sábado, 25 de abril de 2015

Portugal. TODAS AS GERAÇÕES DE CRAVO NA MÃO PELOS VALORES DE ABRIL




Milhares de pessoas desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para comemorar o 41º aniversário do 25 de Abril. De cravo na mão, todas as gerações - avós, pais, filhos, netos - clamaram pelos valores de Abril.

"Pela democracia, pela liberdade, pela solidariedade, pela liberdade de expressão", ouvia-se, ao mesmo tempo que no ar ecoava o pregão "olha ó cravo liiiiindo".

E de cravo na lapela, Álvaro Faria, 68 anos, contou que votou para a Assembleia Constituinte em 1975, as primeiras eleições livres com sufrágio universal realizadas no país. Não teve reticências quando disse que nesse dia recuperou "a sensação de dignidade pessoal e coletiva". Hoje "os princípios de Abril estão muito ameaçados", lamentou.

Ameaçados com o desemprego, com a precariedade, com um Estado Social cada vez mais débil, com a emigração dos mais jovens, disse a voz do povo, canto sim, canto não, avenida abaixo. Disse a voz de Inês Sousa, de 26 anos, que emigrará no final do ano, "se até lá não conseguir emprego". Esta licenciada em engenharia civil garante que vê "o país a regredir" e que "é preciso lutar contra isso e devolver a dignidade às pessoas".

Dignidade "retirada também aos que trabalham", indignou-se Sofia Carvalho. A professora de 43 anos não teve pejo em afirmar que "a escola pública está a ser arruinada" e que "os que nos governam nunca tiveram os valores de Abril".

Mais à frente, Pedro Costa, com 43 anos também, lamentava o facto de estar sozinho, sem a esposa, a descer a avenida. A sua mulher "foi para fora", porque sendo investigadora, "não conseguiu trabalho em Portugal".

Um Portugal que foi este sábado à rua dizer de sua Justiça. E não faltaram as crianças. João, 10 anos, sabia na ponta da língua o que foi o 25 de Abril de 1974. "Foi uma revolução que acabou com uma ditadura. As pessoas viviam pior; as crianças, por exemplo, não podiam ir à escola e agora vão". E isso é uma coisa boa? "Sim, claro". Simples assim. Simples como a música de Sérgio Godinho, que também foi entoada: "Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação".

No meio do povo, Sampaio da Nóvoa, candidato presidencial que se apresenta oficialmente na próxima quarta-feira, passava discreto. Testa assim "se Portugal está preparado para uma candidatura que nasce fora de um partido".

Leonor Paiva Watson – Jornal de Notícias foto Mário Cruz/Lusa


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Portugal – Eleições. Passos Coelho e Paulo Portas confirmam coligação nas legislativas




Líderes de PSD e CDS-PP anunciaram campanha conjunta. Quatro anos depois, renova-se a coligação formada logo após as últimas eleições para a Assembleia da República.

Uma semana depois de Passos Coelho ter dito no Conselho Nacional que ainda era cedo para discutir o assunto, surge a confirmação oficial.

“Defenderemos nos órgãos nacionais dos nossos partidos que o interesse de Portugal é realizar uma aliança”, confirmou Paulo Portas em declaração conjunta com Passos Coelho.

O líder do CDS garante que “o plano do PSD e do CDS é viável e deixa uma promessa quanto à sobretaxa do IRS: “Pode ser eliminada, deve ser eliminada e vai ser eliminada”.

“É mais seguro entregar o país a partidos que estão mais próximos da economia do país e sabem desenvolvê-la ou devolver o governo do país a quem o entregou à troika?”, pergunta Paulo Portas.

Pedro Passos Coelho garante que “nunca antes em Portugal que trouxesse tanta estabilidade e tanta confiança no país”. Para o primeiro-ministro, “esta aliança é forte porque tem um trabalho já feito para mostrar aos portugueses”.

Confirmam-se assim os rumores que davam conta de uma inevitável campanha conjunta de PSD e CDS-PP. O jornal Expresso tinha adiantado na edição online de ontem que a coligação já estava fechada.

Paulo Portas adiou mesmo uma viagem a Nova Iorque para que o acordo pudesse ser confirmado já hoje.

Notícias ao Minuto

Moçambique. SEM (MAIS) DIAS DE GRAÇA



Verdade (mz) - Editorial

Senhor Presidente Filipe Nyusi, agora, que já detém todos os poderes, é certo que o propalado bem-estar do povo e o futuro risonho das crianças vai passar do papel e dos discursos à realidade. Todavia, sabemos que essas promessas levam tempo para acontecerem.

Passados 100 dias, desde que tomou posse, as suas atitudes começam a recordarem-nos o seu antecessor. É muito pouco tempo mas algumas dúvidas em torno das suas promessas de governação já tomam conta de nós.

As incursões do nosso Presidente nos negócios são publicamente desconhecidos. O Senhor já apresentou a sua declaração de património? Existe uma Lei de Probidade Pública, que, a par de demais leis, o Senhor prometeu ao povo, o seu patrão, respeitar e fazer respeitar.

Já o vemos a voar de helicópteros para visitar o povo, o que não é mau. Contudo, aproveitar-se dos meios do Estado para nas suas Presidências Abertas para participar em encontros do seu partido é desgastante. Os nossos recursos não podem, de forma nenhuma, custear as suas deslocações para tratar assuntos do partido.

Por um lado, o Senhor tem mostrado e reafirmado o seu compromisso com a paz. Mas, por outro, não percebemos por que motivos no primeiro orçamento do seu governo, as Forças Armadas vão receber um bolo três vezes maior que o destinado à Saúde e dez vezes maior que o da Educação!

Teremos mais soldados que os médicos e os professores? Ou será que os militares vão ganhar muito mais do que aqueles que devem salvar a vida dos seus patrões, o povo? Será o prioritário é investir no Exército e não valorizar e motivar os professores?

O Senhor Presidente afirmou que iria apostar na formação e no desenvolvimento do capital humano, o que chamou de “principal activo nacional”. Porém, dá-se uma fatia maior, do bolo orçamental, à polícia “secreta” em vez de dignificar os nossos professores.
As suas intenções de inclusão, olhando para o seu plano quinquenal, senhor Presidente, não passam do que acima dissemos: os empregos dignos continuarão a faltar, a ligação do país continuará a ser apenas pela única estrada que conhecemos, continuará a faltar habitação e transporte digno nas zonas urbanas, a energia continuará a não iluminar a todos e a maioria dos moçambicanos vai continuar a não ter água potável!

Se o dinheiro não chega é preciso rever as más opções económicas que foram feitas e não mantê-las como pretende dar a entender. A ser verdade que encontrou os cofres do país vazios, os responsáveis por isso não são desconhecidos.

Ou será que lhe falta coragem para fazer mudanças que realmente melhorem a vida do seu patrão, o povo?

África do Sul. MARCHA NAS RUAS CONTRA A XENOFOBIA




Milhares de pessoas desfilaram no centro de Joanesburgo contra o recrudescimento da violência xenófoba na África do Sul, principalmente nas províncias de Gauteng e do Kwazulu Natal.

Os ataques violentos contra lojas e estabelecimentos comerciais dos bairros da capital e estrangeiros causaram até ontem sete mortos e milhares de deslocados.

O governador provincial de Gauteng, David Makhura, o líder sindical Zwelinzima Vavi e o administrador municipal de Joanesburgo, Parc Tau, juntaram-se à manifestação de protesto que percorreu o subúrbio de Hillbrow habitado por milhares de estrangeiros. 

O Presidente da República sul-africana, que endereçou mensagens de condolências às famílias das vítimas, prometeu que o Governo vai erradicar a xenofobia no país. 

Jacob Zuma anunciou o envio de ministros e de outros representantes do Governo central a todos os países africanos numa tentativa de atenuar as consequências da violência xenófoba. Em Addis Abeba também se realizou uma manifestação de protesto contra a onda de xenofobia na África do Sul e o assassinato na Líbia de cristãos etíopes  pelo grupo extremista Estado Islâmico. O consulado sul-africano em Lagos, Nigéria, foi obrigado a encerrar na sequência de manifestações contra a xenofobia. 

O Ministério nigeriano dos Negócios Estrangeiros convocou o embaixador da África do Sul a quem exprimiu a reprovação do Governo das manifestações xenófobas.

Jornal de Angola

AFROFOBIA VERSUS PANAFRICANISMO



José Eduardo Agualusa – Rede Angola, opinião

Enquanto escrevo esta crónica, prosseguem na África do Sul os ataques contra imigrantes africanos. Estes ataques não constituem, infelizmente, algo novo na história do país. Todos recordamos ainda os terríveis eventos de 2008, quando multidões em fúria expulsaram de suas casas, nos subúrbios pobres de Joanesburgo e de outras cidades sul-africanas, mais de 25 mil imigrantes, na sua maioria congoleses. 42 foram assassinados.

O que se está a passar envergonha a África do Sul. Envergonha África. Envergonha a humanidade inteira.

Por incrível que pareça o actual surto de xenofobia vem sendo encorajado por importantes dirigentes políticos. O rei zulo, Goodwill Zwelithini aconselhou os imigrantes a fazerem as malas. Edward Zuma, filho do presidente sul-africano, Jacob Zuma, acusou os estrangeiros de se estarem a preparar para tomar o controlo do país. Uma acusação absurda, que levantou um coro de protestos. Zuma, porém, insistiu na sua posição.

Muitos analistas atribuem os actuais levantamentos xenófobos à elevada taxa de desemprego, que aflige quase um quarto da população activa, bem como ao facto do comércio informal e do pequeno comércio empregarem cada vez mais estrangeiros, criando a percepção de que estes estariam a “roubar” emprego aos cidadãos nacionais. A verdade é que a maioria dos estrangeiros trabalham para sul-africanos, ganhando salários que nenhum cidadão nacional aceita receber. O trabalho dos imigrantes enriquece muitos sul-africanos, fortalece empresas, e, deste modo, multipica empregos. A imigração tende, portanto, a criar mais empregos, não a acabar com eles.

É um paradoxo cruel que um país que permaneceu durante décadas sequestrado do resto de África pelo estúpido regime do apartheid, expulse violentamente essa mesma África depois de retornar a ela. A situação torna-se ainda mais estranha, e mais inaceitável, se pensarmos que a África do Sul tem vindo a ser  governada, desde 1994, por um movimento, o ANC, que teve centenas dos seus dirigentes exilados em países africanos.

O aumento da xenofobia tem na África do Sul, como em toda a parte, uma relação directa com o apelo nacionalista. O destino do nacionalismo é a xenofobia. O nacionalismo começa por ser um erguer de muros, uma exaltação do próprio por oposição ao outro, uma euforia de autocontemplação e autocomprazimento, e vai depois crescendo e degradando-se até se transformar em xenofobia. No princípio somos nós por oposição aos outros. No fim somos nós contra os outros.

A cura para a xenofobia passa por resgatar os velhos ideais do panafricanismo, defendidos por homens com a estatura de um Amílcar Cabral ou de um Mário Pinto de Andrade, que sendo angolano foi Ministro da Cultura da Guiné-Bissau. Temos de pensar (e de nos pensar) primeiro como africanos e só depois como angolanos. Não faz sentido que protestemos contra a eventual perseguição a cidadãos angolanos, na África do Sul, e depois nos regozijemos com a expulsão de pobres imigrantes congoleses ou malianos de Angola. Eu sonho com uma África sem fronteiras. 


África do Sul. ONG exigem ação de tribunais internacionais contra xenofonia




Três organizações da sociedade civil moçambicana exigiram hoje, durante uma marcha de protesto em Maputo contra a violência xenófoba na África do Sul, a responsabilização dos autores da crise no país vizinho em tribunais internacionais.

"Nós não vamos parar por aqui, isto é o princípio. Os tribunais Africano [dos Direitos Humanos e dos Povos] e [Penal] Internacional devem saber disso, como forma de responsabilizarmos os promotores da xenofobia. Isto não pode ficar assim", disse a presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, Alice Mabota, reclamando acusações contra o Governo sul-africano, o rei zulu, Goodwill Zwelithini, e Edward Zuma, filho do Presidente do país vizinho.

Centenas de pessoas marcharam hoje em Maputo contra a onda de violência xenófoba na África do Sul, numa manifestação que culminou na Embaixada sul-africana.

Além de uma carta dirigida ao presidente sul-africano, os promotores do protesto vão apresentar outras duas, uma destinada ao presidente da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), Robert Mugabe, e outra ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, expressando o seu "total repúdio" e exigindo que as vítimas sejam indemnizadas.

"Nós trazemos para esta marcha um sentimento de repúdio e indignação coletiva. Estamos a emitir uma mensagem para as autoridades sul-africanas, exigindo atitudes. Os sul-africanos precisam perceber que esta é uma relação de interdependência e não dependência", disse à Lusa o presidente do Parlamento Juvenil, Salomão Muchanga, que organizou o protesto, em conjunto com a Liga dos Direitos Humanos e a Solidariedade Islâmica.

Empenhando cartazes com mensagens de repúdio à xenofobia - "[Jacob] Zuma, nós te servimos. Esqueceste?", "Abaixo a Xenofobia" e "Exigimos Justiça" - os manifestantes gritavam freses de exaltação à união entre africanos e entoavam o hino nacional moçambicano, marchando sob forte escolta policial.

Encabeçando a marcha e empunhado um cartaz com a mensagem "Stop Xenofobia", Belmiro Manhiça, uma das vítimas da violência xenófoba, recentemente repatriado, contou à Lusa o momento "bárbaro" que viveu num dos subúrbios sul-africanos.

"Eles atacaram na calada da noite e queriam matar-nos. Queimaram casas, vandalizaram bens e mataram pessoas da forma mais desumana. Hoje queremos que a justiça seja feita", afirmou.

A marcha contou com presença de algumas personalidades políticas moçambicanas, que acusaram as autoridades sul-africanas de inoperância.

"Estamos com todas as vítimas destes atos. Condenamos veemente a posição do Governo sul-africano, eles são obrigados a garantir a segurança das pessoas que estão lá", disse à Lusa o antigo ministro da Saúde moçambicano Ivo Garrido.

Por sua vez, António Muchanga, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo ), maior partido de oposição, considera que a atuação dos dois Governos foi "vergonhosa e lamentável".

"A dimensão deste problema exigia, por exemplo, que o ministro dos Negócios e Cooperação fosse para lá para perceber o que estava a acontecer exatamente e eles mandaram um vice-ministro qualquer", declarou à Lusa.

No passado sábado, uma manifestação também contra a xenofobia na África do Sul e com o mesmo destino, foi igualmente promovida por ativistas da sociedade civil, tendo reunido apenas cerca de cem pessoas, num protesto não autorizado pelo Conselho Municipal de Maputo.

Para fugir da pobreza em Moçambique, a população, principalmente a mais jovem das zonas rurais do sul do país, emigra ilegalmente para a África do Sul, à procura de melhores condições de vida no país vizinho e uma das economias mais avançadas de África.

A vaga de violência teve início após declarações atribuídas ao rei zulu, Goodwill Zwelithini, convidando os estrangeiros a fazer as malas e a partir e que o próprio disse entretanto, no auge da crise, ter sido mal interpretado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Angola. REGIME REEDITA CHACINAS



Folha 8 (ao) Digital – 25 abril 2015

O país acor­dou em estado de choque com a no­tícia sobre a morte de sete agentes da Polícia Nacional e dois em estado grave, que viriam a falecer dois dias depois. As mor­tes teriam sido causadas por uma “seita religiosa”, capitaneada por Kalupe­teka, que arrastava as pes­soas para as matas, privan­do também as crianças da escola.

Imediatamente a propa­ganda do regime colocou uma versão, a sua, não dando margem a outras. E, para multiplicar essa tese, usou e abusou do facto de dominar muitos dos areópagos políticos interna­cionais, como é o caso do Conselho de Segurança da ONU.O que ocorreu afinal?Kalupeteka é o novo líder carismático do país, que sem uma máquina de propaganda mobiliza milhares que, despojados e humilhados de tudo, viram em Kalupeteka a esperança de os conduzir para uma forma de vida participativa, em que to­dos ajudam todos.

Nessa organização não era preciso a legalização, pois eles querem apenas professar a fé e deixaram a vida das cidades e vilas, onde não há emprego, não há comercialização dos seus produtos, para expe­rimentar outra vida; a es­piritual.

Seguiram alguém que não lhes pedia nada em troca, apenas que comungassem a fé e acreditassem nas es­crituras.

Mas o crescimento expo­nencial de Kalupeteka co­meçou a meter medo ao regime, pois hoje, já são cerca de um milhão e 200 mil espalhados pelo país. A verdade é que nunca ne­nhum fiel do Kalupeteka foi agredir um polícia ou andar em sentido contrá­rio à lei.

Os polícias foram ao local de culto deste, numa zona que era inóspita e pas­sou a ser uma nova terra de crença e, ao invés de tentar falar com o pastor, pura e simplesmente ten­taram algemá-lo estando este em pleno culto e no meio dos seus fiéis.

Esta actuação musculada e despreparo da Polícia Nacional esteve na base da subida dos ânimos dos fiéis que tudo foram fa­zendo para defesa do seu líder e foi nesse confronto que ocorreram as mortes, sempre lamentáveis, dos agentes da ordem.

No caso concreto, não desculpando as perdas de vidas humanas, não se pode escamotear que a Polícia actuou como agen­te de provocação.

Triste é que logo depois, em retaliação, começou uma verdadeira chacina e caça ao homem. Todos os fiéis assistiram em seguida a uma verdadeira batalha em que a Polícia de Inter­venção Rápida chegou e sem querer saber quem estava, começou a dispa­rar, matando só no primei­ro dia, 250 pessoas. Muitos que foram fugindo para as montanhas foram perse­guidos até à morte.

Os fiéis em nenhum mo­mento estavam munidos de armas, tanto que ne­nhum polícia morreu al­vejado por balas, mas sim com arma brancas, como rezaram as autópsias.

Kalupeteka não matou nem mandou matar nin­guém e foi provocado no seu templo quando a Constituição do país, que também é o seu, diz res­peitar a crença religiosa.

A Igreja Universal do Rei­no de Deus (IURD) que com publicidade engano­sa, prática de burla e de­fraudação e os seus bispos a fazerem publicidade na televisão, rádios e jornais, o chamado dia da Virada do Fim, provocou a morte a mais de uma dezena de pessoas, não viu expedi­to nenhum mandado de captura, nem ordem de prisão.

E não podiam pois tem a sua televisão ao serviço do regime e ao invés de pena­lização foram premiados, sendo que as outras igre­jas, que não tiveram nada a ver com o caso, é que foram suspensas, como a Igreja Mundial, por alega­da ordem de Edir Macedo da IURD, em função dos acordos secretos com o MPLA.

Ora, não se desculpando, a verdade é que morte é morte e não podem umas serem mais do que outras. Será que não vale a vida de quem morreu na cam­panha da IURD e só os por acção provocadora de agentes da Polícia contra a sede de Kalupeteka.

Neste momento existe um clima de terror no Huam­bo e perseguição impie­dosa aos Kalupetekas e a politica de intimidação e perseguição para aterrori­zar as pessoas prossegue.

O F8 está no local, na zona do Mbave, e sente no ar o cheiro da pólvora e dos cordões policiais.

Quanto às declarações do secretário de Estado do Interior de que os ho­mens da seita teriam sido encontrados com armas, é a mais pura mentira e ir­responsabilidade, pois um oficial da Polícia disse não terem encontrado nenhu­ma arma nem material de propaganda política, pois se assim fosse, os agentes teriam morrido com balas e não com armas brancas.

O F8 não quer avançar cifras definitivas, porque continua no terreno a ob­ter informações, mas se­guramente pode avaliar em cerca de 359 as vítimas já confirmadas e enterra­das em valas comuns, sem qualquer ritual.

O grave é que Kalupeteka continua a ser espancado, ainda não falou, está alge­mado e muitos dos seus fiéis em várias sanzalas estão a fugir para as ma­tas face a esta política de terror, que visa dissuadir as pessoas a aderir a con­testações de massas e com isso haver incidência nas eleições.

O regime parece, com es­tas chacinas, querer ree­ditar o 27 de Maio, numa altura que o chão lhe co­meça a fugir e as popula­ções estão descrentes nas suas políticas de má ges­tão.


ANGOLA ESTÁ CONTRA TODO O RADICALISMO




Angola defendeu no Conselho de Segurança das Nações Unidas a promoção do diálogo entre governos, organizações internacionais e movimentos juvenis, a propagação dos princípios democráticos no combate ao radicalismo e extremismo violento.

Esta posição foi manifestada pelo secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, quando discursava, em Nova Iorque, no debate aberto do Conselho de Segurança sobre a “Manutenção da Paz e a Segurança Internacional: o Papel dos Jovens na Luta contra o Extremismo Violento e na Promoção da Paz”.

O secretário de Estado está preocupado com o que considerou “alarmante aumento de homens e mulheres jovens, muitos deles bem criados e educados, que se juntam a grupos terroristas”. Manuel Augusto defende que este fenómeno e a crescente influência das redes terroristas devem servir de alerta para a comunidade internacional sobre a necessidade da identificação das causas deste problema e tratá-lo de forma eficaz.

Manuel Augusto disse que, embora as razões que levam os jovens ao radicalismo variem, existem alguns traços comuns, como a crise de identidade, exclusão, desinformação e a discrepância entre as expectativas e a realidade, factores que os jovens podem explorar independentemente da localização geográfica ou condição social. “Durante esta fase da vida, os homens e as mulheres jovens são rebeldes, tendem a descarregar a sua frustração na comunidade, e são vulneráveis à propaganda extremista e violenta em redes virtuais, em clubes de jovens ou locais de culto”, disse Manuel Augusto, que esteve no encontro acompanhado pelo representante permanente de Angola junto da ONU, embaixador Ismael Gaspar Martins. Manuel Augusto afirmou que a evolução tecnológica e a rápida disseminação da informação tem proporcionado uma maior consciência entre os jovens sobre acontecimentos políticos em todo o Mundo, alertando que o intervencionismo político e militar pode gerar ressentimentos e levar a formas de extremismo violento.

Neste contexto, defendeu a interacção entre as comunidades locais e os jovens, fornecendo saídas positivas para a situação através do desporto, das artes ou de outros programas que proporcionem um ambiente seguro e acolhedor, defendendo também uma mudança da visão política e estratégica do Mundo, para que povos e países sejam tratados de igual forma, além de políticas que contribuam para acabar com as tensões e humilhações dos povos. “É necessário encontrar maneiras de lidar com essas questões críticas, abordando as necessidades fundamentais, materiais e espirituais dos jovens, promovendo a sua inclusão política, económica e social”, sublinhou. A delegação integrou também o representante permanente adjunto na ONU, embaixador Hélder Lucas, e outros diplomatas. Em relação a Angola, Manuel Augusto disse existirem muitos jovens que participaram activamente ou foram indirectamente afectados pela guerra e que são objecto de preocupação do Governo, que estabeleceu como objectivo central das suas políticas económicas gerar emprego qualificado, competitivo e adequadamente remunerado para os jovens, tendo citado o Plano Nacional de Desenvolvimento, que atribui um papel central à juventude. O Governo criou o Observatório Nacional contra o Terrorismo, com o objectivo principal de monitorar e combater potenciais ameaças.

Jornal de Angola – foto Rogério Tutti

Angola. MÃOS LIVRES INVESTIGA CASO KALUPETECA




Associação quer esclarecer que versão posta a circular está mais próxima da verdade em relação ao confronto entre a polícia e membros da seita religiosa.

A associação Mãos Livres está a fazer uma “investigação independente” aos confrontos que a 16 de Abril envolveram polícias e seguidores da seita religiosa Adventista do Sétimo Dia a Luz do Mundo, no Huambo, face às diferentes versões dos acontecimentos e do número de mortos.

A informação foi avançada ontem à Lusa por Salvador Freire, presidente desta associação cívica que reúne activistas e advogados angolanos, acrescentando que um destes elementos já se prontificou a assegurar a defesa do líder da denominada igreja “A Luz do Mundo”, Julino Kalupeteka, entretanto detido.

Os agentes tentavam na altura executar um mandado de captura do líder desta seita ilegal, quando, na versão das autoridades, foram atingidos a tiro por seguidores de Kalupeteka, provocando a morte de nove polícias. Na resposta, a intervenção policial terá resultado, ainda segundo as autoridades, na morte de 13 seguidores da seita.

Contudo, outras versões dos mesmos incidentes têm sido colocadas a circular nos últimos dias – negadas pela polícia -, nomeadamente dando conta de “centenas de mortos” provocadas por este confronto.

“Faz parte da nossa actividade, enquanto Mãos Livres, fazer o levantamento real de quantas pessoas morreram e em que circunstâncias foram mortas. É preciso que haja uma informação independente, de fontes independentes, mas com confirmação”, disse ontem à Lusa o advogado David Mendes, que lidera a investigação lançada por aquela associação.

Os confrontos deram-se na Serra Sumé, província do Huambo, onde estariam concentrados, num acampamento sem condições, cerca de 4.000 seguidores daquela seita, que advoga o fim do mundo em 2015.

“Já temos dois advogados no terreno e estamos preocupados porque não nos conseguem dizer onde está o senhor Kalupeteka, mas dizem-nos que já não estará no Huambo. Queremos saber onde está e em que condições de detenção se encontra”, acrescentou David Mendes, que já se disponibilizou para assegurar a defesa do líder desta seita.

A seita, que não é reconhecida pelo Estado, é liderada por José Julino Kalupeteka, sendo a mesma conhecida por queimar livros, travar a escolarização e a vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamento sem condições.

Entretanto, também têm sido colocadas a circular imagens que dão conta do líder da seita com vários ferimentos, questionando o real estado de saúde do homem, de 52 anos.

“Tendo em conta a mediatização do facto, presumimos que não esteja detido em condições humanas. Pode estar a ser vítima de tortura, a ser coagido a fazer determinados depoimentos. Pode-se concluir que há uma condenação prévia, face à mediatização. É contra isso que queremos defender o senhor Kalupeteka”, rematou o advogado David Mendes.

Lusa, em Rede Angola

GUINÉ EQUATORIAL QUER REFORÇAR RELAÇÕES ECONÓMICAS COM ANGOLA




Enviado especial do presidente Obiang teve uma audiência com José Eduardo dos Santos

O governo da Guiné Equatorial quer reforçar as relações económicas com Angola, nomeadamente na área da banca e dos serviços financeiros, anunciou quinta-feira, em Luanda, o vice-ministro da Economia, Planeamento e Investimentos Públicos daquele país, Valentin Ela Maye.

O governante, enviado especial do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, falava aos jornalistas no final de uma audiência, no Palácio Presidencial, com José Eduardo dos Santos.

“As relações estão muito bem. Os dois presidentes têm encontros cada vez que têm oportunidade”, disse Valentin Ela Maye, referindo-se às relações entre os dois países africanos, membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Abordamos temas sobre o investimento na Guiné Equatorial, como na banca, serviços financeiros e outras áreas de cooperação. Que podem interessar tanto a Angola como à Guiné Equatorial, como a criação, por exemplo, de zonas económicas exclusivas, para poder aproximar as relações entre os dois países”, rematou.

Angola e Guiné Equatorial, dois importantes produtores de petróleo de África, integram igualmente a área do Golfo da Guiné e mantêm relações de cooperação, entre outros, nos domínios da economia, energia e de segurança.

Lusa, em Rede Angola

São Tomé e Príncipe e Taiwan assinam programa de cooperação bilateral




O Governo são-tomense assinou hoje com Taiwan o programa de cooperação bilateral para 2015, num montante global de mais de 15 milhões de dólares (13,7 milhões de euros).

Trata-se de um programa de ajuda direta ao orçamento que destina 33% do total para o sector da saúde, 31% para as infraestruturas, 20% para a agricultura e o restante para a capacitação dos recursos humanos e o reforço das instituições.

Agostinho Fernandes, ministro da Economia e Cooperação Internacional, que rubricou o documento pela parte são-tomense, disse tratar-se de "um apoio substancial ao orçamento do estado" do país.

"Mais de 10% do orçamento para 2015 advém deste apoio concreto da República de Taiwan. Daí os nossos agradecimentos ao governo e ao povo taiwanês por este gesto de solidariedade", disse o governante durante o ato de assinatura do acordo, que decorreu no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades.

Ainda na sua intervenção, o ministro considerou que a cooperação com Taiwan "tem sido a mais benéfica" para o arquipélago nas mais variadas áreas, particularmente na saúde, de que destacou os "feitos notórios e incontestáveis", tendo sublinhado também os sectores de educação e energia e agricultura como os que também beneficiam da cooperação com Taiwan.

Segundo Agostinho Fernandes, a perspetiva ao governo é evoluir para uma cooperação que não se limita apenas à ajuda ao orçamento, mas que também tenha uma componente empresarial.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Maternidade do leste da Guiné-Bissau foi reabilitada, anunciou União Europeia




A maternidade da principal cidade do leste da Guiné-Bissau vai contar com novas salas e equipamento para "aliviar o sofrimento das mulheres" que recorrem aos serviços de saúde reprodutiva, anunciou a delegação da União Europeia (UE) no país.

"O objetivo deste projeto é contribuir para aliviar o sofrimento das mulheres em relação à saúde sexual e reprodutiva na região de Gabu, apostando numa maternidade sem riscos e no acesso aos serviços sanitários de qualidade", refere a UE, financiadora maioritária, em comunicado.

O investimento vai ser inaugurado na terça-feira.

As melhorias vão abranger "o atendimento das mulheres nas consultas externas durante a gravidez, a fase do parto e o puerpério" e incluem formação dada aos profissionais de saúde nos últimos meses.

De acordo como os mais recentes inquéritos à população, a taxa de mortalidade infantil desceu na Guiné-Bissau, nos últimos anos, mas registou-se um aumento da taxa de mortalidade materna.

Aquela taxa situa-se agora em 900 mortes por dez mil mulheres, segundo os dados recolhidos em 2014 e publicados este mês pelo Instituto Nacional de Estatística guineense e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS 5).

A reabilitação da Maternidade do Hospital Regional de Gabú foi realizada no âmbito do projeto "Reforço das ações de saúde sexual e reprodutiva" naquela região, em parceria com o Ministério da Saúde da Guiné-Bissau.

O investimento ronda 1,1 milhões de euros, cofinanciado a 80% pela UE e a 20% pela ONG italiana Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO), também responsável pela sua execução, em parceria com a ONG ADIC-Nafaia.

No âmbito do mesmo projeto, vai ser apresentado o livro "Mulheres de Gabu. Saúde e Mobilização no Leste da Guiné-Bissau".

O lançamento está marcado para segunda-feira, na Casa dos Direitos, em Bissau.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Ilhas cabo-verdianas foram eleitas entre as 10 melhores em África




As ilhas cabo-verdianas da Boavista, Sal e São Vicente figuram entre as 10 melhores de África, segundo uma eleição feita pelo sítio de promoção turística Trip Advisor, cujo "top ten" não inclui mais nenhuma pertencente aos países africanos lusófonos.

A tabela dos melhores destinos turísticos africanos insulares é liderada pela ilha Maurícia, no seu todo, à frente das de Nosy Be (Madagáscar), Zanzibar (Tanzânia), Praslin (Seychelles) e Boavista, que ocupa o quinto lugar, à frente da do Sal, sétimo, e da de São Vicente, décima.

Tal como Cabo Verde, as Seychelles incluem três lhas no "top ten", com a de La Digue (sexto lugar) e a de Mahe (oitavo), enquanto a de Djerba (Tunísia), obteve a nona posição.

Segundo o Trip Advisor, as ilhas da Boavista e do Sal são considerados como destinos turísticos com popularidade crescente, principalmente devido à beleza das suas extensas praias de areia branca e pelo azul-turquesa das suas águas, que contrastam com a passagem agreste.

A somar estão ainda o "exotismo" das dunas de "Bubista" (Boavista) e as Salinas de Pedras de Lume (Sal), famosas pelos seus banhos "rejuvenescentes", além da Praia de Ponta Preta, também no Sal, cada vez mais procurada por amantes dos desportos náuticos do mundo inteiro.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano indicam que, no quarto trimestre do ano transato, 74,4% dos 8.179 turistas que entraram nos estabelecimentos hoteleiros em Cabo Verde foram para o Sal e Boavista.

A de São Vicente, que teve 6% do total de entradas, destaca-se por ser uma das mais cosmopolitas de Cabo Verde, com uma cidade do Mindelo a ostentar "uma das baías mais belas do mundo", com um centro histórico que evidencia "casas com traços coloniais dignas de contemplação".

Segundo o Trip Advisor, a ilha de Sãso Vicente torna-se ainda mais apetecida pelas noites, "famosas", em que o calor da música e a morabeza das suas gentes é o cartão postal.

A votação, segundo o Trip Advisor, contou com a participação de cerca de 128.000 internautas que escolheram as melhores ilhas a nível mundial para o Traveler's Choice Awards, e por continentes.

A eleição teve também como critério a quantidade e qualidade dos comentários.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Portugal. O NERVOSISMO DA DIREITA FANÁTICA



Isabel Moreira – Expresso, opinião

A direita tem uma proposta: tentar atingir os objetivos que se propôs a atingir, com mentiras, em 2011. E ao mesmo tempo que finge ser sua e não do TC a decisão gloriosa de devolver salários e pensões, anuncia o corte de 600 milhões nas pensões, isto é, aquilo que foi declarado inconstitucional. Numa frase, a direita quer insistir na miséria até 2019.

Agora está nervosa, porque o PS estudou, de facto, o quadro macroeconómico do país real, estudou-o com gente séria, com previsões sérias, com cálculos de margens de erro. O nervosismo é tanto, que a reação da Troika governante e dos seus comentadores de serviço demorou o topete de 5 minutos, com a arma esgotada de sempre, essa frase: - "regresso ao passado". É a direita dos interesses paralisada discursivamente em 2011, quando a mesma e Cavaco, numa intriga organizada, expulsaram o PS de cena porque, dizia-se, "o país não aguenta mais sacrifícios".

Acontece que os cidadãos vão ser chamados a julgar tal imperativo conspirativo, os seus resultados, como o PIB ter recuado mais de 10 anos, o emprego mais de 15 anos e o investimento mais de um quarto de século.

O "aguenta, aguenta" substitutivo do "país não aguenta mais sacrifícios" aconselha a comparar o DEO de 2011 e as previsões atuais do Governo. Só no emprego, a dimensão do falhanço é de 300 mil, para já não falar da dívida, jurada para 102% e agora em mais de 130%. Tudo isto releva não apenas da irresponsabilidade de uma direita fanática, mas da sua total falta de credibilidade.

Como é possível um Governo dizer-se de sucesso e apontar metas para 2019 que ficam aquém das metas que há quatro anos apontava para o ano presente?

É este Governo que tem o descaramento de atacar o PS com palavras vazias.

Ainda nem tinha bem acabado a conferência de imprensa de apresentação do Cenário Macroeconómico e já estava um vice-presidente do PSD (José Matos Correia) a atacar o relatório. Perguntado, reconheceu que não tinha tido oportunidade de ler o documento. Estamos esclarecidos: acham mau porque sim, acham mau mesmo sem lerem. Já sabiam que opinião tinham antes de conhecerem.

Depois, outros dirigentes da Coligação fizeram contas. Primeiro, Cecília Meireles dizia que as medidas que constam do cenário macroeconómico teriam um custo de três mil milhões de euros. Depois, Pires de Lima apresentou uma fatura mais em conta: 2,2 mil milhões. O rigor desta Direita a fazer contas está à vista.

O estudo foi elaborado por uma equipa de 12 economistas reputados, a maioria deles independentes e que nunca poriam em causa a sua credibilidade científica e profissional para fazerem "más contas" para o PS.

Todas as medidas estão quantificadas e cada cálculo pode ser demonstrado. O Governo não pode dizer o mesmo das suas contas. Sabemos pela UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental), e diz-nos a experiência, que este governo é que não sabe fazer contas, de tal modo que em quatro anos nunca cumpriram os objetivos que traçaram.

Penso que o país entende o nervoso da direita perante o trabalho do PS. Entende, também, a má-fé da reação da coligação. É que agora têm uma oposição com um plano estruturado para fazer as respetivas propostas.

Para troca, têm um país saqueado.

Portugal. BOLOR NAS COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL – DISCURSOS E COMENTÁRIOS




Portugal. 25 de Abril. Cavaco Silva deve ter um prazer especial em, sob a sua austera máscara de presidente, gozar com os portugueses. Comporta-se como se nada tivesse a ver com a institucionalização de um Estado esclavagista em Portugal. (Orlando Castro, Google+)

25 Abril PCP, BE e Verdes acusam PSD, CDS e PS de manter austeridade

PCP, BE e Verdes acusaram hoje os sucessivos Governos de desvirtuarem as conquistas do 25 de Abril e os "executantes da política de direita" de quererem manter a austeridade, uma crítica estendida pelo BE ao Presidente da República.

Na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, criticou os que apresentam a austeridade "como o alfa e o ómega, o princípio e o fim de todas as escolhas".

"E é pela voz do próprio Presidente da República que chega mais insistentemente esta ladainha. Quando tenta impor o consenso na austeridade inscrito à partida nos programas eleitorais, quer uma democracia tutelada. Na chantagem para uma maioria absoluta, qualquer que seja o veredicto popular, quer uma democracia condiciona", criticou.

Na mesma linha, a deputada do PCP Carla Cruz considerou que os progressos de Abril "têm vindo a ser seriamente atacados e destruídos, em especial nos últimos anos", e criticou os que cortaram salários e pensões para continuarem a pagar juros "de uma dívida insustentável", empobrecendo o povo e aumentando os lucros do grande capital.

"É esta política que os executantes da política de direita querem perpetuar", acusou.

"Disputando entre si pequenas diferenças de ritmo e intensidade, a troica interna dos executantes da política de direita confirmou nos últimos dias não ter para oferecer aos portugueses outra coisa que não seja a continuação da mesma política de exploração", disse, numa crítica implícita a PSD, CDS-PP e PS.

Também Heloísa Apolónia, pelo Partido Ecologista "Os Verdes", considerou que a crise foi aproveitada para agravar os fossos entre os ricos e os pobres, "tendo aumentado significativamente o número de pessoas em efetivo risco de pobreza".

"E já foi anunciado que pretendem manter cortes nos rendimentos e aumentos de impostos durante mais uma legislatura inteira, contrariando o que antes tinham dito", criticou, lamentando que apenas se encontre espaço para baixar o IRC e eliminar a contribuição extraordinária do setor energético, referindo-se a medidas contidas no Programa de Estabilidade já apresentado pelo executivo.

No entanto, os Verdes deixaram igualmente críticas implícitas ao PS, que esta semana apresentou o seu cenário macroeconómico para os próximos anos, dizendo que "a alternativa não pode ser fazer igual mas a um ritmo diferente".

No seu discurso, o líder parlamentar do BE citou Zeca Afonso e a rapper Capicua para lamentar que, dos cortes extraordinários dos salários, tenha passado "a ser extraordinário ter um salário", o mesmo se passando nas pensões.

"Querem que a austeridade seja a nova normalidade, o edifício onde os direitos se desconstroem, onde os serviços públicos se decompõem, e onde o futuro se faz passado", acusou, dizendo que o povo que fez o 25 de Abril em 1974 "não se vergará aos sacrifícios constantes da austeridade e não se condiciona a qualquer inevitabilidade".

Também para o PCP é "na afirmação das conquistas de Abril consagradas na Constituição que o país encontrará respostas para enfrentar os problemas atuais e futuros".

No ano em que se comemoram 41 anos das eleições para a Assembleia Constituinte, a 25 de Abril de 1975, a deputada do PCP aproveitou para saudar os deputados constituintes e lamentar que, desde a primeira hora, a Constituição que veio a ser aprovada um ano mais tenha tido "inimigos declarados que em sucessivas revisões a amputaram e empobreceram, limitando o seu alcance e conteúdo progressista".

Heloísa Apolónia escolheu dedicar parte da sua intervenção aos desempregados e trabalhadores precários, relatando vários episódios de denúncias que chegaram ao parlamento de pessoas que, por medo, não deram a cara.

"O que é que se passa neste país 41 anos depois do 25 de Abril?", questionou, dizendo que "a lógica do medo não pode, jamais, retomar lugar neste país.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Catarina Martins. "O melhor do discurso de Cavaco é que é o último discurso"

A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse hoje que o melhor do discurso de Cavaco Silva nas comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República é "ser o último" enquanto Presidente da República.

O melhor do discurso do Presidente da República (PR) é que é mesmo o último discurso de Cavaco Silva enquanto Presidente da República no 25 de Abril, o último discurso de um Presidente que nunca se sentiu confortável com o cravo da Revolução, e é também o último discurso de um Presidente da República que nos últimos anos tem vindo ao parlamento falar como se fosse o Governo quem está a falar", afirmou Catarina Martins aos jornalistas.

A porta-voz do BE falava no final das intervenções dos partidos, da presidente da Assembleia da República e do Presidente da República, no parlamento, durante a sessão solene das comemorações dos 41 anos do 25 de Abril.

Catarina Martins referiu que ficou com dúvidas se "não seria Passos Coelho ou Paulo Portas quem estava a fazer a intervenção", dado que "todas as áreas em que o Governo mais tem falhado às pessoas foram as elogiadas por Cavaco Silva", nomeadamente a educação, a saúde e a justiça.

Para a dirigente bloquista, Cavaco Silva "afirmou-se como aliás se tem afirmado, como o garante da coligação de direita e o representante da coligação PSD/CDS", e acusou o PR de não fazer um discurso de Presidente da República, mas sim "um discurso de defesa do Governo e um discurso de campanha eleitoral para PSD e CDS".

Questionada se concorda com o facto de o Presidente da República pedir consensos interpartidários para diminuir a crispação, Catarina Martins respondeu que "há crispação quando alguém se dirige a umas urgências e não é atendido, há crispação numa escola onde faltam os professores e os alunos não têm condições, quando as pessoas precisam da justiça e ela está parada, onde o emprego falta, onde o salário e as pensões faltam, crispação está nas famílias que estão dilaceradas pela emigração".

A porta-voz do Bloco de Esquerda acusou ainda o Presidente da República de fazer "um ataque real ao 25 de Abril e à democracia".

"O que Cavaco Silva veio dizer hoje foi algo diferente, veio dizer "eu estou aqui como defensor da política de direita, eu estou aqui como defensor da austeridade permanente, eu estou aqui, porta-voz de Passos Coelho e Paulo Portas, a dizer ao país que não pode haver política para lá da direita e para lá da austeridade", e isso é um ataque real ao 25 de Abril e à democracia que nós celebramos hoje", vincou.

Catarina Martins acrescentou ainda que "se algum consenso é preciso é o consenso de perceber que a democracia, a escolha, o dizer que 'não' à inevitabilidade e o dizer que 'não' à chantagem foi o maior legado de 25 de Abril e é o que este país precisa".

Lusa, Notícias ao Minuto

Jerónimo de Sousa. Discurso de Cavaco Silva é "um fraco testamento"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que o discurso de Cavaco Silva nas comemorações do 25 de Abril, no parlamento, foi "de um fraco testamento", considerando que falar em coesão social é "desprezar uma realidade existente".

"É um discurso, de facto, de um fraco testamento, apenas um apelo a que se salve a política de direita", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas no final das intervenções dos partidos, da presidente da Assembleia da República e do Presidente da República, no parlamento, durante as comemorações da Revolução dos Cravos.

O secretário-geral do PCP sublinhou ainda que "a forma como [Cavaco Silva] considerou Portugal um dos países com mais coesão social é desprezar uma realidade existente, designadamente essa exploração, esse empobrecimento, esse infernizar a vida a tantos e tantos portugueses".

"É esquecer mais de um milhão de pobres, mais de um milhão de desempregados, é esquecer a violência que recaiu sobre os salários, sobre as pensões, sobre as reformas, apelando também, a um consenso, eu diria da 'troika' interna - PS, PSD e CDS, para prosseguir no essencial a mesma política que levou o nosso país e o nosso povo a tão duras privações", criticou Jerónimo de Sousa.

O líder do Partido Comunista disse ainda que, no seu discurso, o Presidente da República tinha a intenção de "preparar os portugueses para novos sacrifícios futuros".

"Descontada a identificação com a propaganda do Governo do país a dar a volta, procurou valorizar os sacrifícios, a exploração e o empobrecimento que se verificou durante estes anos, para tentar preparar os portugueses para novos sacrifícios futuros", declarou o dirigente.

Jerónimo de Sousa foi ainda crítico de Cavaco Silva por referir a política do mar.

"Nós que andamos cá há muitos anos lembramos que, precisamente, foi o primeiro-ministro de então, Cavaco Silva, que destruiu a nossa frota pesqueira, que destruiu a nossa frota da Marinha mercante, com todas as consequências que isso teve para a nossa economia, para a economia do mar" afirmou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

António Costa. "Ao Presidente cabe defender a Constituição, não políticas"

O secretário-geral do PS invocou hoje a Constituição para salientar que ao Presidente da República não cabe formular programas políticos, mas fazer cumprir a lei fundamental, função que disse ter sido recordada recentemente "pelos piores motivos".

Falando na sessão de homenagem do PS aos deputados do seu partido eleitos para a Assembleia Constituinte, António Costa referiu-se aos princípios fundamentais da Constituição da República e, designadamente, às competências do Presidente da República no sistema democrático.

"O Presidente da República tem uma função bem definida de representação da Nação e, como dizia Mário Soares - exemplo dos exemplos da forma como se exerce o mandato presidencial -, deve ser o Presidente de todos os portugueses, olhando para os problemas do país com isenção e de uma forma inspiradora - e não podendo deixar de olhar para o país de hoje sem compreender que o problema central é o desemprego e o da pobreza. Quando se faz a avaliação do país, esses têm de ser os dois problemas centrais colocados na agenda do dia", disse.

Palavras que estavam a ser proferidas por António Costa cerca de duas horas após o Presidente da República, Cavaco Silva, ter discursado no parlamento no encerramento da sessão solene comemorativa dos 41 anos do 25 de Abril de 1974.

Mas António Costa foi ainda mais longe, dizendo que ao Presidente da República "não cabe definir programas de Governo, mas sim garantir e fazer cumprir a Constituição".

"Essa é uma função essencial do mandato presidencial e que, infelizmente, várias vezes ao longo dos últimos anos, tem sido recordada pelos piores motivos a importância dessa função. A Constituição não apenas garantiu a liberdade e organizou de forma democrática o poder político, mas, igualmente, consagrou o Estado social de direito em Portugal, com um conteúdo bem preciso e densificado", sustentou o líder socialista.

Para o secretário-geral do PS, ao longo dos últimos anos, "foi bem clara a importância da Constituição, porque é a garantia do primado do Estado de Direito, o primado da legalidade e a garantia de que, numa situação limite, o direito tem de ser respeitado".

"E que, numa situação de crise, há direitos fundamentais que em caso algum podem ser postergados, como o princípio da confiança, o direito à igualdade, à educação e à saúde. Direitos fundamentais que cabe ao Presidente da República garantir o seu cumprimento", frisou.
Tendo a escutá-lo figuras socialistas como Mário Soares, Almeida Santos, Manuel Alegre, António Campos e também o atual líder parlamentar, Ferro Rodrigues, António Costa saudou "os militares de Abril" pelo fim da ditadura em Portugal e referiu-se depois à história do seu partido, dizendo que "garantiu na rua a liberdade" e que "consolidou a democracia" na Constituição da República.

"A Constituição é a grande obra que a Assembleia Constituinte legou, desde logo quanto à organização do poder político, assegurando a separação e interdependência de poderes, as autonomias regionais e local, e definindo um sistema político que é bastante claro: O direito de permitir a eleição direta do Presidente da República pelos cidadãos", advogou o líder socialista.

A Assembleia Constituinte foi eleita a 25 de abril de 1975 tendo como missão a elaboração da nova Constituição, texto que ainda vigora com as alterações introduzidas pelas sete revisões constitucionais.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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