segunda-feira, 20 de junho de 2016

O BREXIT E A PAZ NA EUROPA



Para a UE, esta semana é decisiva. Os britânicos votam, enquanto os alemães enfrentam um dilema. E decisões erradas podem ter consequências fatídicas e duradouras, opina Dagmar Engel, chefe da sucursal de Berlim da DW.

Dagmar Engel *

Guerra e paz na Europa: isso é o que está em questão no referendo desta quinta-feira (23/06), sobre a eventual saída do Reino Unido da União Europeia. No governo alemão, em que europeus convictos e experientes são maioria, sabe-se disso – só que não se pode dizê-lo em voz alta. Uma amarga amostra do que espera os alemães e os demais europeus: numa questão de importância existencial para todos, só os habitantes do Reino Unido votam, os demais nada têm a dizer.

O governo Angela Merkel sente esse dilema de forma especialmente pronunciada. Ele sabe ter o apoio da maioria dos alemães, de forma como raramente se vê. Mas não importa o que os ministros alemães e a própria chanceler federal digam: é praticamente certo que será usado contra eles e contra a UE no Reino Unido germanófobo.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, tido como linha-dura – basta perguntar aos gregos – resumiu esse dilema numa triste frase. Quando indagado, em março, em Londres, sobre o que a Alemanha faria, se os britânicos se retirassem da UE, disse: "A gente choraria."

Angela Merkel se impôs um voto de silêncio público na questão do Brexit. Ouve-se pouco mais do que a formulaica asseveração de que todos em Berlim concordam que o Reino Unido é parte da União Europeia – sempre acompanhada da observação que cabe aos britânicos decidir.

Mas, num momento em que não há nenhum microfone por perto, escapam à chefe de governo palavras mais claras: seria "um horror", se houvesse um Brexit.

De chorar e um horror. Não só no aspecto econômico, os custos da saída seriam elevados para todos, de Londres e Manchester até Paris, Berlim e Varsóvia – sobretudo dentro o Reino Unido.

Que o Brexit é uma idiotice econômica, disso já desconfiam até mesmo os seus defensores. Por isso, no momento seus argumentos visam, acima de tudo, as emoções, o retorno ao que é nacional, por supostamente ser autárquico e mais simples. E nesse ponto eles se encontram com os populistas de direita da Europa, seus irmãos e irmãs em espírito. Nacionalistas de todos os países, uni-vos – para separar-vos.

Horror mesmo poderiam ser as consequências políticas de um Brexit. A Europa da CECA, da CEE, da CE e da UE foi e é – apesar de todo o papo da historicamente amnésica geração dos voos baratos – um projeto de paz. Em última linha, não se trata de carvão, mas sim de canhões.

O difícil equilíbrio só é possível se todos os grandes Estados europeus participam no quotidiano, com todas as grandes questões e os muitos pequenos detalhes que ele traz. Uma Europa da UE sem Londres geraria um descompasso: Berlim seria colocado numa posição de dominância que não quer e com que não é capaz de arcar. O ministro alemão das Finanças já vivenciou em que isso pode resultar. Pergunte-se novamente aos gregos: a Alemanha está desacreditada de agir no interesse da Europa.

Na primeira metade do século 20, as questões europeias primeiro trouxeram guerra. Na segunda – também graças aos acordos de Roma, Maastricht e Lisboa – elas trouxeram tanta paz, que ela já parecia coisa garantida. Mas não é: soluções militares voltaram a ser socialmente aceitáveis, ocorrendo por todo o Leste Europeu.

Não em três, nem em cinco, mas talvez dentro de 30 anos pode ser que navios de guerra inimigos estejam novamente cruzando o Canal da Mancha. Isso porque, lá em 2016, sem necessidade, as perguntas erradas receberam a resposta errada. E ninguém no governo alemão pode dizer isso em voz alta, agora.

*Deutsche Welle

LILIANA AYALDE E AS COINCIDÊNCIAS NO QUINTAL DE OBAMA



O nome de Liliana Ayalde pouco dirá à maioria das pessoas que me lêem, o que afinal é a coisa mais natural deste mundo.

Mas se vos disser que a senhora Liliana Ayalde é a embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil desde 2013, alguns começarão a suspeitar da existência de relações de causa e efeito entre essa enviada da diplomacia de Obama e os sucessos em curso nos corredores obscuros da política em Brasília. Tal suspeição virá da tradição histórica, pois sabe-se que não existe embaixador dos Estados Unidos sem missão específica em países da América Latina (e outras regiões, por certo) onde se tenha instalado, por vontade democrática do seu povo, um governo que não acene como os burros às ordens chegadas do Norte.

A senhora Liliana Ayalde foi expedida pelo secretário John Kerry para Brasília pouco depois de ter sido denunciado ao mundo que o governo dos Estados Unidos interceptava as comunicações oficiais e pessoais da presidenta Dilma Roussef, circunstância que ensombrou um pouco mais as relações entre os dois países. Coisas graves terão revelado essas escutas…

Até este momento da história, porém, as ilacções são apenas fundamentadas na tradição. Digamos que, para boas almas sempre incrédulas perante as evidências, nos mantemos ainda nas áreas da teoria da conspiração.

Mas se vos disser que o anterior posto diplomático da senhora Ayalde foi a de embaixadora em Assunción, no Paraguai, talvez a luz comece a tornar-se mais intensa nos vossos espíritos. Porque em 2012, no Paraguai, o Congresso destituiu o presidente eleito Fernando Lugo, que pusera fim a 61 anos de ditadura, primeiro fascista, depois “democratizada” mas sempre fidelíssima a Washington, do Partido Colorado.

Lugo fora eleito em 2008 e logo em Dezembro de 2009 começaram a correr rumores de impeachment do presidente. Nessa altura, segundo mensagens divulgadas pelo site WikiLeaks, a embaixadora Ayalde escrevia assim nas suas mensagens pelos canais internos: “exprimimos cuidadosamente o nosso apoio público às instituições democráticas do Paraguai – não à pessoa de Lugo – para estarmos certos de que Lugo compreenderia os benefícios de uma relação próxima com os Estados Unidos”.

Recentemente, a propósito do Brasil, a porta-voz do Departamento de Estado em Washington, Elizabeth Trudeau, usou mais ou menos a mesma cassette, manifestando o desejo de que “as instituições democráticas brasileiras” solucionem as vicissitudes políticas.

Chegamos pois à constatação de uma perfeita coincidência: dois golpes de Estado parlamentares em dois países vizinhos no quintal das traseiras dos Estados Unidos, por sinal presididos por eleitos olhados com desconfiança por Washington, tendo em posto a mesma embaixadora norte-americana, a senhora Liliana Ayalde. Uma diplomata que o analista argentino Atila Boron considera especialista em “golpes soft”. Países diferentes, dois golpes idênticos em menos de um quinquénio, a mesma embaixadora dos Estados Unidos. O acaso tem destas coisas.

No Paraguai, passado o susto representado pelo ex-bispo católico Fernando Lugo, associado à Teologia da Libertação, os Estados Unidos reveem-se agora em Horácio Cartes, um magnata do tabaco, rancheiro e banqueiro que tem às costas acusações (por certo improcedentes) de lavagem de dinheiro dos cartéis da droga no seu banco Anambay, evasão fiscal e outros crimes, excelentemente relacionado com as agências de espionagem norte-americanas. Reina a tranquilidade em Washington, pois está o homem certo no lugar certo

No Brasil ignoramos o que se segue, mas a embaixadora Liliana Ayalde, para já, parece ter cumprido a missão. Obama ainda tem tempo para despachá-la para outro país da região. Equador? Bolívia? Uruguai?

*José Goulão  - Mundo Cão

IMPOSSIBILISMO



Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

Nas últimas décadas do XIX falou-se muito de possibilismo para designar estratégias sindicais e políticas que, adotando a tendência de fuga à dureza do combate por utopias emancipadoras, procuravam as oportunidades possíveis para obter melhorias, nomeadamente nas condições de vida dos trabalhadores, no quadro das instituições e das relações de poder existentes.

Aquele possibilismo foi inviabilizado pela agudização da luta de classes, em particular entre as duas grandes guerras do século XX para, de certa forma, renascer depois, reformulado com nuances, em contexto novo e desafiador. Sobressaía então, para milhões e milhões de seres humanos, a esperança na construção de sociedades socialistas, processo esse em marcha em múltiplos países, que deu imensa força à luta geral dos trabalhadores e dos povos. O possibilismo surgia agora bastante enriquecido por valores da liberdade e da democracia que se afirmaram na luta plural contra o nazismo.

O espaço temporal que vai do final da II Guerra ao início dos anos 80 foi de conquistas importantes para os trabalhadores e os povos, e de consolidação da democracia. Este episódio de conciliação entre democracia e capitalismo - a que alguns, sem rigor, chamam "intervalo" da luta de classes - ocorreu em grande parte da Europa (e não só), num quadro em que ainda existia uma limitação à liberdade de movimento dos capitais e das mercadorias, facto que proporcionava às instituições políticas de Estados Sociais de Direito Democrático um considerável ascendente sobre o poder económico.

Entretanto, foi sendo, cada vez mais, tempo de acomodação descuidada a um pretenso sistema misto que prometia o melhor de dois mundos. O estilo de vida propagandeado dificilmente podia ser universal, mantinha-se a prevalência de lógicas neocoloniais e foi-se instalando um conceito de competitividade negador do desenvolvimento humano e da harmonização no progresso. Sob o pano de fundo daquela trégua social, os capitais foram descobrindo novas formas de quebrar as amarras que os mantinham ligados à terra dos compromissos e aceleraram novos voos globais de domínio na produção e na finança.

Do sucesso desses voos resultou uma forte compressão do poder das instituições políticas democráticas e a perda do seu ascendente sobre o poder económico e financeiro, fatores que nos levaram ao ponto onde hoje nos encontramos: o tempo em que os "poderes soberanos" já não são capazes de cobrar impostos aos capitais móveis e, pelo contrário, pagam-lhes tributo para os seduzir, atrair ou impedir de escolherem outras paragens.

Este tempo apresenta-nos esgotados os possibilismos ensaiados. Deixou de existir espaço, entre os pingos da chuva das imposições do poder financeiro/económico, para o progresso das condições de trabalho e de vida das populações. Os governos que optam pelas receitas e regras do possibilismo instituído acabam satisfazendo os interesses dos mercados e negando os mandatos populares com que foram eleitos. Por tudo isso, as lutas tornaram-se muitas vezes defensivas, quantas vezes de sucesso impossível e/ou reduzidas a rituais para persistência de valores. O "possibilismo conservador" intrínseco ao pensamento único, ao neoliberalismo, esse jamais será motor de mudança. O tempo de agora é, pois, imperiosamente, o da afirmação do impossibilismo, em que a política não pode ser já apenas a arte do possível.

É preciso afinar a arte de forçar constrangimentos externos e internos. Inventar vacas que voam, tentar o impossível uma e outra vez para que outros possíveis aconteçam (Max Weber), partir "arcos da governação", estalar dentes a pactos de estabilidade, moldar de outra forma ou até fazer estalar "uniões de aço".

Há que não fugir à exigência de realizar o aparentemente impossível, ou desaguaremos rapidamente em desastre. Trabalhemos a ampliação de movimentos sociais e culturais que alteram a favor dos povos as condições objetivas e subjetivas necessárias a alternativas, trabalhemos a construção de identidades entre os anseios dos povos e as agendas políticas, afirmando a natureza do futuro a construir.

*Investigador e professor universitário

Uma abordagem empírica - Quinze factos acerca da implosão da economia estado-unidense



os media de referência não querem mostrá-los

Michael Snyder [*]

Você está prestes a ver provas inegáveis de que a economia dos EUA tem estado a desacelerar desde há algum tempo. E é vital que nos concentremos nos factos, porque por toda a Internet encontram-se montes de factos e montes de pessoas que têm opiniões do que está a acontecer com a economia. E naturalmente os media de referência estão sempre a tentar virar as coisas para fazer com que Barack Obama e Hillary Clinton pareçam bons, porque os que neles trabalham são muito mais liberais do que o conjunto da população americana. É verdade que também tenho as minhas próprias opiniões, mas como promotor público aprendi que opiniões não são boas a menos que haja factos para apoiá-las. Assim, dê-me por favor alguns momentos para partilhar consigo evidências que demonstram claramente que já entrámos numa grande desaceleração económica (economic slowdown) . A seguir, 15 factos acerca da implosão da economia estado-unidense que os media de referência não querem que você veja...

1. A produção industrial neste momento declina há nove meses seguidos . Nunca vimos isto acontecer fora de uma recessão em toda a história dos EUA.

2. As bancarrotas comerciais dos EUA ascenderam num ano, em base anual, durante sete meses seguidos e agora subiram 51 por cento em relação a Setembro.

3. A taxa de incumprimento (delinquency) em empréstimos comerciais e industriais tem estado a ascender desde Janeiro de 2015 .

4. As vendas totais dos negócios nos EUA têm estado a cair constantemente desde meados de 2014 . Não, eu não disse 2015. As vendas totais estiveram em declínio durante aproximadamente dois anos e acabámos de descobrir que elas caíram outra vez...

As vendas totais nos EUA no mês de Abril comportaram-se tal como vinha ocorrendo desde Julho de 2014: elas caíram:   -2,9% em relação há um ano atrás, para US$1,28 milhão de milhões (não corrigido de diferenças sazonais e variações de preços), informou quinta-feira o Censuses Bureau. É onde estavam as vendas em Abril de 2013!

5. Encomendas a fábricas dos EUA estiveram a cair durante 18 meses seguidos .

6. O índice Cass Shipping Index tem estado a cair durante 14 meses consecutivos .

7. A produção de carvão dos EUA caiu para o seu mais baixo nível em 35 anos .

8. O Goldman Sachs tem o seu próprio rastreador interno da economia dos EUA e ele caiu para o mais baixo níveldesde a última recessão .

9. Os "indicadores de recessão" do JPMorgan ascenderam ao mais alto nível já visto desde a última recessão .

10. Tanto as receitas fiscais federais como as dos estados habitualmente começam a cair quando entramos numa nova recessão e isso é precisamente o que está a verificar-se exactamente agora .

11. O índice Labor Market Conditions do Federal Reserve tem estado a cair durante cinco meses seguidos .

12. Os números do emprego que o governo divulgou no mês passado foram os piores que já vimos em seis anos .

13. Segundo [a empresa] Challenger, Gray & Christmas , anúncios de despedimentos colectivos em grandes firmasestão a ser 24 por cento mais altos este ano do que no mesmo período do ano passado.

14. Mensagens online de empregos na rede de negócios do sítio Linkedin têm estado a declinar constantementedesde Fevereiro , após 73 meses seguidos de crescimento .

15. O número de trabalhadores temporários nos Estados Unidos atingiu o pico e começou a cair precipitadamente antes mesmo de a recessão de 2001 ter começado. Exactamente a mesma coisa aconteceu pouco antes do começo da recessão de 2008. Assim, seria uma surpresa saber que o número de trabalhadores temporários nos EUA atingiu o pico em Dezembro e tem caído dramaticamente desde então ?

Ontem soubemos que duas das nossas maiores corporações efectuarão despedimentos colectivos de ainda mais trabalhadores. O Bank of America, o qual possui mais do nosso dinheiro do que qualquer outro banco no país, anunciou que vai cortar cerca de mais 8000 trabalhadores...

Espera-se que o Bank of America reduza pessoal na sua divisão de consumidores em mais 8000 empregos. 

O maior banco de retalho do país, em depósitos, já reduziu o pessoal da sua divisão de consumidores de mais de 100 mil em 2009 para cerca de 68.400 no fim do primeiro trimestre de 2016, disse quinta-feira Thong Nguyen, presidente da banca de retalho do Bank of America e igualmente presidente da banca do consumidor, na conferência do Morgan Stanley Financials.

E a Wal-Mart anunciou que vai eliminar "empregos de contabilidade back-office" em aproximadamente 500 localidades...

A Walmart vai cortar empregos de contabilidade back-office em cerca de 500 lojas numa tentativa de se tornar mais eficiente.

Os empregos cortados serão principalmente em lojas no Oeste e envolverão trabalhadores da contabilidade e facturação, disse o porta-voz Kory Lundberg. Em alternativa, funções contabilísticas serão transferidas para a sede da Walmarte em Bentonville, Ark. O papel-moeda nas lojas será contado por máquinas.

Dia após dia ouvimos notícias acerca de despedimentos colectivos como estes. Então, por que isto estaria a acontecer se a economia dos EUA estava em "modo recuperação"?

Mesmo com os números agora muito manipulados do PIB, Barack Obama está em vias de se tornar o único presidente em toda a história dos EUA a nunca ter tido um único ano com a economia a crescer pelo menos em 3 por cento. A verdade é que a nossa economia tem estado presa no atoleiro mesmo após o fim da última recessão – e agora uma nova grande retracção evidentemente já começou.

E quer saber quem mais percebe isto?

Os investidores estrangeiros percebem.

No mês passado, investidores estrangeiros desfizeram-se de dívida estado-unidense ao ritmo mais rápido alguma vez já registado...

Investidores estrangeiros venderam um montante recorde de títulos e notas do Tesouro dos EUA durante o mês de Abril, segundo dados divulgados quarta-feira pelo Departamento do Tesouro, pois investidores esperam mais alguns aumentos de taxas do Federal Reserve neste ano.

Estrangeiros venderam US$74,6 mil milhões em dívida do US Treasury neste mês, após compras de US23,6 mil milhões em Março. A saída de Abril foi a maior desde que o US Treasury Department começou a registar transacções de dívidas do Tesouro em Janeiro de 1978.

Não há que debater nem mais um minuto – a próxima crise económica já está aqui. Isto é tão amplamente óbvio nesta altura que mesmo George Soros tem estado febrilmente a descarregar acções e a comprar ouro .

Podemos discutir se a economia dos EUA começou a enfraquecer no fim de 2015, no princípio de 2015 ou no fim de 2014 e é bom fazer tais debates.

Mas afinal de contas, o que é muito mais importante é o que está pela frente. Felizmente, nosso declínio tem sido razoavelmente gradual até agora e tenhamos esperança de que assim permaneça por tanto tempo quanto possível.

Em grande parte do resto do mundo, as coisas já estão em pleno modo pânico. A Venezuela, por exemplo, era o país mais rico da América do Sul, mas agora o povo está literalmente a caçar gatos e cães para comer . [NR]

Na ausência de um grande "acontecimento cisne negro" de alguma espécie, não veremos o que está a acontecer nos Estados Unidos durante pelo menos algum tempo, mas sem dúvida estamos a resvalar rumo a uma grande depressão económica.

Infelizmente para todos, nada do que os nossos políticos possam fazer poderá travar isto. 

[NR] O autor esquece de dizer que a desestabilização da Venezuela está a ser deliberadamente provocada pelo imperialismo, com o apoio da reacção interna.   Ver Guerra não convencional contra a Venezuela . 

[*] Fundador e editor de The Economic Collapse.

O original encontra-se em theeconomiccollapseblog.com/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

NOVO ALERTA SOBRE AS BACTÉRIAS “INVENCÍVEIS”




Mutações genéticas podem tornar ineficazes até mesmo os antibióticos de “último recurso”. Por que o uso irresponsável destes medicamentos – inclusive para alimentação do gado – tem de ser proibido sem demora

Martin Khor* - Outras Palavras - Tradução: Cauê Ameni

A resistência aos antibióticos – um processo em que eles perdem o efeito, porque as bactérias tornaram-se resistente – está ganhando nova importância na agenda global, devido à crescente consciência da imensa ameaça que representa à saúde e a sobrevivência humanas. No entanto, ainda não há ações suficiente para enfrentar tal crise, que foi debatida no encontro dos ministros da Saúde na ONU, entre  23 e 28 de maio.

O encontro foi precedido por uma noticia recente e perturbadora. Cientistas descobriram um gene, o MCR-1, que cria resistência à colistina, um poderoso antibiótico usado como último recurso para tratar de infecções quando outros medicamentos não funcionam.

Ainda mais preocupante: o gene tem a característica de ser capaz de mover-se facilmente de uma cepa de bactérias a outras espécies. Isto produz uma ameça: muitas infeccções podem tornar-se intratáveis, o que nos aproximaria do pesadelo de uma era sem antibióticos efetivos. A Malásia foi um dos primeiros países em que os cientistas encontraram o gene MCR-1. Por isso, e preciso tomar providências ainda mais serias, incluive a possivel proibição do uso de colistina na alimentação animal.

O gene foi descoberto durante um estudo realizado na China. Em novembro de 2015, Yi-Yun Liu e seus colegas publicaram um artigo na revista The Lancet Infectious Diseases, em que revelaram ter encontrado o MCR-1 em 166 de 804 suínos em abate que haviam testado; em 78 de 523 amostras de carne de frango de porco a venda no varejo; e em 16 de 1.322 pacientes hospitalares.

O estudo indica que há uma cadeia na disseminação da resistência. Ela começa a partir do uso de colistina na alimentação animal e propaga-se para os animais abatidos, os alimentos e os seres humanos.

Um dos autores, o professor Jian-Hua Liu, da Universidade de Agrilcutura do Sul da China, foi citado em matéria no Guardian. Afirmou que os resultados eram extremamente preocupantes, por revelarem o surgimento do primeiro gene de resistência à polimixina, que é facilmente transmitida entre bactérias comuns, tais como E. coli e K. pneumonia.

Este resultado sugere que “a progressão da resistência extensiva a drogas — que se da quando uma bactéria é resistente a diversos fármacos – para a resistência generalizada a drogas [pandrug resistence] é inevitável”, acrescentou Liu.

A colistina pertence a uma categoria de antibióticos conhecida como polimixinas. No passado, não eram utilizados largamente, por terem efeitos tóxicos. Mas, agora, são empregados como um último recurso, quando outros antibióticos não funcionam devido a resistência.

“Todos os principais elementos estão agora reunidos, para que um mundo sem antibióticos efetivos tornese uma realidade”, disse outro co-autor do estudo, o professor Timonthy Walsh da Universidade de Cardiff, ao site da BBC News. Ele pressegue: “Se o MCR-1 tornar-se global — o que parece mais uma questão de quando que de se — e se o gene se alinhar com outros genes de resistência a antibióticos, o que sera inevitável, teremos atingido, provavelmente, o início da era sem antibióticos. Neste ponto, se um paciente estiver gravemente doente — digamos que com E. coli –, não haverá nada que se possa fazer”.

Suspeita-se que a principal razão para o surgimento e a propagação do gene seja seu o descomedido de colistina para alimentar o gado e induzir seu crescimento. De acordo com o artigo de Liu e seus colegas, grande parte do uso mundial anual do antibiótico na alimentação animal — cerca de 12 mil toneladas — está concentrado na China.

O documento menciona que, além da China, o gene MCR-1 também foi encontrado na Malásia e Dinamarca. Cientistas malasianos chegaram ao sequenciamento do DNA da bactéria em dezembro de 2014, utilizando genes que parecem ao MCR-1. A possibilidade de que o E. coli com o gene MCR-1 tenha se espalhado pelo Sudeste Asiático é “profundamente preocupante”, disseram os autores.

Depois que o documento foi publicado, novas informações revelaram que o gene MCR-1 foi encontrado em amostras de bactérias em muitos outros países: Tailândia, Laos, Brasil, Egito, Itália, Espanha, Inglaterra, País de Gales, Holanda, Argélia, Portugal e Canadá.

O aspecto mais assustador sobre o MCR-1 é a facilidade com que pode propagar sua resistência a outras espécies de bactérias por meio de um processo conhecido como transferência horizontal de genes.

Alguns anos atrás, houve um susto semelhante sobre NDM-1, um gene capaz de saltar de uma bactéria para outras espécies, tornando-as altamente resistentes a todas as drogas conhecidas — exceto duas, entre elas colistina.

Se o MCR-1 resistente a colistina se combinasse com a NDM-1, a bactéria com os genes combinados seria resistente a quase todos os fármacos.

Em 2010, foram encontrados apenas dois tipos de bactérias com o gene NDM-1 – E. coli e Klebsiella pneumonia. Apos alguns anos, o NDM-1 foi encontrado em mais de vinte espécies diferentes de bactéria.

A descoberta do NDM-1 e agora do MCR-1 acende o alerta vermelho para a tarefa de enfrentar a resistência anti-microbial.

Em 2012, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, alertou que todos os antibióticos já desenvolvidos estavam em risco de se tornarem inúteis. “Uma era sem antibióticos significa um ponto final na medicina moderna como a conhecemos. Doenças comuns como faringite estreptocócica ou um ferimento profundo no joelho de uma criança poderiam matar novamente”.

Uma ação imediatamente necessária a ser tomada é proibir o uso de colistina na almimentação do gado. A conceituada revista Lancetpublicou um comentário em fevereiro de 2016, segundo o qual é prciso exigir das autoridade políticas a restrição ao uso de polimixinas (incluindo a colistina) na pecuária — ou estaremos diante de um número cada vez maior pacientes aos quais será preciso dizer: “Desculpe, mas não há nada que eu possa fazer para curar sua infecção”.

Outros antibióticos que são usados pelos seres humanos também deveriam ser proibidos ou rigidamente restritos para a pecuária, especialmente se são usados como indutores de crescimento.

Um Plano de Ação Global contra o risco do colapso dos antibióticos deve incluir cinco objetivos: usar medicamente apropriados na saúde humana e animal; reduzir as infecções por meio de medidas de saneamento, higiene e prevenção; reforçar a vigilância e estimular as pesquisas; educar o público tão bem quanto os médicos, veterinários e fazendeiros, sobre o uso adequado de antibióticos; e aumentar o investimento no desenvolvimento da novos remédios, ferramentas de diagnósticos e vacinas.

* Martin Khor é diretor executivo do South Centre, uma organização intergovernamental de países em desenvolvimento, com sede em Genebra. É jornalista, economista e antigo diretor da Third World Network. É ativo nos movimentos da sociedade civil.

ÁFRICA: ELETRICIDADE OU OBSCURIDADE



Rui Peralta, Luanda

São centenas de milhões de pessoas, no continente africano, que não têm acesso á electricidade. De facto, segundo as estatísticas da UA, são mais de 645 milhões de africanos sem acesso á electricidade. Para superar este panorama o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD) desenvolve diversos programas como, por exemplo, o Ilumina e Acende África, com o objectivo de proporcionar o acesso universal á energia eléctrica no continente no próximo decénio. O programa pretende atingir os seus objectivos através da expansão da rede eléctrica e para isso serão investidos cerca de 12 mil milhões de USD nos próximos cinco anos.

África tem o direito a desenvolver-se e o acesso á energia é um passo importante, fundamental e impulsionador, para a criação de riqueza e de bem-estar. Nesse sentido o continente não pode estar sujeito a regimes rígidos de cortes de emissão de gases ou a outras medidas retiradas das cimeiras climatéricas internacionais, que a serem aplicadas em África, de forma inconsequente, serão obstáculos ao desenvolvimento. O acesso á energia é uma prioridade para o continente africano e não podem ser descuradas quaisquer fontes e alternativas.

As energias renováveis e as alterações climáticas são questões importantes e pertinentes, às quais o continente não pode ficar alheio. O problema é se estas questões serão uma prioridade para África. Para se industrializarem segundo os novos parâmetros energéticos os países africanos seriam obrigados, por exemplo, a ocuparem largas centenas de hectares com centrais solares ou eólicas, por fábrica, para obterem a potência necessária. Não é apenas uma questão do fluxo de financiamento necessário ou de transferência de tecnologia.

As alterações climáticas são reais e de Norte a Sul do continente concorda-se por unanimidade que África é vítima desse fenómeno, sem o ter provocado. Torna-se necessário que o continente africano receba apoio financeiro para adaptar-se às consequências negativas das alterações climáticas mas, ao mesmo tempo, esses fluxos de financiamento devem desempenhar um papel-chave nos esforços de desenvolvimento. O fluxo irregular dos recursos financeiros disponibilizados (e não concretizados) para adaptação e compensação dos novos compromissos energéticos, mais o ténue compromisso assumido pelos países industrializados na redução de emissões de gás carbono são duas questões que colocam duvidas, apesar dos países africanos terem apoiado plenamente o acordo climático de Paris.

Mas existe, ainda, uma outra questão fundamental nesta problemática das redes eléctricas em África: a ineficiência dos serviços públicos, incapazes de proporcionar o acesso universal á energia e de proporcionar energia fiável, necessário para o esforço de desenvolvimento. Esta ineficiência advém de múltiplos factores (corrupção, incompetência, burocracia, etc.), que nada tem a ver com o facto de os serviços serem públicos. Não é a privatização que vai resolver essa questão, conforme apregoam por aí alguns “reformadores estruturantes”. Se esses serviços forem privatizados as coisas pioram e muito. Torna-se, pois, necessária uma reforma desses serviços e uma nova filosofia de gestão pública baseada na excelência do serviço público, para optimizar a prestação de serviço às populações e torná-lo um instrumento de desenvolvimento e uma ferramenta de equidade.

Até lá persistirá a neocolonização dos electrões e o consequente sofrimento por parte dos cidadãos africanos.

Livro. AUTORES E ESCRITORES DE ANGOLA (1642 - 2015)



473 anos de livros escritos por angolanos

VOCÊ TAMBÉM ESTÁ LÁ?

Finalmente, depois de um longo, exaustivo e nobre percurso de pesquisa, já está no prelo o livro de Tomás Coelho, “Autores e Escritores de Angola (1642-2015)”. 

Quem publicou algum livro até ao final de 2015, e tiver nascido em Angola, está certamente nele incluído. 

O lançamento está previsto para Setembro, em Angola e em Portugal. 

As reservas devem ser feitas por aqui: http://loja.autores.club/index.php?controller=contact

OC

A SEMANA DE TODOS OS PERIGOS...



Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Nicolau Santos – Expresso

A semana de todos os perigos para David Cameron e Fernando Santos

Bom dia. Este é seu Expresso Curto, que inicia uma semana de todos os perigos.

O primeiro-ministro inglês e o selecionador nacional de futebol jogam esta semana o seu futuro. Infelizmente, não é só o deles que jogam. É também o de 28 países (no caso de David Cameron) e o da participação de Portugal no Euro 2016 (no caso de Fernando Santos).

David Cameron e Fernando Santos têm personalidades opostas. O primeiro é um jogador, o segundo um conservador. Devia ser ao contrário. O primeiro fez uma jogada arriscadíssima para liquidar a oposição à sua direita, quer dentro, quer fora do partido, convocando um referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia. O segundo não arrisca nada ou muito pouco e mantém em campo os jogadores em que acredita, apesar de qualquer alma com um mínimo de bom senso perceber que há gente que está lá dentro e nem deveria estar no banco. Curiosamente, o primeiro está à beira de ganhar a aposta, porque os acasos do destino lhe estão a dar uma mão. E o segundo está à beira de vir a ser despedido porque os deuses não têm querido nada com ele.

Com efeito, o assassínio da deputada trabalhista Jo Cox,defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia, mudou o sentido do voto nas ilhas britânicas – e veio dar uma ajuda a David Cameron. Uma sondagem realizada online pela YouGov para o Sunday Times, realizada entre 16 (dia em que Cox foi atacada) e 17 de Junho dão 44% à permanência na UE e 43% à saída do espaço europeu. Nas duas sondagens anteriores, o Brexit liderava com 46% (12 e 13 de Junho) e 44% (15 e 16 de Junho) das intenções de voto. Outro estudo de opinião, da Survation, realizado entre 17 e 18 de Junho e publicado pelo Mail on Sunday, revela a mesma tendência: os dois lados trocaram de posições e permanecer na União Europeia passou a liderar com 45% dos votos, contra 42%dos que defendem a saída (no dia 15, a posição era simétrica).

Ao contrário, Fernando Santos não vai em jogadas de casino. Depois de um vergonhoso empate com a Islândia (1-1), no jogo contra a Áustria trocou Danilo por William Carvalho, e João Mário por Quaresma mas manteve João Moutinho, que obviamente está a menos nesta equipa. Durante o jogo, fez entrar João Mário para o lugar de Quaresma aos 73 minutos e depois Eder por troca com André Gomes aos 83 e Rafa por Nani aos 89. Ora um treinador que quer ganhar um jogo não mete dois avançados quando faltam menos de dez minutos para acabar o jogo. Substituições dessas fazem-se quando se está a ganhar, não quando se precisa de ganhar. Finalmente, Cristiano Ronaldo não está obviamente bem. Está cansado. Não consegue fazer o que quer. Os arranques não lhe saem, os livres também não e agora até os penalties ficam por converter. E Santos não lhe diz que, pelo menos nalguns livres (aqueles descaídos para o lado esquerdo da área dos adversários), deve ser outro a batê-los: um tal de Raphael Guerreiro, que até já fez um golo dali. Mas não. Santos cala-se, Santos consente, Santos não muda, Ronaldo afunda-se e, com ele, afunda-se Portugal perante a falta de reação e o conservadorismo do selecionador. E para verem que há mais cabeças que pensam assim, leiam a “Carta aberta a Cristiano e a Fernando” que o meu colega Miguel Cadete escreveu, depois de ter assistido ‘in loco’ ao jogo Portugal-Áustria.

Diz Santos que já avisou a família que só volta para casa no dia 11, ou seja, após a final do Euro. Ele pode voltar nessa altura. Mas vai ter muito tempo de férias, porque a seleção, a jogar assim, só muito dificilmente não entrará a banhos muito mais cedo. A não ser que, contra a Hungria, Fernando Santos faça o óbvio: meta o meio-campo do Sporting, reforçado com Renato Sanches. É tão evidente, caramba! Mas para a cabecinha de Santos, o Moutinho é que é.

Ontem, França e Suíça empataram a zero e já seguiram para os oitavos de final, enquanto a Albânia fez história, ganhando o seu primeiro jogo num europeu (1-0), mandando a Roménia para casa com apenas um ponto, e podendo ainda passar à fase seguinte, quando forem escolhidos os melhores terceiros classificados. Os netos de Enver Hoxha estão nas nuvens. O Hoxha, comunista bateriologicamente puro, é que deve estar às voltas na tumba.

OUTRAS NOTÍCIAS

Este fim-de-semana decorreu em Manchester o Luso 2016, mais um encontro dos investigadores e estudantes portugueses que vivem no Reino Unido. É sempre um momento extraordinariamente gratificante encontrar muitos daqueles que fazem parte da geração portuguesa mais bem preparada de sempre – o que me aconteceu pela terceira vez. Os mais de 80 participantes debateram a forma como se podem constituir como “stakeholders” junto dos poderes públicos, em particular do Ministério da Ciência e da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) para influenciar as políticas públicas de ciência, investigação e desenvolvimento. O embaixador português no Reino Unido, João de Vallera, que desde o início, há cinco anos, tem apoiado a PARSUK (Portuguese Associations of Researchers and Students in the UK), esteve presente pela última vez, dado que abandona o cargo em Julho devido a ter atingido o limite de idade.

António Costa pode ser um otimista irritante mas não é cego. Na sexta-feira chamou a São Bento duas dezenas de empresários para falar sobre exportações, que têm estado a cair, revelou ontem à noite Luís Marques Mendes, na SIC Notícias.

Costa bem pode começar a preocupar-se a sério. Com efeito, o indicador do Banco de Portugal para medir a actividade económica atingiu um valor negativo em Maio, o que sucede pela primeira vez desde Agosto de 2013, ano de recessão na economia portuguesa. De acordo com os dados do banco central revelados na sexta-feira, trata-se da sexta queda consecutiva, sendo que no primeiro mês deste ano o indicador estava a crescer 1%.

A juntar a isto, que já não é pouco, vem a revista alemã Der Spiegel, citando fontes não identificadas da Comissão Europeia, dizer que só uma crise “económica inesperada” poderá evitar sanções no âmbito dos procedimentos por défices excessivos a Portugal e Espanha. A decisão será tomada em Julho.

Outro sinal de alarme (perdoem a ironia) é o facto do Banco Comercial Português ter a receber mais de 1 milhão de euros da produtora portuguesa de filmes pornográficos, a Hotgold, 40% da dívida total da empresa, que ascende a 2,5 milhões. Ora quando até o negócio dos filmes pornográficos está em crise, a economia tem de estar mesmo doente…

Em contrapartida, diz o Diário de Notícias, há sete meses que a procura de casas não atingia valores tão altos. Só nos primeiros quatro meses deste ano, os bancos emprestaram 1615 milhões de euros em crédito à habitação, mais 75% do que há um ano e quase três vezes mais do que em 2012. A incerteza sobre a economia, a crise da banca e os juros historicamente baixos - com empréstimos mais baratos e, por outro lado, um quase nulo retorno dos depósitos - estão a tornar a casa cada vez mais um investimento. Se juntarmos esta tendência com as dos anteriores parágrafos parece ser a receita igual à que nos conduziu ao desastre de 2011…

Em Itália, na segunda ronda das eleições municipais, o Movimento 5 Estrelas, do humorista Beppe Grillo, apresenta-se como o grande vencedor, depois de ter conquistado Roma, a capital e maior cidade do país, através da carismática jurista de 37 anos, Virginia Raggi, bem como Turim, onde a lista era liderada por Chiara Appendino. Os resultados de eleições municipais evidenciam a derrota do partido do primeiro-ministro Matteo Renzi nos maiores centros urbanos.

Em Espanha, o líder do PP, Mariano Rajoy, diz que a realização de um terceiro ato eleitoral se os partidos não alcançarem um acordo após as eleições de 26 de junho seria um "ridículo mundial", sublinhando que tudo fará para que tal não aconteça.

Nos Estados Unidos, Donald Trump diz que ganha as eleições mesmo sem o apoio do seu partido. É que há opositores dentro do Partido Republicano que estarão a preparar um plano para que ele não seja o candidato oficial dos conservadores norte-americanos.

O presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, vem a Portugal no final do mês para participar, a convite de Marcelo Rebelo de Sousa, numa homenagem oficial ao ex-Presidente Ramalho Eanes.

Este fim-de-semana houve manifestações: a favor da escola pública em Lisboa, a favor das escolas com contratos de associação no Porto.

Também os motociclistas se manifestaram contra a intenção do Governo de tornar obrigatória a inspeção anual para motociclos. Consideram estar a ser alvo dos interesses económicos dos centros de inspeção e que muitas das modificações que fizeram nas motos podem ser chumbadas na inspeção.

Em futsal, o Sporting tornou-se campeão nacional, ao bater o Benfica por 2-1 no Estádio da Luz. É o terceiro título de campeão para o treinador Nuno Dias, em quatro temporadas. O clube verde-e-branco junta este troféu à Taça de Honra, Taça de Portugal e Taça da Liga que foram conquistados também este ano.

Cantinho das desgraças: No noroeste da Rússia, lago de Carélia, 13 crianças e um adulto que estavam de férias morreram afogados depois dos dois barcos em que seguiam se terem virado.

A queda de uma aeronave em Canhestros, Ferreira do Alentejo, que se desintegrou no ar, provocou um morto (o piloto) e sete feridos, dois dos quais em estado grave. Os que salvaram eram paraquedistas e saltaram do avião. O piloto não o terá feito por não ter para-quedas. A aeronave, um Pilatus PC-6, pertencerá a uma empresa algarvia e esteve em Espanha na semana passada a fazer revisão. Olha se não tivesse ido à revisão…

O jovem ator norte-americano Anton Yelchin, nascido na Rússia e conhecido por interpretar Chekv na nova saga de "Star Trek", morreu ontem, aos 27 anos, após ser atropelado pelo próprio veículo, anunciou a sua agente, Jennifer Allen.

No sul do México, seis pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas no domingo num protesto de professores quando homens armados abriram fogo sobre a multidão, num momento em que manifestantes e polícia entraram em confronto.

Em Cabul, pelo menos 14 pessoas morreram e outras oito ficaram feridas após um bombista suicida ter detonado explosivos hoje perto de um miniautocarro em que viajavam agentes de segurança, informaram fontes oficiais.

FRASES

“As minhas políticas não são nada tímidas”. Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, classificado de “tímido” pelo primeiro-ministro, António Costa, Jornal de Negócios

“Nunca dei orientações (à CGD) que tivessem a ver com concessões de crédito”.José Sócrates, ex-primeiro-ministro, em artigo de opinião, Jornal de Notícias

“É preciso não ser só um vendedor de sonhos”. Pedro Rebelo de Sousa sobre o irmão, Marcelo Rebelo de Sousa, Antena 1/Económico

“Nós somos os melhores e temos oportunidade de mostrar isso dia 22 em Lyon e continuarmos a progressão no Euro que é a expectativa de todos os portugueses, especialmente os que vivem em França”.Marcelo Rebelo de Sousa, demonstrando ainda mais confiança que o selecionador Fernando Santos na equipa nacional, Diário de Notícias

“Se sairmos será para sempre”. David Cameron em artigo publicado ontem e destinado a convencer os britânicos a votarem no dia 23 pela manutenção do Reino Unido na União Europeia, Sunday Telegraph

“O Chiado está cheio de ladrões e gatunos”. Maria Augusta Montes Gomes, proprietária da pastelaria Benard, jornal i

“Esta jornalista ainda não foi despedida por escrever factos falsos?”Gabriela Canavilhas, ex-ministra de Educação do PS, escrevendo na sua conta no twitter contra um artigo assinado pela jornalista Clara Viana sobre o número de pessoas presentes na manifestação a favor da escola pública, jornal i.

O QUE ANDO A LER. E A OUVIR

Fui e vim de Manchester levando como companhia “A rapariga apanhada na teia de aranha”, o quarto volume da saga Millennium, cujos três primeiros livros foram escritos por Stieg Larsson, entretanto falecido subitamente aos 51 anos. Esta continuação das aventuras da genial hacker, Lisbeth Salander, e do grande repórter e ácido jornalista Mikael Blomkvist é agora escrito por David Lagercrantz, mas mantém o ritmo e o suspenso do seu criador original. Quer dizer, deve manter, porque entretanto deixei o livro no avião, quando estava a um terço da obra e as coisas se começavam a precipitar. Lá vou ter de ir comprar outro. E já não há Feira do Livro…

E já que andamos pelo norte da Europa é sempre bom ouvir de novo Lisa Ekdahl e o seu álbum “Heaven, Earth and Beyond” e músicas mágicas como “It’s oh so quiet” (que acompanha a publicidade do perfume Anais Anais da Cacharel Perfumes), “Cry me a river” (embora goste mais da versão de Diana Krall) e a minha faixa preferida “My heart belongs to daddy”.

E pronto, está servido mais um Expresso Curto, nesta que será a semana de todos os perigos – para o Reino Unido, para a Europa e para Portugal. Daqui a dois dias se verá se o céu nos cai na cabeça ou se seguimos em frente para outras batalhas. E daqui a três se a Europa escapa à amputação do seu filho mais rebelde. Até lá tenha um grande dia e vá consultando o on-line do Expresso e, a partir das 18H00, o Expresso Diário.

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