terça-feira, 15 de maio de 2012

BOICOTE DE NOTÍCIAS SOBRE CAVACO SILVA NA VISITA A TIMOR-LESTE E "ARREDORES"



Redação PG

Como o Página Global tem referido em diversas ocasiões muito mais notícias do quotidiano timorense acontecem e são noticiadas, devidamente atualizadas, em tétum, nas publicações diárias timorenses online.

Em português não existe nenhuma publicação dessas e a informação que a Lusa, o Sapo TL e a RTP fornecem ao mundo lusófono é bastante limitada, muitas vezes de cariz oficial ou semi-oficial – o que convém ao regime de Gusmão ou outro do mesmo cariz que detenha o poder. A língua portuguesa, a par do tétum, é a língua oficial daquele país.

Na comemoração dos 10 anos de independência a nódoa sobre a informação para o mundo lusófono mantém-se, junto com a falta de vergonha dos poderes que preferem limitar o conhecimento que é fornecido à lusofonia sobre Timor-Leste. Consideramos que as responsabilidades pela situação cabem a várias entidades.

Por essa razão, em ação de protesto, nesta fase específica das comemorações dos 10 anos de independência de Timor-Leste, o Página Global não publicará conteúdos relacionados com a visita do PR de Portugal, Cavaco Silva, a Timor-Leste, para as cerimónias da independência. Assim como o que seja relacionado com Cavaco Silva e a sua presença naquela parte do mundo. Gostaríamos de ser secundados neste protesto mas compreendemos os motivos por que ninguém mais o faça. Somos diferentes e completamente desalinhados dos atropelos constantes à informação em língua portuguesa da realidade timorense.

Presidente e Representante da Comissão C do Parlamento recebem relatório da UNCAC



Sapo TL

O Presidente e Representante da Comissão C do Parlamento Nacional recebeu o relatório da Comissão Anti-Corrupção sobre o primeiro ciclo da revisão de Auto-Avaliação da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção (UNCAC) que está a ser implementado em Timor-Leste e reconheceu o grande esforço da Comissão na condução do processo de revisão.

A revisão abrange o Primeiro Ciclo da Convenção, Capítulo III , sobre a criminalização e aplicação da lei e o Capítulo IV , sobre a Cooperação Internacional. O mesmo relatório foi apresentado ao Conselho de Ministros.

Durante a apresentação e discussão, os legisladores foram informados sobre alguns progressos em matéria de aplicação da lei que Timor-Leste tem feito em conformidade com os trabalhos da Convenção, no qual, o Parlamento Nacional tem tido um papel crucial. A discussão também abordou a obrigação de Timor-Leste, como Estado membro da Convenção , em participar no processo de revisão da Convenção que abrange todos os Estados Membros, bem como na sua auto-avaliação.

Em 2011, Timor-Leste decidiu não rever a auto-avaliação dos Estados membros, não só por falta de recursos humanos qualificados como também para ganhar experiência e aprender com a experiência dos outros países. Este dever de fazer revisão aos outros Estados membro esta previsto a ser feito ainda este ano.

Este ano , o país irá participar no processo de avaliação e para isso o governo de Timor-Leste deve nomear 15 peritos a ser propostos à secretaria da UNCAC em Viena. A delegação da Revisão do País para o Auto-Avaliação de Revisão de Timor-Leste vai chegar em Díli na terceira semana de Maio.

A INDEPENDÊNCIA DE TIMOR-LESTE EM FILME E DEBATE




Dalan Ba Dame - Caminho da Paz


"Dalan Ba Dame - Caminho da Paz" é um filme que faz o retrato de Timor-Leste entre 1974 e 1999 para ver na próxima quinta-feira, aqui no site do DN.

Realizado por Ian White, "Dalan Ba Dame" resulta de uma encomenda da comissão de acolhimento, verdade e reconciliação de Timor-Leste e permite perceber os problemas que este jovem país enfrentou no percurso até à independência.

O filme será transmitido na íntegra em direto no site do DN às 19.00 da próxima quinta-feira, dia 17.

Após sua a exibição, realizar-se-á um debate sobre Timor, que contará com a participação de Adelino Gomes, professor e jornalista que acompanhou a guerra civil no país; Luísa Teutónio Pereira, membro da direção do CIDAC; e Megan Hirst, que monitorizou o processo judicial em Timor enquanto responsável pelo Centro Internacional de Justiça Transitória.

O debate será moderado por António Perez Metelo, redator principal do DN, e terá também transmissão em direto aqui, em www.dn.pt

México: UM PAÍS QUE ESTÁ À VENDA




Mário Augusto Jakobskind – Direto da Redação

O México só aparece no noticiário quando há infomações sobre confrontos e assassinatos na guerra do narcotráfico. O Presidente Felipe Calderón, já em fim de mandato, o principal responsável pela situação atual, é um aliado incondicional dos Estados Unidos.

Por isso e muitas outras, os opositores de Calderón em tom irônico postaram um anúncio nas redes sociais que dá bem a ideia do governo que se encerra nos próximos meses.

O anúncio revela a existência de um ``País a venda” e exorta os interessados a “aproveitarem, a oferta”. E segue afirmando: “seminovo, não mais de 200 anos de antiguidade. Todos os climas disponíveis. Rico em petróleo e outros recursos naturais. Problemas de insegurança para os amantes do perigo e as emoções fortes. Informes: @felipe calderon”.

Calderón, do Partido de Ação Nacional (PAN) fez um governo desastroso, aplicando o modelo econômico neoliberal ao extremo. Tem relações carnais com os EUA ao melhor estilo do argentino Carlos Menem.

Colocou o Exército no combate ao narcotráfico nos seis anos de mandato. Deu no que deu, ou seja, o número de mortos chega a 50 mil e diariamente surgem imagens impactantes de corpos degolados sem cabeça na luta sem fim entre as várias quadrilhas.

O esquema Calderón parece estar totalmente esgotado em todos os níveis. As pesquisas indicam que o Partido Revolucionário Institucional (PRI) deve voltar ao poder para governar seis anos com Henrique Peña Nieto, que aparece na frente das pesquisas disparado.

Os outros candidatos para as presidenciais de 1 de julho próximo são López Obrador, do Partido Revolucionário Democrático (PRD), de esquerda, e Josefina Vázquez Mota, do mesmo partido que Calderon. O quarto pleiteante é Gabriel Quadri, do Partido Nova Aliança, a maior zebra. Os mexicanos elegerão também governadores e parlamentares num total de 638.

O partido que governou o México por cerca de 70 anos, ou seja o PRI, e produziu lideranças importantes, como Lázaro Cardenas, que nos anos 30 nacionalizou o petróleo e defendeu as riquezas do país para os mexicanos, não é nem a sombra do que já representou.

É importante saber o que está acontecendo no país vizinho dos Estados Unidos, inclusive para os latinoamericanos ficarem alertas em relação a um modelo que só traz desgraças ao povo. Os gregos que o digam. Aliás, já deram o recado nas urnas de que não aceitam a austeridade proposta por Angela Merkel, que no ano que vem será também submetida ao voto popular.

Por falar em Alemanha, neste último domingo a União Democrática Cristã, partido de Merkel sofreu uma fragorosa derrota para o Partido Social Democrata (SPD) na Renania do Norte-Vestfália. O maior colégio eleitoral do país. Os vencedores governarão com o Partido Verde e segundo analistas o resultado terá reflexos nacionais. .

A França deu o recado alijando Nicolas Sarkozy e sufragando o centro-esquerdista François Hollande, que terá uma grande responsabilidade pela frente com reflexos em toda a Europa.

Vale uma observação sobre o resultado da eleição presidencial francesa. Para muitos analistas, a resposta está no voto em massa dos muçulmanos no socialista Hollande. É possível que se não fossem eles a França amargaria mais cinco anos do desastroso Sarkozy.

Hollande tem uma grande responsabilidade pela frente, até porque, se falhar, a França corre o risco da ascensão da extrema-direita com Marine Le Pen, o que seria o desastre dos desastres e poderia retornar, mesmo como farsa, ao cenário dos anos 30 do século passado.

No tabuleiro internacional, a América Latina, salvo exceções do México, Panamá, Chile e Colômbia, tem produzido governos progressistas, embora alguns com altos e baixos.

Mesmo na eleição francesa, a opção mais a esquerda de Jean Luc Melénchon, que para muitos analistas pode desempenhar papel de destaque em pouco tempo, remeteu de alguma forma para a América Latina, lembrando certa proximidade com o Presidente Hugo Chávez na defesa dos interesses do povo.

Melénchon em um ato de extrema coragem política decidiu concorrer nas eleições legislativas na circunsrição de Pas de Calais, em Hénin, para enfrentar a extremista de direita Marine Le Pen. Por isso, a região onde Le Pen ganhou para a Presidência terá uma eleição de caráter nacional e quem não deseja a ascensão desta herdeira do fascismo francês deve torcer ou pedir a Deus que vença Melénchon.

Portanto, as próximas decisivas semanas devem ser de acompanhamento das urnas na França e México. A Grécia está prestes a entrar em uma nova fase, porque o recado das urnas foi bem claro. E além do mais, o principal partido de esquerda não aceitou abrir mão dos seus princípios, rejeitando assim formar governo de coalizão com os partidos que aceitaram o arrocho do Fundo Montetário Internacional. Os gregos voltam às urnas em junho.

Já no Brasil, as atenções estão também voltadas para a Comissão da Verdade, que depois da posse solene e concorrida, começará seus trabalhos a partir desta quarta-feira. Dos sete integrantes escolhidos destaca-se a psicanalista Maria Rita Khel, uma figura interessante que no passado foi detomada pelo jornal O Estado de S. Paulo por ter escrito um artigo que desagradou aos quatrocentões Mesquistas. Ela tem se destacado na defesa dos direitos humanos.

Espera-se que a Comissão seja mesmo de verdade, não de meia verdade ou de mentira.

E as Organizações Globo mais uma vez, seja no jornal ou televisão, desinformaram. De acordo com a revista Forbes, várias mulheres foram relacionadas como as "mães fortes" de 2012.

Em primeiro lugar ficou Hillary Clinton e depois Dilma Rousseff. Cristina Kirchner, também citada entre as dez poderosas, simplesmente foi omitida pela sistema Globo.

O Pravda da antiga URSS, adotava o mesmo procedimento com as figuras no index da burocracia. Leon Trotsky, fundador do Exército Vermelho, por exemplo, foi cortado dos anais. Agora, em defesa intransigente do capital e da mídia de mercado, as Organizações Globo não fazem por menos. Retiraram Cristina Kirchner exatamente porque ela governa a Argentina defendendo os interesses do país e muitas vezes entrando em choque com os barões da mídia.

* É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

Jean-Marc Ayrault, conhecedor dos alemães, é o novo primeiro-ministro francês



Clara Barata - Público

Jean-Marc Ayrault é o novo primeiro-ministro francês, acaba de anunciar o também recém-nomeado secretário-geral do Eliseu, Pierre-René Lemas. François Hollande, que tomou posse esta manhã como Presidente da República, vai já a caminho de Berlim, para se encontrar com a chanceler alemã Angela Merkel.

Ayrault, de 62 anos, líder parlamentar dos socialistas desde 1997 e presidente da câmara de Nantes desde 1989, era dado como o favorito para o cargo, pela sua proximidade em relação a Hollande. Saiu da câmara municipal de Paris, onde o novo Presidente foi recebido numa cerimónia presidida pelo autarca socialista Betrand Delanöe - um possível ministro da Justiça - sempre ao lado de Hollande.

Ex-professor de alemão, conhecedor da política alemã, Ayrault desempenhou já funções vitais nos contactos tanto com os socais-democratas alemães como no desbravar de caminho para chegar até à administração de Angela Merkel, que em princípio era hostil ao socialista.

O seu conhecimento da língua e cultura alemãs é apontado como um trunfo neste momento delicado em que Hollande aposta em renegociar o tratado europeu que pretende impor os limites para o endividamento na Constituição dos países do euro, para fazer entrar políticas que promovam o crescimento económico onde Merkel tem forçado a austeridade.

Agora que é primeiro-ministro, abandonará o cargo de presidente da câmara de Nantes - passará a ser apenas um conselheiro municipal. É prática comum a acumulação de cargos em França. Quase todos os ministros do governo de François Fillon, o seu antecessor, eram presidentes de municípios. Hollande prometeu acabar com essa acumulação - uma das suas medidas para a moralização da política.

ANGELA MERKEL JÁ LANÇA RAIOS E CORISCOS A FRANCOIS HOLLANDE?




Quem anda por estas coisas da blogosfera poderá sem grande esforço seguir a linha de raciocínio a seguir mencionada ao deparar com um título que diz que avião de Hollande, o recém empossado PR de França, foi atngido por um raio quando se dirigia para a Alemanha para encontro do PR francês com Ângela Merkel.

Por tal facilmente podemos imaginar uma imagem do We Have Kaos in the Garden com Merkel nos céus de fogo, raios e coriscos a lançar a “artilharia” disponível sobre o avião de Hollande, libertando assim a sua raiva contida pela vitória de Hollande e a derrota de um dos seu animais de estimação Sarkozy. Mas não, no fenomenal We Have Kaos in the Garden ainda não estava lá tal imagem. Desta vez atrasaram-se. Ficamos à espera.

Na falta de melhor, publicamos como ilustração a imagem de um avião atacado por raios, sim, mas em que Merkel se esconde atrás das nuvens. Quiçá se por receio de desagradar ainda mais aos eleitores alemães que andam a preteri-la e ao seu partido, como tem sido fácil de ver e saber nas eleições que vão acontecendo um pouco pelo país do provavelmente defunto Hitler. Ainda agora na Renânia Merkel mordeu o pó da perda de votos de modo muitíssimo significativo.

E agora vamos lá às notícias dos raios e coriscos, depois desta introdução sobre a desilusão por pedir demais ao We Have Kaos in the Garden. E que tal uma “cunha” WHKintheG? (Redação PG – AV)

Avião de Hollande teve de regressar a Paris depois de ser atingido por um raio

AFP - Público

A viagem de François Hollande rumo a Berlim, para se encontrar com a chanceler alemã Angela Merkel, foi interrompida por uma tempestade. O avião onde seguia o Presidente francês foi atingido por um raio, mas Hollande acabou por retomar a viagem pouco depois.

O incidente foi confirmado por um porta-voz do Ministério da Defesa francês. Por razões de segurança, o avião onde seguia voltou para Paris e o Presidente foi transferido para outro aparelho.

Hollande tomou posse esta manhã no Palácio do Eliseu e tem na agenda um jantar de trabalho com a chanceler Angela Merkel, com quem irá debater a crise europeia. Tinha descolado da base militar de Villacoublay pelas 17h15, a bordo de um Falcon 7X. A viagem foi retomada num Falcon 900.

Hollande recebido em Berlim por Angela Merkel

AFP - Público

Após uma viagem atribulada, em que teve de regressar a Paris depois de o avião em que seguia ter sido atingido por um raio, o Presidente francês François Hollande foi recebido ao final da tarde pela chanceler alemã Angela Merkel em Berlim.

Esta primeira deslocação ao estrangeiro ocorre no próprio dia da tomada de posse, uma urgência motivada pela crise europeia. Merkel tem sido a principal defensora das medidas de austeridade aplicadas a vários países, Hollande pediu durante a campanha que a tónica das políticas europeias fosse também colocada na questão do desenvolvimento.

O primeiro avião de Hollande com destino a Berlim acabou por regressar a Paris por questões de segurança, depois de ter sido atingido por um raio, mas a viagem foi retomada pouco depois, com outro aparelho.

Hollande foi recebido com honras militares, como estabelece o protocolo, e por muitos fotógrafos que quiseram registar este encontro que suscita um forte interesse nos vários países da zona euro.

O Presidente francês e a chanceler alemã têm na agenda um jantar e uma conferência de imprensa conjunta. Este encontro não se destinará a “tomar decisões” mas sim a “estabelecer contacto”, como defenderam nesta semana responsáveis do Governo alemão. Na tomada de posse, Hollande defendeu que pretende “abrir uma nova via para a Europa” e pediu “um novo pacto que alie a redução necessária da dívida pública ao indispensável estímulo da economia”.

Ainda durante a campanha, Hollande disse que pretende reabrir as negociações do tratado europeu adoptado em Março por 25 dos 27 países da União Europeia, para lhe adicionar medidas que promovam o crescimento.

Primeiro encontro entre os dois líderes europeus
Merkel e Hollande querem Grécia na zona euro

Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas - Público

A chanceler alemã e o Presidente francês garantem que vão trabalhar juntos para o crescimento económico e que querem a Grécia na zona euro.

O compromisso foi assumido esta terça-feira no final da primeira reunião de trabalho entre os dois líderes, escassas horas depois da tomada de posse de Hollande enquanto presidente da República francesa, a que se seguiu um jantar.

Angela Merkel e François Hollande garantiram que querem trabalhar juntos e mesmo apresentar ideias comuns aos parceiros europeus para o relançamento do crescimento económico na Europa.

Os dois líderes, que não se conheciam, sublinharam a importância de se entenderem, apesar das diferenças, "para o bem da Europa". O responsável francês frisou que quer uma relação "equilibrada e respeitadora" das diferentes sensibilidades políticas mas igualmente "respeitadora dos parceiros europeus e das instituições comunitárias".

Afirmaram que encontraram pontos comuns nas respectivas abordagens sobre o relançamento do crescimento económico, uma das grandes prioridades da campanha eleitoral de Hollande. Segundo o presidente francês, "o método" acordado no encontro de hoje passa por "colocar todas as ideias e todas as propostas na mesa" e só então decidir sobre os "instrumentos jurídicos" para lhes dar corpo. As ideias que enumerou incluíram a emissão de euro-obrigações.

Merkel e Hollande garantiram, ainda, que querem que a Grécia permaneça no euro, afirmando que respeitam a vontade do país de realizar novas eleições. Ambos disseram, igualmente, que estão disponíveis para promover medidas para ajudar a estimular a actividade económica na Grécia para minorar o "sofrimento" dos gregos, segundo a expressão de Hollande.

Estas declarações foram no dia em que se soube que haverá novas eleições na Grécia depois de terem fracassado todas as negociações para formar Governo.

Crise grega – A SAÍDA DO EURO É UM “BLUFF”




Stefano Lepri - La Stampa, Turim – Presseurop – imagem de Nicolas Vadot

No momento em que aumentam as especulações sobre a saída da Grécia da zona euro, é preciso perceber que o país não pode sobreviver sem a moeda única e que a Europa não pode permitir a sua saída. Por isso, ambos têm que colocar as cartas na mesa.

Em diversos países e regiões, o veredicto dos eleitores está dado. A solução baseada apenas na austeridade é um fracasso. Agora, há que o interiorizar e iniciar negociações, que se preveem difíceis, que poderão levar a compromissos penosos. Mas, é urgente que a Grécia esteja pronta para tudo. E será necessário distinguir a realidade das ameaças e das chantagens que se trocam neste momento.

O regresso ao dracma

Em primeiro lugar, a Grécia não está preparada para sobreviver por si mesma. Sem as ajudas da Europa e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em breve o dinheiro faltará para pagar os salários dos funcionários públicos e para comprar ao estrangeiro aquilo de que necessita para sobreviver, a começar pelos produtos alimentares e pelo petróleo.

Em segundo lugar, após as reestruturações impostas aos credores privados, atualmente quase metade da dívida grega está nas mãos da Europa ou do Fundo Monetário Internacional. Portanto, se a Grécia não pagar, serão sobretudo os contribuintes da zona euro, ou seja, todos nós (mil euros por cabeça, numa estimativa sumária), quem irá desembolsar.

Em terceiro lugar, o regresso ao dracma só seria vantajoso na imaginação de economistas pouco informados, quase todos americanos. Soube-se recentemente que o governo de Georges Papandreou tinha encomendado um estudo que concluía que mesmo os dois setores que proporcionam à Grécia os seus rendimentos principais, o turismo e a marinha mercante, não beneficiariam com uma moeda desvalorizada.

Em quarto lugar, a verdade desconhecida é a dos prejuízos colaterais – para além do incumprimento da dívida – que uma eventual bancarrota da Grécia causaria aos outros países da zona euro. O diferencial em relação aos títulos do tesouro alemães [spread] não deixaria de crescer. Certamente, as consequências não teriam o mesmo peso para todos. Seriam mais pesadas para os países fracos, a começar por Portugal, em seguida a Espanha e a Itália, e mais leves para a Alemanha.

A solidariedade ou a rejeição

Não existe uma resposta evidente para esta questão que todos os ministros do Eurogrupo, reunidos em Bruxelas a 14 de maio, se colocam: É preciso continuar a sustentar a Grécia ou deixá-la cair a pique? À primeira vista, pelo menos para a Itália, a solidariedade parece menos dispendiosa que a rejeição. Mas, no entanto, se olharmos para o futuro, uma Grécia não depurada tornar-se-ia um problema.

Sendo certo que se misturam duas crises políticas, uma que diz respeito aos mecanismos de decisão da Europa, a outra, os partidos gregos, seria tempo de refletir sobre as alternativas disponíveis através de uma lógica política.

Em Atenas, afunda-se um sistema político. É preciso questionar se a derrota dos dois partidos políticos, até agora dominantes – a Nova Democracia e os socialistas –, se deveu aos prazos demasiadamente curtos exigidos pela Europa para liquidar a dívida, ou à distribuição injusta e ineficaz dos sacrifícios necessários, que continua a proteger as clientelas e os poderosos.

Abrir os cordões à bolsa

A Europa tinha exigido prazos mais curtos que os do FMI precisamente porque desconfiava dos políticos no poder em Atenas. Presentemente, desconfia também dos eleitores. Os seus votos deslocaram-se para os políticos dos movimentos emergentes, mas que lhes contam mentiras, por exemplo, que a Grécia pode mais facilmente obrigar os outros países a pagar, ameaçando arrastá-los para o fundo se não voltarem a abrir os cordões à bolsa.

Cabe à Alemanha e aos outros países austros desfazer estas ilusões de chantagem vã, porque nós não nos deixaremos arrastar para o fundo. Será preferível que coloquem as cartas na mesa, esclarecendo quais os gestos de solidariedade que estariam dispostos a ter em relação aos outros países fragilizados pela crise, no caso de, em Atenas, vir a formar-se um governo decidido a braço de ferro. Caso contrário, dizer aos gregos que “nadem ou afoguem-se” revelar-se-ia um logro, em que os mercados já têm tendência para acreditar.

O BILDERBERG E A UNIÃO EUROPEIA



Martinho Júnior, Luanda

Quando de 31 de Maio a 3 de Junho, no “Westfields Marriott Washington Dulles Hotel” em Chantilly, Estado da Virgínia, se reunir pela 60ª vez o Clube Bilderberg, de entre os vários assuntos de sua agenda estarão presentes os contenciosos financeiros dos dois lados do norte do Atlântico, tal como todos os assuntos decorrentes deles, NATO incluída.

1 ) Com o império anglo-saxónico em crise, o Bilderberg, no âmbito do exercício de capitalismo neo liberal globalizado, tem vindo a preparar, desde pelo menos 2009, opções de forma a estimular essencialmente duas condutas geo estratégicas disponíveis na União Europeia, distinguindo-se assim de outras organizações elitistas, mas beneficiando da osmose entre elas (não é por acaso, por exemplo, que o clã Rockefeller tem pé em várias delas, tal como o “super estratega” Henry Kissinger).

2 ) As duas condutas geo estratégicas do Bilderberg na União Europeia estão agora mais expostas, na tensão recentemente inaugurada entre a Alemanha, sob a égide de Ângela Merkel, ela própria uma figura “transpirando austeridade” (e políticas de crédito que beneficiam sobretudo a Alemanha) e a França com François Hollande aberta à (aparente sofisticação do “crescimento e do emprego”).

3 ) A conduta da “austeridade” indicia estar a entrar na fase de esgotamento, havendo bastos sinais disso, por exemplo:

- As derrotas sucessivas do CDU, Partido de Ângela Merkel na Alemanha, apesar da garantia da enorme concentração dos lucros (“Social democratas e verdes atingem maioria para governar estado mais populoso da Alemanha” – http://www.dw.de/dw/article/0,,15947591_page_0,00.html);

- A derrapagem cada vez mais evidente do governo Conservador de Cameron no Reino Unido (“Despite an election defeat, Cameron inflexible austerity” – http://news-12.com/uk-despite-an-election-defeat-cameron-inflexible-austerity/);

- O eclipse “errático” de Sarkozy, em França, acabando por recorrer aos argumentos do clã Le Pen (“Sarkozy pode se tornar 1º presidente da França a não se reeleger em 30 anos” – http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120506_franca_dominhomanha_df_is.shtml);

- A “tragédia grega”, à beira do “apocalipse”, que tende a contaminar muitos outros da periferia europeia, particularmente a mediterrânea (“Riscos na Grécia e em Espanha castigam bolsas europeias” – http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=556553&pn=1);

- A corajosa Islândia, forçosamente arredia das “ementas típicas” da globalização neo liberal e um “exemplo para esquecer”, efectivamente um fenómeno “apagado” da “imprensa reitora” dos interesses e conveniências com expressão no Bilderberg (“Na Islândia o povo é soberano” – http://marecinza.blogspot.com/2012/04/na-islandia-o-povo-e-soberano.html).

A Islândia só merecerá divulgação nos seus fenómenos telúricos do seu ambiente único: a luta entre o fogo e o gelo, o fogo dos seus vulcões e o gelo dos seus glaciares.

4 ) O “crescimento e o emprego” não serão mais possíveis com os recursos circunscritos do Dólar e do Euro: há que ir buscar recursos fora dos espaços norte americano e europeu, sujeitando-se cada vez mais as economias a regimes de interdependências, conformes às geo estratégias dos BRICS (“Fourth BRICS Summit – Delhi Declaration – http://www.bricsindia.in/delhi-declaration.html).
Nesse a
specto o Bilderberg sente que a preferível instrumentalização da direita social democrata e direita mais radical está a chegar a um ponto de rotura, pelo que recorre à esquerda social democrata de forma a, tirando o pé, devagar, da hegemonia unipolar, começar a pôr o pé na via da interdependência multipolar.

5 ) O Bilderberg, por via do Reino Unido, joga desse modo com a China (já começou a haver presença chinesa no Bilderberg), através de várias vias que integram a plataforma financeira disponível em Hong Kong, num esforço associado a outros europeus e como é óbvio, norte americanos.

Neste caso são os Trabalhistas que estão mais “adaptados” que os Conservadores e serão eles que vão emergir sobre as ruínas de Cameron.

6 ) Em França, Sarkozy, nos termos da concentração dos lobbies nas mãos de quem detém o capital nos sectores da banca, da indústria energética e do armamento, bem como na imprensa “domesticada” (apta à lavagem cerebral), teve o seu fim e dá oportunidade às interdependências multipolares; resta avaliar quanto os emergentes contribuirão para o reforço das políticas de “crescimento e emprego”, isto é, com o retorno de parte dos capitais reciclados, às suas áreas de origem.

7 ) Em Portugal, um país importante para as “experiências” ao abrigo do Bilderberg, a geo estratégia de tensões controladas está a levar à insolúvel “armadilha da troika” deixada por Sócrates; desenha-se o beco sem saída, até por que as possibilidades para as interdependências multipolares foge ao controlo do tandem CDS-PSD.

Em breve Sócrates pode ter a oportunidade para o ressurgimento, pela via de José Seguro e com o presumível apoio de François Hollande e, nessa altura, a presença da China e da Rússia, como do Brasil, poderão fazer-se sentir de forma mais assumida.

É o PS que detém as ligações históricas da “via Macau” e esse “expediente” não é desprezível para as políticas que Sócrates, ele próprio ou no quadro das possibilidades de Seguro, poderão incrementar, tirando partido de outras emergências com capacidades “público-privadas”.

8 ) Quando Ângela Merkel soçobrar, deixará o panorama político europeu mais “desanuviado” pois o espaço será ocupado por alguém mais solidário com François Hollande, numa conduta que manifestando-se aberta ao “crescimento e ao emprego”, sê-lo-á também em relação aos emergentes e à sua opção de interdependência multipolar.

Está-se em pleno processo de transição entre as duas condutas-ciclo.

9 ) As previsões Bilderberg para a União Europeia estão directamente correlacionadas com as tendências que vão ocorrendo em várias regiões e componentes:

- Na imensa região Trans Pacífico;

- Na enorme massa continental Euro Asiática (onde as tensões têm derivado para conflitos e guerras sobretudo no Médio Oriente);

- Em cada um dos BRICS;

- Em regiões de instabilidade crónica, como o norte de África, o Sahara /Sahel, o Leste e o Oeste Africano.

Por isso a “revisão” do papel da NATO é uma das prioridades.

10 ) A via da conduta aberta às interdependências e multipolarismo na União Europeia, nem por isso deixará de fortalecer os interesses e conveniências que se espelham no Bilderberg; mesmo que muitos instrumentos possam mudar de mão… conforme Maquiavel: “os fins justificam os meios”.

Está a chegar o tempo do Bilderberg alargar o pacto Atlântico eminentemente anglo-saxão: há razões históricas que sobrevêm do império colonial britânico que a aristocracia financeira mundial não pode actualmente desdenhar!

Consultas:
- Bilderberg 2011: The Rockefeller World Order and the "High Priests of Globalization" – http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25302
- The Bilderberg Group and the project of European unification – http://www.bilderberg.org/bildhist.htm

Regime "instalado" na Guiné-Bissau não respeita Estado de Direito - porta-voz MNE



PSP (MB/PDF) - Lusa

Lisboa, 15 mai (Lusa) - O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse hoje à Lusa que o regime "instalado" na Guiné-Bissau "não respeita o Estado de Direito" por impedir a saída do país a 58 pessoas, entre as quais membros do Governo deposto.

"Esta atitude de impedir o direito fundamental de circulação tomada pelos autores do golpe militar prova bem, interna e internacionalmente, que o regime instalado em Bissau não respeita elementos básicos do Estado de Direito e que não tem qualquer intenção de estabelecer uma sociedade democrática", disse à Lusa Miguel Guedes, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Sobre o apoio dos Estados Unidos à nomeação de Serifo Nhamadjo como presidente interino da Guiné-Bissau, defendida pela Comunidade Económica Estados da África Ocidental e criticada pela CPLP, o porta-voz não fez qualquer comentário.

O Comando Militar, que tomou o poder na Guiné-Bissau a 12 de abril, emitiu uma ordem que proíbe a saída do país a 58 pessoas, entre as quais os membros do Governo deposto e dirigentes do partido no poder, o PAIGC.

A ordem, com o carimbo do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, é datada de 09 de maio e é despachada para ser cumprida em todos os postos de fronteira do país.

"Por ordem do Comando Militar, as pessoas cujos nomes se encontram abaixo discriminados não podem sair do país até que seja emitida uma outra ordem que desmerece a presente, isto é, quando o país voltar plenamente à tranquilidade", de acordo com o documento de duas páginas, a que a agência Lusa teve acesso na segunda-feira.

Confrontada com a lista, fonte do Comando Militar disse desconhecer a origem da decisão, embora não a coloque em causa.

A lista é encabeçada por Adiatu Djalo Nandigna, antiga ministra da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do Governo, e integra, por exemplo, os nomes de Manuel Saturnino Costa, primeiro vice-presidente do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Iancuba Indjai, secretário executivo da Frenagolpe (coligação de partidos e associações que contestam o golpe de Estado), ou Lucinda Barbosa Aukarié, antiga diretora geral da Polícia Judiciária.

Todos os membros do Governo deposto têm os nomes na lista, embora alguns já se encontrem fora do país.

Ainda que não sejam membros do Governo, alguns conselheiros do primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior, também constam na lista, que tem circulado em Bissau, nos últimos dias.

O nome de Desejado Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) está igualmente na lista, bem como o do deputado e empresário Braima Camará, presidente da Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS).

Guiné-Bissau: Operação militar portuguesa custou quase seis milhões de euros



i online - Lusa

A operação militar "Manatim" para o eventual resgate de cidadãos portugueses da Guiné-Bissau teve um custo de 5,7 milhões de euros, segundo dados oficiais a que a agência Lusa teve acesso.

No total, o envio da Força de Reação Imediata (FRI) portuguesa para a costa ocidental africana envolveu 1028 militares (684 no exterior e 344 em Portugal), quatro meios navais (duas fragatas, uma corveta e um reabastecedor) e dois meios aéreos.

O relatório apresentado aos deputados pelo ministro da Defesa, que está a ser ouvido à porta fechada na comissão parlamentar, aponta a Marinha como o ramo com mais gastos nesta operação (4,3 milhões de euros), seguida da Força Aérea (957 mil euros).

O Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) teve uma despesa de quase 400 mil euros e o Exército de 67 mil euros.

Os mais de 5 milhões de euros gastos na "Operação Manatim" serão essencialmente acomodados pelos ramos com o cancelamento de exercícios de treino previstos para 2012.

"O montante que não for possível acomodar pelos ramos será acomodado pelo Ministério da Defesa com reforço das verbas para as Forças Nacionais Destacadas (FND)", refere o documento.

A FRI partiu a 15 de abril para a costa ocidental de África e esteve em operação cerca de três semanas, tendo iniciado o regresso a Portugal (fase de retração) a 4 de maio, sem que tivesse havido resgate de cidadãos portugueses na Guiné-Bissau.

Na altura, o Ministério da Defesa disse ter tido em conta "as condições de segurança da comunidade portuguesa na Guiné-Bissau" e a situação de "abertura das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas que tem permitido um fluxo normal de entradas e saídas do território".

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, estará hoje na Base Naval do Alfeite ao fim da tarde para receber alguns dos meios navais envolvidos nesta operação militar.

Guiné-Bissau: Presidente de transição insta PAIGC a sugerir nome para primeiro-ministro



Lusa

Bissau, 15 mai (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, instou hoje a direção do PAIGC a indicar um nome que possa ser analisado para ocupar o cargo de primeiro-ministro, disse aos jornalistas Augusto Olivais, secretário nacional do partido.

Augusto Olivais falava aos jornalistas à saída de uma audiência que uma delegação do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) manteve hoje com Serifo Nhamadjo, para a busca de solução de saída da crise que o país vive desde o golpe de Estado militar a 12 de abril passado.

"O Presidente da República, como tem estado a ouvir todos os partidos, fez-nos a proposta de o PAIGC indicar um nome ou nomes para a sua apreciação", para o cargo de primeiro-ministro, disse o secretário nacional do partido.

Guiné-Bissau: ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR DE NOVO SEM QUÓRUM



FP - Lusa

Bissau, 15 mai (Lusa) - A sessão de hoje da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau foi de novo adiada por falta de quórum, já que os deputados do maior partido, o PAIGC, se recusam a participar.

No plenário de hoje apresentaram-se apenas 36 deputados, quando o mínimo para a abertura dos trabalhos é de 51 deputados (superior a metade dos 100 deputados que fazem parte da ANP).

Ibraima Sori Djaló, presidente da ANP em exercício, voltou a lembrar, invocando a lei, que após 10 faltas consecutivas, sem justificação, os deputados perdem o mandato.

A sessão de segunda-feira também foi adiada pelo mesmo motivo. Os trabalhos da terceira sessão ordinária da oitava legislatura deviam decorrer até dia 29.

O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) justifica a ausência por, diz, não terem sido cumpridos os preceitos regimentais.

Esta seria a primeira sessão do parlamento após o golpe de Estado do dia 12 de abril.

AUMENTAM DESIGUALDADES SOCIAIS EM MOÇAMBIQUE



MMT -Lusa

Maputo, 15 mai (Lusa) - Um relatório da ONU sobre crescimento em África aponta para um aumento das desigualdades sociais em Moçambique, onde 10 por cento da população mais rica tem uma renda 19 vezes superior à dos 10 por cento mais pobres.

O documento produzido pelo Painel de Progresso de África, presidido pelo ex-secretário geral das Nações Unidas, Koffi Annan, que inclui a moçambicana Graça Machel, refere que, apesar da elevada taxa de crescimento, Moçambique não está a conseguir converter este feito para reduzir a pobreza.

A pesquisa, recentemente divulgada, assinala que em toda a África Austral "as disparidades de riqueza são cada vez mais visíveis", resultante, em parte, do modelo de desenvolvimento que "está a deixar muitas pessoas em situação de pobreza, incluindo crianças com fome".

O estudo observa que na China os "líderes políticos identificaram a crescente desigualdade como uma ameaça à estabilidade social e crescimento futuro" e acrescenta que Moçambique é mais desigual do que a China.

O Painel de Progresso de África da ONU considera Moçambique como o quinto país que mais cresceu em África entre 2001 e 2009, com uma taxa anual de 7,9 por cento, e, entre 2011 e 2015, prevê que será o segundo Estado mais rápido em crescimento no continente africano com uma taxa de 7,7 por cento.

No entanto, acrescenta, "dados do inquérito domiciliar mostraram não haver nenhuma diminuição na pobreza nacional entre 2002-2008 e nas regiões centrais de Moçambique houve um aumento acentuado na pobreza".

Aliás, Moçambique é, atualmente, um importador líquido de alimentos básicos e "mais de 70 por cento de jovens trabalhadores vivem com menos de 1,25 dólares por dia", refere o documento.

"Nós, no Painel de Progresso da África, estamos convencidos de que é chegado o tempo para repensar a trajetória de desenvolvimento de África", disse Kofi Annan, na introdução do relatório.

Segundo o presidente do Painel de Progresso de África da ONU, que integra ainda a governadora do Banco de Botsuana, Linah Mohohlo, a ex-chefe do Fundo Monetário Internacional Michel Camdessu, o ex-secretário do Tesouro norte-americano Robert Rubin e o ex-presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo, "aumentar a produtividade dos pequenos agricultores é fundamental".

"Isso vai exigir mais ação do Governo", conclui o relatório, sugerindo que a "agricultura familiar deve ser colocada no centro de uma revolução verde em África".

Constitucionalista Jorge Miranda defende independência de tribunais e juízes eleitorais



PMA - Lusa

Maputo, 15 mai (Lusa) - O constitucionalista português Jorge Miranda considerou hoje em Maputo, Moçambique, essencial a existência de tribunais e juízes eleitorais independentes, para a construção de um Estado democrático e de Direito.

Jorge Miranda realçou o imperativo de os órgãos de jurisdição de litígios eleitorais atuarem com independência, quando apresentava uma comunicação sobre "O Contencioso Eleitoral", durante a II Assembleia da Conferência das Jurisdições Constitucionais dos Países de Língua Portuguesa, que hoje começou em Maputo.

"O contencioso eleitoral requer jurisdicionalidade, devem ser tribunais e juízes independentes a dirimir litígios eleitorais. Nos últimos anos, a tendência no mundo é no sentido de serem tribunais especializados a resolver conflitos jurídicos eleitorais", afirmou Jorge Miranda.

Para o académico, o modo de designação dos titulares dos órgãos de justiça, mesmo variando de Estado para Estado, não deve ser pretexto para a limitação da independência dos órgãos de administração da justiça eleitoral.

Segundo aquele docente, o direito eleitoral deve ser devidamente estruturado, com princípios e regras extraídas do Estado de Direito e democrático, para que seja respeitada a exatidão e sinceridade da vontade real dos cidadãos.

"O contencioso eleitoral político tem de dar resposta à tríplice demanda: respeito dos direitos fundamentais, periodicidade das eleições com renovação dos mandatos dos titulares dos órgãos eleitos e legitimação da vontade dos eleitores", enfatizou Jorge Miranda.

A confiança dos cidadãos em relação ao direito eleitoral, advogou o constitucionalista português, impõe que o contencioso eleitoral seja orientado por princípios como a igualdade das partes, o contraditório, a celeridade e a fundamentação das decisões.

"O direito de acesso aos órgãos e meios processuais eleitorais deve considerar-se inclusive um direito fundamental inerente ao princípio da participação política e aos direitos dele decorrentes, desde o direito de eleger e ser eleito, associação política e promoção da propaganda política, para a realização de eleições livres e justas", sublinhou Jorge Miranda.

A cerimónia inaugural da II Assembleia da Conferência das Jurisdições Constitucionais dos Países de Língua Portuguesa contou a presença do chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, que defendeu a necessidade de uma jurisdição constitucional responsável e atenta aos desígnios políticos dos povos.

"São objetivos que passam, necessariamente, pela defesa da soberania, consolidação da unidade nacional, edificação de uma sociedade de justiça social e de reforço da democracia multipartidária e da cultura de paz", frisou Armando Guebuza.

Moçambique: Anadarko anuncia nova descoberta de gás natural no Rovuma



LAS - Lusa

Maputo, 15 mai (Lusa) - A norte-americana Anadarko anunciou hoje a descoberta de um novo campo de gás natural na bacia do Rovuma, no norte de Moçambique, com um potencial de 45 triliões de pés cúbicos.

A descoberta, de que foram já confirmados 20 triliões de pés cúbicos de gás natural, ocorreu no poço Golfinho, a cerca de 14 quilómetros da costa na província de Cabo Delgado, numa área onde a Anadarko lidera, com 36,5 do capital, um consórcio que inclui a japonesa Mitsui (20%), as indianas BPRL Ventures e Videocon (10% cada uma), a irlandesa Cove Energy (8,5%) e a empresa pública moçambicana ENH (15%).

O consórcio já descobriu entre 17 triliões e 30 triliões de pés cúbicos de gás natural, no complexo Prosperidade, e tem por explorar mais três locais - Orca, Atum e Linguado - numa região onde se presume existirem das maiores reservas do continente.

Angola: Quarenta e dois militantes da UNITA morrem em acidente de viação



Lusa

Luanda, 15 mai (Lusa) - Quarenta e dois militantes do maior partido da oposição angolana, UNITA, morreram no domingo num acidente de viação na província do Kuanza Sul, disseram hoje fontes da polícia e do partido, citadas pela agência France Presse.

"O acidente, que ocorreu domingo ao fim da tarde em Menga, localidade da província de Kwanza Sul (oeste), causou a morte a 42 pessoas e ferimentos em seis", disse à AFP Cabinda Daniel, do comando provincial da polícia angolana.

"Os nossos militantes regressavam de um encontro do partido organizado na localidade quando o veículo foi violentamente atingido por um camião que seguia a grande velocidade em sentido contrário, tendo sido projetado para uma vala na berma da estrada", precisou, por seu lado, Alcides Sakala, porta-voz União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

EUA: UM (eficiente) SISTEMA REPRESSOR




Jehozadak Pereira – AcheiUSA, opinião

A primavera chegou ao fim e os dias mais quentes e mais longos já chegaram e a má notícia chega por parte do ICE que resolveu impor à revelia dos governos estaduais o Programa Comunidades Seguras nos Estados de New Hampshire e Massachusetts. O Programa Comunidades Seguras visa tirar das ruas as pessoas que são buscadas pelas autoridades, criminosos foragidos e os que cometeram delitos. Porém, sempre que um imigrante indocumentado é parado no trânsito por qualquer motivo corre o sério risco de ser entregue para o ICE e consequentemente ser deportado. Ou seja, o clima de intranquilidade e insegurança aumentou consideravelmente nos últimos tempos.

O programa é mandatório e obrigatório e deve estar em vigor a nível federal em 2013. Daqui por diante o medo e o pavor de quem dirije sem documentos vai aumentar ainda mais, principalmente porque o condutor pode ser apanhado e ir para na Imigração e de lá ser mandado embora interrompendo o sonho americano.

O certo é que o governo democrata de Barack Obama tem tudo para ser o mais repressivo da história americana em termos imigratórios, tudo muito diferente das promessas de que faria a reforma imigratória no primeiro ano do seu governo. Nunca se prendeu e deportou tanta gente como agora e a cada dia mais o que se vê é um implemento de equipamentos e táticas para tirar de circulação motoristas e carros irregulares. Um exemplo disto é o scanner de placas, cada vez mais parte integrante de viaturas. O equipamento que custa caro e é dispendioso é cada vez mais visto em carros da polícia e a capacidade de rastreamento e detecção de irregularidades é uma das suas características marcantes e nada lhe escapa pois estão conectados diretamente aos computadores.

É óbvio que o Estado tem todo o direito de se precaver, instalar e prover os meios para a sua segurança e dos seus cidadãos, mas o que se vê cada vez mais é uma nação cada vez mais repressora que, aliada ao legalismo, beira ao insuportável em todos os aspectos.

Aliás, a força policial nos Estados Unidos aumentou consideravelmente após os atentados de 11 de setembro de 2001 e hoje qualquer pretexto, por menor que seja, é suficiente para checagem de documentos de qualquer pessoa e ninguém está isento de passar por isto.

Basta andar pelas ruas para se constatar isto. Um exemplo é quem precisa usar o serviço do metrô em Boston. Corriqueiramente, oficiais de polícia vistoriam bolsas, mochilas e pacotes. Quem se recusa a se deixar ser vistoriado é convidado a se retirar da estação e isto é um bom sinal, pois as autoridades se preocupam cada vez mais com a segurança do ser humano e o patrimônio. A lição é clara não se deixar jamais ser apanhado de surpresa novamente como ocorreu em setembro de 2001.

Voltando ao estado legalista, aqui tudo é pela letra da lei e isto pode ser visto no trânsito, tanto nas grandes quanto nas médias e pequenas cidades ao redor do país. Como os departamentos de polícias são descentralizados, a fiscalização fica muito mais fácil de ser feita já que os oficiais de polícia invariavelmente moram nas mesmas cidades onde trabalham e portanto, conhecem os moradores e quem circula pelas suas ruas. Qualquer ato ou atitude suspeita vai provocar imediata resposta das autoridades.

Quantos de nós não temos pelo menos uma história para contar de algo que aconteceu no trânsito? Basta não parar no STOP ou passar o sinal amarelo para ver o que acontece. E quem excede a velocidade? E quem para em local proibido, na vaga do deficiente ou em frente ao hidrante?

A maioria dos brasileiros estava acostumada com uma fiscalização frouxa ou corrupta no Brasil e aqui se surpreende com a severidade com que a lei é cumprida e, do modo como as pequenas infrações são comparadas a grandes transgressões, nada passa batido.

Logo, todo o cuidado é pouco para quem dirige por ruas e estradas. O ideal para se viver em paz é ter a exata percepção de que a lei é para todos, americanos inclusive, e quem erra paga caro pelo deslize, já que a parte que vai doer é o bolso, e como se sabe de longa data é a mais sensível do corpo humano.

Deve-se sempre lembrar que o contingente policial é treinado para ver o erro de longe e pouca coisa "ou nada" vai passar despercebida por eles a qualquer hora do dia ou da noite, seja no mais calorento verão ou no mais frio dos invernos. Cuidem-se para que não sejam presas fáceis deste sistema que oferece segurança mas que pune rigorosamente como poucos, e no final quem paga a conta injusta e pesada é o trabalhador imigrante que ainda espera por uma ampla reforma imigratória.

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