fechado dentro do grupo, o que as desvaloriza e lhes retira mercado.

Obviamente também haverá algumas que sobreviverão uma vez isoladas. No entanto, terão de passar por um crivo que começa na averiguação da situação económica e financeira e acaba na reconsideração dos gestores e directores de cada uma, sendo certo que até às decisões finais se assistirá ao habitual rol de traições, cortes de cabeça e saneamentos, sejam eles fundamentados ou não. Há gente sem culpa que vai pagar e culpados que vão escapar. O costume no planeta dos homens. As ocorrências serão muitas e certamente algumas bem feias. Primos e primas não terão um cartão de acesso privilegiado ao que quer que seja, mas é preciso criar mecanismos para evitar perseguições de sentido inverso, embora essa probabilidade seja baixa.

Uma das realidades lamentáveis com que nos confrontamos todos os dias neste caso tem a ver com as revelações a conta-gotas que cada cidadão tende a analisar como uma verdade absoluta e definitiva, mas que, normalmente no dia seguinte, se configura como apenas uma minúscula parcela de uma verdade complexa que talvez nunca se deslinde, como sucedeu em casos semelhantes em Portugal ou no estrangeiro. E aqui não vale a pena citar o caso Madoff como excepção porque na realidade dele nada se sabe, a não ser que o seu alegado chefe levou mais de cem anos de cadeia porque se auto-incriminou.

Quem, por exemplo, sabia segunda-feira que o Banco de Portugal se tinha visto na contingência de injectar 3500 milhões de emergência no BES? Por que razão um dado tão significativo e que envolve responsabilidade directa dos contribuintes só foi conhecido ontem?

Como interpretar, ainda hoje, tantas declarações destinadas a tranquilizar cidadãos mais ou menos incautos a propósito da situação do BES? Isto quando na realidade teria sido altamente desejável uma atitude menos crédula para detectar as manobras que estavam em curso entre o anúncio do nome de Vítor Bento e a saída de Salgado? E já agora porque não se esclarece se efectivamente quem estava à frente do banco nesse período tinha legitimidade para assinar cartas de conforto de 800 milhões de dólares? Tinha mesmo? Venha a explicação.

Como ontem afirmava Jorge Coelho, há muito por contar sobre o assunto (BES) e também sobre a PT. Com o seu ar bonacheirão, Coelho está cheio de razão. Há realmente muito para contar, mas haja quem o faça.

Para tal era fundamental um escrutínio rápido e minimamente fiável de tudo isto. Como a via judicial não funciona ou é lenta, como os supervisores estão excessivamente envolvidos para poder ser preclaros, como os medianão têm mecanismos suficientes, talvez a única solução aceitável seja aprovar rapidamente uma comissão de inquérito parlamentar, que se reúna quanto antes para fazer alguma luz sobre uma situação que diariamente se torna mais confusa e opaca.

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O LADO NEGRO DA EMIGRAÇÃO. PORTUGUESES SÃO ENGANADOS LÁ FORA



Rosa Ramos – jornal i

Governo admite que há mais casos de exploração laboral devido ao aumento da emigração. Só em 2013 foram detectadas 28 situações

Salários em atraso, operários agredidos ou empresas que se recusam a pagar subsídios e horas extra. Com o aumento da emigração, os casos de portugueses enganados ou explorados no estrangeiro são também em maior número. Só em 2013 chegaram ao conhecimento da Secretaria de Estado das Comunidades (SEC) 28 situações de exploração laboral de emigrantes portugueses. Além destas denúncias incluídas no primeiro Relatório de Emigração divulgado recentemente pelo governo, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) levantou 29 autos de contra-ordenação por incumprimento das regras que regulam o destacamento de trabalhadores para o estrangeiro.

"Com o aumento do fluxo emigratório aumentaram igualmente os casos de irregularidade e de exploração de mão-de-obra", admite o governo. A maioria dos casos tem a ver com o não pagamento de salários ou com a prática de ordenados inferiores aos verificados nos países de acolhimento. Horas extraordinárias por pagar e a "violação dos limites máximos do período normal de trabalho" são outras das situações mais frequentemente identificadas, tal como o impedimento de gozar folgas semanais. Há também casos de emigrantes obrigados a viver em alojamentos sem condições ou com rendas demasiado caras.

Já os casos detectados pela Autoridade para as Condições do Trabalho envolvem maioritariamente, segundo o relatório, empresas que não declaram os trabalhadores à Segurança Social ou não comunicaram o seu destacamento para o estrangeiro. "Verifica-se que em muitos casos as empresas não procederam à comunicação obrigatória do destacamento de trabalhadores, não declararam os trabalhadores junto da Segurança Social, não existe contrato de trabalho reduzido a escrito e não existe seguro para cobertura de situações de doença e/ou acidentes de trabalho", alerta-se no documento, que elenca os casos comunicados em 2013 ao gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas - que depois dá conhecimento à ACT.

EXPLORADOS 

No final de Julho do ano passado, 106 emigrantes portugueses foram ameaçados no Reino Unido quando reclamaram os ordenados a que tinham direito e pediram à entidade patronal dinheiro para alimentação. O grupo trabalhava na construção de túneis em Birmingham e tinha sido recrutado em Portugal por uma empresa inglesa. Porém, conta a SEC, quando os emigrantes chegaram ao Reino Unido foram colocados ao serviço de outra uma empresa.

Outro caso passou-se em França e envolveu um grupo de portugueses contratados para trabalhar nas vinhas de Narbonne. Os emigrantes queixaram-se às autoridades e contaram que estavam a receber um valor inferior ao salário mínimo nacional. Além disso, revela a SEC, eram obrigados a "trabalhar mais de 10 horas seguidas" e sem direito a folgas.

Na Holanda, 70 emigrantes portugueses, contratados por uma empresa irlandesa e que trabalhavam na construção de um túnel de uma auto-estrada em Maastrich, só recebiam metade do ordenado previamente acordado com a entidade patronal, sem direito ao pagamento de horas extra ou qualquer tipo de subsídio, incluindo o de férias. Em Dezembro do ano passado, a Secretaria de Estado teve de intervir numa outra situação ilegal: 30 portugueses e romenos que trabalhavam nas obras de expansão do metro de Copenhaga (Dinamarca) conseguiram cancelar os contratos depois de a entidade patronal se recusar a pagar as horas de trabalho a que tinham direito.

Antes, ainda em Fevereiro, um outro grupo portugueses destacados em Toulouse (França) apresentou queixa por não receber horas extraordinárias. Os emigrantes queixaram-se também de viverem em casas sem condições e de não lhes ser paga a viagem para férias em família em Portugal a que tinham direito. A Secretaria de Estado das Comunidades relata ainda que, em Março, oito portugueses foram agredidos quando trabalhavam na construção de um centro comercial em Potsdamer Platz, em Berlim (Alemanha), por terem reclamado salários em atraso.

Casos de exploração laboral

Enfermeiros

A Ordem dos Enfermeiros, lê-se no Relatório de Emigração, enviou, em Janeiro do ano passado, ao gabinete do secretário de Estado das Comunidades um pedido sobre idoneidade de um recrutamento para uma empresa belga publicitado no OLX.

Angola

Em 2013 registaram-se vários incumprimentos de empregadores angolanos em relação a emigrantes portugueses. Em pelo menos três situações, a secretaria de Estado teve de intervir. As empresas recusavam-se a pagar salários.

Qatar

A embaixada do Qatar em Lisboa recebeu, em Julho do ano passado, a denúncia de uma burla de que vários emigrantes portugueses foram alvo no âmbito de um falso recrutamento.

Arábia Saudita 

Registaram-se dois casos de ilegalidades que envolveram emigrantes portugueses com salários em atraso. Além disso, e já depois de terem sido recrutados, os trabalhadores perceberam que os salários eram afinal mais baixos do que lhes havia sido prometido.

Luxemburgo

Em Maio, 70 trabalhadores portugueses tiveram de ser alojados no Foyer de Muhlenbach, no Office Luxembourgeois de l’Accueil et de L’Integration (o equivalente, em Portugal, ao Centro de Acolhimento para Refugiados).

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MORREU O RANGEL QUE REVOLUCIONOU A INFORMAÇÃO QUE TAMBÉM ESTÁ A MORRER



Mário Motta, Lisboa

Morreu Emídio Rangel. Vemos, ouvimos e lemos os elogios ao Rangel, que revolucionou a informação em Portugal, principalmente na rádio, na TSF, e que na televisão, na SIC, deu um pontapé nos figurinos fastidiosos e por vezes aberrantes que a RTP emitia sistematicamente. Dizer com toda a propriedade que faleceu o Senhor Nova Informação, o visionário, não é inapropriado. Antes pelo contrário. Talvez até seja pouco para a homenagem que ele merece.

O Rangel que revolucionou a informação em Portugal morreu. Para aumentar os desaires dos portugueses também a informação que ele revolucionou está a morrer. E ele, Rangel, antes de baquear, apercebeu-se muito bem disso. Que a informação que revolucionou também está a morrer e entregue aos poderes discricionários de verdadeiros crápulas. Uns que possuem e ordenam e outros que servilmente obedecem, julgando-se jornalistas com o direito de avacalharem e venderem as suas almas, penas e teclas ao diabo…

Por certo que um dia Rangel ressuscitará, mais que não seja sob a forma de informação que merecerá de pleno direito a definição que tem mas se vai deteriorando ao sabor da vontade dos ditos crápulas apostados na manipulação e no obscurantismo.

Atualmente nem a TSF é o que era, apesar de ainda ser a "melhorzinha". Também tu? Caso para assinalar: RIP.

Rangel morreu. Viva Rangel!

Reações à morte de Emídio Rangel

TSF

Do mundo do jornalismo e da comunicação, multiplicam-se as reações à morte de Emídio Rangel, um nome maior do jornalismo em Portugal.

«Lamento a perda de Emídio Rangel. Apesar das divergências que a partir de determinado momento tivemos e que foram públicas, quero sublinhar o papel fundamental que teve na história da rádio e da televisão privadas em Portugal, nomeadamente na construção da SIC», escreveu Francisco Pinto Balsemão, numa nota enviada às redações.

A TSF contactou também Nuno Santos, jornalista, antigo diretor de informação da RTP, que sublinha que o «o país deve bastante» a Emídio Rangel. Recorda «alguém que por natureza era contra o sistema» e para quem «a palavra impossível não existia».

Nuno Azinheira, editor da Notícias TV, destaca Rangel «como o mais visionário, o mais competente, o mais líder, o mais motivador, o mais empenhado».

OS INIMIGOS VARIÁVEIS



José Goulão – Jornal de Angola, opinião

Ao poder económico e político mundial não lhe bastam a supremacia conquistada e sedimentada com base no autoritarismo militar e na manipulação propagandística.

O regime planetário que a si próprio se identifica como “a democracia” e age como polícia dessa democracia demonstra que não sobrevive e não se basta através das suas supostas razões.

O regime imperial precisa de inimigos e quando não os tem cria-os ou inventa-os. Isto é, tal espécie de democracia não é auto sustentável, melhor dizendo, não se trata de democracia.

O regime global que agora assenta, sem restrições, na arbitrariedade selvática dos mercados financeiros e antes disso foi o amparo da restauração agressiva e tão generalizada quanto possível do capitalismo monopolista, nunca se desenvolveu sem inimigos.

Primeiro, a União Soviética e os seus “satélites”, que mesmo quando não eram passavam a sê-lo, por obra da propaganda. Depois, emergiram variantes, quase sempre pouco convincentes, até que a deriva acabou no regresso à origens, à velha “ameaça russa”, agora literalmente e não, como noutros tempos, um chavão de propaganda contra o regime soviético.

Quando o muro de Berlim ruiu e as democracias mercantis tomaram de assalto os “satélites europeus” da antiga URSS, forçando a transição abrupta do mercado centralizado para a anarquia de mercado, não foi necessário muito tempo para se perceber que o Império ficou órfão de inimigo. Queria cavalgar a onda, tirar proveito rapidamente e em força da unipolaridade recém instaurada, mas faltavam-lhe pretextos, às vezes necessários porque os satélites imperiais nem sempre são tão homogéneos como deveriam ser e estão sujeitos a birras e caprichos. O velho aliado Saddam Hussein transformou-se, assim, no monstro que abriu a era das guerras expansionistas com rótulo visível ou disfarçado da OTAN, instrumento de guerra fria transformado em operador global da guerra quente.

A seguir, os grupos terroristas surgidos como criaturas da CIA & irmãos transitaram para o estatuto repartido de amigos nuns sítios e inimigos noutros; foram indispensáveis em guerras como as da Jugoslávia, do Afeganistão, da sequela do Iraque, da Líbia, da Síria e o mais que adiante se verá. O estatuto híbrido, porém, não assegura a estes bandos as credenciais convincentes de inimigos puros, duros e absolutos.

O golpe imperial na Ucrânia serviu, como é visível, para restaurar o velho inimigo, mesmo sendo a Rússia na sua versão putinista ou neo czarista. Ainda há a questão pendente do Irão, mas perderá sempre para a velha “ameaça russa”, além do mais com tentações para se juntar à incómoda China, à estratégica Índia, aos “rebeldes” que tiveram o atrevimento de sair do velho “quintal das traseiras” na América Latina.

Com Putin e  Moscovo no papel de inimigos “da democracia e da liberdade” – interpretadas na Ucrânia por grupos fascistas, mas isso para o caso não interessa nada – a OTAN praticamente fechou o cerco militar à Rússia. Washington e Bruxelas alarmam-nos com as hipóteses de a todo o momento “Putin poder invadir a Ucrânia” enquanto, na prática, as tenazes imperiais  são capazes de o impedir, hoje muito mais do que ontem, ontem muito mais do que anteontem.

Um inimigo a sério, mesmo que seja criado através  da estratégia da provocação sucessiva, é o maior aliado das tramoias dos mercados financeiros porque, nem que seja através da manipulação propagandística, é indispensável para criar no mundo as variantes que as proporcionam.

SEGURANÇA REGIONAL AVALIADA EM CIMEIRA DE LUANDA




Os Chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) reúnem-se amanhã em Luanda, para analisar a situação de segurança na região.

De acordo com uma nota de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, a cimeira, a segunda do género, decorre no Centro de Convenções de Talatona e vai contar com a presença de Angola, Congo, República Democrática do Congo, Ruanda, Uganda e, como convidados especiais, os presidentes da África do Sul e da Tanzânia.

Ontem, realizou-se a reunião dos chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas dos países membros da CIRGL, enquanto para hoje está prevista a reunião dos ministros da Defesa.

Em Março deste ano, a mini cimeira de Luanda dos Chefes de Estado e de Governo dos Grandes Lagos aprovou a adopção de acções militares contra os rebeldes activos no leste da República Democrática do Congo (RDC), desencadeadas contra os movimentos rebeldes naquela área que persistirem em não desarmar.

Na cerimónia de abertura, o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, antifrião do evento e presidente em exercício da Conferência Internacional da região dos Grandes Lagos, salientou a importância de neutralizar os grupos rebeldes a operar no leste da República Democrática do Congo, consideradas “forças negativas\" - o ADF e a FDRL.

Jornal de Angola


CHILE DUPLICA COMPRA DE BARRIS DE PETRÓLEO A ANGOLA




O Chile vai aumentar a compra de barris de petróleo a Angola dos atuais cinco mil para dez mil, com perspetivas de elevar a aquisição conforme as suas necessidades, noticia hoje a imprensa local.

De acordo com os jornais, Angola e o Chile assinaram um acordo comercial para a área do petróleo, rubricado pelo presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), Francisco de Lemos José Maria, e pelo ministro chileno da Energia, Máximo Pacheco.

O acordo foi assinado no âmbito da visita oficial e de trabalho, de 24 horas, que a Presidente do Chile, Michelle Bachelet, realizou a Angola, na terça-feira.

Segundo o governante chileno, aquele país da América Latina tem necessidades energéticas quase permanentes, tornando necessária a aquisição de petróleo para fazer face à sua reduzida produção, de quatro mil barris para uma necessidade diária de 228 mil barris.

Em declarações à imprensa, o ministro chileno da Energia disse que o seu país importa petróleo, gás e carvão.

"Nós não temos combustíveis fósseis, portanto esta visita é muito importante, já que permite aumentar a nossa relação comercial com Angola, que é um produtor importante de petróleo no mundo", disse Máximo Pacheco.

O governante chileno frisou ainda que há igualmente interesse em comprar gás natural, tipo de energia em que o Chile tem apostado nos últimos tempos.

"Estamos a tentar aumentar a presença do gás natural na nossa matriz energética, para substituir outros combustíveis, de maneira que também vamos tentar desenvolver este setor de energia e tentar comprar gás no futuro", referiu.

Por sua vez, o ministro dos Petróleos de Angola, Botelho de Vasconcelos, disse que a Sonangol forneceu petróleo ao Chile desde 2003 até 2008.

"A partir de 2009 houve um interregno, mas em 2014 foi reativada a cooperação, também a venda em mercado 'spot', mas nesta viagem tudo está mais ou menos desenvolvido. A Sonangol e a agência de petróleo [chilena] estarão disponíveis para rubricar o acordo e tornar o fornecimento regular", referiu o ministro angolano.

Relativamente ao interesse manifestado pelo Chile na compra de gás, Botelho de Vasconcelos disse que "a necessidade foi, de facto, expressa durante o acordo" assinado pelos responsáveis dos dois países.

"Mas como todos sabemos, temos necessidade de paralisar a fábrica para que possa ser reativada de forma mais controlada, no sentido de poder tratar o gás e podermos ter carregamentos de uma forma regular daqui a um ano", explicou o governante angolano, sublinhando que só a partir do próximo ano se poderá assumir novos compromissos para fornecimento de gás.

No comunicado que marcou o final da visita de Michelle Bachelet, a Presidente chilena refere que os setores energéticos, mineiro e agroindustrial, bem como a comercialização de hidrocarbonetos, foram eleitos como prioritários no âmbito de uma cooperação bilateral entre Angola e Chile, países que mantêm relações diplomáticas desde 1990.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Moçambique: Encontro entre Chefe de Estado e “líder” da Renamo sem data marcada




“Armando Guebuza está disponível para se reunir com Afonso Dhlakama a qualquer momento”, disse Edson Macuácua, porta-voz do Chefe de Estado

Ainda não há data para o esperado encontro entre o Chefe de Estado, Armando Guebuza, e o “líder” da Renamo, Afonso Dhlakama. Ontem, a Presidência da República chamou a imprensa para desmentir informações que davam conta de que o Chefe de Estado tinha um encontro marcado com o presidente da Renamo para ontem, terça-feira.

O referido encontro seria da assinatura do acordo final da cessão das hostilidades entre a guerrilha da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, na sequência dos consensos alcançados no diálogo político entre o governo e o maior partido da oposição.

Em declarações à imprensa na manhã de terça-feira, o porta-voz do Presidente da República, Edson Macuácua, disse, contudo, que Armando Guebuza está disponível para se reunir com Afonso Dhlakama a qualquer momento. O jornal “O País” sabe de fontes seguras que Afonso Dhlakama ainda se encontra nas matas de Gorongosa, na província de Sofala, onde está refugiado desde finais de Outubro do ano passado.

O porta-voz do Presidente da República disse, ainda, que a submissão da proposta de lei de Amnistia à Assembleia da República (foi aprovada na noite de ontem). visa dar garantias ao líder da Renamo sobre a pacificidade do encontro entre os dois dirigentes. Edson Macuácua garantiu que o Chefe de Estado deverá promulgar a mesma lei urgentemente, de modo a permitir o restabelecimento definitivo da paz.

 nO encontro entre Afonso Dhlakama e o presidente da República tem como principal objectivo a assinatura do acordo de paz estabelecido, esta segunda-feira, entre as delegações do governo e da Renamo.

O País (mz)

A REJEITADA ARTE DOS NEGROS




Em Moçambique, mais do que uma manifestação criada para dar enfâse a alguns ritos tradicionais, a dança simboliza a resistência contra o colonialismo, a escravidão e o tribalismo, a que fomos sujeitos no passado. Nesse contexto, surgiram, há vários anos, bailados tais como Xigubo, N’ganda, Timbila, Nyau, entre outros, cujo objectivo é preservar a cultura e a história do povo. Mas a capoeira, que persiste desde o século passado como manifestação artístico-cultural dos negros africanos, desenvolvida na América Latina, concretamente no Brasil, no nosso país “é ainda considerada uma arte de maldição”.

No pretérito domingo, 03 de Agosto corrente, comemorou-se no mundo o Dia Internacional do Capoeirista. Para celebrar a efeméride, ainda marcada por preconceitos a que essa classe de artistas é sujeita, vários grupos de Maputo e Matola juntaram-se, no Centro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM), para manifestarem os seus sentimentos.

Trata-se de Ginga de Maputo, Mando de Palmares, Mar Azul, Angola Palmares, Legião Capoeira, Noite de Luar, Quintal dos Palmares, Abaete e Arte Viva. Em declarações ao @Verdade, os capoeiristas manifestaram a sua indignação relativamente à suposta marginalização da arte que praticam. Para eles, “a sociedade moçambicana não valoriza os seus princípios. A capoeira é um veículo da salvação e salvaguarda da história da nossa liberdade. É a nossa cultura”.

Melquisedeque Sacramento Santos é contramestre de capoeira do grupo Arte Viva, desde o ano de 2010. Ele é natural da Baía, no Brasil, e reside em Moçambique desde 1999, tempo suficiente, segundo conta, para afirmar que “fazer a capoeira em Moçambique é uma batalha”.

Recorrendo à experiência que adquiriu na sua terra natal, Sacramento Santos refere que ao contrário do que acontece no seu país de origem – onde surgiu a técnica de uma das artes marciais – em Moçambique a experiência é completamente diferente: "Quando saí do meu Estado pensei que em qualquer canto do mundo seria possível desenvolver o bailado tal como eu vinha fazendo. Mas realizar esta actividade é uma grande batalha porque as pessoas ainda não assumiram a arte”.

“Temos que lutar contra certos paradigmas. As pessoas devem deixar de pensar que o facto de a capoeira ter surgido no Brasil, automaticamente leva o rótulo brasileiro. Que haja mais investigações sobre a origem desta arte”, afirma o contramestre.

Uma das posições defendidas em relação ao estágio actual e o rumo que a capoeira está a seguir na sociedade moçambicana, foi a questão de divulgar a origem e a história das danças que contribuíram para a libertação dos moçambicanos, em particular, e dos africanos, em geral.

Para além da pedagogia, foi fortalecida a questão de o baile ser igualmente incorporado nas vastas manifestações culturais existentes em Moçambique. “No Brasil, por exemplo, a ‘capoeiragem’ é reconhecida como património histórico o que já dignifica todo o trabalho deixado pelos antecessores mestres e pelos que continuam a abraçar esta arte, consideravelmente, afro-brasileira”, disse Sacramento Santos.

Todavia, apesar desta insatisfação, em alguns países como Angola, a capoeira parece que já é valorizada como uma manifestação cultural e considerada uma das formas sublimes de expressar sentimentos e com um contributo incomensurável na formação moral e cívica de jovens.

Ainda sobre este assunto, os gémeos instrumentistas (tocam batuque) moçambicanos, Elias Manhiça e Augusto Manhiça, actuaram nas celebrações do Dia Internacional do Capoeirista. Eles acreditam que a cultura de um povo é marcada por histórias e faz parte de uma herança que atravessou várias gerações. Segundo os entrevistados, pese embora a capoeira seja marginalizada, se for difundida regularmente, pode enraizar-se na sociedade.

“Eu creio que tudo quanto tem uma certa persistência acaba por ser aceite. Com esta iniciativa do contramestre Sacramento Santos, em colaboração com outros instrutores, embora com alguma estranheza, as pessoas têm a consciência do que ela (a capoeira) representa para os africanos”, disse Elias Manhiça.

Por sua vez, Augusto Manhiça lamenta a rejeição da arte em alusão e defende que a mesma constitui uma manifestação simbólica para toda a comunidade africana e brasileira. “Sou apologista de que cada expressão cultural tem o seu contexto. E a capoeira não é excepção. Quando se fala de escravatura recorre-se sempre a negros por serem as figuras conhecidas que levaram chicotadas no passado". Mas para a sua salvação, houve intervenção diversificada de capoeristas.

O nosso interlocutor disse ainda que a aprovação de qualquer manifestação artístico-cultural como património de um país devia ter em conta, em primeiro lugar, as demostrações que contribuíram para a libertação dos povos oprimidos no passado e que actualmente os dignificam. A capoeira é exemplo disso. Deste modo, continua a ser bastante poderosa para a animação, o entretenimento e a formação humana.

Sobre a capoeira

A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era subjugado por Portugal. Daquele território da América Latina saía a mão-de-obra, ou seja, escravos (negros) para as fazendas com vista a produzir açúcar para alimentar e economia da metrópole. Baseada em danças tradicionais e rituais tipicamente africanos, os escravos praticavam a capoeira nos intervalos do trabalho, treinando, quer o corpo, quer a mente para situações de combate.

Apesar de a prática de qualquer género de arte marcial desta natureza ter sido impedida terminantemente pelos seus "donos" (opressores), a capoeira, como uma forma de manifestação artístico-cultural, continuou mas encoberta pelos seus praticantes e por todos aqueles que a apreciam como se de dança recreativa se tratasse.

No entanto, foi no século XVII que alguns escravos fugiram das casas dos senhores para formarem "quilombos" (territórios escondidos e governados por escravos), onde aperfeiçoaram aquela arte. Em 1888, foi abolida a escravatura no Brasil.

Ainda assim, a capoeira permanecia proibida. Contudo, continuava a ser praticada pela população mais pobre, dando origem a perseguições e condenações, numa tentativa, quase bem-sucedida, de erradicar a capoeira das ruas brasileiras. Lamentavelmente, a capoeira continua sem espaço em alguns países africanos.

Verdade (mz)


QUEM É O RESPONSÁVEL PELAS CATÁSTROFES NO ORIENTE MÉDIO?



Bill Van Auken

“Os Estados Unidos da América não são os responsáveis pelo que está acontecendo na Líbia, assim como não são os responsáveis pelo que está acontecendo no Iraque hoje em dia,” declarou o Secretário do Estado John Kerry, na conferência de imprensa em Cairo a qual teve lugar no meio do seu giro na região, devido as mais recentes crises no Oriente Médio. Enquanto Kerry falava, o Estado Islâmico do Iraque e Síria (ISIS), e uma insurgência sunita em crescendo, estavam consolidando o seu apossar do norte e do oeste do Iraque, incluindo-se aqui as fronteiras com a Síria e a Jordânia. Mais do que um milhão de iraquianos foram deslocados por causa dos combates se desenvolvendo, enquanto milhares foram mortos durante o aumentar das carnificinas sectárias.

A Líbia está num estado de completo colapso, com contínuos combates entre milícias rivais, com um governo que só existe no papel, com a produção do petróleo tendo sido abaixada de pelo menos 80% , e com mais de um milhão de pessoas terem sido obrigadas a fugir da violência no país. Muitos milhares de pessoas também foram encarceradas numa rede de prisões dirigidas por grupos armados que praticam o uso sistemático da tortura.

A declaração de Kerry simplesmente fez oficial o contínuo trombetar dos dirigentes políticos, e da mídia, desde que a situação no Iraque se tornou num completo debacle: “A responsabilidade não é dos Estados Unidos.”

O comentário do colunista do New York Times Nicholas Kristof foi típico. Ele é um dos imperialistas dos “direitos humanos” o qual foi um eloquente proponente da invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003. Ele escreveu então que: “O debacle no Irã não é culpa do Presidente Obama. Esse debacle não é culpa dos Republicanos... Esse debacle é esmagadoramente culpa do primeiro ministro do Iraque, Nuri Kamal al-Maliki.”

Maliki, o bode expiatório, colocado no poder e lá mantido pela ocupação dos Estados Unidos no Iraque, é acusado como sendo o culpado absoluto.

Thomas Friedman, colunista do Times para negócios estrangeiros, escreveu no domingo que Maliki era um “arsonista” e que “no minuto em que América tinha saído do Iraque,” ele deliberadamente tinha iniciado desquartejamentos e mutilações de pessoas. Esse é o mesmo Friedman que em 2003 tinha declarado que os Estados Unidos tinham invadido o Iraque “porque nós podíamos” falando, com orgulho, que as tropas americanas iam de casa em casa, dando ordens aos iraquianos tais como “chupem isso aqui,” e declarando então também, que ele “não tinha problemas com uma guerra pelo petróleo.”

Ouvindo o coro das declarações insistindo que os Estados Unidos não tem responsabilidade quanto o aprofundamento da tragédia infligida ao povo do Iraque e da Líbia, não há nada que chegue a mente tanto quanto os nazistas criminosos em Nuremberg, indo de Göring e descendo na hierarquia, com cada um deles se levantando frente ao tribunal para declarar a si mesmos como “ não culpados.”

Quais são os crimes para os quais Kerry, e tantos outros da classe dirigente em Washington, insistem quanto a não terem responsabilidades em relação aos mesmos?

A expressão que eles usaram para descrever suas próprias ações na ocasião foi a de “chocar e aterrorizar”. Isso sendo então o deslanchar de uma colossal força destrutiva sobre uma sociedade já destroçada por décadas de sadísticas sanções dos Estados Unidos, além das mortes e assassinatos de centenas de milhares de pessoas, e de milhões de deslocados e refugiados. A ocupação dos Estados Unidos destruiu toda e cada uma das instituições da sociedade iraquiana, enquanto Washington deliberadamente provocava divisões sectárias como meio de vencer o nacionalismo iraquiano. O deposto representante do governo, Saddam Hussein, foi julgado numa corte marcial, e executado sem cerimônias.

Tudo isso foi justificado através de avisos e prevenções a respeito de uma iminente ameaça de “armas de destruição maciça”, WMD, assim como relações entre Bagdá e Al Qaeda. Como todo o mundo hoje em dia já sabe, tudo isso era pura mentira.

Lá não havia nenhum WMD, da mesma maneira que lá hão havia nenhuma significante Al Qaeda até que o imperialismo dos Estados Unidos tivesse derrubado o governo do país, e rasgado em pedaços o tecido da sua sociedade. Em verdade, na região não havia absolutamente nenhuma Al Qaeda antes de Washington ter incitado um sangrenta guerra através de extremistas islâmicos, da ala de direita, no Afeganistão, nos anos oitenta.

Na Líbia e agora na Síria, a administração de Obama abandonou o pretexto da “guerra ao terrorismo” por um outro igualmente cínico e fraudulento como justificação para derrubada de governos : “direitos humanos.” Na Líbia, os Estados Unidos e a OTAN bombardearam o país de maneira pesada e excessiva, enquanto ao mesmo tempo organizando e armando milícias dirigidas por islamistas numa guerra sectária que destruiu todas as existentes estruturas sociais e governamentais do país. Como no Iraque eles, os Estados Unidos e a OTAN, acabaram a sua guerra com o brutal assassinato do secular líder do país, no caso da Líbia então, Moamar Kaddafi.

Washington está agora de maneira similar mantendo uma guerra para a derrubada do governo da Síria, dando apoio aos islamistas sunitas, e as milícias sectárias que são dirigidas pelo ISIS, a mesma força que invadiu grande parte do Iraque. Os Estados Unidos provavelmente esperam terminar essa guerra com o assassinato de um terceiro chefe de estado secular, Bashar al-Assad.

Justamente na semana passada Obama propôs o encaminhar de $ 500 milhões de dólares em armas para os “rebeldes” - armamentos que todo o mundo sabe irão acabar nas mãos do ISIS, organização essa a qual os Estados Unidos supostamente estaria tentando derrotar no Iraque.

Enquanto as ações deceptivas, e as contradições, da política de Washington tornam-se cada vez mais notórias, os oficiais dos Estados Unidos simplesmente agem como se o povo americano nada pudesse perceber, ou que iriam acreditar em tudo o que lhes fosse dito. Tem-se como fato que muito provavelmente eles não iriam ver ou fazer uma ligação entre os fatos, percebendo que $ 500 milhões de dólares podem ser imediatamente levantados para que se pague uma guerra criminosa, enquanto os dirigentes continuam a lhes dizer que aqui “não há dinheiro” para a saúde, educação, habitação, ou trabalho.

A destruição que os oligarcas dos Estados Unidos levaram ao Oriente Médio, com todas as suas terríveis consequências humanas, é uma manifestação externa do papel destrutivo dela dentro do próprio Estados Unidos, onde ela despedaçou a base produtiva da manufatura tornando a economia num casino para parasitas financeiros enquanto destruindo empregos e o nível de vida para milhões de pessoas. Sem respostas para o desenvolvimento da crise nacional eles se voltam para a violência no estrangeiro, só aumentando a catástrofe que já tinham lá criado.

Os “não responsáveis” e “não culpados” indo de Kerry, Friedman e os outros defensores e apologistas para a agressão militar americana, não vão conseguir limpar a sujeira. O imperialismo americano é o responsável por esses e outros terríveis crimes contra a humanidade.

Entretanto, ninguém nos Estados Unidos foi colocado a prestar contas. Não aqueles em Washington - Bush, Cheney, Rumsfeld, Rice, Powel, e outros, que conspiraram para deslanchar uma guerra de agressão. Ninguém na actual administração, indo de Obama até o final da linha hierárquica, os quais conspiraram para proteger seus predecessores e continuar as políticas predatórias dos mesmos foi perguntado quanto a sua responsabilidade. Também nenhum militar implementando a guerra foi colocado aqui a prestar contas, e nem tão pouco os empreiteiros particulares que se enriqueceram pela mesma. Finalmente tem-se nessa lista os acadêmicos, conformistas e covardes, que a justificaram e aceitaram.

Conjuntamente eles são todos responsáveis pelas catástrofes que infligiram e continuam infligindo o povo do Iraque, da Líbia, assim também como da Síria,

WSWS - Traduzido por Anna Malm, artigospoliticos.wordpress.com, para Mondialisation.ca

Objetivo da independência é acesso à saúde, educação e comida -- PR de Timor-Leste




Díli, 13 ago (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste afirmou que o objetivo da independência é garantir o acesso à educação, saúde, e comida, e pediu às pessoas para colaborarem com as autoridades, refere em comunicado hoje divulgado a Presidência timorense.

"O povo é a força do Estado. A independência não foi o último objetivo, mas é a ponte para o bem-estar. Para tal é necessário cooperar com as autoridades de suco, o governo e o Estado. O verdadeiro objetivo da independência é garantir a saúde das nossas crianças, o acesso à educação, água, eletricidade e comida", afirmou o Presidente, Taur Matan Ruak, citado no comunicado.

O Presidente Taur Matan Ruak falava durante um diálogo com as comunidades de Dare e Balibar, no distrito de Díli.

O chefe de Estado timorense iniciou segunda-feira mais uma visita aos distritos do país, passando por Díli, Ainaro, Aileu e Manufahi.

Segundo o comunicado da Presidência timorense, as comunidades explicaram ao Presidente que as suas principais dificuldades são a falta de água, as condições das estradas e a falta de pagamento dos subsídios a alguns idosos e veteranos.

MSE // FV - Lusa

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