sábado, 27 de setembro de 2014

Angola: SAMAKUVA CONVIDA DOS SANTOS A DEIXAR A LIDERANÇA DO MPLA


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Folha 8, 27 setembro 2014

O líder da UNI­TA, Isaías Samakuva, “convidou” o Presidente José Eduardo dos Santos a deixar a lide­rança do MPLA para ser­vir o país de “forma apar­tidária”, à semelhança da decisão sobre o Governo da Província de Luanda. Admitindo-se, em tese, que o pedido seja aceite, isso não significa em ter­mos pragmáticos que o país passe a ser governa­do de “forma apartidária”. Um paradigma é, ou deve ser, outro.

O presidente da UNITA falava em conferência de imprensa, no 25.09, con­vocada para abordar as medidas administrativas anunciadas pelo Presiden­te angolano para a gestão da província de Luanda.

Entre outras medidas de “desconcentração admi­nistrativa” na província capital, o também titular do poder Executivo anun­ciou, na segunda-feira, o fim da “acumulação do cargo do governador pro­vincial com o de primeiro secretário do Comité Pro­vincial do MPLA [partido no poder desde 1975, pre­sidido por José Eduardo dos Santos]”.

“É pena que o senhor Pre­sidente da República tenha reconhecido só agora que um governador ou adminis­trador de uma grande cida­de não deve acumular essas funções com o cargo de pri­meiro secretário do MPLA. Convidamos o senhor Pre­sidente a alargar esta medi­da para todo o país”, disse Isaías Samakuva.

O Governo Provincial de Luanda é liderado há uma semana por Gracia­no Francisco Domingos, designado para as funções por José Eduardo dos San­tos, tendo, por sua vez, nomeado novos adminis­tradores municipais para toda a província.

José Eduardo dos Santos está no poder em Angola há 35 anos, o mesmo tem­po em que lidera o MPLA, logo após da morte do primeiro Presidente ango­lano, Agostinho Neto. Foi eleito de forma indirecta em 2012, pela última vez, para um mandato que ter­mina dentro de três anos.

Para o líder da UNITA, enquanto se aguarda que a Assembleia Nacional aprove a Lei das Autar­quias Locais, os governa­dores provinciais devem concentrar-se “apenas em questões de governação”.

“Que governem para to­dos os cidadãos e deixem de actuar como agentes promotores da intolerân­cia e da exclusão”, defen­deu Samakuva, para lançar o mesmo repto ao chefe de Estado, que acusou de “dar meio passo” com as mudanças em Luanda.

“E, não seria de mais su­gerir, que este exemplo venha de cima. Convi­damos por isso o senhor Presidente da República a libertar-se também das funções partidárias para servir o país de forma apartidária e como presi­dente de todos os ango­lanos”, rematou o líder da UNITA.

Angola: POLÍCIA APREENDE 13 METRALHADORAS NA CAPITAL



Antunes Zongo – Folha 8, 20 setembro 2014

Os opera­tivos do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional (CPLPN) apreenderam, no âmbito das actividades de prevenção e combate ao crime, 13 metralhadoras do tipo AKM, em posse de jovens marginais dos diversos municípios da capital, entre os dias 9 a 13 de Setembro de 2014.

A actividade de preven­ção da Polícia Nacional, enquadra-se no âmbito da operação Kutululuka e visou patrulhamentos intensivos e buscas diri­gidas, para aumentar o sentimento de segurança as populações do Sambi­zanga, Maianga, Cacuaco, Viana, Samba e Kilamba Kiaxi. Houve também a detenção de cerca de 73 cidadãos nacionais, impli­cados em diversos crimes.

Portanto, fazendo fé nas informações prestadas ao F8, pelo Inspector-chefe, Mateus Rodrigues, na se­quência das operações Kutululuka, a Polícia Na­cional esclareceu 31 cri­mes de fórum comum com destaque para ho­micídios voluntários por disparo de arma de fogo, ofensas corporais graves, violações sexuais, roubos qualificados, e posse e uso de estupefacientes.

E, no interior dos mus­seques dos municípios e distritos do Sambizanga, Samba, Maianga, Cacuaco e Viana, os operativos do CPLPN apreenderam 15 armas de fogo, sendo duas pistolas e 13 metralhadoras do tipo AKM.

Foi ainda nos referidos bairros, onde a Polícia recuperou dez viaturas anteriormente rouba­das, das quais se perfilam um Toyota Prado, de cor branca, matricula LD-26-52-BR, um Toyota Hiace, azul e branco, matricula LD-80-27-FU, um Toyota Starlet, de cor cinza, ma­tricula LD-22-81-BS, um Mitsubishi L-200, verme­lha, sem matrícula, um Kia Rio, branco, matricula LD-75-60-BT; três Hiun­day i-10, das quais, duas de cor creme, matriculas LD-22-43-FT e LD-93-83FQ; e outro de cor castanha, ma­tricula LD-86-64-FV.

Na sequência da mesma operação, os operativos do CPLPN apreenderam também duas viaturas de marca Hiunday i-20, uma de cor vermelha, matri­cula LD-30-90-EQ; outra branca, matricula LD-93-85-DW, nove motorizadas e 45 kg de Liamba. Neste momento, os presumíveis autores dos crimes enu­merados, já estão em pri­são preventiva, a espera dos respectivos julgamen­tos.

22 mortos: Dois dias de luto nacional na Guiné-Bissau após acidente com mina




O governo da Guiné-Bissau decretou dois dias de luto nacional, domingo e segunda-feira, em memória dos 22 mortos na explosão de um veículo de transporte coletivo que na sexta-feira terá passado sobre uma mina, disse hoje à Lusa fonte governamental.

O acidente aconteceu a meio da tarde no caminho entre as povoações de Bissorã e Cheia, no interior do país.

De acordo com o balanço mais recente, o número de mortos ascende já a 22 e continua a haver feridos em estado grave no Hospital Simão Mendes, em Bissau.

O executivo reuniu-se hoje em conselho de ministros extraordinário dedicado ao desastre e para além de decretar dois dias de luto nacional decidiu também criar uma comissão de inquérito, presidida pela ministra da Justiça, Carmelita Pires, para averiguar as causas do acidente.

Segundo a mesma fonte, o veículo ter-se-á desviado do caminho em terra batida por estar muito degradado, devido às chuvas, e ao tentar encontrar melhor piso ativou uma "mina antitanque reforçada".

O dispositivo deverá ter sido colocado há mais de 40 anos, durante a guerra pela independência, sendo a terceira vez que uma explosão deste género acontece naquela zona, referiu a mesma fonte.

Foi uma área em que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) "atuou fortemente" durante o conflito, acrescentou.

Eventuais medidas para tratar o problema serão discutidas depois de conhecido o relatório da comissão de inquérito, cujo trabalho será feito "com urgência".

O executivo decidiu ainda criar uma comissão de solidariedade para apoiar os familiares das vítimas que será presidida pela ministra da Mulher, Família e Coesão Social, Bilony Nhassé.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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Situação em Portugal está "como o tempo", ou seja, "ameaçadora" - Líder do PCP




Montemor-o-Novo, 27 set (Lusa) - O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que a situação do país está “ameaçadora”, tal “como o tempo”, alertando que, após “três anos trágicos”, se perspetivam mais “cerca de sete mil milhões de euros de cortes”.

Montemor-o-Novo, 27 set (Lusa) – O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que a situação do país está “ameaçadora”, tal “como o tempo”, alertando que, após “três anos trágicos”, se perspetivam mais “cerca de sete mil milhões de euros de cortes”.

A situação de Portugal “está como o tempo, ameaçadora”. É certo que, “depois da trovoada, depois do mau tempo”, virá “o bom tempo”, mas os portugueses não devem esperar “só pela natureza”, afirmou.

Segundo o líder do PCP, que discursava em Santiago do Escoural, Montemor-o-Novo, sempre com o barulho dos trovões como som de fundo, é preciso que os portugueses sejam “também construtores desse futuro que, um dia”, irá “prevalecer em Portugal, com progresso, democracia, justiça social, reforma agrária, direitos do povo”.

“Acreditamos que isso é possível. Com a ajuda da natureza, sem dúvida, mas com a nossa luta”, sublinhou, já no final da intervenção e numa alusão ao mau tempo, com chuva e trovoadas, que se faz sentir hoje pelo país, sem que Escoural seja exceção.

O secretário-geral do PCP deslocou-se hoje àquela povoação do concelho alentejano de Montemor-o-Novo para participar numa romagem, seguida de comício, para evocar “os 35 anos do assassinato de Caravela e Casquinha e do ataque à Reforma Agrária”.

A cerimónia no cemitério, de homenagem aos dois trabalhadores rurais mortos pela GNR numa herdade local, nos ‘tempos’ da Reforma Agrária, ainda foi com tempo seco, mas o discurso, já no centro de Escoural, decorreu debaixo de chuva.

Lembrando as conquistas do 25 de Abril, Jerónimo de Sousa realçou que Caravela e Casquinha foram “o exemplo da ferocidade da repressão desencadeada contra a Reforma Agrária”, que “acabou por ser destruída”.

Mas esta destruição, afiançou, “não pôs fim ao sonho, nem à necessidade e atualidade de, nas atuais circunstâncias, se concretizar uma Reforma Agrária” em Portugal.

O país vive hoje “tempos muito difíceis” e os últimos três anos foram marcados pela “contínua degradação económica e social” e pelo “empobrecimento do povo”, criticou.

“Três anos trágicos que querem prolongar, ampliando o sofrimento de milhões de portugueses, agora com um novo pretexto, o do cumprimento do Tratado Orçamental que, mais uma vez, uniu os três do costume, PS, PSD e CDS”, disse.

Os partidos do arco governativo, alertou o líder do PCP, preparam-se para, “nos próximos cinco anos”, avançarem com “mais cerca de sete mil milhões de euros de cortes”.

“Interromper este rumo de destruição e de contínuo empobrecimento é um imperativo nacional e isso exige continuar a luta”, incentivou.

RRL // PJA - Lusa

Portugal: Dezenas de pessoas em protesto pedem demissão do primeiro-ministro




Aveiro, 26 set (Lusa) - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o ministro da Educação, Nuno Crato, foram hoje apupados por dezenas de pessoas à entrada do Parque de Exposições de Aveiro, onde decorre a mostra Prémio Fundação Ilídio Pinho.

"Mentirosos" e "demissão" foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes à chegada da viatura de Passos Coelho, enquanto um pequeno grupo de pessoas acenava com lenços brancos.

Pouco antes da passagem do primeiro-ministro, também o ministro da Educação tinha sido alvo das vaias das pessoas, que empunhavam cartazes com frases como "Cabeçudo és tu que asfixias o país" e "Estamos fartos de esquecidos compulsivos. Aldrabões queremos eleições".

À frente dos manifestantes, destacava-se ainda um cartaz de grandes dimensões com a frase "Exigimos respeito" e uma imagem de Passos Coelho a dar um porco à banca com uma mão, enquanto na outra mão segura uma salsicha para dar às escolas.

Os manifestantes não puderam aproximar-se do chefe de Governo, devido às grades de proteção colocadas pela Polícia a delimitar o perímetro da entrada principal do Parque de Feiras e Exposições de Aveiro.

Pedro Passos Coelho e Nuno Crato, que não prestaram declarações aos jornalistas à entrada, participam na cerimónia de entrega de prémios às escolas com projetos distinguidos na 11.ª edição do Prémio Fundação Ilídio Pinho "Ciência na Escola".

JYDN // SMA - Lusa

Portugal: SALÁRIO NÃO É SUBSÍDIO



Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

Em torno da discussão sobre a "atualização" do salário mínimo nacional (SMN) - folhetim que o Governo prolongou para ir impondo medidas prejudiciais aos trabalhadores -, os argumentos do Governo, dos atores sociais que com ele fizeram um "acordo" e de muitos comentadores de serviço situaram-se, quase só, nos planos da economia e da solidariedade social. Ora, o SMN não é um subsídio social; jamais pode ficar dependente apenas dos fatores económicos; e os princípios e práticas do neoliberalismo que nos "governa" renegam não apenas a valorização e universalização do SMN, mas até a sua existência.

A Constituição da República (CR) determina no seu art.o 59, n.o 2, a), que incumbe ao Estado "o estabelecimento e atualização do salário mínimo nacional, tendo em conta, entre outros fatores, as necessidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento". Significa isto que o lugar e valor pecuniário do SMN dependem sempre de fatores económicos, sociais, culturais e políticos; têm como pressuposto que o trabalho produz riqueza que deve ser justamente repartida; que a sua fixação precisa de ter em conta múltiplas questões de interesse geral da sociedade para o seu processo de desenvolvimento.

Estes interesses gerais não se confundem com meros objetivos de produtividade e competitividade, tanto mais que, nesta sociedade capitalista, o rendimento colocado à disposição dos trabalhadores entra de forma mais direta, mais rápida e mais transparente no processo de trocas e na dinamização de atividades úteis.

O salário, ou retribuição, é uma prestação pecuniária que o patrão (empregador) tem de efetivar como contrapartida do trabalho de que beneficia. E, se recordarmos a Agenda do Trabalho Digno da OIT, há que evitar práticas salariais próximas da linha da pobreza. A função redistributiva do salário deve ser feita em patamares que situem o desemprego, as precariedades, as práticas atípicas de trabalho como realidades chocantes. Não ter esta perspetiva é cair na aberração de tornar o trabalho "normal" sinónimo de condenação à pobreza. É admitir uma guerra social permanente, resultante do não reconhecimento do direito universal a uma vida digna.

Na análise deste processo do pequeno aumento do SMN (17,8 euros líquidos), importa pôr a claro:

i) Incumbe ao Estado (Governo) a responsabilidade de atualizar o SMN. O Governo não pode esconder-se por detrás do biombo de um qualquer "acordo" da concertação social para não assumir as suas responsabilidades, ou para reforçar interesses e poderes patronais. O papel e o funcionamento da concertação social, que é presidida pelo Governo, estão muito degradados.

ii) O Governo não tem o direito de utilizar dinheiros da Segurança Social para contrapartidas aos patrões. Encenam que a Segurança Social está falida, mas a cada passo utilizam-na como a vaca leiteira que até serve, como no Estado Novo, para benefícios diretos aos empresários. A UGT jamais devia viabilizar tal procedimento e talvez precise de observar o significado dos elogios de Portas e do CDS. Portas está aí, de novo, como "grande estadista", manipulando áreas do trabalho e do social, e acenando a empresas com cheques de novas remessas financeiras.

iii) Muitas pequenas empresas vivem em dificuldades, mas um modelo económico e de relações laborais que desenvolva o país precisa de todo o esforço de valorização de salários, qualificações e profissões. O efetivo bloqueio do SMN não emerge das posições das pequenas empresas, ele é feito pelos grandes grupos e empresas, que assim atingem o objetivo estratégico de manter políticas de baixos salários.

iv) Impõe-se um amplo combate ao desemprego, à precariedade, ao trabalho não declarado, a falsos horários reduzidos que servem para não se cumprir o SMN, uma valorização de diversas atividades ocupadas por jovens que produzem muita riqueza com salários baixíssimos, uma efetivação e reforço da contratação coletiva.

É preciso convergência de forças democráticas que sustente um forte movimento de opinião e de luta no terreno, em defesa dos valores do salário e, em particular, do SMN.

Portugal - Cavaco: Presidência esclarece notícia que liga Cavaco, Queiroz e o GES




Depois de o Expresso ter noticiado que o Presidente da República tinha conhecimento de toda a situação no Grupo Espírito Santo através do empresário Queiroz Pereira, foi enviada uma carta ao mesmo meio de comunicação social em que o chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, afirma que Cavaco nada sabia e que o título da notícia é falso, revela o mesmo jornal. Ao que tudo indica o encontro serviu apenas para discutir os investimentos da Portucel em Moçambique.

“O título da referida notícia (‘Queiroz Pereira avisou Cavaco sobre o GES’) é falso e não tem a mínima correspondência com a realidade dos factos, uma vez que no encontro havido entre o Presidente da República e o empresário Pedro Queiroz Pereira foi exclusivamente abordada a questão dos investimentos da Portucel em Moçambique”, explica o chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, numa carta de esclarecimento enviada ao Expresso.

“A falsidade da afirmação segundo a qual o empresário Pedro Queiroz Pereira terá informado o Presidente da República sobre a situação no Grupo Espírito Santo é, aliás, confirmada pelo próprio corpo da notícia publicada pelo Expresso, a qual refere textualmente: ‘Questionada pelo Expresso, fonte oficial de Belém negou que tenha havido no encontro referências ao assunto, tendo a conversa 'versado exclusivamente' sobre os investimentos da Portucel em Moçambique’, pode ler-se no mesmo documento.

Nunes Liberato não se poupou a críticas, considerando “lamentável que um jornal de referência como o Expresso (que se pretende credível e respeitado) haja publicado uma notícia encabeçada por uma afirmação totalmente inverídica e destituída de qualquer fundamento, que deliberadamente induz em erro os leitores e a opinião pública”.

Notícias ao Minuto

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Portugal: VÁ LÁ UM ESFORÇO, GABE-SE, PASSOS!



Ferreira Fernandes – Diário de Notícias, opinião

Desconfiamos dos políticos e das empresas e levamos com um fim de semana com stripteases de político (Passos Coelho) e de empresa (Tecnoforma), com discurso no Parlamento e conferência de imprensa de advogado, sabendo tudo sobre um e outra. Afinal, entre Passos e Tecnoforma não houve nada, até à data controversa de 1999. Nem uma nota, nem cheque, nem um cartão de crédito. E quando eu não tenho provas em contrário, acredito na palavra dos outros. É o caso. Eles, político e empresa, expuseram-se e fiquei a saber tudo. Mas estranho uma nebulosa. Onde menos esperava. Sobre o Centro Português para a Cooperação (CPPC), onde Passos trabalhou, de borla, naquele período para o qual os jornais trouxeram a controvérsia, 1996-99, é que fiquei sem saber nada. Estranho. Sim, porque o CPPC era uma ONG, uma organização que não vive para lucros. A esta altura, eu já devia saber tudo sobre o CPPC. O que fazia, que generosidade praticava? Como obrigava os seus a sacrifícios nas viagens e nas pensões? Seria educativo vermos as faturas modestas para tão grandes causas. Passos tem um livro, Mudar, lançado em 2010, em que se conta a si próprio. Fala da Tecnoforma e nunca fala dessa coisa bonita que foi trabalhar numa ONG. Aliás o termo "ONG", nas 277 páginas do livro, só é referido uma vez e de forma geral sem nada que ver com o CPPC. Estranho. Mais, irrita-me a modéstia das pessoas devotadas, como é certamente o caso.

Portugal - Denúncia: Passos Coelho com "pouca memória" em "saco azul" da Tecnoforma




Um antigo diretor geral da Tecnoforma, Luís Brito, afirmou que na organização existia uma companhia offshore que servia para depositar milhões de dólares vindos de Angola. "Funcionou como um saco azul", chegou a afirmar Luís Brito.Já o antigo dono da Tecnoforma, Fernando Madeira, reagiu às últimas declarações de Passos Coelho e garantiu que este tem "memória curta", informa o Expresso.

Um ex-diretor-geral da Tecnoforma, Luís Brito, revelou que durante 15 anos, entre 1986 e 2011, os donos da Tecnoforma tinham uma companhia offshore na ilha de Jersey onde depositavam milhões de dólares, por ano, vindos de Angola. Luís Brito acrescentou ainda que a Form Overseas Limited - companhia offshore - “funcionou como um saco azul” para despesas não documentadas em Portugal, cujos valores “não constavam da contabilidade da empresa”.

O dinheiro tinha origem nos serviços da Cabinda Oil Gulf, da Chevron, e eram transferidos para essa offshore verbas que depois passavam para uma conta da Tecnoforma no Banco de Indústria e Comércio, em Almada.

Luís Brito garantiu ainda que o Centro Português para a Cooperação (CPPC) representou um custo anual “de 200 mil contos, um milhão de euros na moeda atual”, entre 1997 e 1999, altura em que esta organização foi criada pelos donos e administradores da Tecnoforma e presidida por Passos Coelho.

“Os valores globais foram abordados internamente na empresa na altura, de forma informal, quando alguns responsáveis de operações reuniam com a administração para discutir os resultados anuais. O CPPC representou cerca de 600 mil contos ao longo desses três anos”, explica.

“Eu tinha acesso aos montantes de pagamento feitos pela petrolífera e à correspondência trocada com a Form Overseas, incluindo ordens de transferência bancárias enviadas pela Tecnoforma”, disse Luís Brito.

Quanto ao CPPC diz que sabe pouco. “Sei que foi criado para expandir de operações em África, em Cabo Verde, Moçambique mas também países fora do universo da lusofonia, e com o objetivo de ir buscar fundos ao Banco Mundial e à Comissão Europeia”.

Relativamente às declarações do primeiro-ministro, esta sexta-feira no Parlamento, em que afirmava não ter recebido "milhões" em despesas porque não existia esse dinheiro, o responsável pela criação do CPPC e o antigo dono da Tecnoforma, Fernando Madeira não revela o valor dado ao primeiro-ministro em termos de remuneração e afirma ao Expresso: “Se Pedro Passos Coelho, que é 30 anos mais novo do que eu, tem pouca memória do que se passou há poucos anos, porque é que eu hei de ter melhor memória que ele?”.

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Macau: UM DIA DESTES



ISABEL CASTRO – Hoje Macau, em Contramão, opinião

Não espanta que estas coisas aconteçam. É típico de sociedades em que os líderes não percebem o que significa a governação, uma invenção muito antiga que resulta na organização de pessoas e bens, e na delegação de competências a alguém para que as pessoas se possam entender e os bens possam ser geridos. Como em Macau há uma óbvia dificuldade em fazer com que as pessoas se percebam e um problema ainda maior na gestão dos bens, as coisas acontecem assim. Às vezes acontecem bem; outras nem por isso.

Quando os governos falham, as pessoas reagem. Noutros tempos, nos tempos da invenção dos governos, a reacção ao que estava a ser mal feito fazia-se à batatada. Porque os homens não evoluem, da batatada passou-se às guerras sofisticadas em que os dois lados da barricada nem sequer conhecem os rostos das mortes mútuas. Matam-se uns aos outros sem sequer saberem a cor dos olhos de quem morre.

Nós por cá somos mais primários, mais iniciais: ficamo-nos pelo estádio da batatada, aquela fase mais epidérmica, mais quente e, vistas bem as coisas, mais humana. Como não passamos ao lado das novas tecnologias, também vamos exercitando a vocação de justiceiro de forma virtual, a salvo de mazelas e nódoas negras. É todo um conjunto de eu faço-e-aconteço, uma série de promessas de reposição da ordem das coisas. Coisas que, na verdade, nunca estiveram verdadeiramente ordenadas.

As redes sociais vieram ajudar à organização de uma cidade em permanente mudança – mudança de pessoas e mudança de sítios. Há grupos para tudo e mais alguma coisa, numa saudável revelação da imaginação local e de entreajuda também. Criou-se um grupo para a venda de bens em segunda mão (viva a reciclagem), na sequência da debandada geral de um grupo de pessoas que cá vivia; criou-se um grupo de pessoas desesperadas à procura de uma casa a preços comportáveis, num sinal muito revelador do estado a que isto chegou; criou-se um grupo que tem como objectivo denunciar os maus taxistas e que rapidamente se transformou numa associação, organizada nos termos em que manda a lei.

Assisti – virtualmente – ao aparecimento deste grupo e fui acompanhando a evolução de um movimento social pouco vulgar em Macau. Não é comum vermos por aí grupos que têm como objectivo denunciar maus professores, maus médicos, maus jornalistas ou maus advogados. Ou maus políticos. A flor de Lótus murchava se aparecesse um grupo com milhares de pessoas a denunciar profissões tidas como mais nobres. Pois que este grupo entretanto transformado em associação denuncia maus taxistas – sendo que, a dada altura do campeonato, alguém teve o cuidado de criar uma lista de bons taxistas para equilibrar as coisas.

Acredito piamente que, na origem de tudo, esteve uma boa intenção: no início, eram desabafos de pessoas cansadas com o facto de não se conseguirem deslocar em Macau, cansadas com as irregularidades praticadas pelos taxistas, cansadas com a inércia das autoridades perante esta força maior e superior de quem detém e conduz veículos de aluguer. Acredito também que, na nova associação, há gente empenhada em contribuir para a resolução de um problema que, nos últimos meses, se tem agravado muito.

Acontece que esta boa intenção rapidamente evoluiu também para aquilo que pode ser perigoso: a delação e – mais do que a denúncia e a criação de listas negras que tanta confusão nos fazem quando são da autoria de quem manda em nós –, a congeminação de planos para apanhar taxistas prevaricadores, como se coubesse aos cidadãos comuns a função de agente provocador. Eu gosto de ver a sociedade a reagir. A sério que gosto. Mas não gosto de homens armados que saem à noite em bandos para proteger a vizinhança dos ladrões.

Não espanta que estas coisas aconteçam. O Governo – sobretudo este Governo de Chui Sai On – anda há cinco anos em modo loop com a diversificação económica, os estudos e as consultas públicas, a harmonia e o centro internacional de turismo e lazer, os festivais de fogo-de-artifício e as medidas eternamente provisórias que só funcionam para quem não sai dos gabinetes. Não espanta, por isso, que a sociedade reaja.

Está na hora de o Governo encomendar a uma instituição pública de ensino superior de reconhecido mérito um estudo sobre as novas reacções virtuais dos residentes de Macau. Talvez assim, lá para 2016, quando a ponte de Hong Kong chegar a Macau e o metro já ligar a Taipa de uma ponta a outra, o Executivo perceba que pode ser perigoso, mas muito perigoso, deixar que os residentes cheguem ao estado de cansaço que está aí, e que promete ser cada vez maior.

China: ESTUDANTES DE MACAU SOLIDÁRIOS COM PROTESTOS EM HONG KONG



FLORA FONG – Hoje Macau - *com Filipa Araújo

Cerca de meia centena de assistentes sociais e estudantes de Macau manifestou-se na Praça Flor de Lótus num gesto de solidariedade para com os colegas da região vizinha

Os protestos organizados por estudantes de várias instituições de ensino de Hong Kong não estão a passar indiferentes a Macau. Um grupo de mais de 50 assistentes sociais e estudantes da área juntou-se ontem na Praça Flor de Lótus, em Macau, erguendo cartazes onde se lia “apoiamos o boicote às aulas dos estudantes de Hong Kong”.

Luzia Ho, uma das organizadores da concentração, apelou, através de um evento criado na rede social Facebook, à participação dos estudantes de Macau. A organizadora considera que o boicote deve ser apoiado por todos, realçando que os alunos não devem manter uma postura de descuido das matérias que estão em causa e que motivam as manifestações na região vizinha.

Recorde-se que, em Hong Kong, fazem-se ouvir protestos contra o Governo Central devido ao facto de Pequim ter decidido transformar a promessa de sufrágio directo para a escolha do Chefe do Executivo, em 2017, num sufrágio que tem de escolher apenas líderes apontados previamente pelo próprio Governo.

Segundo um ‘post’ publicado na página do evento, a organizadora afirma que é a semelhança com o que se passa em Macau que faz com que haja este apoio. “Nos últimos anos, Macau e Hong Kong enfrentaram as mesmas discussões sobre a reforma política e, por isso, na sua opinião, os assistentes sociais devem mostrar a solidariedade como agentes activos na sociedade em que estão.” Luzia Ho mostra-se ainda defensora de uma “caminhada conjunta” pela democracia entre Hong Kong e Macau.

ACTIVISTA MARCA PRESENÇA

O activista residente de Macau, Wong Kin Lon, está a estudar no primeiro ano do curso de Política e Administração na Universidade Chinesa de Hong Kong e não quis deixar de estar presente na semana de boicote às aulas. “Gostava que este protesto para a reforma política de Hong Kong tivesse influência em Macau”, afirmou o aluno ao HM.

Na opinião do aluno, os residentes de Macau devem “também apoiar o desenvolvimento democrático de Hong Kong e todos os seus movimentos civis, para que haja um sufrágio”, explica.

Questionado sobre o futuro de Macau, Wong Kin Lon mostra-se reticente. “Não prevejo uma proposta de reforma política melhor em Macau, que é um sítio bem mais conservador que Hong Kong, mas poderia surgir uma igual”, diz, reforçando que “só depois de Hong Kong conseguir uma mudança, é que Macau perceberá que também poderá seguir o mesmo caminho”.

Wong Kin Lon, que marcou presença em vários movimentos civis em Macau ao lado de Jason Chao e Sou Ka Hou, clarificou que a causa pela qual os alunos estão a lutar vale a perda das matérias que iriam aprender. “Vale a pena lutar por um sistema político mais democrático”, concluiu.

Apoios a subir

Na mesma página, foi feito um convite ao estudantes de Macau. O que se propõe é que os alunos tirem uma fotografia ao seu cartão de estudante e a coloquem na sua página pessoal com o título “Apoiamos o boicote às aulas dos estudantes de Hong Kong”. Até ao fecho desta edição, já 30 fotografias circulavam na rede social de alunos da Universidade de Macau, Instituto Politécnico, Universidade da Cidade de Macau e da Universidade São José, entre outras entidades escolares.

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TAIWAN REJEITA MODELO APLICADO EM HONG KONG E MACAU




O Presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, expressou a sua "forte oposição" ao princípio ‘Um país, dois sistemas’ aplicado em Hong Kong e Macau e que China quer usar para a reunificação com a ilha, disse hoje uma porta-voz.

O Presidente chinês, Xi Jinping, retomou a fórmula "Um país, dois sistemas" num encontro na sexta-feira com um político de Taiwan partidário da união da ilha com a China.

Xi Jinping disse que a unificação pacífica e o princípio ‘Um país, dois sistemas’ devem ser as diretrizes fundamentais para procurar resolver a "questão de Taiwan", segundo a agência oficial chinesa Xinhua.

Os territórios da China e Taiwan seguiram caminhos distintos desde o final da guerra civil em 1949, quando o Partido Comunista tomou o poder no continente chinês e o antigo Governo, dirigido pelo Partido Nacionalista, se refugiou na ilha.

O Partido Comunista Chinês defende a "reunificação pacífica" com Taiwan segundo a mesma formula adotada para Hong Kong e Macau (‘Um país, dois sistemas’), mas ameaça "usar a força" se a ilha declarar a independência.

Taiwan tem rejeitado a oferta chinesa de unificação sob ‘Um país, dois sistemas’, com o Presidente Ma a repetir em várias ocasiões a sua oposição àquele princípio.

Ma defende que Taiwan, sob o nome oficial de República da China, é um país soberano e independente, e que nem o seu povo nem o seu Governo aceitam o princípio de ‘Um país, dois sistemas’, disse a porta-voz presidencial Ma Wei-kuo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Garuda inicia ligações aéreas entre Bali e Timor-Leste a 25 de outubro




Díli, 26 set (Lusa) - A companhia aérea estatal indonésia Garuda inicia a 25 de outubro a ligação entre Bali, Indonésia, e Timor-Leste, anunciou hoje a Air Timor, que vai ser responsável pela venda de bilhetes em Díli.

Segundo a página na Internet da Air Timor, o voo vai realizar-se diariamente e os bilhetes para aquela ligação já começaram a ser vendidos nos escritórios em Díli.

A Garuda vai começar a voar para Timor-Leste na sequência da assinatura de um Memorando de Entendimento assinado entre o administrador daquela empresa, Emirsyah Satar, e o diretor da Air Timor, Abessy Bento, em agosto, durante a visita oficial do Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, a Díli.

Atualmente voam para Timor-Leste a companhia aérea indonésia Sriwijaya, com ligações diárias a Bali, a Air North, que voa diariamente para Darwin, na Austrália, e a Silkair, que faz três ligações semanais com Singapura.

MSE // PJA - Lusa

ONU VAI AJUDAR TIMOR-LESTE A COMBATER A DESFLORESTAÇÃO




Díli, 26 set (Lusa) - O Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e o Governo de Timor-Leste assinaram hoje uma nova parceria para combater a desflorestação no país e aumentar o acesso e os serviços de energia às áreas rurais.

O programa, denominado Bioenergia e Produção Sustentável de Biomassa, vai ser executado em conjunto com a Secretaria de Estado da Eletricidade e visa reduzir o consumo de lenha através do aumento da utilização de fogões, bem como ajudar Timor-Leste a reduzir as emissões de gases de efeito de estufa provenientes da desflorestação.

"Atualmente, quase 95 por cento das casas em Timor-Leste utiliza lenha como principal combustível para cozinhar, o que é tecnologicamente ineficiente. Isso resultou na desflorestação generalizada em todo o país, o que provoca desastres naturais", afirmou o secretário de Estado da Eletricidade, Januário Pereira.

Segundo o secretário de Estado, a desflorestação danifica também as infraestruturas e a produtividade da terra utilizada para a agricultura.

"Todos estes fatores ameaçam o progresso do desenvolvimento do país", afirmou.

Segundo o PNUD, o programa vai permitir substituir gradualmente em cerca de 20 mil casas, escolas e empresas a utilização de lenha para cozinhar através da introdução de fogões.

MSE // PJA - Lusa

China: DETENÇÕES E FERIDOS EM PROTESTO PELA DEMOCRACIA EM HONG KONG




Hong Kong, China, 27 set (Lusa) -- Os protestos contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal em Hong Kong resultaram esta noite em 13 detenções, incluindo do líder estudantil, e em vários feridos, com a polícia a usar gás pimenta para dispersar os manifestantes.

Os distúrbios começaram por volta das 22:30 de sexta-feira (15:30 em Lisboa), quando um grupo de manifestantes escalou as vedações de metal e entrou numa antiga área pública denominada Praça Cívica, ao lado do complexo de Tamar -- que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias do governo de Hong Kong --, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

A polícia usou gás pimenta pela polícia para tentar dispersar os manifestantes, que se protegiam com guarda-chuvas, máscaras cirúrgicas e óculos de motociclista, escreve a AFP, ao dar conta que mais de 100 manifestantes forçaram os portões, e que 50 continuavam no local na manhã de hoje.

Pelo menos 13 pessoas, com idades entre os 16 e 35 anos, foram detidas por entrada forçada em instalações do governo, conduta desordeira em lugar público e agressão de um polícia. Entre os detidos está o líder estudantil Joshua Wong.

"Não nos importamos de ser feridos, não nos importamos de ser detidos, o que queremos é obter uma verdadeira democracia", disse o manifestante Wong Kai-keung citado pela AFP.
Segundo a polícia e a federação de estudantes, citados pela agência Efe, entre 4.000 e 5.000 pessoas participaram na manifestação na noite de sexta-feira.

Aos manifestantes que permaneceram no local juntou-se, já esta manhã, Benny Lai, dirigente do movimento "Occupy Central", que rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

Grupos de estudantes lideram uma campanha de desobediência civil ao lado de ativistas pró-democracia em protesto contra a decisão de Pequim, anunciada a 31 de agosto, a qual prevê que o futuro chefe do Executivo seja eleito por sufrágio universal em 2017, mas somente depois da seleção prévia por uma comité de nomeação de dois ou três candidatos.

No lançamento da ação de boicote, na segunda-feira, os organizadores dizem ter atraído 13 mil estudantes ao 'campus' da Universidade Chinesa de Hong Kong, numa ação que veio imprimir um novo fôlego à campanha pela democracia na antiga colónia britânica.

O início da agitação estudantil surgiu uma semana depois de mais de 1.500 ativistas terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno.

Esse figurou com o primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional Popular decidiu, no final de agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

A reforma proposta por Pequim carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, sendo que 27, do campo pró-democrata, anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

FV (DM) // FV - Lusa

ESTADO ISLÂMICO. A CARTADA PÓSTUMA DE SADDAM



Pedro Guerreiro – jornal i

O movimento terrorista contou com um membro de peso em Mossul: o marechal-de-campo Izzat Ibrahim al-Douri, o rei de paus no baralho dos homens mais procurados pelos EUA

Como é que oito mil homens tomaram em Junho a segunda maior cidade do Iraque a dezenas de milhares de soldados e milicianos treinados pelos Estados Unidos? Como é que um grupo dissidente da Al-Qaeda assumiu, em poucos meses, o controlo de boa parte da Síria e do Iraque? A resposta não está apenas no radicalismo e energia dos jovens jihadistas que chegam de todo o mundo para combater nas fileiras do Estado Islâmico. Está sobretudo na longa experiência de quem os comanda. É como se a Guerra do Iraque não tivesse terminado. O que os Estados Unidos voltaram a enfrentar esta semana, com o início de uma operação aérea em larga escala, é parte do mesmo inimigo presumivelmente derrotado na década passada - isto apesar de, ontem, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter afirmado na Câmara dos Comuns que "não estamos em 2003", negando que a coligação internacional esteja a enfrentar um "fantasma", durante o debate antes da aprovação do envolvimento britânico que Cameron admitiu poder estender-se à Síria.

De acordo com o "New York Times" (NYT) e o canal saudita Al-Arabiya, 19 dos 20 actuais dirigentes de topo do Estado Islâmico (EI) são iraquianos e a maioria passou pela antiga academia militar do regime de Saddam Hussein. São, em boa parte dos casos, ex-oficiais seculares que aderiram ao radicalismo religioso após a invasão norte-americana de 2003, e sobretudo depois de duas decisões-chave do governo provisório de Paul Bremer: a proibição do Partido Baas, predominantemente sunita, e a dissolução das forças armada iraquianas. Para o grupo radical, estes antigos elementos da ditadura trouxeram disciplina e a experiência de décadas de guerra contra iranianos, curdos, kuwaitis e norte-americanos.

"O EI é, com efeito, um híbrido de um grupo terrorista e um exército", escreve o NYT. O grupo alia a estratégia militar convencional ao terror das execuções em massa de combatentes inimigos e do massacre de populações civis, que serve para enviar uma mensagem de sangue aos rivais e para atrair voluntários radicais - atracção essa que, segundo admitiu o responsável americano pela luta antiterrorismo, Gilles de Kerchove, à BBC, já levou mais de três mil europeus a juntarem-se ao grupo extremista.

CAMARADAS DE ARMAS E DE PRISÃO 

Os nomes da cúpula terrorista foram revelados nos últimos dias. Juntos, formam uma espécie de governo militar de um Estado não reconhecido, composto por "ministros" e "governadores". Para além do autoproclamado califa Abu Bakr al- -Baghdadi (nome de guerra do iraquiano Awwad al-Badri), o Estado Islâmico conta com, pelo menos, dois antigos tenentes-coronéis de Saddam - Abu Muslim al-Turki (Fadel al-Hiyali), braço-direito do líder, e Abu Mohannad (Adnan Latif Hamid al-Sweidawi), "governador" da província ocupada de Anbar, oeste do Iraque - e um general - Abu Abdurrahman al-Bilawi (Adnan Ismail Nejm), comandante das operações militares.

Confirmando alguns nomes avançados pelo NYT e revelando outros, a investigação da Al-Arabiya indica outros elementos do executivo extremista: Abu al--Hareth (Bashar Ismail al-Jerjer), chefe do conselho militar; Abu al-Qasem (Abdullah Ahmad al-Mashhadani), responsável pelo acolhimento e integração dos jihadistas estrangeiros recém-chegados; Abu Salah (Mowafaq Mustafa al--Karmoush), o "ministro das Finanças"; ou Abu Mohammad (Bashar Ismail al- -Hamadani), o chefe dos "serviços prisionais", entre outros.

Há apenas um sírio na cúpula do EI. Trata-se de Abu Mohammad al-Adnani (Taha Sobhy Falaha), o responsável pela guerra de propaganda que tem mediatizado o Estado Islâmico através da divulgação de vídeos de decapitações, crucificações e outras atrocidades. Os restantes são iraquianos e, para além da experiência militar, os mais próximos de Al-Baghdadi têm em comum a passagem por Camp Bucca, uma antiga prisão do exército norte-americano em Umm Qasr, na fronteira iraquiana com o Kuwait. Tão implacáveis quanto sofisticados: "Não sobreviveram até agora sendo incompetentes", comentou um oficial norte- -americano, sob anonimato, ao NYT.

Ahmed al-Dulaimi, o legítimo governador da província de Anbar, contava em Agosto ao jornal nova-iorquino que conheceu vários dos actuais líderes do EI na antiga academia militar do regime de Saddam e que foi instrutor de um deles, Adnan Ismail Nejm, no início dos anos 90. Este, recorda, era um homem de uma família "simples, de elevados padrões". Nejm, tal como os seus irmãos, tornou--se jihadista após a invasão norte-americana e o colapso do exército iraquiano. "Todos se tornaram religiosos depois de 2003", afirma Al-Dulaimi.

Para além da experiência militar, o EI beneficia das extensas redes de contactos destes antigos homens do regime: chefes tribais, dirigentes corporativos e altos quadros do Baas (o antigo partido único) na clandestinidade que, por sua vez, dominam um número imenso de homens prontos a lutar nas frentes política, económica e social.

A VELHA RAPOSA 

Izzat Ibrahim al-Douri. O nome é olvidável, mas a sua imagem é facilmente reconhecível. Magro, pálido e de bigode ruivo, era o número dois de Saddam, o marechal-de-campo das forças iraquianas e o enviado pessoal do ditador nas derradeiras tentativas diplomáticas para evitar a guerra em 2003. Companheiro de armas de Saddam no golpe militar que conduziu o Baas ao poder, é também o único alto dirigente do regime que escapou à captura ou à morte. No baralho de cartas dos homens mais procurados distribuído pela administração militar ocupante norte-americana, Al-Douri era o rei de paus.

Sobrevivendo como um fantasma, tanto que tinha sido dado como morto por diversas vezes, reapareceu há menos de um ano num vídeo a apelar à união dos saudosistas de Saddam e dos islamistas radicais contra o então governo do xiita Nouri al-Maliki. E o apelo parece ter tido eco entre a minoria sunita, a começar pelo próprio Al-Douri. Lidera um movimento armado tão exótico como este árabe de tez céltica - o Exército da Ordem Naqshbandi. Trata-se de uma guerrilha sufista (corrente mística do islão, tradicionalmente pacifista e tolerante) historicamente aliada ao Baas (fortemente secular) e agora circunstancialmente coligada ao EI (que considera o sufismo uma seita herética). Alinhamento impossível? Não, pois partilham a base de apoio sunita.

Sem merecer a mesma atenção mediática procurada pelo EI, Al-Douri foi um dos protagonistas da tomada de Mossul, em Junho. O seu movimento está agora encarregue de grande parte da administração civil da cidade de mais de um milhão de habitantes.

Os Naqshbandi, que enquanto comunidade religiosa contam séculos de história, militarizaram-se definitivamente em 2009 pela mão de Al-Douri. Já na altura, em declarações à rádio pública norte-americana NPR, um dirigente do Partido Constitucional Iraquiano, uma pequena formação moderada, alertava para a possibilidade de este grupo atrair dissidentes da Al-Qaeda. Cinco anos depois, é evidente a cooperação entre o EI, que nasce precisamente de uma ruptura de Al-Baghdadi com a Al-Qaeda fundada por Osama Bin Laden, e a guerrilha mística do nacionalista iraquiano.

Contudo, a aliança é frágil. As atrocidades cometidas pelo EI contra os cristãos iraquianos, outra minoria próxima do antigo regime de Saddam, são motivo de grande tensão entre os saudosistas e os terroristas. Em Julho circulou uma suposta declaração de guerra dos Naqshbandi a Al-Baghdadi. Em Washington há quem veja aqui uma oportunidade para uma tentativa de diálogo com Al-Douri. Em teoria, o entendimento é impossível; na prática, é o Médio Oriente.

Por outro lado, a actuação do grupo terrorista continua a receber condenações do mundo islâmico. Ontem, centenas de muçulmanos franceses concentraram- -se em Paris, respondendo ao apelo de líderes muçulmanos, numa condenação à decapitação de Hervé Gourdel, um guia de montanha de 55 anos assassinado na Argélia por um grupo que diz ter ligações ao Estado Islâmico. ""Nós, muçulmanos de França, dizemos 'fim à barbárie'. Esta concentração é a expressão forte e vibrante do nosso desejo de unidade nacional e da nossa vontade inabalável de vivermos juntos", disse Dalil Boubakeur, líder do Conselho Francês do Culto Muçulmano, que representa cerca de cinco milhões de muçulmanos. Depois do assassinato de Hervé Gourdel, François Hollande convocou o conselho de defesa francês para garantir que o país vai "continuar com as suas acções para debilitar o EI" no Iraque, mas que podem alargar-se também à Síria, garantindo que as medidas de segurança em locais públicos e nos transportes vão ser reforçadas, para prevenir tentativas de atentados terroristas.

NASRALLAH: “EUA É A MÃE DO TERRORISMO”




O secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nessa 3ª-feira que seu grupo jamais, em tempo algum, será parte de alguma 'coalizão' anti-ISIL comandada pelos EUA, que são a "fonte" de todo o terrorismo no mundo.

A coalizão, que já iniciou os ataques aéreos ilegais na Síria, nessa 3ª-feira, foi criada pra salvaguardar interesses exclusivos dos EUA, não para combater contra algum terrorismo como alega - disse Nasrallah, em discurso televisionado.

"Na nossa avaliação, os EUA são a mãe do terrorismo, a fonte de onde brota todo o terrorismo. Se há terrorismo no mundo, seja onde for, hoje, olhe para os EUA" - disse o secretário-geral do Hezbollah.

"Os EUA dão completo apoio ao terrorismo praticado pelo estado sionista. Os EUA apoiam Israel, militarmente, financeiramente, legalmente, ilegalmente e até asseguram a Israel o veto no Conselho de Segurança da ONU, sempre que precisarem."

Nasrallah continuou: Foram os EUA quem lançaram a bomba atômica sobre o povo do Japão. Foram os EUA que mataram incansavelmente o povo do Vietnã e em outros pontos do mundo; e são os EUA que sempre se mantiveram ao lado do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, nos 50 dias de guerra contra Gaza. Os EUA não têm qualificação ética ou moral para se apresentarem como líderes de uma coalizão para lutar contra o terrorismo."

Os comentários foram feitos depois que EUA e ditaduras árabes aliadas começaram os ataques aéreos não autorizados contra alvos jihadistas na Síria, provocando a indignação de Irã e Rússia, aliados de Damasco.

Nasrallah descartou de antemão qualquer possibilidade de sua oposição à 'coalizão' comandada pelos EUA ser apresentada como apoio ao Estado Islâmico no Iraque e Síria (ISIL); lembrou que já denunciou inúmeras vezes os mesmos extremistas e pregou que fossem eliminados.

Verdade é que muitos dos agora incluídos na coalizão anti-ISIL sempre financiaram os terroristas que hoje lutam no Iraque e na Síria, o que força os povos da região a questionar os motivos dessa repentina 'coalizão', acrescentou Nasrallah, referindo-se a Arábia Saudita e Qatar.

O Líbano é um dos dez países árabes que juraram apoio à coalizão, compromisso ao qual Nasrallah disse que sempre se opôs.

"O presidente Obama que jamais diga que o Hezbollah defendemos  minorias, sejam muçulmanos ou cristãos" - disse Nasrallah.

"É claro que jamais integraríamos uma coalizão que só serve aos interesses de EUA, não aos interesses dos povos da região."

No discurso de 15 de agosto, Nasrallah observou que os EUA só decidiram envolver-se na luta contra o ISILquando os jihadistas aproximaram-se do Curdistão Iraquiano, região estrategicamente importante para o ocidente.

Soldados libaneses capturados 

Nasrallah também conclamou o Líbano a negociar "a partir de posição de força" para obter a liberdade de 26 soldados que o ISIL e a Frente al-Nusra mantém como reféns nos arredores da cidade de Ersal, no nordeste do país.

Disse que a situação dos reféns, sequestrados durante combates de cinco dias contra os jihadistas, há sete semanas, é "humilhante".

Os grupos sequestraram originalmente mais de 30 soldados das forças de segurança do Líbano. Depois do sequestro, a frente al-Nusra libertou cinco reféns e executou um. E o ISIL degolou dois.

Nasrallah disse que as negociações para obter a libertação dos reféns estavam sendo dificultadas pelo "desempenho político" de alguns partidos, interessados em obter "dividendos políticos".

"Em nome dos soldados, do exército, das respectivas famílias, do país, ponhamos de lado as diferenças políticas e os objetivos políticos" - disse ele, referindo-se a recentes declarações de membros do movimento 14 de março, que acusaram o Hezbollah de culpa nos sequestros, por causa de sua ação militar na Síria.

Disse que todos os que acusam os Hezbollah de opor-se a negociações com os jihadistas, são "mentirosos"; insistiu que o Partido de Deus sempre apoiou os esforços do governo libanês para obter a liberdade dos reféns, "desde o primeiro dia".

"Quem apareça para dizer que o Hezbollah teria rejeitado o princípio da negociação mente para promover interesses políticos partidários, não porque deem qualquer importância à vida e ao retorno dos reféns" - disse Nasrallah.

"Nós jamais rejeitamos o princípio da negociação, seja com terroristas, takfiris, não importa. Com Israel, que seja, também não importa: negociamos sempre que se trate de questão humanitária."

Mas Nasrallah disse que é lógico e faz pleno sentido que o Líbano exija, como condição para negociar, que os sequestradores parem com as execuções de reféns.

"Temos de negociar de uma posição de força, não na posição de quem chora ou suplica" - disse ele. - "Muito choro só levará a mais catástrofe. Se há esperança de que aqueles soldados voltem para suas famílias, essa esperançna está em negociarmos a partir de posição digna, não humilhada ou súplice." (Al-Akhbar)

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